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CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E RESUMOS ABRALIN em CENA Mato Grosso 10 a 13 de abril de 2012 Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Linguagem Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem Universidade Federal de Mato Grosso Cuiabá/MT

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CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E RESUMOS

ABRALIN em CENA Mato Grosso

10 a 13 de abril de 2012 Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Linguagem

Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem

Universidade Federal de Mato Grosso

Cuiabá/MT

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ORGANIZAÇÃO EDITORIAL Marco Antonio Martins Aryonne da Silva Morais Kássia Kamilla de Moura Lucrécio Araújo de Sá Júnior Maria Joyce Paiva Medeiros Reika Gabrielle Dantas da Silva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A849a Associação Brasileira de Linguística. Congresso (2012 : Cuiabá, MT) ABRALIN em CENA Mato Grosso: caderno de programação e resumos: Congresso da Associação Brasileira de Linguística, 10 a 13

de abril de 2012. – Natal: Top Gráfica, 2012. --- p. ISSN – 2179-7145

1. Linguística – Mato Grosso – Congressos. I. Universidade Federal de Mato Grosso. CDU – 81’1(817.2)(063)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Reitora Maria Lúcia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Francisco José Dutra Souto

Pró-Reitora de Ensino de Graduação Myrian Thereza de Moura Serra

Pró-Reitora de Ensino de Pós-Graduação

Leny Caselli Anzai

Pró-Reitor de Pesquisa Adnauer Tarquínio Daltro

Pró-Reitor de Cultura, Extensão e Vivência

Luis Fabrício Cirillo de Carvalho

Pró-Reitora Administrativa Valéria Calmon Cerisara

Pró-Reitora de Planejamento

Elisabeth Aparecida Furtado de Mendonça

Diretora do Instituto de Linguagens Rosangela Calix Coelho da Costa

Chefe do Departamento de Letras

Maria de Jesus das Dores Alves Carvalho Patatas

Coordenadora de Ensino de Graduação em Letras Carolina Akie Ochiai Seixas Lima

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos

da Linguagem Célia Maria Domingues da Rocha reis

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Humanas Letras e Artes

Departamento de Letras

Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem

(Sede Biênio 2011-2013)

Caixa Postal 1524 - Campus Universitário - Lagoa Nova - CEP: 59.072-970 - Natal/RN – Brasil

Fone/fax: 55 (84) 3215-3579

www.abralin.org

DIRETORIA DA ABRALIN BIÊNIO 2011-2013 Luis Passeggi (UFRN) – Presidente da ABRALIN Marco Antonio Martins (UFRN) – Vice-residente da ABRALIN Lucrécio Araújo de Sá Júnior (UFRN) – 1º tesoureiro Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN) – 2ª tesoureira Maria da Penha Casado Alves (UFRN) – 1ª secretária Paulo Henrique Duque (UFRN) – 2º secretário

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ABRALIN em CENA Mato Grosso

Realização:

ABRALIN

COMISSÃO ORGANIZADORA Marco Antonio Martins (UFRN) – Presidente Luis Passeggi (UFRN) Lucrécio Araújo de Sá Júnior (UFRN) Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN) Maria da Penha Casado Alves (UFRN) Paulo Henrique Duque (UFRN) EQUIPE LOCAL Elias Alves de Andrade (UFMT) Maria Inês Pagliarini (UFMT) Maria Rosa Petroni (UFMT) Roberto Leiser Baronas (UFSCAR) Danie Marcelo de Jesus (UFMT) EQUIPE DE APOIO Aryonne da Silva Morais Kássia Kamilla de Moura Maria Joyce Paiva Medeiros Reika Gabrielle Dantas da Silva

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COMISSÃO CIENTÍFICA

Adair Vieira Gonçalves (UFGD)

Ana Maria Di Renzo (UNEMAT)

Cássia Regina Tomanin (UNEMAT)

Celina Aparecida de S. Nascimento (UFMS-Três Lagoas)

Danie Marcelo de Jesus (UFMT)

Dermeval da Hora (UFPB/CNPq)

Elias Alves de Andrade (UFMT)

Eloisa Brito (UFG) Francisco Quaresma (UFG) Izete Lehmkuhl Coelho (UFSC) José Leonildo Lima (UNEMAT) Joyce Elaine de Almeida Baronas (UEL)

Luis Passeggi (UFRN)

Manoel Mourivaldo Santiago Almeida(USP) Marco Antonio Martins (UFRN)

Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN)

Maria da Penha Casado Alves (UFRN) Maria Inês Pagliarini Cox (UFMT)

Maria Rosa Petroni (UFMT) Mariney Pereira Conceição (UNB) Marlon Leal Rodrigues (UEMS) Renato Miguel Basso (UFSC)

Roberto Leiser Baronas (UFSCAR) Rodolfo Ilari (UNICAMP) Roxane Rojo (UNICAMP) Sérgio Flores (UFMT) Simone de Jesus Padilha (UFMT) Solange Maria Barros Ibarra Papa (UNEMAT) Sônia Cyrino (UNICAMP) Sulemi Fabiano Campos (UFRN) Valdir do Nascimento Flores (UFRGS/CNPq) Thomas Massao Fairchild (UFPA)

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Apoio:

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Linguagem

Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem

Secretaria da Educação do Estado do Mato Grosso

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior –

CAPES

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Apresentação

Prezados participantes,

Bem-vindos ao ABRALIN em CENA Mato Grosso! O congresso ABRALIN EM CENA é uma iniciativa da

Associação Brasileira de Linguística, implementada na gestão de 2007-2009, presidida pelo prof. Dr. Dermeval da Hora, na Universidade Federal da Paraíba. Tem por objetivo incentivar o intercâmbio entre pesquisadores das diversas regiões brasileiras, priorizando as linhas de pesquisa existentes nos Programas de Pós-Graduação da localidade onde o evento é realizado. A atual diretoria da ABRALIN – gestão 2011-2013, presidida pelo professor Luis Passeggi e sediada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, realiza mais uma edição do congresso “em cena” na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/Cuiabá, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem dessa universidade. É importante salientar que a data do evento, de 10 a 13 de abril de 2012, coincide com a data de um encontro entre os coordenadores dos Programas de Pós-Graduação da região Centro-Oeste, com a presença da coordenação de Área de Letras e Linguística da CAPES. Considerando a participação dos coordenadores nesse encontro, a programação do ABRALIN em CENA Mato Grosso conta com a presença de muitos colegas coordenadores de Programas de Pós-Graduação da região Centro-Oeste em mesas-redondas e minicursos.

Neste Caderno de Programação e Resumo, você encontrará a programação geral do congresso, que conta com duas conferências, oito mesas-redondas e sessões de comunicação em Grupos Temáticos e de pôsteres, e os resumos das atividades apresentadas.

A todos um excelente congresso!

Prof. Dr. Marco Antonio Martins Presidente da comissão organizadora do ABRALIN EM

CENA MATO GROSSO

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Sumário Programação Geral Dia 10 de outubro de 2011 Dia 11 de outubro de 2011 Dia 12 de outubro de 2011 Dia 13 de outubro de 2011

Resumos das mesas-redondas

Resumos dos Grupos Temáticos

Resumos dos Pôsteres

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PROGRAMAÇÃO GERAL

10 DE ABRIL DE 2012

TERÇA-FEIRA

Horário Local Atividade

14h às 18h

Sala K, 2º Piso/IL

Credenciamento e entrega do material

18h30

Auditório da FAEC

Cerimônia de abertura

19h Auditório da FAEC

Auditório da

FAEC

Conferência de abertura: Prof. Dr. Dermeval da Hora (UFPB/CNPq/CAPES)

20h30min Atividade cultural/Coquetel

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11 DE ABRIL DE 2012

QUARTA-FEIRA

Horário Local Atividade

08h às 10h Minicursos (grupo A)

Sala 33-IL

Sala 34-IL

GRAMATICALIZAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA – Jussara Abraçado (UFF)

TRADIÇÕES DISCURSIVAS DAS CULTURAS POPULARES –Lucrécio Araújo de Sá Júnior (UFRN)

Sala 35-IL AS RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM, COGNIÇÃO E CORPORALIDADE – Paulo Henrique Duque (UFRN)

Sala 36-IL SEMIÓTICA E MITOLOGIA – Maria Luceli

Faria Batistote (UFMS)

Sala 37-IL INTRODUÇÃO AO ESTUDO DESCRITIVO DE LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS - Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (LALI-UnB); Aisanain Páltu Kamayurá (Doutorando em linguística, LALI, PPGL-UnB); Wary Kamayurá Awetí (Doutorando em Linguística, LALI, PPGL-UnB)

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Horário Local Atividade

10h15 às 12h Auditório da FAEC

MESA-REDONDA 1: SEMÂNTICA

Luis Passeggi (UFRN) coordenador Rodolfo Ilari (UNICAMP) Renato Miguel Basso (UFSC)

Horário Local Atividade

14h às 16h Sala 33-IL GRUPO TEMÁTICO FONÉTICA E FONOLOGIA E MORFOLOGIA Coordenadores: Laudino Roces Rodrigues e Izete Lehmkuhl Coelho

VARIAÇÃO FONÉTICA E FONOLÓGICA: UM OLHAR LINGUÍSTICO

SOBRE O MANUAL DIDÁTICO

Nádia Cristina da Silva Santos (UFMT)

ANÁLISE QUALITATIVA E ACÚSTICA DAS VOGAIS MÉDIAS

PRETÔNICAS NO PORTUGUÊS FALADO NA AMAZÔNIA PARAENSE

Mara Sueny Teixeira da Costa (UFPA)

A EVOLUÇÃO DO PARTICÍPIO PRESENTE NO PORTUGUÊS

Elaine Ferreira Dias (UNIMONTES/PUC Minas)

OS SINAIS BRAQUIGRÁFICOS

Angelita Heidmann Campos (UFMT)

Elias Alves de Andrade (UFMT)

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14h às 16h Sala 34-IL GRUPO TEMÁTICO SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Coordenadores: Miguel Basso (UFSC) e Luis Passggi (UFRN)

OS LUGARES DE DIZER NA CENA ENUNCIATIVA

Leila Castro da Silva (UNEMAT)

AS DIFERENÇAS ENTRE AS LÍNGUAS E OS DIFERENTES PADRÕES DE

LEXICALIZAÇÃO: INTERFACE SEMÂNTICA E COGNITIVA

Viviane Lucy Vilar de Andrade (UFSC)

A SEMÂNTICA DO VERBO “PEGAR“: UM ESTUDO SOBRE O

SENTIDO

Elza Contieri (UNIFESP)

AS FIGURAS ENUNCIATIVAS DO AGENTE DE SAÚDE AMBIENTAL NA

ENUNCIAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NA CIDADE DE CÁCERES

Sueli Martins Cardozo (UNEMAT)

14h às 16h Sala 35-IL GRUPO TEMÁTICO SOCIOLINGUÍSTICA E DIALETOLOGIA Coordenadores: Manoel Mourivaldo Santiago Almeida (USP) José Leonildo Lima (UNEMAT)

A REALIZAÇÃO DOS DITONGOS /AY/, /EY/ E /OW/ NO ENSINO DO

PORTUGUÊS EM CONTEXTOS FRONTEIRIÇOS.

Márcio Palácios de Carvalho (UEMS)

Elza Sabino da Silva Bueno (UEMS)

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VARIAÇÃO DA LATERAL PALATAL EM FALARES DO RN E DA PB: UM

ESTUDO GEO-SOCIOLINGUÍSTICO

Josenildo Barbosa Freire (SEEC - RN)

INFLUÊNCIA LINGUÍSTICA E SITUAÇÃO DE CONTATO ENTRE O

PORTUGUÊS E O KAIOWÁ (GUARANI)

Valéria Faria Cardoso (UNEMAT)

ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS DO FALAR MATO-GROSSOSSENSE

José Leonildo Lima (UNEMAT)

O SENTIDO DOS NOMES DAS RUAS DO CENTRO HISTÓRICO DE

CÁCERES

Mirami Gonçalves Sá dos Reis (UNEMAT)

MAPAS DO RIO GUAPORÉ: UMA ANÁLISE FILOLÓGICA EM

DOCUMENTOS CARTOGRÁFICOS DO SÉCULO XVIII DA CAPITANIA

DE MATO GROSSO

Carolina Akie Ochiai Seixas Lima (UFMT)

George Gleyk Max de Oliveira(UFMT)

14h às 16h Sala 36-IL GRUPO TEMÁTICO ANÁLISE DO DISCURSO 1 Coordenadora: Maria Inês Pagliarini Cox (UFMT)

A FONÉTICA E A FONOLOGIA EM MATERIAIS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO: POSIÇÕES DISCURSIVAS EM JOGO Terezinha Della Justina (UNEMAT) ACADEMIA MATOGROSSENSE DE LETRAS: LÍNGUA E SUJEITO NACIONAIS Roseli Moreira (UNEMAT) Eliana Almeida (UNEMAT)

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CONVERSANDO SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE CARTAS DE MONTEIRO LOBATO A GODOFREDO RANGEL Sheila C de Carvalho (UFMT) A HETEROGENEIDADE DO PORTUGUÊS EM LIVROS DIDÁTICOS: EFEITOS DE SENTIDO Sonia Renata Rodrigues (UFMT) A PALAVRA IDEOLÓGICA COMO ARENA DE LUTA SIMBÓLICA: IMAGENS SOCIAIS DE LÍNGUA (PORTUGUESA) E OBJETO DE ENSINO ESCOLAR Jefferson Ferreira (UNICAMP/Seduc-MT/ UFMT/SEDEF) Lezinete Regina Lemes (UNICAMP/Seduc-MT/ UFMT/SEDEF) Shirlei Neves dos Santos (UNICAMP/Seduc-MT/ UFMT/SEDEF) Osvaldo Pereira Souza (UNICAMP/Seduc-MT/ UFMT/SEDEF) AS IDEIAS LINGUÍSTICAS NA OBRA DE DINO PRETI: ANÁLISE DE MARCAS DO “HORIZONTE DE RETROSPECÇÃO” NA OBRA "SOCIOLINGUÍSTICA: OS NÍVEIS DA FALA" Gil Roberto Costa Negreiros (FEPI)

14h às 16h Sala 45-IL GRUPO TEMÁTICO ANÁLISE DO DISCURSO 2 Coordenador: Roberto Leiser Baronas (UFSCAR)

O PODER, A VERDADE E O SABER NO YOUTUBE Lígia Mara Boin Menossi de Araujo (UFSCar) OS SENTIDOS DO LIXO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO DOS CATADORES EM ESPAÇOS NÃO URBANOS Neuza Benedita da Silva Zattar (UNEMAT) EFEITOS E MEMÓRIA: DA NARRATIVA ÀS FESTIVIDADES VILABELENSE Weverton Ortiz Fernandes (UNEMAT)

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O LUGAR DO PODER E DA RESISTÊNCIA: DISCURSO, IMAGEM, MEMÓRIA Marcos Lúcio de Sousa Gois (UFGD) ESTEREÓTIPO E ESPAÇO NACIONAL: UMA ANÁLISE NO CAMPO DA MODA Ana Carolina Vilela-Ardenghi (UNICAMP) LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: O INTÉRPRETE E AS SUAS ESCOLHAS LINGUÍSTICAS E DISCURSIVAS Sérgio Pereira Maiolini (UFMT) Iara Cardoso Lopes (UFMT)

14h às 16h Sala 46-IL GRUPO TEMÁTICO LINGUÍSTICA APLICADA EM PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA Coordenadores: Danié Marcelo de Jesus (UFMT) e Solange Maria Barros Ibarra Papa(UNEMAT)

INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA EM TEMPOS DE E-BOOKS E TABLETS:

O DISCURSO DOCENTE NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO

Estela Seraglio Furrer (UNEMAT)

O PROCESSAMENTO DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA POR

APRENDIZES BRASILEIROS DE LE.

Alyson Andrade (UFPB/FLS)

TELETANDEM: UMA ANÁLISE FENOMENOLÓGICA HERMENÊUTICA

DA RELAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS COM ESSE CONTEXTO

Micheli Gomes de Souza (IBILCE)

UMA ANÁLISE SISTÊMICO-FUNCIONAL DO DISCURSO ACADÊMICO

NO CURSO DE LETRAS

Fabíola Sartin Dutra Parreira Almeida (UNEMAT)

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A EPISTEMOLOGIA GERATIVA E O ENSINO DE LÍNGUA

PORTUGUESA

Junia Lorenna da Silva (UnB)

14h às 16h Sala 47-IL GRUPO TEMÁTICO LINGUÍSTICA TEXTUAL Coordenadores: Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN) e Luis Passeggi (UFRN)

PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DOS

ESTUDOS DA LINGUAGEM NO BRASIL: AS TEORIAS LINGUÍSTICAS

NOS MANUAIS DE INTRODUÇÃO

José Carlos Leandro (UFPE)

GRAMATICALIZAÇÃO E TRADIÇÃO DISCURSIVA

Lúcia Regiane Lopes-Damasio (UFMT)

ABRE A PORTA E ACENDE A LUZ: TRADIÇÃO E FORMULAICIDADE

EM TEXTOS DA RELIGIOSIDADE POPULAR

Lucrécio Araújo de Sá Júnior (UFRN)

Elisângela Tavares Dias (UFRN)

ANÁLISE DA ESCRITA DE BILHETES PRODUZIDOS EM SALA DE

AULA: SEMELHANÇA COM A ESCRITA DOS SCRAPS DA REDE SOCIAL

ORKUT?

Verena Abreu (UFRB/Facemp/FACE)

14h às 16h Sala 48-IL GRUPO TEMÁTICO GÊNEROS TEXTUAIS Coordenadores: Maria da Penha Casado Alves (UFRN) e Simone de Jesus Padilha (UFMT)

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GÊNERO TEXTUAL NA ESOLA: UMA PROPOSTA PARA A PRÁTICA DA PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Joseli Rezende Thomaz (UFJF) LEITURA E ESCRITA NA PRÁTICA DE SALA DE AULA/EJA: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA ENUNCIATIVO-DISCURSIVA Soeli Aparecida Rossi de Arruda (CEFAPRO, UFMT) Maria Rosa Petroni (UNEMAT)

REPRESENTAÇÕES DO CAMPO E DA CIDADE NA POESIA DE MANOEL DE BARROS Paula Regina Bezerril Souza (UFRN) O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA PRÁTICA DE ENSINO NO INSTITUTO MADRE MARTA CERUTTI Karla Amorim Sancho (UFMT)

14h às 16h Sala 19-IL GRUPO TEMÁTICO ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA Coordenadores: Sulemi Fabiano Campos (UFRN) e Maria Rosa Petroni (UFMT)

“NÓS TEMOS A OBRIGAÇÃO DE PASSAR A PARTE CULTURAL NÉ, NEM QUE SEJA NO PAPEL”. PRÁTICAS SOCIAIS ORAIS E LETRADAS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR GUARANI Carlos Maroto Guerola (UFSC) UM CONTRAPONTO ENTRE A ABORDAGEM DE REDAÇÃO DO ENEM E AS PROPOSTAS DOS DOCUMENTOS OFICIAIS DA EDUCAÇÃO Neila Barbosa de Oliveira Bornemann (UFMT)

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CRIAÇÃO DE ATIVIDADES REFLEXIVAS EM UMA PERSPECTIVA BAKHTINIANA: UM MOMENTO ANTES DA REESCRITA Viviane Leticia Silva Carrijo (UFMT) SEÇÕES DE LEITURA EM LIVROS DIDÁTICOS DE LINGUA INGLESA: DECODIFICACÃO OU PRODUCÃO DE SENTIDOS? Paulo Rogério de Oliveira (MeEL/UFMT)

Horário Local

Atividade

16h15 às 18h Auditório do MeEL/IL

MESA-REDONDA 2: ESTUDOS DIACRÔNICOS Elias Alves de Andrade (UFMT) – coordenador Manoel Mourivaldo Santiago Almeida (USP) José Leonildo Lima (UNEMAT) Joyce Elaine de Almeida Baronas (UEL)

16h15 às 18h Auditório da FAEC

MESA-REDONDA 3: DISCURSO E IDENTIDADE Eloisa Brito (UFG) – coordenadora Solange Maria Barros Ibarra Papa (UNEMAT) Sérgio Flores (UFMT) Celina Aparecida de S. Nascimento (UFMS-Três Lagoas)

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Horário Local

Atividade

18h15 às 20h15 Minicursos (grupo B)

Sala 33-IL ESTUDOS FILOLÓGICOS – Elias Alves de Andrade (UFMT)

Sala 35-IL FONÉTICA EXPERIMENTAL –

Laudino Roces Rodrigues (UFMT)

Sala 36-IL A PERSPECTIVA TEXTUAL-INTERATIVA: UMA ABORDAGEM DOS PROCESSOS CONSTITUTIVOS DO TEXTO - Lúcia Damásio (UFMT)

Sala 48-IL SOCIOLINGUÍSTICA E ENSINO DE PORTUGUÊS – Silvia Vieira (UFRJ)

Horário Local Atividade

20h30

Saguão do IL Sessão de Pôsteres Lançamento de livros/Coquetel

1. EXPRESSÃO DE POSSE DOS NOMES EM PARKATÊJÊ

Rafaela Viana Maciel (UFPA)

2. A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL EM ANÚNCIOS DOS

SÉCULOS XIX E XX

Aryonne da Silva morais (UFRN)

Marco Antonio Martins (UFRN)

3. ADOTADO E ADOTANTE: NOMES QUE FAZEM HISTÓRIA

Elisandra Benedita Szubris (UNEMAT)

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4. A CONCORDÂNCIA NOMINAL NA NORMA CULTA EM CUIABÁ

Joelson Penha Silva (UNIC)

5. UM ESTUDO ACERCA DOS TABUS LINGUÍSTICOS COM DADOS

DO PROJETO ALIB: ÁREA SEMÂNTICA DO CORPO HUMANO

Juliany Fraide Nunes (UFMS)

6. DESIGNAÇÕES PARA “EMPANTURRADO” NAS REGIÕES

CENTRO-OESTE E NORTE DO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO

ALIB

Suellen de Souza Becker (UFMS)

7. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: UM OLHAR NAS FALAS DOS

PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE LETRAS DA UFMT/CUR

Fernanda de Mello Cardoso (UFMT)

8. MAFALDA: MUITO MAIS DO QUE UMA GAROTINHA DE SEIS

ANOS

Fernanda Patricio Mariano (UFBA)

9. ENUNCIADOS DE CURTA EXTENSÃO: AFORIZAÇÃO, MÍDIA E

POLÍTICA

Tamires Cristina Bonani Conti (UFSCar)

Roberto Leiser Baronas (UFSCar)

10. VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO: O QUE FAZER?

Patrícia Aparecida da Silva (UNEMAT)

Ana Luiza Artiaga (UNEMAT)

11. O DISCURSO SOBRE A PIRACEMA E A PRESERVAÇÃO

AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Maria Martins da Silva Magio (UNEMAT)

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12. UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS CARTAS DO LEITOR SOB A

PERSPECTIVA DA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL

DO DISCURSO (ASDC)

Rafael Souza da Cruz

Cleide Emília Faye Pedrosa (UFRN)

13. UMA (RE)VISÃO DO CURRICULO VITAE LATTES (CVL) COM BASE

NO CAPITALISMO COGNICISTA : UM ESTUDO SOBRE O SUJEITO NO

TEXTO INTRODUTÓRIO NO CVL DO PESQUISADOR DE LETRAS DA

UFRN

Danielle Brito da Cunha (UFRN)

Cleide Emília Faye Pedrosa (UFRN)

14. A PRÁTICA REFLEXIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE

LINGUA INGLESA

Isadora Maria Falbot dos Santos (UFMT)

Ana Cláudia Milani (UFMT)

15. ENSINO DE LÍNGUAS E TEORIAS ENSINO APRENDIZAGEM: UM

ESTUDO DE CASO

Rosangela Vargas Cassola (PUCSP)

16. COLOCAÇÕES ESPECIALIZADAS EXTRAÍDAS DO CORPUS DE

ESTUDO “GREY’S ANATOMY”

Roberta Pereira Fiel (UNESP)

Adriane Orenha-Ottaiano (UNESP)

17. TUTORIA EM PEQUENOS GRUPOS: DESPERTANDO O INTERESSE

DOS ALUNOS PELA LÍNGUA INGLESA EM SALA DE AULA

Rochelle Serafim de Andrade (UFMT)

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18. A IRONIA COMO ESTRATÉGIA DISCURSIVA: UMA ANÁLISE DE

TEXTOS JORNALÍSTICOS NORTERRIOGRANDENSES NO INÍCIO DO

SÉCULO XX

Reika Gabrielle Dantas da Silva (UFRN)

Lucrécio Araújo de Sá Júnior (UFRN)

19. SEMIÓTICA E A TEORIA BAKHTINIANA: REFLEXÕES SOBRE O

CONCEITO DE POLIFONIA NA OBRA DOSTOIEVSKIANA "CRIME E

CASTIGO"

Marcos Rogério Martins Costa (USP)

20. DISCURSO MÍTICO: A INSCRIÇÃO DO SUJEITO PANTANEIRO NA

LINGUAGEM

Maria Luceli Faria Batistote (UFMS)

Ana Lívia Tavares da Silva (UFMS)

21. A ESCRITA DOS JOVENS E ADULTOS DO IFMA - SANTA INÊS: A POSSIBILIDADE DE ORGANIZAÇÃO DO TEXTO PELA NOÇÃO DE GÊNERO TEXTUAL Elinaldo Quaresma (IFMA) 22. RESSIGNIFICAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM POR MEIO DO GÊNERO CORDEL Bruna Rafaelle de Jesus Lopes (UFRN) Maria Fabiana Medeiros de Holanda (UFRN) Maria da Penha Casado Alves (UFRN) 23. O POEMA O NAVIO NEGREIRO DE CASTRO ALVES PELO VIES DO FILME AMISTADE DE STEVEN SPILBERG Joelson Penha Silva (UNIC) Eloide Pereira da Silva Santos (UNIC) 24. PRESSUPOSTO EPISTEMOLÓGICOS NAS GRAMÁTICAS EM

LÍNGUA PORTUGUESA – O CASO ERNESTO CARNEIRO RIBEIRO:

CIRCUNSTANCIAL OU PARADIGMÁTICO?

Ednei de Souza Leal (UFPR)

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25

25. PIBID, LEITURA E POESIA: UM RESGATE DA IMAGINAÇÃO E DA CRIAÇÃO EM SALA DE AULA Elizabeth Olegário (UFRN) Samira Gomes Aguiar (UFRN) Maria da Penha Casado (UFRN) 26. REVISTA ACADÊMICA DE LINGUAGENS BOCA DA TRIBO: ESPAÇO DE DIVULGAÇÃO E INTERAÇÃO Fabiana Perez Garcia (UFMT) Carlos Eduardo dos Santos Barros (UFMT) 27. ARGUMENTANDO NO MUNDO DA VIDA: O PIBID E AS PRÁTICAS DE ENSINO COM GÊNEROS ARGUMENTATIVOS Samira Gomes de Aguiar (UFRN) Maria da Penha Casado Alves (UFRN) 28. QUESTÕES DE LEITURA E PROPOSTAS DE REDAÇÃO APRESENTADAS PELO "NOVO ENEM" Bruna Vittorazzi Duarte Leal (UFMT) 29. RODAS DE LEITURA: UMA EXPERIÊNCIA NO PIBID DE LÍNGUA PORTUGUESA Eide Justino Costa (UFRN) Maria da Penha Casado Alves (UFRN) 30. CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DO DISCURSO NO GÊNERO CARTA DO LEITOR: REFORÇANDO A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO SOCIAL E HISTÓRICO Debora Quezia Brito da Cunha (UFRN)

Rafael Souza da Cruz (UFRN)

31. RELAÇÕES RACIAIS E IDENTIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Rosana Fátima de Arruda (UFMT)

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26

12 DE ABRIL DE 2012

QUINTA-FEIRA

Horário Local

Atividade

08h às 10h Minicursos (grupo A)

Sala 33-IL

Sala 34-IL

GRAMATICALIZAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA – Jussara Abraçado (UFF)

TRADIÇÕES DISCURSIVAS DAS CULTURAS POPULARES –Lucrécio Araújo de Sá Júnior (UFRN)

Sala 35-IL AS RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM, COGNIÇÃO E CORPORALIDADE – Paulo Henrique Duque (UFRN)

Sala 36-IL SEMIÓTICA E MITOLOGIA – Maria

Luceli Faria Batistote (UFMS)

Sala 37-IL INTRODUÇÃO AO ESTUDO DESCRITIVO DE LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS - Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (LALI-UnB); Aisanain Páltu Kamayurá (Doutorando em linguística, LALI, PPGL-UnB); Wary Kamayurá Awetí (Doutorando em Linguística, LALI, PPGL-UnB) 10h15h às 12h

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27

Horário Local Atividade

10h15 às 12h Auditório da FAEC

MESA-REDONDA 4: PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE TEXTOS NA CONTEMPORANEIDADE: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO Sulemi Fabiano Campos (UFRN) – coordenadora Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN) Valdir do Nascimento Flores (UFRGS/CNPq) Thomas Massao Fairchild (UFPA)

14h às 16h Sala 33-IL GRUPO TEMÁTICO MORFOLOGIA E SINTAXE Coordenadores: Sonia Cyrino (UNICAMP) e Izete Lehmkuhl Coelho (UFSC)

FLEXÃO RELACIONAL E LÍNGUAS JÊ SETENTRIONAIS: UMA

RETROSPECTIVA

Maxwell Miranda (LALI/UnB)

MAIS EVIDÊNCIAS LEXICAIS, FONOLÓGICAS E MORFOSSINTÁTICAS

DE PARENTESCO GENÉTICO DO RIKBAKTSA COM LÍNGUAS DO

TRONCO MACRO-JÊ

Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (LALI/UnB)

Aryon Dall'Igna Rogrigues (LALI/UnB)

Sanderson Castro Soares de Oliveira (LALI/UnB)

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28

USO DE CLASSIFICADORES EM LIBRAS

Elidéa Lúcia Almeida Bernardino (UFMG)

O INOVADOR “VOCÊ” EM CARTAS PESSOAIS NORTE-RIO-GRANDENSES DO SÉCULO XX Kássia Kamilla de Moura (UFRN) Marco Antonio Martins (UFRN)

14h às 16h Sala 34-IL GRUPO TEMÁTICO SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Coordenadores: Coordenadores: Miguel Basso (UFSC) e Luis Passggi (UFRN)

A JUSTIFICATIVA DO INJUSTIFICÁVEL: A ESCRAVIDÃO NEGRA NO

BRASIL E SEUS ARGUMENTOS LINGUÍSTICOS E RETÓRICOS

Najara Neves de Oliveira e Silva (UESB)

OS SENTIDOS DICIONARIZADOS DE "SINDICATO"

Wolber Sebastião Pereira (UNEMAT)

Neuza Zattar (UNEMAT)

A LEI RIO BRANCO DE 1871: UM ESPAÇO DE AMBIGUIDADES

CONVENIENTES

Dilma Marta Santos (UESB)

DA PRESSINTAXE À GRAMÁTICA, PASSANDO PELA DÊIXIS

Maria Jussara Abraçado de Almeida (UFF)

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29

14h às 16h Sala 35-IL GRUPO TEMÁTICO SOCIOLINGUÍSTICA E DIALETOLOGIA Coordenadores: Manoel Mourivaldo Santiago Almeida (USP) e José Leonildo Lima (UNEMAT)

APONTAMENTOS PALEOGRÁFICOS SOBRE "BREUE MEMORIAL DOS

PECADOS & COUSAS QUE PEERTENCEM HÁ CONFISSAM", DE

GARCIA DE RESENDE – 1521

Elias Alves de Andrade (UFMT)

SAÚDE NA CAPITANIA DE MATO GROSSO, UM OLHAR ATRAVÉS DE

CARTAS DO SÉCULO XIX. EDIÇÃO SEMIDIPLOMÁTICA E ASPECTOS

ORTOGRÁFICOS

Grasiela Veloso dos Santos (UFMT)

Elias Alves de Andrade (UFMT)

“FRONTEIRAS” ENTRE A FALA E A ESCRITA: UM ESTUDO DO LÉXICO

À LUZ DA TEORIA DA CONCEPÇÃO E DO MEIO

Pedro da Silva de Melo (USP)

ESTUDO FILOLÓGICO DE MANUSCRITO SETECENTISTA DOS

VEREADORES DA CÂMARA DE CUIABÁ

Kenia Maria Correa da Silva (UFMT)

Elias Alves de Andrade (UFMT)

14h às 16h Sala 36-IL GRUPO TEMÁTICO ANÁLISE DO DISCURSO 1 Coordenação: Maria Inês Pagliarini Cox (UFMT)

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30

POLÍTICAS LINGUÍSTICAS: OS SENTIDOS DO CURRÍCULO ESCOLAR Alexandra Bressanin (UNEMAT) Ana Maria Di Renzo (UNEMAT)

A PLENITUDE DO "ENVIO" E O VAZIO DA "FALTA": MISSÃO SALESIANA ENTRE OS ÍNDIOS DO ALTO RIO NEGRO/AM Judite Gonçalves de Albuquerque (UNEMAT)

MODOS DE ATRIBUIÇÃO DA CIDADANIA: EFEITOS DE EVIDÊNCIA NO DISCURSO Águeda Aparecida da Cruz Borges (UFMT-CUA/UNICAMP)

A CONSTRUÇÃO DA CENOGRAFIA E A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO EM RELATOS INDÍGENAS DA ALDEIA PAU-BRASIL Adriana Recla (PUC- SP)

EDIÇÃO DE MANUSCRITO QUINHENTISTA: DO LINGUÍSTICO AO DISCURSIVO Rejane Centurion Gambarra e Gomes (USP) O DISCURSO DE AUTORIDADE DOS PAIS E SEUS SENTIDOS (DA DEFINIÇÃO DE AUTORIDADE À PRÁTICA DISCURSIVA NA FAMÍLIA) Maria Aparecida Alves Ribeiro (UEMS) Marlon Leal Rodrigues(UEMS)

14h às 16h Sala 44-IL GRUPO TEMÁTICO ANÁLISE DO DISCURSO 2 Coordenador: Roberto Leiser Baronas (UFSCAR)

ACONTECIMENTO, NOTÍCIA E PROCESSO JUDICIAL: O DIÁLOGO ENTRE ENUNCIAÇÕES CONCRETAS Maria Helena Cruz Pistori (PUC-SP)

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31

CERTIDÃO DE NASCIMENTO: EFEITOS DA INCOMPLETUDE Weverton Ortiz Fernandes (UNEMAT) Thalita Miranda Gonçalves Sampaio (UNEMAT)

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA PRÁTICA DO DISCURSO JORNALÍSTICO: DITOS E NÃO-DITOS Neusa Inês Philippsen (UNEMAT) Cristinne Leus Tomé (UNEMAT)

UMA CENOGRAFIA DA PROSTITUIÇÃO: ANÁLISE DISCURSIVA DE UMA TESE APRESENTADA À FACULDADE DE MEDICINA EM 1909 Elizete de Souza Bernardes (UFGD) Marcos Lúcio de Sousa Góis (UFGD) SENTENÇA JUDICIAL - POSSIBILIDADES SENSÍVEIS Lucelia Leite da Silva (UNEMAT) ACESSIBILIDADE: UM ESPAÇO DE ACONTECIMENTOS Vera Regina Martins e Silva (UNEMAT)

14h às 16h Sala 45-IL GRUPO TEMÁTICO LINGUÍSTICA APLICADA EM PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA 1 Coordenadores: Danié Marcelo de Jesus (UFMT) e Solange Maria Barros Ibarra Papa (UNEMAT)

MERK MAL: UMA FERRAMENTA ON-LINE AUTOMATIZADA PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA LINGUISTICO-GRAMATICA Christopher Shulby (UNESP) O DESENVOLVIMENTO DO PROFESSOR REFLEXIVO NA FORMAÇÃO INICIAL Erika Regina Soares de Souza (UNEMAT)

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32

O TRABALHO DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL SOB O ENFOQUE DO ISD (INTERACIONISMO SOCIO DISCURSIVO) Eliana Moraes de Almeida Alencar (SECITEC/MT / UNESP) LÍNGUA INGLESA ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL: POROSIDADE LINGUÍSTICA E REAPROPRIAÇÕES LOCALIZADAS Igor Gadioli Cavalcante (UFSC) REFLEXÕES SOBRE O FAZER PEDAGÓGICO NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA CRIANÇAS Leandra Ines Seganfredo Santos (UNEMAT)

14h às 16h Sala 47-IL GRUPO TEMÁTICO LINGUÍSTICA APLICADA EM PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA 2 Coordenadores: Danié Marcelo de Jesus (UFMT) e Solange Maria Barros Ibarra Papa(UNEMAT)

(DES) ARTICULAÇÃO TEORIA-PRÁTICA EM RELATÓRIOS DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO Adair Vieira Gonçalves (UFGD) PROFESSORES QUE TRABALHAM COM JOVENS E ADOLESCENTES EM CONTEXTO DE EXCLUSÃO SOCIAL: A RELEVÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA Maria Antonia Correa (UFMT) Solange Maria de Barros (UFMT) HOMOFOBIA NA SALA DE AULA DIGITAL: REPRESENTAÇÕES DE PROFESSORES EM FÓRUM DE DISCUSSÃO ONLINE Dánie Marcelo de Jesus (UFMT) PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA O SURDO: SENTIDOS E SIGNIFICADOS DOCENTES Rosangela Vargas UC)

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33

14h às 16h Sala 48-IL GRUPO TEMÁTICO LINGUÍSTICA TEXTUAL Coordenadores: Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN) e Luis Passeggi (UFRN)

UMA INVESTIGAÇÃO A RESPEITO DO LÉXICO MAIS FREQUENTE EM UM CORPUS LITERÁRIO TRADUZIDO DO INGLÊS PARA AS LÍNGUAS PORTUGUESA E ESPANHOLA Celso Fernando Rocha (UNESP) A HIPERTEXTUALIDADE NO FACEBOOK Jaqueline Ribeiro Souza (UFMT) Ana Cristina Lobo Sousa (UFMT) FORMAS DE NOMEAÇÃO DO "BOM PROFESSOR" POR MEIO DE (RE)CATEGORIZAÇÕES Gisely Soares da Silva (UFMT) Everaldo Lima de Araújo (UFMT) SIGNIFICAR: UM TIPO ESPECIAL DE ATO DE DISCURSO Candida Jaci de Sousa Melo (UFRN)

14h às 16h Sala 20-IL GRUPO TEMÁTICO GÊNEROS TEXTUAIS Coordenadores: Maria da Penha Casado Alves (UFRN) e Simone de Jesus Padilha (UFMT)

ENSINO DO GÊNERO: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O CONTO DE TERROR Rosemar Eurico Coenga (SEDUC)

ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: ENTRE AS PROPOSTAS OFICIAIS E DOS LINGUISTAS APLICADOS E A PRÁTICA REVELADA PELOS MANUAIS DIDÁTICOS Josilene Auxiliadora Ribeiro (UFMT)

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34

AUDIOLIVRO: CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS AOS MULTILETRAMENTOS NA ESCOLA: PARA INTEGRAR, APRENDER E DIVERTIR. Thiago Rodrigues Lopes (UFMT) Eliane Aparecida Albergoni de Souza (UFMT) O AVESSO DOS COROAS: OS KARAS DE PEDRO BANDEIRA Mariana Miranda Máximo (UFMT) MEMÓRIAS LITERÁRIAS: DAS PRÁTICAS SOCIAIS À UTILIZAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR Neiva de Souza Boeno (UFMT) ESSE TAL DE GÊNERO... Simone de Jesus Padilha (UFMT)

14h às 16h Sala 21-IL GRUPO TEMÁTICO ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA Coordenadores: Sulemi Fabiano Campos (UFRN) e Maria Rosa Petroni (UFMT)

TEATRO PEDAGÓGICO EM LÍNGUA ESPANHOLA Silvana Aparecida Teixeira (UFMT)

PARA UM ENSINO-APRENDIZAGEM EXPLÍCITO DA LEITURA: O LEITOR LITERÁRIO EM FOCO Iara Cardoso Lopes (UFMT) RELEVÂNCIA DOS ESTUDOS HISTÓRICOS PARA MELHOR COMPREENSÃO DE FENÔMENOS LINGUÍSTICOS DO PORTUGUÊS ATUAL Irenilda Francisca de Oliveira e Silva (UFPE) A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA COMO ADAPTAÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA PERMITIDA PELA LÍNGUA Angela Maria Torres Santos (UFPE)

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35

O TEXTO ACADÊMICO: UMA QUESTÃO DE HETEROGENEIDADE DISCURSIVA José Antônio Vieira (UFRN/PPGEL) Sulemi Fabiano Campos (PG/UFRN/PPGEL)

Horário Local Atividade

16h15 às 18h Auditório da FAEC

MESA-REDONDA 5: ASPECTOS DA SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO Marco Antonio Martins (UFRN) – coordenador Sônia Cyrino (UNICAMP) Izete Lehmkuhl Coelho (UFSC)

Horário Local Atividade

18h15 às 20h15 Minicursos (grupo B)

Sala 35-IL ESTUDOS FILOLÓGICOS – Elias Alves de Andrade (UFMT)

Sala 36-IL FONÉTICA EXPERIMENTAL –

Laudino Roces Rodrigues (UFMT)

Sala 47-IL A PERSPECTIVA TEXTUAL-INTERATIVA: UMA ABORDAGEM DOS PROCESSOS CONSTITUTIVOS DO TEXTO - Lúcia Damásio (UFMT)

Sala 48-IL SOCIOLINGUÍSTICA E ENSINO DE PORTUGUÊS – Silvia Vieira (UFRJ)

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36

13 DE ABRIL DE 2012

SEXTA-FEIRA

Horário Local Atividade

08h às 10h Minicursos (grupo A)

Sala 33-IL Sala 34-IL

GRAMATICALIZAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA – Jussara Abraçado (UFF)

TRADIÇÕES DISCURSIVAS DAS CULTURAS POPULARES –Lucrécio Araújo de Sá Júnior (UFRN)

Sala 35-IL AS RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM, COGNIÇÃO E CORPORALIDADE – Paulo Henrique Duque (UFRN)

Sala 36-IL SEMIÓTICA E MITOLOGIA – Maria

Luceli Faria Batistote (UFMS)

Sala 37-IL

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DESCRITIVO DE LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS - Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (LALI-UnB); Aisanain Páltu Kamayurá (Doutorando em linguística, LALI, PPGL-UnB); Wary Kamayurá Awetí (Doutorando em Linguística, LALI, PPGL-UnB)

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37

Horário Local Atividade

10h15 às 12h Auditório da FAEC

MESA-REDONDA 6: GÊNEROS TEXTUAIS Simone de Jesus Padilha (UFMT) – coordenadora Adair Vieira Gonçalves (UFGD) Maria da Penha Casado Alves (UFRN) Roxane Rojo (UNICAMP)

Horário Local Atividade

14h às 16h Sala 33-IL GRUPO TEMÁTICO SOCIOLINGUÍSTICA E DIALETOLOGIA 1 Coordenadores: Manoel Mourivaldo Santiago Almeida (USP) e José Leonildo Lima (UNEMAT)

PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ESCOLA: É POSSIVEL?

Lucia F. Mendonça Cyranka (UFJF)

Lívia Nascimento Arcanjo (UFJF)

DUAS PRÁTICAS ESSENCIAIS NO ENSINO DE LINGUAGEM NAS

CLASSES DE EJA: A REESCRITA COMO FERRAMENTA NAS PRÁTICAS

DE ORALIDADE.

Mariângela Maia de Oliveira (UFJF)

RELAÇÃO ENTRE CRISE NO ENSINO E CONCEPÇÃO DE LÍNGUA

Quezia Maria Reis de Oliveira Barbosa (UFAM)

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38

AMEAÇAS E ATAQUES DE ÍNDIOS BORORO ÀS FAZENDAS REAIS

CAIÇARA E CAETÉ: ESTUDO DE UM MANUSCRITO DE CÁCERES

José Maria de Sousa (UFMT)

Elias Alves de Andrade (UFMT)

O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA NO BRASIL

Gabriela Barreto de Oliveira (UFF)

14h às 16h Sala 34-IL GRUPO TEMÁTICO SOCIOLINGUÍSTICA E DIALETOLOGIA 2 Coordenadores: Manoel Mourivaldo Santiago Almeida (USP) e José Leonildo Lima (UNEMAT)

EM CENA, UMA MULHER NA VILA REAL DO BOM SENHOR JESUS DE

CUIABÁ

Camila Lemos de Almeida (UFMT)

Elias Alves de Andrade (UFMT)

NOTAS PALEOGRÁFICAS E ORTOGRÁFICAS EM MANUSCRITOS DOS

SÉCULOS XVIII E XIX ENCONTRADOS EM MATO GROSSO

Ana Maria Alves Rodrigues de Paula (UFMT)

Elias Alves de Andrade (UFMT)

MANUSCRITO DO SÉCULO XVIII: ESTUDO PALEOGRÁFICO E

CODICOLÓGICO

Marisa Soares de Lima (UFMT)

Elias Alves de Andrade (UFMT)

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39

POLÍTICA E PLANIFICAÇÃO LINGUÍSTICA EM SITUAÇÃO DE

CONTATO PORTUGUÊS-TIKUNA: REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO

BILÍNGUE E A GESTÃO DE IDENTIDADE(S) ETNOLINGUÍSTICA(S)

Edson Santos (UFF)

14h às 16h Sala 35-IL GRUPO TEMÁTICO ANÁLISE DO DISCURSO 1 Coordenação: Maria Inês Pagliarini Cox

LÍNGUA POÉTICA: SUJEITO E IMAGINÁRIOS Thalita Miranda Gonçalves Sampaio (UNEMAT) EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA: SENTIDOS E CONFLITOS QUE SE ENTRECRUZAM NAS PRÁTICAS DISCURSIVAS DAS ESFERAS PÚBLICA E ACADÊMICA Sueli Correia Lemes Valezi (IFMT) SOBRE A NEG/AÇÃO NO INTERIOR DO DISCURSO CARTONERO COMO UMA OPÇÃO ALTERNATIVA PARA O ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA Flavia Krauss de Vilhena (UNEMAT) "PCN FÁCEIS DE APRENDER": O DISCURSO DA REVISTA ESCOLA EM TORNO DO ENSINO DO INGLÊS. Márcia de Moura Gonçalves (UFMT) ANÁLISE DISCURSIVA DAS REPRESENTAÇÕES DE PROFESSORES DE INGLÊS DE ESCOLA PÚBLICA DE MATO GROSSO SOBRE OS DOCUMENTOS OFICIAIS OCNEM E OCEB – MT Ana Raquel Diamante (UFMT) CENOGRAFIA: UMA NOÇÃO FUNDAMENTAL NA LEITURA DE CHARGES Maria Inês Pagliarini Cox (UFMT) MEMÓRIA: a arquitetura como espaço de leitura Ana Luiza Artiaga R.da Motta (UNEMAT)

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40

14h às 16h Sala 36-IL GRUPO TEMÁTICO SEMIÓTICA Coordenador: Maria Luceli Faria Batistote (UNEMAT)

SEMIÓTICA COMO OBJETO MODAL PARA UMA LEITURA CRÍTICA DE ENUNCIADO EM LÍNGUA INGLESA. Valdenildo dos Santos (UFOPA) SEMIÓTICA E DANÇA: UMA ANÁLISE DO PRIMEIRO CAPÍTULO DO ESPETÁCULO "NAZARETH" Siane Paula de Araújo (CEFET-MG) CONSERVAÇÃO E RECRIAÇÃO: O LUGAR DO MÚSICO IMPROVISADOR NA TRADIÇÃO DO JAZZ Cleyton Vieira Fernandes (USP)

14h às 16h Sala 44-IL GRUPO TEMÁTICO LINGUÍSTICA APLICADA EM PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA 1 Coordenadores: Danié Marcelo de Jesus (UFMT) e Solange Maria Barros Ibarra Papa (UNEMAT)

PRÁTICAS PEDAGÓGICA DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: O

IMPACTO IDENTITÁRIO DO CIBERESPAÇO

Alexandre Colli Dal Prá (UFMT)

Danie Marcelo de Jesus (UFMT)

ENSINO DE LEITURA E A RELAÇÃO ENTRE LIBRAS E PORTUGUÊS NA

SALA DE AULA: REFLETINDO SOBRE MESCLA LINGUÍSTICA E

ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS

Giselli Mara da Silva (FALE-UFMG)

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41

RELENDO BAKHTIN: UM ESTUDO ENUNCIATIVO DOS

EMPRÉSTIMOS LÍNGUÍSTICOS NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS -

LIBRAS.

Anderson Simão Duarte (UFMT)

LÍNGUA INGLESA NA MODALIDADE PROEJA: IMPRESSÕES DE

ALUNOS-CIDADÃOS

Maria Helena Moreira Dias Serra (IFMT)

14h às 16h Sala 45-IL GRUPO TEMÁTICO LINGUÍSTICA APLICADA EM PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA 2 Coordenadores: Danié Marcelo de Jesus (UFMT) e Solange Maria Barros Ibarra Papa (UNEMAT)

COMPILAÇÃO DE UM CORPUS DE APRENDIZES DE TRADUÇÃO E

ANÁLISE DE ASPECTOS COLOCACIONAIS

Adriane Orenha-Ottaiano (UNESP)

ANÁLISE DOS VOCÁBULOS RECORRENTES E PREFERENCIAIS NA

TRADUÇÃO PARA O INGLÊS DE A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE

LISPECTOR.

Emiliana Bonalumi (UFMT)

O PROCESSAMENTO DA LEITURA EM LÍNGUA MATERNA E EM

LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA ABORDAGEM CONEXIONISTA

Francisco das Chagas de Sousa (IFTO)

14h às 16h Sala 46-IL GRUPO TEMÁTICO GÊNEROS TEXTUAIS Coordenadores: Maria da Penha Casado Alves (UFRN) e Simone de Jesus Padilha (UFMT)

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42

CANÇÃO, INTERTEXTUALIDADE E LITERATURA Mirian Lesbão Dumont (UFMT) AS INTERAÇÕES DE LINGUAGEM MEDIADAS PELOS GÊNEROS DISCURSIVOS Louredir Rodrigues Benevides (SEDUC/MT) O PRAZER DA ESCRITA NA FRUIÇÃO DA LEITURA EM “SE UM VIAJANTE NUMA NOITE DE INVERNO”, DE ITALO CALVINO Isabel Cristina Corgosinho (UNB)

O GÊNERO TEXTUAL ROMANCE E SUAS POTENCIALIDADES NA OBRA TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA Izabel Cristina Cavalcanti da Cruz (UFMT) ALGUMAS REFLEXÕES ESTÉTICAS BAKHTINIANAS NA OBRA ARTÍSTICA EL POZO Leni Dias de Sousa Erdei (UFMT)

14h às 16h Sala 47-IL GRUPO TEMÁTICO ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA 1 Coordenadores: Sulemi Fabiano Campos (UFRN) e Maria Rosa Petroni (UFMT)

A APRENDIZAGEM DA ESCRITA EM CONTEXTOS DIGITAIS: ALGUNS LIMITES E MUITAS POSSIBILIDADES Fernanda Maria Almeida dos Santos (UFRB) AUTORIA NAS PRODUÇÕES DA OLIMPÍADA DA LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ANÁLISE ENUNCIATIVO-DISCURSIVA Leila Figueiredo de Barros (UFMT) SUJEITO E LINGUAGEM NA SÍNDROME DO X-FRÁGIL: CRIANDO CONTRADISPOSITIVOS Michelli Alessandra Silva (UNICAMP)

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43

A LEITURA COMO OBJETO DE APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS Osvaldo Pereira de Souza (CEF 405) A MEDICALIZAÇÃO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA: ANÁLISE DE DADOS DE SUJEITOS DIAGNOSTICADOS DE DISLEXIA Laura Maria Mingotti Muller (UNICAMP)

14h às 16h Sala 48-IL GRUPO TEMÁTICO ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA 2 Coordenadores: Sulemi Fabiano Campos (UFRN) e Maria Rosa Petroni (UFMT)

MODOS DE ARGUMENTAÇÃO DO DISCURSO EM CARTAS DE LEITORES DO SÉCULO XIX Maria Joyce Paiva Medeiros (UFRN) Sulemi Fabiano Campos (UFRN) ANÁLISE DE UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE EM MATERIAIS DE FORMAÇÃO CONTINUADA NA PERSPECTIVA DOS GÊNEROS DO DISCURSO Ely Alves Miguel (CEFAPRO)

Maria Rosa Petroni (UFMT/MeEL) PROALFA: AVALIAÇÃO E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS (2009-2010) Ana Cláudia Osório Martins (PPGE da UFJF)

Horário Local Atividade

16h15 às 18h Auditório da FAEC

MESA-REDONDA 7: ANÁLISE DO DISCURSO Maria Inês Pagliarini Cox (UFMT) – coordenadora Roberto Leiser Baronas

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44

(UFSCAR) Marlon Leal Rodrigues (UEMS) Ana Maria Di Renzo (UNEMAT)

16h15 às 18h AAuditório do MeEL/IL

MESA-REDONDA 8: LINGUÍSTICA APLICADA Danie Marcelo de Jesus (UFMT) – coordenador Mariney Pereira Conceição (UNB) Francisco Quaresma (UFG) Maria Rosa Petroni (UFMT)

Horário Local Atividade

18h15 às 20h15 Minicursos (grupo B)

Sala 33-IL ESTUDOS FILOLÓGICOS – Elias Alves de Andrade (UFMT)

Sala 34-IL FONÉTICA EXPERIMENTAL –

Laudino Roces Rodrigues (UFMT)

Sala 35-IL A PERSPECTIVA TEXTUAL-INTERATIVA: UMA ABORDAGEM DOS PROCESSOS CONSTITUTIVOS DO TEXTO - Lúcia Damásio (UFMT)

Sala 36-IL SOCIOLINGUÍSTICA E ENSINO DE PORTUGUÊS – Silvia Vieira (UFRJ)

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45

Horário Local Atividade

20h30

Auditório da FAEC

Conferência de encerramento: Prof. Dr. Eduardo Guimarães (UNICAMP) – Ler um Texto: uma perspectiva enunciativa

RESUMOS

RESUMOS DAS MESAS-REDONDAS

MESA-REDONDA 1 – SEMÂNTICA

AS REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS EM UM DOCUMENTO POLÍTICO HISTÓRICO: A CARTA-TESTAMENTO DE GETÚLIO VARGAS

Luis Passeggi (UFRN)

A noção de representação discursiva baseia-se num “postulado de representação” (Grize, 1996, p. 63; 2004, p. 25) segundo o qual as atividades discursivas dos interlocutores são orientadas por um conjunto complexo de representações dos temas tratados, da situação de discurso e dos interlocutores. Assim, todo texto constrói, com maior ou menor explicitação, representações discursivas do seu enunciador, do seu ouvinte ou leitor e dos temas ou assuntos que são tratados. A análise das representações discursivas demanda categorias que permitam descrever as operações de construção semântica do texto. Entre essas operações, encontram-se a referenciação, a predicação e a localização espaçotemporal (há outras). Propomos uma descrição de sua utilização e funcionamento textual examinando os procedimentos de construção da representação discursiva do povo na Carta-Testamento de Gétúlio Vargas, assim como sua conexão com as outras representações discursivas que constituem o texto.

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ALGUNS MISTÉRIOS DE ‘EU’

Renato Miguel Basso (UFSC)

Este trabalho apresenta e critica as análises tradicionais da palavra ‘eu’ feitas no âmbito da semântica formal, baseadas na proposta de Kaplan (1989). Além do que chamamos de “uso referencial” de ‘eu’, aquele analisado por Kaplan, propomos que há pelo menos outros 6 usos do ‘eu’ que não se encaixam, num primeiro olhar, na abordagem kaplaniana (uso descritivo, como variável, metaficcional, impróprio, metonímico e genérico). Apresentaremos os possíveis 7 usos de ‘eu’, uma sistematização desses usos e uma proposta de unificação que leva em conta a sugestão de Nunberg (1993), ampliada por Elbourne (2008) e Zobel (2010), segundo a qual os itens indexicais são descrições definidas construídas a partir de um elemento contextual. Em resumo, os indexicais, através de traços-phi pressuposicionais, selecionam um elemento extralinguístico (i) e a partir dele e uma relação (R), que pode ser identidade ou papel (“role”), para chegar a uma descrição definida. Nossa proposta é formalizar as intuições de Nunberg para os casos não previstos pela teoria kaplaniana e chegar a uma única forma semântica para o item ‘eu’.

MESA-REDONDA 2 – ESTUDOS DIACRÔNICOS

ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS DO FALAR MATO-GROSSENSE

José Leonildo Lima (UNEMAT)

Para discorrer sobre o falar mato-grossense, temos que nos reportar a Antenor Nascentes. Ao fazer a divisão dialetal do território brasileiro, classificou a região em que atualmente se localiza o estado de Mato Grosso como “território incaracterístico”, sem, contudo, definir o que de fato seria "incaracterístico". Na sua classificação considerou como território incaracterístico, em termos

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linguísticos, a área que compreendia entre a fronteira boliviana (rios Verde, Guaporé, Mamoré até Abunã) e a fronteira de Mato Grosso com o Amazonas e o Pará, áreas consideradas despovoadas (NASCENTES, 1953, p. 25-26). Nos últimos anos foram realizadas várias pesquisas tanto de natureza sociolinguística como dialetológica, tais como trabalhos monográficos de graduação e de especialização, sem, contudo fazer um mapeamento do falar local. Visando fazer o registro da identidade linguística do estado, foi que em 2009 teve início o Projeto do Atlas Linguístico do Estado de Mato Grosso – ALIMAT. É uma pesquisa centrada num modelo dialetológico que, a partir de um questionário contemplando os níveis fonético, morfológico, sintático e semântico, visa mapear o falar mato-grossense. Para a aplicação do questionário foram escolhidos dezesseis municípios dentre aqueles que têm mais de 60 anos de existência, seguindo a metodologia adotadas pelos atlas em geral. Dentre os níveis elencados na pesquisa, selecionamos para esta comunicação alguns traços morfossintáticos mais recorrentes ou que sejam particulares de determinadas regiões do estado. Um deles diz respeito à questão do gênero, de modo especial o gênero dos substantivos alface, cal, guaraná, alemão, chefe, ladrão e presidente. Ainda sobre o substantivo, outro aspecto que foi objeto de investigação diz respeito à questão da flexão dos substantivos em número. Foi observado também o emprego dos pronomes pessoais, possessivos e indefinidos. Outra categoria de palavras que fez parte da pesquisa foi o verbo. As perguntas formuladas tiveram como objetivo detectar, por exemplo, o emprego dos tempos verbais presente do indicativo, pretérito perfeito, futuro do presente e do pretérito. Foram objeto de investigação também a concordância verbal e o emprego dos verbos ter e haver em sentido existencial. Palavras-chave: dialetologia, atlas, morfossintaxe

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PARA A HISTÓRIA DO PORTUGUÊS PARANAENSE

Joyce Elaine de Almeida Baronas (UEL)

O presente estudo objetiva apresentar as pesquisas realizadas pelo projeto “Para a história do português paranaense: estudos diacrônicos em manuscritos dos séculos XVII a XIX – fase II”(PHPPR), vinculado ao Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina. Trata-se de pesquisas efetuadas sob diferentes abordagens; (i) descrição do trabalho com os manuscritos; (ii) análise do corpus sob a perspectiva funcionalista; (iii) estudo do processo de escolarização no Estado, (iv) abordagem diacrônica do ensino de língua portuguesa. O corpus da pesquisa se compõe de 730 manuscritos produzidos no Paraná, entre os anos de 1693 (Fundação de Curitiba) a 1853 (emancipação do Estado, 5a. Comarca de São Paulo), armazenados em CD ROM e disponibilizados para os pesquisadores, docentes e discentes de cursos de pós-graduação e iniciantes em pesquisa. Tais documentos estão em fase final de edição, de forma que parte já está publicada. Pretende-se, no projeto PHPPR, estudar a linguagem presente em manuscritos paranaenses em seus aspectos sintáticos, semânticos e lexicais do ponto de vista diacrônico; além disso, constituem objetivos de trabalho: traçar a sócio-história do português paranaense, estudando a ocupação demográfica e a formação das variedades culta e popular; contribuir para melhor compreensão das dificuldades de aprendizagem da Língua Portuguesa a partir de dados diacrônicos; estudar a mudança gramatical da variedade paranaense do português brasileiro; reconstruir o léxico estudando suas alterações fonológicas, morfológicas e ortográficas; e organizar e disponibilizar o Corpus Diacrônico do Português Paranaense, de forma a estimular novas pesquisas sobre essa variedade. A necessidade de dar prosseguimento às pesquisas direcionadas ao trabalho com manuscritos paranaenses constitui a mola propulsora deste projeto. Uma vez iniciado o estudo de tais documentos dos séculos XVII a XIX, torna-se importante aprofundar os conhecimentos já adquiridos para divulgar mudanças linguísticas

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ocorridas no espaço de três séculos em relação à linguagem escrita e às pistas para a reconstrução da linguagem oral da época.

MESA-REDONDA 4 – PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE TEXTOS NA

CONTEMPORANEIDADE: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

A (NÃO) ASSUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE ENUNCIATIVA EM GÊNEROS DO DISCURSO ACADÊMICO

Maria das Graças Soares Rodrigues

(UFRN/PPgEL/DLET/ATD) Em geral, os gêneros do discurso acadêmico são escritos ou na 1ª. pessoa do singular, ou na 1ª. pessoa do plural ou, ainda, na 3ª. pessoa do singular. Essa possibilidade de escolha mostra que o ponto de vista (PDV) é assumido diretamente pelo locutor/enunciador primeiro, ou indiretamente por um locutor/enunciador segundo, ou ainda por um enunciador segundo não locutor (RABATEL, 2008b). Essas orientações discursivas constituem diferentes PDVs ou a (não) assunção da responsabilidade enunciativa. Essa mobilização nos parece ligada diretamente às áreas do conhecimento. Para melhor compreender a relação do locutor com a (não) assunção da responsabilidade enunciativa a respeito das noções veiculadas por diferentes PDVs, questionamos: (1) como a polifonia se mostra em gêneros acadêmicos de diferentes áreas do conhecimento? (2) por que o autor prefere usar a 3ª. pessoa do singular e não a 1ª. pessoa do singular, nem a 1ª. pessoa do plural? (3) o que o distanciamento do locutor evidenciado pela 3ª. pessoa do singular pode significar? Para responder a essas questões, estabelecemos como objetivos analisar a relação entre o uso das formas pronominais e verbais de 1ª. pessoa do singular e do plural e a 3ª. pessoa do singular e o gerenciamento do PDV pelo L1/E1. Em suma, para realizar o estudo, nosso percurso teórico se situa na análise textual dos discursos, na linguística da enunciação e em estudos acerca dos gêneros

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discursivos, de modo especial, ancorando-nos no conceito bakthiniano de gênero discursivo. PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS NA

CONTEMPORANEIDADE

Sulemi Fabiano Campos (UFRN/PPgEL//DLET/GETED/ GEPPEP)

Esta pesquisa é fruto das investigações realizadas no Grupo de Pesquisa Estudos do Texto e do Discurso - GETED do Departamento de Letras da UFRN e do Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise - GEPPEP da Faculdade de Educação da USP. Procuro responder a pergunta: na contemporaneidade, quais as características da produção e circulação de textos acadêmicos no que se refere ao engajamento do pesquisador na construção de uma experiência por meio da linguagem? Para isso, analiso textos produzidos por diferentes pesquisadores da área de linguística. Para este trabalho, selecionei apenas dois artigos científicos publicados na internet que abordam o papel da Análise do Discurso no Brasil. Essa escolha se justifica pela proliferação dos estudos do discurso a partir da década de 1990. Com base nesse corpus, procuro: 1) verificar se tais textos, ao abordarem a temática da Análise do Discurso, se diferenciam um do outro; 2) analisar se determinadas marcas textuais podem ser tomadas como indícios de repetição do já dito; e 3) apontar a possibilidade de construção da justa medida entre sua palavra e a do outro. Para fazer mapeamento dessas características, tomo com um dos aportes teóricos à discussão que Authier-Revuz (2004, p. 12) faz sobre as formas explícitas da heterogeneidade da língua, o modo como essas formas “se inserem no fio do discurso como marcas de uma atividade de controle-regulagem do processo de comunicação” que são dadas como óbvias na produção do discurso. Essas marcas explícitas deixadas no texto permitem ao leitor mais atento observar o maior ou menor grau de engajamento do pesquisador com seu escrito. E aquilo que parece ser metadiscurso ingênuo denuncia o uso excessivo da palavra do outro no texto. Além de exercer um controle-regulagem do dizer, marca a ausência de um posicionamento do pesquisador

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ao que está sendo dito. Resultados de pesquisas anteriores apontam pelo menos quatro características de textos: a) aquele que repete os conceitos sem nada acrescentar; b) outro que verifica e comprova uma teoria; c) outro que mostra que a teoria existe, mas não é usada como deveria; e d) finalmente um texto que repete e inova. Partilho da ideia de que para haver produção do conhecimento, além de uma formação sólida, deverá haver uma implicação subjetiva por parte de quem escreveu.

