abordagem clinica no comunitario

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33 Psicologia & Sociedade; 17 (2): 33-41; mai/ago.2005 ABORDAGEM CLÍNICA NO CONTEXTO COMUNITÁRIO: UMA PERSPECTIVA INTEGRADORA Liana Fortunato Costa Universidade de Brasília Shyrlene Nunes Brandão Universidade Católica de Brasília RESUMO: Esse texto busca circunscrever uma categoria de intervenção que é de natureza clínica, mas que ocorre em contexto social/comunitário. Os conceitos de clínica e de comunidade são brevemente discutidos, a fim de que o desenvolvimento dessa intervenção surja não da superposição ou transposição de abordagens, mas, sobretudo, que possibilite reformular e criar novas formas de atuação. Propomos definir uma prática que revela uma epistemologia, que se situa nessa observação clínica, mas que também é do contexto, do grupo, da família e da dimensão política, porque se passa nessa zona complementar de interação de pessoas que são sujeitos de emoção e afeto, mas seres sociais por excelência. Palavras-chave: Psicologia Clínica; Psicologia Social Comunitária; Psicossociologia; comunidade; intervenção comunitária. CLINICAL APPROACH IN A COMMUNITARIAN CONTEXT: AN INTEGRATING PERSPECTIVE ABSTRACT:This paper focuses on a category of intervention which is of clinical nature, although it occurs in a social/community context. We briefly discuss the concepts of clinic and community, so that the development of such intervention may emerge not from the juxtaposition or transposition of approaches, but, above all, that it gives the possibility of reformulating and creating new courses of action. We propose the definition of a practice which reveals an epistemology, which is situated in clinical observation as well as belonging to a context, group, family and political dimension, because it takes place in the complementary zone of interaction among people who are subjects of emotion and affection, however, social beings per excellence. Key-words: clinical psychology, community social psychology, psychossociology, community, community intervention. A complexidade dos objetos de estudos da psi- cologia levou a uma diversidade teórico-metodológica que visa explicar/compreender e intervir nos fenôme- nos estudados, em diferentes áreas de atuação dessa ciência. Não é possível pensarmos a Psicologia ape- nas a partir de uma abordagem, nem como sendo representada por uma área de atuação. No entanto, essa multiplicidade que poderia enriquecer, ao se fe- char em suas compreensões, depaupera a capacidade do profissional de promoção do bem-estar dos indiví- duos e da comunidade, um dos princípios fundamen- tais do exercício da profissão de Psicólogo (Conselho Federal de Psicologia, 1987). Diante dessa questão e do desafio da complexidade dos fenômenos aborda- dos em Psicologia Comunitária, buscamos nesse tex- to circunscrever uma proposta de intervenção clínica, que ocorre em contexto de comunidade, e que consi- dera o contexto social mais amplo, e suas influências sobre os sujeitos, os grupos e as famílias. Essa discussão será traçada a partir das contri- buições de cinco campos do conhecimento da Psico- logia e da Sociologia: Psicologia Clínica, Psicologia Social Comunitária, Psicologia Sócio-histórica, Psicossociologia e a Sociologia Clínica. Cada uma dessas áreas, algumas com diferentes fundamentações epistemológicas e não redutíveis umas às outras, tem contribuído para construir uma prática não proveni- ente da superposição ou transposição de modelos, mas, sobretudo, da tentativa de reformulação e elaboração de novas formas de atuação. Esse texto está organizado em um primeiro momento, no qual serão discutidas algumas contri- buições epistemológicas dessas áreas para a proposta de intervenção, e em seguida o desenvolvimento da proposta. CLÍNICA COMO ABORDAGEM Ao propormos o diálogo da Psicologia Social Comunitária com a Psicologia Clínica, tomamos o significado de clínica em nossa proposta, não como uma área, mas como uma abordagem, uma forma de olhar. Alguns teóricos da Psicossociologia e da Socio-

