ação contra assinatura automática e indevida de revista

18
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DE TERESINA-PI (ZONA LESTE 2) REQUER AUDIÊNCIA UNA DE CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. NOME E QUALIFICAÇÃO COMPLETA, por intermédio de seu patrono que a esta subscreve conforme procuração em anexo (DOC. 01), causídico inscrito na OAB\PI, sob o nº..., onde em atendimento à diretriz do art. 39, inc. I, do CPC, indica o endereço profissional para as devidas intimações na ......, vem perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 282 do CPC, do Código Civil e CDC, propor a presente; AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA CONTRATUAL C\C REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO C\C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Em desfavor da EDITORA....., na pessoa de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: I – DOS FATOS

Upload: joelia-nascimento

Post on 10-Nov-2015

33 views

Category:

Documents


10 download

DESCRIPTION

Modelo

TRANSCRIPT

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CVEL E CRIMINAL DE TERESINA-PI (ZONA LESTE 2)

REQUER AUDINCIA UNA DE CONCILIAO, INSTRUO E JULGAMENTO.

NOME E QUALIFICAO COMPLETA, por intermdio de seu patrono que a esta subscreve conforme procurao em anexo (DOC. 01), causdico inscrito na OAB\PI, sob o n..., onde em atendimento diretriz do art. 39, inc. I, do CPC, indica o endereo profissional para as devidas intimaes na ......, vem perante Vossa Excelncia, com fulcro no artigo 282 do CPC, do Cdigo Civil e CDC, propor a presente;

AO DECLARATRIA DE INEXISTNCIA CONTRATUAL C\C REPETIO DE INDBITO EM DOBRO C\C INDENIZAO POR DANOS MORAIS

Em desfavor da EDITORA....., na pessoa de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos jurdicos a seguir expostos:

I DOS FATOS

O Autor era assinante da revista POCA, junto a fornecedora R, tendo escolhido como meio de pagamento carto de crdito de sua titularidade.

Ocorre Excelncia que mesmo aps o vencimento da referida assinatura, a Editora R continuou efetuando descontos indevidos no carto de crdito do Autor. Alm desta conduta abusiva da R, a mesma agiu de forma ainda mais danosa e abusiva, ou seja, comeou a criar assinaturas fantasmas de revistas para o Autor, SEM O CONSENTIMENTO deste, debitando diretamente em seu carto de crdito o valor de cada assinatura e por sinal enviando tais revistas SEM SUA AUTORIZAO, conforme cpia das faturas de carto de crdito em anexo (DOC. 02), so elas:

Revista globo rural; revista galileu; revista pequenas empresas grandes negcios e revista auto esporte.

importante destacar que todas essas revistas nunca foram assinadas nem solicitadas pelo Autor, e que o mesmo no possui interesse nas mesmas, e que foram descontados indevidamente os seguintes valores:

1-ED GLOBO TMK MATRI- 10 parcelas de R$ 29,90= totalizando R$ 299,00;

2-ED GLOBO TMK MATRI- 8 parcelas de R$ 59,80= totalizando R$ 478,40;

3-ED GLOBO TMK MATRI- 12 parcelas de R$ 9,90= totalizando R$ 118,80;

4-ED GLOBO TMK MATRI- 12 parcelas de R$ 39,90= totalizando R$ 478,80.

TOTAL= R$ 1.375,00 (hum mil trezentos e setenta e cinco reais). O contrato de revista poca findou, sendo todas essas cobranas frutos de contrato gerado sem a anuncia do Autor, assim tambm ocorre com as demais revistas j citadas, que nunca foram contratas pelo mesmo, motivo pelo qual vem sendo cobrado em seu carto de crdito indevidamente pela empresa R.

Diante disso o Autor procurou a editora R, para que fosse cancelada tais assinaturas ilegais, bem como fosse devolvido todos os descontos ilegalmente usurpados de seu carto de crdito, no qual no logrou xito.

Assim, o Autor procurou o PROCON\PI para que tivesse seu direito de consumidor tutelado pelo mesmo, cujo processo foi tombado sob o N. 0114-007.859-1, no qual ocorreram trs audincias sem que a R resolvesse o problema do consumidor, fazendo a juntada apenas de um comprovante de estorno no carto do Autor no valor de R$ 478,80 (quatrocentos e setenta e oito reais e oitenta centavos), porm, sem a repetio do indbito, tendo o referido rgo de proteo ao consumidor encaminhado a lide para apreciao do poder judicirio, conforme termo de audincia em anexo (DOC. 03), que importante se destacar um trecho da referida deciso, in verbis:

O consumidor juntou ainda documento emitido pela fornecedora no sentido de renovao automtica de assinaturas, o que consubstancia mais um indcio de desrespeito ao art. 39, III, do CDC. Acrescentou ainda que continua a receber revistas em sua residncia.

