abordagens do tratamento terapÊutico aos...

50
FACULDADE DO INSTITUTO BRASIL Curso de Graduação em Farmácia CRISTINA APARECIDA DE OLIVEIRA DUARTE ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS PACIENTES PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA NOS ACOMETIMENTOS PULMONARES ANÁPOLIS-GO 2017

Upload: phungdien

Post on 18-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

1

FACULDADE DO INSTITUTO BRASIL

Curso de Graduação em Farmácia

CRISTINA APARECIDA DE OLIVEIRA DUARTE

ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS PACIENTES

PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA NOS ACOMETIMENTOS PULMONARES

ANÁPOLIS-GO

2017

Page 2: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

2

CRISTINA APARECIDA DE OLIVEIRA DUARTE

ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS PACIENTES

PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA NOS ACOMETIMENTOS PULMONARES

Trabalho de conclusão de curso

apresentado ao Curso de Graduação em

Farmácia da Faculdade do Instituto Brasil

- FIBRA de Anápolis-GO, como pré-

requisito para a obtenção do título de

Bacharel em Farmácia.

Orientador (a) : Professora Esp. Loise

Costa Oliveira da Silva

ANÁPOLIS-GO

2017

Page 3: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

3

FACULDADE DO INSTITUTO BRASIL - FIBRA

CRISTINA APARECIDADE OLIVEIRA DUARTE

ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS PACIENTES

PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA NOS ACOMETIMENTOS PULMONARES

BANCA EXAMINADORA

Orientador (a): Professora Esp. Loise Costa Oliveira da Silva

Co - Orientador (a): Professora MCs Mariângela Sousa Rodrigues Santos

Professor MSc Paulo Edson Fernandes

Professor MCs Daniel Teles Zatta

Anápolis, 08/12/2017 NOTA:

ANÁPOLIS

2017

Page 4: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

DEDICATORIA

Dedico esse trabalho a meu esposo, Eudes Duarte, a meu filho Miguel Otávio e a

meus pais, Natália Maria e Joaquim Albino, que me apoiaram e acreditaram em meu

sucesso.

Page 5: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo agradeço a Deus, pela graça da sabedoria, pela força e por não ter me deixado

desistir. A ELE toda honra e toda glória por ter permitido que este sonho tenha tornado

realidade. Deus, obrigada por estar sempre comigo, nos momentos difíceis e também nos

momentos alegres, TU és o meu refúgio e fortaleza, meu Amigo presente e Fiel.

A minha orientadora Loise Costa, pela paciência, pelo carinho, dedicação e confiança. Sem o

seu apoio certamente não teria êxito neste trabalho. A ela todo meu respeito e admiração.

Agradeço a minha mãe Natália, por estar sempre ao meu lado por acreditar que sou capaz,

pelos ensinamentos, conselhos, e principalmente por me ensinar princípios de ética e

respeito. Mamãe, obrigada por seu colo e seu ombro amigo, que por muitas vezes acolheram

meus choros e desabafos. A meu pai Joaquim, que como um pai orgulhoso sempre sonhou

com este dia. Papai, obrigada pela educação que me proporcionou. Amo muito vocês.

Agradeço ao meu esposo Eudes Duarte, pela confiança, pelo incentivo, pela paciência, pela

cumplicidade, pelo carinho e respeito.

Agradeço ao meu filho, Miguel Otávio de seis anos, que desde tão pequeno vem

acompanhando-me nesta trajetória, por compreender minhas ausências e dar tanto valor as

minhas presenças . Filho, você é a razão do meu viver, todo esforço é por você e para você.

Agradeço as minhas irmãs, Cristiana e Claudina, meu irmão José Antônio que mesmo

distantes, sempre me passaram energias positivas e palavras de conforto e esperança. À minha

sogra Jovina e meu sogro Gersi Duarte que me auxiliaram e por acreditarem em mim.

Em geral a todos os meus professores e colegas que me acompanharam durante a graduação e

a todos que me ajudaram nesta trajetória.

Page 6: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

" Determinação coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos

possuídos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los. Independentemente

das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho."

(Dalai Lama)

Page 7: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO...................................................................................................................14

2.JUSTIFICATIVA...............................................................................................................20

3.OBJETIVO..........................................................................................................................21

3.1 Geral..........................................................................................................................21

3.2 Específicos.................................................................................................................21

4.METODOLOGIA................................................................................................................22

4.1 Tipo de estudo............................................................................................................22

4.2 Bases de dados...........................................................................................................22

4.3 Limite de tempo........................................................................................................22

4.4 Idiomas.......................................................................................................................22

4.5 Critérios de inclusão...................................................................................................23

4.6 Critérios de exclusão..................................................................................................23

4.7 Coleta de dados.........................................................................................................23

4.8 Análise de interpretação dos resultados....................................................................24

4.9 Discussão dos resultados...........................................................................................24

5. RESULTADOS..................................................................................................................25

6.DISCUSSÕES..................................................................................................................... 29

7.CONCLUSÃO.....................................................................................................................43

8.REFERÊNCIAS..................................................................................................................44

Page 8: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

LISTA DE ABREVIATURAS

ADN- Ácido desoxirribonucléico

ATP- Trifosfato de adenosina

AINES - Anti-inflamatórios não esteroidais

AMPc- Adenosina monosfofato cíclico

BAL - Lavado brônquico alveolar

CFTR- Regulador da Condutância Transmembrana da Fibrose Cística (do inglês Cystic

fibrosis transmembrane conductance regulator ou CFTR),

CONITEC -Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS

COX - Prostaglandina H2 sintase, ou cicloxigenase

DR - Doenças Rara

EMA –Agência Européia de Medicamentos (do inglês European Medicines Agency)

FC - Fibrose Cística

FDA- Administração de drogas e alimentos( do inglês Food and Drugs Administration)

HPA -Eixo hipotalâmico pituitário adrenal

IL - 1- Interleucina mediadora da inflamação

IL-8- Interleucina 8: Principal mediador da resposta imune inata

MIC – Concentração Inibitória Mínima

OMS – Organização Mundial da Saúde

RNAm – Ácido desoxirribonucléico mensageiro

rhDNase- proteína recombinante humana desoxiribonuclease

SUS- Sistema Único de Saúde

TNF- alfa –Níveis de Fator de Necrose Tumoral Alfa

VEF1 –Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo

∆F508- deleção de um códon para a fenilalanina na posição 508 da proteína

Page 9: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação de estudos encontrados nas diferentes bases de dados.

Tabela 2: Análise dos artigos selecionados sobre farmacoterapia da Fibrose Cística

Tabela 3: Resumo do tratamento Terapêutico da Fibrose Cística com seus respectivos

mecanismos de ação.

Page 10: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 Modelo proposto para o regulador das transmembranas da fibrose cística (CFTR).

MSD (domínio transmembranar ) NBD (domínio de ligação de nucleótidos) R(domínio

regulador) PKA e cAMP (proteína cinase dependente de monofosfato de adenosina cíclico).

Figura 1.2 Representação da mutação ∆F508.

Figura 1.3 Identificação cromossomal do gene CFTR na posição 7q31.

Figura 1.4 Modelo da doença pulmonar na Fibrose Cística.

Figura 3.1 Fluxograma da metodologia utilizada no desenvolvimento deste estudo.

Figura 6.1 Modelo da estrutura de lipossoma (A) e lipossoma contendo substâncias ativas(B)

Figura 6.2 Modelo esquemático dos fatores fisiológicos e não fisiológicas inerentes á

utilização dos lipossomas no tratamentos da fibrose cística pulmonar.

Figura 6.3 Modelo da ação farmacológica do do Ivacaftor onde ele aumenta a abertura do

canal da CTFR por um mecanismo dependente da fosforilação e independente de ATP e sua

respectiva fórmula molecular.

Figura 6.4 Esquema representando o mecanismo de ação simultânea de medicamentos

corretores e potenciadores da CFTR com a mutação delta F508.

Page 11: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

RESUMO

A fibrose cística é uma doença rara de ordem genética autossômica recessiva, causada por

defeitos no processamento da proteína CFTR. Manifesta-se clinicamente desde a infância ou

permanece assintomática até a fase adulta. Apresenta característica crônicas comprometendo

principalmente os sistemas digestivo, reprodutor e respiratório. É uma doença multissistêmica

e o acometimento pulmonar é a causa principal de morbi-mortalidade. O comprometimento

do pulmão está relacionado a sua deterioração progressiva devido aos vários períodos de

exacerbação da doença. No Brasil, há um total de 3.511 pacientes registrados na REBRAFC (

Registro Brasileiro de Fibrose Cística ) , cujos dados foram apresentados durante o ano de

2014 e incluídos no Registro em 2015.O cenário epidemiológico se baseia nestes registros .O

diagnóstico pode ser realizado logo após nascimento (teste do pezinho), e por elevação de

cloro no suor. Infecções sucessivas e vários períodos de exacerbação clínica pulmonar requer

medidas farmacológicas adequadas com o objetivo de garantir a qualidade de vida . O estudo

objetiva revisar o tratamento terapêutico nos acometimentos pulmonares em pacientes

fibrocísticos. Por meio de uma revisão sistemática de estudos em bases de dados (Scielo,

Pubmed, Medline, Lilacs) através de descritores, referentes ao assunto em artigos publicados

no período de 2000-2016. Espera-se que o estudo possa abordar o tratamento terapêutico na

exacerbação pulmonar da fibrose cística.

Palavras chaves: Fibrose Cística; Tratamento; Características terapêuticas; Exacerbações

pulmonares.

