abordagem morfofuncional da mama

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  • 7/23/2019 Abordagem Morfofuncional Da Mama

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    TEXTO 4

    ABORDAGEM MORFOFUNCIONAL DA MAMA

    NEYSA APARECIDA TINOCO REGATTIERI1

    1 INTRODUO

    Mamas so glndulassudorparas apcrinasmodificadas da pele cuja funo

    produzir leite, fonte de alimento para a prole, proporcionando a esta importante

    grau de imunidade durante os primeiros meses de vida. So consideradas rgos

    acessrios do sistema reprodutor1,2,3

    .

    O estudo morfofuncional dessa glndula permite a anlise comparativa entre as

    estruturas anatmicas dela (anatomia topogrfica) e seus aspectos nos estudos

    de imagem (anatomia radiolgica), associando esses achados s mudanas

    cclicas normais que permeiam seu desenvolvimento (fisiologia). O conhecimento

    da sequncia de eventos, que ocorre durante a formao do broto mamrio na

    vida intrauterina (embriologia), permite o entendimento de eventuais alteraesencontradas aps o nascimento, como, por exemplo, a presena de tecido

    mamrio acessrio.

    2 EMBRIOLOGIAEDESENVOLVIMENTOMAMRIO

    As mamas se desenvolvem entre a quinta e a sexta semanas de vida intrauterina,

    como espessamento compacto do ectoderma, na parede anterolateral do corpo,

    que se estende da axila regio inguinal. Este trajeto conhecido como linha

    mamria ou lctea (Figura 1)1, 2,4.

    1Mdica Radiologista. Membro Titular do Colgio Brasileiro de Radiologia. Doutora em Cincias, rea de concentrao

    Anatomia Morfofuncional pela Universidade de So Paulo. Mestre em Medicina, rea de concentrao Radiologia pela

    Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da Universidade Tecnolgica Federal do Paran do curso Superior de

    Tecnologia em Radiologia.

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    Figura 1 - Linha lctea em embrio de cinco semanas.

    Se o desenvolvimento acontecer normalmente, h involuo dessa linha e, na

    oitava semana de gestao, somente a poro destinada a tornar-se mamapersiste para formar o broto mamrio (Figura 2).

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    Figura 2 - Broto mamrio no feto de doze semanas.

    Durante o desenvolvimento embriolgico, o espessamento do ectoderma projeta-se para o interior do mesoderma subcutneo e cada brotamento mamrio

    primitivo originar vrios brotamentos secundrios, os ductos lactferos e seus

    ramos.

    A Figura 3 demonstra esquema de ramos dos ductos lactferos no embrio de

    seis semanas e no feto de doze semanas.

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    Figura 3 Ramos dos ductos lactferos.

    A embrio de seis semanase B feto de doze semanas

    Nos fetos a termo (Figura 4) existe uma simples rede arborizada de ductos e,

    embora os lbulos - que so os elementos glandulares - no apaream at a

    adolescncia, uma descarga papilar pode ocorrer devido ao estmulo hormonal

    materno.

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    Figura 4 Ductos lactferos no feto a termo.

    Quando h falha na involuo das cristas mamrias, pode-se observar odesenvolvimento de tecido mamrio ectpico ou de tecido mamrio acessrio -

    que podem ocorrer em qualquer localizao da linha lctea (Figura 5). A diferena

    entre tecido mamrio acessrio e ectpico que o primeiro ocorre em

    contiguidade com a glndula primria; j em relao ao segundo, h

    descontinuidade com o tecido glandular primrio. O tecido mamrio ectpico

    menos frequentemente observado do que o acessrio, pois h involuo das

    cristas mamrias ainda na vida fetal.

    A axila a regio onde se observa mais comumente tecido mamrio acessrio.

    Este pode estar acompanhado ou no da papila. importante o conhecimento

    dessas variaes, pois, onde h epitlio ductal, existe a possibilidade de

    desenvolvimento de cncer. Como a localizao mais comum de tecido acessrio

    na regio axilar, os estudos de imagem devem incluir o mximo possvel dessa

    regio.

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    Figura 5 - Linhas lcteas, tecido mamrio acessrio e tecido mamrio ectpico.

    As mamas desenvolvem-se dentro de uma fscia de camada superficial que se

    localiza logo abaixo da pele, no se sabendo, ao certo, quando a camada

    superficial se divide originando tambm uma camada profunda. Assim, h

    formao de um envelope incompleto que circunda a mama (Figura 6).

