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_______________________________________________________________________ Rua Beni de Carvalho, n° 159, Aldeota, Fortaleza, Ceará, CEP 60135-400 Fones/Fax: (85) 3224.3591 e 3224.1945 Página1 Exmo. Sr. Juiz de Direito da ____ Vara da Fazenda Pública da Comarca de Fortaleza - Ce AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C OBRIGAÇÃO DE PAGAR E PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DE MÉRITO Promovente: Sindicato dos Oficiais de Justiça do Estado do Ceará SINDOJUS-Ce Promovido: Estado do Ceará SINDICATO DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ SINDOJUS-CE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. 05.244.397/001-80, com sede na Rua Adolfo Moreira de Carvalho, n° 46, Bairro Edson Queiroz, Fortaleza, Ceará, CEP 60.811-740, neste ato representado pelo seu Presidente MAURO XAVIER DE SOUSA, Oficial de Justiça Avaliador, portador do CPF nº 481.147.153-740 e do RG n° 194627590, por seu Advogado ao final assinado (instrumento procuratório anexo), vem, com súpero respeito e convinhável acatamento, perante a insigne presença de V. Exa., propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C OBRIGAÇÃO DE PAGAR E ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DE MÉRITO, contra o ESTADO DO CEARÁ, pessoa jurídica de Direito Público, representado neste ato por sua Procuradoria Judicial, que se encontra situada na Av. Doutor José Martins Rodrigues, nº 150, Bairro Edson Queiroz, Fortaleza, Ceará, CEP 60.811-520, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor, para ao final requerer: DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA: O Sindicato dos Oficiais de Justiça do Estado do Ceará é entidade sem fins lucrativos, sendo certo que o pagamento das custas judiciais para promovermos os pleitos da categoria se tornaria tão dispendioso, a ponto de comprometer a própria subsistência do Sindicato Autor, pelo que roga os benefícios da gratuidade da Justiça. Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0127762-32.2015.8.06.0001 e o código 171B178. Este documento foi assinado digitalmente por Tribunal de Justica do Estado do Ceara e MARCIO AUGUSTO RIBEIRO CAVALCANTE. Protocolado em 30/01/2015 às 10:50:39. fls. 1

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Rua Beni de Carvalho, n° 159, Aldeota, Fortaleza, Ceará, CEP 60135-400

Fones/Fax: (85) 3224.3591 e 3224.1945

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Exmo. Sr. Juiz de Direito da ____ Vara da Fazenda Pública da

Comarca de Fortaleza - Ce

AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C OBRIGAÇÃO DE PAGAR E

PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DE MÉRITO

Promovente: Sindicato dos Oficiais de Justiça do Estado do

Ceará – SINDOJUS-Ce

Promovido: Estado do Ceará

SINDICATO DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ –

SINDOJUS-CE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no

CNPJ sob o n. 05.244.397/001-80, com sede na Rua Adolfo

Moreira de Carvalho, n° 46, Bairro Edson Queiroz, Fortaleza,

Ceará, CEP 60.811-740, neste ato representado pelo seu

Presidente MAURO XAVIER DE SOUSA, Oficial de Justiça

Avaliador, portador do CPF nº 481.147.153-740 e do RG n°

194627590, por seu Advogado ao final assinado (instrumento

procuratório anexo), vem, com súpero respeito e convinhável

acatamento, perante a insigne presença de V. Exa., propor a

presente AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C OBRIGAÇÃO

DE PAGAR E ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DE MÉRITO,

contra o ESTADO DO CEARÁ, pessoa jurídica de Direito Público,

representado neste ato por sua Procuradoria Judicial, que se

encontra situada na Av. Doutor José Martins Rodrigues, nº

150, Bairro Edson Queiroz, Fortaleza, Ceará, CEP 60.811-520,

pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor, para

ao final requerer:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA:

O Sindicato dos Oficiais de Justiça do Estado do Ceará é

entidade sem fins lucrativos, sendo certo que o pagamento das

custas judiciais para promovermos os pleitos da categoria se

tornaria tão dispendioso, a ponto de comprometer a própria

subsistência do Sindicato Autor, pelo que roga os benefícios da

gratuidade da Justiça.