Page 12: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

13 ABSTRACT

Cystic fibrosis is a rare autosomal recessive genetic disorder, caused by defects in CFTR

protein processing. It manifests clinically from childhood or remains asymptomatic until

adulthood. It presents chronic and systemic characteristics, compromising mainly the

digestive, reproductive and respiratory systems. It is a multisystem disease, and pulmonary

involvement is the leading cause of morbidity and mortality. Lung involvement is related to

its progressive deterioration due to the various periods of exacerbation of the disease. In

Brazil, there are a total of 3,511 patients enrolled in REBRAFC (Brazilian Registry of Cystic

Fibrosis), whose data were presented during the year 2014, and included in the registry in

2015. The epidemiological scenario is based on these records. The diagnosis can be made

soon. After birth (test of the foot), and by elevation of chlorine in sweat. Successive infections

and various periods of clinical pulmonary exacerbation require adequate pharmacological

measures to ensure quality of life. The objective of this study is to review the therapeutic

treatment of pulmonary complications in fibrocystic patients. Through a systematic review of

studies in databases (Scielo, Pubmed, Medline, Lilacs) through descriptors, referring to the

subject in articles published in the period 2000-2016. It is hoped that the study may address

therapeutic treatment in pulmonary exacerbation of cystic fibrosis.

Key Words: Cystic fibrosis; Treatment; Therapeutic characteristics; Pulmonary

exacerbations.

Page 13: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

14 1 INTRODUÇÃO

A OMS (Organização Mundial de Saúde) estabelece como uma Doença Rara (DR),

aquela que afeta até 65 pessoas em cada 100.000 indivíduos, ou seja, 1,3 pessoas para cada

2.000 indivíduos. Estima-se que oitenta por cento (80%) das doenças raras são decorrentes de

fatores genéticos, enquanto as demais decorrem de causas imunológicas, ambientais e outras

(MARINHO, 2016 ) .

Existem diversos sinais e sintomas que caracterizam as doenças raras variando de pessoa

para pessoa acometida pela mesma condição.Várias manifestações freqüentes podem indicar

doenças comuns dificultando o seu diagnóstico, causando elevado sofrimento clínico e

psicossocial aos afetados. As doenças raras são geralmente crônicas, progressivas,

degenerativas e até incapacitantes, afetando a qualidade de vida das pessoas e de suas

famílias. Mesmo que sejam individualmente raras, elas acometem percentual populacional

significativo, resultando em um problema de saúde relevante ( OLIVEIRA et al.2011).

No Brasil, os Serviços de Atenção Especializada e Serviços de Referência em Doenças

Raras são componentes da Rede de Atenção à Saúde, conforme a Portaria n0 199 de 30 de

janeiro de 2014 ( bvsms.saude.gov.br) que institui a Política Nacional de Atenção Integral às

Pessoas com Doenças Raras no SUS (Sistema Único de Saúde) e oferecem assistência

especializada e integral, prestada por equipe multidisciplinar e interdisciplinar sendo

responsáveis por ações preventivas, diagnósticas e terapêuticas aos indivíduos com doenças

raras ou com risco de desenvolvê-las e seus familiares (BRASIL , 2016).

A Fibrose Cística (FC) ou mucoviscidose é uma doença rara letal, de ordem genética

autossômica recessiva, que apresenta manifestações crônicas e sistêmicas comprometendo

assim os sistemas digestivo, reprodutor e respiratório. Foi descrita pela primeira vez, como

entidade patológica em 1938, nos Estados Unidos pela patologista Dorothy Andersen

(CABELLO, 2011).

Nos séculos XVIII e XIX, a Fibrose Cística era mencionada na Europa como folclore,

que dizia que crianças com suor salgado morreriam precocemente. Em 1945 foi criado o

termo “mucoviscidose” e em 1953, foram observados aumento de eletrólitos no suor. Em

1959, Gibson e Cooke definiram o teste do suor como padrão áureo para o diagnóstico da FC,

sendo utilizado até os dias de hoje.

Page 14: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

15 Esta patologia congênita é considerada a mais frequente nos países da Europa Central,

Estados Unidos e Austrália incidindo sobre a raça branca. No Brasil, segundo o Ministério da

Saúde (2015) a proporção de indivíduos acometidos pela doença é em torno de um para cada

sete mil (1:7000) habitantes, e um a cada dois mil recém-nascidos ( BERNADI , 2016)

A FC por muito tempo foi considerada uma doença da infância, porém evidências

atuais mostram que é frequente encontrá-la na idade adulta devido ao aumento da expectativa

de vida dos doentes e pela presença de mais de um mil e setecentos ( 1.700) mutações

genéticas envolvidas, o que leva a apresentações fenotípicas variadas e atípicas. Nos países

desenvolvidos a expectativa de vida dos pacientes fibrocísticos aumentou drasticamente nas

últimas décadas, porém, a FC permanece universalmente fatal tendo como a principal causa

de óbitos a deterioração progressiva pulmonar com vários períodos da exacerbação clínica

(GOMES, 2006 ) .

Trata-se de uma doença causada pela mutação no gene do Regulador da Condutância

Transmembrana da Fibrose Cística (do inglês Cystic fibrosis transmembrane conductance

regulator ou CFTR), que é um tipo de proteína pertencente à família de proteínas

transportadoras ABC (ATP-bindingcassette) ou traffic ATPase. Esta mutação induz o

organismo a produzir secreções espessas e viscosas, que obstruem os pulmões o pâncreas e o

ducto biliar. Muitos pacientes apresentam insuficiência do pâncreas levando a má absorção

especialmente de proteínas e lipídeos conduzindo a complicações gastrintestinais como

prolapso retal, constipação, cirrose hepática, desnutrição entre outros (SMITH et al. 2008;

NORIMATSU et al. 2012).

Page 15: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

16 Figura 1.1 – Modelo proposto para o regulador das transmembranas da fibrose cística

(CFTR). MSD (domínio transmembranar ) NBD (domínio de ligação de nucleótideos) R(domínio

regulador) PKA e cAMP (proteína cinase dependente de monofosfato de adenosina cíclico)

(ALEXANDER et al. 2009).

De todas as mutações no gene CFTR, a mais frequente é a mutação ∆F508, uma

deleção de um códon para a fenilalanina na posição 508 da proteína. Este mutante está

presente em aproximadamente 70% a 80% dos cromossomos de fibrocísticos brancos

europeus. Entretanto, a frequência relativa da mutação ∆F508 tem uma variabilidade muito

grande entre diferentes regiões geográficas e distintos grupos étnicos. A freqüência da

mutação ∆F508 é mais baixa no Brasil ( média de 47% em comparação com Europa e Estados

Unidos) sendo 49% no Rio Grande do Sul, 27% em Santa Catarina, 52% em São Paulo, 53%

em Minas Gerais e 44 % no Paraná (OKAY et al. 2005; ROSA, 2008).

Figura 1.2 – Representação da mutação ∆F508 (OKAY et al.2005)

O gene da Fibrose Cística foi identificado clonado e sequenciado favorecendo o

conhecimento dos mecanismos bioquímicos responsáveis pela fisiopatogenia da doença. A

localização deste gene está no braço longo do cromossomo sete (7), lócus “q“ trinta e um (31)

sendo formado por duzentos e cinqüenta (250) quilobases de ADN capaz de codificar um

RNAm de 6,5 quilobases que por sua vez transcreve a proteína CFTR, considerada a proteína

reguladora de transporte de íons cloro. A sua sintetização acontece no núcleo sofrendo

maturação nas organelas (ALEXANDER et al. 2009; LINSDEL, 2005).

Page 16: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

17

Figura 1.3 – Identificação cromossomal do gene CFTR na posição 7q31( DERICHS, 2013)

A fisiopatologia da doença pulmonar é caracterizada pelo acúmulo de muco nas vias

respiratórias inferiores, por reações inflamatórias com predomínio de neutrófilos e infecções

bacterianas. A predominância neutrofílica deve-se ao fato da obstrução crônica das vias

respiratórias causadas por secreções viscosas seguida pela colonização de bactérias

patogênicas como Haemophilus Influenzae, Staphylococcus aureus, Pseudomonas

aeruginosas e Bhurkholderia ceparia. A colonização e infecção respiratória por estas

bactérias , causam danos irreversíveis aos tecidos (RIBEIRO et al. 2008) .

O acometimento pulmonar na Fibrose Cística representa a principal causa de

morbidade e mortalidade. O curso da doença é o de uma deterioração progressiva , e a

gravidade varia de pessoa a pessoa independente da idade, sendo determinada pelo grau de

comprometimento do pulmão (DALCIN et al. 2008).

Localização cromossomal do

gene

Braço

curto p

Braço

longo q

Gene

CFTR

Localização

cromossomal

7 q 3 1 . 2 Braço

longo q

Centrômero

Banda #1

Sub-banda #

2 Região # 3

Page 17: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

18

Figura 1.4-Modelo da doença pulmonar na Fibrose Cística. ( Adaptado de O’REILLY and ELPHICK

, 2013)

As manifestações clínicas da Fibrose Cística pulmonar são: colonização/ infecção por

patógenos típicos; tosse persistente; bronquiectasias , infiltrados e hiperinsuflação; obstrução

das vias aéreas; alterações radiológicas dos seios paranasais e pólipos nasais e hipocratismo

digital. A mais comum das manifestações respiratórias é a tosse crônica persistente, podendo

ocorrer desde as primeiras semanas de vida. O curso clínico pulmonar pode apresentar

predisposição à sinusites, bronquite, pneumonias, falência respiratória e diminuição a

tolerância ao exercício físico com a evolução da doença (MORROW et al. 2008).