AUTORIA DIDÁTICA: PARA ONDE VAI A EXPERIÊNCIA DO PROFESSOR COM OS TEXTOS?

Thomas Massao Fairchild

(UFPA/ DISSE/GEPPEP) Procuro responder à seguinte pergunta: o que diferencia a experiência de um professor de português com os textos que circulam na contemporaneidade daquela experiência que todo falante comum tem dos mesmos textos? Para discutir esse problema, reporto-me à formação de professores para investigar de que forma essa experiência é pensada nas licenciaturas em Letras. Parto da percepção de que há três instâncias em que se tem produzido discursos que buscam balizar a atuação profissional do professor de língua portuguesa: 1) a literatura que trata de fundamentos teórico-epistemológicos, centrada na problemática das concepções (de linguagem, de língua, de texto, de avaliação etc.); 2) a literatura sobre fundamentos didático-metodológicos, centrada na proposição de formas de organização do ensino (modalidades de avaliação, sequências didáticas etc.); e 3) os textos efetivamente presentes em aula, na maior parte das vezes sob a forma de livros didáticos. Minha hipótese é de que a formação de professores tem se focado nas duas primeiras instâncias, de modo que a circulam nos cursos de licenciatura, sobretudo, a literatura de base teórica e as propostas metodológicas. Materiais didáticos têm circulação menor, surgindo basicamente com a função de dado (para exercícios de crítica) ou fonte (para elaboração de aulas). Resta assim uma lacuna no que diz respeito ao desenvolvimento de

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uma experiência na produção dos textos que subsidiam a aula de português – o desenvolvimento de uma “autoria didática”. A análise de alguns exercícios de língua produzidos por alunos em formação em cursos de licenciatura mostra dois problemas dignos de atenção: a) a elaboração de aulas por vezes encerra-se no planejamento metodológico, não chegando a uma etapa de seleção e redação dos materiais a serem utilizados; b) quando há produção de material didático, ela por vezes se pauta na assimilação de características de materiais didáticos já existentes e não na experiência direta do aluno com os textos que figuram em sua aula. Como resposta à pergunta lançada de início, afirmo que o professor de língua pode diferenciar-se do falante comum pelo fato de dispor de um cabedal teórico-metodológico que, articulado à experiência cotidiana com os textos, permite discernir neles o que pode ser construído como objeto de ensino – modificando sua própria experiência. Este trabalho, ao que tudo indica, ainda é pouco observado.

POR ONDE CIRCULA O CURSO DE LINGUÍSTICA GERAL NA CONTEMPORANEIDADE? UM ESTUDO A PARTIR DE DIFERENTES

FONTES

Valdir do Nascimento Flores (UFRGS/CNPq)

A linguística ocidental tem seu início reconhecido com a publicação póstuma, em 1916, de um livro, o Curso de linguística geral – o CLG como é conhecido –, cuja autoria é atribuída ao suíço Ferdinand de Saussure. Essa é a primeira grande fonte de pesquisa quando se tem interesse no pensamento de Ferdinand de Saussure. As condições em que esse livro veio a público são muito singulares e merecem ser lembradas com destaque. Conforme explicam os editores do CLG, no Prefácio que fazem à obra, Saussure fora convidado a ministrar um curso de linguística geral entre os anos 1906/1907, 1908/1909 e 1910/1911 na Universidade de Genebra. Assistiram a esse curso alguns poucos ouvintes. Segundo se sabe, Saussure pouco ou nada teria escrito a respeito de suas aulas. Como viera a falecer em 1913 sem deixar muita coisa que atestasse os caminhos e descaminhos

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seguidos em sua docência, seus alunos à época, cientes de que testemunharam uma verdadeira revolução no campo da linguística, entregaram suas anotações pessoais de aula a dois linguistas – Albert Sechehaye e Charles Bally – para que, a partir delas, fosse reunido um material que sintetizasse os três anos de curso. Assim nasceu o Curso de linguística geral, cujo título, como se pode facilmente deduzir, faz referência à sua natureza oral. Como é fácil supor, então, a organização do livro obedece ao entendimento que se teve do material considerado e está diretamente ligado aos parâmetros da época do que, no fim do século XIX, era considerado o discurso científico. É assim que, hoje em dia, há muitas e não-coincidentes interpretações do livro. E foi com a versão dos fatos dada por Bally e Sechehaye, ou melhor, com a versão dada ao que se entendeu como sendo o raciocínio de Saussure, que a linguística instituiu-se solidamente já na metade do século XX. Tudo começa a mudar quando, em 1957 Robert Godel publica sua tese, Les sources manuscrites du cours de linguistique générale, que faz um levantamento profundo das fontes utilizadas para a organização do CLG. Tem início, então, um período (conturbado) de descobertas que inclui desde outros manuscritos de alunos até manuscritos do próprio Saussure. Em 1958, há a descoberta do caderno de notas de Émile Constantin, o mais completo já encontrado até hoje; em 1967/1968, é publicada a Edição crítica de Rudolf Engler, em dois tomos, do Cours de linguistique générale, associada às notas dos estudantes; em 1971, é publicado, por Jean Starobinski, Les mots sous les mots: les anagrammes de Ferdinand de Saussure que reúne os manuscritos sobre os anagramas; em 1996, é descoberto um manuscrito na residência da família de Saussure editado por Simon Bouquet e Rudolf Engler. A partir de tudo o que dissemos até aqui, é fácil deduzir que falar sobre Ferdinand de Saussure, hoje em dia, é tarefa complexa. E tal complexidade decorre, em grande medida, do vasto número de fontes disponíveis para pesquisa que incluem desde o próprio Curso de Lingüística Geral (CLG) até obras escritas e publicadas por Ferdinand de Saussure; fontes manuscritas de Saussure (publicadas ou não); cartas de Saussure (pessoais e profissionais); anotações de alunos de Saussure; cartas de alunos; edições críticas do CLG; Anagramas (publicados ou não), entre outras. Isso posto, este trabalho busca avaliar as condições de

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circulação, de leitura e de interpretação do Curso de linguística geral na contemporaneidade tendo em vista a multiplicidade de fontes que podem (ou não) resignificá-lo.

MESA-REDONDA 5 – ASPECTOS DA SINTAXE DO PORTUGUÊS

BRASILEIRO

ASPECTOS DA SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: O OBJETO NULO

Sonia Cyrino

(Unicamp/CNPq)

O objeto nulo (ausência da expressão fonológica do complemento do verbo) tem sido o tópico de vários estudos a partir dos anos 80, com o advento da teoria de Princípios e Parâmetros. O português brasileiro (PB) permite objetos nulos de forma (quase) irrestrita em comparação com outras línguas. Nesta apresentação, aponto alguns fatos sintáticos a respeito do objeto nulo, na busca da sustentação de uma hipótese forte para a sua existência no PB como consequência de uma mudança sintática. Os resultados contribuem para o entendimento não só do objeto nulo, mas da sintaxe do PB.

ASPECTOS DA SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: A COLOCAÇÃO DE CLÍTICOS PRONOMINAIS EM COMPLEXOS VERBAIS

Marco Antonio Martins

(UFRN)

Apresento, nesta comunicação, resultados preliminares da análise da sintaxe dos clíticos pronominais em complexos verbais em parte do córpus mínimo impresso do Projeto para a História do Português Brasileiro (PHPB). O corpus se constitui de anúncios e cartas de leitores publicados entre as primeiras e segundas metades dos séculos XIX e XX em jornais de sete estados brasileiros: SC, PR, RJ,

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SP, BA, PE, RN e CE, disponíveis no sítio https://sites.google.com/site/corporaphpb/. Considerando a escrita brasileira no curso desses séculos, estudos têm atestado (i) um aumento gradativo (e mesmo o aparecimento, uma vez que a próclise nesse contexto não foi atestada na história do português) de construções com próclise ao verbo temático, interpretada como derivada pela gramática do Português Brasileiro (PAGOTTO, 1992; CYRINO, 1993; NUNES, 1993) e (ii) uma queda nas construções com alçamento de clíticos, com próclise ou ênclise ao verbo finito. Esses diferentes padrões de colocação refletem uma mudança sintática na direção de cliticização dos clíticos pronominais na gramática do PB. Os resultados obtidos com a análise das cartas de leitores e anúncios de jornais brasileiros de diferentes estados mostram que a implementação da mudança está associada à natureza do complexo verbal: construções com os auxiliares (ter/haver/estar/ir) favorecem o uso da variante inovadora, da gramática do PB, enquanto construções com verbos aspectuais e modais (i.e. verbos de controle) e com verbos causativos e perceptivos não.

ASPECTOS DA SINTAXE DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: PADRÕES DE INVERSÃO DO SUJEITO

Izete Lehmkuhl Coelho

(UFSC/CNPq)

Diversos trabalhos sobre a variação da ordem do sujeito em sentenças declarativas têm mostrado uma tendência ao enrijecimento da ordem sujeito-verbo-objeto (SVO) no português falado no Brasil atual, estando a posposição restrita a verbos inacusativos. Outros trabalhos apontam que, na escrita de brasileiros no curso do século XIX, padrões de inversão germânica, românica e inacusativa são atestados. É como se nesse século o português apresentasse um período de transição em que as construções transitivas sujeito-verbo-objeto e verbo-sujeito-objeto/verbo-objeto-sujeito (SVO e VSO/VOS) convivessem lado a lado, e refletissem, na escrita, uma diglossia literária com padrões gerados por uma variedade inovadora (ordem SVO) e uma

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conservadora (inversão germânica e inversão românica). Com base nesse quadro, este trabalho se propõe a descrever e mapear os padrões de inversão do sujeito encontrados no português escrito em diferentes regiões do Brasil. O corpus de análise é extraído do projeto Para a História do Português Brasileiro (PHPB) e os resultados estatísticos, retomados de Coelho e Berlinck (2012), apontam para uma curva de mudança entre o início do século XIX e o final do século XX, em direção ao enrijecimento da ordem (X)SVO ou SXVO, à preferência pelas construções V2 (verbo em segunda posição) ou V3 (verbo em terceira posição) e ao padrão de inversão inacusativa – contextos sintáticos preferencialmente encontrados nas amostras empíricas de fala do final do século XX. Para explicar a gradação observada entre formas em variação do português escrito no curso dos séculos XIX e XX serão levados em consideração postulados teórico metodológicos de Weinreich, Labov e Herzog (1968) no que se refere aos problemas empíricos de restrição, de encaixamento e de implementação, atrelados a uma interpretação gramatical (estrutural) da mudança sintática.

MESA-REDONDA 8 – LINGUÍSTICA APLICADA

LINGUÍSTICA APLICADA E FORMAÇÃO DOCENTE: PROCESSO (AINDA) INCONCLUSO?

Maria Rosa Petroni

(UFMT) Os objetivos do ensino de Língua Portuguesa (LP), estabelecidos pelos parâmetros oficiais — PCN (BRASIL, 1998), PCN+ (BRASIL, 2002), PCNEM (BRASIL, 1999) e OCEM (BRASIL, 2008a) giram em torno da preparação do aluno para o domínio da expressão oral e escrita, em situações de uso público da linguagem. Tal preparação, mediada pelos gêneros, deve não só desenvolver as capacidades linguístico-discursivas do aprendiz, como também promover a sua autonomia, no tocante à leitura e à produção oral e escrita, a fim de que participe conscientemente das práticas sociais, como cidadão. Nesse contexto, a formação inicial e continuada do professor de LP

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apresenta-se como fator decisivo para os resultados do processo de ensino-aprendizagem. Nesta comunicação, apresento alguns dados relativos ao Programa de formação contínua GESTAR II (BRASIL, 2008b), destinado a professores do Ensino Fundamental, que tem grande abrangência e aceitação, em todo país. A análise de parte desse material oficial utilizado na preparação de docentes para o Ensino Fundamental foi realizada articulando o conteúdo de uma das unidades aos pressupostos da Linguística Aplicada. Os resultados obtidos indicam a necessidade de melhor formação do professor e de cuidados essenciais na elaboração de material formativo.

A APRENDIZAGEM COLABORATIVA DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: UM OLHAR SOBRE DOIS ESTUDOS

Francisco José Quaresma de Figueiredo

(UFG) Esta apresentação tem por objetivo apresentar aos participantes um referencial teórico sobre aprendizagem colaborativa, com base nos estudos realizados por Vygotsky. Serão também apresentados dois estudos (Figueiredo, 2001; Souza, 2003) que tiveram como foco de estudo a aprendizagem colaborativa de línguas estrangeiras – o primeiro sendo realizado por meio da interação face a face, e o segundo, pela interação mediada pelo computador. Tais estudos corroboram o fato de que a interação e a colaboração são elementos profícuos para a aprendizagem de uma língua estrangeira.

LINGUÍSTICA APLICADA E INCLUSÃO SOCIAL

Mariney Pereira Conceição (UNB)

“A inclusão, abrangendo conceitos como respeito mútuo, compreensão, apoio, eqüidade e autorização, não é uma tendência, um processo ou um conjunto de procedimentos educacionais

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passageiros a serem implementados. Ao contrário, a inclusão é um valor social que, se considerado desejável, torna-se um desafio no sentido de determinar modos de conduzir nosso processo educacional para promovê-la.” (Ministério da Educação, Brasil, 2004, p. 15-16). Considerando a Linguística Aplicada como o estudo de práticas específicas de uso da linguagem em contextos específicos (Signorini, 1998:101), nesta fala, pretendemos abrir uma discussão a respeito das contribuições dessa área do conhecimento para a inclusão dentro das salas de aula de Língua Estrangeira. Como destaca Canclini (1995), adotar a perspectiva dos oprimidos, das minorias e dos excluídos, funciona como um importante passo para gerar questões na pesquisa que desafiem os saberes constituídos, tornando visíveis campos muitas vezes ignorados pelo conhecimento hegemônico. Para Bakhtin (2003), olhar para o outro a partir de sua subjetividade constitui um elemento indispensável no processo da compreensão do outro. Com base nos estudos de Barcelos (2011), o diálogo que pretendemos propor tem como premissa o fato de que a exclusão ou inclusão social não se dá somente com portadores de necessidades especiais, mas com todos aqueles que não são reconhecidos em suas comunidades de aprendizagem Consideramos, nesse sentido, que as crianças que já estão em nossas salas podem também se sentir excluídas da aprendizagem por práticas tradicionais que as limitam e tolhem seu potencial e capacidade de desenvolvimento como pessoa e como aluno (Barcelos, 2011, p.18). Como destaca a autora, pensar sobre inclusão social significa também repensar nossas crenças, uma vez que, para aceitarmos o outro e o diferente, é preciso examinar que tipos de crenças possuímos a respeito desse outro (Barcelos, 2011, p. 19).

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RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES EM GRUPO

TEMÁTICO

ÁREA TEMÁTICA 1- FONÉTICA E FONOLOGIA ANÁLISE QUALITATIVA E ACÚSTICA DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NO PORTUGUÊS FALADO NA AMAZÔNIA PARAENSE.

Autores MARA SUENY TEIXEIRA DA COSTA 1,

Instituição 1 UFPA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (Universidade Federal do Pará - Rua Augusto Corrêa, 01 - Guamá. CEP 66075-110. PA)

Resumo O presente estudo tem como objetivo caracterizar acusticamente as vogais orais átonas das variedades estudadas da Amazônia Paraense pela equipe da UFPA a qual tem a pesquisa O sistema vocálico do Português falado em Belém (PA): análise experimental vinculada ao PROBRAVO. O referido trabalho irá abordar especificamente os resultados alcançados com a análise qualitativa e acústica das vogais /e/ vogal média anterior e /o/ vogal média posterior ambas em posição pretônica, da variedade do português falada na capital paraense. O corpus original é composto de amostras de fala de 18 (dezoito) informantes nativos de Belém (PA) estratificados socialmente em sexo (masculino e feminino), faixas etárias (de 15 a 25 anos; 26 a 45 anos; acima de 45 anos) e nível de escolaridade(ensino fundamental; ensino médio; ensino superior) que foram gravados em situação de fala lida. Os mesmos produziram 51 (cinquenta e um) vocábulos nos quais contem as vogais pretônicas alvo /e/ e /o/, a partir da leitura de um texto que tem por título “A marca da nacionalidade Brasileira” o qual fala sobre o futebol. Ao todo o corpus de fala lida compreende 918 (novecentos e dezoito) ocorrências das vogais médias em posição de análise. O tratamento dos corpora foi feito no software PRAAT onde a apresenta 06 (seis) níveis de segmentação, em seguida para o controle e levantamento dos dados foi dado início ao preenchimento de questionários e a criação da planilha para a

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omada de medias físicas. Foram efetuadas tomadas de medidas físicas da freqüência fundamenal (F0) e os formantes F1 e F2 para o cálculo de média, desvio padrão e teste T das vogais alvo. A análise qualitativa e acústica dos dados até o presente momento tem confirmado a hipótese de harmonia vocálica no caso do alteamento das vogais médias pretônicas no dialeto da cidade de bélem. Palavras-chaves: Analise Acústica, Português Brasileiro, Vogais Médias Pretônicas. VARIAÇÃO FONÉTICA E FONOLÓGICA: UM OLHAR LINGUÍSTICO SOBRE O MANUAL DIDÁTICO

Autores Nádia CRISTINA DA SILVA SANTOS 1,

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO (AV. FERNANDO CORRÊA DA COSTA, BAIRRO BOA ESPERANÇA, CUIABÁ-MT.)

Resumo Como falantes nativos do português, percebemos que, muitas vezes, a língua se apresenta sob uma forma bastante diferente daquela a qual estamos habituados ao conversarmos em casa com nossos familiares ou com nossos amigos. Essa diferença pode manifestar-se em vários níveis linguísticos como: o fonético, o fonológico, o morfológico e sintático. O campo da variação linguística é muito amplo. Por isso, nessa pesquisa, optamos por estudar a variação linguística nos níveis fonético e fonológico. A proposta do presente trabalho é refletir sobre as discussões feitas a respeito da variação nos níveis fonéticos e fonológicos em três livros didáticos do Ensino Médio da rede pública de Educação: “Novas palavras: língua portuguesa: ensino médio”, de Emília Amaral (et al) “Português: ensino médio”, de José De Nicola e “Português: linguagens”, de Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. Para isso, se fará um estudo dos conceitos e das atividades abordados nesses níveis de análise, comparando-os com o que é pressuposto pela Linguística, em sua ramificação da Fonética e da Fonologia do português. Nos dados coletados durante o estudo, observou-se que as atualizações das pesquisas em Linguística não estão, de forma geral, contempladas na apresentação desses

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conteúdos pelos livros didáticos, e, ainda, nota-se certo preconceito quando os autores trabalham com o tema variação linguística, pois estes são trabalhados de maneira fragmentada tanto na parte destinada à conceituação quanto nos exemplos e exercícios propostos. Outro fato importante que deve ser lembrado é que sempre na parte das orientações para o professor os livros apresentam as inovações, bem como os autores que discutem esses temas, além de trazê-lo de uma forma ampla ao passo que nos capítulos são apresentadas de maneira resumida. Observamos também que em nenhum momento os livros didáticos trabalham com exemplos que contemplem uma variedade linguística diferente da “padrão”. Isso, só reafirma a ideia de normatização da língua e a visão tradicional dos autores ao selecionar os conteúdos destinados a constituição dos manuais didáticos. Palavras-chaves: Ensino, Fonética, Fonologia, Linguística, Variação. ÁREA TEMÁTICA 2- MORFOLOGIA A EVOLUÇÃO DO PARTICÍPIO PRESENTE NO PORTUGUÊS

Autores Elaine Ferreira Dias 1,2

Instituição 1 UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros (Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro - Vila Mauricéia CEP 39401-089), 2 PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Av. Dom José Gaspar, 500 - Prédio 20 - sala 210 - Coração Eucarístico)

Resumo Com vistas a contribuir para o estudo dos processos de lexicalização e gramaticalização, este trabalho tem por objetivo apresentar algumas considerações sobre a mudança do particípio presente. Segundo Williams (1961, p. 191), houve mudança na categoria de verbos do particípio presente no latim e no português arcaico para adjetivos e substantivos no português contemporâneo. Em um estudo preliminar, observou-se que alguns verbos, apesar de apresentarem a forma de particípio presente, funcionavam respectivamente como adjetivos, substantivos, preposições acidentais e conjunções. O processo parece tomar pelo menos duas direções. a) itens que se lexicalizam e b) itens que se

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gramaticalizam. Segundo Vitral & Ramos, (2005, p.24), um item se gramaticaliza quando é recategorizado como gramatical (lexical>gramatical). Por exemplo, a mudança de categoria do verbo no particípio presente para conectivo, com o item mediante. E lexicaliza quando permanece como item da mesma categoria lexical ou de outra categoria também lexical (lexical>lexical). Nesse caso, a mudança de verbo para substantivo e adjetivo expressa nos itens ouvinte e minguante. No primeiro caso, com o conectivo mediante, verifica-se um esvaziamento do conteúdo semântico e das funções lexicais para incorporar funções gramaticais, o mesmo não ocorre com o segundo caso, com os itens ouvinte e minguante, pois foram preservadas as características de item lexical. A discussão desses fenômenos envolve algumas questões, como: 1) que fatores influenciaram a mudança do particípio presente? 2) em que estágio de gramaticalização se encontra o particípio presente no português contemporâneo? A fim de responder a esses questionamentos, serão apresentadas discussões propostas por diferentes autores como, Heine, Claudi e Hünnemeyer (1991); Brinton e Traugott (2005), Vitral e Ramos (2005). Bem como será apresentado resultado preliminar do estudo corpus adotado, que é constituído por textos de diferentes fases da língua português - fase arcaica, fase moderna e fase contemporânea - com o intuito de testar as hipóteses assumidas. Palavras-chaves: particípio presente, lexicalização, gramaticalização OS SINAIS BRAQUIGRÁFICOS

Autores Angelita Heidmann Campos 1, Elias Alves de Andrade 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Correa da Costa s/n, Bairro Coxipó), 2 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Correa da Costa s/n, Bairro Coxipó)

Resumo Esta comunicação pretende apresentar, por meio de edições monotestemunhais, todos os sinais braquigráficos encontrados nos cinco manuscritos: Instruções dadas pela rainha Mariana da Áustria a Dom Antônio Rolim de Moura; Registro do regimento dos

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governadores gerais ou vice-reis do estado do Brasil; Cópia das instrução de João Pedro da Camera ao Conde de Azambuja; Cópia da instrução dada por Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres a Luiz Pinto de Souza Coutinho e Cópia da instrução que João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres deixou a seu irmão por Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, datados entre 1749 e 1788/1789, do “Livro de Registro das Instruções Reais ao Governadores da Capitania de Mato Grosso”, pertencente ao Arquivo Público de Mato Grosso (APMT). As abreviaturas serão apresentadas em três colunas. A primeira composta pela edição fac-similar, ou mecânica (SPINA, 1977, p.77-78), que apresenta um grau mínimo de intervenção do editor no manuscrito (CAMBRAIA, 2005, p. 91), já que reproduz com muita fidelidade as características do original: o formato, o papel, as ilustrações, as margens e possibilita o acesso quase direto ao texto. A segunda pela edição diplomática (SPINA, 1977, p. 78) e (CAMBRAIA, 2005, p. 93-95) que é uma transcrição rigorosa na qual se edita conservando os elementos presentes no texto tal como o escriba fez. E a terceira pela edição semidiplomática (SPINA, 1977, p. 78), ou paleográfica (CAMBRAIA, 2005, p. 93-95), ou seja, representa uma transcrição conservadora, apenas desdobrando-se as abreviaturas, conservando-se os demais elementos presentes no texto. A palavra braquigrafia, originária do grego <i>braqui</i>, curto, e <i>graphien</i>, escrever, significa escrever abreviado, prática que derivou das siglas, notas tironianas e <i>Notae Juris</i>, utilizadas pelos romanos para reduzir os vocábulos, segundo Acioli (1994, p. 45). Segundo Flexor (2008, p. 12) e Acioli (1994, p. 46), o uso de abreviaturas, siglas e notas tironianas tinham o intuito de ocupar menos espaço devido à escassez de materiais de base e de registro e economizar tempo. Spina (1977, p. 44) enfatiza que conhecer as abreviaturas é fundamental para se interpretar os documentos medievais e classifica as abreviaturas por sigla, apócope, síncope, letras sobrepostas, signos especiais de abreviação e letras numerais. Este trabalho é vinculado aos projetos de pesquisa: “Estudo do português em manuscritos produzidos em Mato Grosso a partir do século XVIII”, MeEL/ IL/ UFMT, e ao projeto temático “Para a História do Português Brasileiro – PHPB.

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Palavras-chaves: Filologia, Manuscrito, Edições, Sinais Braquigráficos FLEXÃO RELACIONAL E LÍNGUAS JÊ SETENTRIONAIS: UMA RETROSPECTIVA

Autores Maxwell Miranda 1

Instituição 1 LALI/UnB - Laboratório de Línguas Indígenas, Universidade de Brasília (Campus Universitário Darcy Ribeiro, ICC Sul, Sala BSS 231 - Caixa Postal: 4395 –)

Resumo A flexão relacional constitui um dos traços tipológicos comuns em uma gama considerável de línguas de distintos agrupamentos genéticos da América do Sul, entre os quais o Tupí, o Macro-Jê e o Karíb (Rodrigues 1985, 1999, 2010). O mecanismo morfossintático em foco, descrito primeiramente por Rodrigues (1953) para o Tupinambá (ou Tupí Antigo), estabelece, por meio de prefixos, a relação de dependência sintagmática entre o núcleo e seu respectivo determinante, conforme ou não a sua contiguidade sintática, isto é, entre verbo transitivo e seu objeto, verbo intransitivo e seu sujeito, nome e posposição ou nome e seu possuidor em construções genitivas. Nesse estudo, exploraremos o mecanismo da flexão relacional em línguas da família Jê (tronco Macro-Jê), que inclui quatro línguas faladas no Mato-Grosso: o Suyá, o Mebengokrê, o Tapajúna e o Panará, com base na proposta de Rodrigues (2001) e de Cabral e Costa (2003), e nos trabalhos de Borges (1995), Santos (1997), e Dourado (2001). Incluiremos dados de outras línguas da família – das línguas Krahô e Apinajé, faladas em Tocantins e da língua Xikrín, falada no Pará. Focalizaremos o fenômeno em questão a partir dessas línguas do ramo Jê-Setentrional, as quais apresentam paradigmas regulares, ao contrário de outras línguas, cujo mecanismo flexional apresenta apenas vestígios do que teria sido a flexão relacional em estágios anteriores. Dados dessas últimas línguas serão apresentados para realçar o contraste entre línguas em que os prefixos relacionais são produtivos e línguas em que os antigos relacionais perderam sua

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funcionalidade. Os dados analisados nesse estudo provêm de trabalhos de campo realizados por pesquisadores do Laboratório de Línguas Indígenas, junto aos falantes de suas respectivas línguas (Miranda, 2010, notas de campo e Costa 2010, notas de campo), bem como dos trabalhos de Santos (1997), Dourado (2001), Ferreira (2003), (Costa 2003, notas de campo) e Albuquerque (notas de campo). Palavras-chaves: prefixos relacionais, morfossintaxe, línguas Jê Setentrionais, tronco-Macro-Jê, línguas indígenas. MAIS EVIDÊNCIAS LEXICAIS, FONOLÓGICAS E MORFOSSINTÁTICAS DE PARENTESCO GENÉTICO DO RIKBAKTSA COM LÍNGUAS DO TRONCO MACRO-JÊ

Autores Ana Suelly Arruda Câmara Cabral 1 , Aryon Dall'Igna Rogrigues, Sanderson Castro Soares de Oliveira

Instituição 1 LALI/UnB - Laboratório de Línguas Indígenas, Universidade de Brasília (Campus Universitário Darcy Ribeiro, ICC Sul, Sala BSS 231 - Caixa Postal: 4395 –)

Resumo Em Rodrigues e Cabral (2007) é acentuado que “A hipótese da origem comum de todas as famílias linguísticas reunidas sob o rótulo Macro-Jê ainda está longe de uma comprovação cabal.” (p.114). Os desafios que essa hipótese representa são de naturezas distintas. Por um lado, há falta de documentação das línguas em questão, como acentuado por esses autores (op. cit.), por outro lado, pode tratar-se de um tronco cujo desmembramento teria se dado durante uma história com maior profundidade temporal do que a dos grandes agrupamentos consolidados, como o tronco Tupí, a família Karíb e a família Aruák. Há ainda a possibilidade de efeitos de contato desses povos com outros de origens genéticas distintas, dada a separação geográfica em que se encontram na atualidade e que refletem longas migrações em raios que somam até 3.500 km de extensão, como é o caso de uma única família, a família Jê, cujos representantes localizam-se em pontos distantes – no extremo norte do estado do Maranhão, no estado do Pará, no estado do Tocantins, no Estado de Mato-Grosso, no estado de Goiás e nos

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estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Migrações em grandes áreas como essas propiciam encontros em que as línguas em contato podem não só receber os mais diferentes tipos de interferência, como podem ser a fonte de interferências em outras línguas; e os dois casos são possibilidades que não podem ser descartadas em se tratando das várias famílias propostas como sendo do tronco Macro-Jê. Há ainda o grave problema causado pela falta de documentação de línguas extintas e que foram minimamente documentadas. Nesta comunicação fazemos uma comparação de aspectos lexicais, fonológicos e morfossintáticos da língua Rikbaktsa com dados de outras línguas também consideradas por Rodrigues como pertencentes ao tronco Macro Jê, acrescentando novos dados que fortalecem a hipótese da filiação do Rikbaktsa a este tronco lingüístico. O presente estudo é também uma demonstração da aplicação dos princípios e etapas metodológicas do Método Histórico Comparativo no estabelecimento de conexões genéticas entre línguas. Palavras-chaves: morfossintaxe, linguística histórica, método histórico-comparativo, língua Rikbaktsá, tronco Macro-Jê USO DE CLASSIFICADORES EM LIBRAS

Autores Elidéa Lúcia Almeida Bernardino 1

Instituição 1 UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (Av. Presidente Antonio Carlos, 6627, Pampulha, FALE)

Resumo O uso de classificadores em línguas de sinais tem sido examinado por muitos anos, destacando-se no Brasil: Ferreira-Brito (1995), Felipe (2002), Quadros e Karnopp (2004) e Bernardino (2006), além de alguns estudos mais recentes a respeito. Porém, poucos estudos apresentam uma descrição do uso de classificadores por surdos sinalizadores, comparando usuários nativos e não-nativos de Libras. Este estudo busca descrever como surdos nativos e não-nativos usam classificadores em resposta a um estímulo de produção de linguagem chamado “RO task” (Real Objects Task), criado por Hoffmeister e sua equipe (Hoffmeister , 1999; 2007) com o objetivo de estudar a produção de classificadores em ASL, sendo utilizado

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também em testes com a língua de sinais grega (Kourbetis, Hoffmeister e Bernardino, 2005) e brasileira, agora descrito. Esse teste foi feito com cinco surdos profundos, atuantes na comunidade surda: um deles tem pais surdos, outro tem irmãos mais velhos surdos e ambos adquiriram a Libras na infância e os outros três sujeitos adquiriram a língua após os seis anos de idade. Todos eles ensinam a língua de sinais a profissionais ouvintes que trabalham com crianças e dois deles atuam ou atuaram durante vários anos como professores ou modelos de língua de sinais para crianças e adolescentes surdos. Em resposta aos estímulos apresentados, algumas categorias de objetos foram representadas de forma similar por todos os sinalizadores; outras, no entanto, mostraram uma maior variação. Embora tenha sido encontrada uma certa regularidade na escolha de configurações de mão específicas para se referir a objetos no mundo, a variação encontrada entre os sinalizadores foi maior entre aqueles que adquiriram a língua mais tarde do que entre os surdos que a adquiriram antes dos seis anos de idade. Esse era um resultado esperado, já sugerido por pesquisas que comparavam a produção de surdos que adquiriram a ASL cedo ou tardiamente (Mayberry e Lock, 2004). Este estudo também apresenta uma contribuição relevante ao estudo das línguas de sinais, pois descreve o uso de classificadores na representação de várias categorias de objetos, o que ainda tem sido pouco explorado nas pesquisas sobre a Língua Brasileira de Sinais. Palavras-chaves: Libras, classificadores, surdos nativos, aquisição tardia ÁREA TEMÁTICA 3- SINTAXE O INOVADOR “VOCÊ” EM CARTAS PESSOAIS NORTE-RIO-GRANDENSES DO SÉCULO XX

Autores Kássia Kamilla Moura, Marco Antonio Martins1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal, RN)

Resumo Neste trabalho, objetivamos descrever e analisar o processo de

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variação/mudança envolvendo os pronomes pessoais TU e VOCÊ, e sua extensão no paradigma pronominal no Português Brasileiro (PB), em cartas pessoais trocadas entre o casal Lourival Rocha e Ruzinete Dantas, ambos nascidos no Rio Grande do Norte no início do século XX. O universo discursivo dessas cartas é basicamente notícias da cidade em que viviam – uma vez que moravam em cidades distintas –, assuntos do cotidiano (trabalho, viagens e política) bem como a preocupação com a família e a saúde dos filhos. As cartas analisadas fazem parte do córpus da minha dissertação de mestrado em desenvolvimento, pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFRN, e parte delas integram o banco de dados do córpus mínimo manuscrito do Projeto História do Português Brasileiro no Rio Grande do Norte (PHPB-RN). Neste trabalho, tomamos por base os estudos de Lopes e Machado (2005), Rumeu (2008) e Lopes et al. (2009), os quais registram que no PB a forma VOCÊ suplanta o uso de TU a partir do século XX. As referidas autoras atestam o seguinte quadro: enquanto (a) as formas verbais imperativas, (b) os sujeito pleno e (c) os pronomes complementos preposicionados são contextos favorecedores ao uso do VOCÊ; as (d) formas verbais não imperativas (com sujeito nulo), (e) os pronomes complementos não preposicionados e (f) os pronomes possessivos (teu/tua) são contextos de resistência do TU. Observando a produtividade do VOCÊ nesses diferentes contextos sintáticos nas cartas pessoais norte-rio-grandenses, pretendemos responder as seguintes questões de pesquisa: 1) No processo de implementação do inovador VOCÊ, as cartas pessoais norte-rio-grandenses apresentam o mesmo quadro delineado acima? e 2) Por que os contextos de implementação listados em (a), (b) e (c) favorecem o uso do VOCÊ? No tocante à metodologia, os dados extraídos das cartas serão categorizados de acordo com a sociolinguística variacionista (cf. WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, [1972] 2008) e, posteriormente, submetidos aos programas do pacote estatístico GOLDVARB2001 (cf. ROBINSON; LAWRENCE; TAGLIAMONTE, 2001), a fim de rastrear, detalhadamente, por meio de frequências de uso e pesos relativos, a implementação do você nas cartas. Palavras-chaves: Português Brasileiro; Pronomes Pessoais, Século XX; “Você”.

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ÁREA TEMÁTICA 4- SEMÂNTICA OS LUGARES DE DIZER NA CENA ENUNCIATIVA

Autores Leila Castro da Silva 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade Estadual de Mato Grosso (AV: SÃO JOÃO)

Resumo Dentre os vários tipos de violência, uma delas vem sendo evidenciada pela mídia em nosso país: a violência contra a mulher. Com a criação da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, a violência toma uma dimensão maior e repercute nos diversos discursos da sociedade brasileira. Pensando essa problemática, proponho, neste trabalho, analisar enunciativamente o agenciamento das figuras enunciativas inscritas no texto de um Inquérito Policial Lesão Corporal – Decorrente de Violência Doméstica e Familiar, observando, como as figuras enunciativas são agenciadas a dizer, isto é, quem fala, para quem e de que lugar se fala. Para o estudo, mobilizarei os pressupostos teórico-metodológicos da Semântica do Acontecimento, desenvolvida no Brasil por Eduardo Guimarães. Neste resumo, me aterei à apresentação de uma análise preliminar de um recorte teórico extraído desse Inquérito, que constitui o corpus da pesquisa que desenvolvo no Mestrado em Linguística, a partir da noção de cena enunciativa que, segundo Guimarães (2010, p. 23), “se caracteriza por constituir modos específicos de acesso à palavra, dada as relações entre as figuras de enunciação e as formas linguísticas”. No texto do Boletim de Ocorrência-BO, em que consta a denúncia feita por uma vítima menor de idade, irei analisar como se dá o agenciamento das figuras enunciativas inscritas nesse documento. A cena enunciativa, em análise, se constitui nos espaços de enunciação de Língua Portuguesa do século XXI, entre falantes que se caracterizam pelos modos de dizer e pelos lugares sociais que representam. Na cena do Boletim de Ocorrência, os lugares são constituídos pelos dizeres das pessoas, e não por pessoas que se imaginam donas do seu dizer, ou seja, as figuras enunciativas são constituídas pelo locutor-escrivão e o locutor- comunicante (mãe).

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O Locutor que ocupa o lugar social de Escrivão de Polícia (locutor-x) representa o poder judiciário, e é autorizado a dizer desse lugar. O locutor-comunicante (mãe) representa a filha menor de idade que, pelas normas do jurídico não é autorizada a dizer, a denunciar. Neste sentido, estudar esses acontecimentos como fatos de linguagem é de suma importância para perceber as pistas deixadas pela linguagem em diferentes épocas e em diferentes materialidades produzindo sentidos diversos. Espero, através deste estudo, dar visibilidade aos estudos da semântica e também refletir sobre essa temática. Palavras-chaves: Cena Enunciativa, Semântica do Acontecimento, Violência Contra a Mulher AS DIFERENÇAS ENTRE AS LÍNGUAS E OS DIFERENTES PADRÕES DE LEXICALIZAÇÃO: INTERFACE SEMÂNTICA E COGNITIVA

Autores Viviane Lucy Vilar de Andrade 1

Instituição 1 UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (Campus Universitário Trindade, CCE, Bl B, Sala 315)

Resumo De acordo com McWhorter (2005), as línguas variam no que elas gramaticalizam, a ponto de uma mesma estrutura semântica poder ser representada por várias estruturas sintáticas e poderem ser mais ou menos complexas, tendo essa variação ou gradiência explicada por diversos fatores. Seguindo essa linha de pesquisa e apoiado em pressupostos da Linguística Cognitiva, o presente trabalho apresenta uma comparação entre algumas línguas humanas e os seus diferentes padrões de lexicalização, suas estruturas conceptuais e as diferentes representações semânticas em cada língua e, com Talmy (2003), foca a interface entre a estrutura cognitiva e a estrutura semântica. Dos vários elementos de uma gramática, o presente trabalho se concentra nos estudos de aspectos verbais e observa em Talmy (2003) como se dá sua classificação de macro-evento, apontando que essa estrutura (macro-evento) reflete um esquema conceptual (cognitivo) bem definido. Se opondo à teoria gerativa, a qual se centralizava na sintaxe, Talmy e Jackendoff (1983) não concordam que pode haver apenas estruturas sintáticas, mas devem haver estruturas

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semânticas também. Assim, a linguagem não pode estar desligada dos outros aspectos cognitivos. A linguagem apresenta relação com outros sistemas (módulos) cognitivos, como a visão, por exemplo: FIGURA/FUNDO. Este trabalho também observa, com exemplos, o léxico de uma língua e os padrões de lexicalização e sua interface semântica e cognitiva. Já que uma das habilidades cognitivas humanas é a seleção ou a capacidade de se focar em determinada parte do que se experiencia e no que se acha que é relevante naquele momento, da mesma forma, a capacidade de se ignorar aspectos do que se experiencia e que se considera não relevantes, tem-se o enquadre, enquadre semântico e o enquadre excludente. Aponta-se o Projeto Framenet Brasil e observa-se que uma unidade lexical, a qual provoca determinado frame e/ou diversos frames, possibilitam a construção semântica e gramatical. É, assim, um ESQUEMA CONCEPTUAL: REDE DE FRAMES. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e teórica. Palavras-chaves: lexicalização, variação linguística, linguística cognitiva, interface semântica, interface cognitiva A SEMÂNTICA DO VERBO “PEGAR“: UM ESTUDO SOBRE O SENTIDO

Autores ELZA CONTIERI 1

Instituição 1 UNIFESP/Bolsa Capes - Universidade Federal de São Paulo (Estrada do Caminho Velho, 333 - Guarulhos)

Resumo No universo da linguagem, sabe-se que o estudo do sentido empregado para a análise dos variados usos lexicais toca em questões cadentes, principalmente, na prática de ensino de língua, materna ou estrangeira. No caso do ensino brasileiro de língua materna, verifica-se que o tratamento dado não consegue abarcar a riqueza semântica dos usos linguísticos, visto que há, predominantemente, no país, uma prática educacional que pouco evidencia as múltiplas possibilidades semânticas que envolvem o usuário e a língua (Cf. ROMERO,2009; FRANCHI,2002). Desse modo, tanto educador e educando, quanto o modelo de ensino devem ser reavaliados- isso justifica nosso estudo e instiga-nos a desbravar os meandros linguísticos, em específico no âmbito educacional.

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Observando esse panorama educacional, propõe-se uma atividade epilinguística, isto é, a de promover a oportunidade de reflexão constante acerca do funcionamento da língua e dos mecanismos da linguagem. Trata-se, assim, de uma atividade metalinguística que primeiro experimenta os possíveis usos de uma determinada unidade léxico-gramatical e suas possíveis significações para depois descrever suas regularidades, construindo, dessa maneira, o conhecimento sobre e pela linguagem. A partir dessa proposição, pretendemos realizar um trabalho de reflexão sobre a linguagem e seus processos de significação na língua portuguesa partindo de uma unidade linguística: o verbo “pegar”. Analisando, nesse verbo, em suas possíveis construções sintáticas, as várias acepções que lhe são conferidas. Observando, também, os termos com os quais esse elemento linguístico interage e, além disso, seus processos de formação de novas palavras, como: “pegação” e “pegada”. Para tanto, utilizaremos como corpus textos lexicográficos coletados numa sala do 1o ano do ensino médio de uma escola pública, em novembro de 2011. Como instrumental teórico a Teoria das Operações Enunciativas (TOE), de Antoine Culioli (1999), que propõe o estudo semântico da língua, compreendendo o sentido como o resultado das relações que as unidades léxico-gramaticais operam para compor os enunciados. Nota-se, por meio desse viés teórico, que o sentido da unidade linguística, no caso a do verbo em questão, deve ser buscado no próprio desenrolar do processo enunciativo - o que corrobora com a perspectiva epilinguística já proposta. Por conseguinte, por meio de nossas análises ainda em andamento, pudemos constatar que o uso do verbo pegar é muito produtivo e dinâmico, no sentido que este verbo contribuiu para a formação de neologismos na língua em uso, promovendo nesta uma nova categoria semântica para os enlaces amorosos. Esses resultados já mostram que a análise dos variados usos lexicais são de suma importância para o estudo da construção do sentido, principalmente no período escolar. Palavras-chaves: Atividade Epilinguística, Léxico, Teoria da Operações Enunciativas, Semântica, Verbo

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AS FIGURAS ENUNCIATIVAS DO AGENTE DE SAÚDE AMBIENTAL NA ENUNCIAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NA CIDADE DE CÁCERES

Autores SUELI MARTINS CARDOZO 1,1,1,1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Campus Universitário de Cáceres)

Resumo Este projeto de pesquisa tem por objetivo analisar a constituição das figuras enunciativas do Agente de Saúde Ambiental (ASA) na enunciação da saúde pública na cidade de Cáceres-MT. O <i>corpus</i> de nossa pesquisa consistirá de documentos oficiais referentes à categoria, entrevistas com servidores da FUNASA, (Fundação Nacional de Saúde), servidores municipais (ASA) e de munícipes na enunciação da visita desses profissionais nas residências, uma vez que nessas cenas enunciativas, o acesso à palavra pelas figuras se constitui de modo particular, pois percebemos durante as visitas que o morador estabelece diferenças no tratamento entre o servidor da FUNASA e o ASA. Nossa lente teórica é a Semântica do Acontecimento de Eduardo Guimarães (2002), por entendermos que a língua se relaciona com a história, com a cultura da sociedade que a produziu e isto fica evidente quando nos ocupamos em compreender a significação das palavras que chegam até nós carregadas de sentidos e de ideologia. Também, nesta reflexão não nos interessamos na concepção de língua como transparente, como um sistema fechado, mas em observar a língua em funcionamento, significando as coisas e os sujeitos. Para entender a constituição dessas figuras enunciativas é pertinente reportarmos ao século XIX, mais precisamente ao ano de 1808, marco da chegada da Família Real no Brasil, e início da saúde pública no Brasil que se deu por volta de 1810-1815, com a fundação do Colégio Médico-Cirúrgico no Rio de Janeiro e do Real Hospital Militar, em Salvador, Bahia. No ano de 1828 foi criada a Inspetoria de Saúde dos Portos a fim de prevenir as epidemias de varíola, febre amarela e cólera que assolavam a população. Uma Junta de Higiene Pública foi formada para vacinar toda a Corte contra o “mal das bexigas”, como era conhecida a varíola. As doenças tropicais se alastravam por todo o Império, e por volta de

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1850 a 1860, o Rio de Janeiro exportava a febre amarela. A saúde coletiva e o setor econômico se tornaram um caos, pois os navios estrangeiros se recusavam a atracar no porto do Rio de Janeiro. Visando combater a febre-amarela, o presidente do Brasil, Rodrigues Alves nomeou o sanitarista Oswaldo Cruz, para o cargo de Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública. Formou-se um grupo de 1500 homens para trabalhar na desinfecção da cidade e combater o mosquito transmissor da doença. Em fim, procuraremos investigar qual a imagem que a população atendida pelo ASA faz dele, bem como o início das atividades dos denominados “mata mosquitos”, origem do que conhecemos hoje como ASA. Trilhando esse caminho, compreendemos que a enunciação sobre o ASA, não é só um fato de linguagem, mas assunto relevante para uma pesquisa. Palavras-chaves: Semântica, Enunciação, Linguagem, Sentido, Saúde A JUSTIFICATIVA DO INJUSTIFICÁVEL: A escravidão negra no Brasil e seus argumentos linguísticos e retóricos

Autores Najara Neves de Oliveira e Silva 1,

Instituição 1 UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Estrada do Bem Querer, Km04, Vitória da Conquista, Ba. CEP45031-300)

Resumo Este artigo pretende discutir a escravidão negra no Brasil, no século XIX, a partir da perspectiva da Teoria da Argumentação na Língua de Oswald Ducrot (2009) contrastando a retórica com a Linguística, tendo em vista investigar como a escravidão foi justificada pela linguagem: Como se explicou o fato da escravidão do homem pelo homem, em período de paz, desde que até então a escravidão conhecida era, sobretudo, decorrente da guerra? Pretende-se articular pontos de vista. Será estudado o conto de Machado de Assis, “Pai contra mãe”, que, publicado em 1906, trata de uma história da escravidão, sendo, portanto uma obra literária ficcional, mas que retrata fatos que aconteciam no período estudado, considerando-se a farta documentação existente sobre o assunto a

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exemplo de Costa e Silva (2002).Machado de Assis narra a história de um modo que permite uma leitura, até certo ponto, fidedigna dos acontecimentos, o que possibilita uma análise da linguagem e argumentos utilizados pela sociedade da época. Desse modo, este trabalho objetiva investigar o seguinte problema: De que maneira, do ponto de vista retórico e linguístico, a sociedade brasileira do século XIX justificava a escravidão negra? Visa-se procurar através da teoria da argumentação na língua e teoria da retórica as características desses argumentos. Para tanto, será levantado o contexto histórico porque se entende o “acontecimento” escravidão negra no Brasil como consequência de condições históricas bem específicas. O foco serão as condições de possibilidade para o surgimento/manutenção da escravidão, construídas e estabelecidas por argumentos retórico-linguísticos que serviram de justificação para tal prática. Assim, Ducrot (2009), delimita o que seja argumentação retórica – “atividade verbal que visa fazer alguém crer em alguma coisa”, e argumentação linguística – (...) “segmentos de discurso constituídos pelo encadeamento de duas proposições A e C, ligadas implícita ou explicitamente por um conector do tipo donc (portanto), alors (então), par conséquent (consequentemente)”, chamados de normativos. Neste trabalho, por recorte metodológico, seguiremos os postulados de Ducrot (2009) no que se refere aos encadeamentos em portanto (donc), sem considerar os em no entanto (pourtant) (cf. DUCROT; CAREL, 2005), visto que o objetivo aqui é comparar a argumentação linguística com a argumentação retórica, conforme definido acima. Desse modo, analisa-se a argumentação retórica e a argumentação linguística e suas diferenças, em enunciados extraídos do texto de Machado de Assis. Os dados analisados corroboram o postulado de Ducrot (2009) sobre a relatividade da verdade, quando explica que para pesquisar a verdade absoluta, seria necessário que se fosse além da linguagem. Para ele é a linguagem, tem sua ordem própria, o que impede uma relação transparente com a realidade. Nesse sentido, observou-se que os discursos que explicaram a escravidão no Brasil no século XIX estavam inseridos em um contexto histórico que os justificavam e tais justificativas possuíam falhas que permitiam deslocamentos, o que foi aproveitado pelos abolicionistas, os quais utilizaram em seus discursos o ponto de

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vista da desigualdade dos direitos, ao contrário do ponto de vista central da diferença pela raça e pela cor. Assim, os dados apontam propedeuticamente em duas direções fundamentais: de um lado, revelam que, no Brasil, os argumentos justificadores, tanto do ponto de vista linguístico quanto retórico, embasaram-se sobretudo no modelo escravocrata moderno, imposto pelos europeus na América, o qual se fundamentou na ótica radical da diferença pela raça, o que vai implicar em uma diferença coletiva, diferindo-se, por exemplo, da escravidão justificada do ponto de vista aristotélico, que afirmava uma diferença de fato, todavia individual, singular, que estaria impressa no espírito daquele considerado “deficiente”. Por outro lado, os dados mostram que, complementarmente, os argumentos religiosos deram amparo à escravidão, embasando as justificativas dos escravocratas. Palavras-chaves: escravidão negra, linguagem, argumentação retórica, argumentação linguística, teoria da argumentação na língua OS SENTIDOS DICIONARIZADOS DE "SINDICATO"

Autores Wolber Sebastião Pereira 1,1, Neuza Zattar 1,1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Rua São João, Cavalhada, Cáceres, MT)

Resumo Procuramos analisar, neste texto, os sentidos da expressão sindicato, em dicionários de língua portuguesa. Selecionamos como corpus dessa pesquisa os seguintes dicionários: Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, de Antonio Geraldo da Cunha, de 1982; duas edições do Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, uma de 1975, 1ª edição, e doutra de 2009, 4ª edição; e o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, de 2001, 1ª edição. Trabalhar com o sentido de palavras e expressões é trabalhar com as relações de sentido destas palavras e expressões nos enunciados e textos em que funcionam. Procuramos não contar a história da palavra sindicato em dicionários, mas verificar como o real da palavra e das concepções que lhe são atribuídas pela sociedade na qual circulam, em diferentes épocas.. Fazermos essa abordagem, considerando

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dicionários publicados no período recortado para a pesquisa, que nos possibilita verificar que memória e que memoráveis recortam. Para as análises, vamos mobilizar conceitos da Semântica do Acontecimento, de Eduardo Guimarães (2002, 2005), como designação, determinação e predicação, Domínio Semântico de Determinação, bem como os procedimentos de análise semântica, como a reescrituração e a articulação. Pretendemos, assim, verificar o funcionamento das determinações e predicações da palavra sindicato e, assim, apresentar o Domínio Semântico de Determinação dessa palavra, verificando o quê essa palavra designa nos textos dos dicionários. O nosso interesse em trabalhar com dicionários se deve a que o real da expressão que tomamos como objeto de estudo, em nosso caso, sindicato, recorta os sentidos dicionarizados desta palavra como sentidos estabilizados e de unidade na língua. Mas, na posição que adotamos, a posição materialista, considera a relação da linguagem com o real como uma relação histórica e não transparente, e os sentidos das palavras se constituem na relação entre sua história de enunciações e seu funcionamento no acontecimento enunciativo. Palavras-chaves: Sindicato, Dicionário, Determinação, Designação A LEI RIO BRANCO DE 1875: UM ESPAÇO DE AMBIGUIDADES CONVENIENTES.

Autores Dilma Marta Santos 1

Instituição 1 UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Estrada do Bem Querer, km 4. Vitória da Conquista-Bahia. cep:45031.300)

Resumo No Brasil, o caminho percorrido até a abolição da escravatura foi marcado por eventos de fundamental importância para a concretização desse movimento e o aspirado processo de emancipação só ganhou força a partir da segunda metade do século XIX, quando algumas leis foram promulgadas a esse favor. A Lei Eusébio de Queiroz, de 1850, que se referia a proibição do tráfico negreiro, ainda não constituiu para os escravos negros um elemento de aspiração a liberdade, pois, com ela a manutenção da escravidão estava assegurada. Considera-se que um passo fundamental rumo

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ao processo de liberdade ocorreu em 1871, quando a Lei Rio Branco, mais conhecida como a Lei do Ventre livre, se propôs a tornar livres os filhos de escravas nascidos a partir daquela data. A Lei, no seu artigo 1°, parágrafos 1° e 2° estabelecia duas possibilidades para as crianças consideradas livres: ficariam sob o poder dos senhores de suas mães até a idade de oito anos completos e, a partir dessa idade, os senhores, ou as entregariam ao Estado mediante indenização de seiscentos mil réis ou se utilizariam de seus serviços até a idade de vinte e um anos. Em tese, enquanto texto jurídico, tal lei foi considerada como abolicionista, por uns; e como mantedora do status quo da sociedade escravocrata, por outros: foi uma Lei cujo texto, conforme Santos (2008), materializou linguisticamente, ao mesmo tempo, os dois discursos vigentes na época: o abolicionista e o escravagista. Tal ambiguidade jurídica da Lei já motivou importantes estudos como os de Grinberg (1994), Pena (2001) e Mendonça (2001). Não obstante as diversas e relevantes análises já empreendidas desse texto legal, levadas a efeito do ponto de vista jurídico e/ou histórico, é em busca de desvendar a efetividade dessa lei que, sob outro ponto de vista, este trabalho pretende analisar alguns desdobramentos de sentido existentes em enunciados de certos artigos e parágrafos. A finalidade, assim, é considerá-la sob o ponto de vista da Linguística, especificamente da Semântica, a exemplo do que fez Santos (2008), com vistas a demonstrar, principalmente, ambiguidades existentes em artigos e parágrafos , que proporcionaram dualidades argumentativas e culminaram numa possível falta de efetividade ao que se propunha em princípio, ou seja, tornar livres os filhos de escravas a partir daquela data. Pretende-se também demonstrar que através do texto da Lei foi possível, por assim dizer, camuflarem-se ambiguamente, escravocratas em abolicionistas fazendo permanecer praticamente intocados, por longo prazo, os interesses senhoriais. Para tanto, este trabalho pretende responder ao questionamento: “Por que a Lei Rio Branco, embora historicamente se qualifique como abolicionista, não se efetivou enquanto prática imediata no processo de construção da abolição?” Tal pergunta será respondida tendo como base a Teoria da Argumentação na Língua (TADL), na sua versão TBS (Teoria dos Blocos Semânticos), fase atual da TADL, conforme postulada por

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Ducrot e Carel (2005), especificamente no que diz respeito às noções de Argumentação Interna e Argumentação Externa. Tal Teoria defende a ideia de que é na língua que se instauram a significação e a argumentatividade e que palavras, expressões e enunciados trazem em si a natureza argumentativa, sem necessitar do extralinguístico para caracterizá-las. Palavras-chaves: Lei, Argumentação, Ambiguidade ÁREA TEMÁTICA 6- SOCIOLINGUÍSTICA E DIALETOLOGIA O SENTIDO DOS NOMES DAS RUAS DO CENTRO HISTÓRICO DE CÁCERES.

Autores Mirami Gonçalves Sá dos Reis (UNEMAT)

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Rua São João, Cavalhada, Cáceres, MT)

Resumo Este trabalho se propõe apresentar uma análise com “um novo olhar” sobre os sentidos produzidos pela enunciação que nomeia e renomeia os nomes das ruas do Centro Histórico de Cáceres/MT, por considerarmos relevante, não só por seu valor histórico ou por uma questão de cidadania, mas também conhecer como se dá a constituição desses nomes enunciativamente. Em outras palavras, os nomes não podem ser entendidos/interpretados apenas como uma classificação objetiva dos espaços urbanos, mas como uma forma de identificação de fatos histórico-sociais. Ou seja, para que os habitantes conheçam as relações históricas, culturais, políticas e ideológicas que determinaram as nomeações e as renomeações desses logradouros. Este estudo se fundamenta nos princípios da Semântica do Acontecimento desenvolvidos por Eduardo Guimarães (2005a, 2005b, 2006, 2007, 2009, 2010) e nos princípios teórico-metodológicos da Toponímia mobilizados dos princípios adotados pelo francês Albert Dauzat (1926) à realidade toponímica brasileira, pela professora Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick (1990), da Universidade de São Paulo. O corpus do trabalho constitui-se de um conjunto de vinte e cinco nomes de ruas do Centro Histórico de Cáceres que foram escolhidas por ser as primeiras ruas a receber nomes oficiais. As propriedades linguísticas dos nomes próprios das

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ruas do Centro Histórico de Cáceres são analisadas sob três aspectos: a) as estruturas morfossintáticas; b) o funcionamento semântico-enunciativo e c) a configuração da temporalidade do acontecimento. Em nossa análise, pudemos constatar que na constituição e na significação dos nomes das ruas do centro urbano de Cáceres, vários discursos se instalam tais como os discursos da origem, das instituições, do religioso, do político, etc., o que nos leva a afirmar que tanto a nomeação quanto a renomeação dessas vias não nasceram por acaso, elas foram construídas pelo acontecimento sócio-político-ideológico-administrativo. Seus nomes foram determinados por diferentes posições de sujeito, em diferentes situações históricas. A respeito do funcionamento dos nomes próprios de ruas, ou seja, da nomeação e renomeação, podemos dizer que a linguagem fala de algo, e que não podemos imaginar uma semântica linguística sem considerar que o que se diz é incontornavelmente construído na linguagem e na relação desta com a história. Fato comprovado no sentido dos nomes das ruas do Centro Histórico de Cáceres.

Palavras-chaves: Nomeação, Ruas de Cáceres/MT, Semântica do Acontecimento

A REALIZAÇÃO DOS DITONGOS /AY/, /EY/ E /OW/ NO ENSINO DO PORTUGUÊS EM CONTEXTOS FRONTEIRIÇOS.

Autores Márcio Palácios de Carvalho 1, Elza Sabino da Silva Bueno 1

Instituição 1 UEMS - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (dos Dentistas nº 500 – Arnaldo Est. de Figueiredo CEP 79043-250 Campo Grande/MS)

Resumo O presente trabalho tem como objetivo mostrar o uso real e contextualizado dos ditongos /ay/, /&#603;j/e /ow/ no português falado em regiões fronteiriças de Mato Grosso do Sul, e contrapor os resultados obtidos por meio do uso espontâneo da língua falada

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com a visão tradicionalista contida nos manuais didáticos. Com isso, pretendemos mostrar como o ensino não contempla a realidade linguística das localidades fronteiriças, o que interfere na aquisição de outras variedades linguisticamente prestigiadas. Para tanto, utilizamos a metodologia da Sociolinguística Variacionista, desenvolvida e aprimorada pelo Norte Americano Willian Labov, que leva em consideração o contexto social em que o falante está inserido e mostra que a linguagem se apresenta de forma heterogênea e diversificada. Os dados que apresentados nesse estudo são compostos por: a) vinte entrevistas realizadas nas cidades fronteiriças Ponta Porã e Corumbá, ambas localizadas em MS. A primeira faz fronteira seca com Pedro Juan Caballero - Paraguaio, e a Segunda está localizada há 10 quilômetros de Puerto Quijarro – Bolívia. b) dez definições encontradas nos manuais didáticos com regras de utilização dos ditongos /ay/, /ey/ e /ow. Os resultados apresentados tanto nas entrevistas como nas definições dos livros didáticos nos revelam a distância entre a veracidade dinâmica e flexível da língua falada com a realidade da língua consolidada e estandardizada nos livros didáticos. A respeito disso, Travaglia (2002) muito bem nos alerta que, o que fazemos em nossas aulas de Português afasta a língua da vida a que ela serve e se torna algo artificial e sem significado para o aluno, pois as gramáticas normativas registram uma realidade que não faz parte do contexto em que os alunos estão inseridos. Enfim, pretende-se com essa discussão, revelar algumas peculiaridades da região, para sensibilizar os professores no sentido de levarem em consideração alguns eventos da oralidade durante o ensino aprendizagem de língua materna, assim, acreditamos que o processo de ensino se tornará mais prazeroso e produtivo, já que seu ponto de partida será o meio em que o aluno está habituado. Para esse estudo, nos apoiamos em estudiosos das questões linguísticas voltadas para o ensino como: Castilho (2004), Bortoni-Ricardo (2005), Bueno (2009), Geraldi (1999), Lemle (1984), Monteiro (2000), entre outros.

