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Acidentes em Radioterapia
Flávia Cristina TeixeiraDivisão de Aplicações Médicas
Coordenação Geral de Instalações Médicas e IndustriaisDiretoria de Radioproteção e Segurança
Cosissão Nacional de Energia Nuclear
Acidente X Incidente
Incidente• Evento ou situação que poderia ter resultado em dano ao
paciente (WHO)
• Qualquer evento não intencional ou ato não autorizado cujas potenciais consequências não são desprezíveis do ponto de vista de proteção e segurança. (IAEA)
Acidente• Evento adverso - é um incidente que resultou em dano ao
paciente. (WHO)
• Qualquer evento não intencional cujas consequências não são desprezíveis do ponto de vista de proteção e segurança. (IAEA)
Superexposição
Subexposição
EFEITOS ADVERSOS
TRATAMENTO SEM
EFETIVIDADE
Exposição Acidental
• ICRP 86 – em radioterapia uma exposição éconsiderada acidental quando há um desviosubstancial na prescrição do tratamento.
• Problema: não existem padrões internacionaisque determinem a “diferença substancial”,existem apenas aproximações.
IMPACTOPRESCRIÇÃOEXPOSIÇÃO
ACIDENTAL
A RADIOTERAPIA – COMPLEXA!
Acidentes em Radioterapia
No Brasil - 4 acidentes no período entre 2011 e 2014.
Acidentes no Mundo - WHO
Até 2000
IAEA SS 17 - 92 eventos
Após 2000
USA2005 – FLÓRIDA - 77 pacientes 50% overdose
2009 – FILADÉLFIA – 90 pacientes próstata
2010 - NYT - morte 2 pacientes
ALGUNS ACIDENTES REGISTRADOS OFICIALMENTE
FRANÇA2003 – 1 paciente
2004 – 2005 – 26 pacientes
2001 – 2006 - 397 pacientes
2006 – 2007 - 145 pacientes
BRASIL2011 – 1 paciente – morte
2013 – 1 paciente
2014 – 2 pacientes
ACIDENTES DIVULGADOS/REPORTADOS
ALGUNS ACIDENTES
USA – New York
• Paciente com cancer na orofaringe a ser tratado com IMRT - Março 2007
• Planejamento preparado e checado com EPID
• 8 de Março início do tratamento – plano entregue corretamente.
• 9 – 11 de Março entrega de mais 3 frações.
• Novas imagens (kV) obtidas e adicionadas ao plano agora chamado de plano 1A.
• 11 de Março – médico faz revisão do caso e decide modificar a distribuição da dose a fim de reduzir a dose nos dentes. O plano 1A é salvo como 1B.
• 14 de Março – Replanejamento, fracionamento é mudado.
• TPS inicia os cálculos finais onde são feitas as alterações da movimentação e posicionamento do MLC
• Ao fim todos os novos dados deveriam ser salvos na BD.
• Neste processo os dados são enviados para um servidor e salvos somente após TODOS os dados terem sido recebidos.
1. Fluencia atual
2. DRR
3. MLC.
O que aconteceu?
• Uma mensagem de erro aparece
• O usuário pressiona YES• As posições do MLC não foram salvas no servidor.
• DRR ok
• Mas a segunda parte do novo plano não foi salva
• E o software parece ter congelado.
• O usuário finalizou o TPS manualmente.
• O software fez um “roll-back” e salvou a última versão do plano válida
• Agora o plano do tratamento ficou :
1. Novos dados de fluencia
2. DRR incompleta
3. Sem MLC
• Em outro momento outro usuário abre os planos de pacientes e poderia ter neste momento verificado estes detalhes – NÃO FOI
• Não foi realizada a verificação do plano
• Foi aprovado pelo médico
• Poderia e deveria ter sido observado na verificação
Display esperado com MLC
Mas ... O display mostrou
• 14 e 16 de Março paciente tratado sem MLC.
• No dia 16 após tratamento – verificado o problema.
• Resultado da falha –
• PACIENTE RECEBEU 3 FRAÇÕES DE 13 Gy SEM MLC – 39 Gy
• MORTE DO PACIENTE ALGUNS DIAS APÓS.
Causas
• Pressionou YES
• Não houve revisão
• No hora de tratar não foi verificada a falta do MLC
• NEW YORK TIMES
Década de 70:
• Local: Riverside Methodist Hospital - Columbus, Ohio
Data: 1974-76
Causa: Decaimento incorreto do Co-60
Impacto: 426 pacientes – sobredoses de 10 – 50%
Lições: verificar dose de forma independente
Década de 80:
• Local: Bend, Oregon
Data: década de 80
Causa: Dosimetria com uso de pressão atmosféricaincorreta
Impacto: Todas as máquinas com 13% de sobredose
Lições: ter instrumentos próprios para obtenção de parâmetros e conhecer a temperatura e pressãomédia.