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Junta-se aos autos, além da declaração para isenção de

custas judiciais, o CNPJ e o Estatuto do Sindicato autor, os

quais demonstram, cabalmente, que este Sindicato é uma

entidade sem fins lucrativos, não podendo, portanto, arcar

com as despesas processuais na esfera judicial.

Nesse contexto, no intuito de corroborar acerca da

desnecessidade de recolhimento de custas processuais na

situação em liça, posto que o autor é considerado pessoa

jurídica sem fins lucrativos, vê-se os entendimentos

jurisprudenciais do Superior Tribunal de Justiça - STJ (ÓRGÃO

COMPETENTE PARA DECIDIR SOBRE A MATÉRIA, JÁ QUE O TEMA

“JUSTIÇA GRATUITA” É ABORDADO NAS LEIS FEDERAIS 1060/50 E

7115/83) que abaixo seguem:

PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

GRATUITA. SINDICATO. PESSOA JURÍDICA SEM FINS

LUCRATIVOS. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE

COMPROVAÇÃO DA MISERABILIDADE JURÍDICA.

PRECEDENTES.

1. O entendimento firmado nesta Corte que é no

sentido de ser possível conceder às pessoas

jurídicas o benefício da assistência Judiciária

gratuita, conforme os ditames da Lei n.º

1.060/50.

2. Tratando-se de pessoas jurídicas sem fins

lucrativos – tais como entidades filantrópicas,

sindicatos e associações – a concessão poderá

se dar em havendo requerimento e

independentemente de prova.

3. Agravo regimental desprovido.

(Processo AgRg no REsp 916638 / SC,

2007/0007576-7, Relatora Ministra LAURITA VAZ,

Órgão Julgador QUINTA TURMA, Data do Julgamento

03/04/2008, Data da Publicação/Fonte DJe

28/04/2008)

PROCESSUAL CIVIL – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

GRATUITA – SINDICATO – PESSOA JURÍDICA SEM

FINS LUCRATIVOS – POSSIBILIDADE.

1. Esta Corte tem entendido ser possível a

concessão do benefício da assistência

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judiciária gratuita a pessoa jurídica, desde

que comprovado que não tenha ela condições de

suportar os encargos do processo.

2. Revisão do entendimento da relatora a partir

do julgamento do EREsp 653.287/RS.

3. Pessoas jurídicas com fins lucrativos fazem

jus ao benefício da assistência judiciária

gratuita desde que comprovem a dificuldade

financeira porque a presunção é de que essas

empresas podem arcar com as custas e honorários

do processo.

4. Pessoas jurídicas sem fins lucrativos como

entidades filantrópicas, sindicatos e

associações fazem jus ao benefício da

assistência judiciária gratuita porque a

presunção é a de que não podem arcar com as

custas e honorários do processo. Desnecessária

a prova da dificuldade financeira para obter o

benefício.

5. Recurso especial provido.

(Processo REsp 642288 / RS, 2004/0018984-0,

Relatora Ministra ELIANA CALMON, Órgão Julgador

SEGUNDA TURMA, Data do Julgamento 15/09/2005,

Data da Publicação/Fonte DJ 03/10/2005 p. 185)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. SINDICATO.

PESSOA JURÍDICA SEM FINS LUCRATIVOS.

POSSIBILIDADE. COMPROVAÇÃO DA MISERABILIDADE

JURÍDICA. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES.

1. Esta Corte possui entendimento uníssono no

sentido de que é possível conceder às pessoas

jurídicas o benefício da assistência judiciária

gratuita, nos termos da Lei n.º 1.060/50.

2. Em se tratando de pessoas jurídicas sem fins

lucrativos – tais como entidades filantrópicas,

sindicatos e associações – é prescindível a

comprovação da miserabilidade jurídica, para

fins de concessão o benefício da assistência

judiciária gratuita.

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3. Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 1058554/RS, 2008/0107268-4,

Relator Min. JORGE MUSSI, Órgão Julgador QUINTA

TURMA, Data do Julgamento 16/10/2008, Data da

Publicação/Fonte Dje 09/12/2008)

“... Pessoas jurídicas sem fins lucrativos

como entidades filantrópicas, sindicatos e

associações fazem jus ao benefício da

assistência judiciária gratuita porque a

presunção é a de que não podem arcar com as

custas e honorários do processo...”

