ação da eletricidade no corpo humano
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135Exacta, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 135-143, jan./jun. 2007.
Srgio Ricardo LourenoCoordenador de curso UninoveSo Caetano do Sul SP [Brasil]
Thadeu Alfredo Farias SilvaProfessor de Ensino Superior Uni nove
So Bernardo do Campo SP [Brasil][email protected]
Silvrio Catureba da Silva FilhoProfessor de Ensino Superior Uni nove
So Paulo SP [Brasil][email protected]
Um estudo sobre os efeitos da eletricidadeno corpo humano sob a gide da sade
e segurana do trabalho
A proposta, neste trabalho, apresentar os principais efeitosfisiolgicos da corrente eltrica no corpo humano: choqueeltrico. Inicia-se com a apresentao de conceitos bsicos daenergia eltrica, necessrios, como base terica, ao desenvol-vimento do tema. Na seqncia, apresentamos uma exposioda fisiologia dos principais efeitos causados ao corpo humano,do ponto de vista mdico, quanto tetanizao, fibrilaoventricular, parada cardiorrespiratria e a queimaduras.Abordam-se tambm as variveis fisiolgicas nas zonas docorpo humano, as conseqncias dos efeitos e, finalmente, asegurana do trabalho nos servios com eletricidade, envol-vendo os riscos acidentais, protees coletivas e individuais.Conclui-se que, em razo dos vrios e graves efeitos da correnteeltrica aplicada ao corpo humano, o atendimento s normasde instalao, proteo e segurana operacional imperativo eobrigatrio para garantir a integridade dos usurios.
Palavras-chave:Choque eltrico. Efeitos.Segurana operacional.
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1 Introduo
impossvel imaginar o mundo hoje sem a
energia eltrica, que se tornou um insumo essen-
cial para a execuo de quase todas as atividadesmodernas. Diferente de alguns outros segmentos,
esse requer cuidado especial, porque os perigos
no atingem apenas os profissionais eletricitrios
ou eletricistas, mas quaisquer pessoas que tenham
contato com a eletricidade. Todos os usurios es-
to sujeitos a acidentes que podem ser fatais.
Nos trabalhos diretos com eletricidade e nos
demais setores da vida moderna, os riscos de aci-
dentes podem ocorrer porque os sentidos huma-nos no percebem a presena de eletricidade, na
maioria dos casos, at o momento da aproxima-
o ou exposio por contato.
A pesquisa buscou, na fisiologia, efeitos do
choque eltrico, e na fisiologia do corpo humano,
a gravidade dos riscos inerentes exposio dos
colaboradores desse setor, mesmo que respeitadas
as Normas Regulamentadoras (NR) de Segurana
e Sade do Trabalho, do Ministrio do Trabalhoe Emprego, normas da Associao Brasileira de
Normas Tcnicas (ABNT 2004; ABNT, 1981) e
outras relevantes.
Prope-se, neste trabalho, justificar, por meio
da demonstrao dos efeitos da corrente eltrica
na fisiologia humana, a obrigatoriedade de os co-
laboradores do setor utilizarem os equipamentos
de proteo coletiva e individual no trabalho, de
serem dotados de maior capacitao e de cumpri-
rem a legislao vigente.
2 Efeitos da corrente eltrica
A corrente eltrica produz os seguintes efei-
tos: Joule, eletromagntico, eletroqumico, lumi-
noso e fisiolgico:
Efeito Joule a circulao do fluxo de cor-
rente eltrica em um condutor apresenta um
fenmeno de produo de calor, resultado
das violentas colises dos eltrons livres com
os tomos dos condutores. Essa velocidadede deslocamento dos eltrons livres aumen-
ta o impacto com os tomos e, adicionada
velocidade prpria de translao em torno do
ncleo, gera o efeito de agitao entre eles,
produzindo efeito trmico denominado de
Efeito Joule (RAMALHO JUNIOR, 1999).
Efeito eletromagntico em torno dos con-
dutores em que circula um fluxo de corrente,
cria-se um campo magntico perpendicu-
lar ao sentido de conduo. Esse fenmeno,
proveniente da criao do campo magnti-
co, pode ser demonstrado por vrios efeitos,
como o deslocamento de ims em torno de
condutores (CAMINHA, 1977).
