acompanhamento da construção de um edifício multifuncional e … · 2016. 11. 3. ·...

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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA Área Departamental de Engenharia Civil ISEL Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares DAVID MIGUEL SANTIAGO CRUZ MIRANDA Licenciado em Engenharia Civil (Pós Bolonha) Relatório de Estágio para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil na Área de Especialização em Edificações (Documento Final) Orientadores: Licenciado, Nelson José Vasconcelos Assunção (CMV) Mestre, António José Coutinho Lopes Cabral (ISEL) Júri: Presidente: Doutor, Filipe Manuel V. P. Almeida Vasques, Prof. Adj. (ISEL) Vogais: Mestre, António Jorge Silva e Sousa, Eq. Ass. 2º Triénio (ISEL) Mestre, António José Coutinho Lopes Cabral, Prof. Adj. (ISEL) Licenciado, Nelson José Vasconcelos Assunção (CMV) Julho de 2013

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  • INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

    Área Departamental de Engenharia Civil

    ISEL

    Acompanhamento da construção de um Edifício

    Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    DAVID MIGUEL SANTIAGO CRUZ MIRANDA Licenciado em Engenharia Civil (Pós Bolonha)

    Relatório de Estágio para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil

    na Área de Especialização em Edificações

    (Documento Final)

    Orientadores:

    Licenciado, Nelson José Vasconcelos Assunção (CMV)

    Mestre, António José Coutinho Lopes Cabral (ISEL)

    Júri:

    Presidente: Doutor, Filipe Manuel V. P. Almeida Vasques, Prof. Adj. (ISEL)

    Vogais:

    Mestre, António Jorge Silva e Sousa, Eq. Ass. 2º Triénio (ISEL)

    Mestre, António José Coutinho Lopes Cabral, Prof. Adj. (ISEL)

    Licenciado, Nelson José Vasconcelos Assunção (CMV)

    Julho de 2013

  • INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

    Área Departamental de Engenharia Civil

    ISEL

    Acompanhamento da construção de um Edifício

    Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    DAVID MIGUEL SANTIAGO CRUZ MIRANDA Licenciado em Engenharia Civil (Pós Bolonha)

    Relatório de Estágio para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil

    na Área de Especialização em Edificações

    (Documento Final)

    Orientadores:

    Licenciado, Nelson José Vasconcelos Assunção (CMV)

    Mestre, António José Coutinho Lopes Cabral (ISEL)

    Júri:

    Presidente: Doutor, Filipe Manuel V. P. Almeida Vasques, Prof. Adj. (ISEL)

    Vogais:

    Mestre, António Jorge Silva e Sousa, Eq. Ass. 2º Triénio (ISEL)

    Mestre, António José Coutinho Lopes Cabral, Prof. Adj. (ISEL)

    Licenciado, Nelson José Vasconcelos Assunção (CMV)

    Julho de 2013

  • David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações I

    Resumo

    O Relatório de Estágio apresentado surge no âmbito do Trabalho Final de Mestrado

    inserido no curso de Engenharia Civil, na área de especialização de Edificações do

    Instituto Superior de Engenharia de Lisboa.

    A escolha pela realização de um estágio curricular em detrimento das outras opções,

    Dissertação ou Projeto, baseou-se na ambição do aluno em adquirir experiência

    profissional e abordar um novo desafio, trabalhando coletivamente para o sucesso

    conjunto.

    A inserção no meio profissional permite aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos ao

    longo da licenciatura e mestrado frequentados no ISEL e ter conhecimento da realidade

    da engenharia civil atualmente.

    Além da realização do relatório apresentado, foram exercidas algumas tarefas referentes à

    direção da obra, na construção de um Edifício de Comércio, Escritórios e Hotel situado

    na Rua do Carmo, no Funchal, e tarefas de maior relevância na construção de duas

    moradias unifamiliares localizadas também no Funchal, por parte da empresa

    Construções Miguel Viveiros II, Lda. Inicialmente a duração prevista para o estágio era

    de quatro meses, mas havendo oportunidade de continuar na empresa e acompanhar uma

    maior evolução das empreitadas levou o estagiário a permanecer seis meses, beneficiando

    a sua aprendizagem.

    Face à atual situação económica no nosso país, ganha força a premissa de que apenas os

    que forem capazes de produzir os melhores produtos e prestar os melhores serviços pelo

    preço mais acessível subsistirão. Como tal a margem de erro é ainda mais pequena e a

    construção é pensada cada vez mais ao pormenor.

    Palavras-chave: acompanhamento de obra, direção de obra, processos construtivos

  • David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações III

    Abstract

    The training report presented arises under the labour Final Masters inserted in Civil

    Engineering, in the area of expertise of building, by Instituto Superior de Engenharia de

    Lisboa.

    The choice of carrying out a traineeship in detriment of the other options, dissertation or

    project, was based on the student's ambition to acquire work experience and tackle a new

    challenge, in order to work collectively for success.

    The insertion within professional circles allows to apply the theoretical knowledge

    acquired throughout the undergraduate and master's frequented the ISEL and be aware of

    the reality of civil engineering today.

    Besides the realization of the report, were exercised some tasks related to the project

    managment, the construction of a building of Commerce, Offices and Hotel, situated at

    Rua do Carmo in Funchal, and tasks of greater relevance in the construction of two single

    family houses located also in Funchal, by the company Construções Miguel Viveiros

    II,Lda. Initially the expected period of the internship was four months, but having

    opportunity to continue in business and follow a higher evolution of the works took the

    trainee to stay six months, benefiting his learning.

    In view of the current economic situation in our country, gains strength the premise that

    only those who are able to produce the best products and provide the best services at the

    most affordable price will survive. As such the error rate is even smaller and the

    construction is thought increasingly in detail.

    Keywords: Project monitoring; Project Management; Construction processes.

  • David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações V

    Agradecimentos

    A realização deste trabalho marca o finalizar de um ciclo onde aproveito a oportunidade

    para deixar os devidos agradecimentos a todas as pessoas que tiveram influência positiva

    neste percurso.

    Aos meus pais, pelo apoio incondicional ao longo da minha vida académica, permitindo

    que alcançasse os meus objetivos com as melhores condições possíveis.

    À minha Lu, o meu maior obrigado, pela paciência, apoio e carinho demonstrados nos

    momentos mais difíceis, sendo o meu principal suporte nas adversidades encontradas.

    Dedico-te todas as minhas conquistas.

    Ao Eng.º António Lopes Cabral, por todo o acompanhamento, apoio e orientação na

    realização deste relatório, sempre com boa disposição e otimismo transmitidos.

    Ao Eng.º Nelson Assunção, da Construções Miguel Viveiros, um especial agradecimento

    por me ter possibilitado a realização deste estágio, dando todo o apoio necessário e

    servindo de exemplo para a vida profissional futura e a todos os elementos da empresa

    que facilitaram a integração no meio profissional transmitindo os seus conhecimentos.

    Não menos importante, aos meus grandes amigos e colegas, pelo companheirismo

    demonstrado ao longo dos anos e em especial durante esta fase, onde foram

    imprescindíveis para que atingisse os meus objetivos.

  • David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações VII

    ÍNDICE

    1. Introdução ..................................................................................................................... 2

    1.1 – Enquadramento ................................................................................................................... 2

    1.2 – Caraterização da empresa ................................................................................................ 2

    1.3 – Objetivos do Estágio ........................................................................................................... 4

    1.4 – Estrutura ................................................................................................................................ 4

    2. Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e

    Hotel” ...................................................................................................................................... 3

    2.1 – Objetivo da empreitada ..................................................................................................... 8

    2.3 – Classificação da empreitada ...........................................................................................11

    2.3.1 – Intervenientes ........................................................................................................................................ 12

    2.4 – Análise do projeto .............................................................................................................13

    2.4.1 – Projeto de arquitetura ....................................................................................................................... 13

    2.4.2 – Projeto de estrutura ........................................................................................................................... 18

    2.5 – Elementos Constituintes..................................................................................................21

    2.6 – Implantação de estaleiro .................................................................................................24

    2.7 - Atividades realizadas antes do período de estágio ..................................................25

    2.7.1 – Escavação geral e contenção periférica .................................................................................... 25

    2.7.2 – Instrumentação e observação ....................................................................................................... 32

    2.8 – Atividades acompanhadas durante o período de estágio ......................................33

    2.8.1 – Fundações ................................................................................................................................................ 33

    2.8.2 – Lajes fungiformes maciças .............................................................................................................. 35

    2.9 – Funções desempenhadas pelo estagiário ...................................................................38

    3. Acompanhamento da Execução de duas Moradias Unifamiliares ............... 41

    3.1 - MORADIA DA NAZARÉ ......................................................................................................43

    3.1.1– Objetivos da empreitada ................................................................................................................... 43

    3.1.2 – Descrição da empreitada.................................................................................................................. 43

    3.1.3 – Classificação da empreitada ........................................................................................................... 44

    3.1.4 – Análise do projeto ................................................................................................................................ 45

