acerca de dispersões heterogéneas

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FGTF 2013-2014 UP4 17-12-2013 Adriana Santos 1 UP4 13. Continuação do estudo de formas farmacêuticas que constituem “Preparações líquidas” –conceitos gerais acerca de dispersões heterogéneas Sistemas resultantes da dispersão da matéria: - heterogéneos: Duas fases Fase interna,descontínua ou dispersa Sólida Líquida Gasosa Fase externa, contínua ou dispersante Sólida Mistura de pós/ dispersões sólidas Inclusões (gel) Inclusões (pedra-pomes) Líquida Dispersões coloidais* de sólidos (sol) + suspensões** Dispersões coloidais # de líquidos + emulsões** Espuma Gasosa Aerossoles - (Fumos) (Névoas ou Nuvens) *part. 1 – 100 nm - designação de soles # gotas 1 – 100 nm - designação de nanoemulsões e microemulsões **part./gotas > 100 nm 13.1. Classificar dispersões em meio líquido … (Na verdade o limite de tamanho “coloidal” varia consoante os autores entre 100 e 1000 nm)

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Page 1: acerca de dispersões heterogéneas

FGTF 2013-2014 UP4 17-12-2013

Adriana Santos 1

UP4

13. Continuação do estudo de formas farmacêuticas que

constituem “Preparações líquidas” – conceitos gerais

acerca de dispersões heterogéneas

Sistemas resultantes da dispersão da matéria:

- heterogéneos:

Duas fases Fase interna, descontínua ou dispersa

Sólida Líquida Gasosa

Fase

ex

tern

a,

con

tín

ua

ou

dis

pe

rsa

nte

Sólida Mistura de pós/ dispersões sólidas

Inclusões(gel)

Inclusões(pedra-pomes)

Líquida Dispersões coloidais* de

sólidos (sol) +

suspensões**

Dispersões coloidais#

de líquidos +

emulsões**

Espuma

Gasosa Aerossoles -

(Fumos) (Névoas ou Nuvens)

*part. 1 – 100 nm - designação de soles#gotas 1 – 100 nm - designação de nanoemulsões e microemulsões

**part./gotas > 100 nm

13.1. Classificar dispersões em meio líquido …

(Na verdade o limite de tamanho “coloidal” varia consoante os autores entre 100 e 1000 nm)

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Soluções coloidaisEmulsões

Suspensões(na maioria dos casos, quer possuam

consistência fluida ou semi-sólida)

Fluidos não Newtonianos:

ÁguaGlicerinaXarope

Fluidos Newtonianos

[Aulton Cap.4, p.57]

[Prista p.690]

Têm propriedades “reológias” diferentes …

Disciplina: Reologia

Preparações líquidas são “fluidos”… e o fluxo (movimento/escoamento) das diferentes preparações liquidas… obedece sempre às mesmas leis?

13.2. …propriedades de fluxo…

Fluidos não Newtonianos:Plásticos,

Pseudoplásticos,Ou Dilatantes

Tensão tangencial ou de

corte(shear stress)

(σ)

Se a tensão < σσσσy

Não há fluxo, o comportamento é idêntico a um sólido elástico

Várias viscosidades aparentes

valor de cedência

η’1η’2

Ligações cruzadas entre moléculas que se desfazem com o movimento

Ligações cruzadas entre pequenas moléculas que se criam apenas com o movimento a elevada velocidade

Várias viscosidades aparentes

η’1

η’2

(γ)

σ=ηγ ↔ η=σ/γη = viscosidade

[Aulton Cap.4, p.64-67]

Viscosidade dinâmica (ou absoluta) = Coeficiente de viscosidade

Fluidos Newtonianos

= Velocidade de corte (shear rate)

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Adriana Santos 3

Fluidos não Newtonianos:Plásticos,

Fluidos Newtonianos

Tensão tangencial ou de

corte(shear stress)

(σ)