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    Figura 6 Camadas constituintes da mama.

    importante salientar que a maioria dos cnceres (aproximadamente 70%) se

    desenvolve no parnquima, em uma zona com um centmetro de largura,

    localizada imediatamente abaixo da gordura subcutnea ou anterior gordura

    retromamria, onde se encontra a maior parte do tecido glandular, denominada

    zona perifrica.

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    Ao nascimento, os ductos principais j esto formados; porm, os lbulos - que

    so elementos glandulares - aparecem apenas na mulher e no perodo puberal,

    como consequncia de estmulos hormonais.

    O desenvolvimento mamrio leva a um aumento volumtrico do tecido adipososubcutneo e do tecido conectivo; leva tambm proliferao e alongamento dos

    elementos ductais, que se estendem profundamente em direo ao tecido

    subcutneo (Figura 7).

    Figura 7 - Anatomia mamria demonstrada em corte sagital.

    importante lembrar que o tecido mamrio permanece incompletamentedesenvolvido at a gestao. Durante a gravidez, os canais intralobulares

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    desenvolvem-se rapidamente originando os brotamentos, que constituiro os

    alvolos.

    Os diferentes tamanhos das mamas ocorrem pelo desenvolvimento do tecido

    conjuntivo e adiposo e no pelos elementos glandulares. A quantidade destes semelhante entre mulheres com diferentes tamanhos de glndulas mamrias.

    O desenvolvimento completo das mamas pode levar muitos anos e no estar

    completo at a terceira dcada de vida.

    Para que haja lactao, deve haver um desenvolvimento completo das mamas.

    Assim, uma gravidez a termo um dos fatores responsveis pela rpidadiferenciao lobular.

    Quando a mama preparada para a lactao, ocorre um desenvolvimento lobular

    adicional. Aps seu trmino, h involuo de muitos destes lbulos.

    Uma mulher que teve uma gravidez a termo aos 18 anos de idade possui um risco

    menor de desenvolver cncer em relao quela que permaneceu sem uma

    gravidez a termo at os 30 anos, pois houve uma reduo no tempo em que

    fatores carcinognicos poderiam atuar durante o perodo de diferenciao lobular.

    Nos homens, as mamas permanecem no estdio de desenvolvimento infantil,

    contendo ductos primitivos. Durante a adolescncia, pode ocorrer ginecomastia

    secundria a flutuaes hormonais. Geralmente h resoluo espontnea, sem

    necessidade de interveno cirrgica.

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    Glossrio

    Ectoderma: A mais externa das camadas germinativas primrias do embrio.

    Derivam dela: a epiderme; as unhas; os pelos; o sistema nervoso; os

    rgos externos dos sentidos e as membranas mucosas da boca edo nus.

    Endoderma:A mais interna das trs camadas germinativas primrias do embrio.

    Dela derivam: o epitlio da faringe e o restante do tubo digestivo, a

    bexiga e a uretra.

    Glndula: Conjunto de clulas que secretam substncias que no se relacionam

    com suas necessidades usuais.

    Ginecomastia: o nome dado ao crescimento das mamas nos homens devido a

    desequilbrios hormonais.

    Fscia: Bainha ou faixa de tecido fibroso que est situada em profundidade,

    em relao pele.

    Feto a termo:Feto com idade entre 37 e 42 semanas.

    Mesoderma:A camada mdia das trs camadas germinativas primrias do

    embrio, da qual derivam: tecido conjuntivo; tecido sseo; tecido

    cartilaginoso; tecido muscular e o sangue.

    Gravidez a Termo:

    Gravidez completa.

    Glndulas Apcrinas:

    So glndulasespecializadas, grandes e ramificadas, que esvaziam

    seu contedo na poro superior do folculo piloso (no diretamente

    na pele).

    Lbulo: Conjunto de cinos ou alvolos.

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    3. ANATOMIA MACROSCPICA DA MAMA

    Na mulher adulta, a mama caracterizada como uma proeminncia arredondada

    ou cnica localizada na parede torcica anterior.

    Estende-se do segundo ao sexto/ stimo arcos costais e da borda lateral doesterno at a linha axilar mediolateral (Figuras 8 e 9)1,2,5.

    A Figura 8 - Anatomia superficial da mama.

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    Figura 9 - Arola mamria e linhas axilares anterior e mediolateral.