Efeito eletroqumico o fluxo eltrico pode
produzir ao qumica ao circular em solues
eletrolticas. Esse fenmeno verificado no
recobrimento de metais por deposio de ma-
terial, como galvanoplastia e cromao, e nacarga e descarga dos acumuladores eltricos,
as baterias (RAMALHO JUNIOR, 1999).
Efeito luminoso o fluxo eltrico circulando
em meio gasoso, como em lmpadas de vapor
de mercrio, sdio, neon, argnio ou outros ga-
ses similares, produz luz (CAMINHA, 1977).
Efeito fisiolgico resulta da passagem do
fluxo eltrico por organismos vivos, podendo
agir diretamente no sistema nervoso muscu-lar e cardaco (GUYTON; HALL, 2002).
3 Efeitos fisiolgicosdo choque eltrico
O choque eltrico o efeito patofisiol-
gico resultante da passagem de uma corrente
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eltrica atravs do corpo de uma pessoa ou
de um animal que, dependendo do tempo e
da intensidade da exposio, poder ser fatal
(KILDERMANN, 1995).
Os choques eltricos possuem trs elementosfundamentais:
Parte viva: todo condutor ou parte con-
dutora a ser energizada em condies de
uso normal, incluindo o condutor neutro
(COTRIM, 2003);
Massa: parte condutora exposta que po-
der ser tocada e que normalmente no
viva, mas pode vir a s-lo em condies de
falha de isolamento; um invlucro de um
equipamento o exemplo tpico de massa
(COTRIM, 2003);
Elemento condutivo: no faz parte da ins-
talao eltrica, mas nela pode introduzir
um potencial, geralmente o da terra. o
caso dos elementos metlicos usados na
construo de edificaes metlicas de gs,
gua, ar-condicionado, aquecimento etc.,
bem como de pisos e paredes no-isolantes(COTRIM, 2003).
Segundo Cotrim (2003), deve-se considerar
dois tipos de contatos de exposio:
Direto: existe contato direto com a parte viva
de uma instalao eltrica;
Indireto: no existe contato direto com a par-
te viva; o contato das pessoas com a massasob tenso causado por falha de isolamento
ou aterramento.
Os principais efeitos fisiolgicos que uma
corrente eltrica (externa) produz no corpo
humano so tetanizao, fibrilao ventricu-
lar, parada cardiorrespiratria e queimadura
(CAMINHA, 1977).
3.1 Efeito fisiolgico da tetanizaoAs contraes musculares com foras dife-
rentes a soma de contraes individuais que,
juntas, aumentam a intensidade da contrao to-
tal podem ocorrer de duas formas. A primeira o aumento das unidades motoras que se contraem
ao mesmo tempo, permitindo a distribuio ou a
requisio de msculos a partir de sua necessida-
de. A segunda o aumento da freqncia de con-
trao, que ocorre individualmente e com baixa
freqncia. Na prtica, pode levar a perodos de
repetio estreitos, provocando a tetanizao dos
msculos (GUYTON; HALL, 2002).
A tetanizao o resultado da contrao
muscular na sua capacidade mxima, de modo
que qualquer aumento adicional na freqncia de
estimulao no exera novos efeitos (GUYTON;
HALL, 2002).
No choque eltrico, a corrente fisiolgica in-
terna do corpo humano soma-se corrente externa
desconhecida e de intensidade comparativamente
muito maior, levando hipocalcemia com concen-
traes plasmticas de ons de clcio cerca de 50%
abaixo do normal (GUYTON; HALL, 2002).A intensidade da corrente eltrica impos-
ta ao corpo humano mantido em contato direto
com materiais condutores poder produzir a te-
tanizao das mos, que somente ser interrom-
pida no caso de desligamento da fonte geradora
(CAMINHA, 1977).
3.2 Efeito fisiolgico da fibrilao
ventricularA fibrilao ventricular o tipo de arritmiacardaca que, se no for interrompida no perodo
de um a trs minutos, se torna irreversvel, levan-
do morte. Ela decorrente de uma seqncia de
impulsos cardacos desordenados, iniciando-se
pelo msculo ventricular, que se repetem conti-
nuamente no mesmo msculo (GARCIA, 2002).
