abreu, marlon a. de. o mercado imobiliário em londrina e ribeirão preto

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Presidente Prudente Faculdade de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Geografia MARLON ALTAVINI DE ABREU O mercado imobiliário em Londrina e Ribeirão Preto: análise comparativa do processo de estruturação intraurbano. Orientador: Prof. Dr. Everaldo Santos Melazzo. Relatório de pesquisa referente às atividades realizadas durante o período de vigência de bolsa de Mestrado, sob o processo 2012/03708 1. Presidente Prudente 2013

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ABREU, Marlon A. de. O mercado imobiliário em Londrina, Marília e São José do Rio Preto: análise comparativa do processo de estruturação intraurbano. (2011). 136f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Geografia), Departamento de Geografia, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente, 2011.

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  • 1

    Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho Campus de Presidente Prudente Faculdade de Cincias e Tecnologia

    Programa de Ps-Graduao em Geografia

    MARLON ALTAVINI DE ABREU

    O mercado imobilirio em Londrina e Ribeiro Preto: anlise comparativa do processo de estruturao

    intraurbano.

    Orientador: Prof. Dr. Everaldo Santos Melazzo.

    Relatrio de pesquisa referente s atividades

    realizadas durante o perodo de vigncia de

    bolsa de Mestrado, sob o processo n

    2012/03708 1.

    Presidente Prudente 2013

  • 2

    Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho Campus de Presidente Prudente Faculdade de Cincias e Tecnologia

    Programa de Ps-Graduao em Geografia

    Relatrio Final. Maro de 2014

    Bolsista: Marlon Altavini de Abreu

    Processo: 2012/03708-1

    Vigncia: 01/05/2012 a 28/02/2014

    Ttulo do Projeto: O mercado

    imobilirio em Londrina e Ribeiro

    Preto: anlise comparativa do

    processo de estruturao

    intraurbano.

    Orientador: Everaldo Santos

    Melazzo

  • 3

    RESUMO ....................................................................................................................................... 6

    APRESENTAO ........................................................................................................................ 7

    PARTE I: A TRAJETRIA DE PESQUISA .................................................................................. 9

    1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS. ...................................................................................... 10

    1.1. DISCIPLINAS CURSADAS ...................................................................................................... 10

    1.2. PARTICIPAO EM EVENTOS: WORKSHOPS, ENCONTROS E SEMINRIOS. ............................... 14

    1.3. PARTICIPAO EM DEFESAS DE DOUTORADO, MESTRADO E MONOGRAFIA. ...................... 15

    1.4. PARTICIPAO EM AULA MAGNA ..................................................................................... 16

    1.5. PARTICIPAO EM CONFERENCIAS E MESAS REDONDAS ................................................. 17

    1.6. PARTICIPAO EM CURSOS. ........................................................................................... 17

    1.7. CURSOS DE CURTA DURAO MINISTRADOS .................................................................... 18

    1.8. PARTICIPAO EM GRUPOS DE ESTUDOS/REUNIES DE ORIENTAO ................................ 19

    1.9. REUNIES DE ORIENTAO ............................................................................................ 21

    1.10. TRABALHOS DE CAMPO. DESCRIO DAS ATIVIDADES DE CAMPO ..................................... 21

    1.10.1. Trabalhos de campo realizados na cidade de Londrina ......................................... 21

    1.10.2. Trabalhos de campo Realizados na cidade de Ribeiro Preto. .............................. 24

    PARTE II: O RELATRIO CIENTFICO. ................................................................................... 30

    1. ESTRUTURAO URBANA E DAS CIDADES DE LONDRINA E RIBEIRO PRETO. ......................... 31

    1.1. Formao histrica das cidades de Londrina e Ribeiro Preto. ............................. 31

    1.3 Transformaes e permanncia na estruturao urbana das cidades de Londrina e

    Ribeiro Preto. ..................................................................................................................... 37

    1.2. Expanso territorial urbana nas cidades de Londrina e Ribeiro Preto. ................. 41

    2. O MERCADO IMOBILIRIO EM LONDRINA E RIBEIRO PRETO: FUNDAMENTOS PARA UMA ANLISE

    COMPARADA. ............................................................................................................................. 57

    2.1. Os fundamentos da dinmica imobiliria: agentes, escalas e processos. .................. 59

    2.2. Negcios imobilirios em Londrina e Ribeiro Preto: desdobramentos espaciais da

    dinmica imobiliria recente ................................................................................................ 70

    2.3. Mercado imobilirio, dinmica da produo habitacional e estruturao das cidades.77

    3. O MERCADO IMOBILIRIO EM LONDRINA E RIBEIRO PRETO. .................................................. 100

    3.1. Procedimentos metodolgicos e construo dos resultados de pesquisa. ............... 100

    3.2. Discusso dos procedimentos de anlise dos resultados. ........................................ 106

    CONSIDERAES FINAIS. .......................................................................................................... 130

    BIBLIOGRAFIA. ......................................................................................................................... 133

  • 4

    Lista de Quadros

    Quadro 1. Sntese das disciplinas cursadas no perodo. 2012 ................................................... 13

    Quadro 2.Sntese de temticas abordadas no ano de 2012. ..................................................... 19

    Quadro 3. Cronograma do Trabalho de Campo em Londrina. Setembro de 2012 .................... 22

    Quadro 4. Cronograma do Trabalho de Campo em Londrina. Junho de 2013 .......................... 23

    Quadro 5. Cronograma do Trabalho de Campo em Londrina. Junho de 2013 .......................... 24

    Quadro 6. Cronograma de atividades realizadas no Trabalho de Campo em Ribeiro Preto.

    Dezembro. 2012. ......................................................................................................................... 25

    Quadro 7 Cronograma de atividades realizadas no Trabalho de Campo em Ribeiro Preto,

    novembro de 2013 ...................................................................................................................... 28

    Quadro 8. Cronograma de atividades realizadas no Trabalho de Campo em Ribeiro Preto,

    fevereiro de 2014. ....................................................................................................................... 28

    Lista de Imagens

    Imagem 1. Vistas da Gleba Palhano atravs do Lago Igap. Londrina. 2012 ........................... 49

    Imagem 2. Vista area do setor sudeste de Ribeiro Preto. ...................................................... 53

    Imagem 3. Avenida Professor Joo Fisa. Ribeiro Preto. 2013 .............................................. 55

    Lista de tabelas

    Tabela 1. Taxa de urbanizao das cidades de Londrina e Ribeiro Preto. 1980 a 2010. ........ 42

    Tabela 2. Evoluo da populao residente. Londrina. 1980/2010 ............................................ 42

    Tabela 3 Evoluo da populao residente. Ribeiro Preto. 1980/2010 .................................... 43

    Tabela 4: Evoluo dos empreendimentos voltados aos segmentos de alta renda. Londrina e

    Ribeiro Preto. 2000 at 2010. ................................................................................................... 78

    Tabela 5. Famlias com renda mensal bruta de 465,00 reais at 2455,00 reais. Londrina. Faixa

    1. .................................................................................................................................................. 82

    Tabela 6. Famlias com renda mensal bruta de2455,01 reais at 3275,00 reais. Londrina.

    Faixa 2 ......................................................................................................................................... 83

    Tabela 7. Famlias com renda mensal bruta de 3275,01 reais 5000,00 reais. Londrina. Faixa 3.

    ..................................................................................................................................................... 84

    Tabela 8. Famlias com renda mensal bruta de 465,00 reais at 2455,00 reais. Ribeiro Preto.

    Faixa 1. ........................................................................................................................................ 86

    Tabela 9. Famlias com renda mensal bruta de2455,01 reais at 3275,00 reais. Ribeiro Preto.

    Faixa 2. ........................................................................................................................................ 86

    Tabela 10. Famlias com renda mensal bruta de 3275,01 reais 5000,00 reais. Ribeiro Preto.

    Faixa 3. ........................................................................................................................................ 87

    Tabela 11. Londrina. Nmero total de anncios coletados por ano. 1995, 2000, 2006 e 2010. 89

    Tabela 12. Ribeiro Preto. Nmero total de anncios coletados por ano. 1995, 2000 e 2010 .. 95

    Tabela 13. ndices de anlise do preo do m. Apartamentos. Londrina ................................. 112

    Tabela 14. ndices de variao do preo do m. Casas. Londrina............................................ 114

  • 5

    Tabela 15. Tabela X. ndices de variao do preo do m. Terrenos. Londrina ....................... 117

    Tabela 16. ndices de anlise do preo do m. Apartamentos. Ribeiro Preto ........................ 124

    Tabela 17. ndices de anlise do preo do m. Casas. Ribeiro Preto ..................................... 125

    Tabela 18. ndices de anlise do preo do m. Terrenos. Ribeiro Preto ................................ 127

    Lista de Figuras

    Figura 1. Apartamentos ofertados. Londrina. 1995 a 2010. ...................................................... 90

    Figura 2. Casas ofertadas. Londrina. 1995 a 2010 ..................................................................... 92

    Figura 3. Terrenos Ofertados. Londrina. 1995 a 2010 ................................................................ 94

    Figura 4. Apartamentos ofertados. Ribeiro Preto. 1995 a 2010 ............................................... 96

    Figura 6.Terrenos ofertados. Ribeiro Preto. 1995 a 2010 ........................................................ 98

    Figura 5. Casas ofertadas. Ribeiro Preto. 1995 a 2010 ............................................................ 99

    Figura 7. Chefes de Famlia com Rendimento at 2 salrios mnimos. ................................... 109

    Figura 8. Chefes de famlia com rendimento superior a 20 salrios mnimos. Londrina. 2000 a

    2010 ........................................................................................................................................... 110

    Figura 9. Bairros com mdia de preos superior a mdia da cidade em m. Casas. Londrina

    1995 a 2010 ............................................................................................................................... 116

    Figura 10. Bairros com mdia de preos superior a mdia da cidade em m. Casas. Londrina

    1995 a 2010 ............................................................................................................................... 119

    Figura 11. Chefes de famlia com rendimento at 2 salrios mnimos. Ribeiro Preto. 2000 e

    2010 ........................................................................................................................................... 121

    Figura 12. Chefes de famlia com rendimento superior a 20 salrio mnimos. Ribeiro Preto.

    2000 e 2010 ............................................................................................................................... 122

    Figura 13. Setores com mdia de preo superior a mdia da cidade. Casas. Ribeiro Preto.

    1995 a 2010 ............................................................................................................................... 126

    Figura 14. Setores com mdia de preo superior a mdia da cidade. Terrenos. Ribeiro Preto.

    1995 a 2010 ............................................................................................................................... 129

    Lista de Grficos

    Grfico 1. Variao dos preos mdios de apartamentos em m. Londrina. 1995 a 2010....... 113

    Grfico 2. Variao dos preos mdios de casas em m. ....................................................... 114

    Grfico 3. Variao dos preos mdios de terrenos em m.Londrina. 1995 a 2010. ............... 118

    Grfico 4: Variao dos preos mdios de apartamentos em m. Ribeiro Preto. 1995 a 2010.