O conciliador consignou que no foi possvel constatar o estorno de parte das cobranas indevidas. Por outro lado, verificou que o fornecedor no providenciou a repetio do indbito. Concluiu ainda que o fornecedor teve quatro oportunidades para resolver a demanda amigavelmente pelo PROCON, mas apesar disso no atendeu a totalidade do pleito que embasado na lei, fato que desperta a ocorrncia de danos morais ao consumidor.

Face o exposto, encaminho a lide para apreciao do poder Judicirio.

Por outro lado, determino a instaurao de processo administrativo para aplicao de sano ao fornecedor, nos termos da ampla defesa e devido processo legal.

Todos os descontos ilegais somados perfazem o valor total de R$ 1.375,00 (hum mil trezentos e setenta e cinco reais), e se consubstanciam em diminuio do patrimnio do Autor e enriquecimento sem causa por parte da R.

Concluindo, o Autor foi cobrado indevidamente pela R na quantia de R$ 1.375,00 (hum mil trezentos e setenta e cinco reais) que em sua forma dobrada, tendo por base o disposto no Cdigo de Defesa do Consumidor, no que diz respeito cobrana e o pagamento de valores indevidos, totaliza o valor de R$ 2.750,00 (dois mil setecentos e cinquenta reais), que deduzido o valor j estornado no carto do Autor no importe de R$ 478,80 (quatrocentos e setenta e oito reais e oitenta centavos), temos que a R deve ao Autor a importncia de R$ 2.271,20 (dois mil duzentos e setenta e um reais e vinte centavos).

II DO DIREITO

II.1- DA PRTICA ABUSIVA PRATICADA PELA R (art. 39, III do CDC).

ntida a prtica abusiva praticada pela R, que na ganncia de auferir lucro chega ao ponto de invadir o patrimnio do Autor para cobrar a renovao automtica de assinatura, alm de criar e cobrar diversas outras assinaturas em nome do Autora, mesmo sem o consentimento deste.

O CDC veda expressamente a conduta que a R est utilizando, considerando tal prtica como clusula abusiva, conforme dispe o art. 39, III daquele diploma legal, in verbis:

Art. 39 do CDC. Prticas Abusivas

vedado ao fornecedor de produtos ou de servios, dentre outras prticas abusivas:

I ()

II ()

III enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitao prvia, qualquer produto ou fornecer qualquer servio; A jurisprudncia firme quando trata do assunto, vejamos:

2004.700.033627-1 Juiz(a) FLAVIO CITRO VIEIRA DE MELLO

Violao ao artigo 39, Ill da Lei 8078/90. Renovao automtica de assinatura de revista semanal. Cobrana indevida na fatura de carto de crdito, de 5 parcelas de RS 42,00 (fl. 23/28 e 51). Cancelamento do carto de crdito a fl. 52/53. Sentena de fl. 84/86 que julgou procedente em parte o pedido, condenando a Editora Trs ao a cancelar o contrato renovado automaticamente, bem como pagar a quantia de RS 1.200, 00 a titulo de danos morais, julgando improcedente o pedido formulado em face da segunda r, Credicard S/A. Recurso do consumidor a fl. 88. Recurso do fornecedor a fl. 91. Provimento parcial do recurso do consumidor de fl. 88 para exasperar a condenao por danos morais para 15 salrios-mnimos federais da data do efetivo pagamento, considerando que o consumidor sofreu 5 cobranas indevidas a f . 23/28 e 51 e considerando o fato do carto de crdito ter sido cancelado a fl. 52/53. Sem honorrios, na forma dos artigos 54 e 55 da Lei 9.099/95. Desprovimento do recurso do fornecedor de fl. 91, arbitrando os honorrios de sucumbncia em 20% do valor da condenao.