    A arola (Figura 9) possui tecido pigmentado mais espesso que o resto da pele

    mamria. A presena de numerosas glndulas sebceas promove elevaes em

    sua superfcie, conferindo-lhe aspereza. Essas glndulas secretam material

    lipide que lubrifica e protege a papila durante a amamentao. A arola tambm

    possui folculos pilosos e glndulas sudorparas.

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    A espessura normal da pele mamria varia de 0,5 a 2,0 mm no exame de

    mamografia (Figura 10).

    Figura 10 - Aspecto normal da pele mamria no exame de mamografia.

    Fonte: HC USP Ribeiro Preto

    A papila mamria umasalincia cilndrica ou cnica (Figura 11). Est localizada

    aproximadamente na topografia do 4 espao intercostal. Sua pele enrugada,pigmentada, spera e sua superfcie irregular, em que so observados numerosos

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    orifcios (6 a 20) - as aberturas dos canais lactferos. Possuem terminaes

    sensoriais e faixas de musculatura lisa cuja funo ertil facilita a amamentao.

    Figura 11 - Papila mamria de frente e de perfil.

    A gordura subcutnea mamria possui espessura varivel e circunda o cone

    parenquimatoso, porm no o isola completamente. Pode ser encontrado epitlio

    ductal imediatamente abaixo da derme, o que impossibilita uma erradicao total

    do tecido mamrio (Figura12).

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    Figura 12 - Exame de ductografia demonstrando ductos lactferos logo abaixo da pele.

    Notar dilatao dos ductos lactferos com falha de enchimento no interior.

    Fonte: Clinica ImaX

    Os ligamentos de Cooper so estruturas fibrosas (Figura 13). Atravessam,

    sustentam e dividem a mama em compartimentos de maneira incompleta. Esses

    ligamentos sobrepem-se e projetam formas irregulares e espiculadas. Suas

    extenses superficiais so conhecidas como retinacula cutis e do sustentao

    primria s mamas, conectando-as pele.

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    Figura 13 - Ligamentos de Cooper e prega inframamria.

    Fonte: Acervo da UFPR

    O espao retromamrio - bolsa adiposa de Schassagnac (Figura 14) -

    constitudo por tecido adiposo e separa a glndula mamria do plano muscular

    localizado na parede anterior do trax. Na mamografia, sua identificao

    demonstra que o tecido mamrio foi mobilizado anteriormente, para longe da

    parede torcica6.

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    Figura 14 - Espao retromamrio demonstrado em corte sagital da mama.

    O msculo peitoral maior espesso e possui a forma de um leque. Est situado

    na parede torcica anterior, em sua poro superior. Sua ao permite flexionar,

    aduzire girar o brao medialmente.

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    O parnquima mamrio curva-se ao redor da margem lateral do msculo peitoral

    maior; logo, a orientao deste msculo importante para um bom

    posicionamento radiogrfico.

    O msculo peitoral menor delgado e possui forma triangular. Est localizado naporo mais cranial do trax, profundamente ao msculo peitoral maior. Estende-

    se do terceiro ao quinto arcos costais e insere-se no processo coracide da

    escpula. Sua ao permite tracionar a escpula ventral e caudalmente.

    Ocasionalmente pode ser visto na projeo em mdio lateral oblqua (MLO), como

    um segundo tringulo na poro superior da regio axilar, acima do msculo

    peitoral maior, no canto do filme.

    Figura 15 Anatomia mamria.

    O msculo sternalis (Figura16) pode ser visto como uma estrutura radiopaca, em

    forma de chama, quase que completamente separada da parede torcica. Esse

    msculo visto em 4% a 11% da populao e corre paralelamente ao esterno.

    Pode ser uni ou bilateral e parece no possuir importncia funcional. Quando

    presente pode ser visto na incidncia em craniocaudal (CC), na poro medial da

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    mama. O conhecimento dessa variao anatmica importante para que no

    seja confundida com uma leso.

    Figura 16 Exame de mamografia na incidncia em craniocaudal demonstrando o

    aspecto do msculo sternalis.

    Fonte: Clinica ImaX

    O suprimento arterial das mamas realizado pelos seguintes vasos (Figura 17):

    Quadrante supero lateral (QSL) artria torcica lateral, ramo da

    artria axilar.

    Pores centrais e mediais da mama ramos perfurantes da artria

    torcica interna.

    Tecidos laterais ramos das artrias intercostais.

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    Figura 17 - Suprimento arterial mamrio.

    A drenagem venosa mamria realizada pelas veias axilares, torcicas internas e

    intercostais, proporcionando trs grandes rotas para a metstase hematognica

    (Figura 18).