    ................................................................................................................................................... 124

    Grfico 5. Variao dos preos mdios de casas em m. Ribeiro Preto. 1995 a 2010. ........ 125

    Grfico 6. Variao dos preos mdios de terrenos em m. Ribeiro Preto. 1995 a 2010. ..... 128

  • 6

    Resumo

    As pretenses lanadas por este trabalho aproximam-se de questes em

    torno das lgicas e agentes da produo imobiliria recente na cidade nas

    cidades de Londrina e Ribeiro Preto. Considera, portanto, as feies lanadas

    sob o processo de urbanizao que denota um caminho sinuoso sua

    compreenso em virtude da complexificao e imponderabilidade atual que

    acirra o modo como as relaes espaciais se estabelecem, conformando

    transformaes profundas nas cidades.

    Se de um lado observamos a redefinio das lgicas de produo do

    espao urbano em geral e das cidades em particular, confrontando

    caractersticas tais como a continuidade dos tecidos urbanos e amplificando as

    dinmicas de diferenciao interna da cidade, de outro, sob a particularidade

    da produo imobiliria, observamos redefinies das estratgias de atuao

    dos agentes e da extenso do poder aplicado suas prticas ao produzir e se

    apropriar das cidades.

    Assim, trabalhando com dados de anncios imobilirios do perodo 1995

    - 2010 esta pesquisa coloca em uma perspectiva comparada as caractersticas

    dos mercados imobilirios de duas cidades mdias. Busca-se, assim,

    apreender processos que sejam comuns entre elas e outros, particulares a

    cada uma.

    PALAVRAS-CHAVES: cidades mdias, produo do espao urbano, mercado

    imobilirio.

  • 7

    Apresentao

    O relatrio que ora submetemos para anlise rene os resultados de

    pesquisa construdos durante o perodo relativo vigncia da bolsa de estudos

    de mestrado concedida pela Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de

    So Paulo (FAPESP).

    Esta sntese final condiz sistematizao de diferentes etapas de

    pesquisa realizadas com a finalidade de atingir o objetivo de comparar as

    dinmicas dos mercados imobilirios das cidades mdias de Londrina e

    Ribeiro Preto, tal como apresentado no projeto inicial de pesquisa

    encaminhado a esta agncia.

    O perodo em questo inicia-se em maio do ano de 2012, chegando at

    o presente momento. As diferentes etapas de pesquisa mencionadas esto

    circunscritas realizao das disciplinas, participao em eventos cientficos e

    workshops e apresentao de trabalhos, pesquisa bibliogrfica diversificada e

    suas leituras, participao em grupos de estudos, realizao de trabalhos de

    campo para obteno de dados, informaes e realizao de entrevistas,

    participao em conferncias pblicas municipais etc.

    Para a apresentao dos resultados obtidos optou-se na diviso deste

    trabalho em tres partes. A primeira deles aborda as atividades prticas e de

    pesquisa efetuadas no perodo. Para tanto, detalha e pormenoriza, disciplinas,

    eventos, congressos, etc.

    Ainda para esta parte do relatrio (Parte I) esto sistematizados os

    roteiros das atividades de campo efetuadas no perodo. No total foram

    realizadas 8 trabalhos de campos nas cidades estudadas, sendo 3 trabalhos de

    campo na cidade de Londrina e 5 trabalhos de campos na cidade de Ribeiro

    Preto. Alm disso, apresenta o roteiro de entrevista utilizado, alm de destacar

    as entrevistas efetuadas que totalizam 15, sendo 11 na cidade de Londrina e 5

    na cidade de Ribeiro Preto, at o momento.

    .A segunda parte do relatrio (Parte II), composta por trs captulos,

    debate os resultados de pesquisa alados. O primeiro contextualiza as cidades

    estudadas, destacando os processos recentes responsveis pelas

    transformaes nas estruturas internas destas cidades e o papel que os novos

  • 8

    produtos imobilirios cumprem neste conjunto. O segundo, aborda as

    trajetrias recentes dos agentes imobilirios nestas cidades, debatendo os

    desdobramentos espaciais da dinmica imobiliria recente nas cidades de

    Londrina e Ribeiro Preto. Por fim, o terceiro captulo aborda o mercado

    imobilirio destas duas cidades, tomando como panos de fundo as discusses

    anteriores, acrescentando a elas o debate em torno da evoluo histrica dos

    preos imobilirios, em sua diferenciao no tempo. Este captulo utiliza como

    subsdios os mais de 50000 dados compilados atravs dos anncios de

    classificados de jornais destas cidades, tal como ser descrito quando da

    apresentao dos procedimentos metodolgicos.

  • 9

    Parte I: A trajetria de Pesquisa

  • 10

    1. Atividades desenvolvidas.

    nossa inteno com a presente seco descrever as atividades

    acadmicas realizadas ao longo do curso de Mestrado em Geografia pela

    FCT/UNESP. Para tanto, agrupamos as informaes destacando as disciplinas

    cursadas, os cursos realizados, a participao em eventos, participao em

    cursos e cursos ministrados, eventos com trabalhos aprovados, participao

    em grupo de estudos e reunies de orientao.

    1.1. Disciplinas Cursadas

    Este item descreve as disciplinas cursadas no perodo compreendido pelo ano

    de 2012. A matrcula nestas disciplinas atendeu a interesses especficos s

    discusses prprias ao projeto de pesquisa, buscando nelas aprofundar

    discusses em torno das temticas da produo do espao urbano, do

    mercado imobilirio, das metodologias de pesquisa e a relao cidade-campo.

    Organizao do Trabalho Cientfico I.

    Perodo: 1 semestre de 2012

    Crditos: 6

    Carga horria: 90

    A disciplina Organizao do Trabalho Cientfico I foi realizada na primeira

    semana de maro do ano de 2012. Correspondia a uma disciplina concentrada

    em uma semana totalizando 6 crditos. Utilizando-se de palestras, colquios de

    projetos de pesquisa e orientaes de cunho terico-metodolgico, de normas

    para referncias bibliogrficas e regimentais, foram discutidas as temticas de

    estudo, especficas aos recortes tericos e encaminhamentos metodolgicos,

    assumidos por cada um dos pr-projetos de pesquisa.

    Estas atividades desdobram-se da apresentao de todos os projetos de

    pesquisa aprovados no processo seletivo pelos respectivos estudantes da ps-

    graduao responsveis pelos trabalhos. Cada estudante apresentou seu

    trabalho atravs de um banner/painel, tendo de 15 a 20 minutos de

    apresentao. O critrio utilizado para definio dos dias e a ordem de

    apresentao, foi estabelecido segundo os grupos de pesquisa.

  • 11

    A cada dia dois grupos de pesquisa apresentaram sua linha temtica, o

    professor responsvel, as pesquisas realizadas e em execuo e os projetos

    de pesquisa dos estudantes da ps-graduao. A coordenao da disciplina

    ficou sob responsabilidade dos professores do Programa de Ps-Graduao

    em Geografia, que conduziram as atividades de organizao das

    apresentaes recepo e apresentao do Programa e dos respectivos

    grupos de pesquisa. Alm disso, conduziram as rodadas de perguntas assim

    como ao fim de cada apresentao efetuaram consideraes a cada um dos

    trabalhos.

    Metodologia cientfica em Geografia: mtodo, teoria e o pensamento

    geogrfico.

    Perodo: 1 semestres de 2012

    Crditos: 6

    Carga horria: 90

    Professor responsvel: Eliseu Savrio Sposito e Marcos Aurlio Saquet

    Disciplina realizado nos meses de maro a junho de 2012, contabilizando um

    total de 6 crditos. Abordou em seus contedos a evoluo da metodologia

    cientfica. Toda temtica foi trabalhada em oito eixos intitulados: 1) Filosofia e

    cincia, 2) O surgimento da cincia, 3) O mtodo, 4) A teoria do conhecimento:

    abordagem a partir da linguagem, 5) Conceitos: espao/tempo, regio,

    territrio, lugar, paisagem, 6) Temas: globalizao, modernidade, urbanizao,

    relao cidade-campo 7) Teorias: ciclo da eroso, localidades centrais, dois

    circuitos da economia urbana, regio, desenvolvimento desigual e 8) Pesquisa:

    monografias, dissertaes e teses.

    Dentre estes diferentes eixos foram apresentados os diversos mtodos, suas

    bases filosficas e sua relao com desenvolvimento da cincia, associados

    aos conceitos (como territrio, espao e regio, entre outros), teorias (como do

    caos, da regio ou do desenvolvimento, entre outras) e temas (como

    modernidade, globalizao e urbanizao, entre outros).

    A Questo cidade-campo, agroindstria e movimentos sociais.

    Perodo: 2 semestre de 2012

    Crditos: 6

  • 12

    Carga horria: 90

    Professor responsvel: Antnio Thomaz Junior

    A disciplina de responsabilidade do professor Dr. Antnio Thomaz Jr. Foi

    oferecida no formato de disciplina concentrada. Com noventa horas aula

    correspondendo a seis crditos. As aulas tiveram incio no dia 5 de setembro e

    foram finalizadas no dia 23 do mesmo ms.

    O contedo programtico foi dividido em quatro eixos intitulados: A questo

    cidade-campo revisitada; Agroindstria diviso tcnica e social do trabalho; Das

    Formas Tradicionais s Novas Alternativas de Organizao do Trabalho e

    Movimentos Sociais; Foras Produtivas e Gesto do trabalho.

    Atravs de aulas expositivas e uma ampla bibliografia foram discutidas

    questes em torno das (re)definies poltico-econmicas, gerencial e

    organizativas do capital e, das alteraes decorrentes nas relaes de trabalho

    e de produo. Destacando as formas de insero dos atores sociais

    envolvidos na Agroindstria, tendo por base a relao capital x trabalho e o

    processo de dominao de classe.

    Destas relaes desdobraram-se as discusses acerca das aes

    organizativas do trabalho, expressas em diferentes formas de organizao

    (associaes, cooperativas, sindicatos etc.). Demarcando o modo de insero

    territorial do conflito capital x trabalho, em especial, a partir da realizao do

    Trabalho de Campo, no Pontal do Paranapanema, na regio da cidade de

    Teodoro Sampaio.

    Urbanizao e Produo do Espao.

    Perodo: 1 e 2 semestres de 2012

    Crditos: 12

    Carga horria: 180

    Professores responsveis: Maria Encarnao Beltro Sposito, Eda Maria

    Goes e Everaldo Santos Melazzo

    A disciplina Urbanizao e Produo do Espao Urbano foi ministrada pelas

    professoras Dra. Maria Encarnao Beltro Spsito, Dra. Eda Ges e pelo

    professor Dr. Everaldo Santos Melazzo. Trata-se de uma disciplina de durao

    anual, iniciada na segunda semana de maro e com trmino na ltima semana

  • 13

    de novembro, com carga horria de cento e oitenta horas totalizando doze

    crditos.

