acessibilidade digital na_web_para_deficientes_visuais

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FERRAMENTAS DIGITAIS: ACESSIBILIDADE NA WEB PARA DEFICIENTES VISUAIS Alison Horácio, Maurício da Silva Dornellas. Faculdade Joaquim Nabuco Av. Guararapes, 233 - Centro - Recife/PE. {alisonhorac, mauricio.dornellas}@hotmail.com Resumo. O presente trabalho trata do assunto sobre os impactos que os avanços nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) por meio da Web (Internet 1 ), causaram ao longo do tempo no cotidiano da sociedade, especialmente para os deficientes visuais (dv’s), bem como divulgar noções básicas sobre algumas ferramentas que facilitam a acessibilidade desse grupo de usuários aos ambientes digitais virtuais (Acessibilidade Digital) mais utilizados no mundo como, por exemplo, a Web e suas principais características. Procura apresentar as patologias visuais e algumas soluções tecnológicas que minimizam as dificuldades enfrentadas pelos dv’s auxiliando- os na inclusão digital e consequentemente a inclusão educacional e social. Palavras - chave: inclusão digital, deficiência visual, ambientes digitais, acessibilidade. Abstract. The present work deals with the issue of the impact that advances in Information and Communication Technology (ICT) through the Web (Internet), caused over time in everyday society, especially for the visually impaired (vd) as well as promote an understanding of some tools that facilitate the accessibility of this group of users to virtual digital environments (digital accessibility) commonly used in the world such as, the Web and its main characteristics. Seeks to present the visual pathologies and some technological solutions that minimize the difficulties faced by vd helping them to digital inclusion and therefore the educational and social inclusion. Key words: digital inclusion, visual disabled, digital ambients, accessibility. 1. Introdução Com a evolução das TICs e a globalização da informática, vários serviços e atividades antes produzidos por processos manuais foram substituídos por processos automáticos executados por computadores nos diversos segmentos organizacionais, tais como: indústria, comércio, educação e até no lar [Santiago, 2008]. Pode-se mencionar, por exemplo, como era realizado o processo de compra com cartão de crédito décadas atrás, no qual se prensava o cartão no papel carbono e emitia-se ao lojista uma cópia e, ainda 1 Rede mundial de computadores interconectados que oferece diversos recursos. Junho de 2012

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FERRAMENTAS DIGITAIS: ACESSIBILIDADE NA WEB PARA DEFICIENTES VISUAIS

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Page 1: Acessibilidade digital na_web_para_deficientes_visuais

FERRAMENTAS DIGITAIS: ACESSIBILIDADE NA WEB

PARA DEFICIENTES VISUAIS

Alison Horácio, Maurício da Silva Dornellas.

Faculdade Joaquim Nabuco

Av. Guararapes, 233 - Centro - Recife/PE.

{alisonhorac, mauricio.dornellas}@hotmail.com

Resumo. O presente trabalho trata do assunto sobre os impactos que os

avanços nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) por meio da Web

(Internet1), causaram ao longo do tempo no cotidiano da sociedade,

especialmente para os deficientes visuais (dv’s), bem como divulgar noções

básicas sobre algumas ferramentas que facilitam a acessibilidade desse grupo

de usuários aos ambientes digitais virtuais (Acessibilidade Digital) mais

utilizados no mundo como, por exemplo, a Web e suas principais

características. Procura apresentar as patologias visuais e algumas soluções

tecnológicas que minimizam as dificuldades enfrentadas pelos dv’s auxiliando-

os na inclusão digital e consequentemente a inclusão educacional e social.

Palavras - chave: inclusão digital, deficiência visual, ambientes digitais,

acessibilidade.

Abstract. The present work deals with the issue of the impact that advances in

Information and Communication Technology (ICT) through the Web (Internet),

caused over time in everyday society, especially for the visually impaired (vd) as

well as promote an understanding of some tools that facilitate the accessibility

of this group of users to virtual digital environments (digital accessibility)

commonly used in the world such as, the Web and its main characteristics. Seeks

to present the visual pathologies and some technological solutions that minimize

the difficulties faced by vd helping them to digital inclusion and therefore the

educational and social inclusion.