(REsp 855020 / PR e REsp 1038634 / ES – Ambos

da SEGUNDA TURMA – Relatora Ministra Eliana

Calmon)

Destarte, pelo exposto, requer, desde já, que V. Exa. se

digne de conceder os benefícios da Gratuidade Judiciária,

diante dos argumentos acima alocados.

DOS FATOS E DO DIREITO:

Eminente Magistrado(a):

Aos Oficiais de Justiça/analistas judiciários em

cumprimento de mandados é assegurado o abono ou adicional de

férias, como se depreende dos dispositivos constitucionais

abaixo transcritos – artigos 7º, XVII e 39:

Art. 7º — São Direitos dos trabalhadores urbanos e

rurais, além de outros que visem à melhoria da sua

condição social:

[...]

XVII — gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,

um terço a mais do que o salário normal;

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios instituirão conselho de política de

administração e remuneração de pessoal, integrado por

servidores designados pelos respectivos Poderes.

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§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público

o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,

XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei

estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a

natureza do cargo o exigir.

Logo, todos os trabalhadores filiados à Entidade de

Classe ora promovente recebem abono pecuniário de férias,

correspondente ao adicional de 1/3 (um terço) à sua

remuneração.

Na verdade, ilustre Magistrado(a), o cerne da questão diz

respeito exatamente a natureza indenizatória da verba oriunda

do abono de férias.

É cediço que o gozo de férias trata-se de uma suspensão

do contrato de trabalho, onde o servidor fica afastado

temporariamente, por força de lei, do exercício da função,

muito embora permaneça, durante referido período, com o

percebimento de sua remuneração.

O gozo de férias é tratado como uma recompensa pelo tempo

de serviço efetivamente trabalhado, que deve ser de no mínimo

01 ano para cada 30 dias de férias e como forma de indenizá-

lo pelo desgaste físico e mental, o servidor gozará do

descanso mensal e ainda terá uma indenização pecuniária

correspondente a 1/3 (um terço) do valor de sua remuneração.

A natureza indenizatória de referido abono pecuniário de

férias resta clara a partir do momento que o servidor

suspende seu contrato de trabalho para gozar as férias e

ainda percebe um abono correspondente a 1/3 de sua

remuneração, ou seja, não é uma retribuição ao trabalho

efetivamente prestado, mas uma indenização pelo tempo efetivo

de trabalho durante o período mínimo de 12 meses.

No Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do

Ceará – Lei Estadual n° 9.826/74 – que regulamenta no âmbito

dos servidores públicos civis do Estado do Ceará referida

situação – verifica-se a natureza indenizatória de referido

abono de férias ainda de forma mais evidente, quando em seu

artigo 122 estabelece como forma de retribuição pecuniária

pelo serviço prestado as seguintes formas: I – vencimento; II

– ajuda de custo; III – diária e IV – gratificações, ou seja,

o abono de férias não se enquadra legalmente como uma

retribuição ao serviço efetivamente prestado, mas sim como

uma indenização pelo tempo de efetivo serviço prestado e do

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desgaste físico e mental oriundo da prestação continuada do

serviço. Transcrevemos:

Art. 122 – ―As formas de retribuição são as seguintes:

I - vencimento;

II - ajuda de custo;

III - diária;

*IV - REVOGADO.

*IV - Revogado pela Lei nº 12.913, de 17.6.1999 - D. O.

18.6.1999 –

Apêndice.

Inciso Revogado: IV- auxílio para diferença de caixa;

V - gratificações.

§ 1º - O conjunto das retribuições constitui os

vencimentos funcionais.‖

E concluindo este raciocínio, o artigo 123 de referida

Lei Estadual tipifica o que é considerado vencimento do

servidor, como sendo exatamente a retribuição (cujas formas

encontram-se descritas no artigo 122) correspondente ao cargo

ao qual o servidor está vinculado, em razão do efetivo

exercício da função pública, ou seja, excluindo textualmente

o abono pecuniário de férias, até porque, conforme já dito

alhures, o servidor, quando do gozo de férias, não está no

efetivo exercício da função pública, pois ocorre a suspensão

temporária do contrato de trabalho. Assim prevê o artigo 123,

da Lei Estadual 9.826/74:

Art. 123 – ―Considera-se vencimento a retribuição

correspondente ao padrão, nível ou símbolo do cargo a que

esteja vinculado o funcionário, em razão do efetivo

exercício de função pública.‖

Portanto, juridicamente correto o entendimento adotado

pelos Tribunais Superiores que determina a não incidência de

imposto de renda sobre o abono pecuniário de férias do

servidor público correspondente a 1/3 de sua remuneração,

quando do efetivo gozo de suas férias

Sucede que, o Estado do Ceará, através do Tribunal de

Justiça do Estado do Ceará, vem descontando de tal vantagem o

Imposto de Renda. Com a devida venia, fazê-lo é um equívoco,

pois conflita, diametralmente, com a Jurisprudência

cristalizada no Supremo Tribunal Federal e no Superior

Tribunal de Justiça.