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    Psicologia & Sociedade; 17 (2): 33-41; mai/ago.2005

    ABORDAGEM CLNICA NO CONTEXTO COMUNITRIO:UMA PERSPECTIVA INTEGRADORA

    Liana Fortunato CostaUniversidade de BrasliaShyrlene Nunes Brando

    Universidade Catlica de Braslia

    RESUMO: Esse texto busca circunscrever uma categoria de interveno que de natureza clnica, mas queocorre em contexto social/comunitrio. Os conceitos de clnica e de comunidade so brevemente discutidos, afim de que o desenvolvimento dessa interveno surja no da superposio ou transposio de abordagens,mas, sobretudo, que possibilite reformular e criar novas formas de atuao. Propomos definir uma prtica querevela uma epistemologia, que se situa nessa observao clnica, mas que tambm do contexto, do grupo, dafamlia e da dimenso poltica, porque se passa nessa zona complementar de interao de pessoas que sosujeitos de emoo e afeto, mas seres sociais por excelncia.Palavras-chave: Psicologia Clnica; Psicologia Social Comunitria; Psicossociologia; comunidade; intervenocomunitria.

    CLINICAL APPROACH IN A COMMUNITARIAN CONTEXT: AN INTEGRATING PERSPECTIVE

    ABSTRACT:This paper focuses on a category of intervention which is of clinical nature, although it occurs in asocial/community context. We briefly discuss the concepts of clinic and community, so that the development ofsuch intervention may emerge not from the juxtaposition or transposition of approaches, but, above all, that itgives the possibility of reformulating and creating new courses of action. We propose the definition of a practicewhich reveals an epistemology, which is situated in clinical observation as well as belonging to a context,group, family and political dimension, because it takes place in the complementary zone of interaction amongpeople who are subjects of emotion and affection, however, social beings per excellence.Key-words: clinical psychology, community social psychology, psychossociology, community, communityintervention.

    A complexidade dos objetos de estudos da psi-cologia levou a uma diversidade terico-metodolgicaque visa explicar/compreender e intervir nos fenme-nos estudados, em diferentes reas de atuao dessacincia. No possvel pensarmos a Psicologia ape-nas a partir de uma abordagem, nem como sendorepresentada por uma rea de atuao. No entanto,essa multiplicidade que poderia enriquecer, ao se fe-char em suas compreenses, depaupera a capacidadedo profissional de promoo do bem-estar dos indiv-duos e da comunidade, um dos princpios fundamen-tais do exerccio da profisso de Psiclogo (ConselhoFederal de Psicologia, 1987). Diante dessa questo edo desafio da complexidade dos fenmenos aborda-dos em Psicologia Comunitria, buscamos nesse tex-to circunscrever uma proposta de interveno clnica,que ocorre em contexto de comunidade, e que consi-dera o contexto social mais amplo, e suas influnciassobre os sujeitos, os grupos e as famlias.

    Essa discusso ser traada a partir das contri-buies de cinco campos do conhecimento da Psico-

    logia e da Sociologia: Psicologia Clnica, PsicologiaSocial Comunitria, Psicologia Scio-histrica,Psicossociologia e a Sociologia Clnica. Cada umadessas reas, algumas com diferentes fundamentaesepistemolgicas e no redutveis umas s outras, temcontribudo para construir uma prtica no proveni-ente da superposio ou transposio de modelos, mas,sobretudo, da tentativa de reformulao e elaboraode novas formas de atuao.

    Esse texto est organizado em um primeiromomento, no qual sero discutidas algumas contri-buies epistemolgicas dessas reas para a propostade interveno, e em seguida o desenvolvimento daproposta.