Palavras-chaves: Português falado, Ensino de línguas, Região Fronteiriças

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VARIAÇÃO DA LATERAL PALATAL EM FALARES DO RN E DA PB: UM ESTUDO GEO-SOCIOLINGUÍSTICO

Autores Josenildo Barbosa Freire 1

Instituição 1 SEEC - RN - Secretaria Estadual de Educação (R. São José, Sn - Montanhas RN)

Resumo O objetivo deste trabalho é descrever o comportamento variável da lateral palatal em duas comunidades de fala: Jacaraú, localizada na microrregião do Litoral Norte do Estado da Paraíba; e Nova Cruz, localizada na região Agreste Potiguar do Estado do Rio Grande do Norte. Diversos estudos (ARAGÃO, 1996,1999, 2008; CASTRO 2006; OLIVEIRA & MOTA, 2007; CHAVES & MELO, 2009) têm revelado que o comportamento da lateral palatal na fala apresenta quatro variantes concorrendo entre si, respectivamente, [&#955;], [l], [j] e [Ø]. Com base no objetivo geral, iniciou-se o trabalho a partir dos seguintes objetivos específicos: a) analisar a variação da lateral palatal nessas comunidades; b) identificar os fatores que favorecem a sua variação; c) descrever a influência das variáveis sociais e estruturais que condicionam a variação; e d) estabelecer comparações, em nível regional e nacional, com outros estudos já realizados. Parti-se do pressuposto de que apesar de serem cidades vizinhas limítrofes, essas cidades possuiriam a fala diferenciada com relação ao uso do fonema lateral palatal. Acredita-se que o favorecimento de Nova Cruz (RN) em relação ao uso do segmento /&#955;/ em relação aos falantes de Jacaraú (PB) deva-se à posição privilegiada daquela cidade no cenário local referentes aos aspectos sociais, políticos e econômicos encontrados naquela comunidade de fala. Para a consecução de nossos objetivos, foram utilizados os pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação Linguística (LABOV, 1966; 1972) e da Dialetologia (2010). Assim, realizou-se o levantamento de um corpus de língua falada, através de amostragem aleatória, abrangendo vinte e quatro informantes, estratificados igualmente por sexo, idade (15 a 25 anos; 26 a 49 anos; mais de 49 anos) e escolarização (nenhum ano de

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escolarização; de 1 a 8 anos de escolarização; mais de 8 anos de escolarização), sendo doze informantes de cada comunidade pesquisada. Após a aplicação de uma ficha social, foi realizada uma entrevista de aproximadamente trinta minutos de duração com cada informante, gravada com um gravador digital modelo RR-US430. Em seguida, os dados foram codificados a partir de nove variáveis independentes (sexo, faixa etária, escolarização, contexto fonológico seguinte, contexto fonológico precedente, tonicidade, tipo de vocábulo, número de sílabas do vocábulo, localidade) e, posteriormente, submetidos ao programa estatístico GOLDVARB X (SANKOFF, TAGLIAMONTE & SMITH, 2005) que é utilizado em pesquisas variacionistas para produção dos índices matemáticos. Os primeiros resultados obtidos mostram que o fenômeno em análise está condicionado por restrições linguísticas e extralinguísticas, e ao mesmo tempo, apontam uma maior tendência de uso da variante [&#955;] para os informantes de Nova Cruz-RN em detrimento dos informantes jacarauenses.

Palavras-chaves: lateral palatal, restrições, variação

PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ESCOLA: É possivel?

Autores Lucia F.Mendonça Cyranka 1, Lívia Nascimento Arcanjo 1

Instituição 1 UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (Campus de Martelos)

Resumo A proposta de se trabalhar a variação linguística na escola, partindo do dialeto do aluno, seja ele representante de que ponto for do <i> contínuo de urbanização</i> (BORTONI-RICARDO, 2004), para levá-lo a desenvolver competências de uso na variedade culta do português brasileiro, é considerada hoje de relevância indiscutível. A grande questão reside, no entanto, em como operacionalizar essa proposta pedagógica, num contexto em que ainda vigora, com tanta força, a tradição escolar de ensino reprodutivo, em que o professor, assentado em práticas seculares, sustenta suas aulas na exposição da teoria gramatical. Uma pesquisa em escola pública de Juiz de Fora (MG), patrocinada pela FAPEMIG/UFJF teve como objetivo

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investigar a possibilidade de implementação dessa proposta, acompanhando, durante o primeiro semestre de 2011, uma professora da disciplina Língua Portuguesa de uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental. Desenvolveu-se uma pesquisa-ação, com presença em sala de aula, seguida de encontro semanal com a professora, para reflexão sobre as atividades didáticas realizadas a partir de planejamento discutido em equipe, da qual participavam bolsistas de iniciação científica, do curso de Letras da UFJF. Apesar da adesão da professora à proposta de se construir uma pedagogia da variação linguística (FARACO, 2008) em suas aulas, verificou-se a existência de entraves importantes de natureza tanto administrativa quanto funcional. Os primeiros impunham dificuldades insuperáveis, como estar presente em duas, e até três salas de aula, ao mesmo tempo, para suprir ausência de colegas faltosos. A questão funcional foi relativa à superação, pela professora, de suas dificuldades em lidar com essa a proposta, dentro de uma prática tradicional que, entre outras limitações, determina o uso do livro didático como guia absoluto. Interessante, e indispensável, um olhar sobre esse instrumento que, apesar de frequentemente limitado, pode constituir fonte de material pedagógico, mesmo que não preparado especialmente para discutir a Sociolinguística Educacional (BORTONI-RICARDO, 2004). De qualquer modo, os resultados apontam para a necessidade e a viabilidade de o professor compreender essa proposta não como uma simples teoria, mas como implementação de uma <b>atitude</b> científica, frente aos fenômenos da variação e da mudança, buscando construir, em seus alunos, <b>crenças</b> positivas sobre seu dialeto, de modo a motivá-los a ampliar sua competência no uso das modalidades falada e escrita da língua portuguesa. Ensinar a variedade culta, prestigiada, continua sendo, portanto, tarefa precípua da escola. Para isso, no entanto, ela não pode prescindir da pedagogia da variação linguística, instrumento que possibilita a discussão, em nível tanto teórico quanto prático de itens ligados à fonética/fonologia, ao léxico, à morfossintaxe e mesmo à pragmática. Pesquisas anteriores (CYRANKA, 2011) já demonstraram ser isso possível. Palavras-chaves: Língua materna na escola, Pedagogia da variação linguística, Os dialetos populares na escola

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“FRONTEIRAS” ENTRE A FALA E A ESCRITA: Um estudo do léxico à luz da teoria da concepção e do meio

Autores PEDRO DA SILVA DE MELO 1

Instituição 1 USP - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 - 05508-900 - Cid. Universitária - São Paulo)

Resumo Neste trabalhamos pretendemos abordar alguns critérios teóricos, à luz da Sociolinguística, da Pragmática e da Análise da Conversação, para tratar do léxico oral em contraste com o léxico culto. Pretendemos analisar a seguinte pergunta de pesquisa: É possível determinar com exatidão as “fronteiras” entre o oral e o escrito? Embora fala e escrita se manifestem em meios específicos, compreende-se que fala e escrita não sejam dicotômicas, mas polos de um <i>continuum</i> de variedades. Desse modo, o oral e o escrito frequentemente se entrecruzam e textos orais apresentam características da língua escrita e textos escritos apresentam características da língua falada. Quando se trata de analisar marcas de oralidade em um texto escrito, há marcas fonológicas ou morfossintáticas mais evidentes, constituídas de fenômenos sistemáticos que distinguem com maior clareza a língua falada da língua escrita, de modo que determinados usos linguísticos são claramente marcados como pertencentes a uma modalidade ou outra. Quando se trata de léxico, entretanto, tais distinções são tênues e fluidas e, em muitos casos, um cientista da linguagem faz as distinções empiricamente ou contando com sua intuição de falante. Apesar das dificuldades que o estudo do léxico impõe, temos por hipótese que alguns critérios básicos podem ser explorados: a relação entre significante e significado, uso e situação de produção. Propomos, com base em Preti (2003), Urbano (2000 e 2011) e Oesterreicher e Koch (apud Urbano, 2006), um esquema em que virtualmente pode ser enquadrado o léxico: vulgar, popular, intermediário, culto e precioso. Com esse esquema, porém, não preconizamos que o léxico possa ser “enquadrado” em um modelo classificatório rígido, mas propomos um mecanismo que permita analisar o léxico como <i>conceptualmente</i> mais falado ou mais

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escrito. Como corpus desta pesquisa, utilizamos o livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), cujo léxico (ora na voz do narrador, ora na voz dos personagens) oscila entre a modalidade oral (entendida aqui como quase-sinônimo de língua falada popular) e culta (escrita, de tradição literária) da língua. Nossa metodologia envolveu a leitura da obra e o levantamento do léxico oral (conceptualmente falado) em contraste com o léxico culto (conceptualmente escrito), cujo significado é compreendido pelo contexto ou pelo auxílio de um dicionário. Palavras-chaves: Análise da Conversação, Fala e escrita, Léxico, Sociolinguística, Quarto de despejo DUAS PRÁTICAS ESSENCIAIS NO ENSINO DE LINGUAGEM NAS CLASSES DE EJA: A reescrita como ferramenta nas práticas de oralidade

Autores MARIÂNGELA MAIA DE OLIVEIRA 1

Instituição 1 UFJF - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (Rua José Lourenço Kelmer, s/n - Campus Universitário)

Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar uma experiência de trabalho com a reescrita e a oralidade nas aulas de Língua Portuguesa. Segundo Dionísio (2005) e os PCNs (1998), entre outros, deve-se privilegiar o texto como unidade básica do ensino. Para tanto, tomamos como pressuposto a concepção de linguagem como interação (TRAVAGLLIA, 2000). Partindo da noção de uma pedagogia culturalmente sensível (BORTONI-RICARDO, 2005), adotamos como base o fato de que, no trabalho em sala de aula, a linguagem do aluno deve ser considerada, ainda que não siga o modelo entendido como “padrão” ou de “prestígio” pela sociedade. Desse modo, ele deve sentir-se livre para falar e se expressar, independente do código usado – variedade padrão ou não-padrão. Assim sendo, sem proibições ou recriminações, é necessário conscientizá-lo quanto às diferenças para que ele possa começar a monitorar sua linguagem. Visando um trabalho que viesse a comprovar as ideias em questão, adotamos, como metodologia, o

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desenvolvimento de uma sequência didática com textos de opinião (textos simples e curtos, através dos quais os alunos deveriam argumentar sobre o tema eleições e as propostas dos candidatos à eleição presidencial do ano de 2010), numa turma de 8º ano do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio de Aplicação João XXIII, da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais. Propusemos a produção de textos de opinião e, em seguida, após a verificação do professor, a sua reescrita, abarcando não só as questões relativas à linguagem, mas também às características do gênero textual trabalhado. Após essa reflexão, elaboramos um debate regrado sobre o tema dos textos produzidos pelos alunos, com a finalidade de observar sua fluência nas práticas de oralidade. Tal oportunidade permitiu-nos concluir como o trabalho anterior com a reescrita auxiliou no excelente desempenho dos alunos durante a exposição oral, possibilitando o desenvolvimento da sua competência comunicativa e de sua consciência crítica sobre as diferenças linguísticas. Palavras-chaves: Linguagem, Oralidade, Reescrita APONTAMENTOS PALEOGRÁFICOS SOBRE "BREUE MEMORIAL DOS PECADOS & COUSAS QUE PEERTENCEM HÁ CONFISSAM", DE GARCIA DE RESENDE - 1521

Autores Elias Alves de Andrade 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernanado Correa da Costa, 2367)

Resumo Esta comunicação tem por objetivo realizar um estudo filológico do códice “Breue memorial dos pecados & cousas que pertencem há confissam, ordenado por Garcia de Resende, fidalguo da casa del rei nosso senhor”, impresso em Lisboa – Portugal, em 25 de fevereiro de 1521. Para isso, serão realizadas as edições fac-similar e semidiplomática do documento citado, entendendo-se pela primeira como a fotografia do texto, sem qualquer grau de interferência do editor, ale, naturalmente, da possibilidade de alteração do tamanho da cópia e da cor das letras; pela segunda compreende-se um grau baixo de intervenção do editor, por isso

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mesmo ser uma edição mais conservadora, apenas com o desdobramento das abreviaturas, mantendo-se todas as demais características do texto, como letras maiúsculas e minúsculas, acentuação, pontuação, grafia etc. (Spina, 1977 e Cambraia, 2005). Estas duas edições, dispostas de forma justalinear para facilitar o seu cotejo, são direcionadas a um público mais restrito, composto por especialistas da área de Filologia ou Crítica textual, ou de áreas afins, já que, por uma lado, a fac-similar permite o acesso direto à fonte, e a semidiplomática por ter sofrido pequenas alterações, preserva características que possibilitam o estudo de aspectos das funções da Filologia – principalmente a substantiva, que se fixa apenas no texto, além de características linguísticas nas áreas de sintaxe, fonologia e fonética, morfologia, morfo-sintaxe e semântica. Neste trabalho, que é uma versão preliminar de um artigo que será submetido a avaliação para publicação na Revista de história da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, serão estudados os aspectos paleográficos de parte do códice citado, o primeiro fólio sem numeração e o segundo identificado com “biij”, quanto aos tipos de letra, acentuação, pontuação e abreviaturas, dentre outras, que caracterizam a escrita da época em que foi produzido, fase de transição entre os períodos arcaico e moderno da Língua portuguesa. Palavras-chave: Filologia, Edições, Paleografia. Palavras-chaves: Edição, Filologia, Paleografia SAÚDE NA CAPITANIA DE MATO GROSSO, UM OLHAR ATRAVÉS DE CARTAS DO SÉCULO XIX. EDIÇÃO SEMIDIPLOMÁTICA E ASPECTOS ORTOGRÁFICOS

Autores Grasiela Veloso dos Santos 1, Elias Alves de Andrade 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (AV. FERNANDO CORREA DA COSTA, BAIRRO BOA ESPERANÇA)

Resumo No presente trabalho é apresentado um estudo filológico através das edições fac-similar e semidiplomática de duas cartas do século XIX, escritas por vereadores da capitania de Mato Grosso aos governadores da época, ambas em Vila Bela da Santíssima Trindade.

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A primeira carta, denominada de Ms1, escrita em janeiro de 1805 é direcionada ao governador de Mato Grosso Manoel Carlos de Abreu e Menezes, na qual solicitam aprovação e autorização do Governo para que Antônio de Souza, furriel da Companhia de Dragões, pudesse curar o povo na qualidade de cirurgião. A carta denominada de Ms2, lavrada em 24 de dezembro de 1808, é remetida ao governador João Carlos Augusto D’ Oeynhausen e Gravemberg versando sobre uma epidemia catarral e outras moléstias que assolavam a Vila e Arraiais. Ambas as cartas estão hoje aos cuidados do Arquivo Público de Mato Grosso – APMT, em Cuiabá. Procurou-se neste trabalho mostrar a edição fac-similar para facilitar o a edição semidiplomática apoiando-se em alguns teóricos como Spina (1977) e Cambraia (2005). Outra questão bastante visível em documentos desta época são os aspectos ortográficos, desse modo, procurou-se também fazer um levantamento das ocorrências divergentes da escrita atual. Um último item analisado volta-se para o conteúdo destas cartas que remetem a atividades de cura da época e situação da saúde da população, trata-se aqui da função transcendente da filologia aplicada ao contexto sócio-histórico de Mato Grosso, com o intuito de esclarecer o mundo vivido pelo escriba e ao que ele representa nas suas palavras. Nesta função segundo Spina (1977, p.77) “o texto deixa de ser um fim em si mesmo da tarefa filológica para se transformar num instrumento que permite ao filólogo reconstituir a vida espiritual de um povo ou de uma comunidade em determinada época”. Dessa forma, é uma possibilidade de mostrar ao leitor o resultado de um estudo, pois o caráter individual do texto praticamente desaparece. Cabe ainda salientar, a importância da preservação documental dos documentos manuscritos do Estado para manter viva a memória cultural deste povo, bem como compreender e cooperar para estudos posteriores relacionados ao desenvolvimento e a formação da nossa língua portuguesa. Palavras-chaves: Filologia , Edições, Função Transcendente

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ESTUDO FILOLÓGICO DE MANUSCRITO SETECENTISTA DOS VEREADORES DA CÂMARA DE CUIABÁ

Autores Kenia Maria Correa da Silva 1, Elias Alves de Andrade 1,1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Avenida Fernando Correa da Costa, Coxipó)

Resumo Desde a Antiguidade, o homem preocupa-se em conservar os escritos antigos, devido a sua relevância cultural, lingüística e histórica e por representá-lo ideologicamente. Assim, o presente trabalho tem por finalidade, investigar sob a perspectiva filológica, uma carta manuscrita de 2 de junho de 1764, pertencente ao Arquivo Público do Estado de Mato Grosso – APMT, enviada pelos vereadores da Câmara de Cuiabá ao Conde de Azambuja, Governador Capitão-general da Capitania de Mato Grosso, Dom Antonio Rolim de Moura, relatando atritos que ocorriam entre os mesmos e os oficiais da Intendência e solicitando aprovação para continuar seguindo as Leis Reais. Segundo Spina (1977, p. 75) “*...+ a Filologia concentra-se no texto, para explicá-lo, restituí-lo à sua genuinidade e prepará-lo para ser publicado *...+”. Dessa forma, serão feitas as edições fac-similar e a semidiplomática. A primeira equivale a um grau próximo de zero de intervenção do editor e a segunda apresenta um grau médio de intervenção do crítico, onde apenas desdobram-se as abreviaturas e fazem-se conjecturas. A partir das mesmas, com base nas ciências auxiliares à Filologia, como a Paleografia, a Codicologia e a História, buscar-se-á descrever e analisar os aspectos presentes no documento, que refletem o cenário político, sócio-histórico, dentre outros, da sociedade da época. Do mesmo modo, busca contribuir, para o resgate, a recuperação e a transmissão do patrimônio cultural escrito de um povo, uma língua, uma determinada cultura, neste caso especificamente Mato Grosso e Cuiabá. Este trabalho se insere na linha de pesquisa “Práticas textuais e discursivas: múltiplas abordagens” do Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem – Mestrado do Instituto de Linguagens da Universidade Federal de Mato Grosso –, em desenvolvimento, atividade vinculada como parte dos projetos de pesquisa: "Estudo do português em

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manuscritos produzidos em Mato Grosso a partir do século XVIII” – MeEL/IL/UFMT e “Para a História do Português Brasileiro – PHPB. Palavras-chaves: Filologia, Edições, Paleografia, Codicologia RELAÇÃO ENTRE CRISE NO ENSINO E CONCEPÇÃO DE LÍNGUA

Autores Quezia Maria Reis de Oliveira Barbosa 2

Instituição 2 UFAM - Universidade federal do Amazonas (Av. General Rodrigo Otávio, 3000 - Coroado)

Resumo Este trabalho objetiva apresentar discussões a respeito da crise no ensino da língua no Brasil, analisando o IDEB – Índice de Educação Básica, observações e pontos-de-vista de educadores, linguistas, membros da sociedade, especialistas ou leigos no assunto, sob a ótica da sociolingüística. Destaca os atuais resultados da avaliação sistêmica propondo uma possível relação entre eles e as concepções de língua, gramática e ensino adotadas pela escola. A avaliação sistêmica, recente modalidade de avaliação, em larga escala, desenvolvida no âmbito dos sistemas de ensino tem entre seus objetivos prover informações quanto à proficiência em língua portuguesa e matemática no nível da educação básica. Desde sua criação até suas ultimas aplicações, esse instrumento tem apontado falhas no sistema escolar brasileiro, especialmente, quanto ao ensino da língua. Na tentativa de entender e explicar os fatores responsáveis pelos baixos resultados que as escolas brasileiras tem obtido nessas avaliações, este trabalho inicialmente faz uma exposição quanto a essa modalidade de avaliação, sua implantação e resultados. Em seguida, apresenta considerações dos PCNs _ Parâmetros Curriculares Nacionais_ sobre a questão. Também expõe pontos de vista e observação de educadores sobre a crise no ensino. Justifica a abordagem sociolinguísta no estudo da língua e apresenta um pouco da polêmica que ficou conhecida no Brasil como a “polêmica do livro didático”, incidente que deixa transparecer as concepções de língua e seu ensino na sociedade e consequentemente no sistema educacional brasileiro. Segundo os PCNs (1998), na década de 60 e início da de 70, as propostas de reformulação do ensino de Língua Portuguesa indicavam

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fundamentalmente mudanças no modo de ensinar, pouco considerando os conteúdos de ensino”. As propostas de mudanças restringiam aos setores médios da sociedade, sem se dar conta das consequências profundas que a incorporação dos filhos das camadas pobres implicava. O ensino da língua orientado pela perspectiva gramatical adequava-se ao tempo em que a escola era frequentada basicamente pelas camadas privilegiadas da população que falava a variedade linguística bastante próxima da chamada variedade padrão e que traziam representações de mundo e de língua semelhantes às que eram oferecidas pelos livros e textos didáticos. No entanto os problemas no ensino da língua são bem anteriores à introdução das camadas pobres da sociedade no sistema escolar do país como testemunhado por Herbert Parentes forte em sua reflexão sobre “O ensino da língua e a crise didática na expressão e comunicação”. Esse e outros fatos nos levam a considerar que a raiz do problema no ensino esteja na concepção de língua que a sociedade ainda mantém. Palavras-chaves: Avaliação Sistêmica, Conceito de Língua, Crise, Ensino, Sociolinguística INFLUÊNCIA LINGUÍSTICA E SITUAÇÃO DE CONTATO ENTRE O PORTUGUÊS E O KAIOWÁ (GUARANI).

Autores Valéria Faria Cardoso 1

Instituição 1 Unemat - Universidade do Estado de Mato Grosso (Campus de Alto Araguaia)

Resumo A maioria da população de países latino-americanos, em linhas gerais, é monolíngue em português ou espanhol. Todavia, há mais de 500 anos, desde que se deu o início da colonização das Américas, as línguas ameríndias (nativas) coexistem espacialmente com as tais línguas europeias, configurando, assim, uma situação de contato de línguas. Atualmente não se pode asseverar sobre o grau de contato entre o português e a grande maioria das línguas indígenas brasileiras, tendo em vista que ainda são quase inexistentes os estudos que se ocupam desse tipo de situação de contato linguístico. Tal fato levou-nos a tratar de uma das situações de

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contato vivenciadas ainda hoje no Brasil, no caso, o contato entre o português e o kaiowá (guarani), línguas que coexistem na região Centro-Oeste brasileira, mas especificamente, no Estado de Mato Grosso do Sul. O presente trabalho visa apresentar informações iniciais a cerca do projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido neste Estado (com o apoio do CNPq e da FAPEMAT) e que tem por finalidade contribuir com a descrição de um repertório bilíngue e multilíngue presentes nas comunidades indígenas guarani do Centro-Oeste brasileiro, especificamente, nas regiões fronteiriças com o Paraguai, no qual, procuramos analisar situações de influência linguística decorrentes dos processos de empréstimo e dos processos e recursos neológicos. Em específico, objetivamos tratar das situações de influência linguística decorrentes do processo de empréstimo que, em geral, resultam em interferência fonética sujeita a adaptação e a acomodação, e em alterações no padrão morfológico e sintático na língua receptora. Ponderamos que o grau de influência linguística é resultante da situação de contato íntimo estabelecido entre o guarani (língua receptora/local) e o português (língua fonte/estrangeira), tendo em vista a situação de bilinguismo social presente nas comunidades indígenas kaiowá, que atualmente difundem mais o bilinguismo do que o monolinguismo na maioria das situações da fala. Palavras-chaves: contato de línguas, empréstimo, línguas indígenas, variação EM CENA, UMA MULHER NA VILA REAL DO BOM SENHOR JESUS DE CUIABÁ

Autores Camila Lemos de Almeida 1, Elias Alves de Andrade 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (AVENIDA FERNANDO CORREA, COXIPÓ)

Resumo No século XVIII, a tradição escrita feminina é muito escassa, principalmente no tocante aos documentos manuscritos não literários. O Iluminismo ou século das luzes permitiu, dentre outras frentes, a presença da mulher em cenas públicas e literárias, com algumas ressalvas. Com a ascensão da burguesia, nova sociedade,

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“novos tempos”, a rigidez das normas e costumes começa a ser abalada, a mulher, mesmo que lentamente, beneficiou-se com a educação e os novos horizontes. O presente trabalho tem por objetivo o estudo filológico de uma carta manuscrita produzida por uma mulher em Cuiabá, Lucrecia de Morais Siqueira, viúva, datada de 29 de março de 1789, enviada ao Governador Capitão-general da Capitania de Mato Grosso e Vila Real do Bom Senhor Jesus de Cuiabá, Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, informando sobre sua condição financeira e solicitando a liberdade da prisão de seu sobrinho, o Padre Francisco Xavier dos Guimarães Brito e Costa. Para tanto, o documento selecionado é pertencente ao acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT e foram feitas as edições fac-similar e semidiplomática para possibilitar a leitura do texto para o trabalho paleográfico e de alguns aspectos históricos, sociais e culturais em que o manuscrito foi produzido. Assim, este trabalho tem como propósito explorar conjuntamente, os mais variados aspectos do texto contribuindo de tal maneira com o resgate, a recuperação e a transmissão do patrimônio cultural escrito de um povo, uma língua, uma determinada cultura. Tendo como suporte teórico deste estudo Spina (1977), Andrade (2007), Cambraia (2005), Holanda (1989), Santiago-Almeida (2000), Siqueira (1990), dentre outros. Esta é uma atividade desenvolvida como parte do projeto de pesquisa "Estudo do português em manuscritos produzidos em Mato Grosso a partir do século XVIII", do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem, do Instituto de Linguagens, da Universidade Federal de Mato Grosso-MeEL/IL/UFMT. Palavras-chaves: Filologia, Paleografia, Codicologia, História Social NOTAS PALEOGRÁFICAS E ORTOGRÁFICAS EM MANUSCRITOS DOS SÉCULOS XVIII E XIX ENCONTRADOS EM MATO GROSSO

Autores Ana Maria Alves Rodrigues de Paula 1, Elias Alves de Andrade 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Correia,2363 Boa Esperança Cuiabá MT)

Resumo

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Resumo: Esta comunicação é resultado da dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem– MEeL/UFMT, do qual se destacam notas paleográficas e ortográficas, verificadas em documentos manuscritos, datados dos séculos XVIII e XIX, pertencentes ao Arquivo Público de Mato Grosso. Estes documentos foram editados de duas formas: em edição fac-similar, que é a fotografia do manuscrito, e a edição semidiplomática, de acordo com princípios da Filologia, principalmente em Spina (1977), Cambraia (2005), Spaggiari e Perugi (2004), dentre outros, com o objetivo de compreender a língua utilizada em Mato Grosso, no período histórico a que pertencem os documentos analisados, além da análise da ortografia, contribuindo para a caracterização do que nos últimos anos tem sido chamado português brasileiro. Serão apresentados, além da introdução com pressupostos teóricos que embasam o trabalho, contexto histórico-social dos documentos, que pertencem ao final do século XVIII até o final da primeira metade do XIX, compreendendo o período colonial e o imperial da história do Brasil e, consequentemente, de Mato Grosso, analisando aspectos da escravidão em Mato Grosso, presente nos fólios estudados; a análise paleográfica, verifica os tipos de letras utilizados nos manuscritos, os sinais braquigráficos (abreviaturas), os sinais estigmológicos (pontuação) e os os sinais diacríticos (acentuação); as notas de ortografia presentes levantam a ortografia presente no corpus, de acordo com Coutinho (1974), que propõe três períodos de história da ortografia da língua portuguesa, quais sejam, o fonético, em que “se escrevia para o ouvido”, o pseudoetimológico, que buscava na etimologia a escrita correta das palavras, e o simplificado, utilizado após Gonçalves Viana publicar sua Ortografia Nacional, em 1904; considerações finais e referências bibliográficas. Este trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa “Estudo do português em manuscritos produzidos em Mato Grosso a partir do século XVIII”, MeEL/IL/UFMT, e ao projeto temático: Para a História do Português Brasileiro – PHPB. Palavras-chaves: Filologia, Manuscrito, Edição, paleografia, História social

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MANUSCRITO DO SÉCULO XVIII: ESTUDO PALEOGRÁFICO E CODICOLÓGICO

Autores Marisa Soares de Lima 1, Elias Alves de Andrade 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (Avenida Fernando Correa da Costa, Coxipó)

Resumo Este trabalho tem por objetivo o estudo filológico de um documento manuscrito do século XVIII, datado de 1784, pertencente ao acervo do Arquivo Público do Estado de Mato Grosso – APMT, a partir da edição fac-similar, acompanhada de transcrição semidiplomática, que fazem parte de pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Mestrado em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso, do Instituto de Linguagens – MeEL/IL/UFMT. Cambraia (CAMBRAIA, 2005, p.23) entende a paleografia como estudo das escritas antigas e afirma que, modernamente, ela tem finalidade tanto teórica quanto pragmática. Teórica porque se preocupa em entender como se constitui sócio-historicamente o sistema de escrita. Pragmática porque visa capacitar os leitores modernos a avaliarem a autenticidade de um documento com base na sua escrita, além de interpretar de maneira adequada as escritas antigas. A Paleografia auxilia-nos a compreender os diversos caracteres que as escritas de diferentes épocas podem apresentar, bem como na fiel transcrição do documento impedindo que possíveis mudanças aconteçam e se perca a ideia do original. Vale ressaltar que, para Cambraia (2005), a transcrição paleográfica apresenta um grau médio de mediação do editor no texto, pois se realizam nele poucas modificações, visando torna-lo mais acessível por um público que não seria capaz de decodificar certas características originais, tais como os sinais abreviativos. Neste tipo, apenas se reproduz a imagem de um testemunho através de meios mecânicos, como fotografia, escanerização, etc. Spina (1977) define a função substantiva da filologia como a explicação do texto, ou seja, a sua restituição à forma original através dos princípios da crítica textual e a sua organização material e formal com vistas à publicação. Este trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa “Estudo do português em

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manuscritos produzidos em Mato Grosso a partir do século XVIII” – MeEL/IL/UFMT e ao projeto temático “Para a História do Português Brasileiro – PHPB”. Palavras-chaves: Filologia, Manuscrito, Edição, Paleografia POLÍTICA E PLANIFICAÇÃO LINGUÍSTICA EM SITUAÇÃO DE CONTATO PORTUGUÊS-TIKUNA: REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO BILÍNGUE E A GESTÃO DE IDENTIDADE(S)ETNOLINGUÍSTICA(S)

Autores Edson Santos 1,2

Instituição 1 UFF - Universidade Federal Fluminense (Rua Professor Marcos Waldemar de Freitas Reis, s/nº Campus do Gragoatá Bloco C s), 2 CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Setor Bancário Norte, Quadra 2, Bloco L, Lote 06, CEP 70040-020 - Brasília, DF C)

Resumo No âmbito de investigação sobre língua(gem) e identidade, como no estudo em questão, emergem inúmeras questões de extrema relevância para discussão no espaço escolar, acadêmico, político e na sociedade em geral. As ações de política e planificação linguística diligenciadas pelo Estado e demais instituições de representação civil não-governamentais, mobilizadas em torno da construção de ditas políticas públicas educacionais, constituem-se na atualidade como um dos temas para o qual se deve atentar, lançando sobre o mesmo um olhar crítico, embasado em conhecimentos e fazeres que confluam, de fato, para a promoção de um verdadeiro ideal de cidadania linguística. O dinamismo das relações entre diversos povos e culturas, resultante do fenômeno da globalização, muito tem contribuído para aumentar e legitimar um alto grau de intervenção humana sobre a(s) língua(s), em uma perspectiva política que envolve, certamente, as esferas do poder público. Este caráter eminentemente político que envolve as ações de intervenção sobre usos e domínios linguísticos, demanda a atribuição de um sentido maior às ações de cientistas da linguagem, não as restringindo apenas ao meio acadêmico-científico, ao contrário, expandindo seu alcance aos níveis político-econômico e

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sociocultural. O desmembramento das reflexões aqui engendradas, sobre os usos funcionais linguísticos em diversos ambientes comunicativos por indígenas (no mínimo) bilíngues da região do Alto Rio Solimões - Amazonas, com enfoque para o contato português-tikuna, desvela a dinâmica do processo de construção identitária, cujo caráter fluido permite que isso ocorra a todo momento. Isso fica patente ao observarmos que os sujeitos partícipes do estudo em pauta, em sua maioria, aquiescem ao desejo de aprender novas línguas, reforçam, no entanto, que a sua língua materna será merecedora de especial atenção. O apega às marcas étnicas, como a língua, é uma forma de construir identidade(s) indígenas fragmentadas. A(s) relação(ões) afetiva(s) do(s) falante(s) para com sua(s) língua(s) é(são) relevante(s) para entendermos certas questões ligadas a nuances identitárias, aqui tematizadas. Para tanto, deve-se partir da premissa de que as configurações sociolinguísticas (peculiarmente heterogêneas), que se estabelecem tanto no interior dos grupos étnicos, quanto entre esses grupos e os demais segmentos regionais ou nacionais, projetam-se como constituintes de relações em nível macro, sejam elas socioeconômicas, políticas ou culturais. Por esse motivo, a educação bilíngue na região ganha destaque como propulsora e meio de ascensão social e acesso à cidadania. No contexto investigado, atribui-se à língua portuguesa, como ‘língua nacional’, ou ‘oficial’, por exemplo, um valor inimaginável, referente à conquista de direitos e movimentos no sentido da manutenção de hábitos culturais. Ao mesmo tempo que um “afastamento linguístico” é desejado, uma aproximação é necessária, para que a inclusão social possa ser levada à cabo, através da língua. Com isso, reforça-se a discussão sobre o papel dos linguistas no século XXI, diante dos desafios que as sociedades bi/multilíngues e multiculturais lhes impõem enquanto pesquisadores. Palavras-chaves: política e planificação iguística, línguas em contato, educação bilíngue, identidade

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AMEAÇAS E ATAQUES DE ÍNDIOS BORORO ÀS FAZENDAS REAIS CAIÇARA E CAETÉ: Estudo de um manuscrito de Cáceres

Autores José Maria de Sousa 2,2, Elias Alves de Andrade 2,2

Instituição 2 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa/ Coxipó)

Resumo Este trabalho tem por objetivo apresentar, sob a ótica da filologia, o estudo de um manuscrito do século XVIII, pertence ao Arquivo Público de Mato Grosso-APMT, escrito no destacamento do Registro do Jaurú, distrito de Vila Maria do Paraguay, atualmente Cáceres, em 25 de agosto de 1798, que versa sobre as ameaças e ataques de índios bororo às fazendas reais Caiçara e Caeté, no período da Capitania de Mato Grosso. O documento foi submetido às edições fac-similar e semidiplomática, evidenciando a importância da edição de textos e análise paleográfica para melhor auxiliar em sua compreensão e das informações que ele venha suscitar, nas diferentes relações que estão estabelecidas entre a história social, econômica, cultural e a vida espiritual de uma determinada época em Vila Maria do Paraguay, cuja posição privilegiada geograficamente servia ao trânsito, manutenção e ocupação das terras pelos portugueses frente aos espanhóis, junto à fronteira do extremo oeste da Capitania de Mato Grosso. Nesse trabalho, o estudo filológico se concentra nas funções substantiva e transcendente da filologia, que, através da última, se permite explorar o manuscrito em suas diferentes relações, de acordo com os fatos nele relatados, que se procura aqui explorar. Nesta função transcendente “*...+ o texto deixa de ser um fim em si mesmo da tarefa filológica, para [...] reconstituir a vida espiritual de um povo ou de uma comunidade em determinada época.” (SPINA, 1977, p. 77). O documento analisado é parte integrante do corpus que compõe a dissertação de mestrado na linha de Práticas Textuais e Discursivas: múltiplas abordagens, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT; vinculado ao projeto de pesquisa: “Estudo do português em manuscritos produzidos em Mato Grosso a partir do século

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XVIII” e ao projeto temático “Para a História do Português Brasileiro – PHPB. Palavras-chaves: Filologia, edição, manuscrito, fazendas reais, vila Maria do Paraguay O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA NO BRASIL

Autores Gabriela Barreto de Oliveira 1

Instituição 1 UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (CAMPUS DO GRAGOATA - SÃO DOMINGOS - NITERÓI - RJ - CEP 24210-200)

Resumo Este trabalho tem como objetivo levantar questionamentos acerca do ensino da língua materna, particularmente, do ensino da matéria Língua Portuguesa, pois no Brasil, onde vige uma norma-padrão com raízes fincadas no português europeu, a evolução da fala pode ser, em determinados momentos, indevidamente, encarada como desvio, como erro. É, a nosso ver, fundamental que o professor de Língua Portuguesa em nosso país tenha consciência de que a norma-padrão – que ele deve ensinar – é uma variante do português, como tantas outras que há. Sob esta óptica, não deve o professor discriminar o falar do aluno. É importante que a Escola conheça as variantes linguísticas da comunidade na qual ela se insere e atue de modo a respeitar e a valorizar o conhecimento linguístico prévio de cada estudante, pois se este perceber que o seu modo de falar é valorizado e respeitado sentir-se-á estimulado a aprender. Sendo assim, deve ser ensinada a variedade-padrão, mas sem que se despreze a bagagem cultural que o aluno já traz ao entrar na escola, tendo-se o cuidado de não se dizer que o que ele sabe está errado: “Ele fala errado, escreve errado” são dizeres inadequados a um professor, pois encerram uma incoerência, uma vez que as outras variantes costumam ser tão apropriadas para a comunicação quanto à norma-padrão, mesmo que não obedeçam às regras gramaticais desta última. Quando os educadores se conscientizam de que o educando já carrega uma experiência de

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vida, às vezes rica, anterior à fase escolar, de que ele não é uma folha em branco, um intelecto vazio aguardando depósitos de sabedoria, mas um ser que se comunica eficientemente e que busca através da escolarização a conquista do código que o capacitará a alcançar uma posição social digna, aí, sim, pensamos, a Escola está apta a bem cumprir sua finalidade. Entendemos que também é encargo do professor empenhar-se no combate à visão carente de fundamentos lógicos difundida no seio da população de que a variante culta é a única boa possibilidade de expressão, o dialeto social ideal, merecendo as demais variantes, as populares, ser relegadas a um plano inferior e tachadas de inadequadas e defeituosas para a comunicação oral ou escrita. Reiterando: a norma-padrão deve realmente ser ensinada, mas a expressão veiculada em uma das variantes de menos prestígio não pode ser considerada inferior, do ponto de vista linguístico. Entre profissionais do ensino, principalmente da área de português, um conhecimento mínimo de sociolinguística é indispensável, a fim de possibilitar uma visualização isenta do panorama dialetal brasileiro. Frases que já fazem parte do senso comum, do tipo “o português é a língua mais difícil do mundo” e “no Brasil ninguém domina a língua materna”, não podem encontrar guarida na Escola ou entre professores, pois, à luz da linguística, tais afirmações não se sustentam. Sendo assim, concluímos que a linguística contribui para a formação do professor de português ao inovar na conceituação de linguagem, língua, variações e registros, entre outras, além de evidenciar a noção de que não há língua que não evolua, de que o uso atualiza a gramática e de que a variação natal, a língua materna naturalmente aprendida, integra a personalidade do falante como um saber interior, que deve ser tomado como ponto de partida do ensino.

Palavras-chaves: ensino, língua materna, norma-padrão, variação linguística

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ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS DO FALAR MATO-GROSSOSSENSE

Autores José Leonildo Lima 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Av. Bom Jesus, 1462 - P. e Lacerda - MT)

Resumo Para discorrer sobre o falar mato-grossense, temos que nos reportar a Antenor Nascentes. Ao fazer a divisão dialetal do território brasileiro, classificou a região em que atualmente se localiza o estado de Mato Grosso como “território incaracterístico”, sem, contudo, definir o que de fato seria "incaracterístico". Na sua classificação, considerou como território incaracterístico, em termos linguísticos, a área que compreendia entre a fronteira boliviana (rios Verde, Guaporé, Mamoré até Abunã) e a fronteira de Mato Grosso com o Amazonas e o Pará, áreas consideradas despovoadas (NASCENTES, 1953, p. 25-26). Nos últimos anos foram realizadas várias pesquisas tanto de natureza sociolinguística como dialetológica, tais como trabalhos monográficos de graduação e de especialização, sem, contudo fazer um mapeamento do falar local. Visando fazer o registro da identidade linguística do estado, foi que em 2009 teve início o Projeto do Atlas Linguístico do Estado de Mato Grosso – ALIMAT. É uma pesquisa centrada num modelo dialetológico que, a partir de um questionário contemplando os níveis fonético, morfológico, sintático e semântico, visa mapear o falar mato-grossense. Para a aplicação do questionário foram escolhidos dezesseis municípios dentre aqueles que têm mais de 60 anos de existência, seguindo a metodologia adotadas pelos atlas em geral. Dentre os níveis elencados na pesquisa, selecionamos para esta comunicação alguns traços morfossintáticos mais recorrentes ou que sejam particulares de determinadas regiões do estado. Um deles diz respeito à questão do gênero, de modo especial o gênero dos substantivos alface, cal, guaraná, alemão, chefe, ladrão e presidente. Ainda sobre o substantivo, outro aspecto que foi objeto de investigação diz respeito à questão da flexão dos substantivos em número. Foi observado também o emprego dos pronomes pessoais, possessivos e indefinidos. Outra categoria de palavras que fez parte da pesquisa foi o verbo. As perguntas formuladas tiveram

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como objetivo detectar, por exemplo, o emprego dos tempos verbais presente do indicativo, pretérito perfeito, futuro do presente e do pretérito. Foram objeto de investigação também a concordância verbal e o emprego dos verbos ter e haver em sentido existencial. Palavras-chaves: dialetologia, atlas, morfossintaxe ÁREA TEMÁTICA 7- ANÁLISE DO DISCURSO CENOGRAFIA: uma noção fundamental na leitura de charges

Autores Maria Inês Pagliarini Cox 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Campus Universitário - IL)

Resumo Chamamos de “charges” aqueles textos que se utilizam da linguagem pictórica ou da combinação da linguagem pictórica com a verbal para fazer uma crítica humorística, derrisória, de um acontecimento central ou tangencialmente político que esteja na ordem do dia. Chargistas dialogam com assuntos momentosos com os quais virtuais leitores estejam em sintonia. Aliás, apenas os leitores que compartilham das condições de produção constitutivas de uma dada charge podem, de fato, entendê-la. Apartado espaço-temporalmente das condições de produção, uma charge tem seu potencial de significação altamente comprometido, requerendo um trabalho deliberado de reconstituição do momento histórico que passou e não mais evocado de pronto pelo público leitor como algo familiar, como algo presente no repertório das coisas que nos são contemporâneas. Possenti (2008) havia mostrado que a cenografia é fundamental na leitura de textos publicitários. Parecia-nos ser ela também uma noção muito apropriada para leitura de charges – um gênero discursivo marcado pela derrisão de acontecimentos sazonais. E é a cenografia que tem o poder de trazer os acontecimentos para dentro. Assim, além de focalizarmos na análise das charges a chamada “cenografia”, na proposição de Maingueneau (2008 e 2001), recorremos também ao conceito de

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semântica global para operacionalizar a leitura dos textos. Conforme Maingueneau (2005, p. 79), “uma semântica ‘global’ não apreende o discurso privilegiando esse ou aquele dentre seus ‘planos’, mas integrando-os todos ao mesmo tempo, tanto na ordem do enunciado quanto na da enunciação”. Transcendendo os planos do signo e da sentença, a semântica global postula que o processo de significação se dissemina por toda a “discursividade”. Entre os diversos planos abarcados pela semântica global, incluem-se, no caso da charge, o plano pictórico, reafirmando a vocação da Análise de Discurso como um instrumental de leitura de práticas intersemióticas. O corpus foi constituído por dez textos chárgicos que exploravam a gripe suína como tema principal ou como gatilho para outros temas. “Gripe suína” era o assunto do momento na mídia à época em que realizávamos esta pesquisa e, como tal, um terreno fértil para a pena de chargistas. Nossa investigação mostrou que a cenografia simula cenas contemporâneas ou da memória discursiva familiares aos dois pólos da enunciação, fazendo do enunciador e co-enunciador cúmplices no processo de comentar, criticar e escarnecer de alguém ou alguma coisa. A cumplicidade é a garantia do riso compartilhado. Por isso as charges envelhecem. Sob a retina de um público leitor que não reconheça as cenografias evocadas pelos enunciadores-chargistas, elas podem não fazer sentido, podem ser totalmente insossas, sem graça. A semântica global nos permitiu focalizar, nas várias cenografias, os elementos formais mais significativos na produção dos efeitos de sentido em cada uma das charges: o trocadilho, a hipérbole pictórica, a metáfora imagética político/porco e a intertextualidade, configurando-se, pois, como um aparato teórico-metodológico adequado para a leitura de textos multimodais. Como afirma Maingueneau (2008 e 2001), há textos que se reduzem às cenas englobante e genérica, como uma lista telefônica, uma receita médica, uma bula de remédio etc. Não é certamente o caso da charge que não sobrevive sem a cenografia, responsável pela evocação do ingrediente da cotidianidade de que rimos. Sem cenografia, não há charge. Palavras-chaves: análise de discurso, cenografia, charge, gripe suína

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AS IDEIAS LINGUÍSTICAS NA OBRA DE DINO PRETI: análise de marcas do “Horizonte de Retrospecção” na obra "Sociolinguística: os níveis da fala"

Autores Gil Roberto Costa Negreiros 1

Instituição 1 FEPI - Centro Universitário de Itajubá (Av. Dr. Antonio Braga Filho, 687, Bairro Varginha, Itajubá, MG CEP 37500-000)

Resumo A gramatização é o processo de descrição e instrumentalização de uma língua a partir da produção de tecnologias, como materiais didáticos de cunho linguístico e outros instrumentos metalinguísticos, como a produção acadêmica dos especialistas da área. Especificamente no Brasil, após a década de 1960, em alguns “instrumentos linguísticos”, como livros didáticos e materiais bibliográficos de apoio ao ensino de linguagem, iniciaram-se discussões sobre questões ligadas à oralidade e à Sociolinguística, em resposta positiva àquilo que estava sendo buscado pelas ciências da linguagem em outros centros (em especial nos Estados Unidos e na França). Assim, por meio de outros “instrumentos linguísticos”, como teses, dissertações, artigos oriundos de investigações acadêmicas, delinearam-se a oralidade e os usos da língua na sociedade como objeto de pesquisa e, consequentemente, esse delineamento influenciou alguns tipos de materiais didáticos. Um dos principais pesquisadores brasileiros desse percurso é Dino Preti, autor que constantemente buscou divulgar a Análise da Conversação e a Sociolinguística nos contextos de pesquisa e de ensino. Nesta comunicação, nosso objetivo é apresentar um trabalho, parte de uma pesquisa maior, referente à investigação de algumas ideias linguísticas e das possíveis causalidades históricas que nortearam a produção da obra “Sociolinguística: os níveis da fala", de Dino Preti, a partir da investigação desse instrumento tecnológico metalinguístico produzido (e publicado em determinado momento histórico) pelo autor. De forma mais específica, daremos ênfase à influência estruturalista saussureana, principalmente no

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que se refere à dicotomia “langue / parole. O trabalho se apoia em pressupostos teóricos da “Historiografia Epistemológica”, na modalidade adotada por Auroux e por Puech. Essa linha teórica considera a língua como fato social e se baseia na explicação e na interpretação filosófico-científica do conhecimento humano. Há um interesse, a partir desse quadro teórico, nas ligações causais do objeto investigado com outros que lhe são relacionados, a partir de cinco parâmetros (sistema de objetos, parâmetro temporal, parâmetro espacial, sistema de parametragem externo que liga o sistema de objetos ao seu contexto e sistema de interpretantes). Segue-se, no processo de pesquisa, o Método Fenomenológico, a partir de seus quatro momentos metodológicos, a saber: imersão, discriminação, atribuição e síntese. Palavras-chaves: Dino Preti, horizonte de retrospecção, ideias linguísticas, influências saussureanas, Sociolinguística e texto oral O PODER, A VERDADE E O SABER NO YOUTUBE

Autores Lígia Mara Boin Menossi de Araujo 1

Instituição 1 UFSCar - Universidade Federal de São Carlos (Rodovia Washington Luís, km235, SP310)

Resumo Este trabalho nasce com intuito de seguir grosseiramente alguns caminhos deixados por Foucault (1995), caminhos esses que apresentam as ideias sobre o Poder, a Verdade e o Saber. Conceitos que fizeram com que olhássemos para nosso material de análise da pesquisa de doutorado realizado no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de São Carlos e fossem levantados alguns pontos que pautam a problemática central deste estudo e fizeram irromper a seguinte questão de pesquisa: Como se constroem as relações de poder em um novo suporte midiático, o YouTube? Mais especificamente em vídeomontagens tidas como de humor? Nossa hipótese é a de que o YouTube é fonte de informação e impõe uma outra dinâmica nas relações de poder isto devido ao seu potencial de interação inédito. Nossa tentativa de análise tem como material uma vídeomontagem postada no site YouTube no ano eleitoral de 2010 em que o alvo de

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descaracterização é a atual presidente Dilma Rousseff na época candidata às eleições presidenciais. O título da vídeomontagem trazida é Direto ao Assunto: Episódio #03 Meio Ambiente, ela faz parte de uma seqüência de seis vídeomontagens que foram postadas pelo mesmo internauta que utiliza o pseudônimo de exilados. Para nosso embasamento teórico-analítico, tentaremos pensar alguns pontos que envolvem os conceitos de Poder, Verdade e Saber. De acordo com Foucault, o que caracteriza o poder que analisaremos é o fato dele “colocar em jogo as relações entre os indivíduos (ou entre grupos)” (1995, p.240). Deste modo, é possível supor que determinados grupos ou indivíduos estabeleçam um poder sobre outro grupo; contudo, esta via não é de mão única, pois ela impõe relações que fazem com que os dois grupos exerçam o seu poder um sobre o outro caracterizando o que o estudioso denomina de relações de poder. Ligada ao poder, podemos entender que a verdade trata de um “conjunto de procedimentos reguladores para a produção, a lei, a repartição, a circulação e o funcionamento dos enunciados” (1999b, p. 13). Sabemos que outros temas estão intrínsecos aos que trataremos aqui e os que aqui serão expostos suscitariam esclarecimentos muito maiores, todavia, em virtude da extensão de nosso trabalho, infelizmente, tomaremos apenas algumas de suas proposições e assim nosso trabalho não se tornará demasiadamente extenso (Apoio: FAPESP – Processo 2011/09851-8). Palavras-chaves: vídeomontagens, Youtube, discurso político, poder, saber OS SENTIDOS DO LIXO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO DOS CATADORES EM ESPAÇOS NÃO URBANOS

Autores Neuza Benedita da Silva Zattar 1,1,1,1

Instituição 1 UNEMAT - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO (AV. SÃO JOÃO S/N CAVALHADA)

Resumo Pode-se compreender o cruzamento de olhares entre a lente da câmera e o que ela captura, como uma relação simbólica que busca aproximar pela linguagem diferentes sujeitos que se movimentam

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em espaços socialmente particularizados pelas tarefas que realizam. O ato de olhar, além de preceder as palavras, segundo Berger (1999), produz outro sentido para essa relação: o ato de ver estabelece o lugar do sujeito no mundo circundante. Estou me referindo ao vídeo-documentário Boca do Lixo, que registra e mostra a vida de brasileiros excluídos da cidade, os catadores de lixo que, empurrados para as margens findas do município de São Gonçalo, região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, se constituem sócio-historicamente em sujeitos-protagonistas que interpretam o cotidiano sob os olhares do cinegrafista Eduardo Coutinho. Além do cenário e da construção histórica dos personagens, o diálogo, no documentário, é dominante entre os que são capturados pela lente da câmera e o que os captura sob vários ângulos, num misto de tensão e conflito que o encontro e/ou a invasão produz. Compartilhando com aqueles que consideram a linguagem como “mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social” (ORLANDI, 1999, p. 15), propomos analisar como o lixo, enquanto dispositivo material e simbólico, (re)significa nas relações de trabalho dos catadores nos discursos que se entrecruzam e se chocam nos espaços suburbanos e subumanos, e se manifestam através de gestos de interpretação específicos que textualizam o documentário. No documentário, os objetos catados para venda e consumo funcionam discursivamente como ícones de comércio e de alimentação, enquanto os produtos de uso significam a identificação dos catadores com o objeto catado, ou seja, os objetos materializam a imagem de algo que gostariam de usar ou de deixar à mostra em suas casas, cujo efeito de sentidos passa a integrar a história de vida de cada um. No documentário em análise, observa-se que a posição-sujeito dos catadores de lixo e do cinegrafista, quando articulam a linguagem, se inscrevem em formações discursivas distintas, porém, apesar destas determinarem o que pode e deve ser dito (PÊCHEUX, 1997), podem ocorrer efeitos de constatação no modo como o cinegrafista se relaciona com os catadores que, interpelados, já têm assinalado o seu lugar para responder. Palavras-chaves: Análise do discurso, documentário, lixo

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ACADEMIA MATOGROSSENSE DE LETRAS: língua e sujeito nacionais

Autores Roseli Moreira 1, Eliana Almeida 1,1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Avenida Tancredo Neves)

Resumo Este trabalho tem como foco uma leitura discursiva do Estatuto do Centro Matogrossense de Letras (1921), numa relação com a peça de oratória de Dom Aquino Corrêa, O Belo nas Letras, em: Poética – Terra Natal – Volume II, Tomo I (1985). Nosso objetivo é compreender como oratória de Dom Aquino e o Estatuto do Centro Matogrossense de Letras, produzem sentidos para o estado de Mato Grosso, língua nacional e o sujeito nacional mato-grossense. Para tanto, consideramos as condições de produção e a historicidade dessas materialidades, pois, entendemos que na relação entre sujeitos e os discursos, Pêcheux (1997), a língua é um produto da história e os sentidos, por consequência, não existem em si mesmos, mas se constituem em uma situação dada e em relação às posições sustentadas pelos sujeitos na formulação discursiva em que se encontram. A mudança dos sentidos ocorre em relação “às formações ideológicas (...) nas quais essas posições se inserem” (PÊCHEUX, 1997). Os sentidos, deste modo, são produzidos segundo condições específicas de produção discursiva, que incluem o sujeito, o contexto imediato em que ocorre a enunciação e os contextos sócio-histórico e ideológico, constitutivos do sujeito e do discurso. Nesse percurso, consideramos a fundação do Centro Matogrossense de Letras e a oratória de Dom Aquino, como um “gesto de interpretação” Orlandi (1996),sobre a língua, realizado pelos intelectuais mato-grossenses, e como tal, materializaram as ideologias formadoras do pensamento da época, contribuindo assim, para a produção de sentidos sobre a língua nacional, durante o processo de institucionalização e legitimação da língua portuguesa, como língua nacional brasileira, iniciado no Brasil no final do século XIX. Enfim, procuramos descrever neste trabalho, os sentidos construídos nessas materialidades discursivas e os

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efeitos destes sentidos em relação à língua e sujeito nacionais. Para tanto, inscrevemos esta leitura nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso, a partir de Pêcheux (1997) e Orlandi (2010), numa relação com a História das Ideias Linguísticas. Palavras-chaves: Análise de Discurso, Centro Matogrossense de Letras, Dom Aquino Corrêa, Língua Nacional ACONTECIMENTO, NOTÍCIA E PROCESSO JUDICIAL: o diálogo entre enunciações concretas

Autores Maria Helena Cruz Pistori 1

Instituição 1 PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (R. Monte Alegre, 984)

Resumo Neste trabalho, parte de nosso projeto de pesquisa Mídia impressa e discurso jurídico: ressonâncias dialógicas, cuja finalidade é a compreensão mais profunda tanto da relação e possíveis ressonâncias dialógicas entre um e outro discurso, como dos próprios discursos, situados social, política e historicamente, propomos a observação desse diálogo entre o discurso jornalístico e o jurídico, em textos referentes a um mesmo delito - o assassinato de um índio pataxó, em Brasília, em 20 de abril de 1997, por cinco rapazes de classe média. Tal delito foi julgado no processo n. 17.901/97, instaurado em 23 de abril do mesmo ano. Tomamos como corpus as primeiras páginas dos jornais Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, nos dois dias posteriores ao crime – 21 e 22/04/1997, e a Denúncia que instaurou o processo. A análise dialógica do discurso, de inspiração nas obras do Círculo de Bakhtin, é nosso fundamento teórico-metodológico. Nos enunciados concretos selecionados, buscamos a compreensão não apenas do aspecto verbal, mas também do visual, especialmente na mídia, que os reúne num projeto gráfico único. Em ambas as esferas de atividade humana, as enunciações refletem e refratam perspectivas próprias da realidade, mobilizando discursos que, no diálogo, explicam, organizam e classificam o mundo, estabelecendo relações e dependências, valores e efeitos de sentido de verdade. Por meio do fenômeno social da interação discursiva constituem-se o locutor

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e o interlocutor como sujeitos. A análise, pois, considera o contexto social mais amplo e o mais imediato dos enunciados em questão; as esferas de produção, circulação e recepção dos textos, com seus diferentes gêneros e respectivas coerções; a explicitação e o posicionamento das vozes discursivas, assim como a seleção dos recursos visuais, lexicais, gramaticais e composicionais dos enunciados, especialmente em seus aspectos persuasivos. Em última análise, buscam-se as possíveis influências de um discurso sobre o outro, e como os sentidos das enunciações selecionadas, situadas social, política e historicamente, revelam ideologicamente visões de mundo concordantes ou divergentes. (Apoio: FAPESP - Processo 2009/16.902-8) Palavras-chaves: diálogo, discurso jurídico, discurso jornalístico, posicionamentos axiológicos Certidão de Nascimento: efeitos da incompletude

Autores Weverton Ortiz Fernandes 1,1,1,1, Thalita Miranda Gonçalves Sampaio 1,1,1,1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Pontes e Lacerda - MT)

Resumo Tomando como material simbólico de análise a campanha nacional da certidão de nascimento, tenho como objetivo compreender os efeitos de sentidos que constituem o enunciado: Certidão de nascimento – um direito que dá direitos. Um dever de todo Brasil. Com filiação na Análise de Discurso de linha francesa, compreendo a incompletude como constitutiva do real da língua, que vai produzir sentidos e constituir um sujeito interpelado pelo Estado que, em sua invisibilidade, não é livre. Irei compreender o modo como se constitui a interpelação do sujeito na materialidade lingüística do enunciado, partindo da materialidade lingüística para a materialidade discursiva, com o objetivo de compreender os efeitos sócio-histórico-ideológico que se constituem pela incompletude. As noções mobilizadas para a análise foram: Incompletude, silêncio

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fundador, silenciamento, equívoco e memória discursiva. Essas noções foram baseadas nas discussões de Eni Orlandi (2007, 2006 e 1997) e Claudine Haroche (1992). O material simbólico de análise: “Certidão de nascimento – um direito que dá direitos. Um dever de todo o Brasil.” constitui-se pelo discurso jurídico. O discurso jurídico se significa pelo silêncio fundador, silêncio este presente não em relação às palavras mas, se significa nas palavras (Orlandi 1997). Pelo silêncio fundador compreende-se o Estado Jurídico não como um “Estado Democrático”. Nessa invisibilidade o Estado se posiciona como “autoritário”. O “autoritarismo” se significa não pela visibilidade, “evidência”. O “autoritarismo” se significa pela invisibilidade, constitutivo da incompletude. Esse efeito constitutivo da incompletude, o silêncio fundador, interpela o sujeito brasileiro como se esse sujeito fosse livre. Essa liberdade ocorre em função desse dizer (enunciado) “Certidão de nascimento – um direito que dá direitos. Um dever de todo o Brasil.” se inscrever no discurso jurídico. É a memória do discurso jurídico “direito” e “direitos” que produz um efeito de inquestionável e de natural nesse enunciado. Mas, ao verticalizarmos a compreensão, a memória é um efeito que “ilude” o brasileiro como um sujeito livre. A liberdade, de fato, não existe. “Certidão de nascimento – um direito que dá direitos. Um dever de todo o Brasil.” silencia outras possibilidade de enunciação para se constituir nesse lugar enunciativo. “Dever” produz um efeito de ambiguidade em que o Estado é obrigado a oferecer a certidão aos brasileiros e, os brasileiros são obrigados a possuírem a certidão de nascimento. A proposta de pesquisa foi o de compreender pela materialidade linguística como o Estado interpela o sujeito brasileiro, interpelação esta presente no material simbólico de análise.

Palavras-chaves: Incompletude, Silêncio fundador, Silenciamento, Interdiscurso

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O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA PRÁTICA DO DISCURSO JORNALÍSTICO: ditos e não-ditos

Autores Neusa Inês Philippsen 1, Cristinne Leus Tomé 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Avenida dos Ingás, 3001 Centro 78550-000 - Sinop, MT )

Resumo A presente proposta de apresentação constitui-se de um recorte das atividades desenvolvidas no Projeto Tecer de uma discursividade na região norte mato-grossense da Amazônia Legal: contextos e possibilidades de desenvolvimento frente à sustentabilidade, que se apresenta interdepartamental, multidisciplinar e interinstitucional, na Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT/campus de Sinop - MT. O objeto de pesquisa que se acentua nos trabalhos realizados pelos pesquisadores integrantes desse Grupo de Pesquisa compreende a discursividade posta na região norte mato-grossense, inserida na Amazônia Legal, na formulação “desenvolvimento sustentável”, por meio dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de linha francesa, e procura evidenciar a constituição de um espaço de dizer nas relações político-jurídico-ambientais e econômicas que possibilite apreender os efeitos de sentidos que circulam nesta região. Neste recorte, apresenta-se um olhar investigativo lançado em dois artigos veiculados na mídia impressa de Sinop, cidade pólo do norte de Mato Grosso, com o intuito de averiguar, no discurso jornalístico, mais especificamente no gênero notícia, como a temática “desenvolvimento sustentável” é apresentada nas marcas linguísticas enunciativas pelo enunciador-jornalista, buscando apreender os diferentes efeitos de sentido que aparecem nos diálogos entre as muitas vozes que são suscitadas no momento da produção e da circulação dos fatos trazidos pelos textos informativos que circulam nesse espaço discursivo. Nesse contexto, para buscar compreender o papel da mídia impressa na mobilização de sentidos sobre a temática “desenvolvimento sustentável”, procurou-se, em duas notícias selecionadas, e que integram os corpora desse Projeto de pesquisa, identificar as vozes que se apresentam na materialidade discursiva, responsáveis pela

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circulação e recepção do tema no norte mato-grossense, (re) produzidas em distintos suportes midiáticos. Dentre os resultados analíticos que se evidenciaram nas formulações, destacam-se deslocamentos, incompletudes e polêmicas entre os discursos ambientalistas e desenvolvimentistas, confrontados em um embate ideológico sócio-econômico que se empreende, fundamentalmente, pelas organizações de trabalho e pelos sistemas políticos vigentes. Palavras-chaves: Análise de Discurso, Discurso Jornalístico, Desenvolvimento Sustentável, Amazônia Legal, Norte Mato-grossense LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: O INTÉRPRETE E AS SUAS ESCOLHAS LINGUÍSTICAS E DISCURSIVAS

Autores Sérgio Pereira Maiolini 1,2, Iara Cardoso Lopes 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa), 2 UNIC - Universidade de Cuiabá (Av. Beira Rio)

Resumo Conforme BRITO (1995), as línguas de sinais, bem como línguas orais são línguas naturais onde a comunidade se apropria e compartilha do mesmo código linguístico por meio da interação entre os falantes. Sua estrutura linguística permite a comunicação e expressão de qualquer vontade, notadamente emocional, racional, literário, etc que, por conseguinte, promoverá a interação cujo objetivo principal é promover a comunicação discursiva. As línguas de sinais diferem-se das línguas orais por meio da modalidade de comunicação entre os falantes. Sendo a primeira visual-espacial e a segunda língua oral-auditivo. Isto significa dizer que as línguas de sinais se concretizam por intermédio do corpo, especificamente, pelas mãos e pelos braços, bem como pelas expressões faciais e corporais que são de suma importância para esta modalidade comunicativa. A partir de 22 de abril, pela Lei Federal Nº 10.436/2002 a Língua de Sinais Brasileira (doravante Libras) passa a ser reconhecida legalmente como Língua oficial para a comunidade

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surda. Sendo assim, este estudo tem como objetivo principal investigar a atuação do profissional intérprete, precisamente as suas escolhas linguísticas e discursivas ao interpretar. Segundo (QUADROS, 2003), o tradutor intérprete de língua de sinais pode ser entendido como aquele que “traduz e interpreta a língua de sinais para a língua falada e vice-versa em quaisquer modalidades que se apresentar (oral ou escrita)”. O intérprete é o profissional que atua como uma ponte entre a comunicação do surdo e a do ouvinte e vice-versa, no entanto o foco deste trabalho será em investigar a atuação do intérprete ouvinte, isto é, aquele que irá interpretar uma língua oral para uma língua visual-espacial - por exemplo, da língua portuguesa para a Libras. A atuação do intérprete vai além do conhecimento gramatical e a fluência nas línguas, pois faz-se necessário agilidade e destreza no momento da interpretação simultânea. As escolhas linguísticas que o intérprete faz é carregada de intenções, de ressonâncias ideológicas, de valoração apreciativa, isto é, há uma reacentuação daquilo que está sendo dito ao surdo.