O tratamento do aparelho respiratório, tem como principal objetivo a desobstrução das

vias respiratórias, garantir a respiração e prevenir colonizações e infecções com prognósticos

positivos e melhor qualidade de vida aos pacientes. O padrão terapêutico convencional inclui

os agentes anti-inflamatórios , mucolíticos e broncodilatadores, antibioticoterapia,

suplementação de oxigênio , suporte nutricional e fisioterapia respiratória , que revelam

melhorar as condições acima citadas (ZIRBES et al. 2009)

Diversos estudos de intervenções farmacológicas, voltados para Fibrose Cística,

demonstram que o perfil terapêutico padrão melhora os sintomas controlando os constantes

períodos de exacerbação clínica. No entanto, não tratam o defeito básico causador da FC, isto

Mutação no gene CFTR

• Disfunção da protéina CFTR

Clearancemucociliar debilitado

• Infecções e inflamações recorrentes

Bronquiectasias e perda da

função pulmonar

• Várias intervenções farmacológicas

Page 18: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

19 é, a ausência de CFTR funcional. Deste modo, desde 1989 quando o gene da doença foi

isolado, a FC é considerada uma importante candidata á terapêutica genética, onde os genes

terapêuticos podem ser administrados nos tecidos alvo por meio de transportadores , os quais

são geralmente definidos como vetores (HOFFMANN , 2011).

No Brasil são grandes os esforços para que a FC seja diagnosticada precocemente na

infância, pelos programas de triagem neonatal ou pelo teste de suor. Nesse sentido, foi

publicada a Lei n.º 4.180, de 06 /08/2008 e o Decreto Nº 28.375, de 08 /08/2008 para que as

ações fossem padronizadas e seguidas no território nacional. Muitas são as ações em todas as

unidades da federação, inclusive no Distrito Federal, a favor do diagnóstico precoce e o

fornecimento de fórmulas especiais como os suplementos alimentares fornecidos pela Portaria

n. 94/1909, publicada no Distrito Federal em 2009 (HAAC et al. 2014).

A FC requer continuamente o uso de medicamentos, assim como assistência

multidisciplinar, o que torna o custo médio do tratamento muito caro para as famílias. Por

esse motivo, os fibrocísticos e suas famílias têm garantido o direito de receber assistência do

governo, mediante o SUS (Sistema Único de Saúde) de acordo com o Protocolo Clínico e

Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde que disponibiliza alfadornase para as

manifestações pulmonares.

Page 19: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

20 2. JUSTIFICATIVA

Dentre todas as complicações causadas pela disfunção no transporte da proteína

CFTR, o acometimento pulmonar representa o aspecto mais crítico na Fibrose Cística, com

vários períodos de colonização, infecção e consequentemente exacerbação clínica com

permanência hospitalar prolongada.

O tratamento pré sintomático com medidas terapêuticas corretas de pacientes com

Fibrose Cística aumenta as suas expectativas de melhores condições de vida, devido

prognósticos positivos perante o adiamento das deficiências enzimáticas, infecções e

exacerbação clínica pulmonar.

É de essencial importância o conhecimento do perfil terapêutico, adequado e acessível

aos pacientes com exacerbação clínica pulmonar, bem como as futuras perspectivas

terapêuticas com objetivo de melhorar as condições de vida dos pacientes.

Page 20: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

21 3. OBJETIVO

3.1 Geral

Descrever a terapêutica convencional e novas perspectivas terapêuticas utilizadas no

tratamento dos pacientes portadores da fibrose cística com acometimento pulmonar.

3.2 Específicos

●Descrever as classes terapêuticas atualmente disponíveis comercialmente para o tratamento

da FC nos acometimento pulmonar.

●Discorrer sobre o mecanismo de ação dos principais fármacos já utilizados no tratamento

pulmonar na fibrose cística.

●Discorrer sobre os benefícios clínicos dos potencializadores e moduladores da CFTR.

Page 21: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

22

4.METODOLOGIA

4.1 Tipo de estudo

Trata-se de uma revisão bibliográfica de caráter descritivo e explicativo, desenvolvida

à partir de materiais já elaborados, como dissertações, tese e artigos científicos.

4.2 Bases de dados

As buscas foram realizadas em cinco bases de dados bibliográficas: Biblioteca Virtual

em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),

Base de Científica Electronic Library Online (SCIELO), Cochrane Library , Medical Terms

(Mesh) , Pubmed e Medline.

4.3 Limite de tempo

Foram selecionados artigos publicados entre 2000 e 2016 em periódicos nacionais e

internacionais, à partir dos seguintes descritores : “Fibrose Cística; “Fibrose Cística e

Terapêutica”; “Medicamentos” ; “ Proteína CFTR” ; “Tratamento farmacológico ”;

“Moduladores da CFTR”.

Page 22: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

23

4.4 Idiomas

Foram selecionados artigos escritos em inglês, português ou espanhol.

4.5 Critérios de inclusão

1. Artigos publicados entre os anos 2000 e 2016.

2. Estudos com conclusões referentes: caracterização, perfil terapêutico, melhores prognósticos dos

pacientes fibrocísticos, novas perspectivas terapêuticas para os portadores da doença.

4.6 Critérios de exclusão

1. Artigos que não estiveram relacionados com: caracterização, perfil terapêutico, melhores

prognósticos dos pacientes fibrocísticos, novas perspectivas terapêuticas para os portadores da

doença.

2. Estudos cujas conclusões foram: epidemiologia, sistema imune, dislipidemia relacionada à

fibrose cística.

3. Artigos com referências duplicadas

4.7 Coleta de dados

A coleta de dados seguiu a seguinte ordem:

● Leitura explorativa de todo material selecionado ( leitura rápida, objetiva avaliar a relevância do

trabalho em relação ao tema).

● Leitura seletiva (segunda leitura do material).

● Registro de informações extraídas a partir da leitura dos artigos científicos, dissertações e das

teses.

Page 23: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

24

4.8 Análise e interpretações dos resultados

Foi realizado uma leitura analítica com o objetivo de organizar as informações contidas nos

artigos selecionados e identificar tópicos propostos nos objetivos desta revisão.

4.9 Discussões dos resultados

Uma vasta pesquisa em bases de dados foi realizada com o objetivo de encontrar a melhor

base para destacar a importância do tratamento terapêutico aos pacientes portadores de Fibrose

Cística com acometimento pulmonar, conforme tabela.

Page 24: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

25

5 RESULTADOS

Tabela 1. Relação de estudos encontrados nas diferentes bases de dados.

BASE TERMOS RESULTADOS ESTUDOS SELECIONADOS

“F Fibrose Cística”

LILACS “Tratamento farmacológico” 15 14

(via BVS) “Proteína CFTR”

SCIELO “Fibrose Cística”

“ Características Terapêuticas” 5 3

PUBMED“ Características Terapêuticas”

“ Proteína CFTR” 10 8

“Moduladores da CFTR”

MEDLINE “Medicamentos”

“Tratamento farmacológico”

“Moduladores da CFTR”; 30 20

“ Terapêutica Fibrose Cística”

TOTAL: 45

Foram encontrados 45 estudos e foram selecionados, a partir dos critérios de inclusão e exclusão, 19

artigos, conforme figura abaixo:

Page 25: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

26

Figura 3.1 Fluxograma da metodologia utilizada no desenvolvimento deste estudo

Busca inicial : 45

referências

Artigos incluídos: 33

Artigos excluídos: 15

Referências: 18

Artigos incluídos

por busca ativa: 01

Referências: 19

Page 26: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

27

Tabela 2- Análise dos artigos selecionados sobre farmacoterapia da Fibrose Cística

AUTOR ANO CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO

ANDERSON

BATISTA et al

DALCIN et al

2010

2007

Emerging therapies in cystic fibrosis.

Lipossomas e suas aplicações terapêuticas na fibrose

cística.

BRASIL

2016

Antibiótico Inalatório (Tobramicina) para colonização

das vias aéreas em pacientes com Fibrose Cística.

CASTRO

CABELLO

2008

2010

O Tratamento na Fibrose Cística e suas complicações.

Avanços da Genética na Fibrose Cística.

COUSAR-TAYLOR

et al

2010 Potential of anti-inflammatory treatment for cystic

fibrosis lung disease.

DAMAS 2008 Fibrose Quística.

DERICHS 2014 Targeting a genetic defect: cystic fibrosis transmembrane

conductance regulator modulators in cystic fibrosis.

FLUME 2009 Cystic Fibrosis Pulmonary Guidelines.Treatment of

Pulmonary Exacerbations.

GOOR et al 2009 Rescue of CF airway epithelial cell function in vitro by a

CFTR potenciator, VX-770..

HAAC et al 2014 Fisiopatologia da doença e drogas habitualmente

utilizadas nas manifestações respiratórias

Page 27: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

28

KOSNTAN et al

LANDS

2007

2016

Clinical use of ibuprofen is associated with slower FEV1

decline in children with Cystic Fibrosis

Oral non-steroidal anti-inflammatory drug therapy for lung

disease in cystic fibrosis

LEONARDO 2014 Novas perspectivas terapêuticas na fibrose cística

LUTZ et al 2011 Bacteriologia da Fibrose Cística.

O’REILLY

2013

Development, clinical utility, and place of ivacaftor in

the treatment of cystic fibrosis

PETER

2013

Cystic Fibrosis Pulmonary Guidelines Chronic

Medications for Maintenance of Lung Health

SMITH

2008

Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance

Regulator

WILSCHANSKI

et al

2011

Chronic ataluren (PTC124) treatment of nonsense

mutation cystic fibrosis

Page 28: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

29

6 . DISCUSSÕES

A Fibrose Cística foi descrita como doença pela primeira vez em 1938, nos Estados

Unidos pela patologista Dorothy Andersen e possuía um prognóstico considerado “quase

fatal” no primeiro ano de vida. No entanto, ao longo das décadas, com o avanço do

conhecimento sobre a fisiopatologia e as formas de tratamento da FC aumentou-se a

sobrevivência dos doentes e tornou-se doença do adulto (ANDERSON , 2010).