    3.1.5 – Implantação de estaleiro .................................................................................................................. 54

    3.1.6– Atividades acompanhadas durante o período de estágio ................................................ 55

    3.2 – MORADIA DA AJUDA .........................................................................................................68

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    VIII

    3.2.1 – Objetivos da empreitada.................................................................................................................. 68

    3.2.2 – Descrição da empreitada ................................................................................................................. 68

    3.2.3 – Classificação da empreitada........................................................................................................... 69

    3.2.4 – Análise do projeto ............................................................................................................................... 69

    3.2.5 – Implantação de Estaleiro ................................................................................................................. 72

    3.2.6 – Atividades acompanhadas durante o período de estágio............................................... 74

    3.3 – Funções desempenhadas pelo estagiário ................................................................... 80

    3.3.1 – Sobreposição da arquitetura com a estrutura ...................................................................... 81

    3.3.2 – Pedidos de Material ............................................................................................................................ 82

    3.3.3 - Autos de Medição ................................................................................................................................. 82

    4. Conclusão ......................................................................................................................... 85

    5. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 87

    6. ANEXOS ............................................................................................................................. 91

    Anexo A – Elementos do Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel

    Anexo B – Elementos da Moradia Unifamiliar da Nazaré

    Anexo C – Elementos da Moradia Unifamiliar da Ajuda

    Anexo D – Fichas e Autos de Medição

  • David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações IX

    Índice de Figuras

    Figura 1.1 - Autobetoneiras da empresa ........................................................................... 3

    Figura 1.2 - Depósito de inertes de auxílio à central de betão ........................................... 3

    Figura 2.1 - Localização da cidade do Funchal e da freguesia da Sé ................................. 9

    Figura 2.2 - Fotografia aérea da localização da obra ........................................................ 9

    Figura 2.3 – Distribuição das áreas por piso ................................................................... 10

    Figura 2.4 - Elementos confinantes à área em estudo ..................................................... 11

    Figura 2.5 – Distribuição das áreas no piso -6 ................................................................ 14

    Figura 2.6 – Distribuição de áreas no piso -2 ................................................................. 14

    Figura 2.7 - Distribuição de áreas no piso -1 .................................................................. 15

    Figura 2.8 - Distribuição de áreas no piso 0 ................................................................... 16

    Figura 2.9 - Distribuição de áreas no piso 1 ................................................................... 17

    Figura 2.10 - Distribuição de áreas no piso 2 e 3 ............................................................ 17

    Figura 2.11 - Distribuição de áreas no piso 4 ................................................................. 18

    Figura 2.12 - Projeção tridimensional da estrutura do edifício ........................................ 19

    Figura 2.13 - Projeto para o ensoleiramento geral .......................................................... 20

    Figura 2.14 - Localização das vigas existentes ............................................................... 20

    Figura 2.15 - Armadura de punçoamento no ensoleiramento geral para um pilar............ 22

    Figura 2.16 - Rede de metal distendido .......................................................................... 23

    Figura 2.17 - Divisão das áreas a betonar do ensoleiramento ......................................... 22

    Figura 2.18 - Início da linha de betonagem .................................................................... 23

    Figura 2.19 - Extremidade de saída da linha de betonagem ............................................ 24

    Figura 2.20 - Área reduzida de estaleiro......................................................................... 24

    Figura 2.21 - Zona de implantação da grua .................................................................... 25

    Figura 2.22 – Execução da viga de coroamento ............................................................. 28

    Figura 2.23 - Pregagens nos dois primeiros andares de cave, no alçado Este .................. 31

    Figura 2.24 – Local das pregagens no alçado que confronta com a Rua do Carmo ......... 31

    Figura 2.25 - Ensoleiramento Geral ............................................................................... 34

    Figura 2.26 - Divisão de áreas para betonagem do ensoleiramento geral ........................ 34

    Figura 2.27 - Abertura das paredes de contenção para destaque das armaduras .............. 35

    Figura 2.28 - Armaduras de espera da laje nas paredes de contenção lateral ................... 35

    Figura 2.29 - Marcação da zona onde ocorrerá a ligação laje-parede de contenção ......... 36

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    X

    Figura 2.30 - Resina para a selagem dos varões ............................................................. 38

    Figura 2.31 - Processos distintos de ligação laje - parede de contenção .......................... 37

    Figura 2.32 - Cofragem de um capitel ........................................................................... 39

    Figura2.33 - Cofragem da laje pelo método de longarinas (sistema tradicional melhorado)

    ..................................................................................................................................... 37

    Figura 2.34 - Divisão dos pisos em duas áreas pelo plano de betonagem ....................... 38

    Figura 2.35 - Regras de medição para o caso de lajes maciças com capitéis ................... 39

    Figura 3.1 - Localização das moradias na freguesia de S. Martinho ............................... 42

    Figura 3.2 - Localização da freguesia de São Martinho .................................................. 43

    Figura 3.3 - Fotografia aérea da localização da moradia da Nazaré ................................ 43

    Figura 3.4 - Projeção tridimensional da moradia ............................................................ 44

    Figura 3.5 - Área do piso -1 ........................................................................................... 46

    Figura 3.6 - Área do piso 0 ............................................................................................ 46

    Figura 3.7 - Área do piso 1 ............................................................................................ 47

    Figura 3.8 - Elementos de fundação (Piso -1) ................................................................ 48

    Figura 3.9 - Pormenor da viga de fundação ................................................................... 49

    Figura 3.10 - Elementos de fundação (Piso 0) ................................................................ 49

    Figura 3.11 - Elementos da estrutura do pavimento do piso 1 ........................................ 50

    Figura 3.12 - Elementos da estrutura do teto do piso 1 ................................................... 51

    Figura 3.13 - Elementos da cobertura inclinada ............................................................. 51

    Figura 3.14 – Arquitetura do piso 1 atualizada............................................................... 52

    Figura 3.15– Alteração aos elementos da estrutura do pavimento do piso 1 ................... 53

    Figura 3.16 - Alteração ao posicionamento dos pilares da caixa de escada ..................... 53

    Figura 3.17 - Posicionamento inicial dos pilares da caixa de escada .............................. 53

    Figura 3.18 - Implantação do estaleiro ........................................................................... 54

    Figura 3.19 - Utilização de grua móvel em obra ............................................................ 55

    Figura 3.20 - Mesa de corte e dobragem do aço ............................................................. 57

    Figura 3.21 - Local de armazenagem dos varões de aço ................................................. 55

    Figura 3.22 - Faseamento de construção dos muros em betão ciclópico ......................... 56

    Figura 3.23 - Muro de betão ciclópico em degraus utilizado no alçado a sul .................. 57

    Figura 3.24 - Muro de betão ciclópico com face inclinada ............................................. 57

    Figura 3.25 - Geometria de muros de gravidade ............................................................ 58

    Figura 3.26 - Execução da base do muro de contenção em betão ciclópico .................... 58

    Figura 3.27 - Execução do muro de betão ciclópico ....................................................... 59

  • David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações XI

    Figura 3.28 - Muro em betão armado sobre sapata contínua excêntrica .......................... 60

    Figura 3.29 - Muro de contenção em betão armado nos quatro alçados .......................... 60

    Figura 3.30 - Representação esquemática da solução de impermeabilização .................. 61

    Figura 3.31 - Execução das fundações - cofragem e colocação das armaduras ............... 62

    Figura 3.32 - Elementos da estrutura de fundação .......................................................... 62

    Figura 3.33 - Mini escavadora hidráulica giratória (Hyundai 55-7) ................................ 64

    Figura 3.34 - Fornecimento de Toutvenant à obra .......................................................... 64

    Figura 3.35 - Preparação do pavimento do piso térreo - malhasol com espaçadores ....... 65

    Figura 3.36 - Betonagem com recurso a auto bomba (vista de dois ângulos) .................. 66

    Figura 3.37 - Processos na betonagem da laje do piso térreo .......................................... 67

    Figura 3.38 - Pavimento do piso térreo com acabamento liso ......................................... 67

    Figura 3.39 - Localização da moradia da ajuda .............................................................. 68

    Figura 3.40 - Vista lateral da moradia da ajuda .............................................................. 70

    Figura 3.41 - Planta do piso -1, moradia da Ajuda ......................................................... 70

    Figura 3.42 - Planta do piso 0, moradia da Ajuda ........................................................... 71

    Figura 3.43 - Estrutura de fundações - Moradia da Ajuda .............................................. 72

    Figura 3.44 - Definição da área para estaleiro ................................................................ 73

    Figura 3.45 - Grua móvel e grua automontante sobre atrelado........................................ 74

    Figura 3.46 - Escavação com recurso a uma escavadora hidráulica ................................ 75

    Figura 3.47 - Colocação das armaduras sobre camada de regularização ......................... 76

    Figura 3.48 - Elementos da fundação ............................................................................. 76

    Figura 3.49 - Muro de contenção do alçado Este ............................................................ 77

    Figura 3.50 - Muro de contenção no alçado Este ............................................................ 77

    Figura 3.51 - Cilindro compressor ................................................................................................................. 80