Key words: digital inclusion, visual disabled, digital ambients, accessibility.

1. Introdução

Com a evolução das TICs e a globalização da informática, vários serviços e atividades

antes produzidos por processos manuais foram substituídos por processos automáticos

executados por computadores nos diversos segmentos organizacionais, tais como:

indústria, comércio, educação e até no lar [Santiago, 2008]. Pode-se mencionar, por

exemplo, como era realizado o processo de compra com cartão de crédito décadas atrás,

no qual se prensava o cartão no papel carbono e emitia-se ao lojista uma cópia e, ainda

1 Rede mundial de computadores interconectados que oferece diversos recursos.

Junho de 2012

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era executada uma ligação para operadora do cartão para certificar-se da existência do

cliente, o que levava aproximadamente 30 minutos para finalização do processo.

Atualmente essa operação é realizada em alguns segundos.

Toda essa evolução tecnológica deve-se principalmente à Internet, pois através de

sua tecnologia e ferramentas agregadas é possível oferecer comunicação, informatização

dos serviços, conhecimento, economia entre outros. E com todos esses benefícios

disponibilizados, a Internet estabelece diretamente um padrão para centenas de

atividades, induzindo às pessoas a terem conhecimento de sua utilização para que

possam usufruir de alguns serviços essenciais. Entretanto, sabe-se que milhares de

pessoas em todo o mundo são portadoras de deficiências visuais. Ou seja, segundo a

Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 45 milhões de pessoas são cegas e

outros 135 milhões possuem limitações graves de visão. A OMS pressupõe que a cada 5

segundos 1 pessoa se torna cega e que “até 2020 o número de deficientes visuais poderá

dobrar” [Bonatti, 2005]. Em contrapartida, o advento tecnológico vem causando um

grande impacto no modo de viver dos dv’s, que hoje se beneficiam de ferramentas

(softwares2) adequadas e do bom senso de organizações e dos profissionais que

desenvolvem os ambientes digitais com o propósito de promover a Acessibilidade

Digital. Por exemplo, um site3

desenvolvido com os padrões necessários para facilitar a

comunicação com os softwares leitores de tela auxiliando assim, a interação dos

usuários cegos com os recursos disponíveis.

No que se refere a organizações que se comprometem com assunto: Acessibilidade

Digital na Web para dv’s pode-se mencionar o World Wide Web Consortium (W3C4),

que é de extrema importância a sua existência. Pois essa entidade procura desenvolver

padrões de tecnologias para Internet de forma que possibilite a criação e interpretação

dos conteúdos publicados [Mendonça e J. N., 2010]. A ideia é que sites desenvolvidos,

segundo tais padrões, possam ser acessados por qualquer pessoa ou tecnologia,

independente de qual hardware5 ou software utilizado.

Perante as medidas que estão sendo tomadas, pressupõe-se que exista certa

preocupação com os dv’s. De acordo com Sonza e Santarosa [2003, p.3] no que diz

respeito à deficiência visual, “a importância dos Ambientes Digitais é inquestionável”.

Pois, desde a invenção do Código Braille em 1829, nada teve tanto impacto nos

programas de educação, reabilitação e emprego quanto o recente desenvolvimento da

Informática6 para os cegos. Porém, isso não é o bastante quando nos referimos a uma

sociedade sólida com o planejamento de inclusão. Pois, conforme [Conforto e Santarosa

2002, apud Sonza e Santarosa, 2003] "a construção de uma sociedade de plena

participação e igualdade tem como um de seus princípios a interação efetiva de todos os

cidadãos. Nesta perspectiva é fundamental a construção de políticas de inclusão para o

reconhecimento da diferença e para desencadear uma revolução conceitual que conceba

uma sociedade em que todos devem participar, com direito de igualdade e de acordo

com suas especificidades".

