acessórios de moda e o contraste entre materiais e tecnologias - isabela lopes alves
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8/13/2019 Acessrios de moda e o contraste entre materiais e tecnologias - Isabela Lopes Alves
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SENACCentro Nacional de Educao DistnciaMG
Especializao Artes Visuais: Cultura e CriaoAVMG10
ISABELA LOPES ALVES
ACESSRIOS DE MODA E O CONTRASTE ENTRE MATERIAIS E
TECNOLOGIAS
Belo Horizonte - MG
2013
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SENACCentro Nacional de Educao DistnciaMG
Especializao Artes Visuais: Cultura e CriaoAVMG10
ISABELA LOPES ALVES
ACESSRIOS DE MODA E O CONTRASTE ENTRE MATERIAIS E
TECNOLOGIAS
Trabalho de concluso de curso
apresentado como requisito para a
obteno do ttulo de especialista no
curso de Especializao em Artes
Visuais do Senac - EAD
Orientadora: Prof. Ms.Llian Lacerda
Belo Horizonte - MG
2013
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Alves, Isabela Lopes.XXX Acessrios de moda e o contraste entre materiais e
tecnologia/ Isabela Lopes Alves. 2013.63f.; 29cm.
Orientadora: Lilian Lacerda CarvalhoTrabalho de Concluso de Curso (especialista)SENAC
EAD, Belo Horizonte, 2013.
1. Design 2. Acessrios 3. ArtesanatoI. Ttulo.
CDU XXXXX
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ISABELA LOPES ALVES
ACESSRIOS DE MODA E O CONTRASTE ENTRE MATERIAIS E
TECNOLOGIAS
Trabalho de concluso de curso
apresentado como requisito para a
obteno do ttulo de especialista no
curso de Especializao em Artes
Visuais do Senac - EAD
Aprovado em: ____________
Banca examinadora:
_______________________________________
Ms. Lilian Lacerda Carvalho (orientadora)
SENAC - MG
_______________________________________
Roberta Lopes
SENAC - MG
_______________________________________
Dr. Alessandro Ferreira Costa
UFMG
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minha me, meu pai e meus irmos
a quem devo muito mais alm de uma dedicatria.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo s amigas Ana, Lu, Mnica, Tati e Vivi pelas indicaes de leitura, links,tradues e principalmente por todo encorajamento que sempre me deram neste e
em qualquer outro processo. Cada dica e palavra de vocs foram preciosas no
andamento deste projeto.
Gissa e Jos Alberto que tm orientado e colaborado na minha busca criativa.
Lilian por aplicar na prtica o sentido da palavra orientar.
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Formar importa em transformar. Todo processo de elaborao e de desenvolvimento
abrange um processo dinmico de transformao, em que a matria, que orienta a
ao criativa, transformada pela mesma ao.
Fayga Ostrower
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RESUMO
Por meio deste trabalho sero apresentados projetos hbridos de artesanato que
utilizam em sua composio materiais, processos e tecnologias opostas, como o fio
e o croch juntamente com o acrlico e o corte a laser. Representa uma experincia
em percorrer um dos inmeros caminhos que o crafter, o arteso moderno, pode
trilhar ao unir habilidade tcnica, tecnologia e o compartilhamento presente nas
redes sociais por onde circula. Foram tomados como referncias visuais artistas e
designers que incluem, de forma particular, o fazer artesanal em seus trabalhos e,
para a execuo do projeto, foi utilizada como tcnica manual o croch e como
tecnologia o corte a laser, aplicados em produtos inseridos no universo da moda e
confeccionados em forma de acessrios.
Palavras-chave: Artesanato. Crafter. Croch. Corte laser. Moda. Acessrios.
Joalheria contempornea.
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ABSTRACT
This work will present hybrid craft projects that have in their designs opposingmaterials, process and technology, such as crochet thread as well as acrylic and
laser cutting. This represents an experiment in pursuing one of many paths the
modern crafter can follow when combining technical skills, technology and social
media online sharing. As reference were taken visual artist and designers who, in a
particular way, add craftsmanship to the work process. To implement the final design,
crochet was used as a craft technique, and laser cutting as a technological resource
all applied on products of the fashion world and made in the form of accessories.
Keywords: Crafts. Crafter. Crochet. Laser cutting. Fashion. Accessories.
Contemporary jewelry.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 - Irmos Campana, TransPlastic. ....................................................................................16Figura 2 - Porta-nqueis com fecho de metal - Croch.................................................................17Figura 3 - Marcel Wanders, Crochet Chair, 2006.......................................................................18
Figura 4 - Cal Lane, 5 Shovels, 2005...........................................................................................19Figura 5 - Painel de Inspiraes ......................................................................................................20
Figura 6 - Yurina Kira, Wood, acryl, spring, 2013.......................................................................21Figura 7 - Theresa Hauser, Gold chain necklace.......................................................................22Figura 8 -Avital Porat, Backbone. ................................................................................................22
Figura 9 - Stephanie Hensle, Wood Jewelery.............................................................................23
Figura 10 - Rosa Nogus, Broche ................................................................................................23
Figura 11 - Alas de bolsas expostas - Galeria do Ouvidor - Belo Horizonte 2013.................36
Figura 12 - Alas de metal. ..............................................................................................................37Figura 13Tulipa terminal de metal. .............................................................................................37Figura 14Exemplo de um soprador trmico em uso. ...............................................................39
Figura 15 - Desenho a mo dos anis. Preparao para corte..................................................40Figura 16 - Partes do anel cortadas e furadas mo. .................................................................40Figura 17 - Anis preliminares construdos ...................................................................................41
Figura 18 - Foto teste para o bracelete modular...........................................................................41
Figura 19 - Foto de teste para possibilidades da clutch...............................................................42
Figura 20 - Estudos feitos mo.....................................................................................................43Figura 21 - Estudos mo ...............................................................................................................44
Figura 22 - Desenho estilizado do croch aplicado na clutch.....................................................44
Figura 23 - Desenhos em Corel Draw. Instrues de corte.........................................................45
Figura 24 - Sequncia anel com amarras para moldagem e anis j moldados......................47Figura 25 - Clutch com fecho substituindo fecho de metal em processo de produo...........48Figura 26 - Variao 1Clutch. Partes componveis ..................................................................48Figura 27 - Variao 2 - Clutch. Partes componveis ...................................................................49
Figura 28 - Bracelete modular .........................................................................................................49
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SUMRIO
1 INTRODUO............................................................................................. 13
2 DESENVOLVIMENTO TERICO E PRTICO............................................ 15
2.1 Conceitos Motivadores .............................................................................. 15
2.1.1 Sampler.................................................................................................. 15
2.1.2 Montagem .............................................................................................. 16
2.2 Referncias Visuais .................................................................................. 17
2.2.1 Trabalho manualPorta-nqueis ........................................................... 17
2.2.2 Marcel Wanders ..................................................................................... 18
2.2.3 Cal Lane ................................................................................................. 18
2.2.4 Outras referncias visuais ...................................................................... 19
2.3 Contextualizao do Projeto ..................................................................... 24
2.3.1 Definies de Artesanato ....................................................................... 24
2.3.2 Produo Artesanal, cultura e tecnologia ............................................... 26
2.3.3 Caractersticas Provveis do Objeto ...................................................... 31
2.4 Processo de Produo dos Objetos .......................................................... 31
2.4.1 Processo Criativo ................................................................................... 32
2.4.2 Escolha dos produtos ............................................................................. 34
2.4.3 Materiais e ferramentas .......................................................................... 38
2.4.4 Estudos preliminares .............................................................................. 39
2.4.5 Escolha da Cor ....................................................................................... 45
2.4.6 Apresentao dos produtos propostos ................................................... 46
3 CONSIDERAES FINAIS......................................................................... 50
4 REFERNCIAS........................................................................................... 52
APNDICE A CLUTCH 1............................................................................ 55
APNDICE B CLUTCH 2............................................................................ 56
APNDICE C CLUTCH 3............................................................................ 57
APNDICE D - ANIS.................................................................................... 58
APNDICE E BRACELETE 1...................................................................... 59APNDICE F BRACELETE 2...................................................................... 60
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APNDICE G BRACELETE MODULAR..................................................... 61
APNDICE H - COLAR.................................................................................. 62
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1 INTRODUO
O trabalho aqui apresentado tem como cenrio o mundo atual onde se encontram
cada vez mais acessveis tecnologias como o corte laser e impresso 3D. Nestecenrio, os sites especializados e as redes sociais atuam como aliados ao repasse,
compartilhamento de tcnicas e possibilidades de materializao de projetos. O
fazer artesanal tambm se encontra presente, porm a tradio de repasse de
tcnicas de pai para filho deu lugar ao ensino atravs do compartilhamento das
redes sociais. O indivduo que transita neste ambiente usa a tecnologia e o
artesanato em sua produo, ordena todas as informaes que tem disponvel para
a criao de produtos que, sendo a sua criao do incio ao fim, possuicaractersticas singulares.