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O terço constitucional de férias possui, tanto para

efeito de contribuição previdenciária - conforme já decidido

pelos Tribunais Superiores -, como para o Imposto de Renda -

natureza jurídica indenizatória, que somente pode incidir em

pagamentos que configuram aumento de riqueza ou aumento

patrimonial, estando isentas, portanto, as parcelas

indenizatórias.

O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de

que "somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor

sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Agravo

regimental a que se nega provimento". (STF, Segunda Turma, AI

nº 603537/DF, Rel. Min. Eros Grau, decisão de 27/02/2007, DJ

de 30/03/2007, p. 92, decisão unânime).

A natureza jurídica do adicional de férias também foi

consignada no julgamento do Agravo Regimental no Recurso

Extraordinário nº 545.317-1 DF, do Supremo Tribunal Federal,

que analisava a incidência da Contribuição Previdenciária

sobre o adicional de férias, através do voto Ministro Gilmar

Mendes:

―(...)

Portanto, a decisão foi proferida em consonância com

iterativa jurisprudência de contribuição previdenciária

sobre o adicional de férias e horas extras, por tratar-se

de verbas indenizatórias. Nesse sentido, o RE 345.458, 2ª

T., Rel. Ellen Gracie, DJ 11.3.2005, e o RE-AgR 389.903,

1ª T., Rel. Eros Grau, DJ 5.5.2006 ...‖

No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal, no

julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº

603.537-7/DF, de Relatoria do Ministro Eros Grau e do Agravo

Regimental em Recurso Extraordinário nº 545.317-1/DF, de

relatoria do Ministro Gilmar Mendes, ao dar interpretação aos

textos legais sobre a matéria, reconheceu expressamente a

natureza compensatória/indenizatória do terço constitucional

de férias. Transcrevemo-nos:

―2. Quanto à questão relativa à percepção do abono de

férias e à incidência da contribuição previdenciária, a

jurisprudência deste Tribunal é no sentido de que a

garantia de recebimento de, pelo menos, um terço a mais

do que o salário normal no gozo das férias anuais (CB,

artigo 7º, XVII) tem por finalidade permitir ao

trabalhador “reforço financeiro neste período (férias)”

[RE nº 345.458, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de

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11.3.05], o que significa dizer que a sua natureza é

compensatória/indenizatória. Ademais, conforme dispõe o

artigo 201, § 11, da Constituição, ―os ganhos habituais

do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao

salário para efeito de contribuição previdenciária e

conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na

forma da lei‖. (g.n.) (AgRg AI 603.537-7/DF, Relator

Ministro Eros Grau, 2ª Turma, Publicado no DJ de

30/3/2007)

―EMENTA: Agravo regimental em recurso extraordinário. 2.

Prequestionamento. Ocorrência. 3. Servidores públicos

federais. Incidência de contribuição previdenciária.

Férias e horas extras. Verbas indenizatórias.

Impossibilidade. 4. Agravo regimental a que se nega

provimento.‖ (RE 545317 AgR, Relator(a): Min. Gilmar

Mendes, Segunda Turma, julgado em 19/02/2008, DJe-047

DIVULG 13-03-2008 PUBLIC 14-03-2008 EMENT VOL-02311-06

PP-01068 LEXSTF v. 30, n. 355, 2008, p. 306-311).

Portanto, para o Pretório Excelso não há se cogitar em

incidência de contribuição previdenciária sobre o terço

constitucional de férias devido à sua natureza indenizatória,

ideia está que se estende ao mesmo fundamento da não

incidência do imposto de renda sobre o adicional de férias,

ao passo em que ao adicional de férias não pode ser dado o

entendimento de natureza indenizatória para fins

previdenciários e de natureza remuneratória para fins de

incidência de imposto de renda.