    Figura 18 - Drenagem venosa da mama.

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    A inervao da regio superior das mamas realizada pelo 3 e pelo 4 ramos do

    plexo cervical. A regio inferior mamria por ramos do plexo braquial6 (Figura 19).

    Figura 19 - Inervao mamria.

    .

    Adrenagem linftica mamria (Figura 20) realizada por vasos linfticos que se

    originam em um plexo nos espaos interlobulares, nas paredes dos ductos

    lactferos e em um plexo subareolar. Um ou dois gnglios linfticos da mama,

    localizados na regio axilar, promovem sua drenagem primria e o

    comprometimento ou no desses linfonodos, por clulas cancergenas, so

    importantes para uma deciso teraputica. Esses linfonodos so conhecidos

    como linfonodos sentinelas.

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    Figura 20 - Drenagem linftica mamria.

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    Linfonodos intramamrios podem ser observados em aproximadamente 5% das

    mulheres, nos exames de mamografia, e no possuem importncia clnica (Figura

    21). Esses linfonodos so observados nas pores laterais das mamas, mais

    comumente nas pores superiores do que nas inferiores.

    Figura 21 - Exame de mamografia na incidncia craniocaudal: linfonodo

    intramamrio de aspecto normal.

    Fonte: HC USP Ribeiro Preto

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    4. ANATOMIA SEGMENTAR (MESOSCPICA) DA MAMA

    Os ductos mamrios principais so estruturas tubulares que possuem dilataes

    em suas pores prximas s papilas mamrias denominadas seios lactferos. Os

    ductos principais ramificam-se em ductos segmentares e estes em ductosterminais ou distais. Os ductos terminais acabam em um agrupamento de ductos

    com terminaes cegas, formando uma coleo de cinos - que definida como

    um lbulo (Figura 22).

    Figura 22 - Estruturas mamrias:lbulo, seios lactferos e ductos segmentares da

    mama.

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    O ducto extralobular terminal o ramo final do ducto segmentar quando este

    entra no lbulo.

    O ducto intralobular terminal aporo do ducto terminal dentro do lbulo.

    A Unidade Ducto Lobular Terminal (UDLT) a unidade glandular (Figura 23),

    estrutura mais importante da mama, formada pelo ducto extralobular terminal e

    pelo lbulo (conjunto de cinos). na UDLT que o leite produzido.

    O volume e a regio drenada por cada rede de ductos so extremamente

    variveis e podem ramificar-se em quadrantes diferentes. Postula-se que a

    maioria dos cnceres de mama, assim como a maioria das doenas benignas,origina-se na UDLT.

    Figura 23 - Desenho da mama em corte sagital com destaque para o a unidade

    ducto lobular terminal.

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    Glossrio

    Abduzir:Abrir em relao ao plano sagital mediano do corpo.

    Aduzir:Fechar em relao ao plano sagital mediano do corpo.

    Caudal:Inferior.Derme: Camada cutnea que se segue, em profundidade, epiderme (camada

    celular superficial). A derme e a epiderme juntas constituem a pele.

    Fscia: Faixa de tecido fibroso situada profundamente em relao pele. Pode

    revestir msculos e vrios tecidos do corpo.

    Ventral:Anterior.

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    5. ESTRUTURAS E HORMNIOS ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO

    DAS MAMAS E NA LACTAO

    A mama um rgo dinmico susceptvel a flutuaes hormonais cclicas.

    Durante a infncia no h diferenas entre as mamas nos dois sexos. Estas soiniciadas durante a adolescncia, devido ao estmulo hormonal 2,7.

    A telarca precede a menarca. A partir de estimulao hormonal, os botes

    mamrios aumentam tornando-se discos palpveis sob as papilas mamrias. Os

    ductos crescem para trs e o desenvolvimento lobular comea.

    O incio dos eventos ocorre no hipotlamo, estrutura pertencente ao sistemanervoso central, localizada no diencfalo. No hipotlamo, ocorre a liberao de

    um hormnio denominado hormnio liberador de gonadotropina (GnRH), que atua

    na regio anterior da hipfise promovendo a sntese de hormnios hipofisrios

    sexuais: o hormnio folculo estimulante (FSH) e o hormnio luteinizante (LH).

    Estes agem nos ovrios promovendo, como resposta, a secreo de estrognio e

    progesterona7.

    A prolactina o hormnio que promove a secreo do leite; sua sntese ocorre na

    regio anterior da hipfise.