2 É uma sequência finita de instruções lógicas bem definidas e não ambíguas. Os passos necessários para realizar uma tarefa. 3 É um grupo de páginas, imagens, vídeos etc. Na Web, que tem um endereço comum chamado URL. 4 Trata-se de um consórcio internacional com cerca de 300 membros, que agrega empresas, órgãos governamentais e organizações independentes, mundialmente conhecidos por elaborar documentos de especificação de tecnologias acessíveis desenvolvidas especialmente para a Web. 5 É toda a parte física do computador. 6 Processamento da informação por meios automáticos.

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Diante da vasta quantidade de serviços disponibilizados na Internet e do crescente

número de dv’s, nos deparamos com o desafio de: como ampliar a quantidade de

recursos digitais para que possamos proporcionar a Inclusão Digital em massa, de forma

simplificada, segura e eficiente a este grupo de usuários, pois dessa forma poderão ter,

pelo menos, o mínimo de independência e privacidade ao realizar suas atividades,

exercendo assim o direito de buscar sua integração social e o desenvolvimento de suas

capacidades. Todavia, sabe-se que diversas ferramentas foram desenvolvidas para tal

propósito, mas pelo fato de ainda serem pouco conhecidas pretendemos, por meio deste

trabalho, divulgar algumas dessas ferramentas de acessibilidade digital mais utilizadas

atualmente no mudo, bem como suas principais características. Desejamos coligir destes

recursos que objetivam o acesso de dv's aos contextos educacional e social no sentido de

inclusão.

2. Patologias Visuais x Acessibilidade Digital e Inclusão Digital

Os portadores de deficiências visuais podem ser classificados como: cegos e com visão

parcial ou reduzida. No entanto, ambos se encaixam no termo cegueira.

Segundo Nowill [2007], a cegueira reúne pessoas com diversos graus de perda

de visão, ou seja, pode ser a ausência total de visão até a perda da projeção de luz.

Porém isso não significa que o cego possua incapacidade total para ver, mas sim,

prejuízo dessa capacidade. No caso dos portadores de visão parcial ou reduzida, estes

possuem condições de indicar projeção de luz até um nível em que a redução visual

comece a interferir ou limitar seu desempenho.

De acordo com o Programa de Atendimento Especializado (PAE), dentre os

grupos patológicos visuais pode-se mencionar: Principais Patologias7 da Cegueira

(PPC) e Principais Patologias da Visão Subnormal (PPVS).

O grupo das PPC é representado pelas seguintes doenças: Catarata Congênita,

Retinopatia da Prematuridade, Traumatismo Ocular, Retinose Pigmentar, Glaucoma

Congênito, Deslocamento da Retina, Glaucoma, Atrofia do Nervo Ótico, Retinopatia

Diabética, dentre outras. Todas as enfermidades supracitadas possuem um percentual de

contribuição para o aumento da quantidade de indivíduos cegos no Brasil a cada ano,

como mostra o gráfico da (figura 1).

O gráfico da (figura 2) mostra o percentual das doenças que contribuem para o

alarmante crescimento da população brasileira com visão parcial ou reduzida

anualmente, ou seja, o grupo das PPVS, que é representado pelas seguintes

enfermidades: Catarata Congênita, Doença Stargardt, Distrofia de cones e bastonetes,

Glaucoma, Alta Miopia, Retinopatia Diabética, Toxoplasmose (coriorentinite), Atrofia

Ocular, Retinose Pigmentar, DMRI, dentre outras.

7 Parte da Medicina que estuda as doenças.

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Figura 1 – Principais Patologias da Cegueira (PPC).

Figura 2 – Principais Patologias da Visão Subnormal (PPVS).