O trabalho apresentado uma coleo de produtos - inseridos no universo da moda
- em forma de clutchese acessrios como braceletes, colar e anel. A insero dos
produtos no universo da moda se deu por afinidade e tambm como resultado das
possibilidades obtidas por meio dos desenhos preliminares que foram executados no
decorrer da construo deste projeto.
A criao dos produtos gira em torno do objetivo de aliar o croch e o corte laser
com a finalidade de obter-se uma linha de produtos com caractersticas hbridas e
com a presena do passado e do futuro em sua composio.
Buscou-se como referncia visual para este trabalho artistas e designers que usam
em seus produtos o artesanato propriamente dito, ou referncias a ele, conjugadas
com a tecnologia ou a novas formas de se trabalhar. Este o caso do designer
holands Marcel Wanders e da artista canadense Cal Lane. Tambm a dupla
brasileira de designers, os irmos Campana, contribuem na pesquisa sobre
processos hbridos de construo do produto, assim como inmeros profissionais da
joalheria contempornea. Porm, Marcel Wanders e Cal Lane utilizam o croch em
seus trabalhos, tcnica manual escolhida para a confeco deste projeto.
A produo dos objetos adotou como tcnica o croch e como tecnologia
empregada, o corte a laser. A matria-prima o fio de algodo e o acrlico. A chapa
de acrlico, enviada para o corte aps a confeco dos desenhos das peas, serve
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como estrutura dos objetos e tambm como suporte para a execuo a tcnica
escolhida, o croch.
Ser aqui apresentada uma contextualizao do artesanato e sua relao com acultura e com os artesos modernos, os crafters. Tambm sero apresentados os
conceitos motivadores do projeto, as referncias visuais utilizadas. Finalmente,
sero mostrados o desenvolvimento e os resultados obtidos por meio deste projeto:
uma coleo de acessrios de moda composta por clutches, braceletes, anis e
colar.
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2 DESENVOLVIMENTO TERICO E PRTICO
2.1 Conceitos Motivadores
Entre os conceitos motivadores que dialogam com obras e trabalhos plsticos,
destacam-se os seguintes conceitos;
2.1.1 Sampler
Ao optar-se por trabalhar com o contraste de tcnicas e materiais, encontrou-se no
sampler uma grande aproximao com as caractersticas do projeto. Este conceito,
elaborado aps a discusso em um dos fruns do curso de ps-graduao em artes
visuais tem algumas definies que merecem ser citadas. A primeira diz a respeito
apropriao: processos, tcnicas, outros elementos de uma obra e at mesmo a
prpria obra so usados para a elaborao de uma nova. A outra diz respeito
releitura, muito utilizada no universo da moda. As releituras usam elementos de uma
obra e os atualizam para os dias atuais em uma verso mais moderna, usando os
recursos tecnolgicos da poca. Alm da releitura, os elementos de uma obra
tambm podem ser usados para a criao de algo novo. Uma das definieselaboradas no frum que o significado da palavra samplear est ligado s novas
noes de mobilidade e conectividade que caracterizam a atualidade, por meio dos
meios de comunicao de massa, bem como do universo digital nossa disposio .
Observou-se no design de alguns produtos, caractersticas de releitura em que
tambm os elementos do passado so utilizados em coexistncia com outros
elementos e tecnologias, criando assim, produtos com caractersticas hbridas. Adupla de designers brasileiros, Humberto e Fernando Campana, coloca em vrios de
seus projetos, essas caractersticas hbridas. Um exemplo a srie TransPlastic
(2007), cadeiras baratas de piscina que se fundem ao vime, criando mobilirios
hbridos em forma de amebas. (SELECT, 2011, p.23).
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Figura 1 - Irmos Campana, TransPlastic.
Cadeira de fibra de Apu e plstico.Fonte: Dezeen1.
Na srie de objetos TransPlastic, os irmos Campana permitem que a indstria
dialogue com o artesanato numa unio que caracterstica do conceito sampler.
A partir das definies de sampler apresentadas, identifica-se a oportunidade da
criao de objetos com as caractersticas deste conceito, principalmente a
caracterstica que se refere ao dilogo entre dois elementos, como foi obtido pelos
irmos Campana em sua srie TransPlastic.
2.1.2 Montagem
A montagem, conceito tambm estudado nos fruns do curso de ps-graduao em
artes visuais o outro conceito motivador do projeto. A montagem:
designa o processo de combinao de elementos de diversas procedncias,assim como o todo coerente que dele resulta. [...] a montagem produzsentido precisamente pela articulao material e conceitual de seuscomponentes. (SENAC, 2007)
Em especial, levou-se em considerao as caractersticas da montagem presentes
nas obras Bicho da artista Lygia Clark (1960) e o vestido em couro fluorescente do
estilista Paco Rabanne (1967). As obras trabalham a ligao entre elementos que
permitem mobilidade e apresentam caractersticas como modularidade e dinamismo.
1Disponvel em: Acesso em: 27 jun. 2013.
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Uma outra caracterstica da montagem permitir que a obra possa ser modificada e
aberta a novos sentidos. (SENAC, 2007). Durante a configurao do projeto, houve
a necessidade de permitir a ligao entre elementos para a criao de um produto.
Mesmo com a escolha entre dois elementos com caractersticas opostas levou-se
em conta que, outros elementos, com outras caractersticas podem ser tanto
agregados ao projeto, quanto trocar de posio com algum deles.
2.2 Referncias Visuais
Como referncias visuais, foram observados trabalhos de artistas e designers que
ilustrem o ponto de partida para a criao do projeto. Tambm foram observados
trabalhos que de alguma forma, indicam o caminho a ser traado para a obteno
dos resultados propostos.
2.2.1 Trabalho manual Porta-nqueis
Considerado o ponto de partida do projeto, o porta-nqueis aqui apresentado poderiaser classificado de acordo com o SEBRAE (2010, p.13) um trabalho manual, exige
destreza e habilidade, porm utiliza moldes e padres pr-definidos.
Figura 2 - Porta-nqueis com fecho de metal - Croch
Fonte: Elaborado pela autora
O fecho de metal, suporte adquirido em lojas especializadas em artesanato o quedefine qualquer projeto que venha a ser executado com seu auxlio, ele limita a
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atuao do executor do trabalho, pois possui tamanhos, formatos e opes de cor
limitadas. No se poderia, por exemplo, definir que o objeto criado tivesse como
nica cor a cor verde. Tambm no se poderia tematizar o trabalho usando um tema
como, por exemplo, a inspirao Art Dco. Esse foi um fator importante para
delinear o processo de produo deste trabalho, busca-se aqui a liberdade na
criao de um objeto considerado simples como este porta-nqueis.
2.2.2 Marcel Wanders
O designer holands Marcel Wanders tem em seus projetos referncias a tcnicas
artesanais como o macram e o croch. Neles o designer confronta o fazer
tradicional com a tecnologia. O resultado so produtos como o mvel Crochet
Chair (2006). Feito da maneira tradicional, ou seja, tecido em croch, sofre
posteriormente um processo de endurecimento com resina epxi.
Figura 3 - Marcel Wanders, Crochet Chair,2006.
Cadeira com croch e resina epxi.Fonte: Marcel Wanders | Product Design & Interior Design2
Neste projeto, Marcel Wanders confere ao croch uma nova funo alm da funo
decorativa uma vez que a trama de croch aliada ao epxi o nico material que
estrutura a cadeira.
2.2.3 Cal Lane
O trabalho da artista canadense Cal Lane foi escolhido por sua caracterstica de
utilizar o croch sem que necessariamente tenha que se tecer o trabalho de forma
2Disponvel em: < http://www.marcelwanders.com/products/personal-editions/crochet-chair/> Acesso em 27
jun. 2013.