    CLNICA COMO ABORDAGEMAo propormos o dilogo da Psicologia Social

    Comunitria com a Psicologia Clnica, tomamos osignificado de clnica em nossa proposta, no comouma rea, mas como uma abordagem, uma forma deolhar. Alguns tericos da Psicossociologia e da Socio-

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    Costa, L.F.; Brando, S.N. Abordagem clnica no contexto comunitrio: uma perspectiva integradora

    logia Clnica, a nosso ver, definem de uma formaampla essa compreenso de clnica ao voltarem origem da palavra.

    Barbier (1985) explica que a origem da pala-vra clnica provm do grego, klin, que significa pro-cedimento de observao direta e minuciosa (p. 45).Esse autor tambm aponta que a clnica inclui a ex-plorao e compreenso dos significados presentes nasaes do sujeito, bem como dos grupos de sujeitos,buscando-se lhes apreender o sentido que leva a de-terminadas direes de relacionamentos, conflitos edecises. Para Svigny (2001) o sentido etimolgicoda palavra se refere observao direta, junto ao lei-to do paciente. Essa compreenso tem norteado a pro-posta do autor de uma abordagem clnica nas cinci-as humanas, na qual o foco a mudana, prevenoou melhoria de uma determinada situao, no senti-do de construo de novas respostas.

    Na proposta apresentada nesse texto, o leito a comunidade, as famlias, grupos e instituies quedela fazem parte. A complexidade presente nesse con-texto exige que utilizemos diferentes contribuiestericas, sem reduzi-las, mas reconhecendo os aspec-tos convergentes e divergentes presentes entre elas. Porum lado, atuamos numa perspectiva que Vasconcellos(2002) aponta como sistmica, na medida em quereconhece o pensamento estruturado no trip: subjeti-vidade, complexidade e contexto. Esses trs aspectosso bases da compreenso e das aes com os grupose/ou indivduos. Por outro lado tambm pautamosnossa leitura numa perspectiva de que as relaes nacomunidade esto permeadas por relaes de poder,e que esse poder est intimamente vinculado aopertencimento, a classe social e ao momento histri-co (Saffioti, 1992).

    COMUNIDADE: CONTEXTO DE RELAESConceituamos comunidade como dimenso es-

    pao/temporal na qual os sujeitos so compreendidoscom foco em suas relaes, sendo constitudos pormeio destas, em uma constante dialtica entre indivi-dual e coletivo. A comunidade se expressa como es-pao de construo de cidadania, no qual todas asfalas so legtimas (Freitas, 2000; Guareschi, 2003).Esse conceito, que pode parecer utpico, tomadonessa perspectiva para que marque o desafio de atu-armos focando as relaes entre indivduos, e entreestes e a sociedade, em uma busca de valorizao dasrelaes comunitrias que visem o bem comum (Ricci,2003).

    Nos ltimos quinze anos temos trabalhado nasistematizao de metodologias de interveno clni-ca em contexto comunitrio (Costa, 1998; Costa 1998a; Costa, 1998/1999; Costa, 1999; Costa, 2003;Brando, 2001; Brando e Costa, 2003), que buscam

    descrever aes com famlias, visando intervir em seusofrimento, e que so complementares em seusparadigmas clnicos com expresso no ambiente s-cio-comunitrio. Entendemos que o sistema familiarpropicia o mbito dessa experincia porque oferececonflitos de natureza pessoal (a baixa auto-estima dame, por exemplo), conflitos de natureza relacional(violncia na interao conjugal), bem como confli-tos entre os membros da famlia que esto vinculados gerao de renda local (adolescentes ingressandono narcotrfico).

    Guareschi (2004) aponta como primordial areflexo sobre o conceito de relao, colocando-o comoo conceito central da Psicologia Social (p. 60), eenfatizando que estamos em relao, e que o grupo a existncia ou no de relaes. Esse mesmo pontofocal tambm a proposta epistemolgica deVasconcellos (2002). Essa autora, uma psicloga comgrande produo nacional e reconhecimento interna-cional, tem inspirado a discusso, no contexto dosterapeutas familiares, sobre o que se trata uma abor-dagem relacional. Sua proposta compreende umaperspectiva sistmica que se configura numa viso dosujeito na relao com o outro, na sua condio ine-rente de complexidade, no reconhecimento da pre-sena da subjetividade/individualidade nas relaes.Essa perspectiva de contextualizao, a partir decausalidades recursivas, da instabilidade dos sistemase da incluso do observador na observao e na cons-truo do conhecimento.