Porém, vale salientar que a maioria dos casos da cegueira pode ser evitada mediante

diagnósticos precoces e tratamentos acessíveis e adequados. Todavia para garantir a

inclusão digital e social dos indivíduos que possuem algum tipo de deficiência visual

causada por algum tipo de moléstia, citada ou não neste trabalho, temos diversas

ferramentas de acessibilidade digital disponíveis no mercado (versões gratuitas e

proprietárias) todas com características bem peculiares, que permitem a utilização do

computador, possibilitando a utilização de aplicativos, planilhas eletrônicas, internet,

etc. Sabe-se que tais recursos vêm causando um grande impacto positivo na vida destes

indivíduos. No entanto o termo Acessibilidade pode ser definido, de modo geral, como

a possibilidade de qualquer pessoa, independentemente de suas capacidades físico-

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motoras e perceptivas, culturais e sociais, usufruir dos benefícios de uma vida em

sociedade.

Conforme Guia [2006, p.10] “o debate sobre direitos e equiparação de

oportunidades para todos tem contribuído para a conquista da cidadania plena”. Ou seja,

cada vez mais, o conceito de acessibilidade está sendo valorizado, exigido e adotado

pela sociedade. Em se tratando de recursos digitais, a Acessibilidade Digital é garantir o

direito de, entre outros, conseguir acessar sistemas de informação computadorizados

como, por exemplo, a Internet [Nicholl, 2001].

Segundo Melo [2005] o acesso à Internet é caracterizado pela flexibilidade da

informação e da interatividade com relação ao respectivo suporte de apresentação, que

deve permitir a utilização dessa ferramenta por pessoas com necessidades especiais nos

diversos ambientes e situações, através de vários dispositivos de navegação. Sabe-se

que, com a evolução do acesso à Web e a autonomia que o uso das ferramentas digitais

proporciona às pessoas com deficiência visual ao realizarem suas tarefas, pode-se

promover diversas iniciativas em prol da acessibilidade aos ambientes digitais virtuais.

Por exemplo, a padronização do design para as páginas Web representa esforços para

torná-la acessível aos dv’s e, consequentemente beneficiar outros grupos de usuários, de

acordo com os diversos contextos de acesso. Em outras palavras, o autor afirma: “a Web

foi inventada tendo-se em mente o acesso universal”. Seguindo o pensamento do autor

pode-se dize que, desse modo a sociedade pode ter acesso às informações disponíveis na

Web, produzindo e disseminando conhecimento tornado-se parte do contexto Inclusão

Digital.

Pode-se definir Inclusão Digital como a liberdade do acesso às tecnologias da

informação, permitindo que todos participem da sociedade da informação. Logo, para

que este advento torne-se realidade é necessário que seja colocado em prática todas as

estratégias e ações que possam auxiliar no acesso de indivíduos carente às TICs, além

do desenvolvimento de ferramentas digitais que aumentem a acessibilidade para as

pessoas com deficiência.

A inclusão digital, a produção e a disseminação do conhecimento são de suma

importância para o desenvolvimento econômico, cultural, social e político de um país.

Pois, insere-se no movimento maior de inclusão social, um dos grandes objetivos

compartilhados por vários governos em todo mundo nos últimos anos. Estima-se que,

aproximadamente 100 milhões de brasileiros ainda não entraram na era digital devido

ao domínio das TICs por poucos e a situação de exclusão digital em que se encontra a

sociedade carente do país, o que contribuem para o aumento das desigualdades

econômicas e sociais [Silveira, 2005]. Para que o dv possa se sentir incluso digitalmente

é necessário que haja recursos de acessibilidade.

3. O Deficiente Visual e a Web

Conforme Borges [1997] os dv’s podem ter algumas limitações, as quais poderão trazer

obstáculos ao seu aproveitamento produtivo na sociedade. Ele aponta que grande parte

destas limitações pode ser eliminada através de duas ações: uma educação adaptada à

realidade destes indivíduos e o uso da tecnologia para diminuir as barreiras.