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tradicional, ou seja, com o uso de agulha e linha. Tambm por conferir a robustas
ferramentas de ferro, a leveza da renda obtida pelo trabalho em croch.
Figura 4 - Cal Lane, 5 Shovels, 2005.
Fonte: Cal Lane3
Por sua vez, o processo de trabalho utilizado por Lane, no tem a mesma leveza
que o croch. Para o corte dos detalhes da renda necessrio trabalhar o material
da mesma forma em que trabalhado originalmente, ou seja, a artista utiliza a solda
de oxiacetileno num processo especfico deste tipo de solda.
O trabalho possui as caractersticas de apropriao para a formao de algo novo. A
artista, alm de apropriar-se da tcnica, apropria-se tambm de ferramentas para
solda e corte de metal para a criao de outro tipo de trabalho que no o seu
habitual.
2.2.4 Outras referncias visuais
As outras referncias visuais consultadas para este projeto foram usadas com a
finalidade de se montar um painel de inspiraes. So referncias do design, da
moda e da joalheria contempornea, coletadas ao longo de pesquisas anteriores e
que auxiliaram o aumento de um repertrio de possibilidades de materiais,
configuraes, cores, texturas e outras questes relevantes na criao de um
produto. Estas referncias foram impressas e separadas por blocos de acordo com
caractersticas comuns e relevantes para a criao de um produto, como por
3Disponvel em: Acesso em: 27 jun. 2013.
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exemplo, as caractersticas dos conceitos motivadores. Por ser um grande nmero
de imagens e de no estarem diretamente ligadas ao projeto como est ligado o
trabalho dos profissionais mencionados anteriormente, no sero aqui apresentadas
em seus detalhes.
Figura 5 - Painel de Inspiraes
Fonte: Elaborado pela autora
Porm, convm mostrar aqui algumas dessas imagens e apontar tambm quais
caractersticas sobre as mesmas que as relacionam com os conceitos motivadores
do projeto. Dessa forma, ilustra-se como o painel de inspiraes foi utilizado para
auxiliar ao prosseguimento deste trabalho. Das caractersticas observadas nas
obras, foram retiradas algumas palavras-chave que so apresentadas nos produtosabaixos seguidas de uma breve explicao.
Mistura de materiais: neste broche da artista japonesa Yurina Karina observou-se o
uso de material orgnico e do artificial. A madeira e o acrlico esto em dilogo para
a criao de um nico objeto.
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Figura 6 - Yurina Kira, Wood, acryl, spring, 2013.
Broche em madeira e acrlico.Fonte: Ecru+HM4
Ligao entre elementos: o dilogo apresentado neste colar de corrente no se
refere ao fato de o mesmo ser formado pela ligao por elos, mas sim pelo modo
que os elos foram construdos. O que foi observado neste trabalho da artista
Theresa Hauser, alm da utilizao de materiais diferentes como o metal e o
trabalho em croch, foi a apropriao do elo propriamente dito. Tanto os elos feitos
de croch quanto os elos de metal so a reproduo de um mesmo elemento. A
artista aqui usa da caracterstica da montagem em permitir que a obra seja
modificada. Neste trabalho, possvel, por exemplo, trocar-se trabalho em croch
por madeira. Ou seja, possvel usar de outros materiais na confeco dos elos e
tambm de outros processos para faz-los.
4Disponvel em: Acesso em: 3 jul.
2013.
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Figura 7 - Theresa Hauser, Gold chain necklace.
Colar em croch e prata.Fonte: Bijou Contemporain5
Complementao: neste trabalho de Avital Porat cada material tem uma funo
definida na construo do anel. O metal funciona como estrutura, o esqueleto do
anel. A funo do fio tranado linha por entre a estrutura do esqueleto prxima a
funo da pele no corpo humano, alm disso, confere ao anel novas possibilidades
de uso de cor e textura.
Figura 8 - Avital Porat, Backbone.
AnelFonte: Design Milk6
Apropriao: Aqui so apresentados dois trabalhos de artistas que utilizam-se da
apropriao de outros elementos para a composio do objeto. No primeiro trabalho,
de Stephanie Hensle, a madeira trabalhada de forma a tomar por completo o lugar
5Disponvel em: Acesso em: 3 jul. 2013.6Disponvel em: < http://design-milk.com/top-10-up-and-coming-israeli-designers/> Acesso em: 3 jul. 2013.
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de elementos tradicionais de uma pea de joalheria, a pedra preciosa e o metal ao
qual ela cravada. A madeira adquire a forma e a funo de ambos os materiais.
Figura 9 - Stephanie Hensle, Wood Jewelery.
Broche em madeira.Fonte: Stephanie Hensle Jewellery7
No Segundo trabalho, a artista Rosa Nogus, se apropria e completa o espaodeixado pelo recipiente de vidro. Ao contrrio da substituio total do elementotradicional, como no projeto anterior aqui o objeto de origem coexiste com o novomaterial que o completa.
Figura 10 - Rosa Nogus, Broche
Broche em vidro e prata.Fonte: Bijou Contemporain8
Observaes como as feitas acima serviram como referncia para configurao dos
objetos propostos neste trabalho. Por meio delas, foi possvel observar para
7Disponvel em: < http://www.stephaniehensle.com/jewellery/wood-jewellery/> Acesso em: 3 jul. 2013.8Disponvel em: < http://bijoucontemporain.unblog.fr/tag/associations-de-createurs/joyas-sensacionales-es/>
Acesso em: 3 jul. 2013.
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posteriormente aplicar de forma prtica as caractersticas dos conceitos motivadores
deste projeto.
2.3 Contextualizao do Projeto
2.3.1 Definies de Artesanato
A palavra artesanato abrange diversas atividades e tem diversos significados e no
Brasil foi definida por algumas instituies que com ele trabalham. Para o SEBRAE
(Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais), h uma
distino entre artesanato e trabalho manual. O artesanato definido como toda
atividade produtiva que resulte em objetos e artefatos acabados, feitos manualmente
ou com a utilizao de meios tradicionais ou rudimentares, com habilidade, destreza,
qualidade e criatividade.(SEBRAE, 2010 p.12). J para o SEBRAE (SEBRAE, 2010,
p.13), os trabalhos manuais so trabalhos que:
Exigem destreza e habilidade, porm utilizam moldes e padrespredefinidos, resultando em produtos de esttica pouco elaborada. No so
resultantes de processo criativo efetivo. muitas vezes, uma ocupaosecundria que utiliza o tempo disponvel das tarefas domsticas ou umpassatempo.
Dentro dessas definies fica claro que o foco da instituio voltado para o
primeiro conceito. Eduardo Barroso Neto (BARROSO NETO, 2001 p.4), emprega os
mesmos conceitos do SEBRAE e vai alm na definio de atividade manual ao
mencionar que o principal valor agregado de um produto resultante de uma
atividade manual o tempo e a pacincia empregadas em sua confeco, sendo
irrelevante ou secundrio seu valor cultural. O autor, inclui nessa categoria produtos
como roupas de beb, toalhas, colchas, almofadas com aplicaes de rendas e
bordados, croch, tapetes, cestos, caixas, e uma infinidade de pequenos objetos
para o lar ou de uso pessoal como acessrios e bijuterias.
Eduardo Barroso Neto (BARROSO NETO, 2001, p.14) tambm faz uma distino
entre o artesanato tradicional e o que por ele definido como artesanato conceitual.
Para o artesanato tradicional, Neto mantm o mesmo conceito utilizado pelo
SEBRAE (SEBRAE, 2010, p.14) em que ele definido como:
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Conjunto de artefatos mais expressivos da cultura de um determinadogrupo, representativo de suas tradies, porm incorporados sua vidacotidiana. Sua produo , em geral, de origem familiar ou de pequenos
grupos vizinhos, o que possibilita e favorece a transferncia deconhecimentos sobre tcnicas, processos e desenhos originais. Suaimportncia e seu valor cultural decorrem do fato de ser depositria de umpassado, de acompanhar histrias transmitidas de gerao em gerao, defazer parte integrante e indissocivel dos usos e costumes de umdeterminado grupo.