    Dividida em trs mdulos, abordou as temticas: 1) Urbanizao e cidades; 2)

    Produo das cidades; 3) Reestruturao das cidades; 4) Espao: Cotidiano e

    representao. Alm disso, a disciplina ainda ofereceu um trabalho de campo

    para a cidade de Marlia SP, durante o final de semana da segunda semana

    de agosto.

    Com ampla bibliografia bsica a disciplina oferece condies ao

    reconhecimento e a discusso de diferentes matrizes tericas em torno do

    processo de urbanizao. O destaque a estas diferentes abordagens permite

    refletir em torno dos processos e questes postas ao urbano em suas mltiplas

    dimenses: geogrfica, econmica, histrica, simblicas e sociais.

    Ao fim das disciplinas, com a concluso do quarto mdulo, foram elaborados

    seminrios pelos estudantes a partir de temticas estruturadas em pelo menos

    dois dentre os trs mdulos temticos.

    Com a finalidade concentrar as informaes das disciplinas elaboramos um

    quadro sntese, contendo as informaes: nome da disciplina, crditos, carga

    horria, frequncia e conceito.

    Quadro 1. Sntese das disciplinas cursadas no perodo. 2012

    Disciplinas Crditos Carga horria

    Frequncia Conceito

    Organizao do Trabalho Cientfico I

    6 90 94 A

    Metodologia cientfica em Geografia: mtodo, teoria

    e o pensamento geogrfico.

    6 90 90 B

    A Questo cidade-campo, agroindstria e

    movimentos sociais

    3 45 100 A

    Urbanizao e Produo do Espao

    12 180 92 A

    Total geral de crditos e horas

    30 450 - -

  • 14

    1.2. Participao em eventos: workshops, encontros e seminrios.

    Evento: X Workshop da Rede de Pesquisadores sobre Cidades Mdias

    (ReCiMe)

    Data: 14 a 16 de agosto de 2012

    Local: Presidente Prudente SP (UNESP)

    Participao: ouvinte

    Evento: XVII Encontro Nacional de Gegrafos

    Data: 22 a 28 de julho de 2012

    Local: Belo Horizonte MG

    Participao: apresentao de trabalho

    Ttulo do trabalho: Consideraes acerca das novas estratgias de atuao

    das grandes incorporadoras na produo do espao urbano.

    Tipo de exposio: oral

    Evento: XIV Encontro de Gegrafos da Amrica Latina

    Data: 8 a 12 de abril de 2013

    Local: Lima Peru

    Participao: apresentao de trabalho

    Ttulo do trabalho: Contribuio para anlise do mercado imobilirio em

    cidades mdias brasileiras.

    Tipo de exposio: oral

    Evento: Encontro Nacional da Associao Nacional de Ps-Graduao e

    Pesquisa em Geografia.

    Data: 7 a 11 de outubro de 2013.

    Local: Campinas/ SP.

    Participao: apresentao de trabalho.

    Ttulo do trabalho: Restruturao das cidades e mercado imobilirio em

    Londrina.

    Tipo de exposio: oral

    Evento: Seminrio GAsPERR 20 anos.

    Data: 3 a 4 de dezembro.

    Local: Presidente Prudente/SP

    Participao: apresentao de trabalho

  • 15

    Ttulo do trabalho: O mercado imobilirio em Londrina e Ribeiro Preto:

    anlise comparativa do processo de estruturao intraurbana.

    Tipo de exposio: painel

    1.3. Participao em Defesas de Doutorado, Mestrado e Monografia.

    Participao em Defesa de Tese de Doutorado

    Ttulo da Dissertao: Estado, industrializao e os espaos de

    acumulao das multilatinas.

    Candidata: Leandro Bruno Torres

    Orientador: Prof. Dr. Eliseu Savrio Sposito - Departamento de Geografia /

    Faculdade de Cincias e Tecnologia de Presidente Prudente

    Data da defesa: 11/10/2012

    Participao em Defesa de Tese de Doutorado

    Ttulo da Dissertao: A fruticultura no nordeste semirido:

    internacionalizao, conflitos territoriais e a precarizao do trabalho

    Candidata: Juscelino Eudmidas Bezerra

    Orientador: Prof. Dr. Antonio Thomaz Junior - Departamento de Geografia /

    Faculdade de Cincias e Tecnologia de Presidente Prudente

    Data da defesa: 7/12/2012

    Participao em Defesa de Tese de Doutorado

    Ttulo da Dissertao: Vidas em enclaves. Imaginrio das cidades

    inseguras e fragmentao socioespacial em contextos no

    metropolitanos

    Candidata: Maria Anglica de Oliveira Magrini

    Orientador: Prof. Dr. Eda Maria Goes - Departamento de Geografia / Faculdade

    de Cincias e Tecnologia de Presidente Prudente

    Data da defesa: 11/03/2013

    Participao em Defesa de Tese de Doutorado

  • 16

    Ttulo da Dissertao: Diferena. Disperso e fragmentao: exploraes

    metropolitanas em Braslia e Curitiba.

    Candidato: Igor de Frana Catalo

    Orientador: Profa. Dra Maria Encarnao Beltro Sposito.

    Data da defesa: 15/05/2013

    Participao em Defesa de Tese de Mestrado

    Ttulo da Dissertao: Transformaes do planejamento urbano em cidades de

    porte mdio e em cidades mdias brasileiras..

    Candidato: Henrique Alvez da Silva

    Orientador: Prof. Dr. Arthur Magon Whitaker.

    Data da defesa: 10/05/2013

    Participao em Defesa de Tese de Monografia

    Ttulo da Dissertao: Anlise comparativa do mercado imobilirio em Cidades

    Mdias: a oferta de apartamentos, casas e terrenos urbanos em Campina

    Grande PB, Mossor RN e Passo Fundo - RS.

    Candidato: Aline Fernanda Coimbra

    Orientador: Prof. Dr. Everaldo Santos Melazzo .

    Data da defesa: 26/11/2013

    1.4. Participao em Aula Magna

    Participao em Aula Magna.

    Temtica abordada: Sculo XXI Final dos Tempos e o Destrutivismo

    Imanente da Sociedade do Capital: Desafios Epistemolgicos para a Geografia

    e Necessidades Emancipatrias

    Promovido pela Coordenao do Programa de Ps-Graduao em Geografia

    Convidado: Prof. Dr. Ruy Moreira - Universidade de So Paulo

    Perodo de realizao: 28 de maro de 2012

    Local: FCT/Unesp - Campus de Presidente Prudente.

  • 17

    1.5. Participao em Conferencias e Mesas Redondas

    Participao em Conferncia de Abertura da XIII Jornada do

    Trabalho.

    Tema Abordado: A irreformabilidade do capital e os conflitos territoriais no

    limiar do sculo XXI. Os novos desafios da geografia do trabalho

    Promovido pelo Centro de Estudos de Geografia do Trabalho CeGeT.

    Convidado: Prof. Dr. Ricardo Antunes.

    Participao em Mesa Redonda.

    Temtica Abordada: Trabalhadores em meio a irreformabilidade do capital.

    Interveno do Estado e polticas pblicas.

    Promovido pelo Centro de Estudos de Geografia do Trabalho CeGeT.

    Convidados: Maria Aparecida Moraes da Silva (UFSCar), Jorge L. Souto Maior

    (Faculdade de Direito USP), Rubens Germano (Sindicato dos Trabalhadores

    Rurais de Presidente Venceslau - SRT) e Jorge Ramn Montenegro (CEGeT e

    UFPR).

    Perodo de Realizao: 12 de outubro de 2012

    1.6. Participao em cursos.

    Curso: Tcnicas de anlisis de mercados de suelo urban.

    Instituio: Lincoln Insnstitute of land Police

    Modalidade: Curso a distncia

    Descrio: O curso apresenta os conceitos e princpios bsicos de

    funcionamento dos mercados de terra e da aplicao emprica dos mtodos de

    anlise. Aborda a teoria da oferta e demanda de terras, os principais aspectos

    da economia urbana. Os participantes so treinados para entender a dinmica

    dos mercados formais e informais de solo urbano e as questes relacionadas

    com a avaliao dos impactos da regulamentao do uso da terra e

    intervenes pblicas.

    Com durao de 10 semanas, contabilizou um total de 200 horas de

    atividades. As atividades eram desenvolvidas semanalmente atravs de fruns

    de discusso, leitura de textos e da participao de tele aulas.

  • 18

    1.7. Cursos de curta durao ministrados

    Modalidade: Oficina

    Ttulo: Desafios metodolgicos para estudos comparativos em cidades mdias

    brasileiras.

    Objetivo: O conjunto das pesquisas e reflexes compreendidas nesta oficina

    atribui ao setor imobilirio um papel central para a compreenso dos conflitos e

    tenses inerentes s lgicas de ocupao seletivas das reas melhor providas

    no interior das cidades, em associao s estratgias despendidas por novas

    reestruturaes espaciais, que favorecem a especulao imobiliria. A procura

    da valorizao constante no espao urbano resulta na criao de padres de

    densificao e verticalizao em reas especficas, gerando uma seletividade

    na distribuio dos benefcios e amenidades do ambiente construdo,

    produzidos aos diferentes segmentos socioeconmicos.

    A lgica do mercado imobilirio remete, portanto, a considerao de algumas

    particularidades engendradas por sua organizao interna que o diferencia dos

    demais mercados. So oriundas da alta durabilidade e alto preo unitrio do

    bem imvel edificado ou no , constituindo um arranjo em que predominam

    os estoques de bens usados em relao aos lanamentos.

    A partir destas caractersticas verificamos peculiaridades manifestas que nos

    servem de balizadores ao movimento do volume ofertado e dos preos

    informados, alm, de se constituir, a oferta imobiliria, num elemento condutor

    da produo do espao urbano, o mercado capta um ambiente de tomadas de

    decises aes e decises cumulativas individuais e institucionais na forma

    de alteraes nos preos, nos tipos dos imveis e nas localizaes.

    Neste sentido, propomos apresentar e discutir as fontes de coleta de dados,

    avaliando seus problemas e potencialidades a partir das realidades no

    metropolitanas. Para tanto, ser objetivo aprofundar o debate acerca dos

    recursos metodolgicos, detendo-nos nas fontes de pesquisas disponveis nos

    anncios de classificados de imveis, contemplando as tcnicas de

    compilao, tratamento e anlise estatstica e cartogrfica dos dados a partir

    de exemplos concretos estudados.

    Data: 16 de agosto de 2012

    Local: Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Cincias e Tecnologia,

  • 19

    Campus de Presidente Prudente SP.

    Organizao: Rede de Pesquisadores sobre Cidades Mdias (X Workshop

    ReCiMe).

    1.8. Participao em grupos de estudos/reunies de orientao

    Grupo de Estudos Produo do espao urbano e a dinmica imobiliria

    recente.