Se a tensão < σσσσy

Não há fluxo, o

comportamento é idêntico a

um sólido elástico

Várias viscosidades aparentes

valor de cedência

η’1η’2

Ligações cruzadas entre moléculas que se desfazem com o movimento

Ligações cruzadas entre pequenas moléculas que se criam apenas com o movimento a elevada velocidade

Várias viscosidades aparentes

η’1

η’2

(γ)

η = viscosidade

[Aulton Cap.4, p.64-67]

σ=ηγ ↔ η=σ/γ

= Velocidade de corte (shear rate)

Fluidos não Newtonianos:Plásticos,

Pseudoplásticos,

Fluidos Newtonianos

Tensão tangencial ou de

corte(shear stress)

(σ)

Se a tensão < σσσσy

Não há fluxo, o

comportamento é idêntico a

um sólido elástico

Várias

viscosidades

aparentes

valor de cedência

η’1η’2

Ligações

cruzadas entre

moléculas que se

desfazem com o

movimento

Ligações cruzadas entre pequenas moléculas que se criam apenas com o movimento a elevada velocidade

Várias viscosidades aparentes

η’1

η’2

(γ)

η = viscosidade

[Aulton Cap.4, p.64-67]

σ=ηγ ↔ η=σ/γ

= Velocidade de corte (shear rate)

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Fluidos não Newtonianos:Plásticos,

Pseudoplásticos,Ou Dilatantes

Fluidos Newtonianos

Tensão tangencial ou de

corte(shear stress)

(σ)

Se a tensão < σσσσy

Não há fluxo, o

comportamento é idêntico a

um sólido elástico

Várias

viscosidades

aparentes

valor de cedência

η’1η’2

Ligações

cruzadas entre

moléculas que se

desfazem com o

movimento

Ligações cruzadas entre

pequenas moléculas que se

criam apenas com o

movimento a elevada

velocidade

Várias

viscosidades

aparentesη’1

η’2

(γ)

η = viscosidade

= Velocidade de corte (shear rate)

σ=ηγ ↔ η=σ/γ

[Aulton Cap.4, p.64-67]

Fluidos não Newtonianos:Plásticos,

Pseudoplásticos,Ou Dilatantes

alguns também Tixotrópicos

Fluidos Newtonianos

…as alterações de estrutura/ligações não são instantâneas, demoram um certo tempo a estabilizar…

Passado algum tempo de se iniciar uma certa velocidade de corte, a viscosidade aparente e a tensão de corte diminuem

Variação crescente e decrescente da velocidade de cisalhamento com tempo

Loop de histerase que indica uma alteração da estrutura

Quanto maior a área,maior o índice de tixotropia

[Aulton Cap.4, p.64-67]

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Fluidos não Newtonianos:Plásticos,

Pseudoplásticos,Ou Dilatantes

alguns também Tixotrópicos

ou ainda Viscoelásticos

Fluidos Newtonianos

Fluidos viscoelásticos possuem simultaneamente propriedades de sólidos e líquidoshttp://www.youtube.com/watch?v=nX6GxoiCneY

http://www.math.nyu.edu/~trush/Fig. 2 Examples of the counterintuitivebevaior display by non-newtonian fluids. (a) Weissenberg effect. (b) Die swell. (c) Tubeless siphon. http://www.accessscience.com/search.aspx?rootID=795161

[Aulton Cap.4, p.64-67]

13.3. …o interesse de se estudarem propriedades de fluxo…

• possibilitar e facilitar a administração (verter de um frasco, fluir por uma agulha…)

• Evitar ou retardar a sedimentação de suspensões ou sedimentação/formação de creme/coalescência de emulsões

• Adequar a aparência a uma boa aceitação por parte do doente

• Controlar a biodisponibildiade mediante o efeito do aumento da viscosidade na retardação da difusão do fármaco

(mais relevante na adminstração cutânea, nas mucosas e injecção i.m. e s.d., e de forma mais controversa na administração por via oral)