    Figura 3.52 - Betonagem do piso térreo ......................................................................... 78

    Figura 3.53 - Cofragem dos pilares ................................................................................ 79

    Figura 3.54 - Alvenaria em parede interio ................................................................ 82

    Figura 3.55 - Alvenaria em muros exteriores ................................................................ 80

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    XII

    Índice de Tabelas

    Tabela 2.1 - Níveis de alerta considerados no plano de instrumentação ......................... 33

    Tabela 3.1 - Tabela guia para seleção da classe de inspeção .......................................... 48

    Tabela 3.2 - Tabelas das fundações do piso -1 ............................................................... 63

    Tabela 3.3 - Características da Malhasol AQ 50 ............................................................ 65

    Lista de Siglas e Abreviaturas

    LETRAS MAIÚSCULAS LATINAS

    A/C Relação água cimento

    Km2 Quilómetro quadrado

    kN Quilo Newton

    MPa Mega Pascal

    LETRAS MINÚSCULAS LATINAS

    m Metro

    mm Milímetro

    m2 Metro quadrado

    m3 Metro cúbico

    n.º Número

    LETRAS MINUSCULAS GREGAS

    ϕ Diâmetro

    ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ESPECIAIS

    ANET Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos

    Art.º Artigo

    B.A. Betão Armado

    B.C. Betão Ciclópico

    Dec. Lei. Decreto-Lei

    EN Norma Europeia

    Eng.º Engenheiro

    Ex: Exemplo

    Fig. Figura

    Hab/km2

    Habitante por quilómetro quadrado

    ISEL Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

    I.V.A. Imposto de valor acrescentado

    Lda. Limitada

  • David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações XIII

    LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil

    NP Norma Portuguesa

    O.E Ordem dos Engenheiros

    REGEU Regulamento Geral das Edificações Urbanas

    RPDM Regulamento do Plano Diretor Municipal

    S.A. Sociedade Anónima

    SPT Standard Penetration Test

    ® Marca Registada

    // Espaçamento

  • 1. Introdução

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    2 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    1.1 – Enquadramento

    O presente relatório apresenta como principal objetivo reportar e desenvolver de forma

    sucinta alguns dos aspetos mais relevantes vivenciados durante o período de estágio, no

    âmbito do Trabalho Final de Mestrado, do curso de Engenharia Civil, perfil de

    Edificações, do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa.

    O estágio foi realizado na empresa Construções Miguel Viveiros II, Lda, sediada no

    concelho de Machico, na ilha da Madeira, entidade que se comprometeu a acompanhar o

    estagiário, no seu primeiro contato com o mercado de trabalho.Com uma proposta inicial

    de duração de quatro meses, o estágio acabou por ser alargado para seis meses mediante a

    disponibilidade da empresa em oferecer ao estagiário um período mais extenso para

    observação de diferentes fases das empreitadas a acompanhar, tendo decorrido entre o

    mês de Março e o mês de Setembro de 2012.

    1.2 – Caraterização da empresa

    A empresa Construções Miguel Viveiros, adiante denominada por CMV, encontra-se em

    atividade no ramo da construção civil e obras públicas há mais de 17 anos. É classificada

    como PME, visto empregar de momento aproximadamente 120 trabalhadores.

    A CMV tem apresentado um considerável crescimento ao longo dos anos,

    maioritariamente devido à qualidade e diversidade de obras realizadas, tendo no seu

    historial de obras executadas intervenções em consolidação de taludes, estradas e diversas

    edificações, possibilitando assim uma constante evolução ao nível de instalações,

    equipamento e mesmo quadros técnicos. Para exercer a sua atividade, esta organização é

    detentora de um Alvará de Construção, sendo empreiteiro geral de edifícios de construção

    tradicional da classe 7, subcategoria que representa o maior volume de obras adjudicadas,

    tanto para promotores privados, como para entidades públicas.

  • Introdução

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 3

    Figura 1.1 - Autobetoneiras da empresa

    Figura 1.2 - Depósito de inertes de auxílio à central de betão

    Em termos organizacionais, a empresa possui vários departamentos diferenciados por

    especialidades, tais como a serralharia de alumínios, a serralharia de ferro e a carpintaria,

    destacando também a central de betão pronto, a britadeira com depósito de inertes, Figura

    1.2 e as unidades industriais de pré-fabricados e ainda a frota de camiões de transporte de

    betão, Figura 1.1, inertes e outros que garantem a completa autonomia da empresa.

    Inicialmente a empresa centralizava as suas obras no concelho de Machico, onde se

    localiza a sua sede, mas com o decréscimo de oportunidades para as empresas de

    construção, os grandes grupos nacionais foram abandonando a região autónoma da

    Madeira, abrindo assim espaço a que empresas de menor dimensão pudessem aproveitar

    oportunidades restantes do mercado para conseguirem vingar numa época de grandes

    dificuldades e assim a CMV aproveitou para aumentar o seu raio de ação. Outro dos

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    4 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    fatores que proporcionaram um crescimento da empresa, foram as obras ganhas com a

    Lei Orgânica nº2/2010, conhecida como “Lei de Meios” para a região aplicada na

    sequência da catástrofe natural de 20 de Fevereiro de 2010, que se destinou a financiar

    intervenções de reconstrução de zonas afetadas e obras de prevenção.

    1.3 – Objetivos do Estágio

    No início do período de estágio, que se baseou no acompanhamento do edifício

    multifuncional denominado por “Edifício de Escritório, Comércio e Hotel”, os objetivos

    passavam por acompanhar a execução da infraestrutura em betão armado, observando

    diariamente os diversos trabalhos a realizar e auxiliar o Diretor de Obra nas suas funções

    e participar em reuniões de obra com diferentes entidades, nomeadamente Dono de Obra,

    projetista, arquiteto, subempreiteiros, entre outros. Seguidamente, já no decorrer do

    período de estágio houve oportunidade de acompanhar a construção de duas moradias

    unifamiliares, a “Moradia da Ajuda e a “Moradia da Nazaré”. Sendo o Diretor de Obra o

    mesmo que o Edifício de escritórios, comércio e Hotel”, o estagiário teve oportunidade

    de acompanhá-las com regularidade desde a data de início dos trabalhos e ter uma

    participação mais ativa nas tarefas da direção de obra, por serem empreitadas de menores

    dimensões.

    1.4 – Estrutura

    Este relatório apresenta uma estrutura em quatro capítulos principais com a disposição e

    descrição que seguidamente se descreve.

    O presente capítulo refere-se à introdução, onde se descreve o enquadramento do estágio

    realizado, a descrição sucinta da empresa onde foi realizado e os principais objetivos de

    um estágio curricular.

    O capítulo 2, referente ao acompanhamento da construção do “Edifício de Escritórios,

    Comércio e Hotel”, inicia-se com o objetivo e descrição geral e classificação da

    empreitada, explicitando os diferentes intervenientes. É feita uma análise ao projeto, com

  • Introdução

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 5

    especial foco para o projeto de arquitetura e de estabilidade, fazendo uma análise mais

    pormenorizada de alguns aspetos relevantes. São descritas as atividades realizadas antes

    do início do período de estágio, realçando a execução das paredes de contenção do tipo

    muro de Berlim, e as atividades acompanhadas pelo estagiário. Na parte final do capítulo

    são descritas as funções desempenhadas pelo estagiário na direção da obra.

    O terceiro capítulo refere-se à execução de duas moradias unifamiliares. Primeiramente é

    feita uma análise à moradia da Nazaré, onde são abordados os objetivos e é realizada a

    descrição e classificação da empreitada, seguidamente faz-se a análise do projeto e

    finalmente descrevem-se as atividades acompanhadas em obra durante o período de

    estágio. A abordagem adotada para a moradia anterior é igualmente realizada para a

    moradia da Ajuda. São duas empreitadas abordadas num único capítulo tanto pela

    semelhança dos processos construtivos como pelas funções desempenhadas pelo

    estagiário, que são descritas na parte final do capítulo.

    No quarto capítulo apresentam-se as principais conclusões do estágio, tendo em conta os

    objetivos propostos inicialmente, e onde é feito o balanço da experiência no mercado de

    trabalho.

  • 2. Acompanhamento da Construção do

    “Edifício de Escritórios, Comércio e

    Hotel”

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    8 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    2.1 – Objetivo da empreitada

    A construção do Edifício de Comércio, Escritórios e Hotel veio renovar uma área onde se

    encontrava um edifício devoluto. Como o próprio nome indica, teve como principal

    objetivo a existência de um edifício que pudesse ao mesmo tempo a oferecer uma zona

    para instalação de escritórios, promover o comércio tradicional e ainda oferecer ao centro

    da cidade do Funchal um hotel com características diferentes dos existentes até então.

    Este empreendimento vem dinamizar uma rua histórica da cidade do Funchal que tem

    apresentado uma degradação ao longo dos anos, sem que haja uma intervenção para

    recuperar a vida que esta rua apresentou em tempos. Pretende ser um impulsionador para

    que novas intervenções sejam feitas em vários edifícios devolutos, tanto para construção

    nova como reabilitação das edificações existentes.