    Responsvel: Everaldo Santos Melazzo

    Descrio: O grupo de estudos Produo do Espao Urbano e a Dinmica

    Imobiliria Recente consiste em reunies mensais de estudantes da ps-

    graduao e graduao interessados nas temticas especficas produo do

    espao urbano em associao aos estudos da dinmica imobiliria.

    Com a orientao do Prof. Dr. Everaldo Santos Melazzo o grupo

    desenvolve atividades de leitura e discusso mensais, abordando em seu

    cronogramas temticas relacionadas a produo do espao, dinmica

    imobiliria, cidades mdias e formas de consumo do/no espao.

    Quadro 2.Sntese de temticas abordadas no ano de 2012.

    Ms Tema

    Maio O geral, o particular e o singular.

    Junho Produo, consumo, distribuio e troca.

    Julho Segregao, desigualdade, fragmentao e diferenciao socioespacial.

    Agosto Cidades Mdias.

    Setembro Servios (produtivos e consumptivos).

    Outubro/novembro O capital mercantil e o capital financeiro.

    Complementarmente s informaes do quadro com a sntese das

    temticas abordadas destacamos a bibliografia consultada e debatida durante

    o perodo.

  • 20

    Bibliografia utilizada para os debates:

    Maio - Texto discutido:

    CHEPTULIN, Alexandre. O geral, o particular e o singular. In: ______. A

    dialtica materialista. Categorias e leis da dialtica. So Paulo: Alfa-Omega,

    2004. Caps. V e VI.

    Junho - Texto discutido:

    MARX, Karl. Grundrisse. So Paulo: Boitempo, 2011. Cap. 1: Produo,

    consumo, distribuio, troca [circulao].

    Julho - Textos discutidos:

    SALGUEIRO, Teresa B. Cidade ps-moderna - espao fragmentado.

    Territrio, ano 3, N 4, jan./jun. 1998.

    VASCONCELOS, Pedro de A. A Aplicao do Conceito de Segregao

    Residencial ao Contexto Brasileiro na Longa Durao. Cidades. 2004, v. 1, n.

    2, p.259 274.

    Agosto - Textos discutidos:

    COSTA, Eduarda M. da. Cidades Mdias. Contributos para a sua definio.

    Finisterra, XXXVII, 74, 2002, p. 10-128. (PDF)

    SPOSITO, M. E. B. ______. Desafios para o estudo das cidades mdias. Anais

    do XI Seminrio Internacional de la Red Iberoamericana de Investigadores

    sobre Globalizacin y Territorio, Mendoza. Trabalhos completos. Mendoza:

    UNCUYO - Universidad de Cuyo, p. 01-18, 2010.

    SANFELIU, Carmen B. Del concepto ciudad media al de ciudad intermedia en

    los tiempos la globalizacin. In: SANFELIU, Carmen B.; SPOSITO, Maria E. B.

    (org). Las ciudades medias o intermdias en un mundo globalizado. Lleida:

    Universitat de Lleida, 2009.

    Setembro - Textos discutidos:

    MARX, K. Trabalho produtivo e trabalho improdutivo. In: ANTUNES R.

    (organizao). A dialtica do trabalho. So Paulo: Expresso Popular, 2007.

    OLIVEIRA, Francisco. O tercirio e a diviso social do trabalho. CEBRAP, So

    Paulo - SP, v. 24, p. 137-168, 1979.

    KON, Anita. Antecedentes tericos: conceitos tradicionais da economia poltica

    dos servios. In: ______. Economia de servios: teoria e evoluo no Brasil.

    Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p.1-21.

    Outubro/novembro - Texto discutido:

  • 21

    HARVEY, David. El capital financiero. In: ______. Los limites del capitalismo

    y la teoria marxista. Mxico: Fondo de Cultura Econmica, 1990.

    1.9. Reunies de orientao

    As reunies de orientao ocorreram de modo frequente seguindo um

    formato individual e coletivo com demais membros do grupo, sempre

    atendendo s necessidades e questes postas pesquisa em

    desenvolvimento, abarcando demandas operacionais tais como cronogramas

    de atividades e trabalhos de campo e questes de trato terico-metodolgicas.

    1.10. Trabalhos de Campo. Descrio das atividades de campo.

    Esta parte do relatrio dedicada descrio das atividades de campo

    realizadas nas cidade de Londrina e Ribeiro Preto durante o perodo de

    vigncia da bolsa de estudos. O total de atividades realizadas foram de 6

    trabalhos de campo, contribuindo para a coleta de dados, realizao de

    entrevistas, visitas a empreendimentos imobilirios e reconhecimento das

    diferentes reas da cidade.1

    Para um detalhamento rigoroso destas atividades, encontram sua

    descrio por meio de quadro sntese com o dia e as atividades desenvolvidas.

    1.10.1. Trabalhos de campo realizados na cidade de Londrina.

    Trabalho de campo realizado entre os dias 16 e 19 de setembro de

    2012

    Este foi o primeiro trabalho de campo, realizado no ms de setembro

    entre os dias 16 e 19 do ano de 2012. O roteiro inicial atendeu a duas frentes

    de atividades. A primeira a partir das necessidades de percorrer os vetores de

    expanso territorial e os vetores de expanso imobilirio. A segunda buscou

    estabelecer um primeiro contato com os agentes imobilirios principalmente

    1 importante ressaltar que todas as atividade de campo descritas nesta parte do trabalho foram realizadas

    em conjunto com estudante de doutorado da ps-graduao da FCT-UNESP Wagner Vincius Amorim e

    bolsista de iniciao Cientfica Bruno Barcela sua idealizao e organizao foi construda no interior das

    discusses do grupo de estudos Produo do espao urbano e a dinmica imobiliria recente.

  • 22

    corretores -, identificar as principais empresas de incorporao imobiliria e

    obter algumas informaes sobre os loteamentos do Programa Minha Casa

    Minha Vida atravs do poder pblico, via companhia de habitao de Londrina.

    Com os objetivos traados, foi elaborado um amplo cronograma de

    atividades, direcionando nossas aes intencionou um aproveitamento

    adequado capaz de contemplar as demandas estabelecidas.

    Este cronograma est pormenorizado em quadro sntese que atende ao

    critrio: dia de atividade e atividades realizadas, constando uma breve

    descrio.

    Quadro 3. Cronograma do Trabalho de Campo em Londrina. Setembro de 2012

    Dia Atividade

    Domingo Dia 16

    Percurso realizado pela Zona Leste (conjuntos habitacionais, loteamentos fechados, empreendimentos da MRV e da Yticon, Bulevar Shopping etc.), Visita rea central (centro histrico e comercial);

    Visita rea de verticalizao na Gleba Palhano e ao Lago Igap;

    2f Dia 17

    Entrevista realizada com corretores no planto de vendas da Rodobens.

    Visita Gleba Palhano (loteamentos fechados e verticalizao).

    Visita ao show room da Yticon com realizao de entrevista ao corretor Joo.

    Visita a um canteiro de obras da Yticon, do edifcio Pateo Aurora, na Gleba Palhano. Na parte da tarde realizamos um percurso em toda a Zona Norte, com destaque para o residencial Vista Bela (MCMV 0 a 3 salrios mnimos), onde conversamos com um morador. Visita s obras do Catua Norte Shopping.

    3f Dia 18

    Entrevista junto ao corretor Denerval Culhieri da imobiliria Raul Fulgncio no show room da construtora A. Yoshii;

    Tentativa de contato com diretores da construtora A. Yoshii;

    Escritrio da Caixa Econmica (para levantar os financiamentos arrolados pelo MCMV), a serem solicitados via e-mail e mediante ofcio da Universidade; Visita ao escritrio da COHAB a fim de verificar o que j foi feito dentro da faixa de renda de 0 a 3 salrios mnimos pelo MCMV em Londrina

    4f Dia 19

    Visita ao escritrio da regional da SINDUSCON Norte do Paran

    Visita ao shopping Catua e reconhecimento das melhorias virias e demais obras de infraestrutura local nas proximidades do shopping, das faculdades e da rodovia Celso Garcia Cid;

  • 23

    Realizao de percurso com reconhecimento dos bairros da Zona Sul da cidade, at as reas limtrofes no perirubano da cidade (destaque para os bairros Unio da Vitria, Conjunto Habitacional Nova Esperana, Cristal I, II, III), e imediaes do Parque Arthur Thomas, do Tiro de Guerra e do Aeroporto;

    Visita ao residencial Terra Nova e Moradas, da Rodobens, no Heimtal (Zona Norte de Londrina);

    Trabalho de campo realizado entre os dias 01 e 04 de junho de 2013

    O segundo trabalho de campo realizado ocorreu entre os dias 01 e 04 de

    junho do ano de 2013. O cronograma de atividades elaborado buscou

    contemplar a participao como ouvinte na 5 Conferncia Municipal das

    Cidades, alm disso, efetuou-se visitas organizaes sindicais SECOVI e

    SINDUSCON e foi realizada entrevista com com consultor de vendas, no

    showroom da Construtora Plaenge. Ademais, foram percorridos diferentes

    pontos da cidade, como shopping centers e canteiros de obras. A descrio

    pormenorizadas das atividade segue no Quadro sntese 4.

    Quadro 4. Cronograma do Trabalho de Campo em Londrina. Junho de 2013

    Dia Atividades

    1 Julho Participao como ouvinte na 5 Conferncia Municipal das Cidades, realizada na Cmara Municipal de Londrina;

    3 de julho

    Visita s obras do Condomnio Parque Tau (Construtora Paysage), na Zona Leste de Londrina; Visita ao Boulevard Londrina Shopping, recm inaugurado na Zona Leste de Londrina; Visita ao Londrina Norte Shopping (Grupo Catua);

    Visita ao Conjunto Habitacional Vista Bela;

    Visita s obras do Residencial Torres, da Construtora Planalto (Zona Norte); Visita aos loteamentos fechados de pequeno porte na Zona Norte;

    4 de julho

    Visita ao Sinduscon (solicitao e aquisio da Pesquisa de Avaliao do Potencial do Mercado Construtor de Londrina);

    Visita ao SECOVI (solicitao da pesquisa Anlise da oferta de imveis usados e terrenos venda em Londrina);

    Realizao de entrevista com consultor de vendas, no showroom da Construtora Plaenge.

  • 24

    Trabalho de campo realizado entre os dias 01 e 03 de julho de 2013

    O ltimo trabalho de campo realizado ocorreu entre os dias 1 e 3 de

    julho do ano de 2013. Este trabalho de campo teve como prioridade a coleta de

    dados junto s organizaes sindicais e a realizao de entrevistas com as

    principais incorporadoras da cidade. O conjunto de atividades sistematizadas

    consta no Quadro 5.