Veículos plásticos ou pseudoplásticosacomodam melhor estes dois objetivos que fluidos não newtonianos

Page 6: acerca de dispersões heterogéneas

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Viscosidade dinâmica:

η = σ / γ (Pa/s-1)

Unidades comummente usadas: mPa.s ou cP

η (água) = 1 mPa.s = 1 cP (centipoise)

Não confundir com:

Viscosidade cinemática = ηηηη / ρ

(ρ, massa volúmica)

Unidades comummente usadas: mm2s-1 ou cS (centistoke)

13.4. Enumerar os métodos farmacopeicos de determinação da viscosidade (e respetivos tipos de viscosímetros) e descrever a sua aplicação (Aula TP)

13.5. Saber discutir e executar a determinação da viscosidade aparente de suspensões pelo método do viscosímetro rotativo, num viscosímetro de Brookfield(viscosímetro de agulha - relativo), segundo a Farmacopeia Portuguesa IX (Aula Lab)

FP9: 2.2.8, 2.2.9 e 2.2.10(Aulton 2005, chap. 6, p.60–86)

[FP9: Cap. 2.2.8 ]

UP4

14. Preparações farmacêuticas com base em coloides

liófobos e associações de coloides

Page 7: acerca de dispersões heterogéneas

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Soles

• Sol = dispersão coloidal de um sólido (insolúvel) no seio de um líquido

= “solução coloidal” = por vezes apenas coloide*

*Do grego kólla, «cola; gordura» + eĩdos, «forma»)

Transição ao estado de gel:

o sólido disperso forma uma rede tridimensional e passa a ser a fase contínua (diz-se que gelificou). (A fase líquida passa a estar retida nos interstícios da rede sólida).

[latim sole]

*Não confundir com colódio (especificamente solução de nitrocelulose [=piroxilina] numa mistura de álcool e éter) em Inglês collodion, ou com colódio elástico (colódioadicionado de óleo de rícino)…

*Por oposição, encontra-se por vezes o termo “Cristalóides”***

*** :soluções aquosas de electrólitos ou de moléculas não ionizáveis de muito pequena dimensão (< 0,001 µm).(exemplos: cloreto de sódio 0,9% e glucose 5%)

[Prista]

14.1. Distinguir e dar exemplos de soles liófobos e soles liófilos

Soles liófilos ou liofílicos (Inglês: lyophilic colloid )hidrofílicos* apenas no caso de dispersões aquosas!

• elevada afinidade para o solvente – ionizam-se em solução ou formam

ligações hidrogénio com a água

• dispersam-se espontaneamente• formam dispersões estáveis• geralmente aumentam a viscosidade da solução e por vezes alteram

(diminuem) a sua tensão superficial

14.1. Distinguir e dar exemplos de soles liófobos e soles liófilos

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Exemplos: dispersões líquidas (a baixa concentração) de – produtos naturais* - gomas (arábica, xantana…), alginato, proteínas

(caseína, gelatina, albuminas), argilas (bentonite, silicato de alumínio e

magnésio [=Veegum])

– ou de síntese - carboximelticelulose, metilcelulose, carbómeros [e.g. Carbopol 934]…

– (alguns exemplos de nanopartículas: UP8)

*“HIDROCOLOIDES”:

Termo por vezes usado para designar biopolímeros de elevado peso molecular e altamente hidrofílicos: classicamente polissacarídeos que formam soles liófilos e gelatina

14.1. Distinguir e dar exemplos de soles liófobos e soles liófilos

Soles liófobos ou liofóbicos (Inglês: lyophobic colloid)

• Sem afinidade pelo solvente

• não se dispersam espontaneamente

• originam dispersões termodinamicamente instáveis.

• não alteram a sua viscosidade ou tensão superficial,

Os coloides liófobos com interesse em farmácia são geralmente substâncias com

atividade farmacológica.