Palavras-chaves: língua de sinais brasileira, intérprete, discurso

POLÍTICAS LINGUÍSTICAS:OS SENTIDOS DO CURRÍCULO ESCOLAR

Autores Alexandra Bressanin 1, Ana Maria Di Renzo 1,1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Campus de Cáceres), 2 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Campus de Cáceres), 3

Resumo Este projeto de pesquisa propõe um gesto de interpretação dos discursos produzidos pelas políticas linguísticas do Estado de Mato Grosso. Filiado a uma concepção discursiva de linguagem, inscreve-se nos pressupostos teórico-analíticos adotados pela Análise de Discurso, de linha francesa, numa tentativa de compreender as relações entre sujeito/Língua/Estado, pois sujeitos e sentidos se constituem num movimento constante do simbólico e da história. Temos por objetivo analisar as formulações discursivas produzidas

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pelas Orientações Curriculares - (OCs-2010), que se mostra como um lugar importante para se pensar a questão do texto. Queremos saber em que condições de produção os documentos curriculares e os instrumentos normativos de ensino são produzidos? Quais são as formações discursivas que os constituem? Pois, o sujeito é, mesmo na ilusão de não o ser, o lugar de coerções e proibições, “*...+ o sujeito é individualizado, isolado, responsabilizado na gramática e no discurso” (HAROUCHE, 1992, p. 23). Ou seja, é na língua o lugar onde o poder, pelo efeito de transparência, tenta civilizar o indivíduo. O movimento de reformas curriculares no país constitui-se num desafio às práticas linguísticas. Por isso, “...língua e os instrumentos linguísticos são objetos históricos que estão intimamente ligados à formação do país, da nação, do Estado” (GUIMARÃES 1996, p.14). Sendo assim, é importante compreender o currículo como instrumento de ensino que contribui para a construção de identidades sociais. No Brasil as leis refletem um desejo de cidadania, assim, ser cidadão não é uma questão de direito garantido, mas capacidade de se transformar, “virar cidadão”. O Estado transfere essa responsabilidade à Escola, especialmente ao ensino de língua: “(...) Toda criança na escola, onde a escolarização representa o projeto de urbanidade, de civilidade. Mas ainda aí também não se consuma esse destino histórico: sem escola não há cidadania...” (ORLANDI, 2002, p. 228). Como afirma a autora, é dever do governo dar condições para instruir e emancipar os indivíduos, mas só quando conseguirmos viver em igualdade numa sociedade heterogênea é que não estaremos mais “à cata de cidadania”. Portanto, a história não nos é transparente, mas sendo nossa, é preciso persistir na possibilidade que temos de, na universidade, refletir sobre o ensino, o político e a produção de ciência.

Palavras-chaves: currículo, texto, língua

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MODOS DE ATRIBUIÇÃO DA CIDADANIA: efeitos de evidência no discurso

Autores Águeda Aparecida da Cruz Borges 1

Instituição 1 UFMT-CUA/UNICAMP - UFMT/UNICAMP (Campus Universitário do Araguaia)

Resumo Ao conceber o corpo da cidade como um espaço de significação particular, busco compreender como os sentidos são aí produzidos, sentidos nos quais se organiza a vida urbana e seus sujeitos, em especial o sujeito índio Xavante enredado na produção discursiva, em Barra do Garças-MT. É na diferença, no caráter revolucionário atribuído aos estudos da linguagem, configurado no discurso, que Pêcheux constituiu o dispositivo teórico da Análise de Discurso, teoria de entremeio, em que me fundamento para dar sustentação às análises. No jogo que sustenta o político na sociedade se depreende que toda dominação ideológica é antes de tudo uma dominação interna, isto é, uma dominação que se exerce primeiramente na organização interna em que as práticas do aparelho ideológico se inscrevem, mostrando os efeitos de evidência produzidos pela ideologia. Nessa perspectiva, procedo a análise de um recorte de sequências que pode ser identificado como uma família parafrástica, pois há uma reformulação do dizer que abre para a interpretação de que os sujeitos aí se inscrevem, pela 1ª pessoa do verbo, em uma posição de cidadãos entendida pelo lugar cedido ao Outro. É em relação a si que se atribui o espaço ao índio, na ilusão de domínio de si: “penso que”, “eu acho que”, “no meu pensar”, “na minha opinião”. Nesse caso, o mecanismo parafrástico se realiza pelo recurso à modalização me leva a caracterizar esse tipo de paráfrase como modalizadora. Assim, a escuta da cidade dá visibilidade aos processos de identificação pelos seus moradores, torna visível também o quanto esses modos de subjetivação, em função do lugar de constitutividade, são multifacetados e imbricados, pois os lugares de identificação são, antes de tudo, tomadas de posição, lugares de interpelação pela ideologia, modos de subjetivação. Os sujeitos assumem um engajamento discursivo para produzir a partir da “sua” posição, ou

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seja, a de cidadão, a “cidadania” para os Xavante presentes/frequentes na cidade da pesquisa. Palavras-chaves: Discurso, cidade, ideologia, índio Xavante A HETEROGENEIDADE DO PORTUGUÊS EM LIVROS DIDÁTICOS: efeitos de sentido

Autores Sonia Renata Rodrigues 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Rua Buenos Aires, 280, Apto 302)

Resumo Neste estudo, analisa-se um espaço discursivo polêmico, englobando discursos que dizem a língua e seu ensino na contemporaneidade, a partir de um conjunto de enunciados extraídos de dois livros didáticos de Língua Portuguesa do Ensino Médio, designados como obra 1 e obra 2. O recorte e a análise dos enunciados são orientados teoricamente pela Análise de Discurso francesa, na perspectiva de Dominique Maingueneau. Na obra 1, falam enunciadores do discurso gramatical, que não podem mais ignorar o discurso linguístico, uma vez abonado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais que, hoje, representam as políticas educacionais e linguísticas de Estado. O discurso gramatical é um gigante que reinou por séculos praticamente sem adversários, mas, agora, tem de enfrentar um antagonista à sua altura, jovem e poderoso, nascido e ungido com a pecha de conhecimento “científico”. Na obra 2, fala um enunciador do discurso linguístico em luta contra o gigante. Ambos disputam a melhor forma de significar a existência heterogênea do português: pelo viés purista, como faz o discurso gramatical, ou pelo viés pluralista, como faz o discurso linguístico? Na obra 1, cujo Mesmo é o discurso gramatical e cujo Outro é o discurso linguístico, flagra-se uma espécie de namoro infiel do Mesmo com o Outro na tentativa de interpretar o português como contextualmente variável. À primeira vista, os enunciadores 1 parecem falar das variedades de português interpelados pela ideologia e pelo discurso do múltiplo, mas logo se percebe o retorno deles ao Mesmo, ou seja, à ideologia e ao discurso do UM, para a qual a língua é homogênea e estável e toda

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variação é sinônimo de destruição, corrupção, desordem. Na obra 2, cujo Outro é o discurso gramatical e cujo Mesmo é o discurso linguístico, acompanha-se uma espécie de separação litigiosa do Mesmo em relação ao Outro, na luta para derrotar o purismo ideológico e gramatical que tolda a interpretação do português como uma língua heterogênea e dinâmica e é fonte de preconceito, estigma e discriminação. O discurso linguístico ainda vive uma fase de constituição em que não pode ignorar a existência do Outro. Mal se pode imaginar um tempo em que a voz da gramática normativa tenha recuado para a periferia do campo das Letras e algo possa ser dito sem que ela ressoe altissonante. Palavras-chaves: heterogeneidade linguística, livro didático, ensino de lingua portuguesa, interdiscurso, polêmica A FONÉTICA E A FONOLOGIA EM MATERIAIS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO: posições discursivas em jogo

Autores Terezinha Della Justina 1,1

Instituição 1 UNEMAT - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO (AV. DOS INGÁS, 3001)

Resumo A comunicação versará sobre um estudo que busca investigar os discursos que dizem a fonética e a fonologia em materiais didáticos de ensino médio, perscrutando as posições discursivas assumidas pelos enunciadores/autores de livros didáticos de português, mais especificamente, como se posicionam em relação à tese do primado da oralidade sobre a escrita, afirmada pela linguística, desde seu advento, em contraposição ao grafocentrismo da gramática tradicional; busca também captar possíveis deslizamentos entre a fonologia e a ortografia no conjunto de enunciados e compreender como enunciados de livros didáticos de português respondem aos parâmetros e orientações curriculares, bem como aos critérios do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM), quanto ao postulado da inclusão do tema diversidade linguística observável no nível fonológico. Para realizar o estudo, são investigados dois livros didáticos incluídos no Catálogo do PNLEM 2012: “Novas Palavras, nova edição” de Emília Amaral et alli (2010) e “Português:

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linguagens” de Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães (2010), ambos publicados em São Paulo pelas Editoras FTD e Saraiva respectivamente. Focaliza-se deles as seções e/ou capítulos que tratam do tema fonética e fonologia, recortando-se algumas sequências linguísticas significativas para uma leitura discursiva na perspectiva da escola francesa de análise de discurso. O conjunto de recortes do corpus em estudo visa a capturar instantes privilegiados de enredamento interdiscursivo entre o discurso da gramática tradicional (DG) e o discurso da linguística (DL), cada um deles se revezando nos papéis de discurso agente e paciente. Subsume-se, para tanto, que os discursos são historicamente constituídos e que há uma memória discursiva que os mantêm vivos, retomando-os, repetindo-os e, quando muito longevos e arraigados, são muito resistentes e difíceis de serem abalados e silenciados no campo discursivo em que circulam. O (DG) é um desses discursos vetustos: por séculos reinou sozinho, atravessando fronteiras, tempos e espaços, forjando leituras dos fenômenos linguísticos e sendo repetido por especialistas das Letras, mas também pela praça pública. Contudo, por serem sempre constitutivamente heterogêneos, os discursos também aninham forças de mudança. Com o surgimento da linguística, o DG foi abalado em suas estruturas, já não é mais possível falar em ensino de língua sem considerar o que esta diz sobre. Mesmo assim, o presente estudo revela que, apesar da presença ruidosa do (DL) no campo do ensino de línguas, há quase quatro décadas, quase nada daquilo que se apresenta sobre a fonética e a fonologia nos livros didáticos é comungado com os preceitos da linguística, mesmo sendo elas disciplinas que, dadas suas características, poderiam receber tratamento diferenciado. Há, sim, em espaços destinados à fonética e à fonologia, a presença do (DG) ainda dominando: grafocentrismo, língua homogênea, certa ou errada. Palavras-chaves: análise de discurso, livro didático do ensino médio, fonética e fonologia

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A construção da cenografia e a constituição do ethos discursivo em relatos indígenas da aldeia Pau-Brasil

Autores Adriana Recla 1,2

Instituição 1 PUC- SP - PontifÃcia Universidade Católica de São Paulo (R. Ministro de Godói - Perdizes), 2 FAACZ - Faculdade de Aracruz (R. Professor Berilo Basilio - s/n)

Resumo Esta comunicação trata da constituição do ethos discursivo no processo de desvelamento da identidade do indígena da aldeia Pau-Brasil, localizada na cidade de Aracruz, no estado do Espírito Santo. Selecionamos como objeto de análise, o relato Mal(sic) Espírito retirado dessa realidade indígena e publicado na coletânea “Os Tupinikim e Guarani contam...”, organizada por Edivanda Mugrabi, em 2005. Para analisar o relato, propusemos como objetivo examinar a cenografia e o modo de constituição do ethos discursivo, ou seja, a forma como o sujeito enunciador constrói uma imagem de si e revela-se a nós no interior do discurso. Para o estudo proposto, fundamentamo-nos na Análise do Discurso, nas perspectivas apontadas por Maingueneau (1997, 2005, 2008, 2010), que concebe o discurso como uma atividade de sujeitos inscritos em determinados contextos. Nesta perspectiva, o relato foi concebido como discurso, pois constitue um lugar enunciativo, onde se inscreve o enunciador que se revela por uma voz e uma corporalidade, que nos permite depreender a construção de sua imagem da qual inferimos uma identificação com o sujeito autor. Trata-se, assim, da noção de ethos discursivo e da possibilidade de sua verificação nos diversos discursos. Privilegiamos, por conta disso, as noções de interdiscurso, cenografia e ethos como elementos indissociáveis que constroem e legitimam o discurso. O trabalho possibilitou-nos reconhecer o enunciador por meio da cenografia, que confere credibilidade à enunciação, uma representação, mais ou menos unificada e coerente do mundo, pois que manifesta um ethos discursivo, que auxilia na compreensão e explicação de seu entorno e revela a identidade dos indígenas. O

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fato de o relato construir-se pela voz do indígena de Pau Brasil faz-nos compreender que tal discurso implica um ethos de enunciador, apreendido pelos recursos linguísticos, na enunciação, ao mesmo tempo em que nos permite inferir o ethos do sujeito indígena da coletividade que produziu o relato.

Palavras-chaves: Ethos discursivo, Relato, Análise do Discurso

EDIÇÃO DE MANUSCRITO QUINHENTISTA: do linguístico ao discursivo

Autores Rejane Centurion Gambarra e Gomes 1,2

Instituição 1 USP - Universidade de São Paulo (www.usp.br), 2 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (www.unemat.br)

Resumo O objetivo desta comunicação é divulgar a proposta de edição de um texto quinhentista intitulado “Tractado da terra do Brasil no qual se cõ tem a informação das cousas que há nestas partes feito por P° de Magalhães”. A edição do “Tractado” justifica-se dada a importância que tal documento representou na produção escrita do período colonial, considerada Literatura de Informação. Nossa pesquisa ocupar-se-á de apenas um testemunho para estudo, estando, pois, na classe de edições monotestemunhais, utilizando-se dos tipos fac-similar e semidiplomática. Trata-se de um texto genuíno, manuscrito, com a finalidade de enviar informações/ impressões sobre a “nova” terra à Coroa Portuguesa, e dedicado “Ao muy alto e sereníssimo Príncipe dom Anrrique Cardeal Iffante de Portugal”. Seu autor envia a descrição, dividida em duas partes, destacando capitanias, índios, fazendas, costumes, qualidades, mantimentos, animais, frutas, entre outros. Tal documento, elaborado no século XVI, cuja autoria é destinada a um português, poderá mostrar o uso da norma estabelecida em Portugal, já que seu autor pertence à classe social que, supomos, deva ter passado por instrução, e, portanto, deva fazer uso da variedade da língua considerada padrão. Assim, a edição justifica-se por apresentar, entre outros aspectos, a oportunidade de conhecer e refletir acerca

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de um momento anterior da evolução da nossa língua. Destacamos as funções da filologia, a partir de Spina (1977), sendo a substantiva, a adjetiva e a transcendente. Relacionando-as ao nosso <i>corpus</i>, podemos afirmar que ao explicá-lo e prepará-lo tecnicamente para publicação, estaremos fazendo uso da função substantiva; já a função adjetiva será mobilizada à medida que procurarmos deduzir informações as quais não estejam presentes no documento; finalmente, a partir da função transcendente, o material de análise deixará de ser tomado apenas como um fim filológico para permitir uma reconstituição da vida da sociedade brasileira do século XVI, tomando, portanto, como ponto de partida, a edição do documento, para, seguidamente, estabelecermos um diálogo com a discursividade. Assim, pretendemos editar o texto, apresentando apontamentos paleográficos e codicológicos, bem como seu funcionamento discursivo. Palavras-chaves: codicologia, discursividade, edição, filologia, paleografia O Discurso de autoridade dos pais e seus sentidos( da definição de autoridade à prática discursiva na família)

Autores MARIA APARECIDA ALVES RIBEIRO 1, MARLON LEAL RODRIGUES 1,1

Instituição 1 UEMS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL (CAMPO GRANDE, MS)

Resumo Esse estudo tem como objeto de análise o discurso de autoridade dos pais e seus sentidos (da definição de autoridade à prática discursiva na família). Está organizado em pressupostos teóricos da análise do discurso, pressupostos da organização social do século XVIII engendrando poder e autoridade, mostrando a descrição da materialidade do objeto na história, delimitando os sentidos que o discurso de autoridade dos pais tem na prática discursiva da autoridade na família e as práticas discursivas que circulam como dissimuladoras do discurso de autoridade dos pais. “A língua é a

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materialidade específica do discurso e o discurso a materialidade específica da ideologia...” (Orlandi, 2002 p.31). Objetiva-se analisar as formações imaginárias da posição-sujeito pai e mãe enquanto discurso de autoridade sendo atravessado pelas formações ideológicas do atual momento histórico. Para Marx (1998, p. 12) “A maneira como os indivíduos manifestam sua vida reflete exatamente o que eles são.” Busca-se descrever a materialidade do objeto que é o discurso de autoridade na família no pressuposto da organização social engendrando poder e autoridade com o apoio teórico de Foucault, a sua origem contada por Engels, essa mesma unidade, a família, envolta no poder político e econômico analisada na teoria de Althusser com os Aparelhos Ideológicos de Estado mostrando as leis que regem esse objeto na história ratificado na teoria marxista. Na análise, há a definição de autoridade e a prática discursiva sobre a autoridade dos pais, prática discursiva delimitada pelas teorias de Pêcheux e Orlandi observando a relação entre discurso, discurso de autoridade na família e ideologia. Buscamos Pêcheux (1988, p. 160) para dizer que “numa formação ideológica dada, isto é, a partir de uma posição dada numa conjuntura dada, determinada pelo estado da luta de classes, determina o que pode e deve ser dito”. A metodologia é qualitativa de forma descritiva, o corpus é composto de enunciados extraídos de questionários, os sujeitos foram levados a discursivisar sobre os sentidos da palavra autoridade. Com o estudo procuramos contribuir em que se reflita sobre a verificação de que o discurso de autoridade assumiu outros sentidos dentro das formações discursivas analisadas. Dessa forma, a subordinação do sujeito sempre ocorre com o seu consentimento aparecendo nas relações sociais em diferentes realidades de discurso em formato de autonomia (Pêcheux, 1988). Ao que diz respeito às leis que regem o objeto na história pressupõe-se que o Estado, mesmo antes da sociedade Vitoriana do século XVIII, utilizando de seu poder criou diversas maneiras de cercear a sociedade tratando de procurar meios de controlar o ordenamento das cidades e que esse controle segue até hoje em diferentes discursos que são rearticulados em dado momento histórico, procuramos em Althusser (2003, p. 35). Nessa ordem houve a necessidade de delimitar os sentidos que o discurso de autoridade dos pais sofreu diante dos discursos de persuasão social/capitalista

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levado pela historicidade que atua diretamente nessas práticas discursivas. Análise do Discurso

Palavras-chaves: Discurso, Discurso de autoridade na família, Ideologia

CONVERSANDO SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA: Uma análise discursiva de cartas de Monteiro Lobato a Godofredo Rangel

Autores Sheila C de Carvalho 2

Instituição 2 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Avenida Fernando Correa da Costa)

Resumo RESUMO: Neste trabalho, analisa-se um conjunto de enunciados recortados de cartas de Monteiro Lobato a Godofredo Rangel no lapso temporal de 1907 a 1926, publicadas na obra “A barca de Gleyre”. Dentre os variados assuntos tratados nessas cartas trocadas entre amigos, focalizam-se, nesse estudo, aqueles que especificamente debatem a questão da reforma ortográfica e o abrasileiramento da língua portuguesa. “Homens de letras” da época, os autores em questão se dispõem a discutir sobre tópicos relacionados ao idioma e suas peculiaridades. Por vezes, o assunto é debatido de maneira bastante explícita enquanto que, em outras, é mencionado de maneira mais velada. A leitura que aqui se faz do corpus, sob as lentes da análise do discurso de vertente francesa, busca observar a constituição dos ethos do enunciador das cartas. Entende-se por ethos a maneira de dizer vinculada à figura do enunciador que é o ‘fiador’ de seu discurso e que deverá, por meio de sua fala, construir uma imagem de si compatível com os mundos criados pelos enunciados. É a partir da incorporação de estereótipos que circulam nas mais diversas esferas da cultura que o fiador constitui o ethos que deverá provocar a adesão dos co-enunciadores. Procura-se apreender as marcas discursivas que identifiquem o posicionamento discursivo de Monteiro Lobato a respeito da polêmica concernente à língua portuguesa falada no Brasil e se esta deveria ou não ser um idioma à parte daquele falado

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em Portugal. Considera-se a situação enunciativa das cartas como fator-essencial para a análise discursiva aduzida. Através do estudo realizado, pontuam-se os argumentos de que o enunciador que fala pela voz de Monteiro Lobato e dos quais lança mão para defender sua posição separatista em relação à polêmica linguística. Examina-se o diálogo travado por Monteiro Lobato e Godofredo Rangel, a respeito da constituição da identidade nacional, ainda que de maneira implícita. Palavras-chaves: Monteiro Lobato, Análise do discurso, Língua Portuguesa

EFEITOS E MEMÓRIA: da narrativa às festividades vilabelense

Autores Weverton Ortiz Fernandes 1,1,1,1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Cáceres)

Resumo Esta proposta parte de um projeto de dissertação recém aprovado no programa de mestrado em linguística da Unemat - MT. O projeto tem como título Efeitos e memória: da narrativa às festividades vilabelense. A proposta de pesquisa é analisar as festividades locais de uma cidade situada à extremo oeste do Estado de Mato Grosso: Vila Bela da Santíssima Trindade, cidade esta fundada para ser a primeira capital do Estado. São três festividades locais que me proponho a desenvolver: Festa do Divino Espírito Santo, Dança do Congo e Dança do Chorado. Além dessas três materialidades, tomo como corpus de análise um relato que narra a história da Dança do Chorado. A análise será embasada, teoricamente, pela Análise do discurso de linha francesa, considerando a inscrição dos dizeres (narrativa) e da significação (festividades) numa relação com a incompletude e com a formação discursiva. Essas noções serão baseadas a partir das discussões de Eni Orlandi (2002, 2002, 2006 e 2007); M. Pêcheux (1995); Solange L. Gallo (1992); Eduardo

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Guimarães (1995); Claudine Haroche (1992); Maria Onice Payer (2006); Tereza Nazar (2006); e Pierre Achard (1999). No relato sobre Chorado, pretendo pensar como que a narrativa não se esgota na ordem do “efetivamente ouvido” (PAYER; 2006, p. 28), ou seja, numa transmissão fiel da mensagem. Busco compreender na narrativa como a memória regulariza o dizer que se constitui por um acontecimento discursivo, conforme podemos observar no seguinte recorte: A Dança do Chorado foi uma estratégia usada pelas senhoras escravas no momento correto. O que coloco em questão na narrativa é a de pensar essa “oralidade” e a posição sujeito num movimento de sentidos que se constituem no enunciado. Com relação aos efeitos, questiono como a memória regulariza o dizer do morador vilabelense pela oralização da escrita para significar uma tradição local. Na sociedade vilabelense, fundada pelos portugueses em 1752, há no imaginário local de que a narrativa do Chorado é uma oralidade de uma tradição local. Conforme Orlandi (2002) compreendo que essa “oralidade” é significada pela memória da escrita. Sendo assim, não penso que seja um morador de uma comunidade local que “narra” a história do Chorado, mas é a memória da escrita que regulariza o dizer dessa narrativa. Nesse caso, formulo a seguinte questão: quais os efeitos produzidos pela memória da escrita na narrativa do Chorado? Quanto às festividades, será que os ritos da atualidade: Dança do Chorado, Dança do Congo e a Festa do Divino Espírito Santo é um “resgate” cultural do passado? Quais os sentidos produzidos pelo efeito de presentificação-simulação no processo de significação das festividades e da narrativa? Para discutir a significação das festividades que se baseia numa “tradição”, irei mobilizar as noções de efeito metafórico e silêncio fundador (ORLANDI; 2006 e 2007). Com relação ao efeito metafórico, segundo Orlandi (2006, p. 80); M. Pêcheux (1969) vai chamar efeito metafórico o fenômeno semântico produzido por uma substituição contextual, lembrando que esse “deslizamento de sentido” entre x e y é constitutivo do sentido designado por x e y. Conforme Orlandi (2006), os sentidos que se significam/constituem num objeto simbólico estão á deriva. Um mesmo objeto simbólico pode, em diferentes períodos, produzir diferentes efeitos. Tanto os ritos de “tradição” vilabelense quanto à narrativa do Chorado produzem efeitos distintos em diferentes

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épocas. Neste caso, busco compreender que efeitos são produzidos na re-significação de uma memória nas festividades vilabelense e na narrativa do Chorado.

Palavras-chaves: Memória Discursiva, Formação Discursiva, Incompletude, Efeito Metafórico, Silêncio Fundador

LÍNGUA POÉTICA: sujeito e imaginários

Autores Thalita Miranda Gonçalves Sampaio 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Campus de Cáceres)

Resumo A linguagem não se apresenta como algo plano ou com sentidos estáticos. Ela é espaço de materialização de diferentes discursos numa relação com a memória. Do conjunto heteróclito da linguagem definido por Saussure (1997), proponho-me a estudar a língua escrita, especificamente em versos de composições musicais, sendo elas <i>De Babado</i> e <i>Cem Mil-Réis</i> (1936) de Noel Rosa, <i>Joana Francesa</i> (1973) de Chico Buarque e <i>Babylon</i> (2000) de Zeca Baleiro. A música, como toda arte, está relacionada ao desestabilizado dos sentidos, pois que materializa o poético na língua. Os sentidos em funcionamento nas músicas se dão na escrita e na letra, através dos jogos fonéticos ou lexicais de deslizamentos que vão produzindo outros sentidos. Nosso recorte toma especificamente as músicas que mobilizam simultaneamente diferentes sistemas lingüísticos distintos, tomando-os nessa injunção da cadeia significante. Inscrevo assim esta comunicação na Análise do Discurso (ALMEIDA (2010), MARIANI (2007), ORLANDI (2001; 2005), PAYER (2006) e PÊCHEUX (1990), uma vez que busco compreender como se dão os gestos de interpretação e os efeitos de sentidos presentes na materialidade discursiva recortada. A música materializa o poético da língua e na possibilidade do deslizamento, da metáfora, do jogo entre as palavras e seus fonemas, produz/desloca sentidos, numa relação com o desestabilizado da memória discursiva. Tomo a noção de metáfora como deslizamento de sentidos que se dá no jogo de

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substituição de uma palavra por outra. Os sentidos se produzem assim nas relações imaginárias entre os interlocutores, aquele que é intérprete e aquele que ouve, uma vez que, no discurso localiza-se as marcas daquele que o produz, de modo que ao enunciar, o sujeito constitui-se no seu dizer determinado por uma exterioridade, pelo lugar do Outro. Esta análise toma assim diferentes momentos da história da Música Popular Brasileira, buscando compreender de que modo os sistemas linguísticos distintos produzem sentidos em sua simultaneidade do uso no verso, tendo as condições de produção como determinantes do jogo imaginário produzido entre os locutores na sua relação com a memória. Palavras-chaves: memória, poético, metáfora, música, efeitos de sentido EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA: sentidos e conflitos que se entrecruzam nas práticas discursivas das Esferas Pública e Acadêmica

Autores Sueli Correia Lemes Valezi 1,2,3

Instituição 1 IFMT-Campus Cuiabá - Instituto Federal de Educação, Ciencia e Tecnologia de MT (Av. Zulmira Canavarros, 91 Cuiabá-MT), 2 UEL - Universidade Estadual de Londrina (Av. Celso Garcia Cid), 3 CAPES - CAPES (Brasília-DF)

Resumo Este trabalho de Análise do Discurso tem o objetivo de construir um painel de sentidos que circulam em algumas práticas discursivas de duas esferas de atividade: a oficial, representada pelo Ministério da Educação; e a acadêmica, representada por uma Instituição Pública de Ensino. O presente estudo tem a finalidade de perscrutar como os sujeitos estão significando a Educação Profissional Tecnológica no Brasil na atualidade. Os objetos textuais selecionados para a análise são o documento “Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional de Nível Tecnológico” e as falas que entrecruzam discursos do contexto acadêmico tecnológico da instituição escolar. Os excertos analisados foram coletados de respostas a questionários aplicados com professores de dois grupos:

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informática e língua portuguesa. Os conceitos selecionados para a leitura dos dados foram os de sujeito, formação discursiva, interdiscurso, heterogeneidade constitutiva do discurso, abordados em especial por Brandão (1997), Maingueneau (1997), Charaudeau & Maingueneau (2004), Foucault (2004) e Authier-Revuz (1990). Para a análise do gênero de texto “diretrizes”, foram utilizados alguns aportes teórico-metodológicos dos estudos do grupo de Machado et all (2009) e de Bronckart (1999). O foco desta apresentação gira em torno das vozes evidenciadas nas práticas discursivas que emergem dos textos que compõem o conjunto de dados da pesquisa. As análises discursivas desvelaram a existência de um sujeito que, imerso em um complexo entrelaçamento de diferentes formações discursivas, mostra-se descentrado e fragmentado, características decorrentes de um mundo pós-moderno, em constante renovação. Além disso, os sentidos produzidos pelas análises dos textos constataram a atualização do discurso hegemônico capitalista nas práticas discursivas dos sujeitos que significam a educação profissional tecnológica no país, reforçando sentidos em torno da concepção dicotômica da educação formal no Brasil ao categorizarem “trabalho manual” e “trabalho intelectual” e a dividirem a sociedade trabalhadora em “elites condutoras do país” de um lado e “operários do fazer manual” de outro. Palavras-chaves: Análise do Discurso, Formação Discursiva, Interdiscurso, Educação Profissional Tecnológica UMA CENOGRAFIA DA PROSTITUIÇÃO: análise discursiva de uma tese apresentada à Faculdade de Medicina em 1909

Autores Elizete de Souza Bernardes 1, Marcos Lúcio de Sousa Góis 1

Instituição 1 UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados (Rodovia Dourados-Itahum, Km 12. CEP: 79.825-070)

Resumo <b>Neste trabalho, inscrito nos domínios da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, propomos a análise de um texto intitulado <i>“A influencia da prostituição na sociedade actual”</i> (SANTOS,

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1909), apresentado à Faculdade de Medicina da Bahia no início do século XX. Para tanto, mobilizamos Dominique Maingueneau (2006), Boaventura de Sousa Santos e Michel Foucault. Nosso artigo é fruto de algumas reflexões iniciadas em pesquisa, em nível de Mestrado, que se propõe a analisar as relações de <i>poder</i> e <i>saber</i> acerca da temática “prostituição”. Para tanto, partimos do pressuposto de que para a AD a produção de sentidos do texto não é uma etiqueta do real, e sim o produto da história, entendida como o resultado da luta empreendida pelos diversos grupos sociais para impor seus valores. Sendo assim, os sentidos no texto são construídos <i>a posteriori</i>, adquirindo efeitos de sentidos a partir de uma conjuntura sócio-histórica e de posições ocupadas pelo sujeito. Considerando, portanto, que a AD é uma disciplina que faz “ranger” os conceitos das ciências com as quais interage, sustentaremos nossas leituras discursivas em torno das discussões de cunho social-político-econômico desenvolvidas por Boaventura de Sousa Santos, sociólogo lusitano que nos instiga a refletir sobre o denominado “pensamento abissal” e, de modo semelhante, Foucault, que nos permite sustentar que os discursos que circulam em sociedade não são espontâneos; são regulados, ordenados, policiados, silenciados. Em nossa pesquisa, partimos da hipótese de que os silenciamentos no e do dizer, com base nos trabalhos de Santos (2002; 2003; 2006; 2008), estão ligados a certa lógica ocidental que estabelece o “ponto de vista”, a pelo menos 150 anos, a partir da <i>monocultura do saber</i>. A essa, para nossa leitura discursiva, somam-se as reflexões acerca do <i>poder/saber</i> de Foucault (1999; 2002; 2003) a fim de construirmos a cenografia médica a partir da qual o discurso do texto de 1909 se sustenta. Com efeito, conforme esclarece Dominique Maingueneau (2006, p. 114), “a cenografia é, ao mesmo tempo, origem e produto do discurso; ela legitima um enunciado que, retroativamente, deve legitimá-la e estabelecer que essa cenografia de onde se origina a palavra é precisamente a cenografia requerida” (grifos originais) para validar e instituir o próprio discurso que se desenrola, progressivamente.</b> Palavras-chaves: Análise do Discurso, Prostituição, Cenografia, Figuras feminas

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SENTENÇA JUDICIAL - POSSIBILIDADES SENSÍVEIS

Autores Lucelia Leite da Silva 1

Instituição 1 UNEMAT - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO (CEPEL - Cidade Universitaria, Caceres/MT)

Resumo O presente trabalho tem como escopo entender a repercussão dos textos judiciais e suas conseqüências sociais, aí incluído como objeto de estudo, como primeiro paciente o pró-prio autor. Recortei para começar meus estudos uma curiosidade sobre a comunicabilidade dos atos judiciais. E como o ato mais importante em um processo é a sentença, acreditei que pre-cisava começar meus exames por ela, uma vez que todo o processo caminha para esse provi-mento final. Sentença aqui compreendida a acepção jurídica do termo, ato que põe fim ao processo, dizendo de quem é o melhor direito. O que me move em propor este trabalho é saber como os juízes sentem esse momento e como discursam suas decisões. Como vivenciam o sacro oficio de decidir sobre um bem da vida, seja identidade, liberdade, privacidade, integridades, propriedades (material ou imate-rial),e tantos outros. Como acolhem o fardo de dizer o direito a A e B e ditar suas conseqüên-cias? E como o fazem? A quem direcionam os seus textos? As ferramentas que utilizam na suas redações estão muito além da forma, dos códigos ou dos léxicos. Se escrevem, precisam antes de tudo de um vocabulário. Estaria aí uma dificuldade? Que palavras usam para dizer o direito às partes, sendo elas pessoas comuns do povo? Ou ainda, precisam se fazer entender por essas pessoas diretamente, ou não? Quais as implicações de ambas as formas? Quais as consequências? São essas consequências desejadas pelos autores-juízes? Do ponto de vista da sociedade, é desejável? Por quem são desejadas? O que especificamente é comunicado às partes que recebem uma sentença decisória – contra-pondo-se à sentença homologatória- e a quem mais? Enfim: qual é a percepção do sujeito sobre seu próprio discurso? Quais são as evidências, nos textos, de que o autor - ou juiz, tem total conhecimento dessas

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implicações? Quais são as evidências de que o prolator de uma sentença judicial tem domínio do drama humano sobre o qual discursa? Sendo as partes que pedem uma sentença, pessoas comum do povo, no maior número de casos, explicitar as razões pelas quais um magistrado redige uma decisão levando em consideração de forma mais acentuada, seus próprios pares, os advogados, e os tribunais re-cursais. Sentenças há em que mesmo os advogados mais estudiosos têm dificuldades para entendê-las. É um fato. O que deseja seu redator? Que resposta dá às partes e à sociedade quando o faz? Que outras opções teria? Quais as possíveis consequências dessas outras opções para todos os destinatários da decisão? São essas questões que espera começar a elucidar com o desenvolvimento do projeto, que ora entende pertencer a área da Análise do Discurso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Temas de Filosofia do Direito. Novos Cenários, velhas questões./Organizadores: Eduardo Car4los Bianca Bittar e Fabiana de Menezes Soares. – Barueri – SP: Manole, 2004. - LORENZETIT, Ricardo Luis. Teoria da Decisão Judicial: Fundamentos de Direi-to/Ricardo Luis Lorenzetti; Bruno Miragem, tradução; Claudia lima Marquês, notas – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. - PRADO, Lídia Reis de Almeida. O juiz e a emoção: aspectos da lógica da decisão judicial. 4. ed. Campinas: Millennium Editora, 2008. 211p Por José Renato Nalini * - GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e Poder/ Maurizio Gnerre – 4 ed.- São Pau-lo: Martins Fontes, 1998. - Problemas de Linguistica Geral I : tradução de Maria da Gloria Novak e Maria Lui-sa Neri; revisão do Prof. Isac Nicolau Salum – 4 ed. – Campinas, SP : Pontes, 1995. Editora da Universidade Estadual de Campinas, (Linguagem critica). - CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo, Editora Atica, 2003.

Palavras-chaves: sentença, judicial, consequencias, destinatarios

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O LUGAR DO PODER E DA RESISTÊNCIA: Discurso, Imagem, Memória

Autores Marcos Lúcio de Sousa Gois 1

Instituição 1 UFGD - UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS (Rua João Rosa Goes N 1761, Vila Progresso, Cx.P.: 322 CEP-79825-070 Dourados-MS)

Resumo Esta proposta nasceu de questionamento surgido durante o <i>I Ateliê de Estudos de Discurso</i>, realizado em 2011 pelo Programa Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (MeEL- UFMT), quando este autor apresentou um texto tratando da relação entre “Análise do Discurso” e “Estudos Pós-coloniais”. Em síntese, a provocação feita foi aproximadamente esta: quando se lê <i>A Primeira Missa</i>, de Victor Meireles (1860), é possível ver nela índices de resistência ao discurso dominante? Considerando que o poder se apresenta no discurso, sendo este “o poder do qual nos queremos apoderar”, conforme sustentou Michel Foucault em <i>A Ordem do Discurso</i> (2002), então, esta comunicação quer contribuir com uma resposta a essa questão. Para tanto, pretende-se, a partir da leitura de algumas imagens sobre o Brasil, dentre as quais também se destaca <i>Independência ou Morte</i>, de Pedro Américo (1888), tentar mostrar como se dá o embate entre “poder” e “resistência” na construção de dizeres em relação a esse país. Vale lembrar que a Foucault, sobretudo, deve-se a problematização em torno do poder não mais como um lugar fixo a alcançar, posição defendida, dentre outros, por Thomas Hobbes em <i>Leviatã</i>, ou a combater, a exemplo do marxismo, mas o pulverizado em todas as esferas das relações humanas. Por isso, a hipótese de trabalho é se algumas das “imagens” que serão investigadas, retiradas de diversos suportes, podem ser aceitas como enunciados que contribuíram para a construção de identidades e se ainda contribuem, ou seja, se produzem ecos e ressonâncias. E se elas manifestam uma hierarquia na forma como se representam certos acontecimentos e personagens históricos. Escolheu-se, a título de delimitação, o tema “Descobrimento” e “Independência” do Brasil

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por estarem presentes, de modo intenso, em nossas memórias. Deseja-se que esta discussão, sem pretensões de ser conclusiva, leve a outras e contribua para uma melhor compreensão do discurso do “ser brasileiro”. Palavras-chaves: Discurso, Imagem, Memória, Poder, Resistência

A PALAVRA IDEOLÓGICA COMO ARENA DE LUTA SIMBÓLICA: imagens sociais de língua (portuguesa) e objeto de ensino escolar

Autores

Jefferson Ferreira (Unicamp/ Seduc-MT/ UFMT/ SEDEF)

Lezinete Regina Lemes (Unicamp/ Seduc-MT/ UFMT/

SEDEF)

Shirlei Neves dos Santos (Unicamp/ Seduc-MT/ UFMT/

SEDEF)

Osvaldo Pereira Souza (Unicamp/ Seduc-MT/ UFMT/

SEDEF

Resumo Neste artigo, nosso objetivo é refletir sobre os conceitos de ideologia e signo ideológico na perspectiva do Círculo de Bakhtin, tomando como referências principais as discussões empreendidas pelos membros desse Círculo em Bakhtin/Medvedev (1991[1928]) e em Bakhtin/Volochinov (2004[1929]). Nessas obras, pudemos perseguir o conceito sendo explicitado como valores sócio-históricos, materializados na linguagem. O termo correto mesmo seria ideologias no plural uma vez que, para os autores russos, as especificidades do lugar sócio-histórico dão contornos às formas ideológicas. As ideologias sobrevivem apenas nas interações sociais mediadas simbolicamente e a palavra receberá um índice de valor ou outro a depender das situações e dos lugares sociais assumidos pelos sujeitos da interação. Os autores apresentam a palavra como o signo ideológico (ideologema) por excelência e um dos principais produtos e processos da ideologia. Estudar as ideologias é estudar as linguagens na sua multiplicidade, ou seja, é nelas que se compreendem os embates ideológicos. Nesses embates, a palavra é

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a arena de luta porque, nela, os sujeitos apresentam seus interesses, sua concepção de mundo, sua apreciação valorativa para sua realidade social. Essa orientação permite-nos interligar ideologia também com a noção de compreensão responsiva. Cada atitude responsiva do sujeito pode ser compreendida como uma expressão ideológica, uma reação valorativa endereçada a outro (s) ou em confronto com pontos de vista ideológico-valorativos de outros situados em lugares sociais diferentes. Trata-se, assim, de uma tomada de posição construída nas relações estabelecidas pelo sujeito em seu ambiente de vivência ou grupo social determinado. A fim de ilustrarmos o funcionamento desses conceitos, traremos para análise uma discussão tensa em torno do ensino da norma culta e da variação linguística, instaurada no espaço social da mídia impressa e televisiva brasileira, tendo como pivô uma proposta didática que contempla uma variação popular da língua contida em um livro didático de Língua Portuguesa, direcionado para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). As discussões fizeram emergir a imagem de língua (portuguesa) construída pelos mais diferentes discursos que circulam socialmente e esse embate de luta dá-se justamente no uso da palavra “ignorância” que ambos os discursos se servem para desqualificar a postura do outro em relação à noção de língua e de seu ensino-aprendizagem em espaço escolar. Pretendemos mostrar como os sentidos de um mesmo termo oscila quando é assumido por um e outro discurso em um ou outro lugar.

Palavras-chaves: ideologia, ideologema, língua (portuguesa), objeto de ensino

MEMÓRIA: a arquitetura como espaço de leitura

Autores Ana Luiza Artiaga R.da Motta 1,1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Av. São João s/n)

Resumo Este trabalho, sobre a questão da memória, toma corporeidade no subprojeto “Práticas de leitura como constituição da memória” no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

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PIBID/UNEMAT/CAPES. Nesta escrita, o propósito será discutir pela teoria da Análise de Discurso francesa de M. Pêcheux, Eni Orlandi entre outros, a memória sócio-histórica, o arquitetônico, na cidade de Cáceres-MT. Para tanto, tomamos como lugar de análises a imagem do arquitetônico, da escola Estadual “Esperidião Marques” enquanto memória que evoca múltiplas leituras, no social. Dessa forma, olhar a arquitetura de uma escola denominada “grupo escolar”, em 1912, remete a ideia política de nação, de brasilidade, de cidadania, de uma política de Estado no processo de expansão das escolas no Brasil. Há sítios de significância que recorta a arquitetura em face a cidade bicentenária de Cáceres e a memória que a escola institucionaliza no poder local. Assim, dizer sobre a escola tem a ver com a territorialização, a cidade de Cáceres em Mato Grosso, com a coletividade. Para tanto, nesta reflexão, o gesto do olhar torna-se demorado e silencioso. O silêncio é constitutivo da interpretação (ORLANDI, 1997). Dessa forma, não queremos olhar a escola em separado da cidade, mas pensar, sobretudo, na relação desse espaço institucional com a cidade. A representação simbólica, arquitetônica, de uma determinada escola construída há cem anos, no chão de Mato Grosso, já nos inscreve em uma posição de questionamentos, de sentidos transversos que historicizam o poder local, em relação ao nacional. Assim, dizer sobre a arquitetura como espaço de memória permite dizer que a compreendemos não no nível do linguístico, mas da memória discursiva que a atravessa e a significa. Nesse sentido, há uma interlocução significativa entre o projeto arquitetônico e a cidade. Daí, a necessidade da regularidade jurídica da Lei que a institui como Patrimônio tombado. Há um percurso de vida, de sujeito que historiciza, atravessa e da corporeidade a ambiência escolar, que se significa a partir desse espaço arquitetônico. Nessa ambiência, a confluência urbana tem expectativas de mudanças pelo saber, pelo conhecimento, pelo fato de tornar-se sujeito escolarizado. Nesse sentido, a presença da escola faz emergir um imaginário outro no processo de cidadania, do direito e deveres que particulariza o sujeito em uma região fronteiriça em 1912. Ou seja, qual a significância política de uma instituição como o Grupo Escolar Esperidião Marques na cidade, a começar em 1912? Que memória discursivisa a escola com a sociedade do/no século XXI?

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Palavras-chaves: memoria, cidade, escola, arquitetura, sujeito. SOBRE A NEG/AÇÃO NO INTERIOR DO DISCURSO CARTONERO COMO UMA OPÇÃO ALTERNATIVA PARA O ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA

Autores Flavia Krauss de Vilhena 1

Instituição 1 Unemat - Universidade do Estado de Mato Grosso (Rodovia 358, Tangará da Serra, MT)

Resumo Entendendo juntamente com Rajagopalan (2003, p. 69) que a aprendizagem de uma língua estrangeira seja um trabalho de redefinição de identidades, em nossa reflexão focalizamos como objeto de estudo uma alternativa que se propõe a configurar-se contra o discurso hegemônico, a saber: o discurso cartonero. Assim, nos propomos a mapear discursivamente estes coletivos, tentando auscultar o modo como integram um movimento de resistência e neg/ação a partir da [e na própria] língua espanhola. Objetivamos oferecer visibilidade a uma possibilidade já em andamento: analisamos o discurso cartonero, pretendendo oferecer certo suporte teórico a uma alternativa prática existente. Por outra parte, e inclusive para que possamos lançar um olhar crítico para nossos próprios dados, também procuraremos comparar o que é dito com o que é feito. Assim sendo, nos esforçaremos por interpretar a proposta cartonera a partir de uma dupla entrada: primeiramente, analisar o discurso cartonero como um acontecimento discursivo; paralelamente, trataremos de cotejar o dito e o feito por esta mesma proposta. Nos justificamos: por entendermos que a teoria seja um local privilegiado para o embate político, percebemos este trabalho como um fortalecedor teórico da proposta cartonera, que aqui defendemos como material de leitura legítimo no interior da prática de ensino da língua espanhola que se consolida na escola pública de Tangará da Serra, por sermos uma região considerada fronteiriça com a Bolívia. Ao mesmo tempo, procuramos apresentar uma resposta prática à demanda identificada no Foro Iberoamericano sobre Bibliodiversidad, que aconteceu no interior do Otoño Cultural de Huelva e do III Salón del Libro de Huelva, sobre

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a necessidade de medidas que se proponham a compensar o desequilíbrio que existe no intercâmbio de livros entre América Latina e Espanha, que se dá em uma proporção de um por cinqüenta, facilitando mecanismos que incrementem a circulação de livros locais nesta zona (que é extremamente escassa, ainda que apresentemos grande proximidade histórico-geográfica). Pretendemos, deste modo, alavancar um ensino de língua espanhola que não esteja sob o jugo das editoras espanholas e que tampouco se baseie nos binarismos da lógica moderna hegemônica, que separa um ideal de língua de seu real, supervalorizando o primeiro em detrimento do segundo, já que, historicamente este esquema de cognição tem possibilitado in/certo silenciamento histórico. Porque também defendemos que as hierarquias devam ser ret[rab]alhadas no ambiente escolar, e também em todo currículum, seja explícito ou oculto, objetivamos pensar uma práxis que não dissocie a leitura do mundo da leitura da palavra, como nos ensinam Freire e Macedo (1994), o trabalho manual do intelectual, o trabalho lingüístico-literário do artesanal, a teoria da prática. Por tudo o que foi aqui exposto, apresentamos esta análise como uma interpretação [que inclui os níveis opacos, como pretende a Análise do Discurso de vertente francesa] de uma alternativa que se propõe como emancipatória, uma proposta artística que em nosso ponto de vista poderia possibilitar a captura dos alunos em redes de significâncias diferentes daquelas em que já participam. Isto fazemos porque, em nossa perspectiva, a produção cartonera se apresenta como propícia a um trabalho com a língua e cultura espanhola que se esforce por superar os estereótipos e preconceitos que muitas vezes oferecem os pilares ao seu processo de didatização e favoreça a constituição de uma subjetividade diferente daquela almejada pelos materiais didáticos que se inserem em uma filiação ligada à certa língua de madeira que, em última instância, visa impingir-nos uma cosmovisão para a qual [supostamente] não existiriam alternativas, impossibilitando, assim, a escritura e a sustentação de distintos discursos heterodoxos. Palavras-chaves: cartoneras latinoamericanas, análise do discurso, língua espanhola

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A PLENITUDE DO "ENVIO" E O VAZIO DA "FALTA": Missão Salesiana entre os Índios do alto rio Negro/AM

Autores Judite Gonçalves de Albuquerque 1

Instituição 1 UNEMAT - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO (AV. SÃO JOÃO S/N CAVALHADA)

Resumo Esta pesquisa analisa aspectos do projeto de civilização do governo brasileiro entre índios do Rio Negro/AM, tomando como referência os processos de educação escolar desenvolvidos pelos missionários salesianos na região, nos últimos cem anos, na tentativa de formar o sujeito cidadão brasileiro cristão; as ações pedagógicas desenvolvidas na região pelos missionários têm conexões muito claras com os objetivos e políticas do Estado brasileiro, naquele momento, como se pode constatar, analisando os objetivos da Missão. Ao desembarcar no Rio Negro/AM, os salesianos “sabem” com clareza, o que devem fazer, mesmo antes de ter contato com os povos indígenas da região: ensinar “uma língua”, a portuguesa; converter a população para uma “única religião”, a católica; introduzir os mesmos costumes, isto é, os seus próprios costumes europeus e cristãos; ensinar o culto à “bandeira” do Brasil, em resumo,formar o cidadão. Esta pesquisa analisa a discursividade do Estado Nacional e dos missionários salesianos, os sentidos da Missão, as formas como os Salesianos se vêem nesse trabalho, e como vêem os índio; os sentidos de educação para os missionários salesianos, sentidos derivados dos conceitos de civilização e cultura que serviram de bússola para as ações educativas desenvolvidas no Rio Negro/AM. Este estudo toma a Análise de Discurso como base teórica e mobiliza, de modo particular, a categoria de pré-constuído, isto é, do não-dito, mas de alguma forma, inscrito no interior do discurso, dando-lhe sustentação: a presença de um não-dito atravessa o dito sem fronteira observável (MAZIÈRE, F. e COLLINOT, A., 1994:197, nota nº4). Não sendo possível analisar os discursos como textos, em sua superfície linguística, fechada sobre si mesma, “é necessário referi-los ao conjunto dos discursos possíveis” (PÊCHEUX, AAD, 1990:79), o que permite ao analista perceber os sentidos estabilizados que estão funcionando e como

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eles subsistem produzindo efeitos. São estes efeitos de pré-construído que tento analisar, rastreando a farta documentação que os salesianos têm a respeito dos seus trabalhos no Amazonas. Palavras-chaves: Análise de discurso, Educação, Civilização ANÁLISE DISCURSIVA DAS REPRESENTAÇÕES DE PROFESSORES DE INGLÊS DE ESCOLA PÚBLICA DE MATO GROSSO SOBRE OS DOCUMENTOS OFICIAIS OCNEM E OCEB – MT

Autores Ana Raquel Diamante 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Correa)

Resumo Esta comunicação visa apresentar o projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido no Programa de Mestrado em Estudos de Linguagem com o título: “Documentos Oficiais OCNEM e OCEB – MT (Orientações Curriculares para a Educação Básica do Estado de Mato Grosso): Representações Discursivas de Professores de Inglês de Escola Pública de Mato Grosso”. O estudo tem como objetivo investigar as representações discursivas de professores de língua inglesa (LI) acerca dos documentos oficiais (OCNEM / OCEB/MT). O foco da pesquisa está na formação critica do professor de línguas, sob o arcabouço teórico a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989; 2003). A metodologia é de base etnográfica, pois, a coleta de dados é feita pela pesquisadora na escola, e para a análise de dados serão utilizadas entrevistas e aplicação de questionários. Os dados revelarão quais as representações dos professores acerca dos documentos OCNEM e OCEB-MT, e se esses documentos oficiais contribuem ou não para um melhor desempenho por parte do professor em sala de aula, uma vez que este documento visa à uniformização da pratica pedagógica nas escolas da rede estadual. É essencial transpor as barreiras teóricas para tornar esses documentos oficias em ferramentas eficazes na prática pedagógica dos professores de língua estrangeira (LE), pois, nos dias atuais faz-se necessário uma abordagem diferente no ensino de (LE), dado a necessidade de comunicar-se efetivamente na língua alvo. A partir do resultado desta pesquisa, será possível fazer uma avaliação

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sobre a influência dessas, enquanto norteadores da prática dos professores de Língua Inglesa e indicar possíveis caminhos a serem seguidos no sentido de tornar essa leitura e a utilização mais significativas. E embora, tenham se passado aproximadamente, seis anos da publicação dos documentos nacionais (OCNEM), recentemente foram disponibilizados no site da SEDUC - (Secretaria do Estado de Mato Grosso) para os professores da rede estadual de ensino as Orientações Curriculares de LE de Mato Grosso, é pertinente analisar o impacto desses, no ensino de Língua Inglesa em escolas da rede estadual de ensino, por ter conhecimento que há poucas pesquisas sobre tais documentos daí a relevância desta pesquisa. Palavras-chaves: Análise Crítica do Discurso, documentos oficiais, formação critica , professores de língua

"PCN FÁCEIS DE APRENDER": o discurso da revista Escola em torno do ensino do inglês.

Autores Márcia de Moura Gonçalves 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Correa da Costa s/n Coxipó Cuiabá MT)

Resumo Neste trabalho proponho examinar a linguagem da reportagem PCN fáceis de entender, publicada na revista Escola em edição especial de 2003, com base na Análise de Discurso Crítica e nas contribuições teórico-metodológicas de Norman Fairclough. Concebendo o discurso como texto, prática discursiva e prática social, a análise focaliza o modo pelo qual os títulos, a escolha vocabular, o emprego da modalidade, a argumentação e o estilo tecidos no espaço textual significam o inglês e as identidades docentes emanadas pelo discurso. Relacionando texto e contexto sócio-histórico em que foram produzidos, a interpretação considera forma e significado procurando entender como a prática discursiva incorpora ideologias e estabelece relações de poder. No texto, pode-se observar todo

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um processo de construção do sentido do inglês: primeiramente, na seção ‘Bem-vindos à era da informação’ a revista dialoga com o leitor levantando a questão de que cabe a ele, professor, levar o seu aluno a enxergar a utilidade prática de aprender inglês; em seguida, com o uso da voz passiva, em mas deve ser ressaltado que, diferentemente de décadas anteriores, conhecer um novo idioma significa nos dias de hoje um passaporte para o ingresso na sociedade da informação, está implícito que quem deve ressaltar tal concepção de língua é o professor. A mensagem para os professores é: adote uma prática de ensino que possa oferecer aos alunos o que eles precisam. Assim, pelo seu discurso a identidade constituída do professor é a de sujeito mediador entre o discurso hegemônico do inglês e o aluno. A língua estrangeira é construída como uma mercadoria, um bem do qual ele necessita para seu sucesso no mercado de trabalho. A análise indica que os significados mobilizados no discurso de Escola representam o inglês como língua hegemônica, internacional e seu aprendizado como sendo essencial de acordo com o discurso da empregabilidade. Como contribuição, este estudo joga luz sobre a influência que os meios de comunicação de massa podem exercer na (re)constituição da realidade social, seja ela a do ensino e da aprendizagem do inglês e na (re)construção de identidades sociais de acordo com seus próprios interesses. Nesse sentido, pretende-se contribuir, também, para discussão de uma formação docente por meio da qual professores de inglês possam tornar-se mais críticos dos discursos a que são submetidos.

Palavras-chaves: Análise de Discurso Crítica, Identidade Docente, Ensino de Inglês

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ESTEREÓTIPO E ESPAÇO NACIONAL: uma análise no campo da moda

Autores Ana Carolina Vilela-Ardenghi 1,2

Instituição 1 Unicamp - Universdidade Estadual de Campinas (Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571 CEP 13083-859 - Campinas - SP - Brasil ), 2 UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Avenida Senador Filinto Müller, 1 - Universidade Federal Campo Grande - MS)

Resumo Na década de 1960, inicia-se no Brasil uma reflexão acerca do que seria uma moda genuinamente nacional. Alceu Penna, por exemplo, na antiga revista Cruzeiro, questiona a preferência pelo bordado inglês em face do cearense. A discussão acerca do que torna a moda feita aqui realmente representativa de uma identidade nacional vai ganhando espaço na mídia em geral – saindo dos espaços até então reservados a esses debates (tais como revistas especializadas). No início dos anos 2000, a moda nacional voltou-se para elementos bastante ligados ao espaço nacional, em especial elementos de nossa fauna e flora, que, supostamente, representariam uma “essência” do Brasil. Neste trabalho, a partir do aparato teórico-metodológico da Análise de Discurso de linha francesa, nosso objetivo é analisar os sentidos de uma moda “genuinamente” brasileira considerando os deslocamentos operados a partir de um certo estereótipo de um espaço nacional. Na esteira de Lippman (apud AMOSSY & PIERROT, 2005), para quem os estereótipos “são indispensáveis para a vida em sociedade”, sem os quais “o indivíduo estaria perdido no fluxo e refluxo da sensação pura; lhe seria impossível compreender o real, categorizá-lo e atuar sobre ele” (p. 32), defenderemos aqui que o estabelecimento de uma moda “típica” do Brasil encontra-se fortemente associado a imagens estereotipadas de um espaço nacional igualmente estereotípico. Entretanto, essas imagens cristalizadas (estereótipos) são frequentemente um ponto de partida a partir do qual se operam deslocamentos que, por seu turno, deixam “rastros” no fio do discurso. Nesse sentido, intentamos discutir no presente trabalho como, no campo da moda, os traços de uma identidade nacional

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“genuinamente” brasileira fornecem o ponto de partida para a legitimação de outros traços constitutivos do que chamamos um “espaço nacional”. Para tanto, nosso corpus constitui-se de matérias, editoriais, entrevistas, comentários e debates acerca das duas últimas edições das mais importantes semanas de moda brasileiras, a saber: o Rio Fashion Week e o São Paulo Fashion Week. Além disso, será preciso olhar também para as roupas levadas às passarelas. Palavras-chaves: espaço nacional, estereótipo, unidades não tópicas inglesa, representações discursivas ACESSIBILIDADE: um espaço de acontecimentos

Autores Vera Regina Martins e Silva 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Rua São João s/n)

Resumo Este trabalho, que se inscreve na Análise de Discurso, filiada a Michel Pêcheux (França) e Eni Orlandi (Brasil), apresenta reflexões sobre a acessibilidade, enquanto materialidade que constitui o ir e vir dos sujeitos no espaço urbano, em tempos de competições mundiais. A questão das possibilidades de acesso constitui "a bandeira de luta" das pessoas com deficiência como um direito fundador de cidadania. Da Emenda Constitucional nº 12, de 17 de outubro 1978, que referia somente o acesso aos edifícios e logradouros até a legislação atual, que se propõe a garantir o acesso a todos, até 2014, durante a Copa Mundial de Futebol e 2016, nas Olimpíadas e Paraolimpíadas, tem-se um deslizamento dos sentidos do que seja ter acesso a. O processo de discursivização de Acessibilidade não se restringe mais apenas aos aspectos arquitetônicos e/ou urbanísticos, mas refere a facilidade ou dificuldade de TODAS as pessoas em terem acesso a TUDO que a cidade pode oferecer. Ir e vir, não significa simplesmente locomoção, deslocamento, mas um apropriar-se da cidade enquanto espaço simbólico significante (Orlandi, 2001) constitutivo dos processos de identificação/subjetivação. O lugar de enunciação antes interditado começa a ser tomado e toma como mote o

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enunciado “Nada sobre Nós sem Nós”, expressão difundida internacionalmente. Nunca o sujeito deficiente esteve tão "visível" como agora, em tempo algum se falou tanto em seus direitos, se textualizou tanto "sua cidadania". Estamos, nós, também em ritmo de acompanhar e dar visibilidade à trajetória das práticas discursivas sobre acessibilidade que, ao terem seus rituais de enunciação interrompidos pela mudança das condições de produção (Zoppi-Fontana, 1997), configuram o acontecimento discursivo. Ou seja, a dimensão dessas competições fazem emergir novas posições enunciativas, reconfigurando o discurso da acessibilidade. O entrecruzamento dos diversos enunciados, nesse clima de competições mundiais, reorganiza as práticas discursivas, produzindo sentidos outros em relação à acessibilidade, como direito fundamental de todos. Palavras-chaves: Acessibilidade, Análise do Discurso, Pessoa com Deficiência ÁREA TEMÁTICA 8- COGNIÇÃO DA PRESSINTAXE À GRAMÁTICA, PASSANDO PELA DÊIXIS

Autores Maria Jussara Abraçado de Almeida 1

Instituição 1 UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (AV. RIO BRANCO, S/N, CAPUS DO GRAGOATÁ, BLOCO C, CENTRO NITERÓI RJ.)

Resumo O fenômeno da dêixis tem merecido pouca atenção dos estudos linguísticos. Não é de se estranhar que assim seja, uma vez que a noção de dêixis está atrelada à própria noção de língua e admitir a existência da dêixis significa romper com as noções de sistema linguístico abstrato ou de universo discursivo, ambos desvinculados do mundo ambiental, conforme se postula. Embora grande parte dos estudos contemporâneos considere importantes o papel do usuário da língua e a influência dos aspectos pragmáticos que envolvem os enunciados linguísticos, observa-se haver ainda uma tendência a se desconsiderar o contexto situacional ou o mundo

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ambiental, no que concerne ao uso da língua. Ancorados em um constructo teórico, o denominado “universo discursivo”, alguns estudiosos fazem referência a objetos do discurso e a contextos discursivos que se encontrariam no âmbito do universo postulado. E, por considerem que os atos comunicativos se desenvolvem também no âmbito desse universo, ignoram a possibilidade de referência ao mundo ambiental (ou exterior) e, por conseguinte, ignoram também a dêixis. Sob esse ponto de vista, os atos linguísticos se dariam sempre numa espécie de universo paralelo desvinculado do mundo ambiental. Tal noção de universo discursivo, no que se refere à questão que se pretende tratar, não parece estar tão distante da noção muito difundida de sistema linguístico abstrato e autônomo que pressupõe a subtração, da análise linguística, de todos os fatores ligados à realização da língua. A principal diferença entre as duas noções está no fato de que, na postulação do universo discursivo, são levadas em consideração a realização linguística e a influência do contexto nos atos comunicativos; ficando claro, entretanto, que uma coisa e outra fazem parte do universo discursivo mencionado. Assim sendo, o mundo ambiental fica completamente à parte, sem que seja explicado como é possível vivermos e convivermos em um mundo real e nos comunicarmos exclusivamente no âmbito de um universo discursivo. Com o respaldo de estudos sobre a linguagem humana de base evolucionista e também de estudos de cunho cognitivista (Armstrong, Strokoe & Wilcox 1995; Edelman 1987, 1988, 1989, 1992; Kendon 1991; Goldberg 1995), entende-se ser a dêixis um elo entre o mundo ambiental e a gramática de uma língua. Assim sendo, tomando como base tais estudos e o pressuposto funcionalista de que a pragmática é o berço da sintaxe (Sankoff; Brown 1976; Givón 1979), tem-se como proposta discutir a demarcação entre o “real” e o “linguístico” ou entre o mundo ambiental e a gramática e apresentar evidências de que a dêixis constitui o elo entre o real, o discursivo e o gramatical. Em outras palavras, considera-se que, sendo a pragmática o berço da sintaxe, conforme demonstram diversos estudos sobre gramaticalização, os recursos formais existentes nas línguas naturais para indicar o marco de referência (quando este não coincide com o EU/TU-AQUI-AGORA da enunciação) seriam resultantes da gramaticalização de

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recursos pragmático-discursivos, observando-se, então, um contínuo entre dêixis e referenciação e, conjuntamente, entre o real, o discursivo e o gramatical.