    Quadro 5. Cronograma do Trabalho de Campo em Londrina. Junho de 2013

    Dia Atividade

    1 de Junho

    Levantamento de dados na SECOVI-PR, relativos s oferta no mercado imobilirio londrinense

    Agendamento de entrevista com o senhor Marcos Moura, membro do SECOVI e dono da imobiliria Mnaco (entrevistado ausente na data e horrio marcado);

    2 de Junho

    Entrevista realizada com o senhor Luiz Cludio Guarda, coordenador comercial da construtora e incorporadora Artenge;

    entrevista realizada com a engenheira Suzana Pita, do SINDUSCON-NORTE-PR;

    3 de Junho

    Entrevista realizada com engenheiro Marco Antnio de Oliveira, da construtora Protenge;

    Entrevista realizada com o senhor Raul Fulgncio, diretor e presidente da Raul Fulgncio Negcios Imobilirios;

    Entrevista realizada com a senhora rica Volpato Endo, gerente de marketing da construtora e incorporadora A. Yoshii.

    1.10.2. Trabalhos de campo Realizados na cidade de Ribeiro Preto.

  • 25

    Trabalho de campo realizado entre os dias 05 e 06 de dezembro de

    2012

    O trabalho de campo em Ribeiro Preto ocorreu entre os dias 5 e 6 de

    dezembro de 2012. O roteiro de atividades organizado orientou-se

    predominantemente para as aes destinadas coleta cpia via

    escaneamento dos anncios de classificado de jornais utilizados para

    elaborao de banco de dados.

    A elaborao prvia do roteiro destinou-se escolha do jornal de maior

    circulao local na cidade para coleta dos anncios de imveis. Para tanto,

    previamente selecionados locais de possvel existncia de arquivos de jornais

    com ampla srie histrica. O plano inicial, contava com visitas na sede do

    Jornal A Cidade, tambm Biblioteca Municipal Padre Euclides e o Arquivo

    Pblico Municipal.

    O jornal escolhido para coleta foi o Jornal A Cidade, por se tratar do

    jornal mais antigo da cidade e ser aquele de maior comercializao/circulao,

    segundo o levantamento realizado com funcionrios e proprietrios de bancas

    de jornal e revista da rea central de Ribeiro Preto.

    O cronograma exposto no Quadro X colabora caracterizao das

    atividades efetuadas durantes os dias de trabalho de campo.

    Quadro 6. Cronograma de atividades realizadas no Trabalho de Campo em Ribeiro Preto. Dezembro. 2012.

    Dia Atividade

    4f Dia 5

    Visita a Sede do Jornal A cidade

    Visita a Biblioteca Municipal

    Ida a Prefeitura Municipal

    Visita ao Arquivo Pblico Municipal.

    5f Dia 6

    Biblioteca Altino Arantes

    Bibliotecas das Universidades Baro de Mau, Unaerp e Moura Lacerda

    Percurso a p pela Avenida Professor Joo Fisa

    Com a concluso das atividades de campo, possvel destacar, em uma

    breve avaliao, a concluso parcial dos objetivos traados inicialmente. Isto

  • 26

    porque, grande dificuldade foi encontrada em coletar os anncios de jornal para

    a srie histrica desejada 1995, 2000, 2006 e 2010.

    Estas complicaes esto dadas pela quase ausncia de arquivos

    disponveis dos jornais em um mesmo local e com srie histrica abrangente.

    Como pode ser verificado atravs dos locais frequentados durante o primeiro

    dia de atividade, buscou-se encontrar na sede do Jornal e em instituies

    pblicas arquivos de jornal capazes de dispor dos exemplares desejados.

    Entretanto, a sede do Jornal A cidade, mostrou-se indisponvel

    pesquisa dos arquivos particulares. Recorremos a Biblioteca Municipal, que

    no dispunha de arquivos de jornais. Seguimos em direo a Prefeitura

    Municipal, buscando o contato com o arquivo Pblico Municipal, verificando a

    extenso do acervo e solicitando autorizao para coleta dos arquivos

    disponveis.

    O arquivo pblico municipal dispe de uma ampla srie histrica, que,

    contudo, chega apenas ao ano 2000. E nele permanecemos durante todo

    primeiro dia de trabalho de campo, coletando os arquivos de jornal referentes

    ao ano de 1995 e 2000.

    O segundo dia de atividade foi dedicado busca do restante da srie

    histrica, os anos 2006 e 2010. Para isso nos foi indicado, pelos funcionrios

    do Arquivo Municipal a Biblioteca Pblica Altino Arantes, nela encontramos

    uma srie histrica correspondente aos anos de 2007 at 2012. Coletamos o

    ano de 2010, entretanto, ainda restava encontrar o ano de 2006.

    Para tanto, percorremos, no perodo da tarde, um trajeto buscando

    contato com as instituies de ensino superior. A busca, entretanto, no

    encontrou soluo ao problema. Ou seja, aps o trabalho de campo dispomos

    dos dados referentes aos anos de 1995, 2000 e 2010.

    Aps a concluso da etapa de coleta de dados, ainda, foi possvel

    percorrer a Avenida Professor Joo Fiuza, principal vetor de valorizao

    imobiliria na cidade de Ribeiro Preto. Percorrendo toda sua extenso,

    buscando identificar uma aproximao inicial com os tipos de

    empreendimentos imobilirios comercializados e as empresas responsveis

    por sua produo.

    Trabalho de campo realizado no dia 27 de novembro de 2013.

  • 27

    O segundo trabalho de campo realizado na cidade de Ribeiro Preto

    construiu-se com os objetivos de estabelecer contato com as principais

    empresas construtoras e incorporadoras em atuao na cidade e reconhecer

    os principais vetores de expanso imobiliria da cidade.

    Para tanto, o cronograma de atividades previamente estabelecido

    orientou-se a partir da necessidade de contato com as empresas construtoras

    voltadas aos empreendimentos de alto padro: Copema, Pereira Alvim,

    Habiarte Barc, Perplan e WTB. Alm destas, buscou contato com as empresas

    em atuao pelo programa Minha Casa Minha Vida, MB7 e Construplam.

    Na semana anterior ao trabalho de campo foram efetuadas diversas

    tentativas de contato com estas empresas, buscando agendamento prvio para

    entrevistas, entretanto, sem sucesso. Apesar, da ausncia de agendamento

    prvio foi possvel realizar durante o trabalho de campo 4 entrevistas. Estas

    entrevistas foram realizadas com os gerentes de venda das empresas

    COPEMA e Habiarte Barc e com as diretoras de Marketing das empresas WTB

    e Perplan.

    Todas as entrevistas atenderam a um roteiro de questes semelhantes

    aos da cidade de Londrina. Neste sentido, abordaram tanto questes pontuais

    em torno da histria das empresas, sua rea de atuao e produtos

    comercializados, quanto, a perspectiva da empresa frente s transformaes

    atuais do mercado imobilirio, considerando o perfil da concorrncia, com as

    empresas locais e com novos grupos que passam atuar recentemente em

    Ribeiro Preto, alm disso, as mudanas em relao a velocidade e volume de

    novos lanamentos, o perfil das reas escolhidas para estes lanamentos etc.

    Para alm das entrevistas foi realizada durante o dia uma longa

    caminhada pelas principais avenidas localizadas no setor Sul de Ribeiro

    Preto, para tanto foram percorridos trechos da Avenida Independncia,

    Presidente Vargas, Wladimir Meireles Ferreira e Professor Joo Fisa. Esta

    atividade assumiu como premissa a necessidade de se reconhecer os

    principais equipamentos de servios, as lojas, franquias, restaurantes etc.

    presentes em todo trajeto. Ademais, durante o trajeto a p, foi realizada visita

    no Ribeiro Shopping.

  • 28

    Alm do trajeto a p foi realizado percurso de carro direcionado

    identificao ds setores com maior ocorrncia de condomnios fechados. Para

    tanto, foi percorrido todo Subsetor Sul 9 e Subsetor Sul 10, onde esto

    concentrados os principais condomnios fechados da cidade.

    Quadro 7 Cronograma de atividades realizadas no Trabalho de Campo em Ribeiro Preto, novembro de 2013

    Dia Horrio Atividade

    Dia 27 8h 11h Visita rea central

    Trajeto nos trechos da Avenidas Independncia,

    Presidente Vargas e Wladimir Meireles Ferreira

    Entrevista Perplan Diretora de Marketing

    12h

    13h30

    Ribeiro Shopping

    14h

    15h

    Trajeto Avenida Professor Joo Fisa

    15h30 Entrevista Copema Gerente de vendas

    16h30 Entrevista Habiarte Barc - Gerente de vendas

    17h Entrevista WTB Diretora de Marketing

    18h30 Trajeto pelos Subsetores Sul 9 e 10 Visita aos

    condomnios Vilas do Golfe, Guapor etc.

    Trabalho de campo realizado entre os dias 12 e 14 de fevereiro de

    2014.

    A terceira atividade de campo realizada na cidade de Ribeiro Preto esteve

    associada ao coletiva de pesquisadores e colaboradores do projeto

    temtico Lgicas Econmicas e Prticas Sociais Contemporneas, Cidades

    Mdias e Consumo. A sntese de atividades por ns efetuadas encontra-se

    sistematizadas no Quadro X.

    Quadro 8. Cronograma de atividades realizadas no Trabalho de Campo em Ribeiro Preto, fevereiro de 2014.

  • 29

    Dia Horrio Atividade

    12 4.f

    14h Secretaria de Planejamento

    Visita ao Ribeiro Shopping

    13 5.f

    9h-18h

    Percurso pela cidade (em veculo motorizado):

    Parada no Bairro Campos Elsios;

    Parada no Conjunto Habitacional Paiva;

    Parada no Bairro Jardim Botnica;

    Parada no Distrito de Bonfim Paulista;

    14 6.f

    8h-12h Secretaria de Assistncia Social

    Secretaria da Fazenda

  • 30

    Parte II: O relatrio cientfico.

  • 31

    1. Estruturao urbana e das cidades de Londrina e Ribeiro Preto.

    1.1. Formao histrica das cidades de Londrina e Ribeiro Preto.

    As cidades de Londrina e Ribeiro Preto tm sua constituio urbana

    diretamente associada aos desdobramentos do complexo cafeeiro que se

    estende por todo estado de So Paulo e norte do Paran. Sposito (2004)

    destaca o complexo engendrado pela economia cafeeira como determinao

    fundamental composio de uma formao socioespacial a partir das

    dinmicas que passam a integrar o territrio economia capitalista.

    Trata-se um momento histrico peculiar que estabelece as condies

    prvias para que no Brasil construam-se as condies necessrias para a

    transio de uma sociedade escravista e eminentemente rural para outra

    estruturada em relaes sociais calcadas, notadamente, nas economias urbana

    e industrial (CANO, 2011, p. 212).

    Os desdobramentos oriundos deste momento consubstanciam

    determinaes diversas, as quais, quando pensadas na conformao de uma

    dinmica urbana, tal como aludidas por Cano (2011) referindo-se ao Estado de

    So Paulo, podemos destacar: a transformao nas relaes de trabalho

    (passando do trabalho escravo ao salrio assalariado); a ampliao da

    produo e da dinmica do emprego na indstria; a maior oferta de servios

    bancrios e urbanos; o desenvolvimento do sistema de transporte no Estado de

    So Paulo; a fundao de novas cidades.