    Em uma perspectiva da Psicologia Scio-hist-rica e da Psicologia Social Comunitria, as relaesso analisadas na forma como se do entre indivdu-os e/ou entre indivduos e instituies. A dimenso dopoder tem relevncia central na anlise das relaes.Elas podem ser configuradas como relaes de domi-nao, quando h a assimetria de poder ou como re-laes comunitrias, que ocorre quando h igualda-de de direitos e deveres (Guareschi, 2000).

    So dois enfoques diferentes para pensar rela-o, porm complementares, que podem ser contem-plados nas questes que emergem no contexto comu-nitrio, possibilitando ampliar a compreenso dosfenmenos abordados, produzindo uma intervenomais complexa que integre a dimenso individual esocial.

    RELAO INDIVDUO E SOCIEDADE:SUA IMPLICAO PARA PENSAR O SOFRIMENTO

    Uma interveno comunitria, em algumamedida se d quando h sofrimento, do indivduo, deum grupo e/ou de uma comunidade. Intervir nessesofrimento, sem pensar sobre os inmeros elementosenvolvidos em sua produo, pode ser, no mnimo,desastroso.

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    Nesse sentido, pensamos necessrio retomar aantiga discusso sobre a relao indivduo-socieda-de, no dicotomicamente, mas de uma maneiradialtica, para se repensar a constituio do indiv-duo. Vicent de Gaulejac (2001), um terico da Socio-logia Clnica, considera o homem como produto tan-to dos determinantes psquicos e sociais, no sendoestes equivalentes, porm dificilmente dissociveis.Para esse autor, os determinantes sociais produzemum efeito psicolgico que no pode ser compreendidoapenas na sua dimenso individual, sob o risco deaprisionarmos os indivduos na impotncia e culpabi-lidade (p.39). Como tambm no podemos deixarde ver como as questes sociais e econmicas influen-ciam a forma como os indivduos se organizam emsociedade.

    Sawaia (2001) considera o sofrimento huma-no como tico-poltico, produzido por uma histriade desigualdades e injustias sociais, vivenciado peloindivduo, mas que tem origem nas relaesintersubjetivas constitudas socialmente. Essa visocontribui para uma releitura do sofrimento, no comocaracterstico do indivduo, mas como produto de pro-cesso histrico poltico, social e econmico de exclu-so.

    Nesse aspecto, a viso de homem scio-histri-co, apresentada por autores da Psicologia Social Co-munitria e da Psicologia Scio-Histrica se faz ne-cessria nesse dilogo entre a clnica e a comunida-de. A Psicologia como cincia, e da mesma forma aPsicologia Clnica, em sua busca de reconhecimentocientfico, construiu uma noo de fenmeno psicol-gico como algo interno ao homem. Bock (2002), aocriticar essa compreenso, aponta para a necessidadede compreender o fenmeno psicolgico como subje-tividade, concebida como algo que se constitui na re-lao com o mundo material e social, mundo que sexiste pela atividade humana (p.23). Essa perspecti-va crtica da Psicologia Social apresenta tambm umacrtica prpria histria da Psicologia, que muitasvezes sustentou (e ainda sustenta) uma ideologia do-minante e prticas excludentes, ao naturalizar o nor-mal, negando sua naturalizao histrica, e aoculpabilizar o indivduo pelo seu prprio sofrimento(Bock, 2002).