O manejo terapêutico utilizado aos pacientes fibrocísticos com acometimento

pulmonar, tem como objetivo fundamental aumentar a qualidade e expectativa de vida destes

pacientes abordando oportunamente as complicações obstrutivas, inflamatórias e infecciosas

das vias aéreas.

O tratamento convencional é dividido em tratamento de manutenção ou contínuo, e de

agudização ou exacerbação. Em ambos incluem fisioterapia respiratória, antibióticos,

mucolíticos, broncodilatadores, anti-inflamatórios e suporte nutricional . A oxigenioterapia é

utilizada no tratamento de exacerbação em casos mais avançados.

Já as novas perspectivas terapêuticas no tratamento da fibrose cística pulmonar

possuem características mais desafiadoras, porém com várias possibilidades de sucesso já que

existem diversos estudos voltados aos aspectos genéticos da doença, estimulando a terapia

gênica e o uso de nanossistemas para o transporte de fármacos ao local em que se deseja que

este possa atuar.

A fisioterapia respiratória é uma medida utilizada que visa melhorar o clearance

mucociliar, retardando a progressão natural da FC. É considerada um excelente aporte aos

pacientes, pois melhora a ventilação pulmonar e por conseguinte a qualidade de vida. Dentre

as várias técnicas utilizadas pelos profissionais fisioterapeutas , estão a drenagem postural e

a percussão torácica que são realizadas em posições anatômicas diferentes com o objetivo de

remover as secreções acumuladas através da ação gravitacional (HAAC et al. 2014).

Os pacientes principalmente de fase adulta, são estimulados a realizar algumas práticas

fisioterápicas independentes. Algumas delas incluem: drenagem autogênica, ciclo ativo da

respiração, técnica de expiração forçada, pressão expiratória positiva aplicada por máscara,

técnicas com dispositivos oscilatórios orais, compressões torácicas de alta frequência e

ventilação percussiva intrapulmonar. Inicialmente essas técnicas devem ser orientadas pelo

fisioterapeuta que auxiliará na escolha dos dispositivos, na definição da melhor combinação

Page 29: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

30

de técnicas e na determinação da frequência e duração do tratamento a ser realizado(

CASTRO, 2008).

A prática de exercício físico deve ser utilizada, pois aumenta a capacidade funcional

do pulmão, melhora o desempenho cardiovascular atenuando o declínio da função pulmonar.

Além disso, o exercício também aumenta o clearance das secreções das vias aéreas, sendo um

importante aliado nas medidas de higiene brônquica ( DAMAS, 2008)

Os doentes com FC apresentam uma pré-disposição para a colonização e infecção

dos brônquios por bactérias específicas: Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa,

Burkholderia cepacia, Stenotrophomonas maltophilia e outras como: Haemophilus

influenzae, Escherichia coli, Klebsiellas serratia, Achromobacter xylosidans, sendo a

Pseudomonas aeruginosa o agente patogênico isolado com maior frequência na população

adulta . Deste modo, o uso de antibióticos é fundamental no tratamento da doença pulmonar

na FC (LUTZ , 2011).

Antecedendo a conduta terapêutica, os pacientes são avaliados rotineiramente a cada 4

meses (fora dos períodos de exacerbação pulmonar) e após a realização de antibiogramas da

expectoração, é feito a escolha do antibiótico a ser prescrito. No caso de exacerbações

(pacientes internados) o tratamento baseia-se numa associação de β-lactâmicos (cefalosporina

ou carbapenêmicos) com aminoglicosídeos. Esta associação de dois fármacos é justificada

pelo sinergismo e diminuição de resistência da bactéria à terapêutica (LEONARDO, 2014)

O mecanismo de ação dos β- lactâmicos se dá pela capacidade de inibição da síntese

da parede celular bacteriana impedindo a formação das ligações cruzadas entre as fitas de

peptideoglicanos que são estruturas responsáveis pela integridade e proteção da bactéria. Já os

aminoglicosídeos ligam-se à fração 30S do ribossomo bacteriano inibindo a síntese protéica

ou produzindo proteínas defeituosas, impedindo a leitura correta do RNAm. Este processo

ocorre de maneira passiva e sem gasto de energia (SMITH, 2008).

Nas exacerbações leves, normalmente em doentes de ambulatório, o tratamento

utilizado consiste na administração de quinolonas (ciprofloxacino) como fármaco de escolha,

combinado com um antibiótico inalatório (como exemplo a polimixina E) durante um período

de 3 a 6 semanas.

As quinolonas atuam inibindo a ação das subunidades “A” da DNA-girase ou

topoisomerase II, enzima que atua na divisão celular, sendo responsável pela divisão da

cadeia de DNA. A inibição da enzima faz com que as extremidades da molécula de DNA

Page 30: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

31

fiquem livres, acarretando em um síntese descontrolada de RNA mensageiro e proteínas,

culminando na morte bacteriana (COUSAR- TAYLOR et al 2010).

As polimixinas interagem com a molécula de polissacarídeo da membrana externa das

bactérias Gram-negativas, retirando cálcio e magnésio, necessários para a estabilidade da

molécula de polissacarídeo. Esse processo é independente da entrada do antimicrobiano na

célula bacteriana e resulta em aumento de permeabilidade da membrana com rápida perda de

conteúdo celular e morte da bactéria. Além de potente atividade bactericida, as polimixinas

também apresentam atividade anti-endotoxina. Quando ocorrem infecções reicidivas, é

recomendado um período de tratamento de 3 meses (DAMAS, 2008).

Em Outubro de 2016, a CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de

Tecnologia no SUS) deliberou por unanimidade a incorporação da tobramicina inalatória para

tratamento da infecção crônica por Pseudomonas aeruginosa das vias aéreas em pacientes

com fibrose cística, conforme Protocolo do Ministério da Saúde. O Comitê de Terapêuticas

Pulmonares da Fundação de FC recomenda o uso a longo prazo, de tobramicina inalada para

melhorar a função pulmonar e diminuir as exacerbações nos doentes com FC com idade igual

ou superior a 6 anos, que apresentem doença pulmonar moderada a grave, sendo que na

moderada o VEF1 (volume expiratório forçado no 1º segundo) está entre 40% a 69% do

valor normal, e grave o VEF1 é menor que 40% do valor normal e a presença persistente de

P. aeruginosa na cultura das vias respiratórias ( BRASIL, 2016).

A tobramicina foi o primeiro antibiótico inalatório aprovado pela FDA (do inglês

Food and Drug Administration) para tratar infecções por Pseudomonas aeruginosa em

fibrose cística. Trata-se de um antibiótico aminoglicosídeo produzido por Streptomyces

tenebrarius que atua primariamente pela quebra da síntese de proteínas, levando a uma

alteração da permeabilidade de membrana celular, quebra progressiva do envelope celular e

eventual morte celular. É bactericida em concentrações iguais ou ligeiramente maiores que as

concentrações inibitórias e possui uma molécula polar catiônica que não atravessa

prontamente as membranas epiteliais. É esperado que a exposição sistêmica à tobramicina

após a inalação , seja resultado da absorção pulmonar da fração de dose aplicada aos pulmões,

pois a tobramicina não é absorvida em nenhuma extensão apreciável quando administrado por

via oral. A biodisponibilidade de tobramicina pode variar devido a diferenças individuais no

desempenho do nebulizador e da patologia das vias aéreas (HAAC et al 2014; LEONARDO

,2014).

Page 31: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

32

As evidências sobre a eficácia de antibióticos inalatórios são limitadas, e a tobramicina

inalatória é contra- indicado para pacientes com função pulmonar menor que 75% (proporção

significativa da população fibrose cística) e não é aprovado para pacientes com menos de 6

anos. Será que esta opção farmacológica realmente implica em um fator positivo para os

pacientes desta faixa etária? Do ponto de vista estudado o tratamento para ser efetivo deve se

iniciar logo nos primeiros anos de vida sendo importante destacar que o objetivo da

farmacoterapia é otimizar a função pulmonar melhorando os aspectos de qualidade de vida e

evitando a progressão natural da doença.

Os macrolídeos representam uma classe de antibióticos com atividade anti-

inflamatória, e são bem tolerados por via oral. Reduzem o recrutamento de eosinófilos e

neutrófilos nos pulmões, causam supressão do TNF-alfa, redução dos níveis da IL- 8 no

lavado broncoalveolar (BAL) e promovem a apoptose de neutrófilos, reduzindo o número

dessas células no BAL. Apresentam também ação na inibição da aderência e na formação do

biofilme da Pseudmonas aeruginosas. Também são capazes de reduzir a viscosidade do

escarro, e algumas evidências têm sugerido que esse grupo de medicamentos poderia

desempenhar uma regulação dos canais de cloro melhorando a função pulmonar e diminuindo

a frequência das exacerbações em pacientes colonizados pelas bactérias supracitadas

(LANDS, 2016).

A classe dos macrolídeos é representada pela azitromicina e as doses utilizadas são de

250 mg a 500 mg via oral uma vez ao dia, e 250 mg via oral ao dia para pacientes com menos

de 40 kg. Outra forma de uso seria de 500 mg de azitromicina três vezes por semana. São

agentes bacteriostáticos que inibem a síntese de proteínas através de sua ligação reversível à

subunidade ribossômica 50S de microrganismos sensíveis. A atividade antimicrobiana

aumenta em pH alcalino (HAAC et al. 2014).

Os agentes mucolíticos tem a função de melhorar o clearance mucociliar dos pacientes

com FC. Cerca de 10% do escarro, nesses pacientes, é constituído de DNA, principalmente

proveniente dos leucócitos que migram para a luz brônquica para combater a infecção. Deste

modo, os mucolíticos são capazes de destruir as diferentes estruturas físico-química das

secreções diminuindo a viscosidade das mesmas facilitando a eliminação (DAMAS, 2008).