No mesmo sentido, tem se manifestado do Egrégio Superior

Tribunal de Justiça, por sua Primeira Seção, ao evoluir seu

posicionamento jurisprudencial no sentido da não incidência

tributária sobre o terço constitucional de férias, tendo em

vista sua natureza jurídica indenizatória. Assim fundamentou

a ilustre Ministra Eliana Calmon, a este respeito:

―O Supremo Tribunal, examinando a questão, concluiu pela

não-incidência da contribuição previdenciária sobre o

terço constitucional de férias.

Na apreciação das teses em confronto parece-me pertinente

examinar ontologicamente a exação.

A Constituição de 1988, no capítulo dedicado aos Direitos

Sociais, estabeleceu como direito básico dos

trabalhadores urbanos e rurais o gozo de férias anuais

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remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do salário

normal (art. 7º, XVII), vantagem que veio a ser estendida

aos servidores ocupantes de cargos públicos, como consta

do § 3º do art. 39, da Carta Magna.

O adicional outorgado tem por escopo proporcionar ao

trabalhador (lato sensu), no período de descanso, a

percepção de um reforço financeiro, a fim de que possa

usufruir de forma plena o direito constitucional do

descanso remunerado.

A partir da finalidade do adicional é que se desenvolveu

a posição jurisprudencial do STF, cujo início está no

julgamento do RE 345.458/RS (Segunda Turma, DJ

01/02/2005), em que a relatora, Min. Ellen Gracie,

analisando a constitucionalidade da redução do período de

férias de procuradores autárquicos, consignou, em obter

dictum, que o abono de férias era espécie de "parcela

acessória que, evidentemente, deve ser paga quando o

trabalhador goza seu período de descanso anual,

permitindo-lhe um reforço financeiro neste período". A

partir daí firmou-se na Corte o entendimento pela não-

incidência da contribuição previdenciária sobre o terço

constitucional de férias, ao fundamento de que a referida

verba detém natureza compensatória/indenizatória e de

que, nos termos do art. 201, § 11, da CF/88 (Os ganhos

habituais do empregado, a qualquer título, serão

incorporados ao salário para efeito de contribuição

previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios,

nos casos e na forma da lei), somente as parcelas

incorporáveis ao salário do servidor para fins de

aposentadoria sofrem a incidência da contribuição

previdenciária.

O entendimento está consignado em diversos julgados,

dentre os quais destaco os seguintes:

―TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA

SOBRE TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. IMPOSSIBILIDADE.

AGRAVO IMPROVIDO.

I - A orientação do Tribunal é no sentido de que as

contribuições previdenciárias não podem incidir em

parcelas indenizatórias ou que não incorporem a

remuneração do servidor.

II - Agravo regimental improvido.

(AI 712.880/MG, Rel. Ministro Eros Grau, Segunda Turma,

DJ 26/05/2009)‖;

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―AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL

CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO

(SÚMULAS 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL).

IMPOSSIBILIDADE DA INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA SOBRE O TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.

AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

1. A matéria constitucional contida no Recurso

Extraordinário não foi objeto de debate e exame prévios

no Tribunal a quo. Tampouco foram opostos embargos de

declaração, o que não viabiliza o extraordinário por

ausência do necessário prequestionamento.

2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se

no sentido de que somente as parcelas que podem ser

incorporadas à remuneração do servidor para fins de

aposentadoria podem sofrer a incidência da contribuição

previdenciária.

(AI 710.361/MG, Rel. Ministra Carmen Lúcia, Primeira

Turma, DJ 08/05/2009)‖;

―AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA SOBRE AS HORAS EXTRAS E O TERÇO DE FÉRIAS.

IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.

Esta Corte fixou entendimento no sentido que somente as

parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a

incidência da contribuição previdenciária.

Agravo Regimental a que se nega provimento.

(AgRg no AI 727.958/MG, Rel. MINISTRO EROS GRAU, SEGUNDA

TURMA, DJ 27/02/2009)‖.

Reconhecendo o caráter indenizatório do terço

constitucional de férias, já se manifestou também a Turma

Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados

Especiais Federais no mesmo sentido, conforme exemplificam os

seguintes julgados:

―PROCESSUAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA

PRÓPRIA DO SERVIDOR PÚBLICO (PSS). ADICIONAL DE FÉRIAS OU

TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. JUROS DE MORA. AUSÊNCIA

DE INTERESSE. NÃO CONHECIMENTO.