Exemplos:

– Ouro coloidal

– iodeto de prata coloidal,

– enxofre coloidal,

– coloides com isótopos radioativos (99mTc, 198Au…)

– … etc (alguns exemplos de nanopartículas: UP8)

(o medicamento da imagem já não se encontra no mercado)

14.1. Distinguir e dar exemplos de soles liófobos e soles liófilos

http://www.youtube.com/watch?v=JLrn6AsKfuk

TechNyou

Education:

Making Gold

Nanoparticles

7’23’’

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Métodos de preparação de soles:Métodos de dispersão• Espontânea• Física:

• moinhos coloidais• ultra-sons

Métodos de condensação(Formação rápida de soluções supersaturadas sob condições controladas)• Física: troca de solvente• Química

AgNO3 + NaI -> AgI + NO3- + Na+

2 H2S (g) + SO2 (aq) -> 3 S + 2 H2O

Métodos de purificação de soles:• diálise • eletrodiálise• ultrafiltração

moinho coloidal

14.2. Enumerar os processos de obtenção e purificação de coloides

[Aulton 6, propriedades elétricas]

• Coloides liófobos ganham carga elétrica por • adsorção de agentes tensioactivos iónicos• Perda ou adsorção de iões do coloide…

• Adsorção (sobre a superfície sólida) de aniões (-) (menos hidratáveis que os catiões)

Exemplo: (ouro, prata, enxofre …)

Exemplo: no coloide AgI, Ag+ é mais solúvel que I-, mas o coloide pode ter carga +, 0, ou - conforme exista um excesso de Ag+ ou não

Estes atraem difusamente iões de carga oposta -> dupla camada elétrica no meio aquoso em redor da partícula carregada

• Colóides liófilos ganham carga por ionização de grupos funcionais

(por exemplo proteínas e alguns polímeros , fora do ponto isoelétrico se forem anfotéricos – carga depende do pH e do pKa dos grupos funcionais)

AgI I-

I-I-

I-I- I-

I- AgIAg+

Ag+Ag+

Ag+Ag+Ag+

CI-

CI-CI-

CI-CI- CI-

Cl-

O potencial zeta depende da carga de superfície mas também da concentração e natureza dos iões em soluçãohttp://www.malvern.com/labeng/technology/zeta_potential/zeta_potential_lde.htm

14.3. Propriedades elétricas da interface coloide-água

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Desestabilização de soles

• Agregação Agregados de diferente estrutura/compactação

Não permite redispersão

Permite redispersão

Coagulação

Floculação

+

-

(a sedimentação, a ocorrer, é sempre secundária à agregação)

14.4. Definir agregação, coagulação e floculação de coloides

http://www.malvern.com/LabEng/industry/colloids/dlvo_theory.htm?gclid=CM3d5pu777UCFYbHtAod7SsASw

Derjaguin, Landau, Verwey and Overbeek theory (DLVO theory)

http://www.stevenabbott.co.uk/DLVO/index.html

Aula TP :14.5. Estabilidade física de sistemas coloidais

- Descrever os mecanismos de estabilidade e estabilização/desestabilização de soles(Aulton 2005, chap. 6, “Estabiliade de sistemas coloidais”), nomeadamente:

1.o efeito da adição de eletrólitos a coloides liófilos e liófobos (ver nomeadamente

a tabela da p.93)

2. a) a estabilidade de sistemas liófobos pela teoria DVLO, incluindo o que

explica as forças repulsivas e atrativas entre as partículas e

b) a interpretação das curvas da energia potencial total de interação.

3.a estabilidade de sistemas liofílicos

4.o mecanismo de coacervação, descrevendo a sua aplicação na

microencapsulação ver também (Nogueira Prista et al. 2011a, I:568–570)

5.a associação de coloides liófilos a soles liófobos (conceito de coloide protetor)

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Beija 2012

Nanopartículas =Sistemas de base nanotecnológicaNanomedicamentos…

14.6. Sistemas coloidais: têm sido largamente investigados como sistemas de entrega de fármacos e são designados de forma abrangente como “nanopartículas” ou outras designações similares

O que são “sistemas nanométricos de entrega de fármacos”

Nanopharmaceuticals

“Nanopharmaceuticals are medicinal products containing particles of activepharmaceutical ingredients (APIs), excipients or a combination of these which are produced by nanotechnology and which are nanosized.”