Palavras-chaves: COGNIÇÃO, DÊIXIS, REFERÊNCIA, PRESSINTAXE, GRAMÁTICA

ÁREA TEMÁTICA 9- LINGUÍSTICA APLICADA EM PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA MERK MAL: Uma Ferramenta On-line Automatizada para o Desenvolvimento da Competência Linguistico-Gramatica

Autores Christopher Shulby 1

Instituição 1 UNESP - Universidade Estadual de Sao Paulo Sao Jose do Rio Preto (Rua Cristóvão Colombo, 2265 - Jardim Nazareth, São José do Rio Preto - SP)

Resumo <b>Resumo</b><p>Merk mal é uma ferramenta on-line interativa de aprendizagem desenvolvida para aumentar a consciência do aluno quanto às formas gramaticais alvo em contexto e diagnosticar erros de gramática de aprendizes de nível intermediário. O design da ferramenta online permite que o instrutor facilmente converta textos autênticos na língua estrangeira em exercícios interativos online. Em sua fase de desenvolvimento, Merk mal foi usado em um curso de alemão na Universidade Estadual de Ohio, em conjunto com o material do curso, que incluiu um romance moderno alemão como tema e classes verbais (forte, fraco, e misto) como seu conteúdo de gramática. O programa pode ser adaptado facilmente para outros materiais e linguagens. A tarefa dos alunos era ler trechos do romance, identificar os verbos nas passagens e decifrar quais verbos eram fortes, fracos, ou mistos. Como parte do projeto, foi investigada a viabilidade do uso de software de tagging gramatical para automatizar a anotação das passagens usadas em Merk mal. O software utilizado foi "Tree Tagger", desenvolvido na

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Universidade de Stuttgart, na Alemanha. “Tree Tragger” usa lemas (raizes dos termos do discurso) para identificar infinitivos com suas formas verbais de modo que as respostas corretas podem ser classificadas dinamicamente pelo programa Merk mal. Os alunos recebem feedback sobre as formas que foram identificadas corretamente, incorretamente ou simplesmente esquecidas. Merk mal também inclui recursos para ajudar os alunos a entender porque eles cometeram erros e como corrigi-los no futuro. Esses recursos incluem explicações gramaticais explícitas, glossários, dicionários online, etc. O presente trabalho irá discutir como o projeto foi desenvolvido ao longo do tempo para incluir aspectos mais interativos e automáticos e a sua viabilidade para o instrutor em sala de aula. O projeto teve sucesso em criação de uma ferramenta na qual os alunos perceberem ser um instrumento útil na melhoria da consciência de formas verbais da lingua alemã.</p>

Palavras-chaves: Online, L.E., Aprendizagem, NLP, CALL

O DESENVOLVIMENTO DO PROFESSOR REFLEXIVO NA FORMAÇÃO INICIAL

Autores Erika Regina Soares de Souza 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Cidade Universitária - Cáceres MT), 2 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso ([email protected])

Resumo Há algumas décadas, a formação de professores de línguas tem recebido especial atenção. Pode-se dizer que uma parte da Línguística Aplicada tem se preocupado em mostrar que o professor de LE não é apenas aquele que aplica essa ou aquela metodologia de ensino mais apropriada na sua sala de aula, mas é também um profissional que pesquisa e reflete a cerca dessa prática, porque tem consciência da importância de reflexões e mudanças para a melhoria do ensino de línguas. Com o desejo de formar profissionais

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reflexivos, críticos e investigativos, este trabalho tem como objetivo constatar se é possível formar professores reflexivos e pesquisadores de sua própria prática já na formação inicial do futuro profissional de línguas. Um dos primeiros momentos no curso de Letras em que o graduando atua como profissional do ensino é na disciplina do estágio supervisionado. Portanto, este deve ser tomado como um momento de produção reflexiva de conhecimentos, em que a ação é problematizada e refletida no contexto presente. Assim, a aquisição do conhecimento é concebida como resultado de uma atividade de procura por parte do próprio sujeito, com orientações dadas por outro sujeito. O aprender perpassa pela investigação e re(elaboração) constante. Partindo desse conceito, Pimenta (2002) amplia essa discussão de professor reflexivo para professor pesquisador de sua prática. Quando o professor reflete nas suas ações, ele levanta hipóteses, reformula o seu agir, cria novas estratégias, busca explicações, experimenta novas formas de pensar e traz soluções para alguns desafios no seu ensino. Em outras palavras, professor não pode ser visto como aquele que adquiriu alguma habilidade e a coloca em prática para transmitir algum conhecimento. Mas é um profissional que pensa o seu ensino, e que é capaz de criar e produzir melhorias nele. Outro fator que mostra a importância do professor investigar a sua própria prática de ensino se deve ao fato de que os contextos escolares diferem muito de um lugar para o outro. E a forma de viver, pensar e se comunicar das pessoas também estão em constantes mutações devido às mudanças sociais, políticas e econômicas. Diante desses fatores, Moite-Lopes (2006:23) defende uma linguística onde as teorias “dialoguem com o mundo contemporâneo e com as práticas sociais onde as pessoas vivem”, quer dizer, nem todas as teorias se encaixam na realidade escolar que muitos professores se encontram. Por isso, conforme concorda Rajagopalan (2006), a prática também pode dizer muito a teoria. Diante dessas discussões, pode se dizer que o agir pedagógico não é uma via de mão única que parte do ensinar para o aprender e da teoria para a prática, mas é um ir e vir de ações, reflexões e reformulações das ações num processo contínuo.

Palavras-chaves: Ensino, Formação , Língua, Pesquisa, Reflexão

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O TRABALHO DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL SOB O ENFOQUE DO ISD (INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO)

Autores Eliana Moraes de Almeida Alencar 1,2

Instituição 1 SECITEC/MT - Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Rodovia Senador Roberto Campos, km2 - Bairro Novo Diamantino - Diamantino - MT ), 2 UNESP - Araraquara - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Rod. Araraquara-Jaú Km 1 Bairro: Machados 14800-901 - Araraquara, SP)

Resumo A educação profissional e tecnológica no Brasil passou por diferentes momentos históricos, mas algumas características resistiram ao tempo. A principal diz respeito a sua subordinação aos momentos políticos e econômicos vivenciados no país, bem como aos discursos que perpassam diferentes posições ideológicas sobre a necessidade de formação instrumental focada no fazer em detrimento do ser, atendendo as demandas do mercado de trabalho. Neste contexto, a formação do professor necessita ser abordada de forma diferenciada, considerando que em sua grande maioria não são oriundos de cursos de licenciatura ou têm alguma preparação didática específica para a atuação em sala de aula. Mesmo no momento da seleção dos docentes a questão central é a “prática” antecedente ao conhecimento teórico puro. Assim, muitos encaram a atividade de ensino como a reprodução de procedimentos e o aprimoramento de técnicas através do fazer em sala de aula. Estes docentes recebem formação durante sua jornada quando sua instituição de origem oferta a eles cursos de capacitação de maneira pontual ou continuada. A realidade do ambiente escolar que trazem para sua prática é aquela que experimentaram na construção de sua história particular como alunos, frequentemente tendem a reproduzir aquilo que “deu certo” ou “funcionou” nos seus processos de ensino e aprendizagem. É este quadro de incoerências e desafios que

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motivou esta pesquisa, cujos objetivos têm como foco o professor em formação, fazendo um levantamento das representações sobre a situação em que se encontra, confrontando as ações realizadas com aquelas que previamente imaginou realizar. Este percurso passa ainda pelas relações entre textos prescritivos, planificadores e avaliativos e as ações efetivamente realizadas (MACHADO:2005, p. 2-3). Para atender a tais objetivos, o trabalho toma como pressuposto as bases do Interacionismo Sociodiscursivo desenvolvido por Bronckart (2004), também conhecido por ISD. Segundo Bronckart (2008), o interacionismo sociodiscursivo (ISD) é, inicialmente, uma posição epistemológica e uma tomada de posição sobre o desenvolvimento humano, sobre uma ciência do humano e sobre as condições de seu desenvolvimento. É uma posição que é, ao mesmo tempo, sócio-histórica, materialista-dialética e que considera importantes as questões da linguagem e da formação-educação. Para Bronckart (apud Lousada, 2006), o interacionismo sociodiscursivo é uma corrente do interacionismo social que, por sua vez, não é um movimento formalmente constituído, mas uma orientação epistemológica geral, ou um posicionamento epistemológico e político, constituído essencialmente a partir das obras de Spinoza, de Marx e de Vygotsky. O ISD pretende realizar apenas uma parte do projeto do interacionismo social. Ele visa a mostrar a papel fundador da linguagem e, sobretudo do funcionamento discursivo/da atividade discursiva no desenvolvimento humano. De acordo com o autor, o ISD conduz trabalhos teóricos e empíricos que se desenvolvem nos três níveis do programa de referência do interacionismo social, a saber: os pré-construídos, as mediações formativas e desenvolvimento. Ao lado do ISD, outras bases teóricas associadas foram necessárias tendo em vista que o percurso da pesquisa começa pelo entendimento do termo “trabalho” e sua relação com a atividade do professor. Essa reflexão contou com as contribuições da uma leitura marxiana da atividade de trabalho, com os aportes da ergonomia da atividade e da clínica da atividade (Clot 1999 e 2006).

Palavras-chaves: Formação do professor, Trabalho, Educação Profissional

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LÍNGUA INGLESA ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL: porosidade linguística e reapropriações localizadas

Autores Igor Gadioli Cavalcante 1

Instituição 1 UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima Florianópolis-SC)

Resumo Uma orientação pós-colonialista de ensino/aprendizagem de línguas adicionais defende que as performances nesses idiomas podem promover construções identitárias inovadoras e localizadas, que superem a mera reprodução de práticas advindas de comunidades linguísticas hegemônicas. Tais performances, portanto, constituem uma prática de empoderamento para seus falantes. Este trabalho se insere no campo da Linguística Aplicada Crítica e se utiliza dos conceitos de “ingleses” ou englishes, (MOITA LOPES, 2008), bem como o de variedades do inglês (CANAGARAJAH, 2005, 2006), para problematizar a performance em língua inglesa em um mundo de porosidade linguística sem fronteiras claramente definidas, o que contribui para criações e reapropriações linguísticas localizadas. Sob uma perspectiva pós-estruturalista e pós-colonialista do que venha a ser língua estrangeira/adicional, a posse sobre a língua inglesa pode ser também atribuída a falantes de outras línguas, que nasceram em outras localidades e têm formulações linguísticas diversas das recorrentes em falantes “nativos”. Essa visão problematiza, por conseguinte, o binarismo “falante nativo vs. falante não-nativo” no campo da aquisição de línguas, evidenciando sua subjetividade na aferição de desempenho lingüístico e as relações de poder implícitas em tal dicotomia. Esta comunicação têm por objetivos 1) discutir as relações de hegemonia e alteridade implícitas no conceito de “falante nativo” 2) dar legitimidade ao uso de línguas adicionais (em particular, do inglês) que não se atêm a padrões de comunidades linguísticas hegemônicas e 3) aventar

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quais aspectos deixam e/ou passam a ser relevantes para a definição de proficiência em uma língua adicional. Para investigar os objetivos propostos, este trabalho se vale de dados preliminares de minha pesquisa de mestrado em andamento, de base etnográfica e conduzida junto a alunos de inglês de ensino médio em uma escola pública de Florianópolis/SC. Tais dados têm apontado, até aqui, para reapropriações linguísticas dos alunos no contexto escolar, fazendo a língua inglesa funcionar para seus propósitos entre seus colegas, o que corrobora com uma visão de língua inglesa enquanto prática social localizada. O estudo traz, por fim, implicações de como esse olhar sobre línguas adicionais pode informar a conduta de professores dentro de sala de aula, promovendo assim não apenas uma abordagem culturalmente sensível das variantes desses idiomas, bem como das práticas de falantes de um modo geral em relações interculturais dentro de um mundo globalizado.

Palavras-chaves: Língua inglesa, Pós-colonialismo, Ingleses, Falante nativo

REFLEXÕES SOBRE O FAZER PEDAGÓGICO NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA CRIANÇAS

Autores Leandra Ines Seganfredo Santos 1

Instituição 1 UNEMAT - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO (AVENIDA DOS INGÁS 3001 CENTRO)

Resumo O foco deste estudo é descrever e discutir experiências teórico-práticas de formação desenvolvidas na disciplina “Pressupostos Teórico-Práticos de Ensino de Língua Estrangeira em Anos Iniciais”, que compõe o quadro de disciplinas do Curso de Especialização em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas Portuguesa e Inglesa, ofertada pela Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, no semestre letivo 2011/02. A disciplina busca fazer alguns apontamentos sobre os objetivos do ensino de língua inglesa em anos iniciais em uma perspectiva de formação

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integral dos aprendizes, assegurando-lhes igualdade de oportunidades e integração no mundo plurilíngue, pluricultural e multisemiotizado mediante apresentação de teorias e metodologias de ensino-aprendizagem de língua inglesa para este público a partir de estudo dos conhecimentos teórico-linguístico-metodológicos necessários ao professor de LE para atuação com crianças. Os dados são provenientes de um grupo de alunos que cursaram a disciplina e foram coletados a partir de diferentes atividades propostas, do próprio fazer pedagógico e por meio de diários reflexivos com alguns participantes. O aporte teórico teve por base os trabalhos de Cameron (2003), Phillips (2003), Tonelli e Ramos (2007), Santos (2010 e 2011), Rocha (2007 e 2008), dentre outros. No decorrer da disciplina foi possível observar o interesse do grupo em conhecer pressupostos teóricos e experienciar/discutir metodologias de ensino de língua estrangeira para crianças. Os resultados mostram que a justificativa para a oferta deste ensino ainda pauta-se em fatores relacionados à (possível) garantia de um futuro melhor, via conhecimento da língua inglesa, a língua da globalização. A socialização de conhecimentos, experiências e angústias, sem dúvida, proporcionaram e continuam a proporcionar, construção de importantes conceitos e conhecimentos sobre a docência nesta área e faixa etária específicas. O envolvimento no processo de formação com base reflexiva nos motiva a buscar cada vez mais melhorias pessoais e profissionais e com o trabalho desenvolvido conseguimos mostrar para o próprio grupo de professores, para a comunidade escolar e a sociedade em geral, a importância da disciplina, desencadeando sua valorização e autovalorização profissional.

Palavras-chaves: fazer pedagógico, formação docente, Língua Inglesa para crianças

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(DES) ARTICULAÇÃO TEORIA-PRÁTICA EM RELATÓRIOS DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Autores Adair Vieira Gonçalves 1

Instituição 1 UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados (Rua JOão Rosa Góis, centro), 2 UFGD/CNPq - Universidade Federal da Grande Dourados (JOão Rosa Gois, centro)

Resumo Este trabalho é resultado de inquietações a respeito dos Cursos de Licenciatura, ou seja, de indagações sobre a (des)articulação entre teoria e prática. A pesquisa está contextualizada no Curso de Licenciatura Dupla em Letras (habilitações Português/Inglês e Português/Literatura), da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras, da Universidade Federal da Grande Dourados- UFGD-, especificamente: i) na realização do Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa I; ii) na produção do relatório das práticas realizadas; iii) na articulação entre as discussões teóricas realizadas na disciplina Laboratório de Textos Científicos I e II, cuja ementa consiste, basicamente, no estudo dos gêneros textuais e sua didatização por meio de sequências didáticas (DOLZ, NOVERRAZ & SCHNEUWLY, 2004); e, por fim, iv) nas disciplinas relativas aos estudos linguísticos do curso que, potencialmente, contemplam os saberes teóricos e práticos peculiares ao profissional das Letras: dos estudos de Saussure à Linguística da Enunciação, da abordagem do sistema fonológico aos estudos do texto/discurso. Em nosso cenário, antes de efetivar a “regência” propriamente dita, os alunos-estagiários investigam a realidade/rotina escolar a partir da realização de entrevistas com o professor regente e de períodos de observação. Nesse sentido, o egresso do Curso de Letras, além de ser um professor-reflexivo (KINCHELOE, 1997; PIMENTA & GHEDIN, 2002, TARDIF, 2010), deve preparar-se para a possibilidade de construir-se como professor-pesquisador. É, pois, da investigação da conexão entre teoria e prática na formação inicial de professores, a partir do gênero relatório de estágio, que este texto se ocupa. Para tanto, a pesquisa será demonstrada em três etapas interligadas.

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Primeiramente, delineamos as configurações curriculares, especialmente das disciplinas Laboratório de Textos Científicos I e II. Em seguida, mapeamos o gênero relatório de estágio. Na terceira, numa abordagem textual-discursiva, efetuamos uma análise dos relatórios na busca de evidências da transposição didática. Ao concluir o texto, retomamos as notas teórico-metodológicas e apontamos sugestões de como superar os “entraves”.

Palavras-chaves: articulação teoria-prática, Estágio Supervisionado, Licenciatura, Interacionismo sociodiscursivo, relatório de estágio

PROFESSORES QUE TRABALHAM COM JOVENS E ADOLESCENTES EM CONTEXTO DE EXCLUSÃO SOCIAL: a relevância da formação continuada.

Autores Maria Antonia Correa 1,1, Solange Maria de Barros 1,1

Instituição 1 UFMT - Universidade FEderal de Mato Grosso (Av Fernando Correa da Costa Coxipó)

Resumo Este trabalho tem como proposta investigar a prática pedagógica do professor de línguas, com ênfase na etnografia crítica, segundo Oliveira (2009, p. 05) a etnografia crítica, diferente da etnografia convencional que “descreve o que é” ela “pergunta o que poderia ser”, assim o objeto de interesse da etnografia crítica é a consciência crítica dos sujeitos, nesse caso, é um processo que busca o rompimento da domestificação dos sujeitos por meio da descrição interpretativa de suas práticas e do questionamento dos mecanismos de controle e de poder presentes nelas, o que torna os sujeitos indiferentes a elas. Objetivando enfatizar a importância da formação continuada. Consoante Celani (2002) a formação continuada não tem tempo para terminar descartando a possibilidade de um trabalho acabado, pois se permeia entre a teoria e a prática. Ressalta a relevância da formação crítica, de professores em busca da melhoria de sua prática docente gradual dentro de uma perspectiva crítico-reflexiva seguindo a mesma

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esteira de estudiosos como a autora já citada, Perrenoud (2002), Alarcão (2007), Papa (2008), Barros (2010), entre outros. Trata-se de um estudo etnográfico envolvendo professores que exercem suas atividades docentes na Escola Estadual Meninos do Futuro, localizada no Centro Sócioeducativo do Pomeri, em Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso. Esses profissionais trabalham com jovens e adolescentes, em contexto de exclusão social, a Escola Estadual Meninos do Futuro tem seu principal objetivo atender adolescentes e jovens excluídos do contexto social, desta forma necessita de profissionais que atendam as particularidades num trabalho em equipe que visa auxiliar a instituição de forma ética e comprometida a reinserir esses adolescentes e jovens a sociedade. Para a realização desta pesquisa serão utilizados alguns instrumentos para a coleta dos dados, entre eles, a observação participante, no curso de formação continuada, entrevistas informais com os professores, gravadas em áudio, terá caráter descritivo.

Palavras-chaves: formação crítica do professor, etnografia, escola pública

HOMOFOBIA NA SALA DE AULA DIGITAL: representações de professores em fórum de discussão online

Autores Dánie Marcelo de Jesus 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança)

Resumo Nas últimas décadas, inúmeros trabalhos (SEDWICK, 1990/2008, LOURO, 2000; MOITA LOPES, 2002; BUTLER, 2006; HIGHTOWER, 2011) vêm se preocupando com a temática homoerótica, bem assim com suas consequênciais sociais e políticas no contexto contemporâneo. Essas pesquisas procuram questionar como a sexualidade no Ocidente é marcada por um discurso hegemônico de

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heterenormalidade que tenta legitimar práticas sociais do que seja feminino e masculino. Desse modo, homens naturalmente devem ser apresentados como fortes e dominadores, ao passo que mulheres como dóceis e frágeis. Entretanto, essa polarização procura negar as diversas ramificações de expressividade sexual. Contrariamente a essa posição, os estudos atuais demonstram a volatilidade dos indivíduos que podem se identificar com rótulos de homossexuais, travestis, cross-dressers, bissexuais, lésbicas, ativos, passivos, entre outros, a depender dos diferentes contextos sociais. O objetivo deste trabalho é investigar as representações de professores em fórum de discussão em um curso de formação continuada a distância sobre gênero e diversidade. A finalidade é compreender como é apresentada a temática homoerótica no discurso dos participantes. O estudo se insere numa perspectiva crítica do discurso (FAIRCLOUGH, 2000), apoiado nos estudos sobre gênero e sexualidade (SEDWICK, 1990/2008, LOURO, 2000; MOITA LOPES, 2002; BUTLER, 2006). A metodologia de pesquisa é de caráter interpretativo, e a análise buscou apreender as representações discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas dos usuários do curso. A pesquisa foi desenvolvida em um curso de formação continuada a distância financiada pela Universidade Aberta do Brasil. O curso tinha como objetivo criar um espaço para reflexão crítica sobre a questão gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais com uma carga horária de 200 horas, dividido em cinco módulos. O primeiro era de apresentação e ambientação na plataforma moodle, com 25 horas; o segundo era o de diversidade, com 35 horas; o terceiro, desigualdade de gênero, com 35 horas; sexualidade e orientação sexual, 35 horas; relações étnico-raciais, gênero e desigualdade, com 35 horas; finalmente o último de avaliação, com 30 horas. As conclusões apontam que os docentes, apesar do curso de formação, tendem a se apoiar no discurso hegemônico heteronormativo para descrever indivíduos com uma identificação homossexual.

Palavras-chaves: representações , professores, homoerotismo, discurso, formação de professores

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PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA O SURDO: sentidos e significados docentes

Autores Rosangela Vargas Cassola 1

Instituição 1 PUC - PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA (SÃO PAULO)

Resumo Partimos da problemática de que a aprendizagem do Português como segunda língua para o Surdo pode impactar em seu processo inclusivo escolar e também social, e objetivamos compreender criticamente o processo de ensino-aprendizagem do Português como segunda língua do Surdo. Mais especificamente, temos por objetivos: (1) avaliar o impacto da aprendizagem do Português como segunda língua no processo de inclusão escolar e social do aluno Surdo e (2) analisar e transformar os sentidos e significados atribuídos pelos professores sobre a língua e o ensino de línguas. A fim de atingir nossos objetivos optamos por desenvolver uma pesquisa crítica de colaboração, considerando que essa oferece importantes princípios para a orientação de estudos que tem como foco as atitudes da sociedade em geral. Para tanto, dividimos a pesquisa em duas etapas. Na primeira etapa, para avaliar o impacto da aprendizagem do Português como segunda língua no processo de inclusão escolar e social do aluno Surdo, realizamos filmagens durante doze dias das aulas de Português ministradas em um segundo ano do ensino fundamental, onde estuda um aluno Surdo, trata-se de uma turma inserida em uma Escola Pública localizada no município de Sidrolândia-MS. Na segunda etapa, para analisar e transformar os sentidos e significados atribuídos pelos professores sobre a língua e o ensino de línguas, realizamos primeiramente entrevistas semiestruturadas e em seguida seis sessões reflexivas de estudo com a professora regente da turma e com a intérprete do aluno Surdo, sendo que a cada duas aulas filmadas, realizamos uma sessão reflexiva. Os dados foram registrados através de gravações em áudio e vídeo e no momento contamos com mais de vinte horas de filmagens em sala de aula e mais de dez horas de filmagens das

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sessões reflexivas. Estamos realizando a transcrição, a análise linguística do material coletado e paralelamente construindo nosso o referencial teórico, o qual perpassa principalmente pela TSHC - Teoria Sócio-Histórico-Cultural de Lev Semenovich Vigotski (1997, 2007, 2009), e ainda em trabalhos acerca da inclusão e da surdez. A TSHC de Vigotski considera inicialmente o aspecto social, o aspecto histórico e o aspecto cultural; e por isso é primordial como embasamento teórico para nosso trabalho. No aspecto social a TSHC considera que o conhecimento é compartilhado e produzido coletivamente; no aspecto histórico considera que os seres humanos e as atividades variam no tempo e no espaço, e estão em constante transformação; e no aspecto cultural, a TSHC considera que o modo de viver de um determinado grupo social, seus valores, regras e sentidos também são determinantes para o desenvolvimento humano. O interesse pelo desenvolvimento dessa pesquisa voltada para o ensino de português para o Surdo, deu-se em virtude da necessidade de que pesquisas sejam realizadas visando verificar a possível necessidade de modificações nos currículos, nas práticas pedagógicas, nas políticas de inclusão de alunos com NEEs e em especial do aluno Surdo e ainda, na formação dos docentes sobre o ensino de línguas, neste caso de Língua Portuguesa como segunda língua (na modalidade escrita) e de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como primeira. Consideramos que o desenvolvimento dessa pesquisa possua uma grande importância na compreensão das questões sociais, políticas e educacionais que tem como objeto de estudo as línguas, a inclusão e a concepção dos docentes sobre as línguas.

Palavras-chaves: português, língua, surdo, sentidos, significados

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INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA EM TEMPOS DE E-BOOKS E TABLETS: o discurso docente na era da globalização

Autores Estela Seraglio Furrer 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Campus Universitário de Cáceres)

Resumo Esta comunicação tem como objetivo apresentar um estudo acerca do discurso do professor de inglês da escola pública, no que se refere à sua prática pedagógica num momento em que vivencia-se aspectos “múltiplos” decorrentes da globalização. Parte-se do pressuposto de que alunos e professores tornam-se interlocutores no processo ensino-aprendizagem, pois, através do discurso é que manifestamos escolhas linguísticas que representam maneiras de ser/dizer no mundo social. Entende-se aqui que a linguagem está em constante operação num “campo de forças plurais”, a globalização. Por isso, a tendência de muitos estudos contemporâneos em Linguística Aplicada (LA) é focalizar a linguagem como prática social considerando, portanto, os mais variados contextos de uso. Nesse sentido, propõe-se, neste estudo, refletir sobre as implicações do discurso docente que desvelam sua prática na contemporaneidade em relação ao uso das novas tecnologias e à globalização. Para tanto, tomamos como corpus de análise o discurso docente. Os participantes da pesquisa são professores de inglês do Ensino Médio de uma escola pública da cidade de Cáceres-MT, localizada aproximadamente a 100 km da fronteira Brasil-Bolívia. Para o desenvolvimento da pesquisa recorremos à Linguística Sistêmico-Funcional a partir dos estudos de Halliday (1994 e 2004) que concebe a linguagem como um sistema social funcional e semiótico; e, na formação de professor de Língua Estrangeira consonante (Assis-Peterson, 2007; Paiva, 1996; Celani, 2003). O trabalho de análise do discurso docente será feito a partir dos dados que serão coletados por meio de observação de aulas e

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entrevistas. Os dados serão organizados e categorizados por meio da ferramenta computacional WordSmith tools, em que serão analisadas a lista de frequência e de concordância dos elementos léxico-gramaticais presentes no discurso dos professores. O estudo pretende ampliar e provocar discussões sobre a relevância do discurso como objeto de estudo, como elemento indicativo de mudanças de atitude em relação ao uso das novas tecnologias na sala de aula de língua inglesa e, sobretudo refletir/contribuir com pesquisas futuras na área de formação de professores.

Palavras-chaves: Ensino de Inglês, Escola Pública de Fronteira, Linguística, Sistêmico-Funcional, Globalização.

O PROCESSAMENTO DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA POR APRENDIZES BRASILEIROS DE LE.

Autores Alyson Andrade 2,1

Instituição 1 UFPB - LAPROL - Universidade Federal da Paraíba (Campus Universitário I. Jardim Cidade Universitária CEP - 58.059- 900. João Pess), 2 FLS / LAPROL - Faculdade Leão Sampaio (Av. Maria Leticia Leite Pereira s/n - Lagoa Seca - Juazeiro do Norte Ceará)

Resumo Nossas hipóteses iniciais para o desemprenho de leitura on-line de língua estrangeira por brasileiros apontam basicamente para três vertentes: o nível de proficiência do candidato que influenciaria direta ou indiretamente no desempenho de leitura on-line dos aprendizes de Le; a influência que a língua materna exerceria sobre a nova língua em aprendizado ou em uso, e por fim, a aplicabilidade ou não da teoria da Shallow Structure Hypótesis de Felser & Clahsen (2006) que afirma que a capacidade de processamento do aprendiz de LE seria limitada mesmo para os indivíduos mais proficientes naquela nova língua, não podendo ser comparados completamente ao desempenho de um nativo da língua alvo. Acreditamos ser esta uma tarefa árdua, a tentativa de verificar quais processos seriam

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relevantes em relação ao processamento de leitura on-line de brasileiros aprendizes de inglês como uma língua estrangeira. Para capturar estes dados contamos com a participação de alunos de cursos de idiomas como o CCAA (Crato-CE) bem como alunos do curso de graduação em Gestão de RH da Faculdade Leão Sampaio (Juazeiro do Norte - CE) que já estudavam inglês. A estes participantes aplicamos testes de proficiência para agrupá-los em níveis bem definidos e após essa etapa, os volutários participavam propriamente do experimento de leitura auto monitorada (on-line) onde tinham de ler sentenças fragmentadas em língua inglesa enquanto o computador e o software psyscope capturavam os tempos de leitura de todos os segmentos em medidas de milésimos de segundo. Alguns resultados importantes foram capturados como o nível de proficiência que se mostrou bem saliente nos tempos de leitura dos diferentes grupos de proficiência; No que concerne ao experimento verificamos que o nível de proficiência parece demonstrar relevancia, pois o grupo básico exibiu maior lentidão na leitura das sentenças e respostas às perguntas controle, inclusive apresentando um número maior de erros que os demais grupos. De maneira isolada encontramos resultados interessantes no grupo avançado para aposição na condição “of”, este grupo exibiu menores tempos de processamento ligando a oração relativa ao SN1-alto. Desta forma, para nossos aprendizes, a condição preposição temática “with” não facilitou o processamento como propõe parte da Shallow Structure Hypothesis de Felser & Clahsen (2006) ou como foi encontrado nos resultados de Papadopoulou & Clahsen (2002) e Felser et al.(2003). Com o aumento do nível de proficiência a área cerebral utilizada para processamento da nova língua seria substituída automaticamente pela memória procedural utilizada comumente por nativos desta LE. Essa teoria vem ao encontro com a teoria da Shallow Structure Hypótesis de Felser & Clahsen (2006) em psicolinguística quando afirmam que a capacidade de processamento do aprendiz de LE é restrita se comparada ao nativo da LE. Retomando de forma geral nossas hipóteses verificamos que o nível de proficiência como prevíamos é sim um fator relevante definidor de maior ou menor agilidade e eficiência tanto para a leitura quanto para a compreensão do input em LE em ambos os experimentos. Lembramos que na literatura

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para resultados on-line o Português e o Inglês demonstram preferências de aposição baixa, sendo consideradas línguas convergentes; quando tratamos de estudos off-line para o Português a preferência é alta e para o Inglês a preferência é baixa, neste caso são tidas como línguas divergentes.Pode ser que a questão seja: quando há divergência entre as línguas há transferência de L1 para LE, mas quando não existe divergência, ainda assim há diferença entre nativos e aprendizes.Nosso estudo parece então ser significativo ao abrir caminho para que outras análises e experimentos sejam feitos no intuito de corroborarem ou não as hipóteses existentes na literatura e complementarem os resultados explicitados aqui.

Palavras-chaves: Aprendizes de LE, Leitura On-line, Transferência de L1, Nível de Proficiência

TELETANDEM: uma análise fenomenológica hermenêutica da relação do professor de línguas com esse contexto

Autores Micheli Gomes de Souza 1

Instituição 1 IBILCE - Intituto de Biociências Letras e Ciências Exatas (Rua Cristóvão Colombo, 2265 Bairro: Jardim Nazareth 15054-000 - São José do Rio )

Resumo Esta comunicação tem como objetivo apresentar e discutir os resultados do projeto de pesquisa de mestrado Os primeiros contatos de professores em - serviço com a prática de teletandem, desenvolvido junto ao programa de pós-graduação em Estudos Linguísticos – Linguística Aplicada da UNESP – São José do Rio Preto, sob orientação do Prof. Dr. João Antonio Telles e com apoio financeiro da CAPES. O contexto desta pesquisa é o Projeto Teletandem Brasil: línguas estrangeiras para todos. O teletandem consiste, basicamente, em uma prática colaborativa de aprendizagem de línguas a distância, por meio de aplicativos como o Skype, entre aprendizes de português como língua estrangeira e

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aprendizes de línguas vinculados às unidades da UNESP. Por meio dessas parcerias, estabelecidas primeiramente entre os departamentos de línguas de universidades no exterior e da UNESP, os aprendizes realizam encontros regulares, nos quais um ajuda o outro a aprender sua língua de proficiência. Como um dos objetivos finais deste projeto está a expansão do contexto teletandem para unidades dos CELs (Centro de Estudos de Línguas), da rede pública do estado de São Paulo. Para tanto, uma primeira incursão foi realizada por meio de um curso de extensão oferecido à aproximadamente 20 professores de espanhol atuantes em unidades dos CELs em duas cidades do interior do estado. Por meio de uma metodologia de pesquisa qualitativa de cunho interpretativista fenomenológico (Van Manen, 1990), foram analisados, a partir dos dados gerados em fóruns de discussão online e em encontros presenciais do curso, como os professores vivenciaram esse primeiro contato com o contexto teletandem, levando em conta que o mesmo é um contexto que se utiliza de diferentes tecnologias e propicia ao aluno e ao professor experiências de ensino e aprendizagem baseadas no uso de tecnologias e em parcerias colaborativas interculturais. Esta apresentação buscará mostrar, de forma geral, a análise empreendida a partir das questões suscitadas pelos professores, participantes do curso descrito acima, em relação ao contexto teletandem.

Palavras-chaves: teletandem, formação continuada, tecnologia, fenomenologia hermenêutica

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UMA ANÁLISE SISTÊMICO-FUNCIONAL DO DISCURSO ACADÊMICO NO CURSO DE LETRAS

Autores Fabíola Sartin Dutra Parreira Almeida 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Av. São João)

Resumo Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma análise de trabalhos monográficos realizados por alunos do curso de Letras de duas universidades, tendo como enfoque teórico a Gramática Sistemico-Funcional (Halliday, 1994/2004), mais especificamente, o Sistema de Avaliatividade – subsistema de Atitude (Martin, 1992, 2000; Martin & Rose, 2003; Martin & White, 2005). O sistema de Avaliatividade contempla os significados interpessoais utilizados pelos falantes/escritores para negociar emoções, julgamentos e avaliações, sob três domínios interacionais, ou subsistemas: Atitude (Attitude), Engajamento (Engagement) e Graduação (Graduation). A expressão de atitude, que será explorada neste trabalho, não é apenas um comentário sobre o mundo e sim uma postura interpessoal do falante/escritor cujo objetivo é obter uma resposta de solidariedade do seu interlocutor (Martin, 2000). A análise dos elementos avaliativos presentes nas monografias pode indicar as escolhas realizadas em um texto acadêmico, portanto, um gênero textual específico que extrapola as caraterísticas inerentes ao gênero e prevê uma resposta de solidariedade dos leitores. Tendo isso em mente, é nesse enfoque que se trata este estudo: será apresentada uma análise dos elementos avaliativos, concentrando-se no subsistema de Atitude presentes nas partes da Introdução e Considerações Finais das monografias das áreas da Linguística, Linguística Aplicada e Literatura do curso de Letras. Os dados foram organizados e categorizados pelo programa computacional WordSmith tools (Scott, 1997), valendo-se das ferramentas – lista de frequência e lista de concordância.Os resultados apontam para o uso dos elementos avaliativos direcionando as respostas dos leitores esperadas pelos alunos/escritores em suas respectivas

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pesquisas. Foi possível perceber a mudança de foco dos elementos avaliados e também a forma pela qual a avaliação é realizada, mostrando a intencionalidade dos escritores, bem como, a obtenção da resposta de solidariedade. Trazendo para o contexto de ensino, este trabalho ilustra as contribuições do uso da Linguística Sistêmico-Funcional como instrumento de análise linguística no contexto de sala de aula, uma vez que propicia aos alunos a compreensão e interpretação do processo de construção dos textos.

Palavras-chaves: discurso acadêmico, gramatica sistêmico-funcional, monografias, avaliatividade

A EPISTEMOLOGIA GERATIVA E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Autores Junia Lorenna da Silva 1

Instituição 1 UnB - Universidade de Brasília (Campus Universitário Darcy Ribeiro, Brasília - CEP 70910-900)

Resumo Este trabalho visa estabelecer uma aproximação entre pressupostos oriundos da Teoria Gerativa, de Noam Chomsky (1957), e conceitos a ela correlatos, e o ensino de língua portuguesa. Essa corrente teórica tem feito muitos avanços na área da pesquisa formal, ao tentar estabelecer uma relação entre linguagem e mente, mas ainda não se observam muitas utilizações dos pressupostos de tal área no desenvolvimento de pesquisa relacionadas ao ensino. Dessa forma, pretende-se estabelecer correlações entre conceitos como Aquisição de Linguagem, Gramática Universal (GU), <i>Input</i>, Argumento da Pobreza de Estímulo e Período Crítico às questões relacionadas ao ensino, bem como pesquisar como tais pressupostos podem vir a acrescentar possíveis soluções para as questões enfrentadas por professores com relação ao ensino de língua materna. Sabe-se que as atividades relacionadas ao ensino e aos saberes docentes são de natureza complexa (cf. Tardif 2010),

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pois envolvem conhecimentos didáticos, sociais, antropológicos, psicológicos e outros, porém estes aspectos não serão o foco das discussões, mas sim abordados apenas tangencialmente neste trabalho. A metodologia constará de uma análise teórica da epistemologia gerativa com foco principal nas seguintes obras de Noam Chomsky: <i>Arquitetura da Linguagem</i> (2008); <i>Linguagem e mente: pensamentos atuais sobre antigos problemas</i> (1998); <i>Linguística cartesiana</i> (1969); <i>Novas perspectivas linguísticas</i> (1970); <i>Linguagem e pensamento</i> (1971); <i>Aspectos da teoria da sintaxe</i> (1975); <i>Reflexões sobre a linguagem</i> (1977) e <i>Regras e representações</i> (1981). Procura-se responder às seguintes perguntas: a) De que forma a teoria gerativa pode auxiliar os professores? b) As hipóteses teóricas respondem que tipo de perguntas relacionadas ao ensino de língua? c) Qual a relevância de se adotar o pressuposto de uma Gramática Universal (GU) para os professores? d) Qual a importância do input para a aquisição? Como desdobramentos desta análise epistemológica, e sua posterior aplicação ao contexto educacional, acredita-se chegar a uma contribuição consistente para a boa compreensão dos fenômenos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem na escola a partir da boa compreensão de como se dá o processo de aquisição da linguagem pela criança, pois é preciso considerar que há, em cada um desses processos, o desenvolvimento de uma língua distinta: no primeiro, de uma L1, no segundo, de uma L2, como também aborda KATO, 2005.

Palavras-chaves: Ensino, Gerativismo, Input

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PRÁTICAS PEDAGÓGICA DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: o impacto identitário do ciberespaço

Autores Alexandre Colli Dal Prá 1, Danie Marcelo de Jesus 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando C. da Costa, Nº:2367, CEP:78060-900, B. Boa Esperança. Cuiabá-MT)

Resumo No final do século XX e início do século XXI, vários acontecimentos de importância histórica transformaram o cenário social, sobretudo em decorrência das constantes mudanças tecnológicas, culturais e estruturais que vem ocorrendo e alterando nosso modo de vida, desde a forma como interagimos até o modo como concebemos o mundo e as circunstâncias ao nosso redor. Considerando esse cenário, localizado no âmbito de Estudos de Linguagem, este estudo intitulado Práticas pedagógicas de professores de língua inglesa: o impacto identitário do ciberespaço, objetiva investigar as práticas sociais do professor de língua inglesa em blogs educacionais com o intuito de analisar como esse novo ambiente impacta sua identidade. Para tanto, lanço mão do conhecimento político e social relevante (BAUMAN, 2001, 2009; DEBORD, 1997; GIDDENS, 2002; HALL, 2005; MOITA-LOPES, 2003; SILVA, 2009) para interpretar as práticas sociais de professores de língua inglesa em ambiente digital. As questões que norteiam este estudo são as seguintes: 1) quais são as práticas sociais de professores de língua inglesa em blogs educacionais? 2) como esse ambiente impacta a identidade docente? A metodologia de pesquisa se ancora em alguns princípios da pesquisa interptretativista ou naturalística (Erickson, 1985). Contudo, parto do pressuposto de que a metodologia de pesquisa não deve ser limitada aos modelos pré-existentes pelo simples motivo de não se confinar ao já percorrido e menosprezar outros caminhos aparentemente sem relevância, por isso lanço mão de explanações de vários autores como jonh Ziman (1996), Moita-Lopes (2003), Thompson (1995), Uwe Flick (2009) e Zigmunt Bauman (2010) para desenvolver um modo de investigação

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relevante aos meus propósitos. Os dados serão gerados apartir de acessos a blogs onde professores de língua inglesa realizam suas práticas sociais. A análise aponta para mudnças no que diz respeito a poder, interação e cognição, evidenciando a exigência de uma nova postura do ser professor em ambiente digital.

Palavras-chaves: Práticas sociais, Blogs educacionais, Identidade docente.

ENSINO DE LEITURA E A RELAÇÃO ENTRE LIBRAS E PORTUGUÊS NA SALA DE AULA: refletindo sobre mescla linguística e estratégias didáticas

Autores Giselli Mara da Silva 1

Instituição 1 FALE-UFMG - Faculdade de Letras - Universidade Federal de Minas Gerais (Av. Antônio Carlos 6627 Pampulha Belo Horizonte MG CEP:31270-901)

Resumo Nesta apresentação, pretende-se abordar o ensino de leitura de textos em português a alunos surdos usuários da Libras, construindo uma reflexão sobre a a mescla lingüística entre Libras e português no contexto da sala de aula. Para tanto, exploraram-se contribuições oriundas do campo de estudos da surdez, particularmente trabalhos voltados ao estudo do ensino de português para surdos e do processo de letramento desse grupo (COSTA, 2001; BOTELHO, 2002; CHAVES, 2002; LODI; HARRISON, CAMPOS, 2002; SILVA, 2005, entre outros), além de contribuições dos Estudos do Letramento (BLOOME, 1987,1989; CASTANHEIRA et. al, 2001; CASTANHEIRA; GREEN; DIXON, 2007) que favorecem a compreensão da leitura, da aprendizagem e das interações estabelecidas em sala de aula como fenômenos socialmente construídos. A partir desse quadro conceitual, desenvolveu-se um estudo de orientação etnográfica, durante o período de três meses, em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental, de uma escola pública da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte, composta

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por alunos surdos e professora ouvinte. Esse estudo envolveu observação participante (SPRADLEY, 1980) e filmagens das aulas de Português, além de entrevistas, filmagens das aulas e coleta de artefatos impressos que circularam entre os participantes do grupo observado. O processo analítico evidenciou como a construção dos significados para as práticas de letramento do grupo passa pelo trânsito entre as duas línguas durante as interações em sala de aula e possibilitou a identificação de padrões interacionais relativos ao uso do português sinalizado e da Libras no processo de ensino da leitura. Além disso, as análises levaram também a uma reflexão sobre a complexidade do contato entre línguas na sala de aula. Apesar de a mescla linguística ser um fenômeno natural no contato entre falantes de línguas diferentes e ser um processo comum no aprendizado do português pelos surdos, ainda assim precisa ser discutido em termos das consequências para a aprendizagem desses alunos.

Palavras-chaves: ensino de leitura, Libras, surdos, mescla linguística, letramento

RELENDO BAKHTIN: um estudo enunciativo dos empréstimos línguísticos na língua brasileira de sinais - libras.

Autores ANDERSON SIMÃO DUARTE 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (AV FERNANDO CORREA DA COSTA, SN COXIPO)

Resumo Este trabalho tem como propósito a pesquisa enunciativa da Língua Brasileira de Sinais em consonância com a estrutura semiótica da percepção viso espacial, língua esta constituída de forma imagética, logo, visual e temporal. Os sinais se constituem ideologicamente através de seus nativos, em questão – os surdos. A Língua de Sinais conecta-se com os enunciados sociais interagindo homem e sua historicidade, cunhado aos contextos políticos, religiosos, tecnológicos dentre outros, contemplando as necessidades coletivas

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e individuais dos usuários da Língua Visual. A Língua Brasileira de Sinais busca, constantemente, uma relação estreita com as Línguas Francesa de Sinais, Língua Americana de Sinais, Língua Portuguesa, Língua Latina, figuras imagéticas (imagens), contextos históricos e populares, além de religiosos. Cada sinal (signo ideológico) comporta-se de forma ímpar, pois carrega marcas históricas e sociais, compondo assim um espelho de signos e significados linguísticos. Entretanto, cada sinal terá um novo significado quando usado num dado enunciado, a cada momento, a cada situação, a cada necessidade, o sinal acarretará uma nova interação, pois entendemos que a língua esteja em constante movimento social. Desta forma, não há como desmembrarmos língua de falante, pois a língua constitui, ideologicamente, o usuário nativo, marca transformações e influências linguísticas e ideológicas de outros usuários, assim com a influência marcante da Língua Francesa e Americana de Sinais. No período imperial, professores oriundos da França e Estados Unidos da Americana respectivamente foram trazidos pelo então Imperador D. Pedro II para fins de alfabetização de surdos brasileiros, filhos de membros próximos à corte, inaugurando o então, Instituto Nacional de Surdo Mudo – INSM, hoje, Instituto Nacional de Educação ao Surdo – INES, nomenclatura esta alterada pelo então presidente da República Juscelino Kubitschek. Portanto, cada sinal na Língua Brasileira de Sinais tem suas assinaturas registradas das influências ideológicas de surdos e não surdos, da linha oral nacional brasileira e línguas de sinais originárias de outras nações.

Palavras-chaves: Empréstimos Linguísticos, Língua Brasileira de Sinais , Enunciativo

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LÍNGUA INGLESA NA MODALIDADE PROEJA: impressões de alunos-cidadãos

Autores Maria Helena Moreira Dias Serra 1

Instituição 1 IFMT - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA DE MT (CAMPUS PONTES E LACERDA), 2 IFMT - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA DE MT (CAMPUS PONTES E LACERDA)

Resumo Tão importante quanto conhecer as teorias e abordagens de ensino e aprendizagem é conhecer o estudante, suas expectativas e necessidades, para que esse saber possa ser utilizado para criar contextos que favoreçam a aprendizagem. Acreditando nisso, este trabalho se dedica a verificar as impressões que discentes de um curso de Educação Profissional Integrada ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA - têm acerca da Língua Inglesa que está sendo ensinada em seu curso, como reagem diante do ensino dessa língua estrangeira e como percebem sua aplicação em seu cotidiano pessoal e profissional. Ressalta-se que as impressões são possíveis formadoras de crenças que, por sua vez, são norteadoras das atitudes individuais e sociais e podem tanto influenciar o comportamento e refletir na motivação e disposição para a aprendizagem como moldar modos de vida e anseios, sendo, portanto, merecedoras de ações investigativas. Os dados foram coletados por meio de aplicação de questionário e submetidos à análise de conteúdo por categorização, observando-se os pontos em comum que permitiram o agrupamento dos dados. Espera-se que os apontamentos dessa investigação possam contribuir para a aproximação da teoria e prática de sala de aula, utilizada por instituições de ensino e professores, à prática cotidiana, exercida pelo aluno-cidadão na realização de suas atividades, seja na esfera pessoal/social ou profissional, já que o curso em questão propõe profissionalizá-lo através da formação integral do indivíduo. Outra contribuição almejada é provocar reflexões acerca do ensino de Língua Inglesa na modalidade

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PROEJA, para que não seja apenas uma disciplina a mais na matriz curricular, mas que seu ensino leve a uma aprendizagem consistente e significativa, que possibilite o engajamento dos trabalhadores em trocas de significados que realmente façam a diferença em várias esferas da atividade humana e o uso da Língua Inglesa faça parte de um processo de inserção e transformação da sociedade mundial, sendo um elemento mediador entre homens e culturas.

Palavras-chaves: Aprendizagem, Crenças, Impressões, Língua Inglesa, PROEJA

COMPILAÇÃO DE UM CORPUS DE APRENDIZES DE TRADUÇÃO E ANÁLISE DE ASPECTOS COLOCACIONAIS

Autores Adriane Orenha-Ottaiano 1

Instituição 1 UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (Rua Cristóvão Colombo, 2265 CEP 15054-000 )

Resumo Dada sua crescente importância nas relações internacionais, da necessidade cada vez mais constante de busca de informação científica e tecnológica, da intensificação do comércio entre as nações, das mudanças sócio-políticas e econômicas, os Estudos da Tradução vêm ganhando cada vez mais espaço no âmbito da pesquisa e têm estabelecido uma série de confluências entre diversos ramos da Linguística. Entre eles, a Linguística de Corpus tem fornecido importantes subsídios para a construção de corpora computadorizados, bem como para o desenvolvimento de uma metodologia de pesquisa que possibilita investigações mais amplas e menos dependentes da intuição do analista. Nesse sentido, a Linguística de Corpus traz para o campo dos Estudos da Tradução uma inovação metodológica, uma vez que permite, por exemplo, estabelecer parâmetros para a delimitação de unidades fraseológicas, de extrema relevância para a prática tradutória, Dessa maneira, possibilita descobrir quais são seus significados, seus

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padrões de combinabilidade, as características semânticas que se repetem nesses padrões etc. Além disso, no plano teórico, pode auxiliar o pesquisador a delimitar, explicar e definir tais unidades fraseológicas, entre elas as colocações, por meio de dados observáveis pelo computador e com o auxilio de ferramentas computacionais. Assim, esta apresentação visa tratar dos passos metodológicos, dos objetivos e de algumas dificuldades encontradas para a compilação de um corpus de aprendizes de tradução, formado a partir das traduções realizadas por alunos universitários brasileiros, na direção tradutória português-inglês. Além disso, objetiva discutir alguns resultados de uma pesquisa voltada para a análise de aspectos fraseológicos, mais especificamente colocacionais, presentes neste corpus. Com o auxílio do programa computacional WordSmith Tools (Scott, 2007), versão 5.0, foi possível extrair as colocações mais frequentemente empregadas pelos alunos e, desse modo, 1) obter resultados parciais no que tange às escolhas e aos padrões colocacionais do público-alvo investigado, em comparação àqueles encontradas no texto original; 2) levantar os tipos de colocações mais, ou menos, empregados por alunos universitários brasileiros em relação ao texto original; e 3) verificar a influência da língua-mãe em suas escolhas colocacionais. Ao levantar essas questões, notamos que os desafios em relação ao ensino de padrões colocacionais em uma língua estrangeira para aprendizes de tradução ainda permanecem. Tendo em vista este contexto, ainda é preciso debruçar-nos sobre determinadas questões que merecem nossa investigação, entre as quais: como podemos minimizar as quebras colocacionais ou os desvios dos padrões colocacionais, levando em consideração as dificuldades dos aprendizes para dominar tais unidades fraseológicas? Outrossim, cabe-nos refletir acerca de como podemos auxiliar os aprendizes de tradução, no sentido de capacitá-los a empregar as colocações de modo mais efetivo, por meio de estudos baseados em corpus.

Palavras-chaves: colocações, colocações especializadas, corpus de aprendizes, tradução

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ANÁLISE DOS VOCÁBULOS RECORRENTES E PREFERENCIAIS NA TRADUÇÃO PARA O INGLÊS DE A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR.

Autores Emiliana Bonalumi 1,

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Rodovia Rondonópolis-Guiratinga Km 6 MT 270 Rondonópolis78735-901 )

Resumo Este trabalho faz parte de um projeto maior intitulado “Investigação de vocábulos recorrentes e preferenciais em traduções literárias, jornalísticas, jurídicas, bem como nas áreas da culinária, da moda e da medicina” e teve como objetivo identificar e comparar cinco vocábulos recorrentes e preferenciais encontrados nos corpora literários escritos originalmente em língua portuguesa (<b>A Hora da Estrela</b>, de Clarice Lispector) e traduzido para a língua inglesa (<b>The Hour of the Star</b>, por Giovanni Pontiero) por meio do programa computacional <i>WordSmith Tools</i>. No que tange à escolha de Clarice Lispector, podemos comentar que foi considerada a repercussão dentro e fora do país, em virtude de os temas por ela abordados serem atuais até os dias de hoje. Diversos trabalhos foram escritos atestando sua notoriedade, como por exemplo os de críticos de literatura brasileira Alceu Amoroso Lima (1946), Ferreira Gullar e Julia Peregrino(2007), bem como Ferreira Gullar (2007); os de críticos da recepção de Clarice Lispector nos Estados Unidos e Inglaterra, Earl Fitz (2005) e Amanda Hopkinson (2009), entre outros. Foram analisados os vocábulos: “vida”, “amor”, “morte”, “moça” e “tempo” e suas traduções para a língua inglesa, onde pudemos observar algumas variações e omissões em relação aos vocábulos apresentados no corpus literário escrito originalmente em língua portuguesa. Em seguida, com o uso do programa computacional <i>WordSmith Tools</i>, em especial a ferramenta <i>Concord</i>, examinamos a tradução dos cinco vocábulos. Os resultados de nossa pesquisa nos indicaram como o tradutor Giovanni Pontiero usou a estratégia de fluência para

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traduzir o texto de maneira a ser melhor compreendida na língua meta. A nossa análise situou-se na proposta de Linguística de Corpus de Berber Sardinha (2004) e nas investigações a respeito dos Estudos da Tradução Baseados em Corpus de Baker (1993, 1995), assim como nas definições de variação de Bonalumi (2010) e de omissão de Baker (1992) e de Bonalumi (2010).

Palavras-chaves: Estudos da Tradução Baseados em Corpora, Vocábulos Recorrentes e Preferenciais, Literatura Brasileira Traduzida, Clarice Lispector

O PROCESSAMENTO DA LEITURA EM LÍNGUA MATERNA E EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: uma abordagem conexionista

Autores Francisco das Chagas de Sousa 1

Instituição 1 IFTO - INSTITUTO FEDERAL DO TOCANTINS (www.ifto.edu.br)

Resumo A leitura, seja em língua materna, seja em língua estrangeira, envolve o leitor, o texto, a interação entre leitor e texto, o conhecimento prévio – enciclopédico e lingüístico – do leitor e o processamento cognitivo da informação lingüística em vários níveis: ortográfico, fonológico, sintático e semântico (KODA, 1994). No bojo da questão do imbricamento entre a leitura em língua materna e em língua estrangeira, surgem questões intrigantes com relação à existência de estratégias de processamento usadas na leitura nas duas línguas – a materna e a estrangeira. Além disso, o estudo do processamento da leitura em língua materna e em língua estrangeira justifica-se por três fatores principais: 1) as estatísticas da SAEB (Sistema de Avaliação do Ensino Brasileiro) de 2003 apontam um desempenho em leitura muito aquém do esperado, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio; 2) a automatização de processos ascendentes de leitura em língua materna, como a decodificação de palavras, são tidos como fatores-chave para que o leitor iniciante chegue à compreensão de leitura, e

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várias pesquisas (OLIVEIRA, 2004; FREITAS, 2004) indicam que essa automatização não está ocorrendo; 3) as questões relativas ao processamento cognitivo da leitura em L2 são importantes devido ao contexto em que se insere a Unisc, uma vez que a variante sociolingüística falada por grande parte da população do interior do Vale do Rio Pardo é o alemão e, em virtude disso, muitas crianças chegam à escola com pouco conhecimento prévio do português brasileiro, o que faz do processo de alfabetização um processo de aprendizagem da leitura em língua estrangeira. <p> Além do colocado acima, há de se destacar que, embora provavelmente seja verdadeiro o fato de os processos cognitivos subjacentes à leitura em L1 e em L2 serem os mesmos (SEIDENBERG, 1992), é importante que se reconheça, também, que existe uma conjunção de vários fatores que fazem da leitura em L2 um fenômeno psicolingüístico com características específicas próprias que justificam uma investigação mais aprofundada.

Palavras-chaves: Processamento da leitura, Cognição e linguagem,

Leitura em L2, Leitura em L1

ÁREA TEMÁTICA 10- LINGUÍSTICA TEXTUAL

SIGNIFICAR: UM TIPO ESPECIAL DE ATO DE DISCURSO

Autores Candida Jaci de Sousa Melo1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Departamento de Filosofia (Natal, RN)

RESUMO:

Na tradiçao logica da filosofia analitica, compreender a significaçao de un enunnciado é compreender suas condições de verdade. Na tradição da filosofia da linguagem natural, a significação está ligada além disso ao uso que os agentes fazem da linguagem. Com Grice, a

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significação ultrapassaou as fronteiras da filosofia da linguagem e entrou no terreno da filosofia da mente e da ação. Ela está desde então ligada às atitudes e às ações dos interlocutores. Segundo Austin, Searle, Vanderveken e autros os agentes significam quando eles utilisam as palavras com a intenção de realizar atos ilocucionárions. Tais atos têm condições de felicdade em vez de condições de verdade. Segundo esta abordagem, há significaçao quando há realização dos atos ilocucionários. O objetivo deste trabalho é de clarificar a natureza própria da significação na segunda tradição. Aos meus olhos, toda análise adequada da significação deve reconhecer que a mente, a linguagem e a ação são ligadas. Por um lado, a mente precisa da linguagem para descrever o mundo e agir. Pour outro lado, o linguagem precisa da intencionalidade para que haja significação e comunicação. Em particular, os agentes devem ter certos tipos de estados mentais (sobretudo intenções, crenças e desejos) e igualmente fazer certos atos de pensamento (sobretudo atos de discourso tais como os atos de enunciação, de referéncia, de predicação e os atos ilocucionários). Por esta razão, defendo a ideia que significar é agir intencionalmente em vez de ter apenas intenções. Qualquer um que comunique no discourso tenta inevitavelmente realizar atos ilocucionários. Ora, as tentativas são ações intrinsicamente intencionais em vez de atitudes dos locuteurs. Por consequência, significar alguma coisa é agir intencionalmente. É preciso entao adicionar à taxonomia dos actos de discourso, o ato de tentar de realizar atos illocucionarios. Em resumo, significar é tentar de realizar atos illocucionarios pouco importa si conseguimos ou não. Para fazer tais tentativas é preciso compreender as condições de felicidade dos atos tentados. Falarei das condições de felicidade do ato próprio de significar.

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PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM NO BRASIL: as teorias linguísticas nos manuais de introdução

Autores José Carlos Leandro 1,1,1,1

Instituição 1 UFPE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (AV PROF MORAES RÊGO,1235, RECIFE-PE, 50670-420)

Resumo Na abordagem assumida no presente estudo, entendemos que Filosofia da Linguística, enquanto modo de acompanhar criticamente o trabalho do linguista autor do Manual de Introdução, não pode prescindir da contribuição da Filosofia da Ciência, como instrumento analítico do fazer de todo e qualquer pesquisador em qualquer área do conhecimento. Sabemos que, por sua vez, o estudo da Filosofia da Ciência leva em conta os achados da História da Ciência, a fim de não normatizar rigorosamente a análise pautada pela Filosofia da Ciência em sua tarefa de desvelar os avanços e recuos que uma determinada ciência realizou. Um exemplo da relevância da inserção da Filosofia da Ciência nos problemas linguísticos no processamento da análise de teorias como o Estruturalismo desenvolvido por Saussure na Europa, especificamente na França e na Suíça, é a presença da mesma corrente efetuada nos Estados Unidos. Enquanto o Estruturalismo de base dicotômica e universalista predominou na Europa, a corrente de mesmo nome focou a descrição fonética, morfológica e sintática de línguas indígenas ou em extinção na América do Norte, particularizando assim as descobertas linguísticas como fenômenos presentes em cada uma das línguas, fenômenos que, inclusive, poderia não se repetir em outras. À Filosofia da Ciência cabe oferecer as motivações externas que levaram os estudiosos da linguagem nos diferentes continentes a escolher uma perspectiva do Estruturalismo e desenvolvê-la mais que outras. À Filosofia da Linguística cabe justificar quais os rebatimentos que tais escolhas por um determinado modo de fazer pesquisa estruturalistas tiveram para os estudos da linguagem de um modo geral. Nesse aspecto,

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este estudo se propõe a compreender a (s) influências(s) que os estudos linguísticos contemporâneos, nos últimos 30 anos, tiveram sobre a forma como as teorias da linguística são apresentadas nos Manuais de Introdução à Linguística que foram publicados por autores nacionais. Dessa forma, abordaremos em nosso estudo a Filosofia da Linguística como uma disciplina que se ocupa hoje de tais questionamentos. Nesse sentido, compreendemos a Filosofia da Linguística como um ramo da Filosofia da Ciência voltado especificamente à análise da Lingüística e de “suas teorias, cabendo-lhes investigar as formas de obtenção do conhecimento fundamentado sobre a linguagem humana que os linguistas, no mundo real, utilizam”. (NETO, José Borges, 2004, p.8). Acreditamos, dessa forma, ser importante entender como os estudiosos da linguagem e, principalmente, os proponentes de teorias que explicam o funcionamento dela são apresentados pelos autores de manuais de introdução aos estudos da linguagem, pois os conhecimentos expostos em tais manuais vão, de alguma forma, influenciar os estudantes de Letras e de Linguística, quiçá em toda sua vida profissional como docente e como pesquisador. Nesta perspectiva, podemos inferir que a linguagem pertence à filosofia no sentido de se caracterizar como um primeiro conhecimento humano e que esta relação entre linguagem e conhecimento sempre esteve posta na vida do homem por causa desse inescapável atrelamento da linguagem ao conhecimento e vice-versa. Por essa razão, escolhemos como teoria-guia deste estudo a Filosofia da Linguística para assim poder historiar a chegada e os reflexos das teorias linguísticas para se estabelecer o movimento de mudanças ocorridas e vislumbrar interpretações explicativas para notáveis avanços e lamentáveis recuos em torno do fenômeno língua ao longo dos séculos XX e XXI. Assim, uma das questões desafiadoras que se apresentam em nossos dias é revelada a partir da multiplicidade das abordagens teóricas. Ela possibilita enxergarmos dois momentos: um de riqueza das abordagens e outro de certa fragmentariedade. Nesse sentido, a contribuição dos estudos bakhtinianos poderá fornecer elementos analíticos relevantes, sobretudo na identificação das “vozes” e nas pistas de sua presença ou não nos textos dos manuais.