    Estas determinaes situam no amplo processo de desenvolvimento das

    relaes capitalistas uma nova constituio territorial marcada pela constituio

    de uma incipiente diviso territorial do trabalho entre cidades inseridas na

    expanso cafeeira no final do sculo XIX e incio do sculo XX.

    No se tratava de cidades que eram fundadas, apenas, para dar apoio ocupao rural, mas ncleos urbanos que apoiavam a expanso ferroviria, em que se localizava a rede bancria em constituio, em que apoiava a eletrificao que se implantava em que o comrcio atacadista e varejista ampliava o vigor, tendo em vista uma estrutura fundiria que era constituda por grandes, mas tambm por mdias e

    pequenas propriedades. (SPOSITO, 2004, P. 174).

  • 32

    Ademais, em meio a este conjunto de transformaes, inclumos o papel

    da comercializao de terras que se estabelece no conjunto de uma incipiente

    rede urbana. Reis Filho (1997) destaca, em meio constituio das atividades

    da cafeicultura no Estado de So Paulo, que a apropriao de terras e sua

    viabilizao econmica para revenda no Estado de So Paulo condiz a um

    grande empreendimento empresarial.

    A este respeito, notrio para este autor, o movimento de aquisio de

    terras, sua transformao em terras agricultveis ou urbanas e a dotao das

    reas pertencentes a grandes empresrios de infraestrutura de transporte

    referente ferrovia. Evidencia-se um movimento de produo da riqueza,

    associado propriedade da terra e no apenas produo do caf, isto

    porque, em muitos casos, o sistema de transporte foi implantado antes de ter o

    que transportar (REIS FILHO, 1997, p. 146).

    deste conjunto de dinmicas que partimos compreenso das cidades

    de Londrina e Ribeiro Preto, j que delas possvel estabelecer correlaes

    analticas necessrias para compreenso das relaes sociais e econmicas

    que promoveram sua fundao e ditaram os ritmos e formas de sua

    constituio inicial. Cano (2011) ao debater a atividade cafeeira capitalista no

    Estado de So Paulo - e aqui estendemos ao norte do Paran - reconhece

    uma precoce urbanizao dela orientada a partir da imprescindvel base urbana

    como suporte s vases tcnicas e econmicas do caf.

    A cidade de Londrina (mapa 1) est localizada no norte do Estado do

    Paran, e tm sua origem associada ao projeto empreendido pela Companhia

    de Terras Norte do Paran (CTNP)2 que loteou a regio durante as dcadas de

    1920 e 1930. Fundada em 1929 e elevada a categoria de municpio em 1934

    na hierarquia administrativa do Paran, sua constituio, crescimento e

    desenvolvimento urbano integram-se a este processo de loteamento do norte

    do Paran aliado dinmica da economia cafeeira.

    2 A CTNP uma empresa de capital ingls que passa a exercer grande influncia e dispor de

    vantagens na compra de terras no norte paranaense em virtude das presses britnicas, via setor bancrio, junto ao governo brasileiro que eram seus credores. Sua insero no Norte do Paran resulta na fundao de inmeros municpios, fundados como suporte economia cafeeira. Na dcada de 1940 foi nacionalizada e passa a ser chama de Companhia de Melhoramentos do Norte do Paran. Para um maior detalhamento desta temtica ver Amorim (2011); Ribeiro (2006) e Razende (1984).

  • 33

    A condio de ncleo urbano estratgico ao suporte dos negcios de

    incorporao e comercializao fundiria consubstancia o movimento inicial de

    constituio da cidade de Londrina, tal como aponta Razende (1984). Neste

    sentido, localizam-se nela os primeiros servios de atendimento bsico s

    demandas rurais que ali passavam a se constituir.

    A conexo constituda a partir do ano de 1935 com a rede ferroviria do

    Estado de So Paulo implicaram em transformaes acentuadas na dinmica

    econmica local, sobrepujando a pequena produo mercantil e dos negcios

    com as terras em funo do cultivo do caf que se consolidar efetivamente a

    partir da dcada de 1940.

    O perodo compreendido pelas dcadas de 1940 e 1950 situa um

    momento de grandes transformaes polticas-econmicas, acarretadas pela

    nacionalizao da CTNP, que d lugar a Companhia de Melhoramentos Norte

    do Paran (AMORIM, 2011). Alm disso, este o momento de maior

    dinamismo da economia cafeeira, tal como apontado por Fresca (2002),

    articulando um conjunto outro de atividades complementares que acarretam no

    aprofundamento e intensificao dos fluxos migratrios e da diversificao das

    atividades econmica da cidade.

    O dinamismo econmico desdobra-se na ampliao do nmero de

    pessoas vivendo na cidade de Londrina, resultando em uma incipiente

    produo imobiliria com a aprovao de loteamentos e empreendimentos

    verticais localizados na zona central da cidade. (Fresca, 2002).

    Este perodo demarcado entre sua fundao at a dcada de 1950 est

    consubstanciado junto a prticas sociais e lgicas de produo do espao

    urbano atreladas s atividades econmicas prprias a produo cafeeira. Neste

    sentido, o destaque e interesse para este momento associam-se s dinmicas

    que dele foram originada constituio de relaes urbanas.

    A cidade de Ribeiro Preto (Mapa 2) est localizada na poro oeste do

    estado de So Paulo. Sua fundao data o ano de 1856 e elevado a categoria

    de vila no ano 1871.

    O momento histrico ao qual est circunscrita sua fundao implica em

    particularidades significativas ao trato da evoluo desta cidade j que tm em

    seu processos de constituio as marca de uma contraposio entre em dois

    perodos distintos, em que a regio de Ribeiro Preto constitua na principal via

  • 34

    de acesso minas de ouro no estado de Gois3 e um segundo marcada pela

    acentuao econmica capitalistas, orientadas pelo complexo de atividades

    oriundas pela economia cafeeira, sendo este ltimo o divisor de guas e o

    ponto de partida para a constituio do processo urbano na cidade.

    A atividade cafeeira se estabelece efetivamente no municpio durante a

    dcada de 1880, substituindo antigas pastagens de gado e a agricultura de

    subsistncia (LOPES, 2009). Sua consolidao associa-se a chegada da

    estrada de ferro Mogiana em 1883, tornando-se a principal regio produtora de

    caf no Brasil. O dinamismo econmico oriundo da atividade cafeeira perdurar

    at o final da dcada de 1929.

    O crescimento populacional e decorrente expanso do tecido urbano

    ocorrem simultaneamente s dinmicas econmicas destacadas. Figueira

    (2013) destaca que o perodo compreendido pelo final do sculo XIX e as duas

    primeiras dcadas do sculo XX, condiz ao momento de ampliao dos

    servios urbanos, assim como mudanas na estrutura urbana atravs da

    abertura de novas vias, construo de praas, obras de drenagem e

    saneamento etc.

    Se a economia cafeeira perdurou at a dcada de 1930 em Ribeiro

    Preto como principal atividade, esta se mantm at a dcada de 1950 em

    Londrina. Entretanto, apesar das diferentes temporalidades, as

    transformaes gestadas no interior deste perodo acarretam em profundas

    mudanas com rebatimentos amplos. Cano (2011, p. 152) aloca este conjunto

    de transformaes em seus desdobramentos da acumulao produtiva, no

    perfil das foras sociais e na consolidao de um sistema bancrio.

    O declnio da atividade cafeeira associa-se de modo amplo s profundas

    mudanas em processo no Brasil que nestas duas cidades, integram-se, sob

    temporalidades distintas, transformaes significativas ao trato de suas

    relaes na escala da rede urbana e tambm nas lgicas que passam a

    direcionar o processo de expanso destas cidades.

    3 Lopes (2009) destaca a constituio da cidade de Ribeiro Preto associada doao no ano

    de 1946 de Glebas Igreja Catlica como mediada orientada pelas famlias Dias Campos e Reis Arajo com a finalidade de comprovao e legitimao da posse da propriedade da terra.

  • 35

    Mapa 1. Situao Geogrfica. Londrina

  • 36

    Mapa 2. Situao Geogrfica. Ribeiro Preto

  • 37

    1.3 Transformaes e permanncia na estruturao urbana das cidades

    de Londrina e Ribeiro Preto.

    Nestas cidades o processo urbanizao iniciado pelo complexo de

    atividades oriundas da economia do caf ganha novos contornos aps a

    segunda metade do sculo XX. Correndo o risco de generalizar processos, ou

    mesmo, torna-los superficiais atrelamos este momento a um conjunto de

    determinaes que tem como pano de fundo o conjunto de novas relaes

    sociais e econmicas oriundas das lgicas da industrializao4.

    Essa nova base econmica ultrapassa o nvel regional, para situar-se na escala do pas; por isso, a partir da, uma urbanizao cada vez mais envolvente e mais presente no territrio d-se com o crescimento demogrfico sustentado em cidades mdias e maiores, includas, naturalmente, as capitais de estados. (SANTOS, 2002)

    A referncia em Milton Santos permite delinear algumas particularidades

    deste novo momento. Tomando como recorte temporal o perodo posterior aos

    anos de 1940 e 1950 o autor situa a amplitude das novas relaes que passam

    a integrar o territrio brasileiro, atravs de dinmicas que esto presentes na

    escala do pas acarretando, por sua vez, em um crescimento demogrfico

    sustentado por cidades de diferentes portes.

    No apenas presente na evoluo demogrfica, mas tambm, este novo

    perodo acarreta na modificao da base produtiva e da dinmica do emprego,

    tal como indicado por Cano (2011) pensando a realidade paulista, no perodo

    compreendido entre as dcadas de 1940 e 1960, integrando ao setor de bens

    de capital, consumo durvel e a constituio de uma agricultura mais

    moderna5.

    Uma agricultura mais moderna e dinmica, juntamente com uma estrutura industrial mais completa e moderna, promove, como se sabe, melhor interdependncia estrutural tcnica e

    4 O termo industrializao por ns assumido em concordncia definio de Santos (2002, p.

    30) que o compreende de modo amplo, no restrito atividades industriais, mas sim como processo social complexo que tanto inclui a formao de um mercado nacional, quanto os esforos de equipamentos no territrio para torna-lo integrado, como expanso do consumo em formas diversas, o que impulsiona a vida de relaes em formas diversas (leia-se terceirizao) e ativa o prprio processo de urbanizao. 5 Estas ideias esto contidas em Cano (2011) e referem-se fundamentalmente aos processos

    que passam a integrar o conjunto do territrio nacional, porm com maior expresso no Estado de So Paulo.