Segundo Barroso Neto, o artesanato conceitual nasceu a partir da dcada de 1970
juntamente ao movimento hippie e era produzido por indivduos com algum tipo de
formao artstica e de nvel educacional e cultural mais elevado. (BARROSO
NETO, 2001 p.28). Os produtos oriundos do artesanato conceitual tinham comoobjetivo substituir produtos industrializados por produtos naturais. So produtos que:
[...] se utilizam de conhecimentos tradicionais e materiais diversos, mas quepor no serem atividades tradicionais, no necessitam se limitar a formas eprodutos j conhecidos surgindo diversos artefatos interessantes einovadores, que tm um carter artesanal, pois so trabalhos feitos mo,e preservam a aura de produto nico , apesar de serem geralmente feitosem pequenas sries.
Outras definies sobre artesanato foram dadas pela A Casa Museu do Objeto
Brasileiroinstituio que:
Tem como objetivo contribuir para o reconhecimento, valorizao edesenvolvimento da produo artesanal e do design, incrementando apercepo consciente a respeito do produto brasileiro bem comopromovendo sua produo cultural. Como mediador de processos culturais,incentiva a pesquisa e a troca de informaes entre diversas instituies (A
CasaMuseu do Objeto Brasileiro)
A Casa Museu do Objeto Brasileiro conceitua artesanato e tambm artesanato
contemporneo. Para o artesanato, a definio da instituio :
Atividade produtiva local de objetos e artefatos elaborados manualmente oucom a utilizao de meios tradicionais ou rudimentares em escala noindustrial. O arteso usualmente no s detm os meios de produo mastambm domina todo o processo de produo do objeto. (A Casa Museudo Objeto Brasileiro)
E como definio de artesanato contemporneo, tem se que:
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Atividade que recorre a repertrios cultural e tecnolgico amplos paraproduo de objetos, associando referentes esttico-culturais, design denovos produtos e novas matrias-primas e formas de produo. Em largamedida seu valor comercial est determinado pelo equilbrio entre valorexpressivo e valor de uso. (A CasaMuseu do Objeto Brasileiro)
Diante das definies apresentadas, entende-se que em todos os processos de
produo manual, podem ter carga cultural ou carga cultural insignificante, como
considerado anteriormente por Barroso Neto.
Questiona-se diante das definies dadas, se para fazer um produto com carga
cultural necessrio que o indivduo esteja inserido num contexto onde
necessariamente exista a tradio, a tcnica passada de pai para filho e tambmque esta no seja a sua atividade principal como no caso do executor de trabalhos
manuais. Tambm se questiona quais expresses culturais so necessrias para
isto. Parte desse questionamento respondido por Fayga Ostrower quando em
relao ao criar diz que:
Cada matria pode ser desdobrada de mltiplas maneiras, encerra mltiplaspossibilidades de indagao. Embora seja o indivduo quem age, escolhe edefine as propostas e ainda as elabora e as configura de um mododeterminado, trata-se tambm, talvez antes de tudo, de uma questocultural. No s a ao do indivduo condicionada pelo meio social, comotambm as possveis formas a serem criadas tm que vir ao encontro deconhecimentos existentes, de possveis tcnicas ou tecnologias,respondendo as necessidades sociais e a aspiraes culturais(OSTROWER, 1983, p.40)
A criao apresentada neste trabalho transita entre o trabalho manual e o artesanato
contemporneo e o seu dilogo com seus materiais e tecnologias. Nele sero
exploradas algumas dentre as diversas possibilidades da matria. Suas
caractersticas sero apresentadas no decorrer do desenvolvimento.
2.3.2 Produo Artesanal, cultura e tecnologia
Como observado anteriormente, a produo artesanal obtida atravs do trabalho
manual teve seu valor cultural considerado pouco ou irrelevante para Eduardo
Barroso Neto. Sabendo que o desenvolvimento da humanidade est marcado por
contatos e conflitos entre modos diferentes de organizar a vida social, de se
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apropriar dos recursos naturais e transform-los, de conceber a realidade e
express-la. (SANTOS, 1994, p.7) de se esperar que o indivduo se aproprie
tambm de tcnicas artesanais quer para se expressar ou para manter sua
subsistncia, isso independente se o indivduo encontra-se dentro do ambiente
tradicional ou no. Tambm de acordo com Jos Luiz dos Santos (SANTOS, 1994,
p.39):
A cultura est associada a conhecimento, o qual tem uma caractersticafundamental: o de ser fator de mudana social, de servir no apenas paradescrever a realidade e compreend-la, mas tambm para apontar-lhecaminhos e contribuir para sua modificao.
Diante dessas afirmaes possvel inserir o indivduo que executa o trabalho
manual dentro de um universo cultural e dar a seu produto um valor relevante. O
artesanato tradicional tem como uma de suas caractersticas, o repasse da tcnica
de gerao para gerao, de pai para filho. A produo artesanal que no
considerada a tradicional tambm pode ser repassada por algum que tenha
domnio da tcnica, ou obtida pelo indivduo atravs de revistas e livros
especializados, ou como ser apresentado mais adiante, atravs do
compartilhamento via internet.
Jos Luiz dos Santos, ao falar dos meios de comunicao de massa tradicionais,
principalmente a televiso, aponta que eles tambm difundem maneiras de se
comportar, propem estilos de vida, modos de organizar a vida cotidiana, de arrumar
a casa, de se vestir, maneiras de falar e de escrever, de sonhar, de sofrer, de
pensar, de lutar, de amar. (SANTOS, 1994 p.70-71).Essas caractersticas aplicadas
comunicao de massa tradicional tambm refletem o que hoje a internet. Eladiminui distncias,aumentando a interao do indivduo com culturas diferentes da
sua e de acordo com SANTOS (SANTOS, 1994 p.34-36):
Com a acelerao da interao entre povos, naes, culturas particulares,diminui a possibilidade de falar em cultura como totalidade, pois a tendncia formao de uma civilizao mundial faz com que os povos, naes,culturas particulares existentes partilhem caractersticas comunsfundamentais.
A internet deixa ao alcance de todos informaes sobre o passado, sobre o que
ocorre no presente e o que poder ser feito no futuro. Tais informaes atingem seu
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receptor de forma o local e tambm global. A combinao de tantas informaes
aliada a necessidade de us-las no dia-a-dia permite que indivduo aproprie-se de
coisas que no so prprias de sua cultura local e torne isso parte de sua realidade.
O produto do seu trabalho ser a leitura que ele fez das informaes que tem
disponvel, resultando num produto novo ou na releitura de algum objeto do
passado. As possibilidades de matria-prima, as tcnicas que sero empregadas e
as ferramentas para a execuo do projeto esto todas disponveis, restando ao
indivduo combin-las a fim de obter seu produto.
Em sua dissertao, Rita Almeida Filipe (FILIPE, 2006 p.14) menciona comunidades
ps-modernas, que:
Mantm-se unidas exclusivamente por ideias ou princpios vrios,independentes de fatores locais, interligados por uma rede de conexeshorizontais, simultaneamente locais e globais, podendo talvez ser vistacomo uma multiplicidade de identidades que se constituem como umprocesso que se apoia, respeita ou se inspira em particularidades, no slocais mas tambm de etnia, grupos sociais, de gnero, entre outros, e nasua relao com o lugar como seio de uma interao social tradicional.
dentro deste ambiente que se encontra o arteso moderno, ou crafter e comoapoio para sua produo ele tem sites especializados e redes sociais. O crafter,
adepto da cultura DIY ( Do it yourself faa voc mesmo) no restringe suas
atividades somente ao produto artesanal com resgate de tcnicas tradicionais. Como
mencionado por Juliana Mariz e matria para o Valor econmico, ele divide seu
tempo entre a sua produo artesanal e a venda de seu produto pela internet. Para
ele existem sites exclusivos para a venda de seus produtos como o americano Etsy,
pioneiro neste tipo de negcio e os brasileiros Tanlup e Elo7. Ao navegar por estes
sites, possvel encontrar desde o trabalho artesanal com pouca inovao e carga
cultural at o trabalho de artesos que aliam tcnica e tecnologia para a criao de
novos produtos.
A disseminao desta cultura crafter no Brasil tem como responsvel o site
SuperZper, que possui informaes variadas para o ramo.
Como mencionado anteriormente, o indivduo tem o apoio de outros indivduos que
tm o domnio de certa tcnica, de revistas especializadas e tambm da internet
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para pesquisar a tcnica que deseja aprender e usar em seu trabalho. Podem ser
citados como forma de repasse de tcnicas pela internet os seguintes canais:
Youtube: tem vdeos produzidos e enviados pelos usurios. possvel encontrar
vdeos dos mais diversos, inclusive de artesos, ensinando tcnicas de croch, tric,
bordado, cestaria, entre outras.