2004.700.013621-0 Juiz(a) CLEBER GHELFENSTEIN

DANO MORAL. CONTRATO DE ASSINATURA PARA RECEBIMENTO DE REVISTA. EDITORA QUE IMPE AUTORA A RENOVAO AUTOMTICA. EMPRESA QUE IGNORA A VONTADE DA AUTORA, INVADE A SUA CONTA DE CARTO DE CRDITO E DEBITA O VALOR DA PARCELA SEM AUTORIZAO PARA TAL. PRTICA COMERCIAL REPROVVEL E ABUSIVA COM VEDAO EXPRESSA NO INCISO III DO ART. 39 DO CODECON. EMPRESA QUE, ENVOLVIDA PELA GANNCIA DO LUCRO, CHEGA AO ABSURDO DE INVADIR O PATRIMNIO ALHEIO PARA A RETIRADA DE VALORES, CRIANDO UMA INFINIDADE DE ABORRECIMENTOS AUTORA. OBRIGAO DE INDENIZAR PELOS DANOS MORAIS. M PRESTAO DO SERVIO. INCIDNCIA DO DISPOSTO NO ART. 14 DO MESMO DIPLOMA. FIXAO DO QUANTUM INDENIZATRIO OBSERVADO O PRINCPIO DA RAZOABILIDADE. SENTENA MANTIDA POR SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS, NA FORMA DO ARTIGO 46 DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS.

2003.700.027311-8 Juiz(a) CLEBER GHELFENSTEIN

DANO MORAL. DANO MATERIAL. EMPRESA R QUE IMPE AO AUTOR A RENOVAO AUTOMTICA DE ASSINATURA DE REVISTA. EMPRESA QUE IGNORA A VONTADE DO AUTOR INVADE E DEBITA O VALOR REFERENTE ASSINATURA SEM AUTORIZAO PARA TAL. PRTICA COMERCIAL REPROVVEL E ABUSIVA, COM VEDAO EXPRESSA NO INCISO III DO ART. 39 DO CODECON. OBRIGAO DE INDENIZAR PELOS DANOS MORAIS E MATERIAIS. M PRESTAO DO SERVIO. INCIDNCIA DO DISPOSTO NO ART. 14 DO MESMO DIPLOMA. FIXAO DO QUANTUM INDENIZATRIO, OBSERVADO O PRINCPIO DA RAZOABILIDADE. SENTENA QUE SE MANTM POR SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO.II.2- DA AMOSTRA GRTIS (art. 39, P. nico do CDC).

Como narrado anteriormente, o CDC considera como prtica abusiva o fato do fornecedor renovar automaticamente a assinatura do Autor e ainda criar assinaturas para o mesmo, sem que este consentisse.

Ocorre que a R descumpriu o inciso III do art. 39 do CDC e por isso, deve-se aplicar a regra do Pargrafo nico do mesmo diploma legal, ou seja, que os produtos (revistas) enviadas para a residncia do Autor, as quais este no solicitou, sejam consideradas amostras grtis, isentando o Autor da obrigao de pagar, in verbis:

P. nico do Art. 39 do CDC

Os servios prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hiptese prevista no inciso III, equiparam-se s amostras grtis, inexistindo a obrigao do pagamento.

Neste sentido seguem as seguintes jurisprudncias:

2005.001.48570 APELACAO CIVEL DES. GILBERTO REGO julgamento: 21/03/2006 SEXTA CAMARA CIVEL

Direito do Consumidor. Apelao cvel. Resciso Contratual cumulada com indenizatria. Danos Morais. Assinatura de Revista. Sentena Julgando Improcedentes os pedidos. Inconformismo da Autora. Incidncia das normas protetivas do CDC. Princpio da Boa-f. O simples fornecimento dos dados do consumidor no pressupe a sua vontade de contratar. Falta de manifestao inequvoca do consumidor. Inverso do nus da prova. Exemplares enviados devem ser considerados amostras grtis -artigo 39, pargrafo nico do CDC. Devoluo das parcelas pagas que se impe. Dano moral no configurado. RECURSO CONHECIDO e PARCIALMENTE PROVIDO.

2003.700.009069-3 Juiz(a) CARLOS GUSTAVO VIANNA DIREITO

RECURSO INOMINADO CARTO DE CRDITO CONSUMIDOR QUE RECEBE CARTO DE CRDITO DA R SEM PRVIA SOLICITAO INTELIGNCIA DO ARTIGO 39 DO CDC ENVIO DE PRODUTO NO SOLICITADO PELO CONSUMIDOR PRATICA ABUSIVA AMOSTRA GRTIS OFERTA QUE NO PODE ONERAR O CONSUMIDOR CONDUTA DA R QUE, AO CONSIDERAR EM VIGOR O CONTRATO OFERTADO AO CONSUMIDOR PELO FATO DESTE NO O TER CANCELADO EXPRESSAMENTE, AFRONTA O CDC SENTENA DE PROCEDNCIA EM PARTE QUE DECLAROU INEXISTENTE O CONTRATO ENTRE AS PARTES, BEM COMO O SEU CANCELAMENTO, E AINDA CONDENOU A R A PAGAR O5 SALRIOS MNIMOS A TTULO DE DANOS MORAIS OBRICAO QUE NO PODE SER CRIADA UNILATERALMENTE PELA R FIXAO DO QUANTUM QUE ATENDE AOS CRITRIOS PUNITIVO E PEDAGGICO RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO HONORRIOS DE 20% SOBRE O VALOR DA CONDENAO.