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Palavras-chaves: CIÊNCIA, FILOSOFIA DA LINGUISTICA, LINGUÍSTICA, TEORIAS LINGUÍSTICAS

GRAMATICALIZAÇÃO E TRADIÇÃO DISCURSIVA

Autores Lúcia Regiane Lopes-Damasio 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Linguagens (Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367, Boa Esperança, CEP78060-900)

Resumo Partindo de um enfoque teórico geral baseado na concepção Coseriana (1975) de <i>sincronia<i>, <i>diacronia<i>, <i>história<i> e <i>mudança linguística<i>, em direção a um enfoque mais específico sobre um tipo de mudança que faz emergir itens/construções gramaticais de itens/construções lexicais ou menos gramaticais, via processo de gramaticalização (TRAUGOTT, 1982, 1989, 1995; TRAUGOTT e KÖNIG, 1991), conjugado aos pressupostos analíticos da perspectiva textual-interativa, assentada em uma concepção pragmática de linguagem e texto (JUBRAN, 2006), e numa orientação teórico-metodológica fundamentada no conceito de diacronia não-ideal e, consequentemente, no de Tradição Discursiva (TD), entendida como a repetição de um texto ou de uma maneira particular de escrever/falar, com valor de signo próprio (KABATEK, 2005) esta pesquisa, vinculada ao “Projeto para História do Português Paulista” (também conhecido como Projeto Caipira), analisa o item <i>assim<i> no que tange ao seu funcionamento tópico geral, especificamente com enfoque semântico-formal e no processo de junção instaurado, em diferentes TDs. Os <i>corpora<i> desta pesquisa constituem-se por textos de TDs medialmente faladas e escritas, representativos da variedade Paulista do Português, a saber: (i) no recorte diacrônico: cartas e editoriais jornalísticos dos séculos XVIII, XIX e XX; e (ii) no recorte sincrônico: e-mails e dados de fala (Banco de dados IBORUNA). Objetiva-se analisar, nos contextos de cada TD e de comparação entre as TDs, a estabilidade ou mudança relacionada

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ao item <i>assim<i>, ou seja, a alteração, permanência ou exclusão dos seus traços discursivo-semântico-gramaticais, de acordo com os pressupostos da gramaticalização. Os resultados permitem afirmar que além de os contextos linguísticos imediatos serem fundamentais nesse processo, o tipo de TD exerce também papel determinante, uma vez que, em determinadas TDs, determinados contextos são mais frequentes, levando à convencionalização de determinadas implicaturas na constituição das funções gramaticais. Assim, confirma-se a relação do desenvolvimento gramatical do item <i>assim<i> com as TDs. Destacam-se duas generalizações relacionadas a isso: (i) determinados aspectos gramaticais se desenvolvem mediante pressões contextuais favorecidas pelas características de determinadas TDs; (ii) determinados aspectos gramaticais se desenvolvem independentemente das características de determinadas TDs, de modo a comprovar aspectos da heterogeneidade constitutiva da linguagem (cf. CORRÊA, 1997, 2004). Dessa forma, comprova-se a existência de uma estreita relação entre as tradições textuais investigadas e o caminho de mudança percorrido pelo item, a partir de uma concepção histórica de diacronia não-ideal.

Palavras-chaves: Assim, Gramaticalização, Mudança Linguística, Tradição Discursiva

ABRE A PORTA E ACENDE A LUZ: tradição e formulaicidade em textos da religiosidade popular

Autores Lucrécio Araújo de Sá Júnior 1, Elisângela Tavares Dias 1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Campus Universitário- Lagoa Nova)

Resumo O sujeito é verdadeiramente o criador de imagens. É assim que Bachelard (BARBOSA, 1996, p. 31) admite em sua obra epistemológica, a despeito do método fenomenológico, que é o sujeito quem as cria como acontecimentos súbitos (ibidem) da/na

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vida. Esta concepção desvela sumariamente uma vivência, muitas vezes, metaforizada da realidade pela oralidade. Neste estudo tomamos a noção de formulaicidade para compreender como se processam os textos das Folias de Reis, reiterados em outras performances tradicionais das culturas populares. O uso de expressões fraseológicas se faz como Tradições Discursivas que se estabelecem através da cadeia da oralidade popular. Desse modo, segundo Xatara e Oliveira (2008), constituem-se como unidades lexicais fixas, consagradas por falantes de uma língua, que as recolhem a partir de experiências vividas, formulando enunciados figurados, sucintos e completos, com o intuito de ensinar, mitigar, aconselhar, admoestar, repreender, persuadir, etc. Note-se que, no caso das Folia de Reis, a relação entre igreja e vivência popular, é representada pela palavra que se enuncia como lembrança, memória-em-ato, ressonância ilimitada no curso de si (ZUMTHOR, 2010, p. 12). Nessa perspectiva, a plurissignificação fraseológica na religiosidade popular vislumbra sua representatividade, nitidamente observável pelos significados que esta carrega. Neste trabalho, fazemos o levantamento dos constituintes discursivos de base sociocultural, a fim de mostrarmos que as expressões fraseológicas dentro das Folias de Reis mostram-se cristalizadas e recorrentes, mas podendo ter graus distintos de fixidez lexicais. Observaremos ainda que, as construções fraseológicas são, em rigor, aquelas estabilizadas pela língua/linguagem, mas estas não se cristalizam a um tipo de texto específico, uma vez que são absorvidas por uma comunidade linguística considerando a sintonia entre a sua produção e obviamente o seu uso em situação de performance. E disso, resultam constituintes específicos que envolvem as propriedades para seleção das bases semânticas, sintáticas, fonológicas e lexicais (BRAGANÇA JÚNIOR, 1999, p. 8).

Palavras-chaves: Formulaicidade, Fraseologia, Tradição oral, Folia de Reis, Religiosidade Popular

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ANÁLISE DA ESCRITA DE BILHETES PRODUZIDOS EM SALA DE AULA: Semelhança com a escrita dos scraps da rede social orkut?

Autores Verena Abreu 1

Instituição 1 UFRB - Universidade Federal do Recôncavo Baiano (Av. Carlos Amaral, 1015 - Cajueiro - Santo Antônio de Jesus/BA CEP: 44.570-000), 2 Facemp - Faculdade de Ciências Empresariais (Travessa XV de Novembro, 89A - Centro - Santo Antônio de Jesus - BA), 3 FACE - Faculdade de Ciências Educacionais (Rua Maria Consuelo, nº 123, bairro Graça, Valença, Bahia)

Resumo Com base na perspectiva teórica da Linguística Textual e apoiado nos estudos sobre a linguagem digital e a transmutação dos gêneros, na presente dissertação apresenta-se como tema a escrita digital e sua influência na grafia de jovens em ambiente escolar, sobretudo em momentos comunicativos de produção de bilhetes, fora do ciberespaço. Os <i>corpora</i> investigados nesse trabalho foram <i>scraps</i> extraídos do site de relacionamentos <i>Orkut</i> e bilhetes produzidos em sala de aula que trazem realizações de notação escrita que sugerem uma não exclusividade da linguagem digital à <i>Web</i>. Assim sendo, este estudo, fundamentado na Lingüística Textual e na concepção de gêneros discursivos de Bakhtin (2003), bem como na concepção de Hipertexto e estudo de gêneros digitais, também por autores vinculados a Linguística de Texto (Marcuschi, Xavier, Araújo, Komesu, Coscarelli, Bisognin, Ribeiro, dentre outros), objetiva, principalmente, analisar o fenômeno, com o propósito de investigar o uso frequente da escrita digital e a sua influência na grafia dos jovens usuários da Internet, já que a comunidade escolar depara-se inúmeras vezes com essa nova variação da escrita, seja em situações de maior ou de menor formalidade, fora do ciberespaço. Trata-se então da possível transmutação da transmutação, uma vez que foram investigados <i>scraps</i> do <i>Orkut</i>, considerados a transmutação dos gêneros bilhetes, mas também, quando

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proposto aos discentes a escrita de bilhetes, mesmo usando o papel como suporte, muitos deles utilizam-se, vez por outra, de palavras que apresentam a grafia da escrita digital. A metodologia mais aplicada aos propósitos deste trabalho é a pesquisa de campo. Nesse sentido, os <i>corpora</i> são atividades escolares (redações) de Língua Portuguesa/Redação, de alunos de uma escola particular, localizada Santo Antonio de Jesus (BA), nas quais estes utilizam a Internet com freqüência, inclusive na própria escola; e textos disponíveis no site de relacionamentos <i>Orkut</i>, especialmente <i>scraps</i> escritos por jovens em idade escolar, para caracterizar a notação escrita digital e ilustrar inúmeras de suas realizações no hipertexto. A seleção do corpus referente às atividades escolares foi realizada com 96 estudantes do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, com faixa etária de onze e quinze anos. Assim, são analisadas algumas realizações da notação escrita em bilhetes, averiguando similaridade ou não com a linguagem digital em textos elaborados pelos alunos durante as aulas de Língua Portuguesa/ Redação, cujo destinatário foi um colega de classe, efetivando, portanto, um propósito comunicativo.

Palavras-chaves: Bilhetes, Escrita, Gêneros, Scraps, Transmutação

UMA INVESTIGAÇÃO A RESPEITO DO LÉXICO MAIS FREQUENTE EM UM CORPUS LITERÁRIO TRADUZIDO DO INGLÊS PARA AS LÍNGUAS PORTUGUESA E ESPANHOLA.

Autores Celso Fernando Rocha 2

Instituição 2 UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (Rua Cristóvão Colombo, 2265 - São José do Rio Preto)

Resumo O objetivo do presente trabalho foi analisar o livro The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe, de C. S. Lewis, e as respectivas traduções para a língua portuguesa, realizada por Paulo Mendes Campos, e para o espanhol por Margarita Valdés. O trabalho tem como aporte teórico os Estudos da Tradução Baseados

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em Corpus (Baker, 1993, 1996, 2000) e a Linguística de Corpus (Berber Sardinha, 2004). No que concerne à metodologia adotada, os livros em inglês, português e espanhol foram transformados em arquivos eletrônicos e os dados referentes às obras foram extraídos por meio do programa WordSmith Tools e das ferramentas wordlist e concord. A primeira foi utilizada para extração das listas de palavras e estatísticas de todos os corpora e a última para extração da listagem contendo o nódulo de busca acompanhado de seu respectivo contexto. Com relação aos resultados, observou-se que as obras traduzidas apresentam maiores traços de explicitação, nota-se que há um maior emprego de mecanismos linguísticos específicos como a repetição de vocábulos e o uso de nomes próprios no lugar de pronomes. Registrou-se, também, maior tendência à topicalização de parágrafos e consequente mudança de pontuação. Em um trecho em específico, por exemplo, o texto de partida apresentava a palavra “professor”, empregada uma vez, enquanto que no texto traduzido para o português observamos substituição dos pronomes (do texto de partida) pelo substantivo (no texto de chegada), ou seja, repetiu-se a palavra professor mais vezes na tradução. No caso do contraste entre as duas traduções, verifica-se que no caso do espanhol, houve maior preocupação em manter a organização dos parágrafos e uma tradução mais presa ao texto de partida. A título de ilustração, apresentamos o seguinte trecho do original e suas traduções para o português e para o espanhol: At last the Turkish Delight was all finished and Edmund was looking very hard at the empty box [...] – “Por fim, acabou-se o que era doce, e Edmundo olhava fixamente para a caixa vazia *...+” – e, Por fin las Delicias turcas se terminaron. Edmundo mantuvo la vista fija en la caja vacía *…+. Em língua portuguesa, há um processo de tradução mais livre, por meio do qual o tradutor optou por empregar uma expressão que geralmente é dita para crianças e apresenta-se em forma de rima. Por fim, é importante salientar que existem outros aspectos da obra traduzida que serão oportunamente explorados.

Palavras-chaves: Linguística Aplicada, Linguística de Corpus, Estudos da tradução baseados em corpus, Estudos da Tradução

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A HIPERTEXTUALIDADE NO FACEBOOK

Autores Jaqueline Ribeiro Souza 1, Ana Cristina Lobo Sousa 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (RODOVIA MT 270 KM 06 ROO GUIRATINGA CEP: 78735910)

Resumo O Facebook é o segundo site mais visitado no mundo (KIRKPATRICK, 2011) e a principal rede social hoje no Brasil. Desde sua criação, em 2004, tem sido uma forma de expressão excepcionalmente singular ao imprimir uma característica viral à informação (KIRKPATRICK, 2011, p. 15), o que demonstra uma mudança na forma como as pessoas se comunicam e interagem em ambiente virtual. Trata-se de uma experiência cultural compartilhada por pessoas que usam a linguagem para expressar opiniões e paixões em relação aos fatos do momento com uma velocidade muito grande para unir e organizar pessoas. Além disso, é ótimo exemplo de como “todos podem ser editores, criadores de conteúdo, produtores e distribuidores” (KIRKPATRICK, 2011, p. 17). Tudo isso se dá por meio de práticas discursivas em ambiente hipertextual, o que confere à linguagem a possibilidade de apresentar-se não apenas tendo a língua como centro da comunicação, mas também com a presença de linguagens inter-relacionadas em “um processo de ressemiotização ou ressignificação” (GOMES, 2010, p. 97). Na esteira de Gomes (2010), entendemos que o Facebook, enquanto um exemplo de hipertextualidade, fornece-nos ótimo exemplar de como a multimodalidade se configura para a definição do que é hipertextual. Assim, a presente pesquisa, em andamento, objetiva analisar a hipertextualidade no Facebook por meio da descrição de um dos principais critérios definidores do hipertexto: a multimodalidade (ARAÚJO, 2003; 2006; COSCARELLI, 2006; GOMES, 2010; KOCH, 2003; 2006; XAVIER, 2002; 2010). A hipertextualidade é entendida aqui como uma enunciação digital, consoante Xavier (2002; 2009) e rediscutida em Lobo-Sousa (2009). Para o alcance deste objetivo, a investigação, de natureza teórica, vale-se dos

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estudos empreendidos por Gomes (2010), no tocante ao hipertexto multimodal e considera as formulações teórico-filosóficas de Bakhtin (1997), relativa aos conceitos de enunciação, enunciado e gêneros. Em nossa análise, pudemos constatar que os modos semióticos do Facebook não só se apresentam como o que já se poderia encontrar no texto, mas principalmente, em função da hipermídia, apresentam-se também em diferentes escalas de organização, tal como defendia Gomes (2010), fundamentando-se em Lemke (2002), para quem o termo hipermodalidade seria mais adequado ao hipertexto que o termo multimodalidade.

Palavras-chaves: hipertextualidade, multimodalidade, Facebook

FORMAS DE NOMEAÇÃO DO "BOM PROFESSOR" POR MEIO DE (RE)CATEGORIZAÇÃOES

Autores Gisely Soares da Silva 1, Everaldo Lima de Araújo 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Rodovia Rondonópolis-Guiratinga - Km 6 - MT 270 - Rondonópolis - MT)

Resumo Muitos estudos no âmbito da Linguística Textual têm refletido sobre referenciação, considerando-a como um conjunto de ações de natureza cognitivo-discursiva, efetuadas por coenunciadores que, constroem, compartilhadamente, os objetos-de-discurso que garantirão a construção de sentido(s), seja isso expresso em uma expressão referencial que será retomada em processos anafóricos ao longo de um texto, seja pela construção sociocognitiva permitida pela linguagem e não explicitada no cotexto. Isso se justifica pelo fato de se considerar “os processos de referenciação em termos de construção de objetos de discurso e de negociação de modelos públicos.”. (MONDADA; DUBOIS, 2003, p. 48) e também por entendermos que “os processos de referenciação são escolhas do sujeito em função de um querer-dizer. Os objetos-de-discurso não se confundem com a realidade extra-linguística, mas (re)constroem-

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na no próprio processo de interação.”. (KOCH, 2004, 61). Nessa perspectiva é que propomos a presente proposta, parte de uma pesquisa ainda em andamento, que visa à discussão de como se dá a nomeação do que seja “bom professor” na Revista Nova Escola. O tema “bom professor” tem sido estudado por alguns autores, como Cury (2003), para quem o professor é nomeado como um profissional eloquente, com metodologia, que transmite com segurança e clareza os conteúdos a serem dados. Costa (2008), por sua vez, nomeia o bom professor como um profissional competente, responsável, criativo, com domínio de conteúdo. Assim, partimos da seguinte questão: como se dá a nomeação do “bom professor” em textos da Revista Nova Escola? Nosso intuito é analisar as funções discursivas de expressões referenciais (re)categorizadoras, considerando que o processo cognitivo da (re)categorização não se dissocia da referenciação, estando os dois intimamente ligados, tal como defende Ciulla e Silva (2008). Para o alcance de nosso objetivo, tomaremos como corpus, textos publicados na Revista Nova Escola, por meio de variadas matérias e edições. Acreditamos que em textos dessa revista haja formas de (re)categorizações nas nomeações do chamado “bom professor” merecedoras de uma análise mais acurada, uma vez que resultados preliminares já apontam para a excessiva adjetivação eivada de conotações de valoração cultural consoante com sistemas econômicos. Essa análise inicial já nos permite perceber, pela estratégia referencial utilizada, importante modo de veicular um jogo ideológico acerca do que seja esse “bom professor”.

Palavras-chaves: referenciação, (re)categorizações, bom professor

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MAPAS DO RIO GUAPORÉ: uma análise filológica em documentos cartográficos do século XVIII da Capitania de Mato Grosso

Autores Carolina Akie Ochiai Seixas Lima 1, George Gleyk Max de Oliveira 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. fernando Correa,Bairro Coxipó)

Resumo Com este trabalho pretendemos demonstrar as semelhanças e diferenças entre as edições fac-similadas de três mapas do Rio Guaporé. Um mapa encontra-se sob a guarda do Arquivo do Exército no Rio de Janeiro, outro na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e um terceiro na Casa da Ínsua em Portugal. Todos confeccionados à mão no século XVIII, durante o governo do Capitão-General da Capitania de Mato Grosso Luis de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres. Esta análise se deu à luz da Filologia, em suas ciências auxiliares: codicológica e paleográfica dos mapas através do método histórico-comparativo que permitiu uma análise da toponímia apresentada no curso do Rio Guaporé. Por meio desta análise também apresentaremos o estudo dos textos e das gravuras presentes no interior dos mapas e demos a conhecer os diversos aspectos diferentes entre o mapa que deu origem e à reprodução dos demais outros dois exemplares. É sabido que a coroa portuguesa por meio do então primeiro ministro de Portugal, Marquês de Pombal, trabalhava para fixar a presença lusitana a ocidente da linha divisória do Tratado de Santo Idelfonso, ocupando terras que pertenciam ao Império Espanhol. Ao descrever detalhadamente o curso do rio Guaporé, seus afluentes e as localidades que o margeavam, como também o relevo montanhoso, mostra a posse das terras que já estavam em mãos portuguesas. O poderio da demarcação implantada por fundação de cidades, vilas, aldeias e o domínio sobre os povos indígenas pode ser demonstrado. A importância de conhecer a hidrografia da região proporcionava o seu domínio e a divulgação para aqueles que se arriscariam em habitá-la, aumentar o número de habitantes

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portugueses em terras a oeste da costa do atlântico era a intenção de Portugal. Ao observar os mapas, saltam aos olhos a riqueza de ilustrações coloridas e tão bem desenhadas e passados mais de duzentos anos conservam-se em bom estado.

Palavras-chaves: Filologia, Capitania de Mato Grosso, Mapas.

ÁREA TEMÁTICA 11- SEMIÓTICA SEMIÓTICA COMO OBJETO MODAL PARA UMA LEITURA CRÍTICA DE ENUNCIADO EM LÍNGUA INGLESA.

Autores Valdenildo dos Santos 1

Instituição 1 UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará (Av Marechal Rondon S/N, Caranazal, Santarém, Pará, Cep 68040070), 2 UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará (Av Marechal Rondon S/N, Caranazal, Santarém, Pará, Cep 68040070)

Resumo A maioria dos professores de Língua Inglesa ao se depararem com textos em sala de aula, sejam estes de livros didáticos ou de material pedagógico alternativo, têm como preocupação básica, nas aulas de leitura da referida língua, ensinar as técnicas de leitura instrumental como "skimming", "scanning", cognatos, marcadores discursivos, título, "layout", inferências, etc como auxiliadores para a compreensão do enunciado, em outras palavras, a tradução do texto, considerando o repertório cultural do aluno. Em aulas de Inglês em geral as habilidades da língua geralmente exploradas são "Listening Comprehension", gramática, escrita e conversação. Não há uma preocupação com a leitura crítica do enunciado, uma vez que ensinar as quatro habilidades tradicionais já é um grande desafio em termos de Ensino Fundamental e Ensino Médio. Noam Chomsky, falando sobre o sistema educacional americano, afirma que aquele sistema prepara o aluno para ser obediente, submisso, enfim, um autômata. Refletindo sobre essas questões, este

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comunicador, professor pesquisador ousou introduzir a semiótica da escola de Paris como objeto modal para o ensino de leitura crítica em enunciados musicalizados extraídos de Programas de Rádio de caráter educativo de sua produção e apresentação que têm como foco o ensino da Língua Inglesa via textos musicalizados. O que pretende-se comunicar aqui, portanto, é o relato de uma experiência aplicada em sala de aula junto a um grupo de 15 professores de Língua Inglesa das escolas públicas de Santarém e região, no Oeste do Pará, momento em que procurou-se mostrar que mesmo um texto aparentemente ingênuo e fácil de se traduzir ou compreender, têm, em seu interior, aspectos mais profundos que podem ser captados através da aplicação da referida teoria. Neste sentido, será apresentada tal experiência e os resultados obtidos por meio da análise semiótica do enunciado musicalizado "Love" de autoria de John Winston Lennon, quando foram explorados aspectos sinestésicos inseridos na letra da canção, numa abordagem que envolve a semiótica do sensível em que se revelam aspectos passionais e estéticos.

Palavras-chaves: semiótica, Ensino, Leitura Crítica, Língua Inglesa, Semiótica sensível

SEMIÓTICA E DANÇA: uma análise do primeiro capítulo do espetáculo "Nazareth"

Autores Siane Paula de Araújo 1

Instituição 1 Posling CEFET-MG - Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens CEFET-MG (Av. Amazonas 5253 - Nova Suiça - Belo Horizonte - MG - Brasil)

Resumo Este trabalho é uma proposta de análise do primeiro capítulo do espetáculo "Nazareth", em vídeo, do Grupo Corpo Companhia de Dança, de Belo Horizonte. O espetáculo é subdividido em sete capítulos que abarcam os dez títulos coreografados. Estes capítulos que representam a tradução intersemiótica de algumas referências

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da literatura de Machado de Assis, como os contos "Um Homem Célebre" e "Terpsícore", para a adaptação da música de Ernesto Nazareth feita por José Miguel Wisnik e, desta, para a dança do coreógrafo Rodrigo Pederneiras. O primeiro capítulo é compreendido pelos títulos "A Polca" - cuja trilha sonora é uma adaptação da música "Cruz Perigo!" - e "A Valsa" - adaptação da música "Improviso de Concerto" de Nazareth. Para a análise, importa como as distintas linguagens, como a literária e a musical, são apropriadas para a dança do espetáculo. Tão logo, a semiótica de Charles Sanders Peirce junto às teorizações do poeta Haroldo de Campos sobre tradução e ao conceito de "corpomídia" das professoras Helena Katz e Christine Greiner (PUC-SP) são adotados como principais instrumentais teóricos à proposta de leitura. Nesse contexto, o corpo impregnado na tela de transmissão da dança em vídeo é tomado como signo, ou melhor, como um corpo semiótico, detentor de linguagem icônica, indicial e simbólica no espaço de representação gerando uma polifonia de sentidos. Este "espaço" que se encontra pela relação entre o sujeito bailarino com o "outro" no plural, ou seja, não somente entre os outros bailarinos, como também entre o cenário, os figurinos, a iluminação e a trilha sonora. A problemática da tradução se insere nessa dinâmica processual dialógica e polifônica como uma ato crítico e reflexivo, sincrônico e diacrônico, ampliando este "espaço" pelas relações sígnicas espelhadas entre literatura, música e dança. Dessa forma, a "brasilidade" que acompanha a marca do Grupo Corpo também se desabrocha nesse contexto pelas distintas temporalidades sobre um conteúdo que é audiovisual, bem como, pelas características da própria dança que é espaço-temporal.

Palavras-chaves: Dança, Grupo Corpo, Nazareth, Semiótica

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CONSERVAÇÃO E RECRIAÇÃO: o lugar do músico improvisador na tradição do Jazz

Autores Cleyton Vieira Fernandes 1

Instituição 1 Usp - Universidade de São Paulo (Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 - Sala 16)

Resumo O semioticista Jean-Marie Floch propõe, em vários de seus textos, a categorização dos discursos em Referenciais ou Míticos, de acordo com o grau de vínculo que tais discursos possam estabelecer com a construção de uma significação fora deles ou neles mesmos. Considerando que tais categorizações antecedem a materialização do signo, de acordo com o semioticista Pietroforte, tais categoria podem ser aplicadas a quaisquer planos de expressão, e, em nosso caso, interessa-nos o olhar sobre o discurso musical instrumental. Nas décadas de 1970 e 80 era bastante acirrado o debate entre musicólogos que defendiam a chamada “interpretação histórica” e os que defendiam uma interpretação que conservasse a liberdade do músico em recriar ou, ao menos, imprimir sua própria marca à obra. Por outro lado, na tradição ocidental da música popular, o músico improvisador ocupa uma posição bastante peculiar no processo de criação musical. O ato de improvisar recria e amplia o tema musical proposto e confere ao improvisador o estatuto de compositor e intérprete, simultaneamente. Em nosso trabalho, pretendemos discutir os vários posicionamentos tomados pelos improvisadores em alguns períodos do Jazz nos Estados Unidos. Ao observarmos diferentes formas de improvisação, verificamos que tais músicos, ora se posicionam como intérpretes, ora como recriadores. Evidentemente, tal observação se dá pelas marcas presentes na enunciação enunciada para, a partir daí, nos fazer ver a transformação de uma linguagem em constante processo de renovação. O ato de improvisar pode, em dados momentos, levar em conta uma discursivização programática e narrativa, ou, pode remeter à outros sistemas musicais e contrapô-los em níveis fundamentais da linguagem, afirmando então a discursivização

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mítica. Discutir tais conceitos e aplicá-los será o objetivo dessa comunicação. Finalizaremos apresentando um breve modelo que caracteriza o modus operandi de tais intérpretes e os relaciona numa cadeia de oposições em relação ao ato de recriar ou conservar.

Palavras-chaves: Semiótica, Música, Jazz, Discurso

ÁREA TEMÁTICA 12- GÊNEROS TEXTUAIS ENSINO DO GÊNERO: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O CONTO DE TERROR

Autores Rosemar Eurico Coenga 1

Instituição 1 SEDUC - Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Mato Grosso)

Resumo Este trabalho insere-se na área de Língua Portuguesa e consiste na apresentação de uma proposta de sequência didática para o ensino do conto de terror. Objetivo criar alternativas de aprimoramento de práticas pedagógicas que visem a desenvolver a competência leitora de alunos do 3º ciclo (2ª e 3ª fase) do ensino fundamental correspondente ao 8º e 9º ano. Pesquisas recentes têm destacado o papel dos gêneros para o ensino- aprendizagem de línguas, buscando situar a relação entre texto, contexto, discurso e sociedade. Nesta perspectiva, abarca-se as teorias de Bakhtin (2002), que reflete sobre as atividades de linguagem como práticas sociais, e as de Dolz e Schneuwly (2004), que tratam do ensino dos gêneros por meio de sequências didáticas. Palavras-chaves: ensino do gênero , sequência didática , conto de terror

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GÊNERO TEXTUAL NA ESOLA: uma proposta para a prática da pedagogia da variação linguística

Autores Joseli Rezende Thomaz 1

Instituição 1 UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (Rua José Lourenço Kelmer, s/n Campus Universitário – São Pedro 36036-330)

Resumo O presente trabalho tem como base a concepção da linguagem proposta por Bakhtin (1999) que concebe a língua como um conjunto de práticas sociais e cognitivas historicamente situadas. Considerando que é através de trocas interativas que se desenvolve a linguagem em seus diferentes padrões de fala e escrita, apoio-me na concepção sócio-interacionista de linguagem, adotada também pelos PCNs e na proposta de ensino de língua, através de sequência didática (Dolz e Schneuwly, 2004) com vistas ao desenvolvimento da competência comunicativa, através dos gêneros textuais. Tenho como objetivo apresentar uma proposta para a prática da pedagogia da variação linguística no ensino de Língua Portuguesa, voltada para o uso da língua em gênero de texto. Para tanto, planejei e apliquei, como metodologia, uma sequência didática para o ensino do gênero carta de leitor, demonstrando a eficácia desse procedimento didático metodológico no trabalho com os gêneros textuais na sala de aula. Escolhi, para a realização deste trabalho, o gênero carta de leitor por se tratar de uma das manifestações reais de uso da escrita na sociedade, além de oportunizar a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades e competências exigidas para o uso do tipo argumentar. O trabalho foi realizado com alunos do 8º ano de uma escola da rede privada do município de Juiz de Fora. Os resultados do estudo revelaram que essa proposta de didatização de gêneros, bem como o trabalho sistemático com a leitura e escrita de textos em uma variedade culta possibilitam aos alunos, ao mesmo tempo, o domínio do gênero estudado e a apropriação das expressões da variedade culta da língua. Embora os alunos cujos textos foram analisados tenham várias habilidades linguísticas a serem desenvolvidas principalmente no que tange à língua culta escrita, é possível constatar, que eles aprenderam a utilizar a língua

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materna em sua amplitude, selecionando linguagem, forma, estratégias e recursos a serem utilizados, segundo as situações de comunicação, com as quais eles se deparam em sua vida social. Palavras-chaves: Gêneros textuais, Ensino de Língua Portuguesa, Variação linguística

LEITURA E ESCRITA NA PRÁTICA DE SALA DE AULA/EJA: contribuições da teoria enunciativo-discursiva

Autores Soeli Aparecida Rossi de ARRUDA 1,3,2, Maria Rosa PETRONI 2

Instituição 1 CEFAPRO - Centro de Formação e Atualização dos Profissionais do Ensino (Rua Tiradentes, s/n - CENTRO - Cáceres-MT), 2 UFMT - Universidade Federal do Estado de Mato Grosso (Cuiabá-MT), 3 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Cáceres-MT)

Resumo No contexto educativo contemporâneo uma das grandes dificuldades vivenciadas nas escolas, por alguns professores, é a falta de conhecimento teórico que lhes dê base para a prática de ensino de Língua Materna, na perspectiva dos gêneros discursivos voltados às práticas sociais. Desta maneira, verifica-se a necessidade de pesquisas voltadas para a diferenciação entre os gêneros e para a intervenção junto aos professores, com vistas ao desenvolvimento das habilidades para apropriação de gêneros discursivos que circulam socialmente. Na escola a tendência é privilegiar o trabalho apenas sobre os gêneros de discurso homogêneos, ou na perspectiva da tipologia textual, ou seja, das sequências de um texto: narração, descrição, argumentação, exposição e conversação. E, deixa de lado uma abordagem mais orientada por aquela que leva em conta a heterogeneidade discursiva Os gêneros discursivos se estruturam de acordo com as diferentes esferas de atividade humana; e a variedade de formas de utilização da língua, sejam elas orais ou escritas, reflete aquelas esferas sociais especificamente.

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Nesse sentido, os gêneros não são fixos, eles variam em acordo com as necessidades de comunicação humana. Para tanto, com uma pesquisa-ação, objetiva-se refletir sobre a prática pedagógica e discursiva dos professores de Língua Portuguesa com vistas ao ensino de leitura e escrita na Educação de Jovens e Adultos – EJA do Ensino Médio, na Escola Estadual “Professor Milton Marques Curvo”, em Cáceres-MT. Discutir se o trabalho desenvolvido pelos professores na prática de sala de aula na EJA condiz com a proposta dos PCNEM e OCEM e identificar suas dificuldades mais comuns para compreender as orientações desses documentos para o ensino de leitura e escrita na EJA são objetivos que levam a uma análise das práticas sociais desenvolvidas no processo ensino-aprendizagem de uma parcela da população que se insere em uma modalidade característica de ensino. Nesse contexto, e visando à busca de alternativas de ensino mais eficazes, esse estudo terá como fundamento a teoria enunciativo-discursiva bakhtiniana (1934-1935; 1952/1953; 1993-2003), a teoria sócio-histórica da aprendizagem vygotskyniana (1935) e contribuições de outros autores filiados a concepção teórica de Bakhtin e, de Schenewly e Dolz.

Palavras-chaves: Ensino, Leitura, Escrita, Concepção, Interação

REPRESENTAÇÕES DO CAMPO E DA CIDADE NA POESIA DE MANOEL DE BARROS.

Autores Paula Regina Bezerril Souza 1,1,1,1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Av.Senador Salgado Filho,3000-BR101Km 92Lagoa Nova-Natal/RN.59078970)

Resumo Inúmeros trabalhos têm sido realizados e publicados no Brasil acerca das questões que envolvem a literatura em sua articulação com a vida social e histórica. Nessa compreensão, conforme a perspectiva de Antonio Candido: “os fatores sociais atuam

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concretamente nas artes, especialmente na literatura” (1985, p. 37). Neste sentido, pode-se reconhecer que a literatura, em sua plenitude, é capaz de discorrer algo fatual, que ocorre na realidade. Percebe-se que o autor muitas vezes reflete, analisa e discute a partir das dificuldades de vida do homem. Também pode tematizar a dificuldade social, tensões entre campo e cidade, problemas de aspectos da natureza causados pelo homem, a religiosidade e misticismos do sujeito simples do campo, etc. O presente artigo toma como principal referencial teórico as reflexões sobre o campo e a cidade sistematizadas por Williams em seu livro O campo e a Cidade (1989); em torno das comunidades existentes, historicamente bastante variadas, cristalizaram-se e generalizaram-se atitudes emocionais poderosas, com incidência de avaliar como ocorre a construção do sentido do texto que é o poema. Motivaram-nos a um estudo mais aprofundado a respeito das teorias que discorrem sobre este texto. Seguindo essa linha de pensamento, Candido cuja postura frente à literatura mostra-se bastante maleável uma vez que considera como literatura não apenas os textos canônicos, mas toda forma de manifestação cultural realizada pelo ser humano em todos os níveis de uma sociedade. A articulação entre o literário e o social pode ser vista na literatura sob vários ângulos. No presente trabalho, ver-se-á como a referida articulação se dá através das representações sociais do campo e da cidade na poética de Manoel de Barros. Neste sentido, a relação apontada tem evidência de elementos que caracterizam a modernidade, a tradição prefigurada na relação campo e cidade. E assim motivada por ser um escritor que dá permissão a pesquisa e comove o leitor com o despojamento de seus versos, tirados de chão, árvore, bicho, água e pedra.

Palavras-chaves: Literatura, Modernidade, Tradição, Sociedade, Cultura

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O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA PRÁTICA DE ENSINO NO INSTITUTO MADRE MARTA CERUTTI

Autores Karla Amorim Sancho 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367, Boa Esperança, CEP 78060-900)

Resumo O presente trabalho é resultado de um estudo que teve como meta principal investigar como se processa a prática pedagógica que trabalha com a produção sistemática dos gêneros textuais. O campo de pesquisa do presente trabalho é a escola. O local da pesquisa é o Instituto Madre Marta Cerutti, escola particular católica, da cidade de Barra do Garças, no estado de Mato Grosso.O fato de o Instituto Madre Marta Cerutti ser também nosso campo de trabalho por seis anos justifica a opção pelo referido campo de pesquisa. O corpus constitui-se da observação das aulas de Língua Portuguesa, ministradas a turma do 6º ano “B”, do Ensino Fundamental II, no que se refere a práticas de leitura, ao papel do professor e ao processo que tem a produção de texto como resultado. A Análise do Discurso, referencial teórico adotado no presente trabalho, considera como componente constitutivo do sentido o contexto histórico-social; ela analisa as condições em que este texto foi produzido. O contexto histórico-social ou contexto da enunciação compõe parte do sentido do discurso e não apenas um complemento que pode ou não ser considerado. Para a Análise do Discurso, os sentidos são historicamente construídos. A pesquisa objetivou descrever os saberes transmitidos nas aulas de Português, a atividade mesma de transmissão – compreendida como uma atividade discursiva – e as condições nas quais se realiza essa atividade.A presente investigação objetivou observar nesse contexto, a constituição do processo de produção textual escrita e compreender os mecanismos envolvidos nas interações sociais estabelecidas em sala de aula pela linguagem e a relação destas

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interações com o processo de construção do conhecimento relativo à produção de textos escritos. Para alcançar esse objetivo, esta pesquisa discorre sobre o ensino da língua portuguesa como instrumento de formação social, trazendo presentes os referenciais teóricos que norteiam essa proposta de ensino. A explanação do campo de pesquisa e a análise desenvolvida a partir do confronto com o referencial teórico concluem este trabalho.

Palavras-chaves: Alunos, Análise do discurso, Gêneros textuais, Professor

ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: entre as propostas oficiais e dos linguistas aplicados e a prática revelada pelos manuais didáticos

Autores JOSILENE AUXILIADORA RIBEIRO 1,1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (AV. FERNANDO CORREA DA COSTA)

Resumo Nas últimas décadas, os professores de Língua Portuguesa têm presenciado inúmeras transformações no que concerne à maneira de abordar o conteúdo da referida disciplina em sala de aula. Essas mudanças, iniciadas na década de oitenta, orientam o ensino não somente para a gramática, mas especialmente para o texto, isto é, para a materialização das intenções comunicativas do falante/escritor. No final da década de noventa, tais mudanças são oficializadas, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), que, ancorados na teoria bakhtiniana, apresentam uma nova abordagem para o ensino de Língua Portuguesa. O objeto de ensino, nesse novo paradigma, passa a ser o gênero discursivo, pois, segundo o filósofo russo Mikhail Bakhtin (1979 [1929); 2000 [1952-1953], os gêneros discursivos são caracterizados por enunciados orais ou escritos efetivados em situações de interação, considerados como diferentes discursos que fazem parte da vida do ser humano nas diversas esferas sociais em que ele se insere. São textos definidos por sua estrutura, estilo e, principalmente por suas

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intenções comunicativas, contextualizados em momentos histórico-sociais, levando-se em consideração também aspectos culturais dos indivíduos que os utilizam. Bakhtin (2010, p.282), afirma que “falamos apenas através de determinados gêneros do discurso, isto é, todos os nossos enunciados possuem formas relativamente estáveis e típicas de construção do todo”. É assim que o ensino da gramática, da leitura e da produção textual deve ser, contextualizado nos gêneros discursivos, pois não é mais possível concebê-los de forma dissociada, uma vez que a escola precisa ser o lugar em que o aluno aprenda a usar a linguagem nas diversas situações de comunicação em que ele se insere. Atualmente, percebe- se que, no cotidiano da sala de aula, os gêneros discursivos já foram introduzidos por intermédio dos livros didáticos, quer representam importante apoio ao professor. Porém, a proposta apresentada nesse material, de modo geral, não contempla a perspectiva enunciativo-discursiva atrelada ao ensino da gramática, da leitura e da produção textual, por meio dos gêneros discursivos. Por essa razão, tal ensino ainda é isolado e descontextualizado. Neste trabalho, temos como objetivo fazer uma reflexão sobre a proposta apresentada pelos documentos oficiais em relação ao objeto de ensino da Língua Portuguesa e sua abordagem em sala de aula pelos professores, que, na maioria das vezes, têm como único suporte o livro didático. Apresentaremos uma análise prévia sobre as orientações dos documentos oficiais e de alguns linguistas aplicados quanto ao ensino- aprendizagem dos gêneros discursivos e da gramática, em sala de aula, e sobre esse mesmo ensino, abordado em uma seção do livro Português Linguagens – oitavo ano, dos autores - Willian Roberto Cereja e Teresa Cochar Magalhães. Para nossa discussão, usaremos a fundamentação teórica fornecida por Bakhtin(2010); Paes de Barros(2005); Petroni(2008); Geraldi(1984), Vygotsky (2010), dentre outros.

Palavras-chaves: Ensino- aprendizagem, Gênero discursivo, Gramática , Livro didático

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AUDIOLIVRO: contribuições dos estudos linguísticos aos multiletramentos na escola: para integrar, aprender e divertir.

Autores Thiago Rodrigues Lopes 1, Eliane Aparecida Albergoni de Souza 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Correa da Costa s/n Bairro Coxipó)

Resumo Lidamos cotidianamente com as diferenças, esta é uma questão que perpassa as práticas sociais em diversas esferas. As vivências das pessoas cegas nos contextos escolares são atravessadas pelo preconceito, exclusão e negligências de direitos. As tentativas em implementar os planos e as diretrizes das políticas de inclusão escolar geralmente falham por não levar em consideração que as pessoas cegas estão inscritas histórico-socialmente, e que não estão restritas aos meandros da deficiência física. Elas ainda estão pautadas em concepções errôneas de sujeito e de educação. Desta feita, podemos perceber que as dinâmicas dos processos de ensino-aprendizagem em determinados espaços escolares, ainda negligenciam às pessoas cegas os estímulos adequados e necessários ao seu desenvolvimento cognitivo, subjetivo e político. Com a inserção de alunos com necessidades especiais nas escolas regulares, além de aprender a lidar com os instrumentos multimidiáticos, é preciso considerar que o aluno com dificuldades especiais também deve ter acesso às práticas de letramentos multissemióticos. Neste sentido, trilhando e ampliando os caminhos dos processos de ensino-aprendizagem possibilitados pelos estudos de linguagem, sob a inscrição teórica bakhtiniana, apresentamos neste trabalho uma proposta pedagógica baseada nos multiletramentos, por meio da utilização do gênero audiolivro. Esta proposta torna-se extremamente profícua, uma vez que podem ser explorados aparatos tecnológicos em multimídias, confecção e manuseio de instrumentos de sonorização, leitura e compreensão de textos, dramatização, e uma interação positiva entre alunos, professores e comunidade. Não é só o aluno cego ou de baixa visão

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que será beneficiado, mas todos os demais participantes do processo terão ganhos significativos em termos de letramento. Assim, por meio da criação e utilização do audiolivro os alunos cegos terão vivências que talvez não fossem possíveis somente por meio da leitura pelo método braile, onde todos os envolvidos podem desenvolver capacidades e habilidades no lidar com diferenças e uma qualidade interativa positiva em situação de igualdade de oportunidades didáticas.

Palavras-chaves: Multiletramentos, Audiolivro, Inclusão, Pessoa cega

O AVESSO DOS COROAS: Os Karas de Pedro bandeira

Autores Mariana Miranda Máximo 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT - 7806)

Resumo O texto propõe uma visão reflexiva a cerca da adolescência em uma série de livros de Pedro Bandeira intitulada <i>Os Karas<i/>, composta por cinco obras: <i>A droga da obediência<i/>, <i>Pântano de Sangue<i/>, <i>Anjo da Morte<i/>, <i>A droga do amor<i/> e <i>Droga de americana!<i/>. Miguel, Magrí, Calú, Crânio e Chumbinho são os protagonistas destas narrativas, jovens que se reúnem afim de desvendar mistérios. "O contrário dos coroas, o avesso dos caretas!"(BANDEIRA, 1999, p.160). Frase de Pedro Bandeira ao explicar sua escolha para intitular este grupo de jovens pensantes. <i>Karas<i/> de caras - frente da moeda, atrevimento, ousadia; contrário dos coroas - reverso da moeda, indivíduo de meia idade; avesso dos caretas - máscara, conservador, preso a convenções, quadrado, tradicional (HOUAISS, 2004, p. 615, 625, 840). As personagens criadas por Bandeira nos fazem refletir, nos instigam a querer um mundo melhor e são repletos de sentimentos iguais aos nossos de adolescentes (dos nossos adolescentes). Este

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grupo de cinco jovens é ávido pela justiça social, investigadores de crimes,e estudantes apaixonados pela vida e pela sociedade, esperançosos pelo melhor, corajosos, levam o leitor a refletir sobre inúmeros problemas sociais instaurados em nosso país e mundo. Este trabalho consiste em quatro itens: <i>Narrativa, de aventura a suspense<i/>, no qual há a contextualização do gênero narrativo que foi escrito a série, estrutura que percorre um longo caminho, primeiro como romance de aventura, passando por romance policial, <i>noire<i/>, até se apresentar como gênero de suspense, junção do policial e <l>noire<l/>, comum nos dias atuais por colocar os detetives em perigo e utilizando o crime apenas como pontapé inicial da trama; No segundo item, <i>Perspectiva, de Monteiro Lobato a Literatura infanto-juvenil<i/>, pode-se conhecer melhor as influências de Lobato, criador do <i>Sítio do Pica-Pau Amarelo<i/> e precursor da Literatura infanto-juvenil no Brasil, levando-as às obras, objetos de pesquisa, de Bandeira. Além da contextualização da própria literatura infanto-juvenil, sua origem, estrutura; <i>Simbiose, adolescência nos Karas<i/>, terceiro item, engloba principalmente a contextualização dos cinco livros pesquisados, nos quais é descrito as aventuras d'Os <i>Karas<i/>. Isto, sob perspectivas abordadas anteriormente, além do caminho que o autor faz na construção das narrativas com foco no perfil de adolescência criado nesta série. Esta etapa é sub dividida em cinco itens que especificam cada livro - <l>Tudo começou com um "K": A droga da obediência; Só beleza?: Pântano de Sangue; Heil Mein Führer": Anjo da Morte; Por amor...: A droga do amor; Mais um Kara?: Droga de americana!; o último item é uma análise das cinco obras citadas, os objetos de estudo. É hora de pensarmos sobre a crítica humana que perpassa nas narrativas de Pedro Bandeira e descobrir até que ponto somos um <i>Kara<i/>, mesmo sendo jovens, pois o que deve prevalecer é o espírito aberto. Devemos mostrar às nossas crianças este mundo maravilhosos da literatura que cresce cada vez mais e pode mudar a história de muita gente. E aí, o que vai ser? <i>Kara<i/> ou coroa?

Palavras-chaves: Literatura infanto juvenil, Romance de suspense, Narrativa de ficção, Adolescência

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MEMÓRIAS LITERÁRIAS: das práticas sociais à utilização no contexto escolar

Autores Neiva de Souza Boeno 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança, Cuiabá-MT)

Resumo Nas últimas décadas, a teoria dos gêneros discursivos já vem sendo discutidos nos PCN de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e Médio, segundo as reflexões de Bakhtin (1992) e da escola de Genebra através de Dolz e Schneuwly (1996), bem como nas orientações curriculares estaduais, para além do que já era conhecido e trabalhado na escola, ou seja, para além dos gêneros literários e tipologia textual: narração, descrição e dissertação. Esses documentos apontam para o campo da Ciência da Linguagem (em substituição ao estruturalismo e a teoria da comunicação) que tem como norte a concepção de linguagem enquanto interação mediadora e constituidora nas relações sociais. Sabe-se que as práticas sociais da escrita na escola efetivamente precisam se sobressair ao conceito dos gêneros textuais, e não ficar apenas como escrita que obedece a uma forma composicional e à apresentação de vários gêneros textuais, como se a escola precisasse apresentar todos os gêneros textuais utilizadas nas esferas da atividade humana. Nesse contexto, a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, desde 2008, nos anos pares, introduziu em sua estruturação de programa o ensino de Língua Portuguesa por meio da teoria de gêneros textuais em conformidade com os PCN, e o gênero Memórias Literárias foi escolhido para ser utilizado nas turmas de 7º e 8º anos do Ensino Fundamental, um gênero não muito conhecido e utilizado na escola, como gênero escolarizado. Desse universo, surgiram as seguintes indagações: Em quais espaços se produz e circula o gênero Memórias Literárias? Como ele se constitui? E qual é a relação do gênero Memórias Literárias entre sua utilização nas práticas sociais

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e sua aplicabilidade no espaço escolar? Essas questões nortearam os estudos iniciais, parte introdutória de uma pesquisa acadêmica, e têm como objetivo central analisar sua natureza e a discursividade do gênero Memórias Literárias no contexto escolar à luz dos conceitos bakhtinianos: de alteridade, dialogia, exotopia, cronotopo e o papel do escritor (nesse caso, o aluno), e, também vygotskyanos, na perspectiva da teoria da aprendizagem. Essa análise inicial tem como corpus duas narrativas que compõem o material pedagógico de Memórias Literárias (da OLP), uma de Manoel de Barros (Memórias inventadas: a terceira infância, de 2008) e outra de Zélia Gattai (Anarquistas, graças a Deus, de 1986), bem como duas produções de alunos finalistas na 2ª Edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, de 2010.

Palavras-chaves: gênero textual, memórias, alteridade

ESSE TAL DE GÊNERO...

Autores Simone de Jesus Padilha 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (AV. FERNANDO CORREA S/N)

Resumo O conceito de gênero tem habitado, desde a década de 90, o debate acadêmico nas áreas de estudos do texto e do discurso e também no campo da linguística aplicada, principalmente os estudos relacionados à aprendizagem de línguas materna e estrangeira. Também, desde este período, o conceito passa a fazer parte do discurso oficial, ou seja, integra os documentos oficiais publicados pelo Ministério da Educação, como os Parâmetros Curriculares de Ensino Fundamental (PCN) e Médio (PCNEM) e as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM). Neste quadro, dois fatos foram se desenrolando em paralelo: a assimilação do conceito pela academia, com diferentes apropriações tendo em vista as bases teóricas anteriores dos pesquisadores envolvidos, e a apropriação incipiente pela escola e pelo professor.

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Compreendemos que, em nenhuma das duas ocorrências, houve uma unanimidade de compreensão/interpretação do conceito nem mesmo uma total assimilação do mesmo, se considerarmos o referencial teórico bakhtiniano como um todo. Em meio a este debate, denominações flutuantes circularam indiferentemente nos espaços acadêmicos e escolares, principalmente as de “gênero textual” e “gênero discursivo”. Este artigo, portanto, procura problematizar a noção de gênero, a partir das contribuições do Círculo de Bakhtin e de alguns teóricos comentadores de suas obras sobre a questão, como Rojo, Barbosa, Brait, Sobral, entre outros. As apropriações e reapropriações desta noção a têm desgastado e desvinculado do quadro teórico mais amplo dos estudos bakhtinianos. Perde-se de vista, portanto, seu elo fundamental com noções basilares como as de dialogismo, enunciado concreto, formas arquitetônicas e composicionais. A reflexão que aqui se empreende busca refletir, ainda, sobre o tratamento do conceito por materiais didáticos destinados ao ensino fundamental e médio, tendo em vista os resultados das recentes pesquisas desenvolvidas pelos mestrandos do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem – MeEL – UFMT, na área de Estudos Linguísticos, entre os anos de 2007 e 2011.

Palavras-chaves: gênero, livro didático, estudos bakhtinianos

CANÇÃO, INTERTEXTUALIDADE E LITERATURA

Autores Mirian Lesbão Dumont 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal De Mato Grosso (Av. Fernado Correa)

Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar canções da MPB como recurso didático para as aulas de Língua Portuguesa e Literatura no Ensino Médio. É sabido que o gênero canção alcança maior público – principalmente de jovens – em relação aos demais textos escritos, pela sua divulgação nos meios midiáticos. Nas aulas de leitura é

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possível perceber, entre os alunos do Ensino fundamental e Médio, o pouco ou nenhum acesso que tiveram aos textos literários, à sua leitura, principalmente de outras épocas. Em nossa prática de docência, observamos, ao propor algumas leituras, a resistência que eles apresentam. No entanto, quando propomos a audição de algumas canções, acompanhadas das letras impressas, eles ficam curiosos para saber sobre o seu conteúdo, sobretudo sobre as relações intertextuais presentes nas letras de música em estudo. Em vista disso, aproveitamos a oportunidade desse envolvimento para despertar a sensibilidade em relação à palavra poética, com seus recursos especiais, e ao seu conteúdo, com os diálogos intertextuais, além de enfatizar a importância da leitura para ampliar conhecimentos, sensibilizar o espírito, torná-los mais críticos e cientes da sociedade na qual estão inseridos. Diante disso, selecionamos algumas letras de música que dialogam com outros textos literários ou com outras artes. As canções escolhidas – <i>Capitu</i> (Luiz Tatit), <i>Dom Quixote</i> (Engenheiros do Hawaii), <i>Vambora</i> (Adriana Calcanhotto), <i>Vamos comer Caetano</i> (Adriana Calcanhotto) – fazem referências não só a obras literárias, brasileira e universal, como também a movimentos de expressão artística de grande importância para a nossa formação cultural. Pretendemos, neste sentido, observar a sonoridade e o intertexto como forma de expressividade que busca um diálogo com outras artes. Entendemos que a intertextualidade é uma forma de se colocar no mundo, proporciona ao leitor a percepção de que o texto não é hermético, mas possibilita envolvimento, por meio da leitura, com outras culturas de outros tempos e lugares reafirmando e ou se contrapondo a elas.

Palavras-chaves: canção, intertextualidade, Literatura

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AS INTERAÇÕES DE LINGUAGEM MEDIADAS PELOS GÊNEROS DISCURSIVOS

Autores Louredir Rodrigues Benevides 1

Instituição 1 SEDUC/MT - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO (Centro Político Administrativo - Palácio Paiaguás)

Resumo No presente artigo temos como objetivo discorrer sobre alguns conceitos na perspectiva teórica dialógica ou enunciativo-discursiva e sobre a concepção de linguagem interativa do Círculo de Bakhtin, cujos integrantes principais são Mikhail M. Bakhtin, Valentin N. Volochinov e Pavel N. Medvedev. Basicamente, compreendemos a visão teórica de linguagem como interação. Nessa ótica de linguagem, os seres humanos se reunem para produzir, executar e circular suas atividades mediadas pelo uso da língua e linguagem em interações discursivas. Essas interações são denominadas de interações semióticas e englobam as interações permeadas por gestos, mímicas, expressões faciais, expressões corporais, bem como pelas interações verbais orais e escritas (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006 [1929]). Os encontros interativos intermediados pela utilização da linguagem ocorrem em determinados espaços sociais, cujas designações desses são campos, esferas ou áreas da criatividade ideológica. Em essência, abordaremos a extensa rede de categorias e conceitos dos membros do Círculo nos aspectos dos conceitos de campos ou domínios da criatividade humana (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006 [1929]), gêneros do discurso, gêneros primários e secundários (BAKHTIN, 2003 [1952-53/1979]), enunciados concretos ou enunciações mediadas pelas interações (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006[1929]). Especificamente, levaremos em consideração as ideias de interação semiótica de Volochinov e Bakhtin e, mais destacadamente as interações mediadas pelos usos da palavra, as interações verbais (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006 [1929]). Ainda mais particularmente, exploraremos os enunciados concretos como

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respostas aos outros enunciados já ditos e similarmente a enunciação como compreensão responsiva (VOLOCHINOV, 1981 [1930]). Por fim, subsidiaremos as discussões com base nos estudos dos referidos conceitos realizados por pesquisadores do pensamento bakhtiniano, em especial Brait e Rojo (2002), cujas explicações de interação verbal são de cunho científico e didático a partir de uma forma simples composta de uma tríade entre o locutor, o objeto do discurso e o interlocutor (BRAIT, ROJO, 2002). Ainda, tomamos as ideias de Faraco (2009) e a noção de interação similar a intercâmbios verbais (SOBRAL, 2009).

Palavras-chaves: Campos da criatividade ideológica, gêneros do discurso primários e secundário, enunciados, interações

O PRAZER DA ESCRITA NA FRUIÇÃO DA LEITURA EM “SE UM VIAJANTE NUMA NOITE DE INVERNO”, DE ITALO CALVINO

Autores Isabel Cristina Corgosinho 1

Instituição 1 UNB - Universidade de Brasília (Rua Unb Darci Ribeiro s/n - Campus Universitário Brasília - DF, 70910-000)

Resumo O artigo tem como propósito a interpretação da obra <i>Se um viajante numa noite de inverno</i>, do escritor italiano Italo Calvino, a partir das categorias do romanesco como opção metaficcional; a explicitação do dialogismo intrínseco e extrínseco dos autores e leitores-personagens e o excedente da visão estética ali representados. O enfoque privilegiado pelo artigo incide sobre as teorizações dialogizadas da escritura e da leitura, cujos enredos se tornam mote propício ao prazer e à sedução, na medida em que se constituem como o grande elo na tessitura metaficcional da obra, ensejando na leitura o encontro amoroso dos personagens. A explícita retomada dos procedimentos de interrupção e sedução estão na base da obra de forma a operar uma releitura do fabuloso

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livro <i>As mil e uma noites</i>. Roland Barthes (1993) traz contribuição inestimável sobre o prazer do texto, principalmente no esclarecimento dos confiscos dos finais dos enredos e na interdição do encontro do Leitor com a Leitora que sugerem a complexidade da relação da escritura com o prazer da leitura. Essa relação sinaliza com luz própria para o jogo da sedução e do fugidio que provocam o Leitor a constituir um destino, que acena a possibilidade de viver uma paixão, mas esta sempre lhe escapa a exemplo dos enredos -o gozo sempre interditado. Para fundamentar a relação de prazer na literatura, é imprescindível, também, o diálogo com o texto <i>Escritores Criativos</i>, de Freud, entre outros. Nesse sentido, o artigo almeja demonstrar que a perspectiva autoconsciente da obra <i>Se um viajante</i> realiza, em sua arquitetônica, o objeto estético na crítica da leitura e da escritura como inovação da tradição dialogizada e polifônica do romance. Ademais, os personagens e enredos são contemporaneamente atualizados em discursos que rementem às reflexões filosóficas, científicas e estéticas, com o propósito de enriquecer a teoria do romance, suas condições de existência dentro de estética da arte, no contexto atual das novas formas de organização sociocultural.

Palavras-chaves: dialogismo, excedente de visão, escritura, sedução, prazer

O GÊNERO TEXTUAL ROMANCE E SUAS POTENCIALIDADES NA OBRA TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA

Autores Izabel Cristina Cavalcanti da Cruz 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367- Boa Esperança- Cuiabá -MT)

Resumo O gênero textual denominado como romance oferece inúmeras oportunidades para a formulação de estratégias de ensino que possibilitem a formação do educando, como “leitor literário”. Além

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de ser a forma que melhor traduz e concretiza a dinâmica da modernidade, o gênero romance também oferece a oportunidade de reconhecimento de experiências vivenciadas por outros sujeitos, bem como, propõe um constante diálogo com outras artes e ciências, a exemplo da psicanálise e da sociologia, por exemplo. Assim, a escolarização da forma romance constituirá uma oportunidade para a construção de um leitor autônomo e atuante, capaz, portanto de refletir, analisar e criticar os textos literários com os quais se depara. O romance, filho do desenvolvimento de uma nova era, propõe uma intensa reflexão acerca da realidade sócio-histórica que, em forma de experiências vividas, determina e conforma o mundo no qual os indivíduos estão inseridos, propondo, desse modo, uma constante revisão acerca dos destinos que conformam a epopéia do homem em sua trajetória no tempo e no espaço. Objetivando investigar de que modo o gênero romance, enquanto gênero textual, concorre para o desenvolvimento do “letramento literário” dos educandos elegemos a obra romanesca intitulada como <i>Triste fim de Policarpo Quaresma</i> da autoria de Lima Barreto. Para tanto, propõe-se um diálogo com ciências como a História e a Sociologia, como forma de potencializar a discussão acerca da questão da identidade nacional, tema da obra em questão. Em 1911, irrompe no cenário brasileiro da <i>Belle Epóque</i>, o romance <i>Triste fim de Policarpo Quaresma</i> trazendo em seu bojo um convite à reflexão acerca da questão da identidade nacional brasileira, até então cristalizada pelo ideário do Romantismo, movimento de origem européia, deflagrado no cenário artístico brasileiro, após a proclamação da Independência do país. A consciência de que era necessário refletir acerca da utopia nacionalista romântica só se deu no alvorecer do século XX, por obra do movimento Pré-Modernista. Entre os intelectuais que buscaram desmascarar o logro romântico, lançando um olhar crítico ao país, destaca-se o escritor Lima Barreto. O escritor carioca Lima Barreto, produz uma obra, cujo tom crítico, incita à revisão dos mitos que conformaram, ao longo do século XIX, a nação brasileira e é por meio do romance <i>Triste Fim de Policarpo Quaresma</i> que se conhecerá o melhor desempenho barreteano, no que toca à elucidação dos problemas advindos do idealismo ingênuo, acrítico e ilusório, construído pelos românticos que mascarava as verdadeiras

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contradições que assolavam o país, já no início do século XX. A obra narra as desventuras do protagonista, o Major Policarpo e seu desmedido amor pela pátria, durante o período da Primeira República. Em nome desse amor descomedido pelo país e da crença nos valores utópicos acerca do caráter nacional do Brasil, o herói empreende uma caminhada em busca do fortalecimento dos símbolos nacionais envolvendo-se em projetos de cunho nacionalista que culminarão com seu fuzilamento, logo após a participação desastrosa do protagonista, na Revolta da Armada.

Palavras-chaves: gênero textual, letramento literário, Lima Barreto, modernidade, romance

ÁREA TEMÁTICA 13- ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA PROALFA: Avaliação e Estratégias Pedagógicas (2009-2010)

Autores Ana Cláudia Osório Martins 1

Instituição 1 PPGE da UFJF - Programa de Pós-graduação em Educação (CAMPUS UNIV. MARTELOS JUIZ DE FORA)

Resumo A presente pesquisa qualitativa denominada “PROALFA: Avaliação e Estratégias Pedagógicas (2009-2010)” tem como proposta analisar o impacto dos resultados do Programa de Avaliação da Alfabetização (PROALFA) do Estado de Minas Gerais no ambiente escolar, bem como a (re)construção de projetos, ações e práticas facilitadoras do processo de alfabetização e letramento nas séries iniciais do Ensino Fundamental, em escolas públicas da rede de ensino municipal e estadual de Juiz de Fora. A investigação se dá em três fases: pesquisa bibliográfica; análise de resultados das escolas e pesquisa de campo. A partir da pesquisa bibliográfica, elaborou-se o referencial teórico e a revisão de literatura. No referencial teórico, destacam-se, quanto à linguagem, os trabalhos de Rojo (2009), Bortoni-Ricardo (2006 e 2009), Bakhtin (2002), Kleiman (1997),

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Mortatti (2004), Soares (2006). Quanto à avaliação, as produções de Franco (2007), Freitas (2007), Sousa e Oliveira (2010), Bonamino (2002). Na revisão acerca da literatura, destacam-se os trabalhos já produzidos sobre o PROALFA, a saber: as dissertações de Silva (2005), Falci (2005) e Carvalho (2010); as publicações em periódicos de Monteiro (2010) e Carvalho e Macedo (2010). A partir da observação de resultados nos boletins do PROALFA, houve a escolha das escolas a serem pesquisadas, a análise dos dados, a construção de tabelas e a montagem de gráficos. Na pesquisa de campo, foram feitas um total de vinte entrevistas semi-estuturadas. Participaram da pesquisa seis diretores, seis coordenadores e oito professores que estavam atuando em 2009 e 2010 no terceiro ano do Ensino Fundamental das seis escolas pesquisadas, das quais quatro pertencem à rede municipal e duas à rede estadual de ensino de Juiz de Fora. A escolha das instituições ocorreu a partir dos resultados obtidos no PROALFA nos anos de 2009 e 2010. Foram selecionadas duas escolas municipais que melhoraram nos índices e duas que tiveram piora no resultado. A escolha das escolas estaduais obedeceu ao mesmo critério adotado para as escolas municipais. Com vistas ao fato da pesquisa estar em andamento, considera-se que os resultados parciais obtidos demonstraram a necessidade de formação dos profissionais que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental a respeito de variação linguística tanto no aspecto conceitual quanto no pedagógico, tendo em vista que o grande público atendido pelas escolas públicas recorre em suas interações a uma variedade linguística que não é valorizada. Outro resultado já constatado foi o distanciamento entre o conhecimento teórico produzido pela academia e a prática pedagógica dos profissionais que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental em escolas públicas no processo de aquisição de habilidades na alfabetização e no letramento. Por fim, analisa-se a utilização de estratégias pedagógicas por algumas escolas para melhorar o resultado do PROALFA.