    preciso cuidado para que no sigamos aju-dando as pessoas a conviverem mais felizes em suascondies perversas de vida, naturalizando-as. nor-mal que a mulher cuide dos filhos, mas isso no fazparte da sua natureza. normal ter poucos negrosnas universidades, mas no porque eles no sejamcapazes de ingressar em um curso superior. A natura-lizao no indivduo de fenmenos sociais deve serdenunciada em nossas prticas. Ns, profissionais dapsicologia, e de outras reas, que lidamos com o ser

    humano, precisamos assumir nossa responsabilidadenos processos de excluso e estar atentos para nocontinuar estigmatizando e excluindo (Camino &Ismael, 2003). Para isso, precisamos continuamentede uma prtica reflexiva que questione a ns mesmose a nossa viso de mundo para que nossas ideologiasestejam evidenciadas.

    Essa reflexo tambm tem estado presente en-tre expoentes da Terapia Familiar, ao criticarem aatuao, principalmente com famlias pobres e/ou deculturas distintas do grupo dominante, que possibili-tava muito mais um ajuste condio de pobreza, doque uma mudana efetiva da realidade (Pakman, 1998,2003). Isso tambm exemplificado pelo mtodo daJust Therapy, desenvolvido por um grupo da NovaZelndia (Waldegrave, 2001; Waldegrave & Tamasese,2001).

    Wiesenfeld (1998) prope que os conceitos eparadigmas utilizados na Psicologia Comunitria es-tejam em constante dilogo para a produo do co-nhecimento. Aponta ainda que o enfoque do trabalhocomunitrio seja visto como uma epistemologia, des-se modo influenciando outras prticas referentes aoutros contextos, como por exemplo, o clnico.

    CONSTRUINDO UMA DEMANDAEm nossa prtica procuramos desenvolver uma

    circunstncia de interveno que tenha respaldo numaperspectiva sistmica, como debatido porVasconcellos (2002) em sua discusso por compreen-der o enfoque sistmico como sendo principalmentecontextual. Procuramos ainda desenvolver uma aoque oferea sadas para o principal impasse da inter-veno comunitria, que a falta de demanda. Noentendemos falta de demanda como falta de pedidode ajuda. Demanda, no sentido descrito na literatura(Neuburger, 1984), refere-se a um pedido de ajudaformulado, a um sofrimento declarado e a umasintomatologia definida. Na viso da Psicossociologia,toda demanda , ao mesmo tempo, uma demanda deobjeto, endereada a um outro compreendido comocapaz de supri-la, o que torna inerente a isso umarelao de poder e dominao; e uma dimenso noexplcita, do plano da psicologia, que expressa umdesejo, uma falta mais difcil de ser percebida, cha-mada de demanda de amor (Lvy, 1994).

    Na comunidade, em geral, so expressas asdemandas de objeto s instituies que ali atuam, queatendem a essa finalidade. No entanto, no h escutado que est por trs dessa demanda concreta, e porisso, a demanda de amor, quase nunca ouvida, sen-do freqentemente reformulada em uma outra deman-da de objeto. O sofrimento que acompanha tais pedi-dos no tem a quem ser endereado, o sofrimento olugar comum e, assim, porque declar-los? E os sin-

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    Costa, L.F.; Brando, S.N. Abordagem clnica no contexto comunitrio: uma perspectiva integradora

    tomas no se constituem em problemas. Em nossaexperincia, essa demanda necessita ser vista e escu-tada de outra forma. Todas as vezes que pudemos ofe-recer tempo, dilogo rico, disponibilidade para rela-o, a demanda de amor surgiu.