III DO DANO MATERIAL

O Autor deve ser ressarcido de todas as cobranas realizadas em seu carto de crdito, relativas a assinatura que se renovou automaticamente e as assinaturas que o mesmo no solicitou, por serem consideradas prticas abusivas previstas no art. 39, III do CDC.

Neste sentido, o Autor deve ser ressarcido de todas as cobranas efetuados em seu carto de crdito, relativas as parcelas de assinaturas renovadas automaticamente bem como as assinaturas criadas sem o seu consentimento, conforme valores a seguir descritos:

1-ED GLOBO TMK MATRI- 10 parcelas de R$ 29,90= totalizando R$ 299,00;

2-ED GLOBO TMK MATRI- 8 parcelas de R$ 59,80= totalizando R$ 478,40;

3-ED GLOBO TMK MATRI- 12 parcelas de R$ 9,90= totalizando R$ 118,80;

4-ED GLOBO TMK MATRI- 12 parcelas de R$ 39,90= totalizando R$ 478,80.

TOTAL= R$ 1.375,00 (hum mil trezentos e setenta e cinco reais).

III.1- DA REPETIO DO INDEBITO EM DOBRO.

Verifica-se que as cobranas efetuadas pela R diretamente no carto de crdito do Autor, referentes a renovao automtica de assinatura e assinaturas que este no solicitou, so indevidas.

A conduta da R faz incidir a regra contida no Pargrafo nico do art. 42 do CDC, ou seja, a autora deve ser ressarcida por valor igual ao dobro do que pagou em excesso.

Confere a Lei 8.078/90, Cdigo de Defesa do Consumidor, em seu art. 42, diante do acontecido acima narrado, que o Autor possui direito de receber no s a quantia paga, mas o dobro do valor pago indevidamente, in verbis:

O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel.

Assim, o Autor foi cobrado indevidamente pela R na quantia de R$ 1.375,00 (hum mil trezentos e setenta e cinco reais) que em sua forma dobrada, tendo por base o disposto no Cdigo de Defesa do Consumidor, no que diz respeito cobrana e o pagamento de valores indevidos, totaliza o valor de R$ 2.750,00 (dois mil setecentos e cinquenta reais), que deduzido o valor j estornado no carto do Autor no importe de R$ 478,80 (quatrocentos e setenta e oito reais e oitenta centavos), temos que a R deve ao Autor a importncia de R$ 2.271,20 (dois mil duzentos e setenta e um reais e vinte centavos).

IV DO DANO MORAL

notrio que o Autor sofreu dano moral, agravado ainda pelo fato de o mesmo ter procurado o PROCON\PI e ter sofrido o constrangimento de ter ido a 03 audincias para tentar resolver o problema sem xito e ainda ver seu carto de crdito ser indevidamente apropriado pela R, que lanou vrias cobranas sem sua autorizao.

Com as cobranas indevidas, o Autor tinha grande parte de seus limites do carto de crdito comprometidos, no podendo utiliza-los com mais liberdade para compras essenciais.

Assim, o Autor deve ser compensado por todo o constrangimento, transtornos e aborrecimentos sofridos neste perodo, pois, tais SUPERAM, e MUITO, os limites do que se entende por razovel no cotidiano de um ser humano, em razo do descaso da R.

No que refere reponsabilidade civil, o nosso Cdigo Civil preleciona que, in verbis:

Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.

Art. 187. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

Cabe salientar a lio do Professor Desembargador SRGIO CAVALIERI FILHO, em sua obra Programa de responsabilidade Civil, Ed. Malheiros, 1998, o qual ensina que:

deve ser reputado como dano moral, a dor, o vexame, sofrimento ou humilhao que, fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicolgico do indivduo, causando-lhe aflies, angstia e desequilbrio em seu bem-estar Se assim no se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando aes judiciais em busca de indenizaes pelos mais triviais aborrecimentos.