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Com o auxilio das ferramentas de acessibilidade na Web, desenvolvidas com o

propósito de promover a Inclusão Digital dos dv’s, houve grande impacto com relação

ao acesso a Internet, pois esta tecnologia torna-se rapidamente o maior veículo de

comunicações, chegando a ultrapassar o puro aspecto da informação, disseminando-se

por diversas atividades do cotidiano, como: estudos, diversão e comércio. Ou seja,

“comprar pizza e ler piadas é possível pela Internet, bem como obter o horóscopo

diário. A tendência, na verdade, segundo muitos gurus de tecnologia, é que em

pouquíssimo tempo computador, aparelho de som e TV será uma coisa única” [Borges,

1997, p.3]. No entanto, atualmente este fato já é uma realidade em nossa sociedade.

Ainda segundo o autor, para os dv’s, a comunicação pela Web é especialmente

importante por duas razões: a eliminação da necessidade da locomoção e pelo fato que

do outro lado da Internet, não há a necessidade de saber se o parceiro é ou não um

deficiente visual (dv). Dessa forma, o dv em uma comunicação inicial pode ser visto

como uma pessoa não deficiente. Mas para que isso aconteça, os projetos de design das

páginas Web devem seguir todos os critérios de usabilidade8 e acessibilidade

estabelecidos pelo W3C, ou seja, o desenho dos sites precisam incluir peculiarmente

todos esses critérios e conceitos em suas 3 principais camadas, que são:

Estrutural (conteúdo): envolve a organização dos componentes e funções dos

objetos incluindo localização, armazenamento e conteúdo das páginas;

Navegação: trata-se da representação da parte lógica entre os objetos conforme o

contexto, habilitar ou desabilitar caminhos entre as páginas e mudar a aparência da

informação;

Apresentação: refere-se ao visual, onde são determinados os objetos que devem ser

apresentados na página, bem como apresentá-los.

Sabe-se que existem diversos tutoriais de recomendações para desenvolvimento

de sites interativos e com um bom nível de usabilidade e acessibilidade. Desse modo

podemos afirmar que, sites atrativos e funcionais podem significar: suprir diversos

critérios, regras e a integração dos conhecimentos multidisciplinares que são analisados

na área de pesquisa conhecida como Interação Homem-Máquina (IHM). Tais

conhecimentos auxiliam no desenvolvimento de Interfaces Gráfica 9 adaptadas para

qualquer perfil de usuário, inclusive os dv’s, mesmo que tais interfaces agrupem

imagens, textos, animações, tabelas, ilustrações, vídeos e sons. Dessa forma pode-se

dizer que este advento introduz uma nova concepção no desenvolvimento do design da

interação de páginas Web [Gonçalves e Pimenta, 2012].

4. Ferramentas Digitais de Acessibilidade aos Deficientes Visuais na Web

As ferramentas que proporcionam acessibilidade digital na Web e promovem a inclusão

dos dv’s utilizam basicamente filtro de cores e ampliadores de tela, para os que têm

perda parcial da visão ou daltonismo10

e leitores de tela (recursos de áudio), teclado e

impressora em Braille para os indivíduos cegos. Dentre as mais utilizadas podemos citar

o Dosvox, o ColorOracle, o Virtual Vision e o Jaws.

8 Termo usado para definir a facilidade com que as pessoas podem empregar uma ferramenta ou objeto a fim de realizar uma tarefa específica e importante. 9 É um tipo de interface do utilizador que permite a interação com dispositivos digitais através de elementos gráficos como ícones e outros indicadores visuais. 10 Dificuldade para distinguir as cores.

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4.1. Dosvox

De acordo com Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ) o Dosvox é um software para microcomputadores que interage

com o usuário por meio de síntese de voz em vários idiomas o que facilita o uso de

computadores por deficientes visuais. Ou seja, esta ferramenta auxilia este grupo de

usuários a conquistar a sua tão sonhada independência no estudo e no trabalho. Segundo

o NCE este sistema começou a ser desenvolvido em 1993, sob a coordenação do

professor José Antônio dos Santos Borges. A ideia de desenvolver esta ferramenta

surgiu a partir do trabalho de um aluno deficiente visual, Marcelo Pimentel.