    O hotel inerente a este edifício, como anteriormente referido, possui características

    diferentes do habitual, sendo da EasyGroup® que é uma empresa de serviços de baixo

    preço. O EasyHotel® tem assim, um posicionamento totalmente diferente dos restantes

    grupos hoteleiros. E o conceito é simples: oferecer o melhor preço e localização do

    mercado e em troca o cliente tem que prescindir de espaço de luxo.

    A abordagem inovadora para a gestão do espaço vai permitir otimizar o número de

    quartos e o seu design irá combinar a estética com materiais de longa duração, o que fará

    reduzir os custos de manutenção.

    2.2 –Descrição da empreitada

    O Edifício de Comércio, Escritórios e Hotel situa-se no centro da cidade do Funchal, na

    freguesia da Sé, mais concretamente na confluência das ruas do Carmo e do Ribeirinho,

    como se observa nas Figura 2.1 e Figura 2.2, freguesia esta com uma densidade

    populacional de 585,3 hab/km2. Trata-se de uma zona privilegiada, visto localizar-se onde

    se concentra grande percentagem do comércio tradicional.

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 9

    Figura 2.1 - Localização da cidade do Funchal e da freguesia da Sé

    [Fonte: http://www.confestindporesp.com (a) e http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:FNC_-_Sé.svg]

    Figura 2.2 - Fotografia aérea da localização da obra

    [Fonte: Google Maps]

    A área onde se desenvolve a construção do novo edifício era ocupada anteriormente por

    uma construção devoluta, que albergou durante várias décadas a empresa “Unibasket

    Comércio Internacional, Lda.”.

    Em 2005 é aprovado pela Câmara Municipal do Funchal (CMF) o projeto para o início

    das obras para o, então denominado, “Edifício Unibasket”, projeto esse que sofreria

    alterações futuramente. Inicialmente associado ao interesse do grupo Regency, para a

    construção de um hotel de cidade, acabou por ser a sociedade imobiliária “Tijolo Branco”

    a garantir a execução de um edifício no local. A construção teve início apenas em 2008,

    http://www.confestindporesp.com/ConfEstIndPort.htmhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:FNC_-_Sé.svg

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    10 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    pela empresa Mesquita, que mais tarde viria a apresentar um pedido de insolvência junto

    do tribunal, tendo então abandonado os trabalhos após ter realizado as atividades de

    demolição do edifício existente, trabalhos de escavação e aproximadamente 30% da

    contenção periférica. Com nova proposta, a empresa Construções Miguel Viveiros II,

    ganhou o concurso, e retomou os trabalhos para o mesmo projeto.

    O edifício que se pretende implantar apresenta uma geometria aproximadamente

    triangular como se pode observar na Figura 2.2, perfazendo uma área de implantação de

    1270 m2. É constituído por onze pisos, onde cinco desses pisos (Piso -6 ao -2) destinam-

    se a uso exclusivo de estacionamento. O piso -1 faz a transição do declive do terreno onde

    no alçado nascente se encontra enterrado e a poente já se encontra completamente acima

    do nível do solo, e servirá para a entrada do estacionamento e o restante aproveitado para

    área comercial em conjunto com o piso seguinte. A área reservada para escritórios situar-

    se-á na totalidade no primeiro piso, sendo que os dois pisos superiores servirão para a

    unidade hoteleira, sobrando o quarto e último piso que se destina a apartamentos

    turísticos como se pode observar na Figura 2.3.

    Figura 2.3 – Distribuição das áreas por piso

    [Fonte: Projeto de Arquitetura]

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 11

    O edifício, representado em planta na Figura 2.4, apresenta-se confinado pelos seguintes

    elementos:

    Alçado Nascente - Rua do Carmo;

    Alçado Sul - Rua do Ribeirinho;

    Alçado Poente - Um edifício de 6 pisos;

    Alçado Norte - Dois edifícios contíguos, com 2 e 6 pisos.

    Figura 2.4 - Elementos confinantes à área em estudo

    2.3 – Classificação da empreitada

    As obras de construção civil apresentam vários parâmetros que as distinguem umas das

    outras. Natureza de utilização, tipo de construção e o tipo de contrato são alguns

    exemplos dos aspetos que caracterizam uma obra. Como tal foram considerados os

    seguintes parâmetros:

    Tipo: Construção Nova

    Natureza: Construção Civil

    Forma de execução da obra: Empreitada

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    12 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Concurso: Limitado (Só as entidades convidadas pelo dono da obra podem

    apresentar proposta)

    Natureza da sua utilização: Escritórios, Comércio e Hotel

    Altura: 21,5 m (classificado como edifício de médio porte, de acordo com o

    Dec. Lei, nº220/2008 de 12 de Novembro)

    Prazo de Construção:

    Empreitada de Escavação e Contenção Periférica: (6 meses) com início em 14

    de Julho de 2011 e término a 15 de Fevereiro de 2012

    Empreitada Geral – Estrutura, Acabamentos e Instalações (11 meses) com

    início a 15 de Fevereiro de 2012 e término a 15 de Dezembro de 2012

    Custo Total Previsto: 3.873.358,65€ (três milhões, oitocentos e setenta e três

    mil, trezentos e cinquenta e oito euros e sessenta e cinco cêntimos)

    Fases da Obra: Projeto, concurso, apreciação de propostas, adjudicação,

    consignação, execução e receções (provisória e definitiva);

    Dono de Obra: Tijolo Branco, Sociedade Imobiliária Unipessoal, Lda.;

    Empreiteiro: Construções Miguel Viveiros II, Lda.

    2.3.1 – Intervenientes

    Apresentam-se as entidades mais relevantes que intervieram na execução desta obra:

    Dono de Obra: Tijolo Branco – Sociedade Imobiliária

    Projetistas:

    Arquitetura Geral: Saraiva e Associados;

    Contenção: Ancorpor

    Empreiteiro:

    Empreitada de Escavação e Contenção: Construções Miguel Viveiros II, Lda.

    Subempreitada: Geofix

    Empreitada Geral: Construções Miguel Viveiros II, Lda.

    Diretor de Obra: Eng.º Nelson Assunção

    Adjunto Diretor de Obra: Eng.º Estagiário David Miranda

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    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 13

    2.4 – Análise do projeto

    2.4.1 – Projeto de arquitetura

    O projeto de arquitetura teve como objetivo enquadrar o novo edifício numa zona onde as

    fachadas dos diferentes edifíciosse encontram algo descaracterizadas, promovendo a

    necessidade de modernizar a rua sem causar grande impacto, oferecendo linhas

    agradáveis no gaveto entre a Rua do Carmo e Rua do Ribeirinho.

    Como já anteriormente referido, estão definidos onze pisos, onde se inclui espaço de

    Hotel com classificação de 2 estrelas (LowCost Hotel) que ocupa dois pisos preenchendo

    uma área de 2212,00 m2, escritórios em openspace, distribuídos por um piso, áreas

    comerciais e ainda um piso reservado para, no futuro, incluir apartamentos turísticos.

    Ao nível do programa definido para o edifício está considerada a ocupação do Piso 0 com

    loja comercial em grande percentagem, também a receção do hotel e ainda uma entrada

    para os escritórios que irão ocupar o Piso 1.

    Apresenta-se a distribuição por pisos:

    Piso -6, -5,-4 e -3

    Desenvolvem-se ao longo de toda a área de implantação, para uso exclusivo de

    estacionamento automóvel, dispondo de 36 lugares simples, 2 duplos e ainda um

    reservado a pessoas com mobilidade reduzida. Contempla também 3 acessos pedonais

    constituídos por elevadores mais escadas com respetivas câmaras corta-fogo, como se

    observa na Figura 2.5.

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    14 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Figura 2.5 – Distribuição das áreas no piso -6

    [Fonte: Projeto de arquitetura]

    Piso -2

    Sendo o primeiro piso reservado para estacionamento de veículos ligeiros, a área

    disponível para esse efeito é menor, visto receber a rampa do acesso exterior, Figura 2.6.

    Apresenta assim apenas, 18 lugares simples, e o mesmo número de duplos e lugares

    especiais, sendo o espaço inferior à rampa de acesso destinado a zonas de arrumação.

    Figura 2.6 – Distribuição de áreas no piso -2

    [Fonte: Projeto de arquitetura]

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 15

    Piso -1

    Este piso dispõe, na sua maioria, áreas com finalidade comercial perfazendo uma área de

    673 m2 aproximadamente, áreas técnicas e ainda um compartimento para lixos. É neste

    piso que se situa o acesso a veículos ao parque de estacionamento subterrâneo,

    representado na Figura 2.7.

    Figura 2.7 - Distribuição de áreas no piso -1

    [Fonte: Projeto de arquitetura]

    Piso 0

    Piso de acesso principal ao edifício, localizando-se na sua totalidade acima da cota de

    soleira. Na Figura 2.8observa-se que inclui a receção para o hotel, um restaurante com a

    sua respetiva cozinha e copa, uma área para arrumos, um escritório de pequenas

    dimensões, a entrada particular para o piso seguinte onde estarão localizados os espaços

    para escritórios e uma grande percentagem do piso será ocupado por uma área comercial

    de aproximadamente 750 m2 incluindo zona de arrumos.