A solução salina hipertônica nebulizada é utilizada com uma concentração de 3% de

sal ou mais, inalada com uma neblina fina através de uma máscara ou bocal. Foi observado

que 10 ml de solução salina com 3% a 7% de concentração, duas vezes ao dia, auxilia o muco

a ficar mais claro sem apresentar efeitos adversos. O tratamento após 47 semanas com solução

Page 32: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

33

salina hipertônica a 7%, duas vezes ao dia, reduz episódios de infecções, estando assim ligada

a uma melhora na função pulmonar (PETER, 2013).

Em 1994, foi aprovado a terapêutica com alfadornase, ou DNase recombinante

humana (rhDNase) para o uso exclusivo na fibrose cística. É administrada por via inalatória,

clivando-se seletivamente o DNA, diminuindo a viscosidade do escarro sendo eficaz para

redução do declínio da função pulmonar e diminuição de episódios de agudização pulmonar.

Em estudos de intervenção precoce da alfadornase, em fibrocísticos com doença pulmonar,

foram observadas melhoras significativas na função pulmonar quanto ao risco de exacerbação

( ANDERSON, 2010).

Devido a manutenção da função pulmonar revelada pela utilização precoce da

alfadornase, este medicamento é de grande importância na terapêutica da FC. Contudo, não há

relação entre o período para a melhora da função pulmonar e o uso da medicação. Deste

modo, o monitoramento das respostas terapêuticas são realizado com espirometria (teste

rápido e simples que avalia a capacidade da função pulmonar) e radiografia de tórax

(FLUME , 2009).

O uso de broncodilatadores é de grande importância quando o paciente apresenta

quadros de hiper reatividade brônquica, o que ocorre na maioria dos casos. Os agentes mais

prescritos são os agonistas beta-adrenérgicos de curta duração. Na maioria das vezes, são

utilizados para fornecer alívio sintomático, ou antes da fisioterapia, a fim de facilitar

depuração e abertura das vias aéreas. Os broncodilatadores também promovem a deposição

mais intensa dos outros medicamentos inalados, além de prevenir o broncoespasmo. São

representados pelo formoterol e o salmoterol e apresentam facilidade na administração.

(HAAC et al. 2014).

A ação broncodilatadora dos β2-agonistas se dá através da ativação do receptor β2-

adrenérgico (Rβ2A) acoplado à proteína G na superfície celular. A ativação desse receptor

leva ao aumento da atividade da adenilciclase, enzima que catalisa a conversão do ATP em

AMPc. Esse último se liga na unidade regulatória da proteína quinase A, promovendo a

liberação de sua unidade catalítica que causa fosforilação de um grande número de proteínas

alvo, relaxando o músculo liso peribrônquico. O AMPc inibe a liberação de cálcio dos

depósitos intracelulares e reduz o influxo de cálcio através da membrana, auxiliando o

relaxamento da musculatura lisa e a broncodilatação . A ativação do Rβ2A também

potencializa a atividade anti-inflamatória , aumentando a translocação do receptor de

glicocorticosteróide do citoplasma para o núcleo da célula . Após a translocação para o

Page 33: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

34

núcleo, o complexo receptor- glicocorticóide atua na regulação de genes relacionados às

citocinas e a apoptose celular conforme será descrito à seguir (SMITH, 2008).

Quanto ao manejo terapêutico dos anti-inflamatórios, os corticosteróides orais ,os anti-

inflamatório não esteroidais (AINES) e os macrolídeos são as drogas mais utilizadas nos

pacientes portadores de fibrose cística. Os corticosteróides orais na dose de 1 a 2 mg/kg em

dias alternados parecem retardar a progressão da doença pulmonar, porém importantes efeitos

colaterais colocam em questionamento o uso desta classe de medicamentos. O uso dos

corticoesteróides é recomendado nas exacerbações pulmonares graves em que coexista a

hiper-reatividade brônquica ( LEONARDO, 2014)

Os corticosteróides são hormônios esteróides, derivados do metabolismo do colesterol.

São agentes imunossupressores e anti-inflamatórios efetivos, produzidos naturalmente na

glândula adrenal após o estímulo do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA), sendo um

componente terapêutico importante para várias doenças inflamatórias e também as doenças

auto-imunes. O mecanismo de ação destas substâncias em nível celular ocorre através de sua

ligação aos receptores de alta afinidade no citoplasma . Por sua vez, o complexo esteróide-

receptor possui capacidade de translocação nuclear, ligando-se ao DNA cromossômico. Esta

ligação desencadeia ou inibe a transcrição do gene, num processo denominado transativação

ou transrepressão. A transativação é mediada pela ligação do receptor de glicocorticóides

hormônio-ativado à seqüência de DNA denominada de elemento de resposta ao

glicocorticóide que por conseguinte , estimulam a síntese de moléculas anti-inflamatórias

como a IL-10 e IL-1Rα. A transrepressão é mediada pela inibição das interações proteína-

proteína entre o receptor de glicocorticóide hormônio-ativado e fatores de transcrição . Por se

ligar a estes fatores, o corticosteróide bloqueia a transcrição de citocinas, quimiocinas e

enzimas isoleucinas ( COUSAR-TAYLOR et al. 2010).

Konstan e colaboradores 2007, realizaram um estudo com ibuprofeno (anti-

inflamatório não esteroidal ) que evidenciou eficácia no tratamento da FC, com uma melhora

na velocidade de declínio no VEF1, redução nas hospitalizações e melhora no estado

nutricional. O uso do ibuprofeno na dose de 20 a 30 mg/ kg/dia foi recomendado como

terapêutica benéfica em doentes entre os 7 e 18 anos, visto que este fármaco apresentou um

perfil de segurança , porém exige a monitorização do nível sérico da medicação.

O ibuprofeno é considerado um AINE inibidor não seletivo da COX tendo como

mecanismo principal a inibição da biossíntese de prostaglandinas, além disso, está reportada

uma inibição da quimiotaxia de leucócitos, da produção de IL-1 e de radicais superóxido .

Page 34: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

35

Adicionalmente, o ibuprofeno inibe irreversivelmente agregação plaquetária dependente da

COX. Os efeitos clínicos do ibuprofeno poderão compreender também algumas propriedades

como a inibição da síntese de histamina e libertação de serotonina, a inibição dos efeitos da

bradicinina e a inibição do aumento da permeabilidade capilar ( LANDS, 2016).

A inibição da síntese de histamina e bradicinina resulta na diminuição do acúmulo de

secreções, fator fundamental aos fibrocísticos. A liberação de serotonina melhora o estado

emocional dos pacientes , pois é considerada um neurotransmissor da felicidade, ou seja , é

responsável pela sensação de bem estar. Este aspecto é bastante relevante, visto que

principalmente em períodos de agudização os pacientes apresentam-se bastante debilitados

tanto físico quanto psicologicamente.

Os aspectos de sobrevida dos pacientes fibrocísticos dependem da intervenção

nutricional precoce, evitando primariamente a deterioração na função pulmonar. Todo

paciente com FC deve ser avaliado regularmente a fim de monitorar o estado nutricional e

assegurar uma adequada ingestão calórica. A recomendação inclui uma dieta com 35% a 40%

das calorias á partir de gorduras. O acompanhamento desses pacientes pode ser feito pelo

controle de ingestão de 3 dias , pela avaliação antropométrica (índice de massa corporal,

circunferência do braço, circunferência muscular do braço, prega cutânea tricipital e

percentual de perda de peso) pela análise da composição corporal (bioimpedância elétrica) e

pela força muscular periférica ou “ força do aperto de mão”( DERICHS, 2014) .

A suplementação com oxigênio torna-se necessária nas fases mais avançadas da FC,

quando o comprometimento pulmonar está avançado. Nestes períodos, os pacientes

apresentam quadros de hipoxemia e hipertensão pulmonar.

A progressão da hipertensão pulmonar pode ser retardada com o tratamento da

hipoxemia , porém os dados disponíveis sobre oxigenoterapia na FC ainda são limitados.

Deste modo, os critérios utilizados para oxigenoterapia contínua na FC são baseados nos

estudos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) .

A oxigenoterapia durante o exercício está indicada se a saturação de oxigênio cair

abaixo de 88% a 90%. A oxigenoterapia noturna está indicada se a saturação de oxigênio for

menor que 88% a 90% por 10% ou mais do tempo total de sono. Em determinadas situações,

podem necessitar de pressão positiva contínua nas vias aéreas durante o sono. A ventilação

mecânica não-invasiva pode ser uma medida de suporte temporária para os pacientes com

insuficiência respiratória crônica que aguardam transplante pulmonar ( FLUME, 2009).

Page 35: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

36

As classes de medicamentos mencionadas previamente, estão todas disponíveis

atualmente para o tratamento dos pacientes com fibrose cística pulmonar. Inclusive no Brasil,

alguns destes medicamentos são garantidos pelo SUS, como tobramicina inalatória,

azitromicina e alfadornase . De acordo com a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) a alfadornase e broncodilatadores como o salmoterol e formoterol são garantidos

aos pacientes através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

Desde 1989, quando o gene CFTR foi descoberto, a investigação manteve-se focada

no defeito genético para identificar um tratamento modificador para a FC. Dentre as

estratégias utilizadas tem se incluído a terapia gênica tendo como alvo as mutações do gene

CFTR.

A classe destes fármacos é conhecida como moduladores do gene CFTR e são

tipicamente identificadas por rastreio, seguidos de validação pré-clínica utilizando sistemas de

cultura de células. Na fibrose cística pulmonar, o princípio da terapia gênica envolve a

administração do RNA ou do DNA para as células epiteliais das vias aéreas a fim de

compensar o defeito genético ( ANDERSON , 2010).