Ravelry: rede social especializada nas tcnicas de tric e croch. Possui usurios
cadastrados que mostram seus trabalhos, compartilham receitas atravs da venda
ou disponibilizam gratuitamente para todos os usurios.
Alm do repasse de tcnicas, o arteso contemporneo tem disponveis tambm
novas formas de executar seus projetos. Acessibilidade a novas ferramentas, novas
tecnologias e tambm a possibilidade de criar montar sua prpria ferramenta.
Para Lbach (LBACH, 2001, p.31) a relao entre as necessidades de se criar e
posteriormente conceber um produto tem dois personagens, as necessidades que
so pesquisadas por empresas industriais e o resultado que traduzido na produode mercadorias produzidas em massa. Quando entra na questo onde essa
necessidade seria satisfeita pelo prprio indivduo, o autor apresenta que:
Esta identidade entre o reconhecimento de uma necessidade e amaterializao de uma idia no processo de trabalho, efetuada por umapessoa, tpica da produo para atender as necessidades prprias, pormno mais utilizada em nossa sociedade industrial. (LBACH, 2001, p.31)
Atualmente possvel - sem que seja necessrio aguardar os produtos resultadodas pesquisas das empresas industriais satisfazer essa necessidade. Na matria
A terceira revoluo industrial, da revista Select, a autora Mara Gama, fala de uma
futura popularizao da tecnologia de impresso 3D, tecnologia esta existente desde
os anos 1950, mas que por limitaes tcnicas e custo elevado eram usadas
somente por grandes fbricas e mesmo assim, para testar seus projetos no para
fazer um produto acabado. (Select, 2013).
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Na matria The Maker Movement: Tangible Goods Emerge From Ones and Zeros,
da revista Wired, o autor Chris Anderson menciona a transio do ambiente do-it-
yourself para o digital no que denominado Maker Movement, uma
industrializao do esprito do DIY (do-it-yourself, faa voc mesmo). Mquinas que
incluem uma impressora 3D, de corte a laser, scanner 3D e software especfico para
a elaborao dos projetos para este tipo de mquina, o CAD (computer-aided
design) esto agora disponveis em formatos compatveis para uso pessoal a com
preos acessveis. (Select, 2013) Anderson tambm menciona a colaborao entre
usurios atravs do compartilhamento dos arquivos de seus projetos online.
Compartilhamentos de projetos online j so comuns no ambiente virtual, o casodo Aptek Bar, projeto do designer russo Lesha Galkin em conjunto com o coletivo
Dopludo Collective que disponibiliza arquivos de mveis desenhados por eles
atravs do site Behance para que sejam baixados e montados por quem tiver
interesse.
Alguns sites divulgam e tambm disponibilizam o uso de tecnologias so:
ShapewaysEspecializada em impresso 3D, a shapeways permite que o usurio -
que no possui sua prpria impressora 3D - envie seus prprios projetos, escolha
com qual material vai execut-los e contrate a fabricao do seu projeto. O site
tambm permite que o usurio venda seus projetos para outros interessados.
Tambm possui tutoriais onde disponibiliza informaes sobre como enviar projetos,
quais os softwares empregados dentre outras informaes.
PonokoEspecializada em corte a laser e impresso 3D, tem a mesma forma detrabalho que o Shapeways, permitindo que o usurio venda ou compre projetos etambm disponibiliza aplicativos para projetos especficos.
Instructables Nele o foco o compartilhamento de projetos pelos usurios. Ocompartilhamento feito atravs de passo-a-passo dos projetos apresentados emforma de fotos, desenhos ou vdeos. possvel encontrar projetos simples como
uma mscara em origami at projetos mais complexos como a construo de suaprpria impressora 3D.
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MakeSite da revista Make Magazine especializada em projetos como ela mesmadefine para makers, geeks and hackers. Inclui projetos eletrnicos e robticos.
2.3.3 Caractersticas Provveis do Objeto
Utilizando-se da contextualizao feita entre produo artesanal, cultura e
tecnologia; dos conceitos motivadores e das referncias visuais citadas, foram
identificadas as provveis caractersticas de um produto concebido neste contexto e
tambm o universo onde est inserido.
Considera-se que o produto desenvolvido ser executado pelo seu criador e ter
seus meios de produo e matrias-primas escolhidas por ele dentre diversas
possibilidades disponveis. Por esse motivo a primeira caracterstica provvel do
objeto a de ser resultado de observaes e experimentaes de processos e
materiais.
Por tratar-se de um produto derivado de vivncias culturais, sofre influncias tanto
do momento atual quanto influncias do passado, assim espera-se que o produtoagregue passado e presente tanto na utilizao dos materiais como nos mtodos
empregados para a configurao e construo do produto.
Tambm as caractersticas de compartilhamento observadas no projeto Aptek Bar
so esperadas neste projeto.
Trabalhando-se com um produto inserido no universo artesanal, espera-se que o
resultado do projeto seja um resultado de aes. Que para cada parte componente
dos objetos propostos exista uma ao envolvida e como resultado de uma ao
que tenha durante todo o processo, a presena de seu executor.
Por fim, espera-se que o resultado deste projeto sejam produtos hbridos, derivados
de elementos diferentes entre si, de pocas e com mtodos diferentes numa
combinao e unio entre eles.
2.4 Processo de Produo dos Objetos
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2.4.1 Processo Criativo
essencial neste projeto, a apresentao do processo criativo pelo qual passou a
criao dos produtos apresentados neste trabalho.
Para Lbach (2001, p.29) a satisfao das necessidades e aspiraes tem um
papel substancial, motivando a criao e o aperfeioamento de objetos. Porm,
essa criao dos objetos est inserida dentro de um processo do design de produto
que:
Se inicia com a pesquisa de necessidades e aspiraes, a partir das quaisse desenvolvero ideias para sua satisfao, em forma de produtosindustriais (projeto de produtos). na transformao destas ideias emprodutos de uso (desenvolvimento de produtos) que o designer industrialparticipa ativamente. (LBACH, 2001, p.29)
Considera-se que o produto apresentado tem como foco a atividade do crafter e
tambm a atividade do indivduo inserido no Maker Movement, o maker. No
necessariamente o criador ter formao de designer, por este motivo no cabe
serem aplicadas metodologias especficas do design para a concepo dos
produtos. Porm, trabalhou-se em cima de um conceito que Mike Baxter cita em seu
livro Projeto de Produto Guia prtico para o design de novos produtos, que a
origem das oportunidades de desenvolvimento de novos produtos. Para este
trabalho foi vista uma oportunidade que definida pelo autor como oferta de
tecnologia e refere-se:
[...] disponibilidade de novas tecnologias, gerando oportunidade deinovao do produto. Esta nova tecnologia pode ser um novo material,
novos processos de fabricao ou novos conceitos de projeto. Problemaencontrado em um produto especfico. (Baxter, 2003, p.130)
A identificao da necessidade foi feita observando-se materiais e ferramentas
presentes no universo dos artesos e crafters. Observou-se, por exemplo, que
alguns materiais tinham seu aspecto praticamente imutvel ao longo dos anos. Esse
aspecto e outras informaes surgiram a partir dessa observao e a partir da
formas de transform-las em produto. Essa transformao de informaes em
produtos bem definida por Fayga Ostrower:
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Nessa busca de ordenaes e de significados reside a profunda motivaohumana de criar. Impelido, como ser consciente, a compreender a vida, ohomem impelido a formar. Ele precisa orientar-se, ordenando osfenmenos e avaliando o sentido das formas ordenadas; precisa comunicar-se com outros seres humanos, novamente atravs de formas ordenadas.
Trata-se, pois, de possibilidades, potencialidades do homem que seconvertem em necessidades existenciais. (OSTROWER, 1983, p. 9)
O crafterest inserido num universo no qual as informaes so divulgadas em sua
maioria atravs da internet e como criador, necessrio que ele tenha a a
capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar,
configurar, significar. (OSTROWER, 1983, p.9). Como mencionado, no
necessria a formao como designer, porm necessria a existncia de um
repertrio prtico para que esta ordenao seja possvel.