Dessa forma, no ocorrer contrao coordenada
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do msculo ventricular a um s tempo, o que
necessrio para o correto funcionamento do cora-
o. Apesar de no encerrar o movimento estimu-
lante, essa forma desordenada, por toda parte dos
ventrculos, no gera volume de sangue suficientepara o bombeamento, levando inicialmente in-
conscincia, de quatro a cinco segundos, falta
de fluxo sangneo para o crebro e, finalmente,
falncia irrecupervel dos tecidos e do corpo, em
minutos (CARNEIRO, 1998).
Os fatores que apresentam maior probabili-
dade de causar a fibrilao ventricular so os cho-
ques eltricos sbitos no corao, a isquemia do
msculo cardaco ou ambos. Segundo Guyton e
Hall (2002), quando aplicado um estmulo el-
trico de sessenta hertz no corao, o primeiro
ciclo desse estmulo causa uma onda de despo-
larizao que se propaga em todas as direes,
deixando todo o msculo abaixo desse estado.
Depois de um quarto de segundo, parte desse ms-
culo comea a sair do estado refratrio. A Figura
1 ilustra o incio da fibrilao no corao, quando
esto presentes os focos da musculatura refratria
(COTRIM, 2003).A Figura 1 tambm mostra o eletrocardiogra-
ma do corao em fibrilao ventricular. Pode-se
observar que o fenmeno desordenado de contra-
es demonstra a falta de padronizao, o que eli-
mina qualquer possibilidade de reverso do qua-
dro estabelecido. A amplitude da tenso no estado
inicial de aproximadamente meio milivolt, e no
intervalo de vinte a trinta segundos cair para 0,2
a 0,3 milivolts; isso permanece at que a amplitu-de seja zerada.
A fibrilao um efeito do choque provenien-
te da descarga de corrente alternada. No entanto,
essa corrente, de forma controlada em alta tenso,
poder ser aplicada simultaneamente nos ventr-
culos e torn-los refratrios novamente. Este o
princpio do desfibrilador: um eletrochoque apli-
cado nos dois lados do corao, com intensidade
instantnea. Essa condio poder ser repetida al-
gumas vezes, pois comum o retorno fibrilao
(GUYTON; HALL, 2002).
3.3 Efeito fisiolgico da parada
cardiorrespiratriaOs surtos de corrente que passam pelo corpo
humano com elevada intensidade em curtos pero-
dos podem provocar parada cardaca ou, simples-
mente, o corao pra de bombear. Cessam-se
todos os sinais eltricos de controle no corao,
desenvolvendo-se hipoxia intensa devido res-
pirao inadequada (GUYTON; HALL, 2002;
KILDERMANN, 1995).
A hipoxia impedir as fibras muscularese as fibras de conduo cardacas de manterem
os potenciais normais de concentrao dos ele-
trlitos atravs da sua membrana. Assim, desa-
parece o ritmo normal de funcionamento. As
reabilitaes dos efeitos das paradas cardacas
podem ser revertidas com sucesso por tcnicas
de ressurreio aplicadas imediatamente, porm
as conseqncias provocadas pela reduo de
Figura 1: Princpio da desfibrilao e focos damusculatura refratria/eletrocardiograma noincio da fibrilao.
Fonte: Os autores.
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circulao sangnea no crebro sero impreci-
sas (KILDERMANN, 1995).
O maior desafio na parada circulatria
impedir a ocorrncia de efeitos prejudiciais ao
crebro. So necessrios de cinco a oito minu-tos para que, na reverso da parada circulat-
ria, no haja danos cerebrais permanentes. A
morte sempre foi atribuda hipoxia ou queda
de oxigenao, porm a medicina comprovou
a formao de cogulos de sangue no crebro,
decorrente da reduo da circulao sangnea
ou pelo fato de esse sangue no ter como ex-
pandir-se. Assim, a falncia cerebral iniciada
(KILDERMANN, 1995).
3.4 Efeito fisiolgico das
queimaduras
A circulao da corrente eltrica no corpo
humano acompanhada do Efeito Joule, fenme-
no de produo de calor; portanto, h probabili-
dade de queimaduras (CAMINHA, 1977).
As queimaduras so classificadas quanto ao
agente causador, profundidade ou grau, exten-
so ou gravidade, localizao e perodo evolu-
tivo. No que se refere ao agente causador, neste
trabalho de pesquisa, limita-se a analisar o efei-
to da eletricidade que passa pelo corpo humano
(KILDERMANN, 1995).