Nanopartículas

(em preparações farmacêuticas)

Princípios ativos puros

(normalmente cristais de dimensões “nano” = coloides liófobos)

Sistemas estruturados*, 3D, de excipientes, de dimensões “nano”, aos

quais são associados os princípios ativos = “sistemas nanométricos de

entrega de fármacos”

“Nanomedicamentos”, preparações farmacêuticas “nano”, preparações farmacêuticas na forma de dispersões coloidais, ou preparações farmacêuticascontendo sistemas coloidais

(Partículas nanométricas = nanopartículas)

*o termo “partícula” ou “nanopartícula” pode ser usado para materiais sólidos (precipitados) ou de forma mais abrangente para estruturas com certa fluidez.

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UP4

15. Preparações farmacêuticas líquidas na forma de

suspensão

Suspensões

Consoante a natureza da fase externa:• Aquosas (mais frequentes)• Oleosas

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Oral

Parentérica Oftálmica

CutâneaRectalNasal

Para inalaçãoDental*

• Porque o fármaco é insolúvel ou pouco solúvel, conseguindo-se (comparativamente a comprimidos):� melhorar a absorção� facilitar a deglutição

• Porque o fármaco solúvel tem mau sabor, conseguindo-se� melhorar o sabor

• Porque comparativamente a uma solução, e em conjunto com o veículo (natureza do solvente, ou suspensão de partículas às quais o fármaco é adsorvido), se consegue:

� controlar a velocidade de absorção e o tempo de duração da atividade (exemplo: insulinas)

� evitar a hidrólise (por síntese de um derivado insolúvel ou necessidade utilização de outro veículo)

• Porque o fármaco é insolúvel ou pouco solúvel, conseguindo-se(comparativamente a soluções):

� ainda assim administrar o fármaco aceitavelmente

15.1…. razões da preparação de suspensões farmacêuticas

(*Flureto de sódio a aplicar pelo dentista)

Via de

administração:

[FP9]

No caso de preparações líquidas cutâneas e orais:

15.2. Descrever uma suspensão considerada aceitável (do ponto de vista do aspeto)

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Tamanho das partículas numa suspensão a formular?

(fatores a considerar)

� Quanto menor, menor a sedimentação por ação da gravidade

� Para aplicação na pele e mucosas < 5 µm (textura suave)

� Para injetáveis < 25 µm e preferencialmente redondas (não aciculares)

� Permite controlar a velocidade de dissolução/biodisponibilidade

� Homogeneidade (o menor índice de polidispersão possível, e apenas a

forma polimorfa mais estável) para evitar crescimento dos cristais devido a

velocidades de dissolução desiguais

15.3. fatores relacionados com o fármaco a ter em conta na preparação de novas suspensões

Aula TP:

• Outros fatores a ter em conta na formulação de uma suspensão… (5 grupos)

4. Justificar a utilização, enumerar (classes e exemplos dentro das classes), e discutir,

excipientes que reduzem a tensão interfacial sólido-líquido em suspensões (Aulton

2005, chap. 23,“o uso de agentes molhantes”)

5. Descrever suspensões defloculadas e floculadas (Aulton 2005, chap. 23,

Floculação e sistemas defloculados (intro, p.345))(Nogueira Prista et al. 2011,

I:694–696)

6. Descrever as estratégias que permitem o controlo adequado da floculação de

suspensões (Aulton 2005, chap. 23, Floculação controlada)

7. Caracterizar sistemas floculados e defloculados quanto às propriedades reológicas

prováveis, e discutir a razão de utilização de agentes designados “suspensores”

(Aulton 2005, chap. 23,“Reologia das suspensões”)

8. Enumerar agentes suspensores, e descrever algumas propriedades que

condicionam a sua escolha (Aulton 2005, chap. 23,“Modificadores da viscosidade”)

15.4. a 15.8.