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    16 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Distribuição das áreas indicadas na planta do piso 0:

    1. Lobby – 86,00 m2

    2. Receção – 14,80 m2

    3. Restaurante – 60,00 m2

    4. Cozinha e Copa – 17,20 m2

    5. Arrumos Bagagem – 6,15 m2

    6. Escritório – 7,30 m2

    7. Área comercial – 680,00 m2

    8. Arrumos da Área Comercial – 50,00 m2

    Piso 1

    Piso com sete divisões que apresentam diferentes áreas, destinadas a uso de escritórios

    em openspace, podendo algumas dessas terem como finalidade uso comercial. Este piso

    inclui também uma zona de vestiários, instalações sanitárias e um hall, Figura 2.9.

    Figura 2.8 - Distribuição de áreas no piso 0

    [Fonte: Projeto de arquitetura]

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    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 17

    Figura 2.9 - Distribuição de áreas no piso 1

    [Fonte: Projeto de arquitetura]

    Piso 2 e 3

    Pisos destinados à utilização de hotel, onde cada um dos andares dispõe de 37 quartos,

    Figura 2.10, que apresentam cada um, uma área de 18 m2

    aproximadamente, incluindo

    também uma copa por andar, pequenas áreas de lazer e a devida área destinada a

    circulação.

    Figura 2.10 - Distribuição de áreas no piso 2 e 3

    [Fonte: Projeto de arquitetura]

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    18 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Piso 4

    Como se observa na Figura 2.11, trata-se de um piso, onde a sua utilização não se

    encontra bem definida. Até à data, prevê-se que toda a sua área seja aproveitada para

    apartamentos turísticos, sendo dimensionada estruturalmente para esse fim. Apenas estão

    garantidos os três acessos comuns aos restantes pisos, tanto de escadas como de

    elevadores, bem como as redes de distribuição de água, esgotos e elétricas.

    Figura 2.11 - Distribuição de áreas no piso 4

    [Fonte: Projeto de arquitetura]

    2.4.2 – Projeto de estrutura

    O projeto é constituído por vários elementos, sendo eles:

    Termo de Responsabilidade do Autor do projeto;

    Declaração da Entidade (O.E ou ANET), certificando o autor para a realização

    deste tipo de projetos;

    Memória Descritiva e Justificativa;

    Folhas de cálculo obtidas através do programa de cálculo utilizado;

    Pormenores construtivos para aplicação em obra.

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    O projeto define uma estrutura em betão armado definida por elementos horizontais, onde

    a solução recaiu para lajes fungiformes maciças com capitéis e elementos verticais,

    constituídos por pilares e paredes.

    Figura 2.12 - Projeção tridimensional da estrutura do edifício

    [Fonte: Elementos da preparação]

    Quanto às fundações dos elementos verticais, o projeto define uma solução de

    ensoleiramento geral, solidarizado com as paredes de contenção periférica, com uma

    espessura de 1,20 m, sendo reforçado nas áreas de influência dos pilares. Como se pode

    observar na Figura 2.12, projeção tridimensional da estrutura referente aos elementos de

    preparação, existe uma zona rebaixada para colocação de um sistema de bombagem e

    alguns depósitos a usar no sistema de incêndio, sendo que essa área assenta sobre um

    ensoleiramento de igual espessura e será fechada por uma laje de 0,25 m.

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    20 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Figura 2.13 - Projeto para o ensoleiramento geral

    [Fonte: Projeto de estrutura]

    Os pilares mantêm dimensões constantes nos pisos enterrados, sendo que alguns

    diminuem a sua secção acima da cota de soleira, que juntamente com os núcleos de

    escadas e elevadores servem de apoio às lajes maciças. Apenas nalguns casos pontuais

    estão definidas vigas, realçadas na planta apresentada na Figura 2.14, em situações como

    a rampa de acesso a veículos e os núcleos de escadas e elevadores.

    Figura 2.14 - Localização das vigas existentes

    [Fonte: Projeto de estrutura]

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    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 21

    2.5 – Elementos Constituintes

    Armadura

    Nas estruturas de betão armado dever-se-ão ter em conta, não apenas, as armaduras

    principais, associadas diretamente aos esforços dimensionados que se irão obter, mas

    também, as armaduras secundárias que para além de garantirem o bom funcionamento

    das anteriores, assegurem a ligação entre partes dos elementos que tenham tendência a

    destacar-se, e limitem o alargamento da fendilhação localizada (REBAP).

    O aço é o elemento constituinte do betão armado que garante a uma peça resistência à

    tração, sendo que o betão simples apresenta boa resistência aos esforços de compressão.

    O aço utilizado para os vários elementos da estrutura é da classe A500NR, ou seja, trata-

    se de um aço que apresenta uma tensão característica de rotura de 500Mpa, o processo de

    fabrico resulta de uma laminagem a quente (“N”), apresentando uma superfície rugosa

    (“R”) melhorando a aderência entre o aço e o betão.

    Pelo projeto apresentado fazem parte da estrutura varões com diâmetros nominais de 8,

    10, 12, 16, 20, 25 e 32mm, que são usualmente comercializados em varões de 12m de

    comprimento.

    Para o ensoleiramento geral define-se em projeto a utilização de uma malha superior

    cruzada igual à inferior com varões de ø 25 mm espaçados a 0,125 m. Para as áreas de

    influência dos pilares a implantar, está definido um reforço, denominado por armadura de

    punçoamento, onde as dimensões são variáveis de acordo com os pilares a suportar,

    apresentando uma armadura de 12mm de diâmetro tanto para a malha superior e inferior

    como também para os estribos.

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    22 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Figura 2.15 - Armadura de punçoamento no ensoleiramento geral para um pilar

    Relativamente aos pilares, são constituídos maioritariamente por varões de ø 32, havendo

    algumas exceções com utilização de varões de ø 25 e ø 20mm, sendo dotados de cintas

    duplas ou triplas, dependendo da dimensão dos mesmos, com espaçamentos de 0,15m.

    Cofragem

    Havendo a necessidade de se executar o ensoleiramento geral em várias fases, dividindo-

    o em diferentes áreas, a delimitação foi efetuada recorrendo a rede de metal distendido

    Figura 2.16, ao invés de cofragem usual como contraplacado. Este método tem como

    vantagens facilidade na execução da junta, conciliação com a armadura de espera,

    permite criar uma superfície rugosa para melhor aderência, logo melhor ligação, do betão

    nas diferentes áreas e ainda a capacidade desta malha poder ser deixada no interior da

    peça betonada, visto ser metálica, como se observa na Figura 2.17.

    Figura 2.16 - Rede de metal distendido Figura 2.17 - Divisão das áreas a betonar do ensoleiramento

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 23

    Betonagem

    Como já referido anteriormente, dada à dimensão da área a betonar e principalmente ao

    grande volume apresentado, devido à espessura da laje de fundação, optou-se por um

    plano de betonagem em diferentes fases, realizando cada fase em diferentes dias. Tendo

    em conta as capacidades da empresa quanto à frota de camiões, e a distância entre a

    central de betão, situada na sede da empresa, e a obra em questão, a duração da

    betonagem de uma área desta dimensão excede as 8 horas, não contabilizando o tempo

    necessário após conclusão da betonagem para atalochamento a laje.

    Para o efeito, foi montada uma linha de betonagem, como se observa na Figura 2.18,

    desde o camião auto-bomba até à área pretendida. Na extremidade de saída do betão, a

    mangueira é apoiada pela grua torre por intermédio de cabos, fazendo a movimentação da

    linha de acordo com o pretendido pela equipa de betonagem. A linha de montagem foi

    utilizada neste processo, visto a lança não estar a funcionar nas melhores condições,

    garantindo assim que não ocorriam imprevistos durante a fase de betonagem.

    Figura 2.18 - Início da linha de betonagem

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    24 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Figura 2.19 - Extremidade de saída da linha de betonagem

    2.6 – Implantação de estaleiro

    A implantação do estaleiro foi uma tarefa de elevada complexidade devido à localização

    da obra. Inserindo-se numa zona histórica do centro do Funchal apresenta uma elevada

    densidade de construção, apresentando-se confinado por edifícios, como anteriormente

    referido, ou pelas ruas do Carmo e Ribeirinho, com o inconveniente de serem ruas

    estreitas onde a circulação se faz apenas numa faixa de rodagem.

    A área de implantação do edifício está definida para o maior aproveitamento possível do

    lote em questão, como tal, foi necessário a requisição de espaço da via pública, para

    garantir as condições mínimas de trabalho e de segurança dos intervenientes, e

    simultaneamente evitar restrições para a circulação normal dos cidadãos. Contudo, houve

    um estreitamento da via de circulação para veículos nas duas ruas limítrofes da obra, bem

    como subtração dos passeios de um dos lados, de ambas a ruas, como se observa pela

    planta de estaleiro incluída no Anexo A, secção III.