1. Não tendo o acórdão recorrido nada decidido acerca de

juros de mora, não há legítimo interesse na solução de

divergência inexistente.

2. Considerando que o adicional de férias, ou terço

constitucional de férias, tem natureza indenizatória,

conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal, e

cuidando-se de vantagem não extensível aos inativos,

afigura-se ilegítima a incidência de contribuição

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previdenciária própria do servidor público (PSS) sobre

esta verba.

3. Incidente parcialmente conhecido e não provido.

(TNU - PEDILEF 200783005371345 INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO

DE JURISPRUDÊNCIA - Relatora Juíza Federal Jacqueline

Michels Bilhalva – DJ de 09/03/2009)‖

Assim, o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de

Justiça e a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência

dos Juizados Especiais Federais, entendem que o terço

constitucional de férias possui natureza jurídica

indenizatória/compensatória e, por corolário lógico, deve ser

afastada a incidência do imposto de renda, porquanto tal

verba não se constitui em renda para o contribuinte.

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região também possui

entendimento favorável semelhante:

“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. ADICIONAL DE 1/3 (UM TERÇO) DE

FÉRIAS. CARÁTER INDENIZATÓRIO. HORAS EXTRAS. NATUREZA

SALARIAL.

1 - O adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas não

deve sofrer incidência de imposto de renda, tendo em

vista sua natureza indenizatória e também por não

integrar o salário do empregado. (STF. AI-AgR 727958. DJ,

27/02/09). [...]

3 - Apelação do particular, apelação da Fazenda Nacional

e remessa oficial improvidas.

(TRF5 – Processo 00007113220124058302 - APELREEX -

Apelação / Reexame Necessário – 25104 – Relator

Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga –

DJ de 29/11/2012)‖

“TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. ADICIONAL DE 1/3 (UM TERÇO).

VERBAS QUE NÃO INTEGRAM O SALÁRIO DO EMPREGADO. CARÁTER

INDENIZATÓRIO. NÃO INCIDÊNCIA. PRESCRIÇÃO. DECENAL EM

RELAÇÃO ÀS PARCELAS RECOLHIDAS ANTES DO ADVENTO DA LEI

COMPLEMENTAR 118/2005. QUINQENAL EM RELAÇÃO AOS

RECOLHIMENTOS EFETUADOS A PARTIR DA SUA VIGÊNCIA.

1 - O adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas não

deve sofrer incidência de imposto de renda, tendo em

vista sua natureza indenizatória e também por não

integrar o salário do empregado. (STF. AI-AgR 727958. DJ,

27/02/09).

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2 - Às parcelas recolhidas, indevidamente, antes do

advento da Lei Complementar 118/2005, aplica-se a regra

da prescrição decenal, enquanto que aos valores

recolhidos a partir da entrada em vigor da referida

norma, valerá a prescrição quinquenal.

3 - Apelação e remessa oficial improvidas.

(TRF5 - Processo 200983000198897 - APELREEX - Apelação /

Reexame Necessário – 11991 – Desembargador Relator Paulo

Gadelha – DJ de 02/12/2010)‖

DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL – INEXISTÊNCIA DE

INTERESSE DA UNIÃO FEDERAL:

Inicialmente, poder-se-ia imaginar que a competência para

conhecer e julgar demandas que visam a não incidência de

Imposto de Renda sobre adicionais de férias de servidores

públicos estaduais seria da Justiça Federal.

Todavia, o fato de se tratar de Imposto da União,

conforme art. 153, III da CF/88, não é determinante da

competência.

É que, na verdade, o produto da arrecadação de imposto de

renda sobre os rendimentos de servidores estaduais pertence

aos Estados, consoante art. 157, I da Carta Magna:

Art. 157. ―Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

I- o produto da arrecadação do imposto da União sobre

renda e proventos de qualquer natureza, incidente na

fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por

eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e

mantiverem"

No mesmo sentido há remansoso entendimento do STJ:

―PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA QUE

VISA AFASTAR A RETENÇÃO NA FONTE DO IMPOSTO DE RENDA POR

ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESNECESSIDADE DE CITAÇÃO DA UNIÃO

COMO LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO. ABONO DE

PERMANÊNCIA. INCIDÊNCIA DO TRIBUTO EM QUESTÃO.