Page 15: acerca de dispersões heterogéneas

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UP4

16. Preparações farmacêuticas líquidas na forma de

emulsão

Emulsões

16.1. Classificação de emulsões [quanto à estabilidade]

Termodinamicamente instáveis: Emulsões “convencionais”

Quanto ao tamanho das gotas de fase dispersa:

• Macroemulsões: polidispersas (100 nm – 100 µm), cor branca• Nanoemulsões: 20 – 200 nm de diâmetro médio(em Inglês: nanoemulsions, unstable microemulsions, submicrometeremulsions, miniemulsions)

Termodinamicamente estáveis: Microemulsões * : formam-se espontaneamente, (os gentes tensioativos reduzem a tal ponto a tensão interfacial que a forma mais estável dos sistema é a emulsionada)gotículas de 10 nm – 100 nm, translúcidas (por vezes aparecem na literatura também com a designação de nanoemulsões, devido ao seu tamanho, mas devem designar-se por microemulsões)

*[Giboud 2012, abstract and introduction][Bouyer 2012, 2.1]

Page 16: acerca de dispersões heterogéneas

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Adriana Santos 16

16.1.1 Relacionado com microemulsões:

“microemulsão pré-concentrada” ou “solução oleosa autoemulsionante” ou “Self-microemulsifying drug delivery systems (S(M)EDDS)”*

• Soluções oleosas contendo agentes tensioativos que formam espontaneamente microemulsões num copo de água ou sumo, ou no estômago

Exemplo 1: ciclosporinaSANDIMMUN NEORAL (MSRM); Novartis Farma; Cáps. mole

e SANDIMMUN NEORAL (MSRM); Novartis Farma; Sol. oral

*[Giboud 2012, abstract and introduction]

Cho 2010. Arch Pharm Res

Exemplo 2:Desenvolvimento de microemulsão de Propofol como alternativa à emulsão injetável convencional

Page 17: acerca de dispersões heterogéneas

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Adriana Santos 17

16.1. Classificação de emulsões [quanto

ao número e natureza da fase dispersa]

(Fases líquidas aquosa e oleosa)Simples

O/A

– via oral exemplos:Aero-OM® (Dimeticone),

manipulados FP IV…

– via parentérica (i.v. ou i.m.)Nutrição parentérica (lípidos,

vitaminas lipossolúveis…)Anestésico geral (Propofol)

– uso externoAntiflamatórios (Reumon

Loção, etofenamato)…

A/O

– via parentérica (i.m.)– uso externo

Múltiplas (O/A/O e A/O/A)[Bouyer 2012][Bouyer 2012, 2.1]

16.2. …Determinação experimental do tipo de emulsão

Ensaio de diluição• Diluir uma amostra de emulsão com água e observar ao M.O.• Diluir uma amostra de emulsão com óleo e observar ao M.O.A emulsão dilui-se sem separação de fases no solvente da natureza da fase externa.

Ensaio com corantes• Adicionar a uma amostra de emulsão um corante

hidrossolúvel (por exemplo azul de metileno) e observar ao M.O.

• Adicionar a uma amostra de emulsão um corante lipossolúvel observar ao M.O.

Observar qual a fase (interna ou externa) é corada pelo corante hidrossolúvel, e confirmar que acontece o inverso com o corante lipossolúvel

Ensaio de condutividade elétricaApenas emulsões onde a fase externa é aquosa conduzem eletricidade (pode ser necessário adicionar NaCl)… O/A A/O

Page 18: acerca de dispersões heterogéneas

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Adriana Santos 18

16.3. …Interesse das emulsões?