A evoluo dos efeitos da queimadura leva
aos estgios do choque circulatrio e se modi-
fica segundo os diferentes graus de gravidade,
dividindo-se em:
Estgio no progressivo, no qual os mecanis-
mos compensatrios da circulao normal
podero causar a recuperao completa, sem
a terapia de ajuda;
Estgio progressivo, no qual, sem terapia, o
choque torna-se progressiva e continuamente
pior, levando at a morte;
Estgio irreversvel, no qual o choque progre-
diu a tal grau que qualquer forma de terapia
conhecida inadequada para salvar a pes-
soa, mesmo que ainda esteja viva (BRASIL,
2006).
4 Variveis fisiolgicas naszonas do corpo humano
Segundo Cotrim (2003) e Creder (2002), as
principais variveis que influenciam no valor da
impedncia do corpo humano so:
Estado da pele: a maior resistncia est na
pele, diminuindo com a sudorese ou feridas
no corpo;
Local do contato: depende do trajeto da cor-
rente que passa pelo corpo humano de mo
para mo, de mo para p, de dedo para dedo
e outros;
rea de contato: o aumento da rea desenvol-
ve tambm a resistncia, porm, dependendo
da intensidade, poder aumentar a rea da
leso;
Presso de contato: quanto maior a tenso de
contato, maior a resistncia;
Durao de contato: quanto maior o tempo
de contato, menor a resistncia; no entan-
to, com o Efeito Joule haver queimadura
da pele, levando reao imediatamente in-
versa, ou seja, a resistncia atinge os valores
mais baixos;
Natureza da corrente: ocorrem alteraes em
razo da freqncia aplicada;
Taxa de lcool: no caso de ingesto de quan-
tidades altas de lcool, a resistncia eltrica
do corpo diminui;
Tenso eltrica do choque: a resistncia do
corpo diminui com o aumento do choque,
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ocorrendo maiores variaes nos nveis mais
baixos.
Deve-se considerar que essas reaes mudam
de pessoa para pessoa, pois, alm das diferenasantropomtricas, existem as condies biolgicas.
5 Segurana do trabalhona rea eltrica
Os riscos laborais a que esto sujeitos os
profissionais da rea de eletricidade so elevados,
podendo ocasionar desde leses at a fatalidade.O critrio do Ministrio do Trabalho e Emprego
(MTE) (BRASIL, 2004) define esses riscos em:
Riscos de choque eltrico: principal causador
de acidentes no setor. Geralmente, origina-
do por contato do trabalhador com partes
energizadas. Seus efeitos so as contraes
musculares, tetania, queimaduras, parada
cardiorrespiratria, degenerao parcial te-
cidular, quedas e impactos. Sua gravidade
depende da intensidade da corrente e do tem-
po de exposio. Praticamente todas as ati-
vidades executadas com eletricidade estaro
sujeitas a esse tipo de risco, entre as quais
manuteno, reparos, inspeo, medio e
poda de rvores;
Riscos de arco voltaico: causados pelo fluxo
de corrente eltrica atravs do meio isolante,
como o ar, produzido na desconexo e co-
nexo de chaves ou dispositivos eltricos, ou
ainda, em caso de curto-circuito. O arco vol-
taico produz calor e luminosidade capazes de
causar queimaduras aos trabalhadores, des-
de que no sejam respeitadas a distncia e as
sinalizaes recomendadas ou normalizadas
para a execuo desses servios;
Riscos de campo eletromagntico: gerados
pela passagem da corrente eltrica nos con-
dutores, sendo mais presentes nos servios de
transmisso e distribuio de energia eltri-
ca em alta tenso, que empregam potenciaiselevados. No h comprovao mdico-cien-
tfica dos danos desse tipo de radiao aos
trabalhadores (ABNT, 2004);
Riscos de queda: muito freqentes no setor
eltrico, ocorrem em conseqncia de cho-
ques eltricos aplicados aos trabalhadores,
que se desequilibram e caem. As causas so
atribudas negligncia ou impercia dos
colaboradores no uso dos equipamentos de
proteo individual (EPI) e falta de treina-
mentos adequados (ABNT, 1981; BRASIL,
2001);
Riscos de transporte: envolvem o transporte
de trabalhadores e a utilizao de veculos ou
plataformas elevadoras. A improvisao de
veculos ou a falta de manuteno nos siste-
mas elevatrios de plataformas pem em ris-
co os colaboradores;
Riscos de ataques de insetos: causados porataques de abelhas, marimbondos e vespas,
que ocorrem na execuo de servios em tor-
res, postes, subestaes, leitura de medido-
res, servios de poda de rvores e outros;
Riscos de ataques de animais: provocados
por ataques de animais peonhentos da re-
gio, como cobras e aranhas;
Riscos em ambientes confinados: trabalhar
em espaos confinados, como caixas subter-rneas e estaes de transformao de distri-
buio, fechadas, expe os colaboradores ao
risco de falta de oxigenao ou exposio
a agentes contaminadores, tais como gases
orgnicos asfixiantes (GUYTON; HALL,
2002);
Riscos ergonmicos: causados por diversos
fatores, como posturas no adequadas inte-
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rao entre o meio ambiente laboral e o tra-
balhador, nas diversas atividades;
Riscos fsicos: o calor excessivo causado por
atividades em espaos fechados e confinados
ou em subestaes, em razo da proximidadedos transformadores, geradores e capacitores
(GONALVES, 2003);
Riscos fsicos: a radiao no-ionizante
causada pela exposio ao sol, podendo ocor-
rer queimaduras, leses nos olhos, cncer de
pele e outras doenas provocadas pelos raios
infravermelho e ultravioleta (GONALVES,
2003).