1. A Primeira Seção, ao julgar o REsp 989.419/RS, sob a

relatoria do Ministro Luiz Fux e de acordo com a

sistemática do art. 543-C do CPC, decidiu que os Estados

da Federação são partes legítimas para figurar no pólo

passivo das ações propostas por servidores públicos

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estaduais, que visam ao reconhecimento do direito à

isenção ou à repetição do indébito relativo ao imposto de

renda retido na fonte (DJe de 18.12.2009). O mesmo

entendimento aplica-se às ações judiciais que buscam

afastar a retenção na fonte do imposto de renda sob a

alegação de hipótese de não-incidência. Confiram-se, por

outro lado, os seguintes precedentes desta Corte, no

sentido da inexistência de interesse da União e da

ilegitimidade ad causam das autoridades federais para

figurarem no pólo passivo de mandados de segurança

impetrados por servidores públicos estaduais, distritais

ou municipais visando a impedir a retenção na fonte do

imposto de renda pelos Estados, Distrito Federal,

Municípios, suas autarquias ou fundações: AgRg no REsp

710.439/MG, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de

20.2.2006; REsp 263.580/MG, 2ª Turma, Rel. Min.

Franciulli Netto, DJ de 5.3.2001.

(...)

4. Recurso especial parcialmente provido.‖ (REsp

1197975/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA

TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe 06/10/2010);

―PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE

PREQUESTIONAMENTO. FÉRIAS E LICENÇA-PRÊMIO NÃO-GOZADAS.

IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.

DISSÍDIO PRETORIANO. SÚMULA N. 83/STJ. PRECEDENTES.

1. O prequestionamento dos dispositivos legais tidos como

violados é requisito indispensável à admissibilidade do

recurso especial. Incidência das Súmulas n. 282 e 356 do

Supremo Tribunal Federal.

2. O STJ pacificou o entendimento de que a Justiça

estadual é competente para processar e julgar causas em

que se discute a incidência do imposto de renda sobre

valores pagos a servidores estaduais a título de férias e

licença-prêmio não-gozadas.

3. Não se conhece do recurso especial pela divergência,

quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo

sentido da decisão recorrida" (Súmula n. 83/STJ).

4. Recurso especial não-conhecido.‖

(REsp 256.206/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,

SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2005, DJ 20/02/2006, p.

253);

DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA DE MÉRITO:

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Consoante previsão legal do artigo 273 do Código Adjetivo

Civil são requisitos autorizadores da concessão da

antecipação dos efeitos da tutela de mérito: 1) prova

inequívoca; 2) verossimilhança da alegação; 3) fundado receio

de dano irreparável ou de difícil reparação ou abuso do

direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu;

4) não houver perigo de irreversibilidade do provimento

antecipado.

Uma vez cumpridos os requisitos acima, deve o ilustre

Magistrado antecipar os efeitos da tutela de mérito,

justamente para não prejudicar o direito da parte.

Aplicando a lei ao caso em mesa, demonstraremos através

dos fatos os requisitos ensejadores da antecipação da tutela:

1) a prova inequívoca repousa na documentação carreada

aos autos: comprovante de rendimentos de um dos servidores

filiados ao Sindicato ora Promovente, além de tratar-se de

tema público e notório, de conhecimento unânime por parte de

todos, em especial de todos aqueles servidores que trabalham

no Poder Judiciário Alencarino, inclusive os Magistrados,

onde todos são compelidos a recolherem diretamente na fonte o

imposto de renda sobre a verba indenizatória do adicional de

férias;

2) a verossimilhança das alegações: repousa no fato de

restar consolidado na jurisprudência predominante dos

Tribunais Superiores a natureza indenizatória do adicional de

férias. Repousa também nos artigos 7º e 39, da CF/88 e

artigos 122 e 123, da Lei Estadual nº 9.826/74 (Estatuto dos

servidores públicos civis do Estado do Ceará);

3) fundado receio de dano irreparável ou de difícil

reparação: Tal desconto prejudica diretamente o gozo do

benefício constitucional do adicional de férias,

comprometendo, inclusive, seu poder aquisitivo e

compensatório de indenização, além de prejudicar a natureza

alimentar de referida verba. É mais prejudicial ao servidor

referido desconto, do que ao Ente Público arrecadador o não

recebimento de tal tributo;

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4) não incidência do perigo de irreversibilidade do

provimento antecipatório: no caso em mesa, M.M.(a) Juiz(a),

não há o perigo de irreversibilidade do provimento

antecipatório, a partir do momento que, julgada improcedente

a presente ação, possibilidade bastante remota, o Estado do

Ceará facilmente terá como recompor a incidência e cobrança

de referidos valores.