A terapia gênica consiste no conjunto de métodos e técnicas com objetivo de

modificar a informação genética anômala. O método da transferência de DNA normal para o

interior de células de pacientes com fibrose cística, já foi testado com duas técnicas: uma

utilizando vetores virais como os adenovírus , outra utilizando partículas inertes de gordura ou

lipossomas (CABELLO, 2010).

Os lipossomas foram os primeiros nanossistemas utilizados na clínica e são altamente

versáteis, pois as suas propriedades físicas e químicas podem ser alteradas de acordo com os

requisitos farmacêuticos e farmacológicos, de forma a permitir o direcionamento específico e

a liberação progressiva e controlada do fármaco encapsulado. A sua versatilidade estrutural

manifesta-se em termos de tamanho, composição, carga de superfície, fluidez da membrana e

habilidade para incorporar fármacos hidrofílicos e/ou lipofílicos. Para além disso, o fármaco

encapsulado apresenta uma diminuição significativa de toxicidade e das interações

medicamentosas, um maior tempo de permanência em circulação e um mínimo de reações

inflamatórias locais, e sobretudo há um aumento da potencialização do efeito profilático (

BATISTA, 2007).

Page 36: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

37

Figura 6.1- Modelo da estrutura de lipossoma (A) e lipossoma contendo substâncias ativas(B)

solubilizadas na fase aquosa (1) e na bicamada lipídica (2) (PETER, 2013)

Essas características conferem aos lipossomas maior eficácia terapêutica em relação a

outras formas farmacêuticas. Associando estas vantagens aos aspectos clínicos dos pacientes

com fibrose cística pulmonar, percebe-se uma consoante harmonia entre ação farmacológica,

adesão ao tratamento , diminuição de efeitos colaterais e vários outros fatores benéficos.

Os nanossistemas representam uma inovação no tratamento da FC. O perfil terapêutico

desta classe fortalece a sua inclusão ao manejo farmacológico dos pacientes.

E no Brasil, será que os órgãos competentes (CONITEC) deliberariam o uso dos

lipossomas garantindo o acesso dos pacientes através do SUS? Os benefícios certamente

seriam consideráveis tendo em vista as melhoras significativas, diminuição na necessidade de

administração de várias classes terapêuticas , menos toxicidade e efeitos adversos.

A

B

Área hidrofóbica

Núcleo

Bicamada

fosfolipídica

Aréa Hidrofílica

Page 37: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

38

Figura 6.2 – Modelo esquemático dos fatores fisiológicos e não fisiológicas inerentes á

utilização dos lipossomas no tratamento da fibrose cística pulmonar (LEONARDO, 2014)

Dentre as novas estratégias terapêuticas está o desenvolvimento de pequenas

moléculas que têm como alvo as mutações específicas da CFTR, cuja investigação tem

mostrado resultados importantes nos últimos 10 anos. Estas tecnologias farmacológicas são

baseadas na otimização do entendimento da estrutura e disfunção da CFTR na FC estando

divididas em três grupos: corretores da CFTR, supressores da CFTR e potenciadores da

CFTR, sendo que algumas moléculas já estão disponíveis comercialmente (O’REILLY

,2013).

Os compostos corretores da CFTR , estão em fase de estudos, e são projetados para

aumentar a quantidade de proteína CFTR funcional existente na superfície da célula. Têm

sido direcionados, essencialmente, para as mutações da classe II, tais como a mutação delta

F508. Atualmente está sob investigação clínica a molécula VX-809, cujos estudos in vitro

A nível da formulação formulaçao

A nível do organismo A nível celular

Page 38: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

39

demonstraram que esta se comporta como um eficaz corretor seletivo da proteína anômola (

GOOR et al. 2009).

Já os supressores da CFTR, são compostos que “omitem” os códons de terminação

prematuros que atuam durante a tradução da proteína. Estas substâncias quebram a

“fidelidade “ de tradução, permitindo a incorporação de um aminoácido e a continuação da

tradução até à terminação normal do produto transcrito. As mutações nonsense estão entre 5%

a 10% das mutações que ocorrem na FC, com elevadas variações da região. Essas mutações

de classe I podem ser alvo de modulação com supressores. Dentre os antibióticos geralmente

mais investigados para este fim, a gentamicina, atua permitindo que um aminoácido seja

incorporado no lugar de um códon stop e, então, a tradução continua normal(

WILSCHANSKI et al. 2011)

O Ataluren, é um pequeno composto molecular que ‘interfere’ na leitura e codificação

do RNA das CFTR e age nas mutações do tipo I .Trata-se de um fármaco oral que permite

aos ribossomas continuarem a produzir CFTR funcional apesar da presença de códons de

terminação imaturos, sendo potencialmente mais eficaz como agente supressor do que a

gentamicina. É formalmente conhecido como PTC124, sendo um fármaco candidato ao

tratamento das mutações nonsense da FC, e já utilizado no tratamento de outra doença

genética com este tipo de mutação, a distrofia muscular de Duchenne. Usando uma linha

celular estável, o Ataluren demonstrou ser 4 a 15 vezes mais potente relativamente aos

controles. O agente está disponível numa formulação de fácil utilização , podendo induzir a

produção de CFTR funcional se bem tolerado ( HAAC et al.2014).

Os potenciadores da CFTR são compostos que aumentam a probabilidade de abertura

dos canais da CFTR que possuem mutações do tipo “gating” (classe III) ou de condutância

(classe IV) podendo também aprimorar a probabilidade de abertura dos canais da CFTR com

mutações da classe II, tal como a delta F508. Contudo, para que a potenciação da CFTR da

mutação delta F508 possa ocorrer neste sistema, o canal expresso de forma recombinante já

tem que estar localizado na membrana celular. Consequentemente, os potenciadores da CFTR

sozinhos não podem ser usados para tratar as mutações das classes I e II , as quais são

caracterizadas pela ausência ou falta de sintetização da proteína CFTR ( O’REILLY, 2013).

O VX-770, ou Ivacaftor pertence à classe de fármacos potenciadores da CFTR, e está

disponível comercialmente sob a forma de comprimidos para administração oral, o Kalydeco,

sendo o único medicamento modulador do CFTR atualmente aprovado pela FDA e pela

European Medicine Agency (EMA). Foi licenciado em 23 de Julho de 2012 , tanto nos

Page 39: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

40

Estados Unidos quanto na Europa, sendo concedida uma autorização pela EMA, de

introdução no mercado, válida para toda a União Européia, para o medicamento Kalydeco®.

Esta autorização é válida para o uso do medicamento em doentes com FC com seis anos ou

mais e que possua ao menos uma cópia da mutação de classe III ( DERICHS, 2014).

Figura 6.3 – Modelo da ação farmacológica do Ivacaftor onde ele aumenta a abertura do canal

da CTFR por um mecanismo dependente da fosforilação e independente de ATP e sua respectiva

fórmula molecular (GOOR et al. 2009; ANDERSON, 2010)

Trata-se de um potenciador biodisponível oralmente que é projetado para aumentar o

tempo em que os canais ativos da CFTR na superfície da célula permaneçam abertos. As

culturas primárias de células epiteliais brônquicas são usadas para representarem

cuidadosamente o meio patológico nato da doença pulmonar na FC e podem ser usadas para

Page 40: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

41

caracterizar, realmente, a farmacologia dos moduladores da CFTR. Os estudos iniciais in vitro

do efeito do Ivacaftor na secreção de cloreto mediada pela CFTR, foram desenvolvidos em

linhas celulares recombinantes e culturas primárias de células epiteliais brônquicas humanas,

e demonstraram que o Ivacaftor aumentou o transporte de cloreto através da performance de

abertura prolongada do canal da CFTR , além do batimento ciliar ( GOOR et al. 2009).

Estudos validados em culturas de células epiteliais brônquicas humanas isoladas de

doentes, descreveram que o manejo posológico com 150 mg de Ivacaftor aumentou, cerca de

6 vezes mais, a probabilidade de abertura dos canais da CFTR , nas mutações de classe III.

Em adultos e adolescentes (média de idade 26 anos) com um VEF1 médio de 63,6%,

obtiveram um aumento no VEF1 de 10,6% ( LEONARDO, 2014).

Figura 6.4 – Esquema representando o mecanismo de ação simultânea de medicamentos corretores

e potenciadores da CFTR com a mutação delta F508. A: Célula com a mutação delta F508. B:

Célula com a mutação delta F508 sob a ação de um fármaco corretor. C: Célula com a mutação

delta F508 sob a ação de um fármaco corretor e outro potenciador (O’REILLY and ELPHICK,

2013).

Page 41: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

42

O ivacaftor (Kalydeco®), foi desenvolvido pela empresa Vertex Pharmaceuticals

(empresa americana) com um investimento clínico e financeiro bastante significativo por

parte da Cystic Fibrosis Foundation, sendo o primeiro medicamento a ter como alvo a causa

da doença, ou seja, o defeito na proteína CFTR causado pelas mutações no gene.

No Brasil, o medicamento ainda não foi autorizado pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) porém, existem expectativas positivas que seja autorizado em

breve.

Tabela 3. Resumo do tratamento Terapêutico da Fibrose Cística com seus

respectivos mecanismos de ação.

Tratamento Terapêutico Mecanismo de ação

Fisioterapia Respiratória Melhora clearance mucocilar; retarda a progressão da doença;

otimiza a ventilação pulmonar.