Palavras-chaves: Avaliação Externa, PROALFA, Alfabetização, Letramento, Estratégias Pedagógicas

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“NÓS TEMOS A OBRIGAÇÃO DE PASSAR A PARTE CULTURAL NÉ, NEM QUE SEJA NO PAPEL”. PRÁTICAS SOCIAIS ORAIS E LETRADAS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR GUARANI

Autores Carlos Maroto Guerola 1

Instituição 1 UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (Campus Universitário, 88040-970, Trindade, Florianópolis)

Resumo Este trabalho aborda os conflitos epistemológicos e políticos entre as práticas sociais de conhecimento relacionadas à oralidade e aquelas relacionadas ao letramento, com foco especial no letramento em língua indígena, tomando a relação entre ambos os tipos de práticas de conhecimento como problema central para a compreensão dos processos de ensino-aprendizagem diferenciados da educação escolar indígena Guarani. Através de uma etnografia do letramento da Escola Indígena de Ensino Fundamental Itaty, da aldeia Guarani Morro dos Cavalos (Palhoça, Santa Catarina, Brasil), fundamenta-se a asserção de que a “adequada imersão” no mundo da escrita, com o fim de que os alunos “incorporem” os usos da leitura e da escrita, “apropriando-se plenamente" das práticas letradas, se não for feita desde uma perspectiva excelentemente crítica, e na instrução e desenvolvimento concomitantes de práticas sociais de conhecimento orais, pode acarretar a substituição dessas práticas econômicas e socioculturais, próprias de tradições subalternizadas, por práticas econômicas e socioculturais da tradição hegemônica ocidentalizante. Graças ao quadro teórico dos Estudos de Letramento (GEE, 1994; STREET, 2003; KLEIMAN, 1995) este trabalho evidencia o conflito epistemológico e político motivado pela introdução de práticas de conhecimento letradas, através das falas dos professores Guarani entrevistados, cujos depoimentos protagonizam o corpo central do trabalho. Os resultados da pesquisa apontam que a introdução de práticas sociais letradas em línguas indígenas não significa uma maior garantia de sobrevivência destas línguas, que pode ser sim garantida, pelo contrário, através das “condições de possibilidade

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de uma língua falada, sem restrições nem perdas à sua liberdade”, algo que “a escrita, por si só, ainda não parece oferecer às línguas indígenas” (MELIÁ, 1997, p. 104). Isso se consegue assegurando às sociedades indígenas suas terras e seu modo de viver, sua economia e sua organização política, e introduzindo, nos currículos e projetos político-pedagógicos das escolas Guarani, eventos e práticas de oralidade em relação de igualdade respeito aos eventos e práticas de letramento.

Palavras-chaves: conflitos epistemológicos, educação escolar guarani, educação diferenciada, letramento, oralidade

UM CONTRAPONTO ENTRE A ABORDAGEM DE REDAÇÃO DO ENEM E AS PROPOSTAS DOS DOCUMENTOS OFICIAIS DA EDUCAÇÃO

Autores Neila Barbosa de Oliveira Bornemann 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av Fernando Correa da Costa nº 2367, Bairro Boa ESperança, Cuiabá-MT)

Resumo As atuais demandas interacionais requerem cidadãos cada vez mais competentes em relação ao domínio dos gêneros discursivos, principalmente aqueles da modalidade escrita. As tecnologias digitais que deram lugar a cibercultura, como novo espaço de interação, sociabilidade, transação, informação e conhecimento, têm ressignificado os usos da escrita entre jovens e adolescentes – não se trata mais de escrever apenas para se sair bem nas atividades escolares, mas de escrever para interagir, por meio da internet, com os mais diversos interlocutores. Considerando a urgência de a escola trabalhar o desenvolvimento da competência comunicativa em sintonia com as exigências da contemporaneidade, este estudo objetiva investigar a relação entre as orientações contidas nos principais documentos oficiais que regulamentam a educação no Brasil: Parâmetros Curriculares

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Nacionais- PCN (Brasil, 1998), Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio- PCNEM (Brasil, 1999) e Orientações Curriculares para o Ensino Médio- OCEM, (Brasil, 2006) e as propostas de redação do Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM dos anos 2010 e 2011. Em um primeiro momento, busca-se apreender a proposta de tais documentos em relação à prática da escrita em sala de aula. Em um segundo momento, realiza-se a análise das propostas de redação do ENEM, verificando as competências exigidas, bem como apresentando algumas sugestões relacionadas a alguns itens, a fim de melhorá-las tendo em vista as concepções e proposições contidas nos documentos oficiais. Esse contraponto evidencia que os documentos oficiais são uníssonos em suas propostas e enfáticos ao recomendarem que o gênero discursivo seja tomado como ponto de partida para o trabalho escolar com a produção de textos, com a finalidade de otimizar a prática de letramento crítico dos alunos, prática que foi possível perceber parcial ausência nas propostas de produção textual do ENEM, pois, conforme análise, verificamos que de maneira positiva, as proposta apresentadas no exame de 2010 e 2011 atendem, em grande parte, às propostas dos documentos oficias, deixando de atender, quando, por exemplo, no lugar de exigir uma produção textual que atenda um Gênero discursivo existente nos variados contextos sociais, as propostas retomam e reforçam a tradição de exigir do aluno um texto vago “dissertativo-argumentativo” sem existência real na circulação social. O estudo revela a importância de a escola intensificar o trabalho com as práticas sociais da linguagem escrita de modo sensível às demandas contemporâneas, considerando a cobrança, bem como a valorização social e histórica que esta forma de linguagem tem na sociedade.

Palavras-chaves: Função Social da escrita, PCN, PCNEM, OCEM, ENEM

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CRIAÇÃO DE ATIVIDADES REFLEXIVAS EM UMA PERSPECTIVA BAKHTINIANA: um momento antes da reescrita

Autores Viviane Leticia Silva Carrijo 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO (AV FERNANDO CORREA DA COSTA)

Resumo O estudo em foco é uma pesquisa de mestrado, a qual se orienta pelas seguintes questões: Quais construtos teóricos de Bakhtin e seu Círculo são visíveis no processo de reescrita? Quais atividades de reescrita seriam possíveis desenvolver, considerando os aspectos bakhtinianos? Esses questionamentos nasceram de nossas reflexões sobre a reescrita, sobre as quais consideramos que somente a análise de aspectos linguísticos ou da estrutura de textos é insuficiente para que o aluno alcance a proficiência na prática social da escrita, pois a abstração e artificialidade da linguagem não o ajudariam a portar-se como sujeito ativo em uma interação. Contudo, pensar a escrita como processo desloca a ênfase da intervenção do aluno e professor em um suposto produto final para um processo de produção que envolve: planejamento, escrita, revisão e reescrita, constituindo-se um ciclo no desenvolvimento da produção de textos. Consideramos, então, a reescrita como processo, levando em conta a relação de quem escreve com quem lê. Uma relação não de conhecimento, mas que exige um tipo de resposta sobre o que leitor pensa ao ler o que o outro escreveu e se, a partir disso, o autor mudará sua opinião ou acrescentará algo mais em resposta ao que o leitor disse. Desse modo, o que o aluno produz também constitui um diálogo não apenas para obtenção de nota ou apenas para responder ao professor, visto que na escrita eles podem responder tudo que queiram na sociedade. Nessa perspectiva, escolhemos a teoria enunciativa de Bakhtin e seu Círculo por sua abordagem sócio-histórica e por acreditarmos em sua relevância para um ensino reflexivo sobre a linguagem e constituição social do aluno mediante a escrita, desse modo, analisamos essa teoria a fim de verificarmos quais os conceitos

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estão presentes na prática processual da reescrita, dessa maneira o professor poderia criar atividades de reescrita que culminem em uma prática reflexiva do aluno sobre sua aprendizagem. Trabalhamos com alguns aspectos da teoria bakhtiniana: a interação e o dialogismo – principais componentes constitutivos da linguagem; a formação do sujeito agente responsivo – ligado a questão da compreensão ativa e a atitude criadora do autor; a exotopia relacionada ao excedente de visão do autor sobre sua produção escrita e também sobre o dizer do outro; o ato ético e estético – no processo de formação do discurso e os gêneros discursivos. Acreditamos que o conhecimento desses aspectos auxiliará o professor em sua reflexão de criação de atividades de reescrita, considerando que essa é uma prática dialógica entre ele e o aluno, logo, o professor também precisa ter a percepção daquilo que o aluno ainda não sabe, ou seja, trabalhar mediante as necessidades dos alunos e suas possibilidades de aprendizagem (ZPD), pois a partir daí o professor saberá quais atividades reflexivas para a reescrita serão mais eficientes para que os alunos possam aperfeiçoar os discursos de acordo com a situação comunicativa.

Palavras-chaves: atividades reflexivas, dialogismo, reescrita

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O TEXTO ACADÊMICO: UMA QUESTÃO DE HETEROGENEIDADE DISCURSIVA

Autores José Antônio Vieira 1,2, Sulemi Fabiano Campos 3

Instituição 1 PG/UFRN/PPGEL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Caixa Postal 1524 - Campus Universitário Lagoa Nova CEP 59078-970 | Natal/RN - B), 2 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Br 174 - km 209 - Pontes e Lacerda - CP 181 - Cep. 78250-000), 3 UFRN/PPgEL/GETED/GEP - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Caixa Postal 1524 - Campus Universitário Lagoa Nova CEP 59078-970 | Natal/RN - B)

Resumo Neste trabalho tomamos como objeto a relação que o sujeito estabelece com uma dada teoria, a Análise do Discurso, no momento da escrita dos textos acadêmicos exigidos durante sua formação. Partimos do pressuposto de que a escolha de uma teoria não é aleatória, visto que é pela utilização de uma dada teoria e de seus conceitos mais operacionais que um sujeito dá mostras de participar de uma dada comunidade científica. Além disso, sustentamos que a análise dos conceitos teóricos utilizados na escrita de um texto pode evidenciar como ocorreu determinada formação universitária. Neste sentido, propomos uma análise da escrita de monografias e relatórios de estágio produzidos por estudantes de um curso de graduação em Letras, no qual a teoria da Análise do Discurso tem um papel em destaque, seja em razão de parte do corpo de professores realizarem suas investigações baseadas nesta teoria, ou porque nesse curso há uma disciplina dedicada a essa área teórica. Assim, nosso objetivo nesta pesquisa é verificar como os conceitos advindos, neste caso, da Análise de Discurso são apropriados durante a construção desses textos acadêmicos. E, questionamos: Como o licenciado em Letras utiliza e se apropria dos conceitos teóricos advindos análise do discurso durante a produção escrita do corpus selecionado para realização deste trabalho? Na tentativa de responder esta pergunta de

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pesquisa analisaremos preliminarmente 01 (um) relatório de estágio e 01 (um) trabalho de conclusão de curso de um mesmo aluno, observando como este recorre a teoria e se esta materializa-se de modo a compor uma peça importante na argumentação em prol da tese que o pesquisador e/ou estagiário quer defender. Para analisarmos como essas produções escritas podem demonstrar o nível de apropriação e domínio do estudante em relação a uma teoria específica, recorremos, então, a Authier-Revuz (2004), que nos apresenta o conceito de que todo texto possui uma participação discursiva do “outro”, daquele para quem o locutor constrói o enunciado. A pesquisadora denomina tal fato de heterogeneidade constitutiva do discurso e afirma ainda que a heterogeneidade do discurso pode não ser apenas constitutiva, mas também mostrada e não mostrada.

Palavras-chaves: heterogeneidade, monografias, relatórios

TEATRO PEDAGÓGICO EM LÍNGUA ESPANHOLA

Autores Silvana Aparecida Teixeira 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (Av. Fernando Correa da Costa s/n Cuiaba - MT), 2 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (AVENIDA FERNANDO CORREA DA COSTA, COXIPO)

Resumo Teatro Pedagógico em Língua Espanhola é projeto de pesquisa desenvolvido em 2008, cuja segunda etapa ocorre em 2012, em parceria com o C.R.D.E - Centro de Recursos Didácticos de Espanhol/Embaixada de Espanha no Brasil, Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso e Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso. Tem por objetivo oferecer aos professores de Língua Espanhola da rede pública estadual a Leitura Dramatizada como recurso pedagógico para o ensino da Leitura em Língua Espanhola.

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Participaram - durante quatro meses de execução - sessenta docentes que ao final do curso gratuito fizeram leituras com apresentação pública para alunos e sociedade em geral. Foram selecionados em comum acordo, textos cômicos intitulados Entremeses, de Miguel de Cervantes Saavedra (1547 - 1616), e as leituras ocorreram em duas noites no Teatro Liceu Cuiabano, na capital Cuiabá. Visamos, neste Abralin em Cena, mostrar os resultados obtidos com esta pesquisa interculturalista (de reunião de culturas diferentes e de transdisciplinaridade entre Educação, Linguagem e Cultura). A pesquisa teve por metodologia a intervenção sociológica denominada pesquisa em ação, tendo em vista que as observações, descobertas e ações surgiram durante o processo de execução do projeto. A concepção de leitura apoia-se em teorias sobre Enunciação e Leituras perceptiva e conceptiva do leitor (ORLANDI, 1988; CARDOSO-SILVA, 2006 e SAYEG-SIQUEIRA, 2003 e 2007) para exploração de percursos de leitura na produção de sentidos literais e inferenciais. Sobre o ensino de Línguas Estrangeiras foi trabalhado o conceito de estranhamento (SERRANI-INFANTI, 1997; CHKLOVSKI, 1917) por acreditar que tal efeito propicia o distanciamento em relação ao modo como apreendemos o mundo e a própria arte. Por outro lado, a exploração do teatro em sala de aula é fato bastante conhecido, e o desafio reside em aplicá-lo em aulas de língua estrangeira, no caso Espanhola. Assim, Teatro Pedagógico (ou Teatro na Educação) foi usado como recurso levado à sala de aula cujas técnicas de teatro foram aplicadas para o ensino da leitura. Dentro dessa técnica, exploramos a leitura dramatizada como recurso pedagógico (geralmente utilizado ocmo recurso dramatúrgico por atores e diretores) observando durante as leituras possíveis "estranhamentos", ou, o defrontar de "outros modos de estruturar as significações "do" mundo, que se apresenta "tangivelmente" como múltiplo e construído", no dizer de SERRANI-INFANTI. A apresentação será feita pela própria autora, Silvana Aparecida Teixeira, mestre em Estudos de Linguagem/UFMT e professora de Língua Espanhola e suas Literaturas.

Palavras-chaves: Linguistica Aplicada, Espanhol, Leitura, Dramatização

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PARA UM ENSINO-APRENDIZAGEM EXPLÍCITO DA LEITURA: o leitor literário em foco

Autores Iara Cardoso Lopes 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa), 2 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa)

Resumo Este estudo faz parte das investigações do “Grupo de Estudos Linguísticos e de Letramento em Mato Grosso” e tem como objetivo descrever e compreender os processos de ensino-aprendizagem de leitura de uma escola pública, em particular o trabalho que se realiza para a formação do leitor literário no âmbito escolar público de Ensino Fundamental, do município de Cuiabá – MT. Os exames nacionais, notadamente Prova Brasil, SAEB, e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA têm revelado resultados insuficientes para a proficiência em leitura. Os PCN (1998) destacam a necessidade da formação de um leitor crítico que seja capaz de se apropriar de uma diversidade de textos, de uma maneira mais proficiente. Assim, no âmbito deste trabalho, defendemos a necessidade de práticas pedagógicas promotoras da ampliação das capacidades de letramento num sentido amplo, a partir de intervenção explícita, que seja capaz de desenvolver no aluno a maestria de lidar com textos diversos, de forma crítica, nos mais diferentes contextos. Dessa forma, a presente pesquisa de mestrado se propõe a investigar e defender a relevância do letramento literário no Ensino Fundamental. Para tanto, partimos do ensino explícito de leitura do gênero discursivo conto. Segundo Kraemer (2010) existe uma escassez de estudos cujo gênero conto seja - à luz da teoria bakhtiniana - o objeto de pesquisa. Assim como Antonio Cândido (1995), acreditamos que a literatura tem um caráter humanizador, isto é, confirma no homem aqueles traços que julgamos serem essenciais, quais sejam o exercício da reflexão, a perceber a complexidade do mundo e dos seres humanos, a refletir sobre a sua própria condição humana, dentre outros. Sendo assim,

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compreendemos que uma pesquisa que enfoque a relevância da formação do leitor literário torna-se relevante, na medida em que o processo de ensino-aprendizagem de leitura dos gêneros da esfera literária possa contribuir para a formação de um aluno-leitor e apreciador de textos literários.

Palavras-chaves: LEITURA, LETRAMENTO LITERÁRIO, GÊNERO DISCURSIVO

SEÇÕES DE LEITURA EM LIVROS DIDÁTICOS DE LINGUA INGLESA: Decodificacão ou producão de sentidos?

Autores Paulo Rogério de Oliveira (MeEL/UFMT) 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Correa da Costa s/n, Bairro Coxipó - Cuiabá MT)

Resumo Neste estudo, examinamos as propostas de leitura feitas em dois livros didáticos de língua inglesa destinados ao ensino médio. Tendo em vista que a estrutura e as atividades de todas as unidades seguem um mesmo “script”, selecionamos para análise apenas uma unidade de cada livro, concentrando-nos nas seções que abordam a leitura de texto. Nosso objetivo é investigar, as atividades propostas nos dois livros, buscando responder às seguintes questões: Que concepções de linguagem, leitura, aluno e ensino-aprendizagem perpassam o tratamento da leitura pelos autores? As atividades de leitura presentes nestes livros contribuem para o desenvolvimento crítico e reflexivo dos alunos? A análise do conjunto das atividades de leitura norteia-se pelo referencial teórico-metodológico da Análise de Discurso de orientação francesa e da Lingüística Aplicada. Constata-se que as atividades concentram-se na decodificação dos códigos lingüísticos, tidos como invólucro para uma mensagem unívoca, em consonância com uma concepção de linguagem como instrumento de comunicação. As perguntas são fechadas, isto é, não dão margem para que outros sentidos possíveis venham à tona. A

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história de vida e a subjetividade do aluno são silenciadas, pois as perguntas feitas pelos autores nas seções de leitura negligenciam esses fatores que são constitutivos de todo sujeito. Essa abordagem poderia ser problematizada pelo professor em sua prática pedagógica. Contudo, na maioria das vezes, o que os livros propõem é aceito pelos professores sem qualquer questionamento, pois há um imaginário de que tudo o que é posto no livro didático é verdadeiro, legítimo, inquestionável. Ler em uma língua estrangeira não é só traduzir/verter palavras para a língua materna, estudar aspectos gramaticais, buscar o significado intencionalmente depositado no texto pelo autor; ler é produzir sentidos, é fazer com que o aluno seja intérprete ou autor-produtor de sua leitura. É necessário problematizar e questionar se as atividades de leitura propostas são realmente atividades de interpretação, a menos que a meta não seja realizar uma educação emancipatória, como recomendam os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira. Palavras Chave: língua Inglesa, livro didático, leitura,

Palavras-chaves: língua Inglesa, livro didático, leitura

RELEVÂNCIA DOS ESTUDOS HISTÓRICOS PARA MELHOR COMPREENSÃO DE FENÔMENOS LINGUÍSTICOS DO PORTUGUÊS ATUAL.

Autores Irenilda Francisca de Oliveira e Silva 1

Instituição 1 UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (Centro de Artes e Comunicação, Campos UFPE)

Resumo Para defender a ideia de que o conhecimento histórico da língua portuguesa ajuda no entendimento das similaridades e correspondências dos casos latinos com a estrutura sistêmica da nossa língua materna, objetivando melhor compreender os fenômenos linguísticos, buscou-se um embasamento teórico em linguistas como Mendes de Almeida, Mattoso Câmara, Carvalho e Coutinho. Na busca por uma ciência que auxiliasse a defesa dessa

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concepção, ganhou relevância o papel da Linguística Histórica, pelos fundamentos analíticos das mudanças ocorridas na língua, no momento em que observam o seu percurso histórico, focalizando a evolução dos fenômenos transformacionais e sucessivos, com suporte em documentos escritos. Apesar de muitos desconsiderarem a importância dos estudos históricos sobre a evolução da língua, este trabalho pretendeu demonstrar sua relevância quando se verificam fatos linguísticos da língua portuguesa, como as questões envolvendo a ortoépia e a prosódia. Dominar aspectos presentes na língua atualmente falada implica conhecer os processos evolutivos na formação do léxico, na estrutura morfológica, na capacidade sintática de seus termos, no sentido de suas palavras, validado pela etimologia e semântica, sem, no entanto, desconsiderarem-se aspectos histórico-sociais e políticos. Isso significa buscar suporte teórico na Linguística Histórica, permitindo o repensar da importância da língua latina para os estudos de Língua Portuguesa, como uma opção mais consciente por uma metodologia que norteie a análise da linguagem numa perspectiva histórica. A adoção de uma atitude incursiva pelos aspectos históricos da língua portuguesa, com enfoque na língua latina, com certeza, propiciará, aos educadores comprometidos com a proficiência linguística dos discentes, conhecer caminhos mais cientificamente fundamentados para trilhar em seu mister, cônscios da responsabilidade por eles assumida, como orientadores de uma formação linguística profícua, que articule saberes ao conhecimento acumulado, resultando em atitudes reflexivas sobre temas e problemas concernentes à linguagem, como, por exemplo, a variação linguística. Entendendo a variação como fenômeno comum a toda língua em uso, o educador evitará atitudes preconceituosas, incentivando os discentes a assumirem uma atitude de maior cientificidade a respeito das formas variantes da língua.

Palavras-chaves: Linguística Histórica, Língua Portuguesa, Ensino.

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A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA COMO ADAPTAÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA PERMITIDA PELA LÍNGUA

Autores Angela Maria Torres Santos 1

Instituição 1 UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (Centro de Artes e Comunicação, Campus UFPE)

Resumo Defender a unicidade da língua brasileira é uma ilusão comum a todos aqueles que desconhecem o fato de que toda língua está sujeita, indubitavelmente, à mudança. Pensar, pois, uma língua como livre de variação é vê-la em uma perspectiva que desconsidere seu uso, já que as alterações que sofre uma língua demonstram que a gramática normativa não se sobrepõe a uma análise empírica. Diante dessa realidade inevitável, os educadores precisam saber lidar com a variação linguística que se faz presente em sala de aula, devendo procurar subsídios na Linguística Histórica, a fim de entender as razões dos falares distintos. Vendo os metaplasmos como transformações fonéticas, inconscientes, graduais e constantes, portanto como fenômeno comum a toda língua falada, neste trabalho buscou-se analisar formas variantes no português brasileiro, disseminadas entre falantes nativos, analisando-as sob critérios científicos já determinados, de forma que se extrapolou a consideração de aspectos apenas socioculturais para explicar tais alterações, necessitando-se do suporte da Linguística Histórica. Com apoio em diversos teóricos, dentre os quais Mattoso Câmara Jr., Tarallo, Perini e Poza, este trabalho ateve-se a aspectos fonético-fonológicos da língua para entender algumas das alterações reiteradas na fala pernambucana. Tentou-se mostrar que o surgimento dessas formas variantes advém das possibilidades articulatórias oferecidas pela língua, havendo regularidade nas oscilações apresentadas. Dessa forma, o aparecimento de formas diferenciadas faz parte da própria natureza da língua, cujo sistema se adapta a novas ocorrências internas e permite que as alterações se concretizem. Esse conhecimento permite entender a variação linguística como propiciada pela

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natureza interna do sistema da língua, esclarecendo, de forma adequada, a ocorrência desse fenômeno como natural à comunidade falante necessitando, portanto, não de um olhar preconceituoso, mas de uma análise quanto à sua maior ou menor adequação ao nível da linguagem que se quer usar, em consonância com a intencionalidade dos sujeitos sociais que dela fazem uso.

Palavras-chaves: Variação Linguística, Fonética, Fonologia, Linguística Histórica

A APRENDIZAGEM DA ESCRITA EM CONTEXTOS DIGITAIS: alguns limites e muitas possibilidades

Autores Fernanda Maria Almeida dos Santos 1,2

Instituição 1 UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Av. Nestor de Melo Pita, 535 - Centro, Amargosa/BA - CEP: 45.300-000), 2 UFBA - Universidade Federal da Bahia (Av. Barão de Jeremoabo, 147 - Ondina - Salvador/BA - CEP: 40170-290)

Resumo O surgimento e constante ampliação do uso das tecnologias digitais na sociedade hodierna, devido – especialmente – à popularização e facilidade de acesso aos microcomputadores, propiciaram significativos avanços na vida e nas relações humanas, bem como nos modos de apropriação do conhecimento. A inclusão no mundo digital oportuniza ao sujeito experimentações, desafios e novas possibilidades de utilização da língua, podendo favorecer o processo de desenvolvimento da leitura e escrita ao possibilitar, por meio das ferramentas de comunicação mediadas pelo computador, uma multiplicidade de dinâmicas linguístico-discursivas que propiciam aos seus usuários introduzirem-se, espontaneamente, na língua que estão usando para se comunicar e ressignificar sua escrita, fazendo um uso social da linguagem em diferentes contextos de produção e interpretação de sentidos. Seguindo essa ótica, o presente trabalho propõe uma discussão sobre o processo de aquisição da linguagem

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escrita em contextos digitais, enfatizando alguns aspectos que podem limitar a aprendizagem e destacando as múltiplas possibilidades de apropriação da escrita por intermédio do computador. Para tanto, utiliza-se uma metodologia de investigação explicativa, com método de abordagem qualitativo. O referencial teórico do trabalho concilia a teoria enunciativo-discursiva de Bakhtin e a teoria sociointeracionista de Vygotsky com os estudos/análises de Araújo, Coscarelli, Freire, Kato, Marcuschi, Ribeiro, Soares e Xavier, entre outros, sobre leitura, escrita e letramento digital. Inicialmente, apresenta-se uma discussão acerca do processo de aquisição da linguagem escrita, analisando-se as condições básicas para o desenvolvimento desse processo e apresentando-se as principais fases de aprendizagem. Em seguida, expõe-se de que modo o computador pode ser um importante aliado no processo de aprendizagem da escrita pela criança, ressaltando-se alguns desafios e as múltiplas possibilidades para o uso desse recurso no campo educacional, especialmente, através do trabalho com os gêneros de textos digitais em sala de aula. E, por fim, analisam-se as implicações das tecnologias digitais na aquisição do português escrito. Argumenta-se, através da análise realizada, que o uso das tecnologias digitais favorece o processo de letramento, pois possibilita o uso social e concreto da escrita. E se, por um lado, a especificidade linguística presente em textos virtuais influencia a escrita empregada por crianças em gêneros de textos não-digitais; por outro lado, a convivência com os gêneros de textos digitais favorece as práticas comunicativas e interacionais, bem como o uso social da leitura e escrita, possibilitando a ampliação dessas habilidades pela criança. Assim, verifica-se que os recursos digitais podem operar como importante instrumento pedagógico no processo de aprendizagem da escrita.

Palavras-chaves: Aprendizagem da Escrita, Limites, Possibilidades, Tecnologias Digitais

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AUTORIA NAS PRODUÇÕES DA OLIMPÍADA DA LÍNGUA PORTUGUESA: Uma Análise Enunciativo-Discursiva

Autores Leila Figueiredo de Barros 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (AV. Fernando Correa)

Resumo Este trabalho tem como propósito apresentar, parcialmente, resultado de nossa pesquisa de Mestrado, que investigou a autoria nas crônicas produzidas por alunos participantes do projeto Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro (OLPEF). Sabemos que a crônica é, muitas vezes, tratada no espaço escolar de forma simplificada e fragmentada, com o objetivo apenas de formar o leitor. Além disso, o baixo número de materiais didáticos voltados para o ensino-aprendizagem da produção escrita da crônica e, por ser reconhecida como um gênero que carrega estilos e formas variadas com um potencial imenso de reflexões, nos fez escolhê-la para ser objeto de investigação. Dessa forma, consideramos pertinente analisar como o material da Olímpiada de Língua Portuguesa encaminha o projeto de ensino para a crônica, uma vez que estudar um gênero de natureza social híbrida e ver como ele permite versar sobre aspectos sociais altamente complexos a partir do olhar singular do cotidiano, é relevante para as práticas escolares. Por essa razão, o enfoque em produções de crônicas de alunos em contexto escolar pode nos permitir entender a interferência das práticas pedagógicas na formação do aluno-autor. À luz da teoria enunciativo-discursiva, buscamos compreender a discursividade nas crônicas para que pudéssemos observar de que forma os alunos constituíram-se como autores. Na perspectiva bakhtiniana, ser autor é ultrapassar limites, apresentar de forma contextualizada seu querer dizer, em que há um movimento dialógico, pois este constitui a arquitetônica do projeto discursivo de quaisquer enunciados, pois nossos discursos estão sempre ligados a outros discursos, já que estamos sempre num contínuo processo de diálogos com outros. Na análise dos dados,

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mostramos que a relação dialógica entre o autor, o objeto do discurso e seu interlocutor é preponderante para os alunos alçarem como autores de seus enunciados, pois é fundamental guiar-se por um viés dialógico. Por isso, entendemos que os gêneros não devem ser vistos como modelos prontos, mas como formas flexíveis, em que se podem focalizar diferentes aspectos para permitir que o aluno seja autor de seu dizer.

Palavras-chaves: Crônica, Dialogismo, Autoria

SUJEITO E LINGUAGEM NA SÍNDROME DO X-FRÁGIL: criando contradispositivos

Autores Michelli Alessandra Silva 1

Instituição 1 UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas (Rua Sérgio Buarque de Holanda, no 571 )

Resumo Neste trabalho, é apresentada uma reflexão sobre o discurso científico veiculado em diferentes publicações (artigos científicos, textos em sites de associações e entidades relacionadas à patologia, bem como textos publicados em sites de eventos e conferências) sobre a Síndrome do X-Frágil (SXF). Com base em algumas obras de Foucault, analisa-se como essa patologia é descrita pela área médica, especialmente em relação ao desenvolvimento da linguagem, quais efeitos de poder/saber são produzidos por esse discurso e suas implicações. Tendo isso vista, acompanha-se o processo de aquisição e uso da fala, leitura e escrita de três sujeitos portadores da síndrome - PM (12 anos), AS (15 anos) e RC (19 anos) - em sessões semanais individuais (1h de duração). PM e AS também são acompanhados em sessões semanais em grupo (2h de duração), no Laboratório de Neurolinguística (LABONE/IEL/UNICAMP). Ambos fazem parte do Centro de Convivência de Linguagens (CCazinho), grupo que tem como proposta acompanhar e compreender o processo de entrada no mundo da leitura e da escrita de crianças e jovens que receberam

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um diagnóstico (dificuldades de aprendizagem, dislexia, problemas no processamento auditivo, deficiência mental), que produz efeitos negativos em sua escolarização e em sua vida. A metodologia adotada é de natureza heurística e tem por fundamento o conceito de <i>dado-achado<i>, formulado por Coudry (1996). Assumem-se também neste estudo os pressupostos teóricos formulados pela <i>Neurolinguística Discursiva<i> (ND), que se fundamenta na variação funcional do cérebro determinada pela contextualização histórica dos processos linguístico-cognitivos (VYGOTSKY, 1987; 1997; 1998; LURIA, 1981), se diferenciam radicalmente de uma visão de funcionamento cerebral médio e padrão para todos os falantes de uma língua natural. Na ND, são especialmente articulados a hipótese da historicidade e indeterminação da linguagem e os conceitos de trabalho e força criadora, formulados por Franchi (1992). Benveniste (1972) e Jakobson (1972; 1975) são autores-âncora em relação aos conceitos de (inter)subjetividade e dos níveis de funcionamento da linguagem. Luria (1981) e Freud (1891) são incorporados por sua aproximação no que diz respeito ao funcionamento dinâmico e integrado de cérebro/mente, em que a linguagem está representada em todo o cérebro e não localizada em suas partes/centros. Também destacam-se os conceitos de <i>dispositivo<i> de Foucault (1994) e <i>contradispositivos<i> de Agamben (2009). Partindo desses pressupostos, busca-se identificar as dificuldades linguísticas desses sujeitos de forma a apontar aquilo que pode ser patológico, o que faz parte do processo normal de aquisição e uso da fala/leitura/escrita e o que pode estar relacionado a outros fatores. Algumas análises são apresentadas de forma a contrapor os dados observados com o discurso determinístico da área médica. Ressalta-se a importância de olhar o sujeito para além da patologia, focalizando sua relação com a linguagem em sua história de vida e sua relação com o mundo e o tempo em que vive; uma forma de enfrentar os dispositivos que determinam o que é e o que não é doença. Uma forma de enxergar possibilidades para além dos déficits e transtornos estabelecidos de antemão, para que as condutas terapêuticas e escolares não mantenham esses sujeitos no lugar do não sentido, no lugar da impossibilidade de aprender.

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Palavras-chaves: fala/leitura/escrita, Síndrome do X-Frágil, Neurolinguística Discursiva, dispositivos, contradispositivos

A LEITURA COMO OBJETO DE APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS

Autores Osvaldo Pereira de Souza Souza 1

Instituição 1 CEF 405 - Centro de Ensino Fundamental 405 (Área especial Qd. 405 - recanto das Emas - DF)

Resumo Este artigo tem como objetivo de apresentar uma estratégia didático-pedagógica como proposta de ensino e aprendizagem de leitura para as séries iniciais. Em particular, para professores que atuam com alunos do 3º ano do ensino fundamental. Conquanto, levaremos em conta algumas questões relevantes que acreditamos poder contribuir para um entendimento do significado do que vem a ser o ato de leitura no contexto escolar. E ainda, caracterizar a leitura como um ato ativo-reflexivo para a formação leitora de alunos nas séries iniciais, não apenas como um objeto de ensino, mas como um instrumento de mediação para a busca de sentidos com fins significativos para a formação de leitores críticos, possibilitando aos alunos construir novos conhecimentos. Nesse sentido, procuraremos desenvolver uma prática de ensino e aprendizagem da leitura como momentos de ação e reflexão durante as ações pedagógicas, em sala de aula, de professores que estejam atuando com alunos em processo de iniciação da leitura. Para tanto, sugerimos uma proposta de trabalho que contemple a aprendizagem da leitura num processo didático-pedagógico que priorize a mediação tutorial do professor como agente facilitador durante suas práticas pedagógicas com o uso dos textos para a formação de alunos leitores no contexto escolar das escolas públicas do Distrito Federal. Para elaboração da proposta, como prática de ensino e aprendizagem da leitura para a construção de sentidos e a formação de leitores críticos, recorreremos a algumas concepções de formação leitoras que considerem as concepções de ensino dos seguintes autores: Bortoni-Ricardo (2010); Ferreiro

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(1987); Koch (2001); PCNs-LP (1997); Pérez (2001); Vigotski (2005), dentre outros. E assim, acreditamos que este material possa contribuir para o processo de formação continuada de professores que concebam o texto como objeto de ensino e aprendizagem nos primórdios de suas práticas de ensino para a formação de alunos capazes de interagirem com o texto para a formação de conceitos. Visando assim, uma mudança de comportamento dos alunos no seu contexto social e entre seus interactantes no processo de comunicação.

Palavras-chaves: Formação Continuada, Leitura, Mediação Tutorial

A MEDICALIZAÇÃO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA: análise de dados de sujeitos diagnosticados de Dislexia

Autores Laura Maria Mingotti Muller 1

Instituição 1 Unicamp - Universidade Estadual de Campinas (Campus Universitario Zeferino Vaz SN - Cidade Universitaria, Campinas)

Resumo Patologias relacionadas ao processo de aquisição da escrita têm cada vez mais tido repercussão social, o que pode ser visto pelo aumento expressivo de crianças e jovens diagnosticados e pela crescente circulação de informações sobre essas patologias. A pesquisa de Mestrado em andamento “Crianças e jovens diagnosticados de Dislexia: o que seus dados de escrita revelam?” apoiada pela Fapesp, propõe o enfrentamento desse excesso de patologização, principalmente pelo diagnóstico de Dislexia Específica de Desenvolvimento. Para isso são discutidos os casos de cinco sujeitos diagnosticados que estão ou estiveram em acompanhamento longitudinal comigo sob a supervisão da Profa Dra Maria Irma Hadler Coudry, no Centro de Convivência de Linguagens (CCazinho) situado no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. A discussão desses casos e a análise de seus dados buscam: (i) investigar e

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explicar linguisticamente as marcas apresentadas nos dados de escrita que haviam sido interpretadas como sintomas de uma (suposta) patologia, como a literatura sobre Dislexia descreve – tais como as substituições, inversões, omissões e junções de letras, a segmentação não convencional, a escrita em espelho, a adição de letras ou sílabas e a confusão de letras foneticamente semelhantes – as reinterpretando como hipóteses naturais do processo de aquisição da escrita; (ii) investigar as razões que levaram esses diagnósticos a serem valorizados pela sociedade, pela escola e pela família, bem como o modo como eles têm dificultado o processo de aquisição da escrita desses sujeitos. Esta discussão se insere no quadro teórico e metodológico da Neurolinguística Discursiva desenvolvida no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas, que, desde a década de 80 (COUDRY, 1988), vem integrando – para estudar patologias e supostas patologias - um conjunto de autores que comungam uma concepção de linguagem, de sujeito e de cérebro/mente sóciocultural. Fundamenta-se em quatro pilares: uma concepção de linguagem abrangente e uma concepção de sujeito histórico, constituído na e pela linguagem; uma concepção histórica e funcional de cérebro e, por fim, uma metodologia heurística ancorada no conceito de dado-achado, proposta por Coudry (1996). A utilização desse aporte teórico tem possibilitado à pesquisa um olhar técnico diferente relativo ao processo de aquisição e uso da escrita daquele comumente utilizado por áreas como a Psicologia, a Psicopedagogia, a Fonoaudiologia e principalmente a Medicina. Tais áreas tendem a desconsiderar fatores históricos, sociais e intersubjetivos e privilegiam a linguagem como consequência do processo de maturação orgânica. Essa possibilidade tem permitido que se discuta o que é da ordem do normal e do patológico em relação às dificuldades enfrentadas pelo sujeitos em sua entrada no mundo das letras; e dá visibilidade a dispositivos que transformam problemas sociais, enfrentados principalmente pela escola e pela família em problemas individuais inerentes ao sujeito. Referências: COUDRY, Maria Irma. Diário de Narciso: discurso e afasia. São Paulo: Martins Fontes, 1988. ________, Maria Irma O que é dado em Neurolingüística? In: CASTRO, Maria Fausta (org.) O método e o dado no estudo da linguagem. Campinas: Unicamp, 1996.

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Palavras-chaves: neurolinguística discursiva, processo de aquisição da escrita, dislexia, segmento longitudinal.

ALGUMAS REFLEXÕES ESTÉTICAS BAKHTINIANAS NA OBRA ARTÍSTICA EL POZO

Autores Leni Dias de Sousa Erdei 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Bairro Boa Esperança, Cuiabá - MT)

Resumo Nossa proposta no presente trabalho consiste em analisar a arquitetônica da visão estética, por meio do gênero discursivo poema <i>El Pozo<i>, da obra literária <i>Los Versos del Capitán<i>, escrito pelo poeta chileno Pablo Neruda. Nesta análise nos distanciamos dos conhecimentos da teoria literária, pois tais conhecimentos mesmo sendo importantes, aqui, ocupam um espaço secundário, já que não encerram em si os significados da totalidade de um texto, se não estiverem em correlação com a forma conteudística. Assim, refletiremos a partir do pensamento teórico de Mikhail Bakhtin e seu Círculo, em busca de uma efetiva construção dos sentidos em <i>El Pozo<i>. Nessa perspectiva, nossa observação, inicialmente, recai sobre a afirmação bakhtiniana de que a arte surge no interior da vida humana e se encontra entrelaçada a ela. Dessa forma, conforme o pensador russo, devemos apenas lhe atribuir um valor que tanto pode ser negativo, como positivo. Nosso objetivo foi emprestar categorias bakhtinianas e aplicá-las ao texto de Neruda, para compreendermos, por meio da linguagem conquistada pelo autor-criador o que, seguramente, conforme o pensamento de Bakhtin e seu Círculo, não poderia ser visto através das formas gramaticais unicamente. Neste contexto, a partir dos conceitos de Bakhtin, como por exemplo, <i>estética material, estética geral filosófica, arquitetônica, autor-criador,

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autor-artista, centro de valor, exotopia, dialogismo<i>, entre outros, desenvolvemos nossa análise. Para isso, realizamos pesquisa bibliográfica a partir dos seguintes textos do filósofo russo: <i>Para uma filosofia do ato responsável, O autor e o personagem na atividade estética, O problema do Conteúdo, do Material e da Forma na Criação Literária<i> e outros. Este estudo faz parte do Projeto de Pesquisa “A didatização do Gênero discursivo poema a partir da teoria enunciativo-discursiva de Bakhtin”, orientado pela Profª. Drª. Simone de Jesus Padilha, inscrito na linha de pesquisa Práticas textuais e discursivas: múltiplas abordagens, do Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem – MeeL, da Universidade Federal de Mato Grosso.

Palavras-chaves: poema, Estética Geral Filosófica, Bakhtin.

MODOS DE ARGUMENTAÇÃO DO DISCURSO EM CARTAS DE LEITORES DO SÉCULO XIX

Autores Maria Joyce Paiva Medeiros 1,1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo Este trabalho tem como objetivo verificar como acontece o movimento argumentativo em cartas de leitores do século XIX, publicadas em jornais do Estado do Rio Grande do Norte, integrantes do corpus compartilhado do Projeto Nacional PHPB (Para uma História do Português Brasileiro), um projeto de âmbito nacional que conta com um grupo de onze Estados, o qual o RN integra através da equipe da UFRN. As cartas, foram escolhidas a partir de análises de periódicos norteriograndenses: O Brado Conservador e A República e compunham-se principalmente de reclamações particulares ou coletivas, pedidos de ajuda para resolução de problemas ou relatos de episódios particulares em busca de soluções. Esse gênero discursivo é um tipo de correspondência de caráter público que aborda os mais variados assuntos e revelaram no século anteriormente citado, as práticas

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sociais, usos linguísticos e estágios de desenvolvimento social em relação à língua escrita. As cartas do leitor analisadas possuíam propósitos comunicativos variados. Em seu conteúdo constavam protestos coletivos, solicitação de ajuda para sanar questões corriqueiras ou relatos de episódios particulares em busca de soluções. No corpus aqui em destaque, observamos como aparecem as estratégias, técnicas e recursos argumentativos. Mapeamos também se o autor utilizou das condições de argumentação semelhantes às apresentadas por Savioli; Fiorin (2006); Abreu (2000), para convencer seus interlocutores. Em nosso estudo, pretendemos mostrar que, nesse processo, o produtor da carta organizou a lógica argumentativa e empregou aspectos similares aos da teoria de Charaudeau (2009), cujos pressupostos consideram três elementos básicos: a asserção de partida, passagem e de chegada. Ao finalizar o estudo, concluímos que a carta do leitor analisada, além do propósito de transmitir o resultado de uma eleição, possui forte poder argumentativo e se converte em instrumento de vigilância para que o eleitor não incorra em erros nos futuros pleitos.

Palavras-chaves: escrita, gênero carta, lógica argumentativa, política.

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ANÁLISE DE UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE EM MATERIAIS DE FORMAÇÃO CONTINUADA NA PERSPECTIVA DOS GÊNEROS DO DISCURSO

Autores Ely Alves Miguel 1, Maria Rosa Petroni 2

Instituição 1 Cefapro - Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da EB (Rua Ronaldo Gomes, s/n - Jardim Boa Vista - Juara/MT), 2 UFMT/MeEL - Universidade Federal de MT-Mestrado em Estudos de Linguagem (Av. Fernando Corrêa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança - Cuiabá - MT )

Resumo O ensino de Língua Portuguesa, no Brasil, modificou-se consideravelmente ao longo dos anos, acompanhando as transformações econômicas, políticas e culturais do país. No século XVIII, vamos encontrar uma educação destinada à elite, com o ensino centrado na leitura de textos literários e no estudo das normas da língua, neste último caso, privilegiando as regras de funcionamento da norma culta, dominada por aqueles que frequentavam a escola. Esta prática focava o (re)conhecimento das estruturas gramaticais, pois se acreditava que, para falar e escrever corretamente, bastava dominar as estruturas linguísticas da língua portuguesa. Nos anos de 1980 e início de 1990, pesquisas de diversas áreas, como Linguística, Sociolinguística, Psicolinguística, Neurolinguística, derrubam dogmas de que alunos de camadas populares não aprendiam porque não tinham capacidade cognitiva para tal. As descobertas científicas trazem para a Academia (e para a educação linguística) o perfil do alunado que ocupa os assentos escolares nesse momento histórico: pessoas oriundas das camadas populares, detentoras de variedades linguísticas diversas da norma culta, objeto de estudo da Língua Portuguesa até então. Com isso, novas necessidades são colocadas para a escola, tais como respeitar a linguagem e as condições socioeconômicas dos alunos, relacionando-as às práticas pedagógicas. Essa situação impôs a necessidade de tomar o texto, considerado como espaço de

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interlocução no qual os interlocutores têm ações coordenadas e agem com finalidades específicas, como objeto de ensino, excluindo as relações estanques, próprias de orações dissociadas de uma situação comunicativa. A concepção sociointeracionista começa a fazer parte da esfera acadêmica e escolar, influenciando consideravelmente o teor dos documentos oficiais da década de 1990, dentre eles, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 1997, 1998), conforme mencionado. No conjunto dessas mudanças, foi preciso dotar o professor de conhecimentos específicos sobre o processo de ensino-aprendizagem desse novo objeto, o texto. Vários cursos de formação continuada foram ofertados aos docentes, assim como foram produzidos diversos materiais para auxiliá-los nesse processo. Neste artigo, analisamos uma atividade do item “Avançando na Prática (AP), contido no Caderno de Teoria e Prática – TP3 – do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR II – de Língua Portuguesa, destinado a professores em atuação nos anos finais do Ensino Fundamental. Para isso, utilizamos Bakhtin (1979 [1929]; 2003 [1952-53]), pelo viés enunciativo-discursivo da linguagem, como teórico de base das reflexões delineadas. Os resultados da análise evidenciam que, embora haja esforço do material em abordar os gêneros, resguardando sua discursividade, ainda predomina um tratamento estrutural. No caso da atividade analisada, faltam subsídios teóricos e metodológicos para que o professor tenha referenciais suficientes para tratar o gênero canção, inclusive a partir das diferentes condições de produção. Neste caso, para assegurar a autonomia desse profissional no processo de ensino dos pressupostos em questão – gêneros discursivos; é preciso garantir embasamento teórico-conceitual integrado às estratégias, com reflexões sobre os aspectos elencados.

Palavras-chaves: Gêneros Discursivos, GESTAR II de Língua Portuguesa, TP3

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RESUMOS DOS PÔSTERES

ÁREA TEMÁTICA 3- SINTAXE A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL EM CARTAS DE

LEITORES E ANÚNCIOS DOS SÉCULOS XIX E XX

Autores Aryonne da Silva Morais 1 , Marco Antonio Martins

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal, RN)

Resumo Neste trabalho, versaremos sobre a (não) realização do sujeito pronominal no Português Brasileiro (PB), tendo em vista cartas de leitores e anúncios publicados em jornais do Rio Grande do Norte nos séculos XIX e XX. As cartas de leitores e os anúncios compõem parte do córpus mínimo impresso do Projeto História do Português Brasileiro no Rio Grande do Norte (PHPB-RN), que integra o Projeto nacional para a História do Português Brasileiro (PHPB). Mais especificamente, teremos por objetivo: (i) apresentar uma descrição da variação entre sujeito nulo e sujeito pronominal preenchido nas cartas e nos anúncios e (ii) diagnosticar quais os contextos que favorecem o preenchimento (e o não preenchimento) do sujeito pronominal. Para realizarmos este trabalho, adotamos como referencial teórico os pressupostos da teoria da variação e mudança linguística (Weinreich, Labov e Herzog (2006[1968], Tarallo (2007)), assim como os estudos realizados por Duarte (1993, 1995). Analisando peças de teatro dos séculos XIX e XX, Duarte (1993) aponta como principal causa para o processo de variação e mudança envolvendo o preenchimento do sujeito na gramática do PB, o fato de o paradigma verbal dessa língua ter reduzido o seu número de flexões. A autora afirma que o paradigma verbal do PB evoluiu de um sistema com seis formas distintivas para um sistema com apenas três, em que temos a coocorrência dos pronomes TU e VOCÊ para designar a segunda pessoa do singular, a coocorrência

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dos pronomes NÓS e A GENTE para designar a primeira pessoa do plural e a substituição do pronome VÓS pelo VOCÊS, para designar a segunda pessoa do plural. Os resultados dos estudos realizados por Duarte apontam que o PB perdeu a propriedade pro-drop, ou seja, perdeu a propriedade de língua que permite o sujeito nulo. Considerando uma análise preliminar de dados coletados da escrita norte-rio-grandense, buscaremos observar se houve uma redução no número de ocorrências de sujeitos nulos no PB, e se essa alteração passa a ser mais significativa a partir de meados do século XX. Palavras-chave: Realização do sujeito pronominal; anúncios; cartas de leitores; variação/mudança. EXPRESSÃO DE POSSE DOS NOMES EM PARKATÊJÊ

Autores Rafaela Viana Maciel 1

Instituição 1 UFPA - Universidade Federal do Pará (Rua Augusto Corrêa, nº 01 - Guamá)

Resumo As línguas indígenas brasileiras constituem um patrimônio imaterial importantíssimo dentro do nosso país. Elas são, assim como as demais línguas do mundo, ricas fonética, fonológica, semântica, morfológica e sintaticamente, e, do mesmo modo, apresentam especificidades que as tornam únicas dentro do cenário linguístico. Umas dessas especificidades é a relação de posse expressa pela classe de nomes, a qual se constitui como uma das principais características desta classe em línguas Jê. Pertencente a esta família linguística está a língua Parkatêjê, junto com as línguas Canela – Ramkokamekrá e apãniekrá -, Krahô e Pykobjê (Gavião do Maranhão), Krikati e Krenjê, as quais formam o grupo Timbira. Segundo Miranda (2010) “ainda que essas línguas sejam mutuamente inteligíveis os seus respectivos falantes as consideram como línguas distintas”. A língua Parkatêjê, falada pelo povo conhecido pelo mesmo nome, e pertence à família linguística Jê (Rodrigues, 1999) é que será focalizada neste trabalho. Os indígenas Parkatêjê vivem em aldeias localizadas no município de Bom Jesus

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do Tocantins, próximo a Marabá, no sudeste do Estado do Pará. Em línguas como o Parkatêjê a categoria de posse dos nomes é muito recorrente, pois a grande maioria dos nomes nesta língua exprime conceitos relacionados a elementos e fenômenos naturais, animais e plantas, nomes de pessoas (nomes não-possuíveis), objetos da cultura material (nomes alienavelmente possuídos), e relações pessoais (nomes inalienavelmente possuíveis), estes conceitos são estáveis no tempo. Em Parkatêjê os nomes apresentam marcas morfossintáticas e semânticas por meio das quais é possível distinguir os não-possuíveis, os alienavelmente possuídos e os inalienavelmente possuídos entre si. O objetivo deste trabalho é apresentar, com base na tese de Ferreira (2003), a descrição da categoria de posse dos nomes em Parkatêjê, ressaltar as marcas morfossintáticas presentes em cada sub-classe: (a) nomes não possuíveis, (b) nomes alienavelmente possuídos e (c) nomes inalienavelmente possuídos, e, assim, contribuir para os estudos linguístico-descritivo na área indígena. Palavras-chaves: Expressão de posse, Morfossintaxe, Nome, Parkatêjê ÁREA TEMÁTICA 4- SEMÂNTICA ADOTADO E ADOTANTE: nomes que fazem história

Autores Elisandra Benedita Szubris 1

Instituição 1 UNEMAT - UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO (AVENIDA TANCREDO NEVES, N. 1095, CAVALHADA, CÁCERES-MT)

Resumo Segundo Guimarães (1992), não há como falar da história de um nome, sem que se fale da História em que o nome se dá como nome. Se tomarmos o processo de (re)nomeação de crianças adotadas no Brasil, veremos que esse processo movimenta o presente, acionando uma memória, ou seja, o nome é determinado pelos lugares de significação na história desse nome. Isso supõe que a nomeação é produzida pelo cruzamento de discursos vindos de diferentes lugares: da família, da religião, da natureza, da paixão por alguma personalidade famosa, onde o adotado deverá se instalar e

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fundar uma história. Nesta reflexão, propomos analisar o processo de nomeação de uma criança adotada, observando como, ao (re)nomear o adotado, se haverá uma mudança nas posições enunciativas, construindo novas relações do sujeito que nomeia e é nomeado. Se o processo de nomeação, na relação pais/filhos, tem uma determinação que não é evidente, mas que funciona produzindo sentidos para o nome ‘escolhido’, estudar como esse processo se dá na adoção de uma criança é uma forma de compreender como ocorre a substituição legalmente constituída de um nome pelo novo nome dado pelo adotante. Nesse processo de substituição do primeiro nome percebe-se o ‘apagamento’ da origem do nome e muitas vezes da própria nacionalidade da criança, processo que decorre de dupla separação: a primeira, quando os pais biológicos registram o nome do filho no cartório, que a partir desse ato assume uma identidade social e uma personalidade jurídica; a segunda, quando o primeiro nome é substituído pelo adotante, a criança reassume uma nova identidade social e jurídica. Juridicamente, a adoção é tratada pela primeira vez no Brasil, em 1916, no Código Civil Brasileiro, com o objetivo de facilitar a adoção. Para a análise, vamos utilizar como <i>corpus</i> os seguintes documentos: Lei n° 12.010, de 03 de agosto de 2009, Lei 8.0 69, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA), o Código Civil Brasileiro, que constituem a base da legislação vigente. Existem muitos casos de pessoas que acolhem crianças abandonadas, mas apesar da boa intenção, mal sabem que, ao adotar essa postura, cometem um crime, previsto no artigo 242 do Código Penal Brasileiro, que designa esse ato como um processo de adoção ilegal. Portanto, dar um novo nome a um adotado é dar invisibilidade ao seu passado, é como se através do novo registro nascesse um novo sujeito e apagasse toda sua relação com o já vivido. A nomeação é concebida por Guimarães (2002) como funcionamento semântico pelo qual algo recebe um nome. Ou seja, o processo enunciativo da nomeação envolve lugares de dizer diferentes, isto é, uma enunciação que nomeia pode estar relacionada com enunciações diversas, diz ainda que a análise da enunciação envolve um fora da situação, a memória do dizer e a língua. Desse modo, a análise da enunciação não é ver como uma situação modifica sentidos da língua, mas como o exterior da

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enunciação constitui sentidos no acontecimento, ou melhor, como a memória interdiscursiva e a língua significam no presente do processo incessante da história dos sentidos. Palavras-chaves: Nomeação, Adoção, Enunciação ÁREA TEMÁTICA 6- SOCIOLINGUÍSTICA E DIALETOLOGIA

A CONCORDÂNCIA NOMINAL NA NORMA CULTA EM CUIABÁ

Autores Joelson Penha Silva 1

Instituição 1 UNIC - Universidade de Cuiabá (Av. Manoel José de Arruda n° 3.100 - Bairro: Jardim Europa), 2 IFMT - Instituto Federal de Mato Grosso - Campus Bela Vista (Av. Juliano Costa Marques, s/n, esquina com Avenida Oatomo Canavarros)

Resumo Segundo as gramáticas tradicionais, a concordância nominal é aquela que se verifica em gênero e número entre o adjetivo, o pronome (adjetivo), o artigo, o numeral ou o particípio (palavras determinantes) e o substantivo ou pronome (substantivo) a que os determinantes se referem. Nesse sentido, a concordância de número no português apresenta uma variação sistemática, exibindo variantes explícitas e variante zero de plural em elementos verbais e nominais. Já os estudos descritivos na área de sociolinguística quantitativa procuram correlacionar variáveis linguísticas (saliência fônica e posição) e sociais (anos de escolarização, sexo e faixa etária) para determinar os fatores condicionantes da concordância nominal. A esse respeito, uma das variantes linguísticas encontradas no português brasileiro refere-se à alternância entre a presença de marcas de concordância nominal de número, como em “os estudos sociolingüísticos”, e a ausência dessas marcas, como em “os estudo sociolinguístico”. Com base nessas considerações, a presente pesquisa investiga a concordância nominal de número no discurso de falantes da norma culta residentes em Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso. Neste estudo, foram analisados os dados referentes à posição no sintagma nominal do elemento sem marca

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de concordância, contemplando as categorias de núcleo (substantivo), adjetivo e determinante. Para tanto, realizaram-se entrevistas semiestruturadas com trinta falantes, havendo gravação de suas falas, as quais foram posteriormente transcritas e analisadas. Os resultados da pesquisa apontam para uma massiva realização da concordância nominal na fala dos sujeitos escolarizados, o que ressalta o papel da educação formal diante da realização da concordância de número em sintagmas nominais. Além disso, identificou-se uma premência, nos casos de não concordância, do apagamento do morfema designativo de número apenas no núcleo do sintagma, e não nos demais elementos. Em ordem decrescente, pode-se ainda destacar um apagamento mediano de marcas de plural nos adjetivos e uma não realização do morfema –s baixa no que tange aos determinantes. Tais resultados confirmam na fala do cuiabano de nível superior padrões de realização/não realização de concordância análogos aos verificados no Rio de Janeiro e em Brasília em pesquisas semelhantes.

Palavras-chaves: concordância nominal, desinência de número, sociolinguística quantitativa.

UM ESTUDO ACERCA DOS TABUS LINGUÍSTICOS COM DADOS DO PROJETO ALIB: área semântica do corpo humano

Autores Juliany Fraide Nunes 1

Instituição 1 UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Cidade Universitária s/n. Caixa Postal 549, CEP. 79070-900)

Resumo A língua é responsável pela interação e comunicação entre os membros da sociedade. Assim, como patrimônio social e cultural a língua serve de instrumento para veiculação de ideias, de crenças e de tradições, por isso evidencia a identidade de grupo, em especial por meio do nível lexical, à medida que o léxico registra o conhecimento gerado na sociedade e o falante vale-se dele para

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nomear os seres e os objetos que estão ao seu redor. Dessa forma, por meio das escolhas lexicais feitas pelos membros de uma sociedade, podem-se depreender aspectos relevantes acerca da história, da cultura e de hábitos de uma determinada região linguística. O léxico, dado o seu caráter dinâmico, reflete as transformações ocorridas na sociedade, por isso, se a língua não dispuser de itens léxicos apropriados para designar um novo conceito, o falante pode criar novas palavras, com base nas possibilidades oferecidas pelo sistema. Todavia, para que esses novos designativos sejam incorporados ao repertório lexical da língua, é necessário que haja aceitação coletiva, visto que em toda sociedade há padrões linguísticos estabelecidos que condicionam as escolhas lexicais possíveis no uso da língua. Este painel analisa variantes lexicais fornecidas pelos informantes do Projeto ALiB – Atlas Linguístico do Brasil, de 29 localidades da rede de pontos do ALiB: 24 pontos da região Centro-Oeste – 03 capitais e 21 localidades do interior – e 05 localidades da região Norte – 03 capitais e 02 localidades do interior, como resposta para a pergunta 102, do QSL – Questionário Semântico-Lexical, área semântica do corpo humano, que busca apurar designações para o conceito “a sujeirinha que se tira do nariz com o dedo”. Os dados foram coletados in loco pela equipe do Projeto ALiB junto a 140 informantes com o seguinte perfil: faixa etária: 18 a 30 anos e 50 a 65 anos; sexo: masculino e feminino; naturalidade: ser oriundo da localidade pesquisada com pais da mesma região linguística; escolaridade: até o último ano do Ensino Fundamental e Curso Superior, nas capitais e Ensino Fundamental nas localidades do interior. A análise das variantes documentadas está focada na questão dos tabus linguísticos, itens léxicos que, segundo o imaginário popular, são evitados por atraírem fluidos maléficos e, por essa razão, são substituídos por outras unidades lexicais com carga semântica mais neutra. O trabalho também analisa as variantes documentadas em termos diatópico e léxico-semântico, orientando-se, para tanto, por fundamentos teóricos da Geolinguística e da Lexicologia e pelas definições de tabus linguísticos apresentadas por Ullmann (1964), Guérios (1979) e Coseriu (1982).

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Palavras-chaves: Corpo humano, Léxico, Tabus Linguísticos

DESIGNAÇÕES PARA “EMPANTURRADO” NAS REGIÕES CENTRO-OESTE E NORTE DO BRASIL: contribuições do Projeto ALIB

Autores Suellen de Souza Becker1

Instituição 1 UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Cidade universitaria, s/n, 79070-900, caixa postal 549)

Resumo A língua é um veículo de comunicação entre os homens, pois é por meio dela que todo indivíduo expressa seus pensamentos, suas ideologias e crenças. Dentre os níveis da língua, o léxico é o que melhor evidencia os aspectos culturais de uma comunidade de falantes, pois o indivíduo dele se apropria para registrar suas vivências e nomear tudo que o cerca. Os itens lexicais que são utilizados com regularidade por um grupo de falantes configuram a norma lexical, conjunto de variantes lexicais que marcam o falar de determinada comunidade. Nesse sentido, no Brasil, devido à grande extensão territorial, não há uma norma lexical única atualizada pelos habitantes de todo o Brasil, pois as diversas regiões brasileiras possuem características típicas, que motivam o surgimento de normas lexicais regionais, ou seja, um conjunto de traços que evidenciam as peculiaridades vocabulares de cada região. Assim, o uso de determinados itens lexicais por uma comunidade linguística implica diversas formas de dizer a mesma coisa, no mesmo contexto e com a mesma carga de veracidade, desencadeando, assim, o fenômeno da variação linguística, que pode ocorrer em qualquer nível da língua (fonético, morfossintático, semântico e léxico), sendo motivado por diferentes fatores extralinguísticos (escolaridade, espaço geográfico, faixa etária e sexo). O fenômeno da variação é estudado por diferentes ramos da Linguística, dentre outras, a Dialetologia que documenta e estuda a variação linguística em termos de distribuição espacial. Os dados apurados pela Dialetologia são mapeados pela Geolinguística, por meio de cartas linguísticas. Este painel discute resultados parciais de estudo de

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Iniciação Científica em andamento e, para tanto, analisa as variantes lexicais obtidas como resposta para a pergunta 183 – “quando uma pessoa acha que comeu demais, ela diz: comi tanto que estou ____” –, relacionada à área semântica da alimentação e cozinha do QSL - Questionário Semântico-Lexical do Projeto ALiB – Atlas Linguístico do Brasil – documentadas nas regiões Centro-Oeste e Norte. O estudo orienta-se por princípios teóricos da Dialetologia/Geolinguística, da Lexicologia e da Sociolinguística, focalizando as dimensões diatópica e léxico-semântica das unidades lexicais apuradas pelos pesquisadores do Projeto ALiB como nomeação do conceito expresso pela pergunta 183 do QSL/ALiB e verificando em que proporção o recorte vocabular em estudo evidencia características do grupo de falantes e especificidades histórico-culturais das duas regiões selecionadas para a pesquisa. Palavras-chave: 1) alimentação; 2) léxico; 3) variação.