Tambm no processo criativo necessrio trabalhar com as possibilidades que
oferecem os materiais e tecnologias definidos. Para esta concretizao relacionada
ao material, Fayga Ostrower apresentou que:
Embora os conceitos dinmicos possam ser anlogos, o fazer concretoapresenta particularidades distintas. Diferencia-se pelas propostas materiaisa serem elaboradas em cada campo de trabalho, de acordo com o carterda matria. Diferencia-se, pois, segundo a materialidade em questo.(OSTROWER, 1983, p.31)
Os materiais e tecnologias empregados, aliados observao do universo onde o
crafter atua e tambm o trabalho de outros artistas e designers, foram ento os
orientadores das direes deste trabalho. Como atividade humana, esta criao est
inserida numa realidade social e atua dentro das possibilidades da matria utilizada,
os meios tecnolgicos disponveis e o repertrio do criador e executante do projeto.
As possibilidades oferecidas pelos materiais e tecnologias so inmeras, por isso oresultado deste projeto ser a concretizao de um dos diversos caminhos que
podem ser trilhados.
Por fim, retomando a afirmao de que o projeto no tem necessariamente que ser
criado e executado por um indivduo com formao em design de produtos, cita-se
novamente Fayga Ostrower que diz:
A imaginao criativa nasce do interesse, do entusiasmo de um indivduopelas possibilidades maiores de certas matrias ou certas realidades.
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Provm de sua capacidade de se relacionar com elas. Pois antes de maisnada, as indagaes constituem formas de relacionamento afetivo, formasde respeito pela essencialidade de um fenmeno. afetividade veiculam-sesentimentos e interesses que ultrapassam qualquer tipo desuperespecializao. (OSTROWER, 1983, p. 39)
O repertrio e algumas das formas de tratamento da matria a fim de obter-se um
produto esto disponveis para este indivduo atravs das inmeras informaes
compartilhadas disponveis. A materializao de sua criatividade em forma de objeto
ser possvel medida que ele constri essas informaes colocando-as em prtica
atravs da criao.
Foram descritos aqui alguns pontos importantes no processo de criao de umproduto, desde a identificao da necessidade e da motivao do projeto at a
necessidade da existncia de um repertrio mnimo para concretizao de um
produto.
2.4.2 Escolha dos produtos
Diante das informaes sobre artesanato tradicional, trabalho manual, artesanato
contemporneo, do compartilhamento de tcnicas, da democratizao de
tecnologias como o corte a laser, optou-se por fazer o encontro e o confronto entre
tcnicas artesanais tradicionais aliadas a uma tecnologia disponvel.
Como mencionado anteriormente, o processo criativo no partiu do processo criativo
propriamente dito abordado pelo designapesar de se ter alguns de seus conceitos
utilizados no processo de criao. Algumas outras caractersticas do processo
criativo e materialidade de ideias abordadas por Fayga Ostrower em seu livro
Criatividade e processos de criao tambm foram importantes para o
desenvolvimento deste trabalho principalmente quando so citadas as sugestes
que o criador recebe da matria. Sobre isso, a autora apresenta:
Ao criar, ao receber sugestes da matria que est sendo ordenada e sealtera sobe suas mos, nesse processo configurador o indivduo se vdiante de encruzilhadas. Procurando conhecer a especificidade do material,procurar tambm, nas configuraes possveis, alguma que ele sinta comomais significativa em determinado estado de coordenao, de acordo comseu prprio senso de ordenao interior e o prprio equilbrio.(OSTROWER, 1983, p. 70).
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Aliar o trabalho artesanal com a tecnologia oferece inmeras possibilidades de
produtos que so ainda maiores se inseridas na cultura craftere maker. possvel
percorrer diversos caminhos e por isso, para a execuo deste trabalho foi
necessrio definir um ponto de partida.
O ponto de partida foi a pesquisa em locais onde produtos e ferramentas para uso
dos crafters so comercializados. Foram pesquisadas lojas fsicas e tambm lojas
que trabalham com a venda online destes produtos. Armarinhos e lojas online
especializadas na venda de artigos e ferramentas para artesanato. Os armarinhos,nome dado pequenas lojas onde so vendidos os artigos e lojas as especializadas
de maior porte encontram-se em Belo Horizonte na regio do entorno da Galeria do
Ouvidor e tambm dentro da prpria galeria. Nessa regio esto concentradas as
lojas especializadas em produtos para artesanato e tambm as principais lojas de
ferramentas e materiais para montagem de bijuterias. Nas lojas online, foi feita a
pesquisa das lojas Aslan, Bazar Horizonte, Loja Virtual Arte Txtil, Metalrgica
Antunes e BeadShop. Nas lojas Aslan e Bazar Horizonte, o foco a venda demateriais diversos alm de fios para a confeco de tric e croch. A Loja Virtual
Arte Txtil destinada venda de tecidos, ferramentas para mquinas de costura e
suportes para a confeco de bolsas. A Metalrgica Antunes atua com ferragens
para decorao, mobilirio e fechos para bolsas. Por ltimo, a BeadShop que vende
materiais e ferramentas para montagem de bijuterias e joalheria.
Esta pesquisa feita de forma rpida e com o objetivo de identificar elementos daconfeco de produtos artesanais e bijuterias que pudessem ser trazidos para a
realidade deste projeto. Foram identificadas essas oportunidades em produtos nos
quais se observou certo engessamento longo dos anos. Produtos que poderiam ser
oferecidos ao seu usurio em outras variaes de cor, de tamanho, mas que por
motivos desconhecidos permanecem com as mesmas formas, mesmos materiais.
Foram escolhidos, como material de trabalho, suportes utilizados para a confeco
de bolsas e bijuterias. So suportes, pois no configuram um produto em si, mas
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auxiliam construo do objeto conferindo-lhe as caractersticas como fechamento,
acabamento entre outros. Os suportes utilizados foram:
Alas de bolsa: confeccionadas em material plstico e apresentadas em poucas
opes de modelos e de cores. Possuem furos para a costura do trabalho que pode
tanto ser feito atravs de costura de tecido, ou tcnicas manuais como o croch,
tric ou outra tcnica aplicvel.
Figura 11 - Alas de bolsas expostas - Galeria do Ouvidor - Belo Horizonte 2013.
Fonte: Elaborado pela autora
Fechos de metal ou armaes: confeccionados em material metlico. Como nas
alas, o trabalho tambm feito tambm em tecido ou tcnica artesanal, preso na
armao atravs de furos para costura ou inserido dentro da armao que
posteriormente prensada com auxlio de ferramentas especficas como martelo e
alicate. Existem duas variaes bsicas de modelo, ou so ovais ou retangulares e
possuem algumas variaes de seu tamanho.
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Figura 12 - Alas de metal.
Fonte: Elaborado pela autora
Tulipas ou terminais: confeccionados atravs de fundio ou estamparia, que so
processos especficos para o processamento de metais. Estes suportes tm como
funo dar acabamento a peas como colares e pulseiras e tambm auxiliar a
conexo destes com fechos, correntes e outros materiais. Oferecem opes de
desenhos e variaes de cor aplicveis ao metal, mas limitam o crafter se seu
trabalho tiver uma temtica diferente das encontradas no mercado.
Figura 13Tulipa terminal de metal.
Fonte: BeadShop9
A partir da observao destes suportes, foi feita a proposta do encontro da
tecnologia com o fazer artesanal numa tentativa de redesenho desses suportes, sua
integrao com uma tcnica manual e a possibilidade de tematizar o trabalho
conforme a necessidade do criador. Alm do redesenho, uma proposta de atuao
9Disponvel em: Acesso em:26 jun. 2013.
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frente a suportes considerados imutveis com o tempo, um convite a criao atravs
das possibilidades de materiais e tecnologias existentes na atualidade.
Por afinidade, a tcnica manual escolhida foi o croch e por disponibilidade imediata
no mercado, a tecnologia com o qual os suportes sero executados ser o corte a
laser.
2.4.3 Materiais e ferramentas
Para a elaborao da parte confeccionada manualmente, uma vez escolhida a
tcnica do croch, o material usado ser o fio de algodo, disponvel no mercado, e
adequado execuo da tcnica.
Para o material de contraste que ser processado atravs do corte a laser, foram
estudadas possibilidades de materiais em que possvel fazer este tipo de corte.
Pela particularidade dos objetos propostos, levantou-se a necessidade de trabalhar
com materiais rgidos e em formato de placa. Os materiais escolhidos para anlise
foram a madeira e o acrlico.