Exercício Físico Aumenta performance cardiovascular e capacidade funcional do

pulmão; aliado na higiene brõnquica

Suporte Nutricional Responsável pelos aspectos de sobrevida dos pacientes

Tratamento Farmacológico

Antibioticoterapia Exacerbações : betalactâmicos + aminoglicosídeos = redução da

resistência das bactérias

Exacerbações leves: quinolonas + polimixina E inalatório:

Mucolíticos Diminuem a viscosidade do escarro.Utilizados antes da fisioterapia

respiratória

Broncodilatadores Alivío respiratório; melhora a deposição de outros fármacos

inalatórios

Corticoesteróides Indicado somente em exacerbações graves

AINES Ibuprofeno: inibição na síntese de histamina e bradicinina,

diminuindo o acúmulo de secreções; aumento da produção de

serotonina

Terapia Gênica Administração de DNA ou RNA ,com objetivo compensar as

informações genéticas anômolas.

Agentes

moduladores,potenciadores e

corretores da CFTR

Otimizam a abertura dos canais de cloro e a funcionalidade da

proteína CFTR.

Page 42: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

43

7 CONCLUSÃO

Os acometimentos pulmonares revelam a realidade mais crítica dos portadores de fibrose

cística. Assim, em vários momentos estes pacientes encontram-se com infecções e/ou

exacerbações agudas ou crônicas. Com objetivo de manter a qualidade de vida ao paciente

fibrocístico, equipes multidisciplinares juntamente aos cuidadores e familiares, são

empenhados e capacitados a seguir o manejo terapêutico de forma rigorosa e assídua. Esta

conduta garante aos pacientes melhor adesão a farmacoterapia e consequentemente melhores

prognósticos.

Os antibióticos, os anti-inflamatórios, os broncodilatadores e os mucolíticos são as

classes terapêuticas que compõem o tratamento dos pacientes fibrocísticos com acometimento

pulmonar. Estes fármacos possuem uma grande adesão por parte dos especialistas (os médicos

pneumologistas) pois, o mecanismo de ação de cada classe garante a melhora clínica dos

pacientes nos períodos de agudização. Por conseguinte, alguns fármacos como a azitromicina,

possui mecanismo duplo de ação, ou seja, age no combate à bactérias ao mesmo tempo que

possui atividade anti-inflamatória e imunomoduladora.

A disposição destas classes terapêuticas no Componente Especializado de Assistência

Farmacêutica, certamente fortalece sua prescrição, visto que possibilita a acessibilidade aos

medicamentos tanto no âmbito hospitalar (pacientes internados) quanto para o tratamento de

manutenção.

As novas perspectivas terapêuticas, como a terapia gênica e os moduladores da proteína

CFTR, trazem esperanças para os profissionais e os demais envolvidos no manejo e

acompanhamento dos pacientes com fibrose cística. Inovações terapêuticas associadas ao

diagnóstico precoce da doença, resultará em uma nova história aos portadores da FC, pois os

estudos voltados a essas novas terapias , tendem a “corrigir os defeitos genéticos” antes

mesmo das primeiras manifestações clínicas.

Page 43: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

44

8 REFERÊNCIAS

ANDERSON P.Emerging therapies in cystic fibrosis. Ther.Adv.Respir Dis, p.177- 185,

2010.Disponível em :http://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1753465810371107.

Acesso em 07 set/2017.

AITH, F. ;BUJDOSO,Y.; ROBERTO, P. ; DALLARI, S. Os princípios da universalidade e

integralidade do SUS sob a perspectiva da política de doenças raras e da incorporação

tecnológica. R. Dir. sanit., São Paulo v.15 n.1, p. 10-39, mar./jun. 2014.

ALEXANDER, C.; IVETAC, A.; LIU, X.; NORIMATSU, Y. ; SERRANO, JR.

; LANDSTROM, A.; SANSOM, M.; DAWSON, C. Cystic Fibrosis Transmembrane

Conductance Regulator: Using Differential Reactivity toward Channel-Permeant and

Channel-Impermeant Thiol-Reactive Probes To Test a Molecular Model for the Pore.

Biochemistry, Washigton, v.48, n. 42, p.-10078–10088 ,2009.

BATISTA, C.M.; CARVALHO, C.M.B.;MAGALHÃES, N.S.S. Lipossomas e suas

aplicações terapêuticas: Estado da arte, Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.

43, nº 2, p. 167179,Abr/Jun2007.Disponívelem:<http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v43n2/02.pdf>

Acesso em : 07 set/ 2017.

BERNADI, P. M. Avaliação por microdiálise da penetração pulmonar da tobramicina em

modelo de pneumonia por microrganismo formador de biofilme. Dissertação (Mestrado em

Ciências Farmacêuticas). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. p.25-112, Porto

Alegre 2016.

BRASIL, Ministério da Saúde 2016 .Antibiótico Inalatório (Tobramicina) para colonização

das vias aéreas em pacientes com Fibrose Cística. Ministério da saúde Secretaria de

Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício

Sede, 8° andar CEP: 70058-900, Brasília– DF.

Disponível em.::::::.:..<conitec.gov.br/images/.../2016/Relatorio_Tobramicina_Fibrose-

Cistica_final.pdf >. Acesso em 23 set./2017

Page 44: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

45

BRASIL; Ministério da saúde. Protocolo Clinico e Diretrizes Terapêuticas. Fibrose Cística –

Manifestações Pulmonares. Portaria nº 224, de 10 de maio de 2010. Disponível em

:<bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2010/prt0224_10_05_2010.html>Acesso em 01

ago/2017.

CABELLO GMK, “Avanços da Genética na Fibrose Cística”, Revista do Hospital

Universitário Pedro Ernesto, v. 10, p. 36-44, Campo Grande ,Dezembro 2011. Disponível

em:<http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=71>. Acesso em : 30 ago/2017

CASTRO, M.C.S.; FIRMIDA, M.C. O Tratamento na Fibrose Cística e suas

complicações. Santa Catarina. Secretaria de Estado da Saúde. Superintendência da Rede de

Serviços Próprios. Hospital Infantil Joana de Gusmão. Fibrose cística enfoque

multidisciplinar / Secretaria de Estado da Saúde; Coordenação geral Norberto Ludwig Neto–

p.688, Florianópolis, 2008.

COUSAR-TAYLOR, J. L .; KESSEL,K. A. V.; YOUNG, R.; NICHOLS, D.P. Potential of

anti-inflammatory treatment for cystic fibrosis lung disease, Journal of Inflammation

Research, v. 3, p. 61-74, 2010.Disponível em

:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3218732/pdf/jir-3-061.pdf> Acesso em 01

set/2017.

CHMIEL , J.F.; KONSTAN, M.W.; ELBORN, J.S. Antibiotic and Anti-Inflammatory

Therapies for Cystic Fibrosis.Cold Spring HarbPerspect Med, v.3, p 1-12, 2013. Disponível

em <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3784810/pdf/cshperspectmed-CYS-

a009779.pdf>Acesso em 10 set/2017.

CYSTICFIBROSIS FOUNDATION [www.cff.org/ research/drugdevelopmentpipeline].

New York: Association of Cystic fibrosis Resources. Disponível em:

<https://www.cff.org/Care/Clinical-Care-Guidelines/Respiratory-Clinical-Care-

Guidelines/Chronic-Medications-to-Maintain-Lung-Health-Clinical-Care-Guidelines/>Acesso

em07 set/2017

Page 45: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

46

DALCIN, P.T.R.; SILVA,F.A.A. Fibrose cística no adulto: aspectos diagnósticos e

terapêuticos. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 34, n. 2, p. 107-117, 2008. Disponível

em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132008000200008

Acesso em: 23 fev./2017>

DAMAS, C. ; AMORIM, A.; GOMES, I. “Fibrose Quística: Revisão”, Rev. Portuguesa de

Pneumologia, v.14, nº1, p. 89-112, Fevereiro 2008.

DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Saúde. Portaria nº 94, de 20 de maio de

2009. Regulamento técnico para fornecimento de fórmulas para fins especiais para

atendimento domiciliar no âmbito do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.

buriti.df.gov.br>. Acesso em : 30 ago./2017

DERICHS N. Targeting a genetic defect: cystic fibrosis transmembrane conductance regulator

modulators in cystic fibrosis.Eur Respir Rev, p. 58-65, 2013. Disponível em :

<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23457166> Acesso em 01 set/2017.

DORNELAS, E.C.; FERNANDES, I.M.; GALVÃO, L.C.;. SILVA, G.A. Estudo do quadro

pulmonar de pacientes com fibrose cística. Jornal de Pediatria, v.76, n.4, p. 295-299, 2000.

Disponível em :<http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-04-295/port.pdf>Acesso em 29

ago/2017

DORING, G.HOIBY ,N. Early intervention and prevention of lung disease in cystic fibrosis:

a European consensus. ,Journal of Cystic Fibrosis, v. 3 , p.67-91, 2004. Disponível em

:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15463891> Acesso em 25 ago/ 2017.

FLUME, P.A.; MOGAYZEL, P.J.J. ;ROBINSON, K.A.; GOSS, C. H.; ROSENBLATT,

R.L.;KUHN, R.J.; MARSHALL, B.C.

CysticFibrosisPulmonaryGuidelinesTreatmentofPulmonaryExacerbations.Rev. Pulmonary

Perspective, v. 180, p.805-806, 2009.Disponível em

:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20675678> Acesso em 19 ago/2017

Page 46: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

47

FILHO,L.V.R.S. ; PINTO, L.A.; STEIN, R.T. Use of macrolides in lung diseases: recent

literature controversies. J.Pediatr Rio J, p.53-57, 2015. Disponível em

:<http://www.scielo.br/pdf/jped/v91n6s1/en_0021-7557-jped-91-06-s1-0s52.pdf> Acesso em

:25 ago/2017

GELLER ,D.E. Aerosol Antibiotics in Cystic fibrosis. Respir Care, n.5 v. 54, p.658-666,

2009.

Disponível em :<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19393109> Acesso em : 10 set/

2017.