  • 38

    econmica e, portanto, ocupacional entre os setores primrios, secundrios e tercirios, dinamizando, assim, um processo de urbanizao. (CANO, 2011, p. 159)

    Tomando como suporte os estudos de Fresca (2002; 2007) para a

    cidade de Londrina e Figueira (2013) para a cidade de Ribeiro Preto,

    complementamos este conjunto de determinaes aludidas atravs de seus

    desdobramentos espaciais no interior destas cidades, na medida em que este

    momento resguarda similitudes ao que tange os processos de transformao

    dos setores centrais e a constituio de novos bairros.

    Neste sentido, a evoluo demogrfica percebida nestas cidades no

    perodo, associada ampliao dos empregos urbanos. Em Londrina a

    permanncia da cultura cafeeira6 conduzir o dinamismo econmico da cidade,

    porm integrando-se crescente ampliao dos servios urbanos7.

    Em Ribeiro Preto, de modo contrrio, h reestruturao da base

    econmica do municpio, com pesos mais acentuados do setor industrial e do

    setor de servio8, acarreta na constituio de uma setorizao funcional das

    atividades de comercio e servios no centro da cidade9. (CHIARETTI, 2013;

    FIGUEIRA, 2013)

    Ademais, o centro destas cidades passa a integrar-se um incipiente

    processo de verticalizao, que nestas duas cidades, representado pela

    produo de edifcios comerciais e habitacionais. Estas dinmicas so

    melhores percebidas em Londrina (CASARIL, 2010) e Ribeiro Preto

    (FIGUEIRA, 2013) durante a dcada de 1950.

    Outra dinmica percebida em ambas as cidades a constituio de

    novos loteamentos que extrapolam a rea delimitada pela zona central. Estes

    loteamentos no assumem um vetor exclusivo, em ambas as cidades

    direcionam-se a todos os setores, entretanto, denotando uma segmentao

    bem definida aos segmentos de renda aos quais eram direcionados.

    6 Fresca (2002) destacar que neste perodo a cidade de Londrina apresenta os maiores nveis

    de produo do pas, assumindo a adjetivao de capital mundial do caf. 7 O peso destas atividades associa-se no apenas ao comercio na rea central, mas tambm,

    a servios mdicos, de transporte, dada a fundao do aeroporto local dentre outros. 8 Tomando como referncia os dados do IBGE a autora a evoluo do emprego na cidade

    entre as dcadas de 1940 e 1950 obteve um crescimento de 12,6% e entre as dcadas de 1950 e 1960 este nmero aumenta para 14,7%. 9 Esta setorizao dada por trs eixos distintos com funes urbanas especficas, em ateno

    aos diferentes segmentos de renda, so eles, a Praa XV de novembro, a estao Mogiana e o bairro Higienpolis.

  • 39

    Esta incipiente estruturao espacial, a qual estas cidades passam a

    constituir durante as dcadas de 1940 e 1950, ser reforada durante as

    dcadas de 1960 e 1980, neste perodo confere-se maior importncia

    importncias s dinmicas de expanso territorial das cidades e aos produtos e

    agentes imobilirios que passam a atuar nestas cidades.

    Alm disso, nas cidades de Londrina e Ribeiro Preto, este um

    perodo de grande dinamismo econmico ligado agroindstria. Em Londrina

    substitui-se a produo do caf pela produo de soja e trigo. Em Ribeiro

    Preto se d a constituio da produo de cana-de-acar10.

    A transformao da estrutura produtiva, com a modernizao das

    culturas da cana-de-acar, da soja e do trigo, impe uma acentuada

    mecanizao, quimificao e introduo de espcies melhoradas (CANO,

    2011). Estas transformaes modernizadoras impactam de modo incisivo os

    nveis de produtividade agrcola e a dependncia da produo bens

    industriais e por servios especializados.

    Alm disso, acarretam na reduo drstica nos postos de trabalho

    acelerando as corrente migratrias em direo aos ncleos urbanos

    acarretando a todo tipo de carncias tal como indicado por Cano (2011)

    pensando o contexto nacional de deslocamento espacial da produo industrial

    e agrcola.

    As polticas de desconcentrao industrial, com ou sem a criao de Distritos industriais, mesmo quando bem-sucedidas, desconcentraram no apenas indstrias, mas tambm doses crescentes de carncias sociais, que no caso brasileiro, acompanham inevitavelmente a classe trabalhadora: a favelizao, a carncia da escola, do posto mdico, da segurana, do transporte coletivo, enfim, todos os problemas que hoje esto presentes no apenas na RMSP, mas em todas as cidades de porte mdio que receberam o impacto da industrializao. (CANO, 2011, p. 172).

    O avano dos indicadores demogrficos nestas cidades promove

    durante as dcadas de 1970 e 1980 a expanso acentuada das periferias

    urbanas e da habitao informal com surgimento de ncleos de favela nestas

    duas cidades.

    10

    Esta configurao dada em virtude da crise do petrleo e a criao do Prolcool, a regio voltou a se destacar e reconquistou sua importncia econmica nacionalmente. este o perodo que confere a cidade a adjetivao de Califrnia brasileira (CHIARETTI, 2013).

  • 40

    Em Londrina criada na dcada de 1960 a COHAB-LD, sua atuao

    efetiva entre as dcadas de 1970 e 1990 (FRESCA, 2002) atravs da produo

    de conjuntos habitacionais. Esta produo assumir a partir da dcada de 1980

    um importante papel nos processos de expanso do tecido urbano, atravs da

    produo habitacional em descontnuo malha urbana j consolidada, separa,

    portanto, por grandes vazios urbanos11.

    A cidade de Ribeiro Preto entre as dcadas de 1970 e 1990 apresenta

    um padro de evoluo territorial disperso, que se acentua durante a dcada

    de 1990, marcados por uma ocupao incipiente do setor sul, nas

    proximidades do anel virio e limite no permetro urbano12, ao passo que os

    setores norte e oeste so tomados por habitaes de interesse social vinculada

    s aes da Companhia Habitacional de Ribeiro Preto (COHAB-RP) e do

    Banco Nacional de Habitao (BNH).

    Este momento, quando pensado comparativamente aos processos de

    estruturao destas duas cidades, demarca algumas particularidades

    significativas que diferencia grau e a intensidade em que estas mudanas

    passam a acontecer.

    Enquanto em Londrina estas transformaes integram-se a um

    processo que refora as lgicas de estruturao do espao, atravs da

    consolidao de um padro de ocupao residencial e comercializao nas

    intermediaes da rea central. A este respeito nos reportamos aos estudos de

    Tws (2010), Oura (2006) e Santos (2011) que debatem os momentos da

    produo de empreendimentos verticais, atrelando-os aos processos de

    estruturao da cidade. Desta periodizao, destacam a importncia do

    perodo compreendido pelas dcadas de 1980 em que h intensificao da

    dinmica de produo vertical voltada ao uso residencial nas reas centrais

    que se consolida durante a dcada de 1990.

    Alm disso, h neste perodo o reforo das atividades comerciais na

    rea central em Londrina, que exercera forte centralidade, sem uma

    competio efetiva com outros espaos at o final da dcada de 1980.

    (FRESCA, 2007)

    11

    Destacar quais so estes conjuntos habitacionais. 12

    Os primeiros bairros produzidos neste perodo so o Jardim Canad, Ribeirnea e City Ribeiro, localizados hoje nas proximidades do Ribeiro Shopping (1981) e do Novo Shopping (1999)

  • 41

    Em Ribeiro Preto, por outro lado, este perodo oferece alguns indcios

    de uma transformao estrutural nas lgicas de localizao e reproduo

    espacial.

    A evoluo histrica deste processo permeia, tal como indicado por

    Figueira (2013), resulta em um movimento mais amplo, expressando um

    movimento tendencial de ruptura com processos anteriormente consolidao

    de estruturao da cidade. O indcio expressos neste momento para a

    constituio de uma reestruturao da cidade de Ribeiro Preto, tm em suas

    feies a ruptura de lgicas de localizao habitacional, associado a um

    processo de verticalizao e de localizao residencial das elites, iniciado na

    primeira metade da dcada de 198013.

    Ademais, a dcada de 1980 sinaliza para a conformao de novos eixos

    comerciais, constituindo um momento de disperso das atividades comerciais

    do centro, assumindo neste perodo uma dimenso relevante.

    Estas transformaes resultam no deslocamento progressivo das

    atividades comerciais para diferentes avenidas, tal como as atividades

    bancrias que se deslocam no final da dcada de 1990 para a Avenida

    Presidente Vargas, ou mesmo, a construo do Ribeiro Shopping, inaugurado

    no ano de 1981, nas proximidades do anel virio. (FIGUEIRA 2013).

    Os processos que passam a integrar o perodo posterior dcada de

    1980 nestas duas cidades compreendem um momento que acentua as

    tendncias j em curso nas dcadas anteriores e conforma nova dinmica

    rearticulam prticas espaciais atravs da produo e ressignificao dos

    espaos internos da cidade.

    1.2. Expanso territorial urbana nas cidades de Londrina e Ribeiro

    Preto.

    O conjunto de anlises apresentadas at o momento buscou indicar

    algumas tendncias associadas s formas e processos que conduziram a

    estruturao urbana e das cidades de Londrina e Ribeiro Preto. Neste

    13 O processo de verticalizao da rea central de Ribeiro Preto est associada, sobretudo, aos bairros Higienpolis e Jardim Sumar.

  • 42

    sentido, notria a evoluo dos indicadores associados taxa de

    urbanizao destas cidades nas ltimas dcadas do sculo XX, mantendo-se

    nos dias atuais com percentuais elevados, tal como indicado na Tabela 1.

    Tabela 1. Taxa de urbanizao das cidades de Londrina e Ribeiro Preto. 1980 a 2010.

    Taxa de Urbanizao 1980 1991 2000 2010

    Estado de So Paulo 88,64 92,72 93,41 95,94

    Ribeiro Preto 96,81 97,74 99,57 99,72

    Estado do Paran 58,62 73,36 81,41 85,33

    Londrina 88,48 94 96,94 97,4

    Fonte: Fundao SEADE e IPARDES.

    A elevao das taxas de urbanizao nestas cidades, referentes a razo

    entre o nmero de habitantes que residem nas reas rurais e o nmero de

    pessoas que vivem nas reas urbanas significativa. Nas duas cidades,

    apresenta uma variao positiva crescente e sempre acima das taxas

    apresentadas para o Estado.

    Complementarmente a estes dados possvel verificar a evoluo dos

    da populao residente para estas duas cidades. Tabelas 2 e 3

    O conjunto de dados indicados associados evoluo da populao

    residente em Londrina permite identificar a tendncia crescente de elevao do

    nmero de pessoas vivendo na rea urbana do municpio, apresentando uma

    evoluo significativa principalmente entre as dcadas das de 1980 e 1991 em

    que os valores percentuais referentes ao total chegam a quase 30% de

    diferena entre uma dcada e outra, se comparada somente populao

    urbana esta evoluo ultrapassa os 40%.