• Possibilitar a administração parenteral de lípidos

Nutrição parentérica (lípidos, vitaminas lipossolúveis…)Anestésico geral (Propofol)

• Administrar/favorecer a absorção via oral de fármacos não solúveis em solventes

aquosos

• Proteger o fármaco na fase dispersa do contacto com meio externo:

• Atmosfera (favorecer a estabilidade)

(a proteção contra a oxidação em emulsões O/A é melhorada com a utilização

de antioxidantes lipossolúveis e agentes emulsivos resistentes à oxidação)

• Sugos digestivos (promover absorção de lípidos não digeridos)

(gotículas suficientemente pequenas são diretamente absorvidas)

• Órgãos sensoriais (mascarar paladar/aroma desagradáveis)

16.3. …Interesse das emulsões?

• Aumentar ou retardar (controlar) a absorção cutânea ou através das mucosas

• Diminuir a toxicidade do fármaco (por exemplo alterando a biodistribuição após

administração i.v.)

• Destoxificação

• Em intermédio na microencapsulação (a aprofundar mais tarde)

Page 19: acerca de dispersões heterogéneas

FGTF 2013-2014 UP4 17-12-2013

Adriana Santos 19

16.4. …Desestabilização de emulsões…

*maturação de Ostwald, ou envelhecimento de Ostwald: [Bouyer 2012, 2.2]

*

“As emulsões podem apresentar sinais de separação de fases que se redispersamfacilmente por agitação” – FP9: preparações líquidas cutâneas e orais

16.5. …Emulsificação (teoria)

Divisão de uma fase líquida em pequenas gotículas -> aumento:• da área de superfície• da energia livre interfacial do sistema

É contrariada pela tensão superficial na interface e requer: • fornecimento de energia na forma de trabalho (agitação mecânica), e/ou• diminuição da tensão interfacial (utilização de agentes tensioativos)

O sistema tende a diminuir a área de superfície/energia livre:Formam-se gotículas esféricas (menor razão área/volume) com tendência à separação de fases

Necessidade de agentes emulsivos que • estabilizem a interface óleo/água e/ou • oponham barreira energética/física a transpor de forma a atrasar a separação

das fases

Maior eficácia se se combinarem diferentes agentes emulsivos

Page 20: acerca de dispersões heterogéneas

FGTF 2013-2014 UP4 17-12-2013

Adriana Santos 20

Equilíbrio hidrófilo-lipófilo (EHL): Escala de Griffin 1949 (16.6.)

Agentes solubilizantes

Detergentes

Agentes emulsivos O/A (~8 - 16)

Agentes molhantes

Agentes emulsivos A/O (3 - ~8)

Agentes anti-espuma

…50 ↑ hidrofilia

EHL(Tween 20) = 16,7EHL(Tween 80) = 15EHL (Goma adraganta) = 13,2EHL (Gelatina) = 9,8

EHL (monoestearato de glicerilo auto-emulsionante) = 5,5EHL(Span 80) = 4,3

EHL (Sulfato de laurilo e sódio) = 40

Agentes tensioativos: afinidade parcial, em simultâneo, para as fases oleosa e aquosa.Como quantificar a polaridade relativa dos agentes tensioativos?

– E.H.L.: aplicação na preparação de emulsões

• Cada componente oleoso numa emulsão “exige” um emulsionante com um

determinado valor (determinado experimentalmente).

• Quando há vários componentes oleosos cujas exigências em EHL são conhecidas, o

valor de EHL total requerido pela fórmula pode ser calculado. Corresponderá à

média ponderada dos valores individuais, tendo em conta a sua

percentagem/razão mássica na fase oleosa.

• Podem-se combinar agentes tensioativos diferentes para obter o valor de EHL

desejado.