GOMES, M.Papel dos macrolídeos como agentes imunomoduladores. Doenças Pulmonares

Obstrutivas, v. 82, p. 56, 2006. Disponível

em:<target.com.br/newclients/sbpt.org.br/2011/.../SBPT_Resumo_Artigos_21072008.pdf>.A

cesso em 25 Marc /2017

GOOR, F.V .; HADIDAA, S.; GROOTENHUISA, P.D.J.; BURTON, B.; CAOA, D.;

NEUBERGERA, T.; TURNBULLA, A.; SINGHA, A.; JOUBRANA, J.; HAZLEWOODA,

A.; ZHOUA, J.; MCCARTNEYA, J.; ARUMUGAMA, V.; DECKERA, C.; YANGA, J.;

YOUNGA, C.; OLSONB, E.R.; WINEC , J.J.; FRIZZELLD, R.R.A.; ASHLOCKE, M.;

NEGULESCUA , P. Rescue of CF airway epithelial cell function in vitro by a CFTR

potenciator, VX-770.Rev. PNAS, v. 106, nº 44, p. 18825-18830, Nov , 2009. Disponível em

:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2773991/pdf/zpq18825.pdf>Acesso em :

03 set/ 2017.

HAACK, A.;ARGÃO , M. R. C.; NOVAES, G.Fisiopatologia da Fibrose Cística e drogas

habitualmente utilizadas nas manifestações respiratórias: o que devemos saber.Com. Ciências

Saúde.,p.255-262, DF,2014.

HOFFMANN, A.; PROCIANOY, EFA. Infecção Respiratória na Fibrose Cística, Rev.

HCPA, v.7, p. 216-223, 2011. Disponível em

:seer.ufrgs.br/hcpa/article/download/20863/12879. Acesso em : 03 set/2017.

Page 47: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

48

KONSTAN , M. W.;. SCHLUCHTER, M.D.; XUE, W.;. DAVIS, P.B. Clinical use of

ibuprofen is associated with slower FEV1 decline in children with Cystic Fibrosis, Am. J.

Resp Crit Care Med, v. 176, p. 1084-1089, 2007. Disponível em

:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2176097/pdf/AJRCCM176111084.pdf>

Acesso em : 01 set/ 2017.

LANDS, L.C.; STANOJEVIC, S. Oral non-steroidal anti-inflammatory drug therapy for lung

disease in cystic fibrosis.Cochrane Database of Systematic Reviews, 2016. Disponível em

:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10796797> Acesso em 03 set /2017.

LIMA ,H. C.Fatos e mitos sobre imunomoduladores. Rev. ABD, v.82, n.3, p. 207-221,

jun/2007. Disponível em :<http://www.scielo.br/pdf/abd/v82n3/v82n03a02.pdf>Acesso em :

22 fev./2017

LINSDEL, P. Mechanism of chloride permeation in the cystic fibrosis transmembrane

conductance regulator chloride channel, Department of Physiology & Biophysics,

Dalhousie University, Halifax, Nova Scotia B3H 1X5, Canada 2005.Disponível em

<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2443667> . Acesso em 23 fev.2017.

LUTZ, L.; PARIS , F.; VIEIRA, M. I.; MARQUES , E.A.; BARTH,A.L. Bacteriologia da

Fibrose Cística, Rev. HCPA, v. 32, p. 168-184, 2011. Disponível

em:<http://seer.ufrgs.br/hcpa/article/viewFile/21152/12749> Acesso em : 20 ago/2017.

MARINHO, J. F. Doenças Raras e Medicamentos Órfãos. 2016. 25f. Dissertação (Mestrado

em Ciências Farmacêuticas) .Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da

Saúde, Fernando Pessoa. 2016.

MORROW, B.M.;ARGENT, C.A.; ZAR, H.Z.; WESTWOO, A. T. R. Improvements in lung

function of a pediatric cystic fibrosis population in a developing country”, Jornal de

Pediatria, V. 84, n. 5, p. 403-409, 2008. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/jped/v84n5/v84n5a05.pdf>. Acesso em : 29 ago/2017

NORIMATSO ,Y.; IVETAC, A.; ALEXANDER, C.; KIRKHAM, J. ; O'DONNELL, N.;

Page 48: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

49

DAWSON ,D.C.; SANSOM , M.S.CFTR: A molecular model defines the architecture of the

anion conduction pathand locates a “bottleneck” in the pore. Department of Physiology and

Pharmacology. v.10, p.188 ,Portland, United States 2012. Disponível em:

<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22352759>. Acesso em 15 març.2017

OLIVEIRA, C.R.C. ; MELAMED, C.; MACHADO, R. Política da ‘expertise’.Doenças raras

e gestão das tecnologias em saúde pelo SUS. Revista Brasileira de Ciência,Tecnologia e

Sociedade,v.2, n.2, p.150-186, Brasília- DF jul/dez 2011.Disponível em:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2010/prt0224_10_05_2010.html>Acesso em

04 marc.2017.

OKAY, T.S.; OLIVEIRA, W.P.; JÚNIOR, R.Z.; RODRIGUES, J.C.; DEL NEGRO, G.M.B.

Frequency of the ∆F508 mutation in 108 cystic fibrosis patients in São Paulo:

comparison with reported braziliandata. Clinics, v.60, n.2 , São Paulo, 2005.Disponível

em:<http://dx.doi.org/10.1590/S1807-59322005000200009> .Acesso em 20 fev.2017

O’REILLY, R.; ELPHICK, E.H.Development, clinical utility, and place of ivacaftor in the

treatment of cystic fibrosis. J.Drug Design, Development and Therapy, p. 929-935,

2013.Disponívelem :<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3770629>Acessoem :

07 set/2017.

PETER, J.; MOGAYZEL, JR.; NAURECKAS, E.T.;. ROBINSON, K.A.; MUELLER,G.;

HADJILIADIS, D.;. HOAG, J.B.; LUBSCH, L.; HAZLE, L.; SABADOSA, K.;

MARSHALL, B.; THE PULMONARY CLINICAL PRACTICE GUIDELINES

COMMITTEE . Cystic Fibrosis Pulmonary Guidelines Chronic Medications for Maintenance

of Lung Health.American Journal of respiratory and critical care medicine ,v. 187, p.681-

685, 2013. Disponível em :<http://www.atsjournals.org/doi/abs/10.1164/rccm.201207-

1160OE>Acesso em 02 set/2017

PAUL, K.; RIETSCHEL, E.; BALLMANN, M.; GRIESE , M.; WORLITZSCH, D.; SHUTE,

J.; CHEN, C.; SCHINK, T.; DORING, G.; KONINGSBRUGGEN, V. S.Effect of Treatment

with Dornase Alpha on Airway Inflammation in Patients with Cystic Fibrosis. American

Page 49: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

50

journal of respiratory and critical care medicine, v. 169, p.720-723, 2004. Disponível em

:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/146845611>Acesso em : 09 set/2009

REISINHO, M.C.M.S.R.O; GOMES, B. P.Intervenções de enfermagem no monitoramento de

adolescentes com fibrose cística: uma revisão da literatura. Rev. Latino-Am. Enfermagem,

São Paulo 2016, v.24, p.1-8. Disponível em

:<www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104...lng=pt&nrm.> Acesso em : 23

fev./ 2017.

RIBEIRO, J. D. ; RIBEIRO,M.A.G.O.;RIBEIRO, A.F. Controvérsias na fibrose cística – do

pediatra ao especialista. Jornal Pediatria, Rio de Janeiro 2013,v.78 ,n.2 ,p.171-186.

Disponível http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/12629 > Acesso em

Fev/2017

ROSA, F. R. Novas estratégias de diagnóstico da fibrose cística, São Paulo,Rev. Nutr.

Campinas, v.6 ,n. 21, p. 725-737, dez., 2008.

SANTOS, C.I.S.; RIBEIRO,J. D.; RIBEIRO,A.F; HESSEL, G. Análise crítica dos escores de

avaliação de gravidade da fibrose cística. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP) - Brasil J Bras. Pneumol, v.2, p.286 ,Campinas,2004.

SARAIVA-PEREIRA ,M.L.; FITARELLI-KIEHL, M.; SANSEVERINO ,M.T.V. A

Genética na Fibrose Cística. Rev. HCPA, p.160-167, 2011. Disponível em

:<http://seer.ufrgs.br/hcpa/article/view/20905>Acesso em: 01 set/2017

SMITH, S.S.;ERICH, D.; STEINLE,E.D.; MARK, E.M.; DAWSON, D.C. Cystic Fibrosis

Transmembrane Conductance Regulator: Physical Basis for Lyotropic Anion Selectivity

Patterns, Department of Physiology & Pharmacology, Oregon Health Sciences

University, Portland, v.114, p.799-817, Michigan, 2008.Disponível em:<http://www.jgp.org>.

Acesso em 23 fev.2017.

WILSCHANSKI, M. M.; MILLER, L.L.; SHOSEYOV, D.; BLAU , H.; RIVLIN , J.;

AVIRAM , M.; COHEN, M.;. ARMONI, S.; YAAKOV, Y.;PUGATCH, T.; COHEN-

Page 50: ABORDAGENS DO TRATAMENTO TERAPÊUTICO AOS …fibra.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/TCC-Cristina-Duarte.pdf · 3 faculdade do instituto brasil - fibra cristina aparecidade oliveira

51

CYMBERKNOH, M.;MILLER, N.L.;. REHA. A.; NORTHCUTT,N.J.; HIRAWAT S.;

DONNELLY,K.; ELFRING, G.L.;AJAYI, T. ; KEREM, E. Chronic ataluren (PTC124)

treatment of nonsense mutation cystic fibrosis, EurRespir J, v. 38, p. 59-69, 2011.Disponível

em:<http://erj.ersjournals.com/content/erj/38/1/59.full.pdf> .Acesso em : 30 ago/2017.