Como ensina o eminente e saudoso civilista CAIO MRIO DA SILVA PEREIRA, quando se cuida de dano moral, o fulcro do conceito ressarcitrio acha-se deslocado para a convergncia de duas foras:

Carter punitivo, para que o causador do dano, pelo fato da condenao, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o carter compensatrio para a vtima, que receber uma soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido (Responsabilidade civil, Rio de Janeiro, Forense, 1.990, p. 62). exatamente isso que se pretende com a presente ao: uma satisfao, uma compensao pelo sofrimento que experimentou o Autor com o abuso na cobrana, isso nada mais do que uma contrapartida do mal sofrido, com carter satisfativo para o LESADO e punitivo para a R, causadora do dano, para que se abstenha de realizar essa conduta lesiva com outros consumidores.

Deste modo, para que atenda a sua dplice finalidade, o montante indenizatrio deve ser fixado em quantum que, alm de abrandar o menoscabo moral sofrido pelo consumidor lesado em seus direitos bsicos, tenha o condo de desestimular o fornecedor a praticar novamente a conduta sub censura, seno vejamos:

Esta teoria, aplicada hodiernamente por nossos tribunais, em julgados que vm tentando consolid-la, espelha-se no exemplo norte americano dos punitive damages, em que defende-se a fixao de indenizao por danos morais que desestimulem os autores dos danos agir da mesma forma lesiva em outra oportunidade. Fica claro, portanto, que a condenao por danos morais teria, ao lado da compensao, o objetivo de punir o ofensor e, por consequncia, dar exemplo sociedade.

Para a fixao do quantum indenizatrio, o juiz deve se ater ao princpio da razoabilidade, compensando a vtima na justa medida do dano sofrido, no permitindo que o instituto seja desvirtuado e passe a constituir-se numa fonte de enriquecimento ilcito. Do mesmo modo, no pode desconsiderar a fora econmica do infrator e por isso deve impor-lhe sano que o desestimule de continuar praticando atos ilcitos.

Desse modo levando-se em conta o poderio econmico da empresa Demandada, sugere-se a condenao na quantia mxima dos Juizados Especiais, ou seja, 40 (quarenta) vezes o valor do salrio mnimo vigente.

Assim, pelo evidente dano moral provocado, de impor-se a devida e necessria condenao, com arbitramento de indenizao ao Autor.

V DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer o Autor, que:

A) Seja julgada PROCEDENTE A PRESENTE AO para:

a.1) Declarar a inexistncia da relao contratual entre Autor e R, considerando nulas todas as assinaturas e renovao no reconhecidas pelo Autor;

a.2) Com base no art. 42 do Cdigo de Defesa do Consumidor condenar a R ao pagamento do valor de R$ 2.271,20 (dois mil duzentos e setenta e um reais e vinte centavos), ttulo de repetio de indbito pelas cobranas e descontos ilegais no carto de crdito do Autor;

a.3) A fixao da indenizao por danos morais em valores a ser arbitrado por Vossa Excelncia e sugeridos pelo Autor no teto mximo dos Juizados Especiais, renunciando desde j a qualquer valor excedente a 40 salrios mnimos;

a.4) Declarar como AMOSTRA GRTIS todas as revistas envidas para a residncia do autor, as quais o mesmo no consentiu.B) A citao da R, na pessoa de seu representante legal, para comparecer Audincia UNA, e querendo, oferecer contestao na fase processual oportuna, sob pena de revelia e confisso ficta da matria de fato, com o consequente julgamento antecipado da lide;C) A inverso do nus da prova em favor do consumidor, tendo em vista a sua hipossuficincia e, ainda, a verossimilhana das suas alegaes, a teor do que autoriza o inciso VIII, do art. 6, CODECON, determinando-se Demandada que apresente em juzo documentos contratuais originais referentes aos supostos contratos, bem como planilha demonstrando pormenorizadamente todos os descontos efetuados no carto de crdito do Autor;D) A condenao da empresa R nas custas processuais e honorrios advocatcios, no importe de 20% sobre o valor da condenao, conforme art. 20 do CPC e Art. 55 da lei 9.099/95, em caso de eventual recurso;E) Requer ainda a designao de audincia UNA;

Protesta o Autor provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, com inverso do nus da prova, nos termos do artigo 6, VII e VIII do CDC.

D-se causa o valor de R$ 31.520,00 (trinta e um mil, quinhentos e vinte reais).

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Teresina- PI, 13 de Fevereiro de 2015.

ADVOGADO OAB N.....