Não trata o caso em mesa de nenhuma restrição legal

quanto a concessão da antecipação dos efeitos da tutela de

mérito prevista na Lei nº 9.494/97, pois não trata-se de

compensação de créditos tributários, nem reclassificação ou

equiparação de servidores, tampouco de extensão ou aumento de

vantagens, mas apenas do reconhecimento de não incidência de

um imposto sobre verba de natureza indenizatória.

Portanto, imprescindível à concessão da antecipação dos

efeitos da tutela para determinar ao Estado do Ceará

(obrigação de fazer) que, sobre o adicional de férias pago

aos oficiais de justiça/analista judiciário em execução de

mandados filiados ao SINDOJUS/CE, não incida a cobrança de

imposto de renda.

DOS PEDIDOS:

Diante do acervo probatório colacionado aos autos, da

legislação regente da matéria, da boa doutrina e da

jurisprudência existentes sobre o tema, o Sindicato dos

Oficiais de Justiça do Estado do Ceará ora Promovente requer

a Vossa Excelência que:

1) Conceda os benefícios da gratuidade processual, na forma preliminar requerida;

2) Conceda a antecipação dos efeitos da tutela de mérito para determinar a imediata suspensão de descontos

lançados nos extratos de pagamento dos servidores

oficiais de justiça/analista judiciário em execução de

mandados representados pelo SINDOJUS/CE no que tange

Imposto de Renda incidente sobre todo e qualquer abono

e/ou adicional de férias dos servidores filiados à

entidade ora Promovente;

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3) Se digne determinar intimar o Promovido, bem como

oficiar o setor de pessoal de Tribunal de Justiça do

Estado do Ceará para dar imediato cumprimento a medida

antecipatória de tutela, sob pena do pagamento de multa

diária, cujo valor roga seja arbitrado por este douto

Juízo;

4) No mérito, seja julgada procedente a presente ação,

confirmando os termos da tutela antecipada concedida, no

sentido de determinar ao Estado do Ceará que se abstenha

de lançar descontos nos vencimentos dos oficiais de

justiça/analistas judiciário em execução de mandados

filiados ao SINDOJUS/CE, referente à Imposto de Renda

sobre o adicional de férias, reconhecendo sua não

incidência sobre tais verbas, por ser de natureza

indenizatória e não remuneratória;

5) Ainda, no mérito, que condene o Estado do Ceará no

pagamento dos valores retroativos, a título de

atrasados, dos últimos 05 (cinco), a contar da data da

interposição da presente ação, referente a cobrança de

imposto de renda retido na fonte sobre o adicional de

férias dos servidores oficiais de justiça/analista

judiciários em cumprimento de mandados filiados ao

SINDOJUS/CE, devendo referidos valores serem pagos a

cada servidor, tudo corrigido e atualizado até a data de

seu efetivo pagamento;

6) Se digne determinar citar o Estado do Ceará para,

querendo, contestar, no prazo legal, o presente feito,

sob às penas da lei;

7) Se digne determinar intimar o ilustre Representante do Ministério Público para opinar sobre a presente ação;

8) Requer, ainda, a condenação do promovido nos ônus da

sucumbência, em especial em honorários advocatícios

arbitrados em percentual sobre o valor total da

condenação, inclusive sobre o montante dos atrasados;

9) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito, em especial pela juntada de novos

documentos e tudo mais que se fizer exequível;

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), por

inestimável o valor.

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Rua Beni de Carvalho, n° 159, Aldeota, Fortaleza, Ceará, CEP 60135-400

Fone/Fax: (85) 3224.3591

Pág

ina1

7

São os termos em que aguarda e confia no deferimento.

Fortaleza-CE, 20 de janeiro de 2015.

MÁRCIO AUGUSTO RIBEIRO CAVALCANTE

Advogado – OAB/CE 12.359

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