    Tabela 2. Evoluo da populao residente. Londrina. 1980/2010

    Ano Populao residente

    Urbana Rural Total

    1980 266.940 34.771 301.711

    1991 376.676 23.424 390.100

    2000 433.369 13.696 447.065

    2010 493.457 13.181 506.701 Fonte: LONDRINA, 2011 (a partir dos dados dos Censos Demogrficos do IBGE, da Contagem da Populao 2006 e do IPARDES).

  • 43

    Na cidade de Ribeiro Preto a contraposio entre a populao

    residente em reas rurais e urbanas ainda mais contrastante. Alm disso,

    bastante expressiva no perodo a variao a cada dcada dos dados em

    relao ao nmero da populao residente.

    Assim como em Londrina o perodo que indica uma evoluo acentuada,

    est compreendido entre as dcadas de 1980 e 1991 que atinge 36% de

    variao do total de pessoas residente e chega a 38% se comparada

    unicamente as pessoas vivendo na zona urbana.

    Tabela 3 Evoluo da populao residente. Ribeiro Preto. 1980/2010

    Ano Populao residente

    Urbana Rural Total

    1980 306.837 10.081 316.918

    1991 424.311 9.831 434.142

    2000 502.002 2.160 504.162

    2010 602.061 1.713 603.774 Fonte: Fundao SEADE.

    Com os dados apresentados, associando-os s dinmicas apresentadas

    nos captulos anteriores, podemos observar um movimento permanente de

    transformao das cidades, associado tanto s dinmicas econmicas e

    sociais quanto em suas resultantes espaciais.

    Os processos que passam a integrar o perodo posterior dcada de

    1980 nestas duas cidades compreendem um momento que acentua as

    tendncias j em curso nas dcadas anteriores e conforma nova dinmica

    rearticulam prticas espaciais atravs da produo e ressignificao dos

    espaos internos da cidade.

    Em Fresca (2002) a discusso em torno da expanso urbana na cidade

    de Londrina encontra forte correlao com este movimento. Para esta autora

    os momentos de expanso urbana, circunscritos ao perodo de 1987 a 2000,

    encontram-se diretamente associados tendncia de periferizao da cidade,

    seja pela construo de novos conjuntos habitacionais e loteamentos fechados,

    ou mesmo na consolidao de novas centralidades com a construo do

    Shopping Center Catua no incio dos anos de1990 e a consequente ocupao

    que seu deu no vetor sudoeste da cidade.

  • 44

    Em Ribeiro Preto, Figueira (2013) destaca o conjunto de

    transformaes urbanas em curso durante as ltimas dcadas do sculo XX e

    incio do sculo XIX, estas transformaes condizem a expanso territorial da

    cidades, marcadamente acentuada pelas novas formas de habitat urbano,

    como condomnios fechados e edifcios de alto padro. Ademais, sinaliza ao

    carter processual constitudo em Ribeiro Preto durante as dcadas de 1980

    e 1990 com a extenso dos servios reas fora do centro comercial

    tradicional/histrico, emergindo assim novas centralidades em avenidas, tal

    como Avenida Presidente Vargas, ou mesmo pelo Ribeiro Shopping e pelo

    Novo Shopping.

    Esse conjunto de mudanas degradao do centro principal, implantao de novos espaos de consumo - no substitui, completamente, a lgica que orientava a estruturao das cidades no perodo anterior, uma lgica de expanso urbana contnua, com estrutura do tipo centro-periferia, com emergncia de subcentros etc. Ao contrrio, a nova lgica sobrepe-se s anteriores, com elas se articula, de forma muitas vezes contraditria, gerando uma dinmica de estruturao muito mais complexa. (SPOSITO, 2004, P. 234).

    Esta discusso integra-se a um conjunto mais amplo de preocupaes,

    tal como apresentado por Sposito (2004), que reconhece na necessidade de se

    considerar a evoluo e gnese, nunca linear, dos processos de produo do

    espao, como um limiar analtico para compreenso das mudanas que se

    estabelecem nos contedos econmicos, sociais e polticos do espao.

    Deste modo, ao tratar das cidades de Londrina e Ribeiro Preto

    consideramos como eixo central a tendncia crescente periferizao da

    cidade durante o sculo XX, reconhecendo-a como resultado de determinaes

    ancoradas num conjunto de mudanas estruturais que passam a integrar-se a

    rede urbana brasileira.

    Estas determinaes so sinalizadas por Sposito (2004) que as concebe

    a partir de trs nveis.

    Ganho de importncia das polticas de planejamento durante o sculo

    XX. Com a separao territorial das atividades e usos urbanos

    funes urbanas. Ocasionando maior circulao e consequente

    extenso do tecido urbano.

  • 45

    O ganho de importncia das aes despendidas pelos promotores

    imobilirios e os interesses fundirios, atravs da implantao de

    novos loteamentos e pelo contnuo lanamento de novos produtos

    imobilirios e das novas formas de atingir novos consumidores e/ou

    estimular novas demandas queles que j haviam consumido outros

    produtos imobilirios anteriormente. (SPOSITO, 2004, p. 294)

    Por fim, destacado o papel das inovaes tcnicas que oferecem

    suporte para estas transformaes tais como a popularizao do

    automvel, atuando como um elemento importante para a extenso

    dos tecidos urbanos.

    Estas determinaes implicam para na redefinio completa da estrutura

    das cidades, sendo, como indicado por Catalo (2013), a disperso dos tecidos

    urbanos uma das transformaes mais marcantes e desafiadoras do perodo

    atual, na medida em que a produo de novos espaos e edificaes, bem

    como as de refuncionalizao de outros implicam na extenso dos tecidos

    urbanos e na completa redefinio das lgicas locacionais. (SPOSITO, 2009).

    Tomando como referncia estas questes destacamos o Mapa 3

    representa a evoluo deste movimento, indicando os deferentes perodos de

    ocupao em diversas reas de Londrina. Chama ateno neste conjunto de

    transformaes para a quebra de padro de estruturao da cidade marcado

    pela continuidade do tecido urbano, perdurando at o incio da dcada de

    1970.

    Os perodos posteriores, assinalados no mapa pelos tons alaranjado e

    amarelo, revelam uma contraposio bastante ntida em relao aos perodos

    anteriores dcada de 1970. Destaca-se a partir da uma lgica de

    estruturao espacial marcada pela descontinuidade do tecido urbano, tal

    como indicado anteriormente.

  • 46

    Mapa 3. Evoluo urbana. Londrina. 1930 - 2009.

    Fonte: Tws (2010, p. 86).

    Em Ribeiro Preto, de modo semelhante, estes processos integram-se

    a um movimento gradual de ressignificao dos contedos da periferia e a

    criao de novas centralidades. Estas transformaes so percebidas ainda na

    dcada de 1970 em um incipiente processo de ampliao das diferenas nos

    espaos internos da cidade a partir da produo de bairros voltados aos

    segmentos de rendas mais elevados, construdos em descontnuo zona

    central.

    O Mapa 4 destaca a evoluo urbana da cidade Ribeiro Preto. Chama

    ateno o avano acentuado da malha os sentidos e a dimenso deste

    processo de expanso territorial. possvel, atravs da anlise do mapa,

    identificar a acentuada expanso do tecido urbano durante a segunda metade

    da dcada de 1970 chegando at 1996, representada pelo tom alaranjado.

  • 47

    Mapa 4. Ribeiro Preto. Evoluo urbana. 1930-2009.

    Este conjunto de dinmicas, presentes em cada uma das cidades em

    anlise, ganha fora no perodo atual com a intensificao e aprofundamento

    das diferenas e desigualdades socioespaciais.

  • 48

    Condiz, portanto, a um perodo emblemtico na evoluo histrica da

    cidade de Londrina e Ribeiro Preto, que assume em seus desdobramentos

    uma complexificao gradual da estrutura urbana e a tendncia crescente

    fragmentao socioespacial, visto que, a acentuao dos processos

    segregatrios atenua as possibilidades de convivncia entre as diferenas.

    (SPOSITO, 2004, p. 305).

    A constituio de novas centralidades por meio da implantao de

    shopping centers, centros empresariais ou de negcios passam a integrar

    algumas contradies associadas a posio hierrquica dos diferentes lugares

    no interior das cidades. A este respeito dedicaremos o trecho subsequente

    caracterizao, com a finalidade de exemplificar estes processos, dos setores

    de expanso e valorizao imobiliria de cada uma destas cidades.

    Para tanto sero analisados o setor Sul-Sudoeste da cidade de

    Londrina referente ao bairro Gleba Palhano. Em Ribeiro Preto esta anlise

    tomar como referncia o setor Sul-Sudeste.

    ***

    A expanso territorial urbana ao lado Sul do Lago Igap, em Londrina,

    exemplificam estas lgicas de reproduo espacial, assim como, os agentes na

    produo imobiliria recente14.

    A impresso imediata, dirigida expressividade/grandiosidade da forma

    dos edifcios em complemento a paisagem do Lago do Igap e ao seu entorno,

    a de uma rea diferenciada. Esta conformao demonstra um setor da cidade

    privilegiado, seja pela sofisticao dos prdios, ou beleza do parque, as vias

    amplas e pavimentadas que quando associadas s gruas e aos edifcios ainda

    em construo expressam um inconcluso processo de ocupao, demarcando

    uma rea de intenso dinamismo no que se refere ao setor da construo civil.

    Retomar os eventos e agentes em sua forma e expresso conduz-nos a

    diferentes etapas da evoluo territorial da cidade de Londrina.

    14 O lado Sul do Lago do Igap, compreendido pelos bairros Gleba Palhano e Guanabara, representa o principal eixo de expanso imobiliria na cidade de Londrina para os segmentos de mdia e alta renda. Trata-se de uma rea de grande valorizao imobiliria, caracterizada por empreendimentos verticais para a moradia.

  • 49

    Imagem 1. Vistas da Gleba Palhano atravs do Lago Igap. Londrina. 2012

    Fonte: Arquivo pessoal do autor.

    Sua incorporao ao processo de expanso territorial da cidade de

    Londrina demarca a segunda metade da dcada de 199015, quando se realiza

    o parcelamento do solo, modificando seus usos, substituindo chcaras por

    prdios, dotando a rea de infraestruturas necessrias a sua ocupao. Estas

    transformaes respondem em sua lgica de realizao a um conjunto de

    medidas estratgicas respaldadas, por um lado, pela lei municipal n 7.484 de

    1998, que substitui e intensifica o coeficiente de aproveitamento do solo para

    esta zona expresso anteriormente pela lei n 3.706 de 1984, mantendo, porm

    a caracterstica de constituir/incentivar s regies perifricas os usos para

    verticalizao, para aliviar a densidade do centro.

    A presena do poder pblico sintomtica quando dirigimos ateno a

    um movimento de valorizao/diferenciao da zona Sul de Londrina em

    relao ao conjunto da cidade. Trata-se de um processo circunscrito por

    aes pontuais para o privilgio deste setor da cidade. Como exemplo destes

    fatos podemos tomar a construo do Lago Igap que e