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Parafina líquida ………………………………………………………… 40 mLGlicerina ………………………………………………………………….12,5 gBenzoato de sódio ……………………………………………………0,5 gVanilina ………………………………………………………………… 0,05 gPolissorbato 80 ………………….…………………………………….. 3 gCarboximetilcelulose (CMC) sódica ………..………………… 1gÁgua destilada ………………………………………….q.b.p. 100 mL

EHL total requerido? - O EHL requerido pela fórmula é o EHL requerido pela parafina líquida (consultar tabela p.627, = 10,5)

E com…

Cera …………………… 5 gParafina líquida ….. 26 gÓleo vegetal ………..18 gGlicerina ……………. 4 gAgente emulsivo* . 5 gÁgua …………………. q.b.p. 100 g

* É comum empregar-se agente emulsivo a 5% como regra geral… como proceder? (exercício 1)

7. Enumerar e descrever a classificação dos agentes emulsivos segundo a função principal, a utilização galénica, a natureza iónica, origem, e o mecanismo de atuação (Aulton 2005, chap. 23, p.353-357)(Nogueira Prista et al. 2011, I:614)(Bouyer et al. 2012, sec. 2.3)

8. Classificar, ou identificar exemplos de agentes emulsivos em cada classe e em que tipos de emulsões (A/O ou O/A) eles se empregam (Aulton 2005, chap. 23, p.353-357)(Nogueira Prista et al. 2011, I:614)(Bouyer et al. 2012, sec. 2.3)

9. Discutir vantagens e desvantagens de certas classes de agentes emulsivos, nomeadamente polímeros naturais e agentes tensioativos sintéticos (Bouyer et al. 2012, sec. 4.1)

10. Enumerar formas de melhorar a estabilidade física de emulsões e relacionar mecanismos de atuação de agentes emulsivos com os processos de destabilização de emulsões nos quais eles atuam (Aulton 2005, chap. 23, p.359-360)(Bouyer et al. 2012, sec. 2.3)

11. Descrever os métodos gerais de preparação de uma emulsão e cuidados a ter, conhecendo a equivalência às designações tradicionais de método Continental e método Inglês. (Aulton 2005, chap. 23, p.363)(Nogueira Prista et al. 2011, I:647–654)

16.

• Agentes emulsivos

• Formas de melhorar a estabilidade física de emulsões

• Métodos gerais de preparação de emulsões

Aula TP (5 grupos):

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Adriana Santos 22

UP4

17. Conclusão do estudo de formas farmacêuticas que

constituem “Preparações líquidas”

17.1. Enumerar, descrever a função e dar exemplos de excipientes usados em suspensões e emulsões como “agentes corretivos” ou “adjuvantes” e conservantes

• Tampões (mesmo racional que para as soluções, apenas aqui não se procura promover a solubilização, e é necessário ter em conta que representa a inclusão de eletrólitos no sistema)

• Modificadores de densidade (para evitar sedimentação ou formação de creme)� Sacarose, dextrose, glicerina, propilenoglicol…

• Agentes humectantes (previnem secagem do produto após aplicação na pele eevaporação de água a partir da embalagem que possa ser várias vezes aberta; podem causar desidratação da pele se em excesso)

� Glicerina, propilenoglicol , PEG…

• Antioxidantes

• Aromatizantes e essências

• Corantes

Aulton

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17.1. Enumerar, descrever a função e dar exemplos de excipientes usados em suspensões e emulsões como “agentes corretivos” ou “adjuvantes” e conservantes

• Agentes edulcorantes

� Sacarose, sorbitol, glicerina – agem tb sobre a densidade e viscosidade; � sacarina sódica – efeito de eletrólito

• Conservantes antimicrobianos (e/ou esterilização)

� Ácido benzóico e seus sais, � ácido sórbico e seus sais, � parabenos, … (+ frequente a mistura de parabenos)

Aulton

17.2. Enumerar os ensaios de controlo gerais e menções especiais do rótulo de preparações líquidas orais e cutâneas segundo as respetivas monografias …

preparações líquidas oraispreparações líquidas cutâneas