Palavras-chaves: alimentação, léxico, variação

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: Um olhar nas falas dos professores do Departamento de Letras da UFMT/CUR

Autores Fernanda de Mello Cardoso 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (RODOVIA MT 270 KM 06 ROO GUIRATINGA CEP: 78735910)

Resumo O tema variação linguística, se não é novo para nós, alunos de graduação em Letras no primeiro ano de curso, afigura-se completamente inusitado quando se passa a observar e investigar as variantes realizadas por nossos professores. É nesse contexto que surge, durante as aulas de Língua Portuguesa I, ocasião em que era leitura obrigatória da disciplina o livro “A Língua de Eulália”, de Marcos Bagno, o objeto do presente trabalho. Partimos do princípio de que a variação linguística, a qual existe não apenas em função do falante, mas também em função do ouvinte, como ensina Rodrigues

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(2002), poderia ser flagrada em uma breve pesquisa com os professores que ministravam aulas para a turma de 1º ano, da qual éramos alunas. Assim, nosso objetivo é, tal como roteiro fornecido com a leitura da obra, investigar quais os fenômenos de variação linguística realizados por professores do Departamento de Letras da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Campus Universitário de Rondonópolis (CUR), visto que estes são oriundos de diferentes regiões de nosso país, incluindo um estrangeiro. Tomando como pressupostos os estudos da Sociolinguística Variacionista, especialmente com Bagno (1997, 1999, 2002); Bortoni-Ricardo (2001, 2004) e Labov (1974), realizamos entrevista semiestruturada de duração aproximada de 10 minutos com os 6 professores que ministravam aulas no Curso de Letras-Inglês. Os professores, sujeitos de nossa pesquisa, pertencem à faixa etária compreendida entre os 30 e os 50, nascidos em Ceará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Chile. As entrevistas, realizadas no mês de novembro de 2010, foram transcritas e nos forneceram o objeto de nossa análise. Apesar da diversidade de regiões de origem dos sujeitos entrevistados, verificou-se a ausência de R final dos verbos no infinitivo, a troca das vogais E e O nos monossílabos e a redução de E e O pretônicos como predominantes nas falas dos professores.

Palavras-chaves: sociolinguística, variação linguística, análise da conversação

ÁREA TEMÁTICA 7- ANÁLISE DO DISCURSO

MAFALDA: muito mais do que uma garotinha de seis anos

Autores Fernanda Patricio Mariano 1,1,1,1

Instituição 1 UFBA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (Av. Ademar Barros, 59 - Ondina Salvador - BA, 40170-110)

Resumo O presente pôster apresenta considerações sobre a relação que é estabelecida entre discurso, ideologia e sujeito. Para Brandão

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(1998), o discurso "é o espaço em que saber e poder se unem, se articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito que lhe é reconhecido socialmente". O discurso permite que a ideologia se manifeste, isto é, faz com que a língua se concretize.Na perspectiva da Análise do Discurso de Linha Francesa, o sujeito é ideológico e assujeitado interpelado pela ideologia e marcado por ela. Para esta corrente, a língua estabelece relação com as condições de produção na qual está inserida. A Análise do discurso emerge na França, devido à tradição escolar no estudo de diversos textos literários influenciados por autores brasileiros e também fatores sociais, políticos e econômicos repercutiram no surgimento dessa ciência como o movimento estudantil de 68 em que diversos universitários sairam às ruas, protestando e pedindo melhores condições nas universidades.Ela aparece da construção teórica iniciada na década de 1960, na França com influência do tripé: marxismo, psicanálise e linguística.Ao eleger o discurso como objeto, procura-se compreender a língua e como ocorre o sentido ou não.Tal ciência tem como unidade o texto e ADLF tem como principal objetivo em depreender o texto em sua discursividade e de que maneira se constitui o discurso e como este pode ser compreendido em função dessa formações discursivas que se constituem em função da formação ideológica que as determina.(ORLANDI,p.16).O Discurso é conceituado como a materialização da língua.Daí foram estudadas e analisadas 10 tirinhas da obra <i> Toda Mafalda do autor Quino</i> Quino. A personagem Mafalda, das histórias em quadrinhos dos anos 60, é uma garotinha pequena que se comporta de modo bastante peculiar. Apesar de ter apenas seis anos, questiona o mundo ao seu redor, a sociedade que vivencia e, principalmente, o capitalismo. Desse modo, pretende-se depreender que tais tirinhas são transmissoras de diversas ideologias e ao mesmo tempo refletir sobre as diversas possibilidades de compreensão das condições de produção dos discursos que foram analisadas.

Palavras-chaves: Mafalda, discurso, Ideologia , ideologia, condições de produção

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ENUNCIADOS DE CURTA EXTENSÃO: aforização, mídia e política

Autores Tamires Cristina Bonani Conti 1, Roberto Leiser Baronas 1

Instituição 1 UFSCar - Universidade Federal de São Carlos (Rodovia Washington Luís, km 235 - SP-310 São Carlos - São Paulo)

Resumo Nosso objetivo central neste trabalho é compreender o papel da máquina midiática nos processos de produção, circulação e de fabricação das informações políticas sobre as eleições presidenciais brasileiras 2010. Inicialmente, procuramos definir as características do “enunciado de curta extensão”, diferenciando-o de outros como slogans e provérbios; num segundo momento, evidenciamos, por um lado, as características enunciativas dessas pequenas frases que visam favorecer ao seu destaque e, por outro, os determinantes genéricos, linguísticos e semióticos utilizados pelos locutores midiáticos no destaque desses enunciados e, por último, descrevemos como esses enunciados são destextualizados de seus contextos e cotextos originais, procurando compreender como são submetidos ao regime discursivo da aforização. Neste trabalho de Iniciação Científica, tomamos como objeto de análise discursiva pequenos enunciados que, em forma de título de artigos, circularam na mídia eletrônica brasileira, durante os meses de março a outubro de 2010, período que compreendeu a campanha eleitoral desse ano, e que foram atribuídos aos candidatos a presidente do Brasil: Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Tais enunciados foram dados a circular em pequenos textos quase que diariamente no site do Universo On Line – UOL, ora na seção Eleições 2010 – Últimas Notícias ou no Folha On Line. Esses textos possuíam geralmente uma página e também vários links para outros artigos. Alguns ao lado das frases traziam fotografias dos candidatos. Eram assinados ou por diferentes jornalistas ou creditados a uma equipe da editoria de política do site e todos, rigorosamente traziam o horário em que foram publicados. De março a setembro construímos um arquivo documental com 45 textos cuja temática era basicamente ora a agenda de compromissos de campanha dos candidatos José Serra e

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Dilma Rousseff ou os fatos políticos brasileiros que à época geraram maior polêmica. Durante os meses de pesquisa para este trabalho, analisamos algumas dessas pequenas frases detendo-nos mais especificamente no processo de destextualização da fala dos candidatos, realizado pelos jornalistas, e a sua consequente colocação em relevo, transformando-a em título de manchete. Procuramos analisar o nosso objeto no “entremisturar” descrição e interpretação, isto é, até agora fizemos todo um trabalho de descrição minuciosa da materialidade lingüística e da imagética, que acompanha as pequenas frases selecionadas e, no mesmo processo, evidenciamos como essas materialidades trabalham os acontecimentos políticos dados a circular pela mídia e como esses acontecimentos discursivos orientam para determinadas interpretações. Tal procedimento metodológico como assevera Pêcheux (1983, p. 55): “não se constitui em duas fases sucessivas, mas de uma alternância, de um batimento, não implicando que a descrição e a interpretação sejam condenadas a se “entremisturar” no indiscernível”. Nossos primeiros resultados indicam que a destextualização das falas dos locutores Dilma e Serra ao serem submetidas ao regime discursivo da aforização recebem um sentido completamente diferente daquele que tinham em seu contexto original de produção. Além disso, tais destaques passam a pautar os debates políticos em diferentes veículos midiáticos. Esperamos que o nosso trabalho, por um lado, possa contribuir para uma compreensão mais refinada do papel da mídia no processo de fabricação e de interpretação de notícias que dizem a política brasileira e, por outro, que contribua com o avanço dos estudos discursivos, sobretudo, no tocante, a possibilidade de se pensar na constituição de outra ordem enunciativa, que se diferencia tanto da ordem textual quanto da ordem discursiva. FAPESP

Palavras-chaves: aforização, discurso político, enunciado de curta extensão, mídia

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VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO:O que fazer?

Autores Patricia aparecida da silva Silva 1, Ana Luiza Artiaga 1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade Estadual do Estado de Mato Grosso (av. Tancredo Neves n 1095)

Resumo Este estudo sobre Violência e educação:O que fazer? Nasce a partir da vivência no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência/PIBID/Capes/UNEMAT, em Cáceres-MT. Assim, o objetivo desta reflexão incide em tomar o discurso sobre a violência, no ambiente escolar. O corpus constitui-se a partir de recortes de textos publicizados pela mídia, em que discutiremos a formação imaginária da sala de aula, a relação professor, aluno e a própria instituição de ensino. Sabe-se que, temos grandes índices de violência em âmbito nacional e em âmbito mundial, acontecendo com grande freqüência no ambiente escolar. De outro lado, como as políticas de Estado, de segurança se significam, tomam corporeidade no âmbito escolar? Para tanto, inscrevemo-nos na linha teórica materialista de Michel Pêcheux, na França,Eni Orlandi no Brasil e seus seguidores, com intuito de compreender o funcionamento da língua diante desse acontecimento de linguagem, na escola na relação dos sujeitos professor x aluno.Com isso os professores se tornaram alvo de muitas barbáries cometidas por seus próprios alunos . Nessa relação, podemos tomar com a linguagem como não transparente, em uma relação significativa fundamental entre o homem, a natureza e a sociedade na história. A teoria do discurso visa, pois a compreender o lugar da interpretação na relação do homem com sua realidade. Em relação à Posição-Sujeito, em A.D. a posição-sujeito está sempre interpelada por uma ideologia, assim interessa-nos compreender a posição que o sujeito professor irá tomar diante dessa problemática que o aflige e o assusta tanto.Assim a interpretação é um gesto necessário que liga a língua e a história na produção dos sentidos, situando estes gestos tanto na dimensão do sujeito como na sociedade com suas instituições, precisando os diferentes mecanismos interpretativos

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na relação com as diversas linguagens, nas distintas posições dos sujeitos. Ao mesmo tempo,em uma proposta inovadora , a ideologia passa a ser vista não mais como parte do funcionamento da interpretação.Sendo assim, o gesto de interpretação se dá porque o espaço simbólico é marcado pela incompletude, pela relação como silêncio.A interpretação é o vestígio do possível.

Palavras-chaves: sujeito, discurso, violencia, educação, linguagem

O DISCURSO SOBRE A PIRACEMA E A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Autores Maria Martins da Silva Magio 1,1,1,1

Instituição 1 UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso (Cáceres)

Resumo Neste trabalho apresentamos uma reflexão sobre os discursos que envolvem a polêmica que ocorreu no município de Cáceres-MT, no ano de 2009, sobre a “Prorrogação da Pesca”. Portanto, trata-se de um estudo cujo objetivo é analisar a posição sujeito e os efeitos de sentidos do discurso ambiental materializados nas produções textuais de alunos da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Médio, e dos discursos dos representantes de instituições públicas ambientais provenientes de textos em circulação na mídia a respeito da prorrogação da piracema em Cáceres-MT, no ano de 2009. Para tanto, este estudo utiliza como fundamentação teórica a Análise de Discurso de linha francesa de Michel Pêcheux (1997), e no Brasil, Eni Orlandi(2000). Nessa perspectiva teórica serão consideradas as condições de produção do discurso ecológico nas produções textuais dos alunos e das reportagens que circularam na mídia sobre a prorrogação da piracema em 2009. Assim, conforme ORLANDI, que teoriza “... a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história” (2000, p. 15). O trabalho de análise será feito com base em entrevistas de alunos/pescadores e de textos de

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alunos do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos sobre recortes de textos jornalísticos que diz sobre a “polêmica” da prorrogação da piracema. Diante dos recortes, produção textual dos alunos/ pescadores e reportagens que circularam na mídia no ano de 2009 que envolvem a questão ambiental, a pesquisa incide sobre a posição sujeito do aluno/pescador, do discurso jornalístico e do discurso jurídico e as diferenças ideológicas que cada discurso traz em sua materialidade linguística acerca da prorrogação da piracema. Nesse sentido, a presente pesquisa percorrerá pelo viés da teoria da Análise de Discurso que nos proporcionará analisar, com vistas a entender a posição sujeito inscrita no discurso do aluno/pescador, no discurso da mídia e no Poder Judiciário em defesa ao Meio Ambiente.

Palavras-chaves: Aluno/Pescador, Meio Ambiente, Sujeito

UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS CARTAS DO LEITOR SOB A PERSPECTIVA DA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL DO DISCURSO (ASDC)

Autores Rafael Souza da Cruz Cruz 1, Cleide Emília Faye Pedrosa Pedrosa 1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Av. Sen. Salgado Filho 3000 - Campus Universitário. Caixa Postal 1666 NATAL - RN)

Resumo Este trabalho baseia-se no projeto de pesquisa “Carta do leitor e os erros do editor/jornalista: confronto e minimização de faces” em andamento na UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – (Edital Nº 05/2011 – PROPESQ e REUNI. Código: PIC4143-2012). Na mídia impressa, a carta do leitor constitui um espaço importante para a difusão de opiniões, sugestões, reclamações, entre outras práticas. Pode-se dizer que sua publicação é uma maneira de aproximar o público leitor do editor, no sentido de oferecer uma espécie de diálogo entre ambos. Diante deste contexto, buscaremos observar o fenômeno da linguagem nas

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cartas do leitor por meio de uma análise pautada entre o social e o discursivo. Para isso, nosso ponto de apoio teórico será a Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso - ASCD (PEDROSA, 2011, 2012). Esta nova abordagem procura realizar a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH [2001] 2008), levando em conta três disciplinas-chave, a saber: a Comunicação para a Mudança Social (GUMUCIO, 2004; NAVARRO DÍAZ, 2010; TUFTE, 2011) os Estudos Culturais (ORTIZ, 2004) e a Sociologia (para a mudança social), que podemos vislumbrar em estudos de Bajoit (2008). Nosso recorte terá o corpus constituído de duas cartas do leitor retiradas da revista Veja (2011) e a análise dará prioridade à Sociologia para a mudança social. Complementando nosso aparato de investigação, temos a Teoria da Pragmática (LEVINSON, 2007), que é apoiada na filosofia da linguagem e ancorada no empirismo, ou seja, na ideia de que a linguagem deve ser investigada em seu contexto de uso, em situações reais de comunicação. Assim, realizaremos a interface com a Pragmática para atender os seguintes objetivos: a) identificar os erros de publicação que foram apontados pelos leitores em suas cartas à redação; b) observar como o confronto e minimização de ‘faces’ foram tratados no evento social; c) apontar os eufemismos utilizados para proteger a face da instituição ou do jornalista. Desta forma, poderemos confirmar a busca pela utilização de estratégias discursivas e sociais, tanto por parte do leitor quanto da própria revista para proteger, minimizar e/ou o confrontar as respectivas ‘faces’ no contexto da comunicação. Palavras-chaves: Análise Crítica do Discurso, ASCD, Cartas do leitor, Mídia Impressa

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UMA (RE)VISÃO DO CURRICULO VITAE LATTES (CVL) COM BASE NO CAPITALISMO COGNICISTA : um estudo sobre o sujeito no texto introdutório no CVL do pesquisador de letras da UFRN

Autores Danielle Brito da Cunha 1, Cleide Emília Faye Pedrosa 1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Campus Universitário, s/n - Lagoa Nova Natal/RN)

Resumo O curriculum vitae lattes, desenvolvido pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão subordinado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), criado a fim de facilitar o armazenamento de dados, se configurou na última década como a principal ferramenta de consulta acadêmica para alunos, professores e gestores. Através de seus padrões e funcionalidade eficientes, tem extrapolado essa esfera acadêmica e se lançado no mercado capitalista cognicista como fonte publicitária, forçando a identidade desses atores a serem reinventadas e adaptadas as cobranças mercadológicas. Esse gênero tão importante socialmente e de multiformes funções trouxe a pauta alguns questionamentos pertinentes acerca do posicionamento dos sujeitos nos seus textos introdutórios e a reflexão acerca da imagem do pesquisador brasileiro no contexto mais amplo da cultura mercadológica. Para estabelecer uma análise qualitativa de cunho introspectivo, passaremos a utilizar como base teórica a Análise Crítica do Discurso oriundas de Pedrosa (2011-2012); noções de estudos socio-culturais em Hall (2005) e Mancebo (2002) e noções da teoria publicitária de Muniz (2005). Essa comunicação é um recorte do projeto – “Pesquisadores da grande área de Linguística, Letras e Artes: construção da imagem de si no currículo Lattes segundo a cultura autopromocional”-, proposto com base no edital no 0012011, PIBIC, PIBITI e PIBIC-AAUFRN 2011-2012, de 02 de fevereiro de 2011, que objetiva identificar os ethé de professores da área de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Extraímos, para tanto, um corpus de cinco textos introdutórios do curriculum vitae lattes retirados do macro-acervo da pesquisa. Na análise a Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso (Pedrosa, 2011, 2012, a, b, c), nos

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permitirá classificar o sujeito nesses discursos. Os primeiros resultados indicam que há, mesmo diante de um modelo de gênero acadêmico, uma variedade de sujeito a depender da escolha do ator em construir seu texto. Assim, identificam-se o sujeito conformista, ou adaptador, ou estrategista,ou pragmático, se movendo de acordo com as situações as quais é impelido, isso se dá pela própria criação do texto introdutório do currículo lattes como um gênero repleto de valores autopromocionais importados do mundo empresarial, naturalizados pelas e nas praticas sociais, se ancorando em estereótipos forjados por uma sociedade capitalista. Palavras-chaves: ator, capitalismo, publicidade, social, sujeito Condições de produção do discurso no gênero Carta do Leitor: reforçando a importância do contexto social e histórico

Autores Debora Quezia Brito da Cunha 1, Rafael Souza da Cruz 1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Campus Universitário Lagoa Nova CEP 59078-970 | Natal/RN - Brasil )

Resumo Este trabalho tem como objetivo discutir e ilustrar a importância do papel sócio-histórico na Análise do Discurso (AD). Tendo em vista as relações que se dão no âmbito social, espaço no qual seus diversos agentes podem atuar a partir de lugares econômicos, sociais, políticos e ideológicos, não há como realizar uma análise refinada sem passar pela consideração desses aspectos imbuídos em determinado discurso. Esta afirmação sustenta-se pelo fato de que o discurso constitui a historia e, da mesma forma, esta contribui para a investigação do discurso (ORLANDI, 2002). Sendo assim, essa relação demonstra a possibilidade e, sobretudo, a necessidade de vislumbrar o fenômeno da linguagem tomando discurso e história, imbuídos no social, sob uma perspectiva interdisciplinar. Para amparar nossa investigação, nosso aporte teórico retoma propostas encontradas nas contribuições de três teóricos essenciais para o

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surgimento e desenvolvimento da Análise do Discurso de linha francesa: inicialmente, o filósofo francês Althusser, em sua obra Aparelhos Ideológicos do Estado, se debruçou sobre a questão da leitura, para depreender a ideologia social. Pêcheux, outro estudioso da filosofia e autor da obra Semântica e Discurso – uma crítica à afirmação do óbvio, foi mais além, ao propor uma semântica do discurso, e assim, instaurar a proposta da AD. Michel Foucault também contribuiu com sua publicação Arqueologia do Saber. A partir da década de 60 os estudos destes autores surgiram em publicações, e foram fundamentais para o estabelecimento de uma formação discursiva, ou seja, levaram em conta a relação entre quatro fontes que não deveriam ser indissociáveis para o analista do discurso: o sujeito, o discurso, o poder e a história. Com a finalidade de delinear as concepções ditas anteriormente, concernente ao papel da história e do social na AD, nosso corpus será constituído por duas cartas do leitor retiradas da revista Veja em edições de 2011. A primeira carta tem como título Marta, em que o leitor fala da jogadora da seleção brasileira de futebol; e a segunda, denominada Gilberto Kassab e o novo partido, põe em cena a prefeitura de São Paulo. Baseados nessas cartas, buscaremos: a) estabelecer as relações sócio-históricas responsáveis pela elaboração das cartas do leitor; b) detectar as funções sociais exercidas por elas; c) compará-las entre si para visualizar os pontos em comum relacionados aos seus respectivos momentos históricos. Como resultado, esperamos confirmar a importância de se levar em conta os aspectos sociais e históricos, principalmente em discursos divulgados na mídia, para assim depreender, ou pelo menos esboçar o real contexto que oferece condições para que determinado discurso seja forjado.

Palavras-chaves: Análise do Discurso, cartas do leitor, contexto sócio-histórico

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RELAÇÕES RACIAIS E IDENTIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Autores Rosana Fátima de Arruda 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (AVENIDA FERNANDO CORRÊA DA COSTA, Nº 2367)

Resumo RESUMO: O objetivo é apresentar o trabalho pedagógico desenvolvido em escola pública em turma de educação infantil – 4 anos que propos um projeto de intervenção sobre identidade e relações raciais, durante o ano de 2011. A finalidade da proposta foi compreender quais concepções subjazem o comportamento e discursos das crianças em relações raciais e a partir aferir algumas práticas sociais que provoquem a reflexão e mudança de comportamento e de linguagem a partir das experiências vividas pela turma em questão. Nesse processo fez-se necessário ouvir e observar os discursos dos alunos e dos pais que imbuídos de ideologias e hegemonia implicam diretamente na identidade. Nesse sentido, também a professora e a auxiliar do desenvolvimento infantil (ADI) tiveram que autoavaliar e cuidar das suas ações, de forma a não formar opiniões ou visões individuais a cerca de determinados valores e ditos populares. A metodologia de pesquisa foi de caráter qualitativo, voltado para a perspectiva da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001) com enfoque na história de vida. As etapas de desenvolvimento (etapa1: plano de aula; etapa 2- entrevista com a família; etapa 3- momento da reflexão e registro; etapa 4- oficinas; 5- culminância do projeto e; etapa 6- produção do trabalho em artigo) foram definidas com o propósito de conduzir organizadamente o processo do trabalho pedagógico, porém a flexibilidade de adequação se fez presente sempre que necessário. Na análise buscou-se compreender a relação da ideologia com a materialização das escolhas de palavras e comportamento feito pelos alunos e pais. As considerações finais apontam para a presença de estereótipos, preconceitos e discriminação racial presente ideologicamente em nossa sociedade, porém estas práticas sociais às vezes são evidente e outras camufladas. Contudo,

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o contexto de trabalho se mostrou receptivo a proposta praticada, permitindo a construção de novos conceitos, valores e referência identitária.

Palavras-chaves: Identidade, Práticas sociais, Linguagem, Relações raciais

ÁREA TEMÁTICA 9- LINGUÍSTICA APLICADA EM PRIMEIRA E SEGUNDA LÍNGUA

A PRÁTICA REFLEXIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LINGUA INGLESA

Autores Isadora Maria Falbot dos Santos 1, Ana Cláudia Milani 1

Instituição 1 UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (Av. Fernando Correa da Costa s/n, Bairro Coxipó - Cuiabá MT)

Resumo A carreira docente é marcada por um constante processo de reflexão e mudanças, na qual os professores precisam tomar decisões, sempre repensando acerca de qual será a melhor forma de construir o conhecimento com seus alunos. Este processo de escolhas e transformações deve ser feito por um professor autônomo e investigativo, consciente de suas opções e posturas e comprometido em melhorar o processo de aprendizagem de seus alunos. Seguindo estes princípios de um professor crítico e reflexivo, os bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) de Língua Inglesa da UFMT têm desenvolvido sua aprendizagem como professores iniciantes com o suporte de instrumentos de auto-avaliação tais como diários reflexivos, portfólios, relatórios e participado de sessões reflexivas de partilha, em que relatam suas práticas pedagógicas, sucessos, dificuldades vivenciados diariamente, buscando suporte teórico para fundamentar suas práticas e decisões. Este trabalho de cunho

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qualitativo tem como objetivo mostrar como o processo de prática reflexiva tem ajudado no desenvolvimento e na construção da identidade profissional dos bolsistas do PIBID de Língua Inglesa. Em suas práticas na escola, os professores em formação se deparam com situações conflituosas que fazem parte da vida de um professor. Vivenciam conflitos externos, como o impacto da sua entrada na comunidade escolar e a indisciplina dos alunos em suas aulas. Tais situações os levam a olhar para dentro de si mesmos, para compreender seus conflitos interiores e a formação de suas identidades profissionais. A análise dos dados coletados dos instrumentos de auto-avaliação utilizados pelos professores em formação indica que a prática reflexiva os tem auxiliado a buscar diferentes caminhos para solucionar problemas que encontram na sala de aula, a enfrentar suas dificuldades e partilhar suas alegrias, e a construir uma trajetória que os ajudem a serem profissionais comprometidos com sua profissão e bem sucedidos em suas escolhas futuras.

Palavras-chaves: Formação de professores, Professor reflexivo, Diário Reflexivo

ENSINO DE LÍNGUAS E TEORIAS ENSINO APRENDIZAGEM: um estudo de caso

Autores Rosangela Vargas Cassola 1

Instituição 1 PUCSP - PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA (SÃO PAULO)

Resumo INTRODUÇÃO: Este estudo de caso analisa uma experiência de ensino-aprendizagem de um aluno surdo inserido no segundo ano em uma escola pública, visando, identificar a teoria de ensino utilizada pela professora regente. OBJETIVO: Verificar a teoria de ensino-aprendizagem adotada pela professora em sala de aula para ensinar a Língua de Sinais Brasileira para um aluno surdo. METODOLOGIA: Filmagem e Diário de Campo. LÓCUS: Escola

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municipal do ensino fundamental localizada na área central do perímetro urbano em uma pequena cidade do estado do Mato Grosso do Sul; atende aproximadamente setecentos alunos nos turnos matutino e vespertino; faixa etária de cinco a dezessete anos. PARTICIPANTES: Turma de segundo ano com vinte alunos e em meio a estes um aluno surdo; a professora e a intérprete de Língua Brasileira de Sinais. DESENVOLVIMENTO DA AULA: A professora a iniciou a aula perguntando aos alunos o que fizeram no final de semana e em seguida contou a historinha da ‘’Formiga amiga’’ de Bartolomeu Campos de Queiroz a qual foi sinalizada pela intérprete para o aluno surdo. Após a leitura da historinha a professora deu o livro para o aluno surdo olhar as figuras e perguntou para os demais alunos qual o dia da semana, mês e ano, virou-se para o quadro verde e escreveu a data. Em seguida fez a chamada e entregou uma folha xerocopiada para o aluno surdo, constando duas atividades, com os seguintes enunciados: pinte os animais que começam com a vogal A e pinte os animais que terminam com a vogal A. Durante o tempo que o aluno surdo fez suas atividades referente a vogal A, a professora regente trabalhou com os demais alunos da turma, uma atividade de leitura do texto Travessuras de Crianças, trabalhou também atividades de ortografia com SS, cruzadinha e separação de sílabas. CONSIDERAÇÕES: Para realização das atividades, o aluno surdo, foi acompanhado pela intérprete, que sinalizava o que era para ele fazer; em alguns momentos o estudante surdo ficou agitado e demonstrou pouco interesse em realizar a atividade ao empurrar a atividade por duas vezes. A intérprete orientava-o a fazer a atividade, sinalizando que se não a fizesse não iria para a informática. As atividades com os demais alunos eram descontextualizadas da historinha inicialmente contada. Poucas vezes durante a aula professora reportou-se ao aluno surdo. Além de atividades isoladas, verificamos o uso de estímulos visando obter respostas, por exemplo: no momento em que usou a informática para convencer o aluno a fazer a atividade. Quando fomos a sala de aula objetivávamos verificar a teoria de ensino utilizada pela professora regente e percebemos que seu objetivo é fazer com que o aluno surdo inicialmente apenas lhe forneça as respostas corretas, não levando em consideração o que ocorre dentro de sua mente durante o processo de aprendizagem.

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O behaviorismo fundamenta-se no fato de que a aprendizagem é basicamente uma mudança de comportamento que ocorre através de reforços imediatos e pelo que observamos a professora é behaviorista, pois aparentemente para ela parece que ensinar significa apenas “instalar comportamentos”, sem considerar o contexto sócio histórico cultural do estudante. Referência Bibliográficas WILLIAMS,M. and BURDEN, R.L. Na Introduction to educational psychology:behoviourism and cognitive psychologogy. In.: Psychology for Language Teachers: a Social Constructivist Approach. Cambridge: University Press, s/d, p. 5-29. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As abordagens do processo. São Paulo, EPU, 1986.

Palavras-chaves: LÍNGUAS, ENSINO, APRENDIZAGEM, SURDEZ, BEHAVIORISMO

COLOCAÇÕES ESPECIALIZADAS EXTRAÍDAS DO CORPUS DE ESTUDO “GREY’S ANATOMY”

Autores Roberta Pereira Fiel 1, Adriane Orenha-Ottaiano 1

Instituição 1 UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (Rua Cristóvão Colombo, 2265 CEP 15054-000 )

Resumo Este trabalho, fundamentado na Linguística de Corpus (Berber Sardinha, 2004, 2007; Hunston, 2002; Meyer, 2004), a qual se ocupa da coleta e exploração de corpora, e na Fraseologia (Sinclair, 1996; Hill, 2000; Orenha, 2004, 2009; Nesselhauf, 2005), área de pesquisa voltada para a investigação de combinações lexicais recorrentes, visa realizar a extração e a análise das colocações e das colocações especializadas na área médica, presentes em um corpus formado pelas transcrições do seriado de TV Grey’s Anatomy. O corpus compilado, seguindo os critérios de extensão de Berber Sardinha (2004), pode ser considerado de médio-grande porte, uma vez que possui mais de um milhão de palavras. Para o levantamento das colocações, contamos com o auxílio do programa Wordsmith Tools

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(SCOTT, 2007), por meio do qual, nos foi possível obter, com mais exatidão, as palavras mais relevantes do corpus pesquisado e, a partir daí, extrair as colocações. Ao pesquisador, coube fazer a seleção e a análise qualitativa das referidas colocações. Os dados levantados a partir desta investigação, ou seja, as colocações da língua geral, assim como as colocações da língua de especialidade levantadas do referido corpus, poderão ser aplicados em aulas de língua inglesa, mostrando a relevância da Linguística de Corpus e da Fraseologia para o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, já que aponta casos reais de uso, e aproxima o aprendiz cada vez mais da língua estrangeira estudada. Além disso, estamos compilando um glossário bilíngue (inglês-português/português-inglês) das colocações selecionadas, que também poderá ser utilizado em sala de aula. A título de ilustração, podemos mencionar algumas colocações especializadas extraídas: heart surgery, heart disease, trauma room, blood pressure, blood test, blood vessels, chest tube, valve replacement, spinal fluid, entre outras. Conforme mencionamos, dado o tamanho expressivo do corpus de estudo, será possível extrair um número significativo de colocações especializadas, as quais poderão ser incluídas no glossário pretendido.

Palavras-chaves: colocações, colocações especializadas, corpus, glossário

TUTORIA EM PEQUENOS GRUPOS: despertando o interesse dos alunos pela língua inglesa em sala de aula

Autores Rochelle Serafim de Andrade 1

Instituição 1 UFMT - Universidade federal de mato grosso (Av. Fernando Corrêa da Costa Cuiabá - MT, 78060-900)

Resumo Estudos na área de ensino e aprendizagem de inglês têm mostrado que as condições pouco favoráveis para a aprendizagem da língua estrangeira em escolas públicas (número reduzido de horas de

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ensino da língua em sala de aula, falta de prática oral e de material didático, condições estruturais precárias, etc.) desmotivam os alunos e acarretam crenças de rejeição e da impossibilidade de aprender língua inglesa nesse contexto. Com o intuito de encontrar novas formas de abordar essa questão e despertar o interesse dos alunos pela aprendizagem do idioma, o subprojeto Pibid de Língua Inglesa da UFMT desenvolve um trabalho de tutoria a pequenos grupos de alunos em sala de aula, com ênfase na habilidade oral, nas aulas regulares de turmas do primeiro ano do ensino médio de uma escola pública. Seguindo uma perspectiva sociointeracionista de aprendizagem de língua, os bolsistas/professores em formação trabalham com os alunos em sua zona de desenvolvimento proximal, fornecendo andaimes para que eles possam realizar tarefas que, sozinhos, não teriam condições de realizar. Sob orientação da professora supervisora e da orientadora, eles planejam, elaboram e realizam c/os alunos tarefas de prática escrita (leitura, escritura de pequenos textos, resolução de exercícios de revisão gramatical e vocabulário) e oral (uso de inglês de sala de aula, diálogos, atividades orais em pares e pequenos grupos, canções, atuação em pequenas peças de teatro). O trabalho desenvolvido proporciona aos professores em formação a oportunidade de aprender e participar ativamente das diversas etapas de uma aula, e também os aproxima dos alunos, permite ouvir o que eles têm a dizer, suas inseguranças e temores em relação ao inglês, uma vez que estes se sentem mais confiantes em um pequeno grupo e cada vez mais confortáveis em falar em inglês com o tutor e o grupo. Dessa forma, os professores em formação vão aperfeiçoando sua prática docente e se tornando cada vez mais seguros e autônomos em sala de aula e os alunos vão, aos poucos, adquirindo mais familiaridade e autoconfiança no uso do inglês e, em consequência, passam a apreciar e ver mais sentido em sua aprendizagem.

Palavras-chaves: tutoria, formação de professor de inglês, escola pública

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ÁREA TEMÁTICA 10- LINGUÍSTICA TEXTUAL A IRONIA COMO ESTRATÉGIA DISCURSIVA: Uma análise de textos jornalísticos norterriograndenses no início do século XX

Autores Reika Gabrielle Dantas da Silva 1, Lucrécio Araújo de Sá Júnior 1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Campus- Lagoa Nova)

Resumo Quase sempre a ironia é consequência de uma afirmativa, quando, na verdade, se quer dizer o oposto De acordo com Grice (1975), em alguns casos uma afirmativa é utilizada com a intensão de significar não necessariamente o sentido literal que as palavras carregam, é comum no uso da linguagem afirmativas que embutem um sentido não literal ao que é dito (implicaturas), ou seja, a compreensão só se realiza quando se recupera o que o dito traz como implícito. Assim a ironia não constitui sentido se desvinculada de um contexto situacional. Por esse motivo, a ironia, que antes era estudada como figura de linguagem, passou a ser objeto de estudo da Pragmática. Visto isso, constatamos a presença da ironia em exemplares de um jornal de bairro veiculado na cidade do Natal na segunda década do século XX. É possível observar, em alguns exemplares desses jornais, que a ironia e o humor estão relacionados, na maioria das vezes, ao efeito da interação entre autores e leitores, numa época em que o contato social entre estes e aqueles era mais próximo, posto que havia uma redução no espaço geográfico e no número de habitantes da cidade Além disso, o número reduzido de espaços destinados ao entretenimento da sociedade natalense, nas primeiras décadas do século XX, permitia que a troca de informações, inclusive as da vida pessoal da população, fosse facilitada. Este trabalho tem como objetivo observar o modo como a ironia se configura enquanto estratégia discursiva, a fim de analisarmos como a partir desta a crítica aos costumes e aos acontecimentos locais se efetiva na cidade de Natal nesse período.

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Para isso, tomamos como corpus os três primeiros exemplares do jornal “O prego”, veiculados no ano de 1918. Este trabalho, faz parte do nosso projeto de pesquisa que busca estudar este tipo de jornalismo de bairro no início do século XX como campo de produção e circulação de sentidos, estruturado na relação entre os sujeitos da comunidade discursiva natalense. Assim, visamos ilustrar os modos de expressão da ironia encontrados em tais jornais, especialmente o sarcasmo, a antífrase e o eufemismo, debatendo como a nesta época se forma a opinião pelo julgamento de práticas sociais e culturais.

Palavras-chaves: Ironia, Pragmática, Contexto, Significado, Jornal

ÁREA TEMÁTICA 11- SEMIÓTICA SEMIÓTICA E A TEORIA BAKHTINIANA: reflexões sobre o conceito de polifonia na obra Dostoievskiana "Crime e Castigo"

Autores Marcos Rogério Martins Costa 1

Instituição 1 USP - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (Av. Luciano Gualberto, 403. Cidade Universitária - São Paulo/SP CEP: 05508-900)

Resumo Desde a divulgação da teoria fundante de Mikhail Bakhtin sobre o gênero romance polifônico tem-se gerado muitas discussões sobre quais seriam os elementos constitutivos desse novo gênero e em quais obras ele se aplicaria. Este estudo prevê ressaltar os elementos constitutivos do conceito bakhtiniano de polifonia no romance “Crime e Castigo”, de Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski. A partir dessa obra dostoievskiana, pretendemos investigar o conceito de polifonia como um efeito de sentido que não escapa à tensividade sensível de um campo de presença. Para tanto, utilizaremos como arcabouço teórico a semiótica de linha francesa, em especial os postulados de Greimas e Courtés e os

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desdobramentos tensivos desenvolvidos por Fontanille e Zilberberg. A partir dessa égide teórica, busca-se compreender a polifonia manifestada no texto literário da imanência formal à transcendência social. Isso porque enquanto asseveramos, de um lado, o caráter social do signo, segundo os parâmetros bakhtinianos, proposta teórica que confirma a porosidade sígnica, presente nas correlações complexas do texto dostoievskiano e da constituição do gênero romance polifônico; de outro, voltamo-nos para a concepção substancialista do signo, ao biparti-lo em significante e significado, partes intimamente unidas numa relação em que um reclama o outro, por meio da noção de valor, como propõe a perspectiva saussuriana. Assim sendo, neste estudo, o efeito de sentido de polifonia será apreendido no aquém (imanência) da substância e no entorno ou além (transcendência) do próprio signo. Como método para desvelar a imanência, utilizamos o percurso gerativo de sentido, através do qual deduzimos as estruturas tensivas, narrativas e discursivas que geram esse efeito de sentido; já para compreender a transcendência, observamos os arredores discursivos que interagem com esse efeito de sentido, investigando o dialogismo exacerbado, a incompletude do narrado e a maximização da heterogeneidade. Observando essa metodologia, os resultados obtidos, até o presente momento da pesquisa, demonstram que é possível a análise e descrição da polifonia a partir do quadro teórico e metodológico da semiótica, no corpus do romance dostoievskiano. Além disso, ficou patente em nossos estudos que o conceito de polifonia pode ser analisado como um efeito de sentido que não foge a um campo de presença e que, portanto, pode ser perscrutado tanto nas tramas discursivas, nas quais se encontra manifesto, como nas estruturas tensivas e narrativas, as quais pressupomos sustentar sua manifestação.

Palavras-chaves: Polifonia, Semiótica, Dialogismo, Percurso Gerativo de Sentido, Eixo do Limiar.

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DISCURSO MÍTICO: a inscrição do sujeito pantaneiro na linguagem.

Autores Maria Luceli Faria Batistote , Ana Lívia Tavares da Silva 1

Instituição 1 UFMS - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (Cidade Universitária. Universitário - CEP: 79070-900)

Resumo O Pantanal, região bastante antiga no estado do Mato Grosso do Sul, situado em Corumbá, município que ocupa um território de 64.968,84 km2, limita-se à oeste com a Bolívia e ao norte com o estado de Mato Grosso. É nesse lugar que possui como presença constante os pantaneiros, que surgiram episódios, contos, causos e personagens, em diferentes momentos da história, embalados pelo movimento do rio Paraguai e pelas sombras desse bioma que povoaram e povoam, ainda hoje, o imaginário popular. Esse imaginário transformou essa região em cenário de grandes fatos míticos. Como o Pantanal possui várias sub-regiões, optamos somente por uma delas, Nhecolândia. Isso se deve ao fato dessa localidade haver se tornado espaço para um campo fértil de crenças, superstições, fatos sobrenaturais no imaginário popular. Os animais, nesse espaço, também adquirem importante papel nas narrativas orais e, figuras míticas povoam o imaginário popular de vários grupos e indivíduos. Nesse contexto, é possível afirmar que as narrativas míticas, ainda, estão bastante presentes na cultura e na criação da identidade do sujeito pantaneiro. Assim, nossa pesquisa pretende investigar o suporte ideológico que dá sustentação às práticas discursivas inscritas historicamente no discurso mítico. Além de descrever e explicar a relação entre mitologia e a realidade desse povo. Com base nos pressupostos teóricos da semiótica greimasiana e em seus seguidores, tais como Fiorin (1991) e Barros (1988), recorremos aos conceitos de tematização e figurativização, pertencentes à semântica do nível discursiva, para analisar os relatos (orais ou escritos) que compõem nosso corpus. Tematização e figurativização são dois níveis de concretização do sentido, em que o primeiro, possui uma “função descritiva ou representativa”, portanto, mais abstrata, e o segundo, “função predicativa ou

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representativa,” logo, mais concreta. Nas narrativas, observamos a criação de um universo mítico, onde o real e o imaginário entrelaçam-se e formam uma rede de relatos característicos do espaço em que vivem.

Palavras-chaves: Discurso, Subjetividade, Leitura.

A ESCRITA DOS JOVENS E ADULTOS DO IFMA - SANTA INÊS: a possibilidade de organização do texto pela noção de gênero textual

Autores Elinaldo Quaresma 1

Instituição 1 IFMA - Instituto Federal do Maranhão (BR 316 S/N BAIRRO CANAÃ, SANTA INÊS, MARANHÃO)

Resumo Esta pesquisa tem por objetivo analisar práticas de escritas efetivadas a partir do uso dos gêneros textuais diversos, pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos, do IFMA, em Santa Inês, Maranhão. Assumindo que as concepções de produção escrita desses alunos são construções que se dão no processo histórico cultural da comunidade, mediadas pela linguagem, esse trabalho buscou na produção escrita dos alunos desta modalidade de ensino os sentidos atribuídos ao texto e a sua construção. Para isso, este estudo fundamenta-se teoricamente na concepção de que por meio do texto que o usuário da língua desenvolve a sua capacidade de organizar o pensamento/conhecimento e de transmitir ideias, informações, opiniões em situações comunicativas diversas, tendo como contribuições o pensamento de Bagno, Marcuschi , Bakhtin, Dionísio, dentre outros. Além desses, constituem-se como interlocutores autores que abordam especificamente sobre o processo histórico da EJA como política educacional: Freire, Paiva, Galvão e Soares e outros. A pesquisa, de natureza qualitativa, orientou os procedimentos de trabalho e as análises desenvolvidas sobre o material empírico produzido nas entrevistas e nas práticas de sala de aula, cujos sujeitos foram o professor responsável pela

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sala de aula pesquisada e trinta alunos da Educação de Jovens e Adultos, que cursam o Ensino Médio, no IFMA. Para isso, adotamos como procedimento para a coleta de material o uso de questionários, entrevistas e práticas de produção escrita na sala de aula a fim de que pudéssemos ter o máximo de informações sobre o objeto da pesquisa, que envolve a produção escrita dos alunos. A partir da análise foi possível constatar o grande número de dificuldades dos alunos na hora de produzir um texto escrito ou reconhecer determinado gênero textual. Embora haja a tentativa de um trabalho pedagógico inovador por meio dos gêneros textuais, o que prevalece é o desenvolvimento de um trabalho como reconhecimento de que o texto é um produto histórico-cultural e assim deve ser trabalhado.

Palavras-chaves: Educação de Jovens e Adultos, Escrita, Texto, Pesquisa, Ensino

RESSIGNIFICAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM POR MEIO DO GÊNERO CORDEL

Autores Bruna Rafaelle de Jesus Lopes 1, Maria Fabiana Medeiros de Holanda 1,1, Maria da Penha Casado Alves 1,1,1

Instituição 1 UFRN - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (CP 1524 Campus Universitário Lagoa Nova CEP 59078-970 Natal/RN - BRASIL)

Resumo Este trabalho tem por objetivo relatar uma experiência de leitura e de escrita do gênero cordel, desenvolvido com alunos do segundo ano do ensino médio pelos professores em formação inicial do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que integram o Subprojeto de Língua Portuguesa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). A referida atividade de escrita do gênero cordel foi desenvolvida no ano de 2011, com alunos do turno noturno da Escola Estadual Professor José Fernandes Machado, situado no bairro de Ponta

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Negra, na cidade do Natal/RN e escolhida como campo de atuação do PIBID. Para embasar nossa prática, fundamentamo-nos nas concepções bakhtinianas de gêneros discursivos de linguagem, como construção sócio-histórica de sujeitos em interação (2003; 2009) e nos postulados acerca do gênero cordel encontrados em Antologia da Literatura de Cordel, obra do autor Sebastião Nunes Batista. Esse trabalho buscou por meio da leitura, escrita e reescrita de cordéis, promover o contato desses alunos com elementos da cultura popular, trazendo para perto da realidade deles um gênero que é bastante difundido na região do nordeste brasileiro. Para que os alunos produzissem de forma espontânea e com encanto – sabendo que as suas produções não ficariam apenas na gaveta do professor, mas chegaria a todos da comunidade escolar – as produções textuais foram publicadas em formato de literatura de cordel para serem exibidas e distribuídas na III Mostra de Linguagem da escola. Essa aproximação do aluno com o gênero cordel foi de extrema relevância para aguçar a capacidade de produção textual por parte deles, e assim incentivá-los a produzirem os seus cordéis. Além de estimular o ensino da oralidade e da escrita, construiu-se com os alunos a auto avaliação, fazendo com que eles se tornem não só autores do texto, mas também críticos das próprias produções textuais.

Palavras-chaves: Cordel, Escrita, Gêneros, Leitura, Língua portuguesa

O POEMA O NAVIO NEGREIRO DE CASTRO ALVES PELO VIES DO FILME AMISTADE DE STEVEN SPILBERG

Autores Joelson Penha Silva 1, Eloide Pereira da Silva Santos 1

Instituição 1 UNIC - Universidade de Cuiabá (Avenida Beira Rio, bairro Jardim Europa, nº 3.100 - Cep: 78065-900)

Resumo Neste trabalho em pôster apresentamos uma análise literária comparativa de um dos mais conhecidos poemas da literatura

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brasileira, “O navio Negreiro”, de Antônio Frederico de Casto Alves. O poeta baiano escreveu o poema em 1865, na cidade do Recife, vindo a declamá-lo apenas no ano de 1868. Castro Alves está inserido no cânone literário brasileiro, no período denominado terceira fase do romantismo. Abolicionista por excelência, fez da pena seu objeto para denunciar o tráfico negreiro, as mazelas e atrocidades às quais os negros eram submetidos, desde a captura no continente africano, o transporte em naus com condições subumanas. Sendo objeto de toda crueldade praticada durante a viagem pelos traficantes no percurso pelo atlântico até a chegada em terras brasileiras, onde seriam comercializados a ricos fazendeiros e levados para desenvolverem trabalhos exaustivos sobre o toque da chibata ao lombo e ferros atados pelo corpo. Assim, também está retratada no filme “Amistad” de Steven Spilberg, em 1997. O tráfico dos negros e o cotidiano da vida a abordo do navio “La Amistade”, todo sofrimento e torturas que os negros sofriam. Muitas vezes servia apenas para a diversão dos traficantes, o massacre era contínuo, independente do sexo e da idade. Crianças e adultos, todos eram humilhados e sofriam todos os tipos de torturas que se pudessem ser aplicadas. Além da dor física, os maus tratos também eram praticados contra a dignidade humana. Presos por correntes no porão do navio, amontoados como se fossem sacas de mantimentos e, suas vestimentas eram as mínimas possíveis, a violência sexual era uma constante contra as mulheres. A realidade encenada no filme aparece como denuncia no poema de Castro Alves. Observamos o verso em que ressalta o martírio ao qual se encontravam os negros, sem nem uma esperança de vida ou que sua dor fosse amenizada, “...Em sangue a se banhar./Tinir de ferros...estalar de açoite...”, verso esse que se apresenta em muitas cenas do filme. (http://www.culturabrasil.pro.br/navionegreiro.htm) Palavras-chaves: Literatura, Poesia, Filme

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PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS NAS GRAMÁTICAS EM LÍNGUA PORTUGUESA - O CASO ERNESTO CARNEIRO RIBEIRO: circunstancial ou paradigmático?

Autores Ednei de Souza Leal 1

Instituição 1 UFPR - Universidade Federal do Paraná (Rua General Carneiro,460)

Resumo O trabalho concentra-se principalmente na área da História dos Estudos da Linguagem em Língua Portuguesa, em especial no Brasil. O objeto estrito são as duas gramáticas do baiano Ernesto Carneiro Ribeiro - <i> Gramática Filosófica Portuguesa de 1881, e <i> Serões Gramaticais <i> de 1890 - intelectual que viveu entre o final do século XIX e começo do século XX, época em que os estudos sobre a linguagem ganharam maior importância por conta de uma série de fatores contextuais: políticos, como por exemplo a Independência do Brasil; científicos, com a ascensão da chamada linguística histórico-comparativa; social, com a expansão do ensino formal no Brasil. Por conta da Independência, os intelectuais brasileiros estavam preocupados em estabelecer critérios que defendiam uma "língua nacional" evidentemente diferente do Português Europeu. Ora, para além dessa preocupação inicial, sem dúvida bastante relevante, nosso trabalho se concentrará em levantar as bases epistemológicas como fatores cruciais de base científica ou não que sustentaram a metodologia empregada nas primeiras gramáticas da Língua Portuguesa no Brasil. O que investigamos é como essas bases epistemológicas chegaram até nossos gramáticos, em que condições e de que maneira. Por outro lado, procuraremos demonstrar que aquela que ficou conhecida como primeira gramática científica produzida no Brasil, a saber a <i> Gramática Portugueza <i> do campinense Júlio Ribeiro, publicada em 1881, não foi a primeira que trazia em seu bojo os novos preceitos da então nascente Linguística Histórico-comparatista. Procuraremos demonstrar, através de uma pesquisa que segue desde 2009, que o a <i> Gramática Filosófica Portuguesa <i> de Carneiro Ribeiro é

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então precursora desse modelo. Juntamente com as investigações de cunho metodológicos e epistemológicos, o que estamos procurando discutir é a validade desses modelos de gramática, dentro de um contexto do séculos XIX, século este que, como já o dissemos, é de suma importância para a história da intelectualidade brasileira. Ademais, procuraremos demonstrar que as chamadas gramáticas tradicionais, tão veementemente combatidas com a ascensão da moderna Linguística, são peças fundamentais tanto para o entendimento quanto para a formação dos estudos sobre a linguagem no Brasil e mesmo em língua portuguesa.

Palavras-chaves: gramática tradicional, história da linguística, filosofia da linguística, historiografia linguística

ÁREA TEMÁTICA 13 – ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA ARGUMENTANDO NO MUNDO DA VIDA: o pibid e as práticas de ensino com gêneros argumentativos

Autores Samira Gomes de Aguiar 1, Maria da Penha Casado Alves 1

Instituição 1 UFRN - UNIVERSIDADE FEDRAL DO RIO GRANDE DO NORTE (Caixa Postal: 1524 CEP: 59072-970 - Campus Universitário, s/n - Lagoa Nova)

Resumo O presente trabalho tem como objetivos discutir a importância das práticas de leitura, escrita e reescrita trabalhados a partir de gêneros argumentativos em sala de aula, bem enfatizar a relevância destes para a (trans)formação do aluno em sujeito com posicionamentos críticos para os fatos do mundo. Tais objetivos se coadunam com as atuais preocupações que envolvem as práticas de leitura e de escrita em ambiente escolar e a forma com que esses textos têm sido apresentados e trabalhados em sala de aula. O PIBID, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (MEC/CAPES, UFRN-REUNI) no subprojeto de Língua Portuguesa da

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Universidade Federal do Rio Grande Norte – campus Natal, que atua na Escola Estadual Professor José Fernandes Machado, com alunos do ensino médio, se coloca como uma ação que pode contribuir para responder as demandas de leitura e de produção escrita destes alunos, na tentativa de preencher as lacunas de uma vida escolar em que os textos são apresentados fora do seu contexto social. Para compreender as práticas de leitura com os textos em sala de aula, este trabalho fundamenta-se nas concepções de leitura advindas de Lajolo (1993); de Zilberman (1993); e de Geraldi (2008). Fundamenta-se, também, na concepção dialógica de linguagem de Volochinov (1988) que compreende a linguagem como interação intersubjetiva e o texto/escrita como uma prática discursiva que é construída nas relações intersubjetivas. Fundamentamo-nos, também, também na concepção de “Gêneros do Discurso” presente na obra de Bakhtin e do círculo (2003). Os resultados parciais desta pesquisa mostram que a escola, muitas vezes, no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa, não tem se colocado como viabilizadora da formação de um indivíduo crítico e político. É preciso, portanto, (re)pensar as práticas de leitura e de escrita em sala de aula, a fim de, proporcionar atividades significativas para estes alunos que considerem seus desejos, mantendo sua identidade como cidadão crítico, cujo letramento lhe permita atuar no mundo da vida de forma responsável e ética. O trabalho se insere na área da Lingüística Aplicada e tem como orientação teórico-metodológica os pressupostos da pesquisa qualitativa e interpretativista de base sócio-histórica.

Palavras-chaves: leitura, escrita, gêneros discursivos, PIBID, ensino médio

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PIBID, LEITURA E POESIA: um resgate da imaginação e da criação em sala de aula

Autores Elizabeth Olegário 1, Samira Gomes de Aguiar 1, Maria da Penha Casado 1,1,1,1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (AV. Salgado Filho,3000 - Candelária -Natal /RN ,59066-800)

Resumo O presente trabalho tem como objetivos discutir a importância da leitura do texto poético como meio de possibilitar um resgate da imaginação e da criação em sala de aula . Tais objetivos se coadunam com as atuais preocupações que envolvem as práticas leitoras em ambiente escolar, uma vez que é de conhecimento de todos os atuais índices de competência leitora que os instrumentos de avaliação (PISA, SAEB, ENEM), dentre outros, têm tornado públicos. O PIBID, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (MEC/CAPES, UFRN-REUNI), se coloca como uma ação que pode contribuir para responder as demandas de leitura dos alunos, preencher as lacunas de uma vida escolar em que a leitura, quase sempre, não ocupa a centralidade dos projetos de ensino e redimensionar o lugar dos gênero poéticos. Gênero esse que encontrasse praticamente apagado e quando existe é usado apenas para destacar nomenclaturas gramáticas. Para tanto, este trabalho fundamenta-se nas concepções de leitura advindas de Lajolo (1993); de Zilberman (1991); de Magnani (1989), Antunes (2003) e de Geraldi (2001). Para compreender as práticas de leitura, fundamenta-se, também, na concepção dialógica de linguagem de Voloshinov (1988) que a compreende como prática social construída nas relações intersubjetivas e de compreensão responsiva ativa presente na obra de Bakhtin e do círculo (2003). Os resultados parciais desta pesquisa mostram que a leitura está em crise bem como a escola e, nesse sentido, a poesia aparece como um dos gêneros mais afetados por tal crise.Tais dados também revelam que é preciso (re) pensar as práticas de leituras em sala de aula e propor

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atividades significativas para o aluno que considerem seus desejos, seu conhecimento de mundo e que ampliem sua visão de mundo. Além disso, esse trabalho está comprometido com a formação do cidadão crítico cujo letramento lhe permita atuar no mundo da vida de forma responsável e ética. O trabalho se insere na área da Lingüística Aplicada e tem como orientação teórico-metodológica os pressupostos da pesquisa qualitativa e interpretativista de base sócio-histórica.

Palavras-chaves: leitura , gênero discursivo , poesia, PIBID

REVISTA ACADÊMICA DE LINGUAGENS BOCA DA TRIBO: espaço de divulgação e interação

Autores Fabiana Perez Garcia 1, Carlos Eduardo dos Santos Barros 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Avenida Fernando Correa da Costa Nº 2.367, CEP:78060-900. Bairro: Boa Esperança)

Resumo A Revista Acadêmica de Linguagens BOCA DA TRIBO foi proposta a partir da observação e análise da vivência do Curso de Graduação em Letras da UFMT, tendo em vista a ausência de uma publicação que divulgasse o trabalho científico e as criações linguístico/literárias dos alunos dessa graduação e demais profissionais da área. Por essa razão, um grupo de graduandos do Curso, no ano de 2008, reuniu-se com o intuito de produzir uma revista de cunho científico e cultural, destinada à publicação de trabalhos inéditos, envolvendo atividades realizadas na instituição, bem como relatos de projetos desenvolvidos com a participação discente. É um periódico de divulgação de artigos, entrevistas, pesquisas, ensaios e produção literária, organizado e diagramado por graduandos desse Curso e publicado <i>online</i> desde 2009. Tem periodicidade semestral e é confeccionado no formato de site dinâmico, com <i>links</i>, contendo todas as informações

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necessárias aos autores e leitores. Apresenta, também, a versão na íntegra de cada volume, disponibilizada no site (www.ufmt.br/bocadatribo), para <i>download</i>. A Revista está registrada no Centro Brasileiro do ISSN (Internacional Standard Serial Number), sob nº 2175-7364, e atende a todas as Normas Técnicas exigidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), sendo observadas as Normas de Editoração, Publicação de Artigos, Referências Bibliográficas, Citações e demais itens necessários à organização de uma revista científica. No ano de 2012, completará sua décima edição, tornando públicos não apenas trabalhos produzidos por graduandos, como também textos de profissionais da Área de Linguagens, oriundos de diferentes instituições de ensino superior do país. Entre os seus objetivos, podemos citar: difundir a produção acadêmica, promover o intercâmbio de idéias, enriquecer e fortalecer essa área do conhecimento. É constituída por uma Comissão Editorial, composta pelo corpo discente e pelo coordenador docente; Conselho Editorial, formado pelo Coordenador e por docentes pareceristas da UFMT; Conselho Consultivo, representado por docentes pareceristas <i>Ad hoc</i> de universidades nacionais. Ao dar visibilidade à produção científica e literária, a Revista tornou-se um espaço de interação entre alunos, professores e os internautas que acessam seus artigos e podem ampliar seus conhecimentos sobre assuntos variados.

Palavras-chaves: revista acadêmica, linguagens, publicação, graduação em Letras

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QUESTÕES DE LEITURA E PROPOSTAS DE REDAÇÃO APRESENTADAS PELO "NOVO ENEM"

Autores Bruna Vittorazzi Duarte Leal 1

Instituição 1 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT - 7806), 2 UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT - 7806)

Resumo No ano de 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) sofre uma grande mudança, deixando sua antiga função de teste complementar, para assumir a forma de seleção unificada de ingresso em algumas universidades públicas federais. O formato desse exame, bem como o conteúdo cobrado e os resultados obtidos, inicialmente negativos, pela falta de preparo dos alunos, em especial da escola pública, despertaram nosso interesse pelo modo como as questões são propostas. Assim, decidimos, a partir desse novo molde imposto pelo Ministério da Educação (MEC) ao ENEM, verificar quais e como eram em questões de leitura e de redação cobradas na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Para isso, estamos desenvolvendo dois subprojetos intitulados, respectivamente, <i>As questões de leitura apresentadas nas provas do ENEM: Implicações para e sobre a formação inicial e continuada do professor de Língua Portuguesa</i> e <i>Propostas de produção escrita apresentadas nas provas do ENEM: Contribuições para formação do professor de Língua Portuguesa</i>. Ambos integram o projeto <i>Práticas de linguagem no Ensino Básico: a formação inicial e continuada do professor de Língua Portuguesa</i>. Nossa metodologia baseia-se em pesquisas bibliográficas, análise das provas e informações disponibilizadas no PORTAL DO MEC. Analisamos cinco edições aplicadas nos três últimos anos - de 2009 a 2011- num processo de leitura interpretativa, assim descobrindo e coletando informações acerca dos gêneros de discurso mais frequentes nas questões de

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leitura e na Proposta de Redação. No primeiro momento de leitura e discussão das questões de múltipla escolha, observamos o quanto são extensas e cansativas, por muitas vezes desnecessários os seus enunciados longos. Em todas as provas, são basicamente cobradas interpretações, análises gramaticais, conhecimentos literários, históricos, artísticos e culturais. Identificamos os elementos que organizam e estruturam os enunciados nas provas, os textos de diferentes gêneros, e fizemos um levantamento no qual observamos a predominância do gênero argumentativo, artigo de opinião, campanhas publicitárias, poemas, trecho de canções e notícias, tiras ou charge. Curioso relatar que a edição de 2011 há ausência dos traços fortes das questões literárias. Ou seja, as relações entre a produção literária e o social não foram vinculadas e cobradas nesse exame, levando-nos a refletir não apenas sobre a importância das aulas de literatura, como também sobre o conhecimento do patrimônio literário nacional. Nas propostas de redação, tem sido marcante a inovação nos temas, enquanto que a característica predominante fica a cargo dos textos de apoio, apresentados num padrão simples de artigos jornalístico e campanhas publicitárias ou charges. No entanto, o padrão de exigência estrutural permaneceu inalterado em todas essas edições. Com o objetivo de democratizar o acesso às vagas do ensino superior federal, facilitando e possibilitando a mobilidade acadêmica e induzindo à reestruturação dos currículos do ensino médio, o exame vem tentando provocar uma mudança positiva no ensino brasileiro. Mas o ENEM requer de seus participantes habilidades intelectuais de observação e raciocínio, que não estão sendo, efetivamente, desenvolvidas nas diversas etapas de formação do aluno. Os dados parciais até aqui levantados permitem concluir que é necessário o investimento maciço no ensino da leitura e da escrita.

Palavras-chaves: ENEM, Escrita, Gêneros do Discurso, Leitura, Projeto

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RODAS DE LEITURA: Uma experiência no PIBID de Língua Portuguesa.

Autores Eide Justino Costa, Maria da Penha Casado 1

Instituição 1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Campus- Lagoa Nova)

Resumo Este trabalho pauta-se em um relato de experiência com rodas de leituras, desenvolvido no âmbito do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), no subprojeto de Língua Portuguesa, da Universidade Federal do Rio Grande Norte – campus Natal, com alunos da Escola Estadual José Fernandes Machado, matriculados no 1º ano do ensino médio (1º ano B), do turno vespertino, no exercício letivo de 2011. Pensar a leitura em sala de aula, implica, antes de qualquer coisa, um reconhecimento do repertório de leituras do corpo discente, bem como os gostos e afinidades deles com determinados gêneros. Pensando assim, é possível iniciar um trabalho que facilite o envolvimento destes sujeitos em práticas de leituras mais corriqueiras. A partir do pressuposto da importância do ato de ler na formação do sujeito formador de consciência crítica e política, e interpretando a escola como viabilizadora dessa formação, desenvolvemos um exercício semanal com rodas de leituras, inicialmente, com o gênero discursivo crônica. Nesse aspecto, além de estimular nos discentes o gosto pela leitura, tendo em vista que esse gênero tem um tom, quase sempre, humorístico, foi possível evidenciar alguns aspectos sociais envolvidos nelas, uma vez que a leitura desse gênero dialoga, esporadicamente, com situações peculiares e próximas das realidades de vida dos alunos. Assim, foi possível dar um passo inicial para a formação de leitores mais proficientes e capazes de interpretar o mundo por meio do prisma da leitura. Para tanto, este trabalho ancora-se, essencialmente, nos pressupostos teóricos de Bakhtin/Volochinov (2010) ao interpretar a linguagem como prática de interação social e constituinte dos sujeitos, Bakhtin (2003) sobre gêneros discursivos, como também em Freire (2006), Lajolo (1993),

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Geraldi (2008) e Antunes (2011) cujas obras vêm ressaltando a importância do incentivo à leitura nas escolas, como forma de construir com/nesses alunos uma compreensão mais crítica do mundo e das questões do cotidiano pelo qual são norteados diariamente.

Palavras-chaves: Rodas de leituras, PIBID, Crônica, Gêneros Discursivos