O grande diferencial do Dosvox em relação às outras ferramentas desenvolvidas

com o mesmo propósito é que a comunicação homem-máquina é muito mais simples,

pois leva em conta as especificidades e limitações dos deficientes visuais. E por ser

compatível com a maioria dos sintetizadores de voz e por usar a interface11

padronizada

Windows garante que o usuário pode adquirir no mercado os sistemas de síntese de fala

mais modernos e mais próximos à voz humana, os quais farão com que o Dosvox

adquira uma excelente qualidade de leitura, além de interagir bem com outros softwares

de acesso para deficientes visuais como: Virtual Vision, Jaws, Window Bridge,

Window-Eves, ampliadores de tela, etc. que por acaso estejam instalados na máquina do

usuário [Dosvox, 2012].

A característica mais importante dessa ferramenta é o fato dela ter sido

desenvolvida com tecnologia totalmente nacional e por ter sido o sistema comercial

pioneiro a sintetizar vocalmente textos genéricos em português. Ou seja, o software é

um produto de baixa complexidade e se adéqua a nossa realidade. Segundo Borges

[2000], a modificação das relações entre deficiente visual e a cultura pode ser definida

com uma única frase: “um cego agora pode escrever, ser lido e ler o que os outros

escreveram”. Conforme apresentado na (figura 3).

Figura 3 – Usuária cega interagindo com computador e a Web por meio do Dosvox.

Existem duas versões desta ferramenta: uma simplificada (gratuita) e outra

profissional (comercializada), que podem ser adquiridas por meio da Internet.

11 Dispositivo (material e lógico) pelo qual se efetuam as trocas de informações entre dois sistemas.

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Conforme Sonza e Santarosa [2003, p.4], dentre as limitações do Dosvox pode-se

destacar o acesso à web, que possui algumas restrições por a maioria das páginas

conterem muitas figuras, gráficos e outros recursos que dificultam a leitura do conteúdo

apresentado na tela e consequentemente compromete a compreensão do deficiente

visual com relação ao que está sendo exibido. Entretanto, com as normas adotadas pelo

W3C e conscientização dos profissionais da área de TICs, atualmente este problema já

está bem minimizado.

Atualmente o projeto Dosvox possui uma versão para Windows conhecida como

Winvox. Esta ferramenta é composta por várias outras. Dentre as principais destacam-se

o Sistema Operacional, que contém os elementos de interface com o usuário, sistema de

síntese de voz para a língua portuguesa e leitor de telas/janelas para DOS e Windows e

diversos programas de uso geral para deficientes visuais como: editor, leitor e

impressor/formatador de textos, caderno de telefones, agenda de compromissos,

calculadora, preenchendor de cheques, cronômetro, jogos de caráter lúdico, ampliador

de telas para pessoas com visão reduzida, programas para ajuda à educação de crianças

com deficiência visual e programas sonoros para acesso à Internet, correio eletrônico e

bate-papo.

4.2. ColorOracle

Esta ferramenta trata-se de um aplicativo (software) gratuito muito utilizado por

desenvolvedores de sistemas para internet (Web Designers) como: sites, jogos e etc.

Este software faz a simulação de daltonismo por meio de um filtro de cores em tela

cheia, que permite visualizar em tempo real a forma como as pessoas com diferentes

tipos de deficiências de cores vão ver as imagens na tela.

Segundo seus desenvolvedores Jenny e Kelso [2006], este software usa o melhor

algoritmo disponível para simular deficiência de reconhecimento de cores. Como

mostra a figura (figura 4).

Visão Normal Deuteranopia

12

Protanopia

13 Tritanopia

14

Figura 4. Simulação de deficiência de reconhecimento de cores.