Década de 90:
• Local: Espanha
Data: 1990
Causa: Após reparo no AL feixe de elétrons com energia independente do que mostrava no console –36 MeV
Impacto: 27 pacientes com superexposição massiva e mais de 15 pacientes faleceram
Lições: notificar os físicos que houve reparos
Década de 90:• Local: San Juan de Dios Hospital - San Jose/Costa
Rica
Data: 1996
Causa: Má interpretação do timer do Co-60, erro nataxa de dose
Impacto: 115 pacientes com 60 % de superexposiçãomassiva e mais de 20 pacientes faleceram.
Lições: Check independente é extremamenteimportante
COSTA RICA
Perda da fala
Paralisia dos membros
Necrose Cerebral
Demencia
Anos 2000:
• Local: Lee Moffitt Cancer Center, Tampa, FL
Data: 2004-2005
Causa: calibração incluiu PDD (TG 51)
Impacto: 77 pacientes com 55% de sobredose
Lições: Checar de forma independente a resposta
Fazer calibração cruzada das máquinas e câmeras
• Local: Reino Unido
Causa: iniciou técnica isocentrica com novo TPS
Impacto: fator de correção distância aplicado 2 vezes para todos os pacientes durante 9 anos.
Impacto: Subdosagem
Lições: Treinamento adequado dos staffs
Programa de controle da qualidade deve ser incluidono comissionamento do TPS antes do 1º uso
Checagem independente dos cálculos do tratamento
USA – 2009/2010
• 2005 a 2009 – Coxhealth Hospital –Springfield, Missouri.
• Erro na calibração – equipamento não adequado para pequenos campos
• 76 pacientes tratados com SRS receberam sobredose – estima-se sobredoses de 20%, 25% e até 100%.
• Ex: 1 paciente com tumor benigno – paralisia facial e problemas de memória.
Fonte: http://www.nytimes.com - THE RADIATION BOOM
França - 2004
• 1 paciente com MAV
• Radiocirurgia com colimador cilíndrico
• Problemas na comunicação : ‘40 40’ escreve físicopara colimação.
• 40 cm x 40 cm é aplicado pelo técnico
França - 2004
• Parte do arco feita com abertura errada até a descoberta
• Físico não soube estimar a sobre dose
• Morte do paciente por brutal hemorragia
Fonte: S. Derreumaux et al, “Lessons from RecentAccidents in Radiation Therapy in France” –Radiation Protection Dosimetry , Vol 131, pp 130 -135, Agosto 2008.
S. Derreumaux – “Accidents in radiation therapy inFrance: causes, consequences and lessons learned”– EUROSAFE presentations 2008.
França – 2006/2007
• Período Abr 2006/2007 – Hospital Rangueil in
Toulouse.
• Equipamento BrainLab Novalis – unidade estereotática com mMLC (3mm cada lâmina) ou colimadores em cone
• Menor campo de tratamento 6 x 6 mm
França – 2006/2007
• Comissionamento realizado com equipamento não adequadopara pequenos tamanhos de campo – CI com dimensõesinapropriadas de acordo com os inspetores da ASN
• Dados incorretos inseridos no TPS
• Todos os pacientes tratados com mMLC neste período foramtratados com dose errada – 145 pacientes
• Sobredose de até 200%
Fonte: S. Derreumaux et al, “Lessons from Recent Accidents in Radiation Therapy in France”– Radiation Protection Dosimetry , Vol 131, pp 130 -135, Agosto 2008IAEA training Course Module 2.10: Accident update – some newer events(UK,USA,FRANCE)
• 2004 - França
• Protocolo clássico – linfonodos pescoço e mediastino com junção de campos
• Problemas na simulação: técnico vinha de outra instituição
• Junção de campos na pele ok, superposição interna na colunaespinhal
• Não havia simulação do planejamento – sem cálculo 3D
Impacto:
1 paciente –recebeu 70 Gy nolugar de 40 Gy emC4. Tetraplégico.
Lições:
• QA – simulação e procedimentos de controle• QA - Procedimentos – comunicação• Formação adequada
Lições Aprendidas
• FatoresHumanos
• Fatores seminfluência daação humana
101 participantes
1074 incidentes (2003-2008)
QUEM DETECTOU ?1074 REPORTS
1049 – Teleterapia
20 – Braquiterapia
5 – outras técnicas
2 - envolvendo IOE
21 – envolvendo váriospacientes (2-7).
MÉTODO DE DETECÇÃO
• Falta de check no planejamento
• Falta de QA para todas as etapas
• Falta de procedimentos bem definidos e escritos para os profissionais
• Falta de definição das tarefas para cada profissional
• Falta de realização de auditorias externas
• Falta de treinamento e formação adequada
Lições AprendidasAlgumas Causas
Quantidade de profissionais inadequada aonúmero de pacientes
Falta de TPS e R&V
Falta de dosimetria in vivo (sempre que aplicável)
Falta de revisão de procedimentos
Uso de técnicas inadequadas ao centroradioterápico
Falta de cultura de segurança
Lições AprendidasAlgumas Causas
PREVENÇÃO
Implantação de um Programa de
Garantia da Qualidade – Gerenciamento
da Qualidade Efetivo;
Busca de formação adequada com
educação continuada da equipe;
Implementação efetiva de cultura de
segurança.
CONCLUSÕES
PREVENIR
RECICLARCONHECIMENTO /TREINAR
CULTURA DESEGURANÇA