    A ocitocina um hormnio produzido no hipotlamo (ncleos paraventriculares),

    sendo armazenada na regio posterior da hipfise. Age nas clulas mioepiteliais

    que circundam as paredes externas dos alvolos. Faz com que essas se

    contraiam ejetando o leite dos alvolos para os ductos. O estmulo primrio para a

    ejeo do leite a suco do complexo papilo areolar pelo lactente.

    O estrognio e a progesterona so secretados em taxas diferentes,

    caracterizando um ciclo denominado ciclo sexual mensal da mulher, mais

    conhecido como ciclo menstrual. Mensalmente, em cada ciclo sexual feminino

    (durao mdia de 28 dias), h um aumento e uma diminuio tanto do FSH

    como do LH7, conferindo certa regularidade a esse ciclo.

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    Figura 24 - Desenho ampliado do hipotlamo e da hipfisedemonstrando os

    hormnios hipofisrios e seus locais de atuao no corpo humano.

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    6. CORRELAO ENTRE O CICLO OVARIANO E AS ALTERAES

    TECIDUAIS OBSERVADAS NA MAMA

    Fase proliferativa (terceiro ao stimo dia): primeira fase do ciclo. H uma

    preponderncia do FSH, promovendo o crescimento folicular ovariano. Nasmamas, microscopicamente, observa-se um aumento da taxa de mitose nas

    clulas acinares, indicando proliferao celular. Nenhuma secreo observada e

    os lbulos so definidos como um manto celular denso2,7.

    Fase folicular (entre oitavo e dcimo quarto dia): h uma reduo na atividade

    mittica das clulas acinares. Em torno do dcimo quarto dia h um pico de LH,

    ocorrendo a ovulao

    1,2

    .

    Fase ltea (dcimo quinto ao vigsimo dia): esta fase depende essencialmente

    do LH. Os ovrios secretam grandes quantidades de progesterona e estrognio

    (mais progesterona do que estrognio). Aqui so observadas secrees nos

    ductos e os tecidos mamrios tornam-se edemaciados pela congesto venosa,

    explicando o desconforto que algumas mulheres sentem antes da menstruao.2.7

    Fase menstrual (vigsimo oitavo ao segundo dia): se no houver fecundao

    h involuo do corpo lteo. Ocorre, ento, a menstruao. Na mama, cessa a

    secreo ativa e o ciclo se repete2,7.

    As alteraes microscpicas acima descritas no foram documentadas

    claramente pelos mtodos de imagem.

    Alguns autores sugerem que a mamografia deva ser executada antes da

    ovulao, com o objetivo de reduzir-se o desconforto durante a compresso

    mamria.

    A Figura 25 demonstra esquema do desenvolvimento endometrial e do folculo

    ovariano a partir da ao dos hormnios gonadotrficos.

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    Figura 25 - Desenvolvimento endometrial e do folculo ovariano sob ao dos

    hormnios gonadotrficos.

    A involuo mamria ocorre com a idade, porm o perodo exato no qual

    acontece ainda no est claro. O processo de involuo no uniforme, sendo

    bastante varivel entre mulheres da mesma idade. Alguns autores acreditam que

    a involuo mamria comece no incio da terceira ou quarta dcadas de vida.

    Outros acreditam que essas mudanas acontecem gradualmente, com o aumento

    da idade, mas no em todas as mulheres. Entre mulheres de 45 a 60 anos,

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    parece haver uma acelerao desse processo. As variaes detectveis nos

    exames de mamografia esto geralmente relacionadas s flutuaes de peso2.

    Glossrio

    Diencfalo: Parte constituinte do encfalo que liga o mesencfalo com os

    hemisfrios cerebrais. Formado pelas estruturas anatmicas que

    delimitam o terceiro ventrculo: tlamo, metatlamo, hipotlamo,

    subtlamo e epitlamo1.

    Hipotlamo: Parte do diencfalo. Controla vrios processos vitais, vrios

    associados ao sistema nervoso autnomo (regulao da

    temperatura corporal, balano hdrico, apetite, etc.)1.

    Menarca: Primeira menstruao.

    Mitose: Diviso celular onde os ncleos celulares originados possuem o

    mesmo patrimnio gentico das clulas genitoras

    Ncleos Paraventriculares:

    Um dos vrios ncleos que constituem o hipotlamo. Nele

    produzido o hormnio ocitocina6.

    Telarca: Incio do desenvolvimento das glndulas mamrias.

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    REFERNCIAS

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