Na madeira h uma limitao no que se refere espessura das chapas, que so
superiores a cinco milmetros. O trabalho seria limitado em suas possibilidades se
houvesse a necessidade de usar mais de uma camada de madeira.
Para o acrlico foi observado que o material oferece variedades de cor, e variedades
de espessuras a partir de um milmetro. Segundo Instituto Nacional Para oDesenvolvimento do Acrlico (INDAC), as chapas acrlicas podem ser
termoformadas, utilizando-se diversos tipos de equipamentos e vrios mtodos de
aquecimento. Termoformar o acrlico consiste em amolecer o material atravs do
calor, o que possibilita sua moldagem. Aps esfriar, o acrlico fica rgido novamente
e com o formato conferido durante a moldagem. O acrlico veio do fornecedor j
cortado, nos formatos e detalhes concebidos anteriormente atravs de desenho, e
sua termoformagem foi executada em de forno domstico ou tambm com auxlio de
soprador trmico.
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Figura 14Exemplo de um soprador trmico em uso.
Fonte: Skil ferramentas eltricas10
Alm destes materiais citados, foram listados tambm discos de m que iro auxiliar
no fechamento dos fechos de bolsa e de fios de arame para auxlio no processo de
termoformagem do acrlico.
2.4.4 Estudos preliminares
Alm dos artistas e designers mencionados por trabalharem com formas diferentes
de utilizar o croch como referncia em seus trabalhos, foram pesquisados tambm
trabalhos de outros artistas, principalmente da joalheria contempornea conhecida
por ter trabalhos que fogem ao convencional uso de metais como ouro e prata e o
uso de pedras preciosas. Os joalheiros contemporneos utilizam em seus trabalhos
materiais, tcnicas e processos. A escolha da joalheria contempornea foi feita pelas
caractersticas do produto que nela obtido, de pequenas propores, mas feito
com uso de materiais diversos numa mesma pea e tambm sua riqueza em
detalhes. A pesquisa foi impressa e dividida em famlias num painel de inspiraes.
Cada famlia foi criada a partir das possibilidades que ofereciam em se trabalhar
com o acrlico aliado ao croch, mesmo que nos trabalhos pesquisados no fosse
esse o foco ou o material trabalhado.
Encontrou-se mais de dez possibilidades de famlias e paralelo a elas foi feito
tambm um teste preliminar das caractersticas do acrlico.
10Disponvel em: Acesso em: 26 jun. 2013.
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O tempo gasto entre a gerao do desenho em computador e sua confeco no
corte a laser foi considerado longo. Como o prosseguimento do trabalho dependia
de testes preliminares onde seriam levantadas as possibilidades oferecidas pelo
acrlico optou-se por trabalhar num projeto rpido, de pequenas propores e
possvel de ser concebido mo com o uso de ferramentas corretas. Foi executado
assim, um desenho rpido que foi transferido para o acrlico, cortado manualmente
com auxlio de uma serra de ourives, e furos feitos com auxlio de micro-retfica.
Ambas as ferramentas, muito utilizadas na joalheria tradicional. Tambm foi feita a
moldagem trmica com auxlio de um soprador. O produto concebido foi um anel.
Figura 15 - Desenho a mo dos anis. Preparao para corte.
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 16 - Partes do anel cortadas e furadas mo.
Fonte: Elaborado pela autora
Aps o corte e montagem, estudaram-se possibilidades de uso da linha em duas
formas distintas: uma utilizando o tranado por entre os furos criados e outro usandopequenas esferas confeccionadas em croch no interior do anel. Em ambos os
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testes, as partes que compem o anel foram unidas atravs de uma costura feita
nos furos, eliminando a necessidade de colagem e tambm conferindo a pea um
segundo detalhe de referncia ao trabalho artesanal. Esta segunda opo foi a
escolhida em razo de seu resultado plstico ter sido considerado o mais adequado
proposta.
Figura 17 - Anis preliminares construdos
Fonte: Elaborado pela autora
Outra proposta, feita com sobras de acrlico em formato oval, foi a execuo de um
bracelete modular. A moldagem serviu para testar a viabilidade desta proposta antes
que fossem executados os desenhos para a confeco deste bracelete.
Figura 18 - Foto teste para o bracelete modular
Fonte: Elaborado pela autora
Tambm para a criao de uma clutch, foi feito um teste rpido, com retalhos de
acrlico e linha de algodo, a fim de avaliar possibilidades de construo antes do
incio dos desenhos e tambm o funcionamento do disco de m.
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Figura 19 - Foto de teste para possibilidades da clutch
Fonte: Elaborado pela autora
O anel testado que teve seu resultado considerado satisfatrio foi escolhido como o
primeiro objeto da coleo. A partir dele foi possvel identificar, como proposto, as
possibilidades dos materiais e a aplicao em outros produtos.
Delineada a proposta de como trabalhar com o material, foram feitos os primeiros
esboos, primeiramente de uma bolsa fecho da vov- nome dado armao de
metal que um dos suportes redesenhados neste trabalho - e a partir dela outraspossibilidades de bolsas pequenas de mo, as chamadas clutches, lembrando que
havia sido observado nas alas e fechos tradicionais foram suas formas
padronizadas e tamanhos limitadores.
Como estudo preliminar das possibilidades do material partiu de um anel de um
bracelete e tambm a bijuteria esteve inclusa na observao inicial em lojas,
tambm foram considerados os desenvolvimentos de outras peas alm das
clutches.
Foram desenhadas possibilidades de braceletes, anel e colar. O colar em especfico
teve como objetivo a aplicao dos terminais de metal pesquisados anteriormente.
Os braceletes nasceram do estudo com mdulos e tambm como resultado de
derivao do anel.
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Figura 20 - Estudos feitos mo
Fonte: Elaborado pela autora
Os estudos foram feitos em escala real,permitindo que uma etapa de construo
rpida como a feita para o anel fosse desconsiderada neste projeto. Tambm a
caracterstica dos produtos, pertencentes ao universo da moda, permitiu que o
dimensionamento das peas fosse de fcil escolha e livre da rigidez de um produto
mais tcnico. Alm disso, o carter deste projeto de experimentao, um primeiro
passo para a recriao de produtos artesanais com caractersticas completamente
definidas pelo executor e no mais dependentes das engessados suportes
oferecidos pelo mercado. Por isso, a liberdade na escolha dos tamanhos das bolsas.
Somente para os anis, colar e braceletes que foi necessrio tomar cuidado para
que suas propores se mantivessem adequadas ao seu uso.
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Figura 21 - Estudos mo
Fonte: Elaborado pela autora
O acrlico um material que permite, durante seu corte, a incluso de desenhos
vazados como recortes e furos. No intuito assemelhar o acrlico a um trabalho de
renda, foram feitos desenhos com meno a renda de croch. Esta tambm foi uma
tentativa de conferir a este material, leveza prxima a que obtida pela artista Cal
Lane em seu trabalho com metal. Esses desenhos foram indicados nos desenhos
preliminares. O padro do croch foi estilizado, ou seja, seu desenho foi simplificado
de forma a ser aplicado ao acrlico. No seria possvel copiar todos os detalhes de
uma renda no material. Qualquer detalhe muito elaborado aumenta a fragilidade do
acrlico e, sendo o resultado deste projeto, objetos direcionados ao uso, esta
possibilidade de usarem-se muitos detalhes foi descartada.
Figura 22 - Desenho estilizado do croch aplicado na clutch.
Fonte: Elaborado pela autora
Aps a escolha dos produtos que sero executados nos desehos a mo foi feito, pormeio de computador e utilizando o software Corel Draw X6, os desenhos em escala
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real de todas as partes componveis dos produtos propostos incluindo-se tambm
detalhes como os furos e os desenhos da renda de croch estilizada.
Figura 23 - Desenhos em Corel Draw. Instrues de corte.
Fonte: Elaborado pela autora
Aps a confeco dos desenhos so feitas as escolhas de cor, espessura da chapa
de acrlico que so colocadas como informao no arquivo enviado a empresa
executora do corte a laser.
2.4.5 Escolha da Cor
Para a definio da cor dos produtos foram observados alguns aspectos
considerados relevantes.