12 Ausência na retina de cones "verdes" ou de comprimento de onda intermédio. 13 Ausência na retina de cones "vermelhos" ou de comprimento de onda longo. 14 Ausência na retina de cones "azuis" ou de comprimento de onda curta.

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O ColorOracle funciona de forma que o designer ao produzir um determinado

conteúdo (seja ele para Web ou qualquer outro fim) utilizando combinação de cores nos

objetos possa simular em tempo real se estes materiais estarão bem definidos para o

indivíduo que possua deficiência de reconhecimento de cores (daltônico), dessa forma,

o uso desta ferramenta torna os ambientes, em especial os digitais, como a Web, mais

acessíveis com relação aos contrastes de cores e consequentemente promove a inclusão

digital deste grupo de usuários.

O ColorOracle está disponível para download para os Sistemas Operacionais15

(SO):

Mac OS X, Windows e Linux. É uma adição valiosa para qualquer quite de ferramentas

para designers.

4.3. Virtual Vision

Desenvolvido pela MicroPower (empresa de Ribeirão Preto – SP) o VirtualVision (VV)

é uma ferramenta digital que, além de auxiliar os dv’s na utilização do ambiente

Windows, proporciona uma fácil interação desse grupo de usuários com os aplicativos

do pacote de softwares Office e facilita a navegação pela Web através da utilização do

aplicativo InternetExplorer16

(IE). O VV faz a utilização do DeltaTalk, que é uma

tecnologia sintetizadora de voz desenvolvida pela MicroPower, que garante a qualidade

do áudio. É considerado um dos melhores sintetizadores de voz no idioma português do

mundo.

Dentre as principais características desta ferramenta, podemos citar a pronuncia das

palavras, digitadas letra por letra, palavra por palavra, linha por linha, parágrafo por

parágrafo ou o texto por completo, sem contar com a configuração das ferramentas do

VV, que fica a critério do perfil do próprio usuário. [Sonza e Santarosa, 3002]. Como

mostra a ilustração na (figura 5).

Figura 5. Ilustração de telas de opções do Virtual Vision.

15 É um conjunto de programas cuja função é gerenciar os recursos do sistema (processador, gerenciar memória, criar um sistema de arquivos, etc.). Ou seja, uma interface entre o computador e o usuário. 16 Browser utilizado para acessar e navegar na Internet.

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O VV possibilita os dv’s a ouvir músicas de CD ou de arquivos de MP3, pois esse

utiliza o áudio da placa de som. Além de possuir um módulo de treinamento falado,

permite a fácil localização do cursor na tela através de teclas de atalho e da pronuncia

detalhes sobre a fonte de texto como: nome, tamanho, cor, estilo, etc. inclusive as

mensagens emitidas pelos aplicativos. Segundo Sonza e Santarosa [2003, p.6], “através

de parcerias com o Banco Bradesco e Brasil Telecom, os deficientes visuais podem

utilizar os serviços disponíveis, acessando os sites dessas empresas e permite a leitura

de páginas da Internet citando, inclusive, os links para outras páginas, embora não seja

tão eficiente em sites com frames17

e tabelas”.

4.4. Jaws

O Jaws foi desenvolvido pela empresa norte-americana Henter-Joyce, pertencente ao

grupo Freedom Scientific, este software trata-se de uma ferramenta digital que possui

uma tecnologia de síntese de voz compatível com ambiente Windows, o que facilita a

interação para acessar aplicativos e outros recursos disponíveis na Web.

Como as demais ferramentas desenvolvidas para o mesmo propósito (auxiliar os

dv’s na realização das suas tarefas por meio do computador) o Jaws possui um

sintetizador de voz integrado que por meio da placa de som e caixa utiliza o computador

para dar as informações que estão sendo exibidas no monitor. E além de possibilitar o

envio das informações, as linhas Braille proporcionam a interação a diversos aplicativos

sem utilização do monitor ou do mouse. Como mostra a (figura 6). Uma das suas

principais características é o seu processo de instalação totalmente falado, ou seja,

possui um guia durante toda a instalação, permitindo o usuário selecionar vários

idiomas do dispositivo sintetizador de voz, que interage com várias placas de som

disponíveis no mercado [Sonza e Santarosa, 2003].