    Figura 2.20 - Área reduzida de estaleiro

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 25

    A área de estaleiro disponível não possibilita o armazenamento de materiais em local

    próprio, como se constata através da Figura 2.20 e Figura 2.21. Como tal, existiram ao

    longo da construção grandes dificuldades, como a restrição de ter em obra quantidades

    excessivas de material, armazenando apenas o material necessário a curto prazo.

    O material como cofragens, prumos metálicos (extensíveis), varões de aço e mesmo o

    contentor de arrumos de material eram depositados numa laje já executada, havendo a

    necessidade de constante de deslocação dos mesmos, libertando as áreas onde se

    desenvolviam as atividades em causa.

    Figura 2.21 - Zona de implantação da grua

    2.7 - Atividades realizadas antes do período de estágio

    2.7.1 – Escavação geral e contenção periférica

    A solução de contenção adotada para a obra em questão, foi determinada tendo em conta

    os parâmetros envolvidos no projeto da escavação e contenção periférica, estando as

    peças desenhadas no Anexo A - secção I, e as características geomecânicas admitidas

    para o terreno onde se pretendia implantar a obra, como tal, a solução recaiu na escolha

    do suporte periférico Tipo Berlim. A estabilização da parede de contenção fica

    assegurada provisoriamente por ancoragens pré-esforçadas e excecionalmente por

    pregagens em locais onde não seja possível recorrer a ancoragens. A estabilidade será

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    26 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    assegurada pelas lajes de betão armado que compões as estruturas das caves do edifício

    em fase definitiva.

    2.7.1.1 – Considerações gerais

    O projeto para a execução da solução proposta foi elaborado pela empresa Geofix e teve

    como base o relatório geotécnico da obra, o plano de cargas da estrutura definitiva e a

    experiência desta empresa em obras semelhantes.

    Antes do início dos trabalhos procedeu-se a uma vistoria dos edifícios vizinhos com o

    intuito de confirmar o tipo de fundações, as suas cotas reais e o estado de conservação

    apresentado.

    2.7.1.2 – Condicionamentos da envolvente

    O terreno onde se implantou o edifício encontra-se confinado pela Rua do Carmo, no

    alçado Nascente e pela Rua do Ribeirinho, no alçado Sul. Nos alçados Norte e Poente, o

    espaço da Obra é limitado por Edifícios e por um estacionamento de superfície.

    Do ponto de vista topográfico é importante referir o declive existente, na direção

    Nascente-Poente, de cerca de 3,0 metros, sendo as cotas mais elevadas no alçado CD,

    virado a Nascente.

    De um modo geral a cota do fundo de escavação é de +3,30 m, e as cotas dos arruamentos

    e dos pisos confinantes varia entre, +16,30 m a aproximadamente +20,0 m, concluindo-se

    que as alturas de escavação variaram entre aproximadamente 12,0 a 15,0 m.

    É de realçar, que foi necessário ser demolido um edifício existente no local de

    implantação da Obra. Contíguo à zona de implantação na Rua do Carmo, existe um

    edifício que apresenta uma parede estrutural, comum, em alvenaria de pedra, sendo que

    houve a necessidade de contornar este elemento.

    Relativamente à existência de infraestruturas na zona envolvente da obra, houve a

    necessidade de confirmar localmente a existência de unidades de interesse durante a

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 27

    execução das obras, e caso existissem e interferissem com a obra, deveriam ser

    reinstaladas antes do início da colocação dos perfis metálicos e da escavação.

    Não houve conflitos entre a localização adotada para a parede de contenção, ancoragens

    e microestacas com as fundações das edificações, mas se tal não ocorresse seria

    necessário reformular o projeto face aos dados encontrados no local.

    No alçado Nascente, houve a necessidade de recorrer a pregagens, ao invés das

    ancoragens, dado a existência de um edifício localizado a 6 metros da área de

    implantação do edifício multifuncional, com 3 pisos subterrâneos.

    2.7.1.3 – Condicionantes Geológica – Geotécnicas

    A caracterização Geológica-Geotécnica do local da obra baseou-se no relatório elaborado

    pela empresa TECNASOL FGE em Setembro de 2005.

    Nesse relatório constata-se que foram efetuadas quatro sondagens com execução de

    ensaios de penetração dinâmica SPT.

    Do estudo elaborado, com base nesses ensaios, conclui-se que na área em estudo

    registam-se as seguintes formações:

    ZG3 – “A zona geotécnica ZG3 foi definida em todas as sondagens, desde a

    superfície até profundidades entre os 19,00m (sondagem S1) e os 27,50m (sondagem S4).

    Corresponde ao horizonte aluvionar detetado no decorrer da campanha de prospeção,

    que se caracteriza pela ocorrência de calhaus e blocos de naturezas diversas envoltos em

    matriz silto-argilosa, castanha. Os ensaios de penetração dinâmica tipo SPT realizados

    neste horizonte apresentaram valores a variar entre as 10 e as 60 pancadas; estes

    resultados, nomeadamente com NSPT > 60 pancadas não devem ser entendidos como

    característicos destes terrenos, uma vez que a natureza heterogénea dos mesmos faz com

    que sistematicamente os valores obtidos sejam influenciados pela ocorrência de seixos e

    calhaus (e por vezes inclusivamente blocos= no decorrer dos ensaios”;

    ZG2 – “A zona geotécnica ZG2 foi definida apenas na sondagem S1, entre os

    19,00 e os 22,00m de profundidade, e corresponde aos tufos vulcânicos ocorrentes na

    transição entre aluviões e o substrato rochoso. Os ensaios de penetração dinâmica tipo

    SPT realizados neste horizonte devolveram valores superiores ou iguais a 60 pancadas”.

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    28 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    ZG1 – “A zona geotécnica ZG1 foi definida em todas as sondagens, desde a base

    de tufos vulcânicos (sondagem S1) e sob depósitos aluvionares, desenvolvendo-se até às

    profundidades máximas prospetadas. Trata-se do substrato rochoso de natureza

    essencialmente basáltica, pouco a medianamente alterado (W2-3), com intercalações de

    tufos e brechas vulcânicas”.

    2.7.1.4 – Solução prevista – Parede tipo Berlim

    É um dos processos construtivos mais frequentes para contenção de solos, que consiste na

    execução no sentido descendente, e tem a função estrutural em fase provisória de conter

    as terras e permitir as escavações necessárias para a execução da obra. Em fase

    permanente tem a função estrutural, não só de conter as terras, como também de apoiar as

    lajes estruturais das caves.

    As paredes de betão apresentam uma espessura de 30cm, e executadas por painéis

    primários e secundários com dimensões de 3,0 x 3,0m, no máximo, onde todos os painéis

    primários possuem perfis metálicos circulares com a ficha selada até 6,0m, para garantir o

    apoio destas paredes nos terrenos de maior capacidade de suporte.

    No topo do muro, realizou-se uma viga de coroamento, Figura 2.22, para encabeçamento

    dos perfis e ligação entre os painéis, sendo que foi a partir desta viga que se iniciou a

    execução da parede periférica, em betão armado, em fase e troços alternados.

    Figura 2.22 – Execução da viga de coroamento

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 29

    Em fase provisória, para estabilização do muro, recorreu-se a ancoragens afastadas em

    média de 3,0 m tanto na horizontal como na vertical, sendo que nos últimos níveis as

    ancoragens serão afastadas na horizontal em 6,0 m. As ancoragens utilizadas apresentam

    pré-esforço de serviço até 750 kN (5 cabos ø = 16,0 mm) e inclinadas de 15 a 40º com a

    horizontal.

    Concluindo-se a furação procedeu-se à sua limpeza, para posterior selagem da armadura

    introduzida, e após ter decorrido o tempo necessário de presa, procedeu-se ao pré-esforço

    por reação contra a superfície da parede periférica.

    2.7.1.5 – Paredes com pregagens

    A solução de estabilização para a contenção a realizar na zona que confronta com o

    Edifício da Rua do Carmo com 3 pisos enterrados e que dista cerca de 6,0 m da escavação

    é a de uma Parede Tipo Berlim com pregagens passivas nos primeiros 6,0 m de

    escavação, com recurso a varões de ø 25mm em aço A500 NR, com espaçamento entre si

    de 1,5 m na vertical e horizontal com uma inclinação de 10º e comprimento de 5,0 m.

    A solução com pregagens nos primeiros dois painéis de escavação deste alçado foi

    adotada pretendendo minimizar a interferência com a infraestrutura existente, e assim

    reduzindo as pressões de injeção necessárias para um processo construtivo com

    ancoragens que poderiam originar algumas interferências com a estrutura em causa.

    Assim as pregagens com malha de 1,5 m tanto na vertical como horizontal armam o

    terreno nos primeiros metros de escavação, sendo que nos restantes níveis recorreu-se à

    introdução de ancoragens.