6 Resultados e discusso
Os estudos relativos aos efeitos da energia
eltrica no corpo humano e, por extenso, do cho-
que eltrico padecem de maior rigor e uniformida-
de em razo da dificuldade em executar experin-
cias comprobatrias dos limites e variantes, pois o
perigo dos ensaios imprevisvel, e as variveis de
controle, extensas.Dessa forma, os esforos devem ser dire-
cionados anlise das diversas ocorrncias com
grande profundidade, para que as fatalidades for-
neam informaes sobre a relao nexo-causal
dos acidentes.
A aplicao de tcnicas de preveno deve ser
pautada pelo maior risco da eletricidade: se invis-
vel, no h distino entre um condutor energiza-
do e um desenergizado, a olho nu. Somente como uso de equipamentos apropriados ser possvel
determinar a condio dos sistemas condutores
de eletricidade. Portanto, a condio favorvel ao
contato humano com os circuitos eltricos deve
ser feita por profissional capacitado, e as normas e
polticas de segurana, cumpridas.
A NR-10, que dispe sobre Segurana em
Instalaes e Servios em Eletricidade (BRASIL,
2004), preconiza rigorosas e precisas orientaes
sobre proteo dos trabalhadores. O cumprimen-
to dessa norma culminar na preveno de poten-
ciais acidentes na prtica laboral.
A partir de dados coletados pela FundaoCoge, com base no levantamento de informa-
es do Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS), apresentado na Tabela 1 o indicador
porcentual do panorama nacional de bitos no
trabalho pelo total de trabalhadores registrados.
Na Tabela 2, esse mesmo indicador porcentual
mostrado, de forma restrita, aos trabalhadores
do setor eltrico.
Finalmente, a Tabela 3 apresenta o resultado
da comparao de bitos do setor eltrico com o
panorama nacional de bitos. Verifica-se que, en-
tre 2000 e 2003, houve um aumento contnuo de
at sete vezes a mdia nacional.
Tabela 1: Panorama nacional de bitosno trabalho
AnoMassa
trabalhadoraregistrada
bitos Acidentesno Trabalho
% bitosx MassaTrabalho
2000 20 milhes 3,091 0,015
2001 20 milhes 2,753 0,014
2002 19 milhes 2,823 0,015
2003 19 milhes 2,582 0,013
2004 20 milhes 2,801 0,014
Fonte: Com base nos levantamentos de informaes INSS pela
Fundao Coge (ORSOLON, 2006).
Tabela 2: Panorama nacional de bitos notrabalho trabalhadores do setor eltrico
AnoMassa
trabalhadoraregistrada
bitos Acidentesno Trabalho
% bitosx MassaTrabalho
2000 101 mil 64 0,063
2001 97 mil 77 0,079
2002 96 mil 78 0,081
2003 97 mil 80 0,082
2004 96 mil 61 0,063
Fonte: Com base nos levantamentos de informaes do INSS pelaFundao Coge (ORSOLON, 2006).