Figura 6. Ilustração de telas de opções do Virtual Vision.

O Jaws é uma ferramenta digital de ótima usabilidade, eficiente e possibilita controlar

a velocidade de acordo com o nível do usuário.

17 (Em inglês: quadro ou moldura) é cada um dos quadros ou imagens fixas de um produto audiovisual.

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Dentre suas principais características pode-se citar: a facilidade na instalação, por

se guiado por voz durante todo o processo, a execução de aplicações MS-DOS18

e por

possuir atualizações, pelo menos, 2 vezes ao ano, Além de possuir síntese de voz em

vários idiomas faz indicação das janelas, suas características, dentre outras.

5. Considerações Finais

O avanço tecnológico continua impactando de forma positiva o cotidiano da sociedade.

Perante a velocidade deste advento podemos pressupor que com a adaptação destas

ferramentas tecnológicas à realidade das pessoas, de modo geral, pode-se pensar em

uma revolução em se tratando de Inclusão Digital e consequentemente a Inclusão social

de uma grande parcela da população.

Sabe-se que o número de dv’s aumenta a cada ano, no entanto podemos salientar

que há um equilíbrio com relação aos recursos que auxiliam este grupo de usuários a

exercerem sua cidadania. Estima-se que atualmente existam mais de 200 mil usuários

dessas ferramentas digitas de acessibilidade (citadas neste trabalho) no mundo, em

destaque podemos mencionar o Dosvox, que além de ser o mais utilizado no Brasil é o

mais citado em quase todos os canais de disseminação de informação que falam sobre

dv’s. Entretanto, nota-se que apesar da popularidade do Dosvox entre os o grupo dos

dv’s há necessidade de divulgação em massa destas ferramentas, pois pressupomos que

a maior parte da população ainda as desconhece, porém pode contribuir diretamente

para a inclusão desses indivíduos na sociedade, caso este assunto torne-se comum para

todos.

Apesar de o Dosvox ser a ferramenta mais conhecida entre o grupo dos dv’s, não

tira o crédito das outras ferramentas que provem a acessibilidade na Web também

citadas neste trabalho, por exemplos, o Virtual Vision que se estima ter mais 5.500

usuários e o Jaws que possui em torno de 50.000 usuários espalhados por todo o mundo.

Sem mencionar as centenas de ferramentas de acessibilidade como: aplicativos, jogos

educativos, navegadores, dentre outros, que não foram citados neste trabalho, mas

também contribuem para a inclusão dos dv’s na sociedade. Porém, não é pelo fato de ter

tantos recursos disponíveis que não vamos nos preocupar com o aumento alarmante de

dv’s a cada ano em todo mundo, que em muitos casos diversas enfermidades visuais

podem ser evitadas caso os indivíduos enfermos tenham acesso aos tratamentos

disponíveis e adequados para cada caso.

Sabe-se que projetos de Web sites que seguem as normas de usabilidade e

acessibilidade adotadas pelo W3C, é uma atividade que requer um alto nível de

conhecimentos específicos de áreas como IHM, Design gráfico e visual, programação,

dentre outras. A inserção destes conhecimentos em ferramentas de apoio como os

Ambientes Digitais Virtuais na Web, por exemplo, pode proporcionar uma importante

contribuição para o desenvolvimento de sites com qualidade, que por construção

seguem as recomendações apropriadas ao bom design.

18 É um sistema operacional, comprado pela Microsoft para ser usado na linha de computadores IBM PC.

Page 12: Acessibilidade digital na_web_para_deficientes_visuais

Referências

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