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    30 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    2.7.1.6 – Processo construtivo

    A execução das paredes de contenção Tipo Berlim envolveu o seguinte faseamento:

    Fase 1 – Execução de valas e/ou poços de reconhecimento para identificação

    de eventuais obstáculos;

    Fase 2 – Preparação da plataforma de trabalho;

    Fase 3 – Execução de furos verticais ao longo da periferia da obra, introdução

    dos perfis metálicos e selagem da extremidade inferior;

    Fase 4 – Execução da Viga de coroamento;

    Fase 5 – Escavação para a execução do 1º nível de painéis primários,

    mantendo-se o terreno in situ, formando banquetas de solo nas zonas

    adjacentes às escavações efetuadas;

    Fase 6 – Execução dos painéis primário em betão armado;

    Fase 7 – Execução das pregagens. Escoras, ancoragens e pré-esforço dos

    painéis primários e colocação das escoras;

    Fase 8 – Escavação das zonas adjacentes aos painéis primários para execução

    dos painéis secundários;

    Fase 9 – Execução das pregagens. Escoras, ancoragens e pré-esforço dos

    painéis secundários e colocação das escoras;

    Fase 10 – Escavação para execução do 2º nível de painéis primários,

    mantendo-se o solo in situ nas zonas adjacentes às escavações efetuadas;

    Fase 11 – Repetir os as fases 7, 8 e 9 para os restantes níveis de escavação;

    Fase 12 – Execução da sapata de fundação, de modo faseado, após execução

    das ancoragens dos painéis secundários dos últimos níveis de escavação;

    Fase 13 – Execução das fundações gerais do edifício.

    À medida que se forem sendo betonadas as lajes dos diversos pisos, passados os 28 dias

    mínimos, como se tratam de lajes maciças, procede-se à desativação das ancoragens no

    sentido ascendente.

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    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 31

    2.7.1.7 – Processos construtivos

    Execução de Pregagens

    A pregagem é realizada por inclusões de varões de aço no interior do solo à medida que

    se vai desenvolvendo a escavação são instaladas pregagens por perfuração e injeção sem

    pressão. Perfura-se o terreno com diâmetro superior a 100mm, executa-se a injeção de

    calda de cimento com pressões baixas, seguido da introdução de um varão de aço com

    diâmetro de 25 mm, sendo de seguida a betonagem dos painéis.

    Figura 2.23 - Pregagens nos dois primeiros andares de cave, no alçado Este

    Figura 2.24 – Local das pregagens no alçado que confronta com a Rua do Carmo

    Pregagens

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    32 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    2.7.2 – Instrumentação e observação

    A elaboração de um plano de instrumentação e observação visou garantir a execução dos

    trabalhos de escavação e construção das estruturas de contenção em condições seguras,

    bem como analisar o comportamento das estruturas vizinhas aquando da execução desta

    fase da empreitada.

    Foram analisadas as principais condicionantes a ter em conta na realização do plano, que

    numa fase inicial se considerou apresentarem os principais riscos associados à execução

    dos trabalhos, que passariam pelos deslocamentos tanto tas paredes de contenção como

    dos edifícios vizinhos.

    A instrumentação é um investimento que numa obra deste tipo ganha uma elevada

    importância, com a finalidade de assegurar que o comportamento da contenção e do solo

    se encontra dentro do previsto, e caso isso não aconteça, possibilitar uma intervenção

    preventiva e reforço em tempo útil, por meio de escoramentos horizontais ou aumentando

    o pré-esforço nas ancoragens por exemplo.

    O plano de instrumentação foi elaborado pela empresa Geofix e baseou-se na medição de

    22 alvos instalados na obra e 15 alvos localizados nos edifícios adjacentes, para deteção

    de possíveis deformações estruturais que possam ocorrer durante a execução desta.

    Foi analisado um relatório de instrumentação, referente aos alvos localizados nas paredes

    de contenção, realizado à data de 15 de Dezembro de 2011, onde a essa data foram

    anulados 3 alvos (A19 a A21), por se encontrarem numa zona aterrada.

    É adotado um sistema de alerta, composto por três níveis, observados na Tabela 2.1,

    indicando os procedimentos a seguir para cada um deles, caso detetados. Este sistema

    permite controlar, de forma premeditada, a evolução das várias secções através da

    evolução das curvas de deformação em função do tempo, antevendo alguns pontos que se

    poderão tornar críticos.

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    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 33

    Tabela 2.1 - Níveis de alerta considerados no plano de instrumentação

    As leituras realizadas na presente campanha mostraram valores relativamente estáveis

    sobre os valores de zeragem. O alvo A1 apresenta uma ligeira tendência no sentido

    contrário à escavação, contudo de pequena dimensão, encontrando-se ainda dentro de

    valores considerados estáveis, ou seja, com um nível de alerta 1. No Anexo A secção II, é

    possível observar a planta de localização dos vários alvos, um quadro onde se encontram

    representadas as leituras efetuadas durante esta campanha nos vários alvos, bem como

    compará-las com as efetuadas inicialmente à data de 6 de outubro de 2011 e ainda

    representados gráficos de leituras de alguns alvos.

    2.8 – Atividades acompanhadas durante o período de estágio

    2.8.1 – Fundações

    O ensoleiramento geral, demonstrado na Figura 2.25, foi a solução adotada para a

    estrutura de fundação, que apresenta como finalidade a transmissão segura das cargas

    provenientes da estrutura ao terreno.

    É um método que se utiliza quando a grande profundidade o terreno possui elevadas

    características mecânicas, mas superficialmente tem comportamento ineficaz para se

    optar por fundações diretas, mas ainda assim, suscetível de receber cargas, quando há

    necessidade de uma uniformização de tensões transmitidas ao terreno e uma superstrutura

    sensível a assentamentos diferenciais.

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    34 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Figura 2.25 - Ensoleiramento Geral

    Este processo estava em fase de execução à data de entrada do estagiário em obra, sendo

    que, as fundações da zona que se encontra rebaixada para os reservatórios e bombas de

    água, já se encontravam betonadas. Houve a necessidade de dividir a betonagem da laje

    de fundação em várias áreas, Figura 2.26 dado o elevado volume apresentado, visto que o

    ensoleiramento apresenta uma espessura de 1,20 m. Após uma análise do tempo que

    levaria a betonar uma peça desta dimensão, tendo em conta as capacidades da empresa,

    decidiu-se dividi-la em cinco partes idênticas, com áreas aproximadamente de 200 m2.

    Figura 2.26 - Divisão de áreas para betonagem do ensoleiramento geral

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    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 35

    2.8.2 – Lajes fungiformes maciças

    No decorrer do período de estágio, houve uma alteração ao projeto, que causou alterações

    significativas no planeamento da obra. A alteração consistiu na mudança da finalidade

    destinada ao piso -1, que anteriormente estava definido para uma área de estacionamento

    e passou para área comercial. A regulamentação obriga a um pé-direito mínimo que o

    piso em questão não apresentava, como tal, houve a necessidade de se atingir a altura

    exigida, decretada em 3,00 de pé direito livre, segundo o artigo 65.º do RGEU. Segundo a

    Câmara Municipal do Funchal, a cércea do edifício não poderia exceder o previsto, como

    tal, a solução recaiu por diminuir o pé-direito dos restantes pisos.

    As armaduras de espera que foram previamente preparadas, Figura 2.27 e deixadas à

    superfície das paredes na fase de execução dos painéis da contenção lateral, Figura 2.28,

    permitindo numa fase posterior apenas uma abertura superficial, com recurso a um

    martelo pneumático, para destaque dessas armaduras.

    Figura 2.27 - Abertura das paredes de contenção para destaque das armaduras

    Figura 2.28 - Armaduras de espera da laje nas paredes de contenção lateral

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    36 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    Como anteriormente referido, o pé-direito dos pisos, necessitou de ser reduzido, deixando

    de haver compatibilidade entre as cotas das lajes e as respetivas armaduras de espera,

    havendo assim necessidade de criar uma nova ligação às paredes de contenção lateral e

    proceder-se ao tratamento das armaduras de espera existentes e conseguinte revestimento.

    Para a nova ligação, após reunião com o projetista foram experimentados e analisados

    dois processos distintos, a fim de se concluir qual o mais vantajoso em rapidez de

    execução e não menos importantes a nível económico, garantindo sempre o

    comportamento estrutural desejado. O primeiro consiste em picar a parede de contenção

    superficialmente, na zona onde ocorrerá a ligação com a laje, e proceder-se à furação em

    vários pontos, recorrendo a uma broca, para introdução de armaduras de 12 mm,

    utilizando buchas químicas para a fixação dos varões em 0,20 m na parede. O segundo

    baseia-se na abertura de roços, com recurso a martelos pneumáticos, onde se atinge uma

    profundidade suficiente para a ligação entre a armadura da laje e a da parede de

    contenção, seguidamente com recurso a uma pistola é introduzida a resina. Na Figura

    2.29, é possível observar os trabalhos preparatórios para qualquer um dos processos a

    experimentar, consistindo na montagem do andaime até à altura desejada, fazendo com

    que zona a picar com martelo se situe pouco acima da cintura do trabalhador, seguindo a

    marcação da abertura com recurso a uma linha de marcação com pó azul (bate linhas).