A coleo no foi criada com o objetivo inicial de estar no universo da moda, foi
elaborada por meio das escolhas de atividades manuais antigas aliadas
tecnologia, ou seja, o que relevante neste primeiro momento so os materiais e a
forma com que so unidos a fim de obter-se um produto. Por esse motivo as peas
no sero inclusas numa cartela de cores de estaes especficas para que no
sejam tematizadas e fujam deste objetivo principal.
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Foi escolhido tambm focar na textura dos dois materiais, segundo Dondis a textura
:
[...] o elemento visual que com frequncia serve de substitudo para asqualidades de outro sentido, o tato. Na verdade, porm, podemos apreciar ereconhecer a textura tanto atravs do tato quanto da viso, ou aindamediante uma combinao de ambos. [...] Onde h uma textura real, asqualidades tteis e ticas coexistem, no como tom e cor, que sounificados em um valor comparvel e uniforme, mas de uma forma nica eespecfica, que permite mo e ao olho uma sensao individual [...](DONDIS, 1997, p.70)
Tomando como foco a textura, foi escolhida uma cor nica para ambos os materiais
linha e acrlicocomo objetivo de sugerir uma fuso entre os materiais, de aplicar-
lhes semelhana e diminuir as comparaes entre ambos. Para isto foi escolhida a
cor branca.
Outra preocupao abordada com o uso da uma nica cor conferir unidade aos
produtos, independentemente das caractersticas em oposio de suas partes. Em
Gestalt do Objeto, Gomes Filho aponta que uma unidade:
[...] pode ser entendida como o conjunto de mais um elemento,configurando o todo propriamente dito, ou seja, o prprio objeto. Asunidades formais, que configuram um todo, so percebidas, geralmente,atravs de relaes entre os elementos (ou subunidades) que asconstituem. Uma ou mais unidades formais podem ser segregadas oupercebidas dentro de um todo por meio de diversos elementos como:pontos, linhas, planos, volumes, cores, sombras, brilhos, texturas, e outros,isolados ou combinados entre si. (GOMES FILHO, 2000, p. 29)
Desta forma a cor foi escolhida como elemento que ir, atravs da semelhana,
conferir unidade aos produtos propostos.
2.4.6 Apresentao dos produtos propostos
A partir do porta-nqueis com fecho de metal, apresentado nas referncias visuais, e
do anel criado no primeiro teste foram criadas propostas de clutches e objetos
inseridos na joalheria contempornea conforme apresentados na descrio do
processo criativo.
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Foram desenvolvidos os seguintes produtos: um anel, uma clutchcomo opo para
o fecho de metal abordado anteriormente, duas variaes de clutchcom o mesmo
fechamento, porm com variaes de desenho, dois braceletes que seguem as
mesmas configuraes do anel, um bracelete modular e um colar.
O desenho do anel e dos dois braceletes - que contm furos para bordar em toda a
sua extenso - permite a unio de suas partes sem a necessidade de colagem, que
para o acrlico feita com cola especfica. Para a termomoldagem da forma final,
houve o auxlio de amarras de fio de arame que foram retiradas logo aps o trmino
do processo. As partes so unidas atravs de bordado e o trabalho de croch
inserido na abertura que foi feita atravs da termomoldagem. Tambm nesteprocesso ser feito o colar e suas partes.
Figura 24 - Sequncia anel com amarras para moldagem e anis j moldados.
Fonte: Elaborado pela autora
Para a clutchsubstituta do fecho de metal foi necessrio agregar discos de m para
auxiliar no seu fechamento. A clutch composta de dois mdulos idnticos, que por
sua vez so feitos com duas camadas de acrlico unidas atravs colagem. Foramfeitos furos em toda a pea, demarcando onde o trabalho de croch ser unido para
a configurao total da bolsa.
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Figura 25 - Clutch com fecho substituindo fecho de metal em processo de produo.
Fonte: Elaborado pela autora
Para as duas variaes de clutch, o sistema de fechamento com discos de m o
mesmo da primeira. Para elas, houve somente a variao dos desenhos como
proposta de novas possibilidades do material e duas propostas diferentes de se
trabalhar.
Figura 26 - Variao 1Clutch. Partes componveis
Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 27 - Variao 2 - Clutch. Partes componveis
Fonte: Elaborado pela autora
Para o bracelete modular, houve a termomoldagem de cada mdulo em formato C,
logo depois foram coladas atrs de cada mdulo, com auxlio de cola especfica para
o acrlico, uma pea retangular em acrlico por onde passaro os fios de silicone. O
trabalho de croch foi feito em forma de esferas que sero inseridas em cada
mdulo atravs de costura ou colagem.
Figura 28 - Bracelete modular
Fonte: Elaborado pela autora
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3 CONSIDERAES FINAIS
A proposta deste trabalho foi a de criar objetos que transitem entre universo
artesanal e tambm utilizem de tecnologia disponvel no mercado para a execuode produtos ,nos quais o executor, seja ele, arteso, crafter ou designer, ter
domnio do processo do incio ao fim.
Os objetos propostos tm tambm como objetivo atender caractersticas pr-
definidas como as caractersticas dos conceitos motivadores - montagem e o
sampler- e tambm as possveis caractersticas listadas aps a contextualizao e
ambientao do projeto.
O dilogo entre pelo menos dois elementos mencionado no conceito de sampler foi
alcanado tanto na utilizao da matria-prima, como nos mtodos de produo
empregados. Tambm referncias ao passado e ao presente coexistiram para a
formao de um novo objeto atravs do croch e corte a laser. Passado e presente
tambm se uniram nos mtodos para a configurao. O fazer deste trabalho incluiu
o desenho em softwareem uma parte e o tecer manual em outra.
A possibilidade de modificar o objeto, conferindo-lhe novos sentidos, caractersticada montagem foi conseguida. Este trabalho ficou aberto a novas possibilidades
como, por exemplo, futuras experimentaes de outras tcnicas e uso de outros
materiais e processos no lugar dos aqui utilizados.
Todo o processo de criao, configurao e confeco dos objetos exige a presena
ativa do executor e atendem assim a necessidade de ser resultado de uma ao
constante.
Tambm se observou que as palavras-chave obtidas no processo de anlise do
painel de inspiraes podem ser aplicadas nos objetos. Esto presentes no
resultado deste trabalho a mistura de materiais, a complementao, a apropriao
presente nos desenhos estilizados da renda de croch aplicados ao acrlico e a
ligao entre os elementos, obtida pela unidade sugerida pela cor branca.
Os objetos no so em si, a proposta. So resultados de possibilidades escolhidas,
dentre inmeras outras, de se aliar a simplicidade do fazer artesanal com a
tecnologia disponvel no mercado. Tambm as reas de atuao para onde foi
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definido o projeto no so reas obrigatrias. possvel utilizar propostas
semelhantes na decorao, por exemplo.
Foram propostos para redesenho, suportes para a confeco de produtos que seencontravam engessados, com formatos, cores e padres inalterados com o tempo.
Dentre os objetos propostos, alguns tm em sua fabricao processos que
necessitam de um determinado repertrio tcnico como, por exemplo, a
termomoldagem do acrlico. Porm, sendo o projeto baseado no universo das redes
sociais onde h o compartilhamento de projetos, entende-se que adquirir certo
repertrio para execuo destes projetos no ser empecilho para o crafter.
Tambm a tcnica artesanal empregada, no tem necessariamente que ser ocroch. Como mencionado anteriormente, o croch foi escolhido por afinidade.
Por meio deste trabalho foi possvel avaliar que novas tecnologias esto cada vez
mais disponveis ao indivduo comum, que este indivduo j no precisa ter um
mestre que lhe ensine tcnicas. Est tudo disponvel, ao alcance de um clique.
Cabe ao indivduo ordenar estas informaes de forma a criar seus prprios
produtos.
Outra caracterstica importante obtida como resultado deste projeto o fato de ser
passvel de compartilhamento. Atravs dele, seria possvel inclusive observar as
possibilidades encontradas por outros executores.
Obteu-se uma linha de produtos inicial, com um convite a sua continuidade. Este foi
um dos motivos para a escolha da cor branca, no inserir os produtos numa poca
especfica como a ditada pelas colees de moda. Fica aqui ento, o convite a criar.
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APNDICE A CLUTCH 1
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APNDICE B CLUTCH 2
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APNDICE C CLUTCH 3
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APNDICE D - ANIS
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APNDICE E BRACELETE 1
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APNDICE F BRACELETE 2
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APNDICE G BRACELETE MODULAR
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APNDICE H - COLAR