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Embora a NR-10 tenha sido publicada oficial-
mente em dezembro de 2004, a queda dos indica-
dores de bitos deste ano caiu para quatro vezes
e meia em relao mdia nacional. Os agentes
do setor atribuem essa queda influncia da im-
plantao da norma NR-10, que criou grupos de
estudos capazes de desenvolver e, imediatamente,
implementar os novos procedimentos.
Em razo da exigncia da sua aplicabilidade
imediata, ficou garantido o menor tempo de di-
vulgao dessa norma junto s empresas do setor
eltrico, alm de terem sido estabelecidos prazos
limites para que se adequassem s novas regras.
A presena de pessoas habilitadas a prestarsocorro imediato tambm extremamente desej-
vel, posto que o tempo de atendimento primor-
dial para a manuteno da vida humana em caso
de choque eltrico.
7 Consideraes finais
Por meio da investigao, foi possvel depreen-der que, ao circular pelo organismo humano, a
corrente eltrica provoca diversos efeitos e conse-
qncias desde um susto at o bito. Como o
controle no instante de contato do ser humano
difcil e arriscado, torna-se imperativo que as nor-
mas e procedimentos, luz da legislao vigente,
sejam atendidos e cumpridos com afinco. A NR-
10 e outras que se faam necessrias devero ser
atendidas para garantir a integridade fsica dos
trabalhadores do setor eltrico.
Ainda se pressupe que mesmo os profissio-
nais capacitados para efetuar servios com energia
eltrica estaro sujeitos a acidentes no exerccio desuas atividades, com o cumprimento ou no das
normas de segurana.
Referncias
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMASTCNICAS. NBR 5410. Instalaes eltricas de baixatenso. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMASTCNICAS. NBR 6533. Estabelecimento de seguranaaos efeitos da corrente eltrica percorrendo o corpo
humano. Rio de Janeiro: ABNT, 1981.
Tabela 3: Comparao de bitos no setoreltrico x panorama nacional
Comparaode bitos
no setor eltrico x panoramanacional
2000 4,2 vezes maior
2001 5,7 vezes maior
2002 5,9 vezes maior
2003 7 vezes maior
2004 4,5 vezes maior
Fonte: Com base nos levantamentos de informaes do INSS pelaFundao Coge (ORSOLON, 2006).
A study about the electricityeffects in the human
body regarding healthand security at work
The proposal in this work is to present the mainphysiological effect of the electric chain passingin the human body: electric shock. It is initiatedwith the presentation of basic concepts of theelectric energy, necessary as theoretical basis inthe development of the subject. In the sequencewe present an exposition of the physiology ofthe main effect caused to the human body underthe medical optics regarding tetanus, ventricularfibrillation, cardiorespiratory stops and burns.We approach the physiological of the variablesin the human body and the consequences of the
effect. Finally, the focus is on the security mea-sures in services dealt with electricity, involvingthe accidental risks, collective protections andindividual protections. One concludes that dueto the several and serious effect of the appliedelectric chain to the human body, the atten-dance of the installation norms, protection andoperational security is imperative to guaranteethe integrity of the users.
Key words:Accidental risks. Electrical shock.Installation of norms and safety.
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Artigos
143Exacta, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 135-143, jan./jun. 2007.
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BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. NormaRegulamentadora n. 10.Braslia, DF: Portaria Dsst-SIT-MTE, 2004.
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CAMINHA, A. C. Introduo proteo dos sistemaseltricos.So Paulo: Edgard Blcher, 1977.
CARNEIRO, E. F. O eletrocardiograma.2. ed. Rio deJaneiro: Edio do autor, 1998.
COTRIM, A. A. M. Instalaes eltricas.4. ed. SoPaulo: Prentice Hall, 2003.
CREDER, H. Instalaes eltricas.14. ed. Rio deJaneiro: LTC, 2002.
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RAMALHO JUNIOR, Francisco. Os fundamentos dafsica.7. ed. So Paulo: Moderna, 1999.
ORSOLON, M. Implementao da NR-10. RevistaPotncia, So Paulo, ano III, n. 19, p. 24-40, set. 2006.
Recebido em 21 jun. 2007 / aprovado em 28 ago. 2007
Para referenciar este texto
LOURENO, S. R.; SILVA, T. A. F.; SILVA FILHO,S. C. da. Um estudo sobre os efeitos da eletricidadeno corpo humano sob a gide da sade e seguranado trabalho. Exacta, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 135-143,jan./jun. 2007.
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