    Figura 2.29 - Marcação da zona onde ocorrerá a ligação laje-parede de contenção

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 37

    Figura 2.30 - Resina para a selagem dos varões. Figura 2.31 - Processos distintos de ligação laje - parede de contenção

    Após experimentados os dois métodos, chegou-se à conclusão que o método observado

    na Figura 2.31, da abertura na parede de contenção até se atingir a armadura, além de ser

    economicamente mais vantajoso, tornava-se um processo mais rápido, e garantia ainda

    um melhor comportamento estrutural, visto que garantia uma melhor ligação às paredes

    de contenção, transmitindo mais eficazmente as cargas das lajes.

    Após a betonagem dos primeiros elementos verticais (pilares e paredes estruturais),

    procede-se à execução da cofragem da laje. Que numa primeira fase passa por executar a

    cofragem dos capitéis, Figura 2.32, visto ser uma zona rebaixada, e seguidamente a laje,

    possibilitando a betonagem da totalidade dos elementos de uma só vez.

    Para a cofragem das lajes foi utilizado um sistema tradicional melhorado, que consiste na

    montagem de uma estrutura metálica, composta por longarinas apoiadas transversalmente

    por travessas, assegurando a ligação por cavilhões (Figura 2.33).

    Figura 2.32 - Cofragem de um capitel Figura 2.33 - Cofragem da laje pelo método de longarinas (sistema

    tradicional melhorado)

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    38 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    O plano de betonagem para as lajes fungiformes maciças previa uma divisão dos diversos

    pisos em duas áreas distintas, dado o seu elevado volume de betão, aproximadamente 180

    m3. A divisão adotada é a que se observa na Figura 2.34, que não se prende diretamente

    com a capacidade da central de betão da empresa mas sim pela condicionante da área de

    estaleiro que apenas permite um camião bomba, não conseguindo este dar vazão a uma

    área de grandes dimensões.

    Figura 2.34 - Divisão dos pisos em duas áreas pelo plano de betonagem

    2.9 – Funções desempenhadas pelo estagiário

    A primeira tarefa aquando da entrada em obra foi necessariamente uma visita ao local,

    para o estagiário poder-se inteirar, das atividades que estavam a decorrer e analisar o

    planeamento, a fim de concluir se até à data estavam executados os trabalhos previstos.

    Houve a necessidade de realizar um estudo cuidado ao projeto de arquitetura e estrutura

    bem como de outras especialidades.

    O estagiário prestou apoio direto ao Diretor de Obra, assim como contacto como

    encarregado de obra e também técnico de segurança em obra, o que permitiu um

    acompanhamento próximo dos problemas que surgiam, participando ativamente nas

    pequenas reuniões para determinação da solução. Fez a ligação entre o estaleiro central e

    a empreitada onde estava inserido, informando e requerendo soluções para problemas

    relacionados com material, equipamentos, entre outros.

  • Acompanhamento da Construção do “Edifício de Escritórios, Comércio e Hotel”

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 39

    Foi da responsabilidade do estagiário, no período que se encontrou em obra, realizar até

    ao dia 25 de cada mês, a medição das quantidades de trabalho executado, para posterior

    realização do auto de medição, para apresentação ao Dono de Obra.

    Para a medição das quantidades de trabalhos mensais, o estagiário apoiou-se na

    publicação “Regras de Medição”, publicado pelo LNEC, onde puderam ser esclarecidas

    certos procedimentos a ter em conta.

    Na medição das lajes, por exemplo, houve necessidade de ter em atenção estas regras da

    medição, visto que este elemento engloba capitéis e pilares e em certos casos vigas e

    paredes núcleo.

    Assim sendo, após consulta desse regulamento, chegou-se à conclusão que na medição

    do elemento laje, era necessário excluir toda a área dos capitéis e consequentemente aos

    capitéis retirar a área dos pilares, como se observa na Figura 2.35.

    Figura 2.35 - Regras de medição para o caso de lajes maciças com capitéis

    Poder-se-á constatar que, num caso geral, na medição de elementos que se sobrepõem, os

    que apresentarem uma menor percentagem de armadura, são retiradas peças com maior

    valor percentual de aço.

  • 3. Acompanhamento da Execução de

    duas Moradias Unifamiliares

  • Acompanhamento da construção de um Edifício Multifuncional e de duas Moradias Unifamiliares

    42 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    O presente capítulo faz referência à construção de duas moradias unifamiliares

    localizadas no concelho do Funchal, indicadas na Figura 3.1, e onde o estagiário teve

    oportunidade de acompanhar os trabalhos desde a data de consignação. Estas moradias

    situam-se em locais diferentes e não apresentam nenhuma ligação entre si, como dono de

    obra ou arquitetura. Este capítulo engloba as duas moradias visto que requereu do

    estagiário tarefas semelhantes no acompanhamento destas.

    O estagiário teve oportunidade de acompanhar os trabalhos desde a data de adjudicação

    de ambas as moradias, possibilitando observar tarefas distintas da obra abordada no

    capítulo anterior.

    A escolha pela inclusão destas duas empreitadas no mesmo capítulo deve-se à

    necessidade de englobar certos temas que apresentaram elevada relevância durante a

    presença do estagiário e pelas funções desempenhadas nas duas empreitadas. Para além

    do acompanhamento constante das duas obras, o estagiário desempenhou funções de

    adjunto de diretor de obra, possibilitando alargar os conhecimentos adquiridos ao longo

    da licenciatura e mestrado frequentados e ganhar um novo sentido de responsabilidade no

    mundo do trabalho.

    As empreitadas em questão denominam-se por “Construção da Moradia Unifamiliar –

    Rua das Amoreiras”, que se situa na zona da Nazaré e “Construção da Moradia

    Unifamiliar – Sítio da Ajuda”, localizada na zona da ajuda, serão tratadas, para uma

    melhor facilidade de entendimento, no capítulo que se segue por “Moradia da Nazaré” e

    “Moradia da Ajuda” respetivamente, onde o cliente requereu os serviços da empresa

    Construções Miguel Viveiros, para a execução de movimentos de terras, estrutura da

    edificação e acabamentos.

    Figura 3.1 - Localização das moradias na freguesia de S. Martinho

  • Acompanhamento da Execução de duas Moradias Unifamiliares

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 43

    3.1 - MORADIA DA NAZARÉ

    3.1.1– Objetivos da empreitada

    Pretendia-se desenvolver a construção de uma moradia unifamiliar isolada de tipologia

    T3. Apresentando predominantemente linhas clássicas, que implicam menor apetência à

    entrada da luz solar, houve um cuidado redobrado na disposição dos compartimentos

    interiores, de modo a se obter uma otimização do aproveitamento solar. A construção

    divide-se por três pisos, onde o piso -1 destina-se a estacionamento, o piso 0 a áreas

    comuns e o ultimo piso a quartos de dormir. A implantação da moradia no lote foi

    determinada com o intuito de um melhor aproveitamento do espaço de jardim a sul.

    3.1.2 – Descrição da empreitada

    Este capítulo refere-se à execução de uma moradia unifamiliar de tipologia T3, situada na

    cidade do Funchal, freguesia de S. Martinho, Figura 3.2, numa zona constituída

    maioritariamente por moradias.

    Figura 3.2 - Localização da freguesia de São Martinho, pertencente ao Concelho do Funchal

    Figura 3.3 - Fotografia aérea da localização da moradia da Nazaré

    [Fonte: Google Maps]

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    44 David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações

    A área do lote, Figura 3.3, onde se insere a moradia representada na Figura 3.4, pela

    preparação tridimensional, possui 800 m2 aproximadamente, com uma área total de

    construção 603 m2.

    Figura 3.4–Projeção tridimensional da moradia

    [Fonte: Elementos de preparação da obra]

    3.1.3 – Classificação da empreitada

    Tipo: Construção Nova

    Natureza: Construção Civil

    Forma de execução da obra: Empreitada

    Concurso: Limitado (Só as entidades convidadas pelo dono da obra podem

    apresentar proposta)

    Natureza da sua utilização: Habitação

    Altura: 12,65 m

    Prazo de Construção: 12 meses

    Empreitada Geral – Estrutura, Acabamentos e Instalações (12 meses) com

    início a 15 de Junho de 2012 e término a 15 de Junho de 2013;

    Custo Total Previsto: 868.073,99€ (oitocentos e sessenta e oito mil e setenta

    e três euros e noventa e nove cêntimos):

    Fases da Obra: Projeto, adjudicação, consignação, execução e receções

    (provisória e definitiva);

    Dono de Obra: Moreira & Gouveia S.A;

    Empreiteiro: Construções Miguel Viveiros II, Lda.;

  • Acompanhamento da Execução de duas Moradias Unifamiliares

    David Miranda, Mestrado em Engenharia Civil - Edificações 45

    Tipo de Contrato: Contrato por “Série de Preços”.