    Refletir sobre a natureza da demanda faz-senecessrio quando nos deparamos com uma compre-enso generalizada no senso comum, e, alarmante-mente, no meio acadmico, de que as pessoas de bai-xa renda no tm sofrimento psquico, mas necessi-dade de encher a barriga. Nada mais ingnuo einsultuoso. Sem negarmos questes concretas de so-brevivncia, consideramos errado e incompetente ofe-recer a essa populao modos de ao que estejamligados a valores e regras de convivncia de outrasclasses scio-econmicas, negando a elas o que su-pomos no ser uma necessidade bsica. Essa questotem sido abordada por diferentes tericos, como po-demos exemplificar com a contribuio de MarceloPakman, que discute que o atendimento a famlias epacientes situados em uma fronteira cultural esocioeconmica diferente da nossa, requer uma refle-xo constante do trabalho realizado, bem como umaterapia da terapia, para se evitar prticas alienadas ealienantes (Pakman, 1993, 1998, 1999, 2003a). Damesma forma, Pedro Demo (1991) insiste em denun-ciar que constantemente dado ao pobre o que po-bre.

    Nossa proposta de atendimento clnico comu-nitrio busca situar-se em uma zona de intersecoda Psicologia Clnica com a Psicologia Social Comu-nitria, busca superar as diversas crticas j realiza-das sobre trabalhos clnicos em comunidade, que noapresentavam uma reflexo terica, metodolgica,nem epistemolgica, sendo apenas a transposio demodelos de consultrio, para o contexto comunitrio(Freitas, 1998, 2000).

    Apoiadas nos pressupostos epistemolgicos aci-ma explicitados, ns apresentamos, a seguir, algunselementos fundamentais para o trabalho comunitrioa partir de uma abordagem clnica.

    a) Enfoque nas relaesConforme apontado, anteriormente, a comuni-

    dade definida por tericos da Psicologia Social Co-munitria a partir do conceito de relao. Considera-mos fundamental que a interveno comunitria nes-sa perspectiva clnica seja focada nas relaes famili-ares, comunitrias, institucionais. Alguns trabalhosmostram a possibilidade de intervir junto a famliasde baixa renda, a partir do resgate da auto-estima edas competncias, contribuindo tambm com amobilizao das redes sociais (Dabas, 1995).

    O trabalho com Grupos Multifamiliares se apre-senta como um instrumento que alcana tais objeti-

    vos, bem como demonstra eficcia no alvio de ten-ses, compartilhamento de sentimentos e ampliaoda conscincia sobre os problemas enfrentados e bus-ca de solues (Costa 1998, 1998a). Complementar aessa proposta mais educativa e preventiva dos GruposMultifamiliares, Brando (2001) investigou a to pra-ticada - mas pouco estudada - Visita Domiciliar comoestratgia de interveno com famlias de baixa ren-da. Esse instrumento mostrou-se adequado paraaprofundar intervenes de questes que no so pos-sveis em grupo; vincular a famlia instituio pelaqual a visita acontece e mobilizar as redes sociais,pois o espao da casa em famlias de periferia notem o aspecto privado das famlias de classe mdiaalta. A presena constante de vizinhos indica, noapenas que eles tambm compartilham daquela rea-lidade, como tambm expressam uma rede de apoioda famlia (Brando, 2001; Brando & Costa, 2003).

    A interveno a partir desse enfoque tem sidopossibilitada por meio de tcnicas desenvolvidas porterapeutas familiares, como a circularizao e a de-voluo. A circularizao uma tcnica que visa mo-bilizar fala de todos os presentes (Anderson &Goolishian, 1993; Boscolo, Cecchin, Hoffman & Penn,1993) e a devoluo, utilizada nas visitas, uma car-ta que os visitadores escrevem para a famlia sobre otema conversado, com o objetivo de mostrar novasformas de pensar sobre ele, provocar a famlia e am-pliar a compreenso sobre o problema discutido(Ausloos, 1996; Molina-Loza, 2000; 2000a; Neubernet al., 2000).

    Em ambas as estratgias de interveno, oenfoque na mobilizao das redes sociais constituipreocupao central, a fim de que possam ser inclu-dos, na resoluo das questes que emergem, outrosindivduos e instituies da comunidade.

    b) Mobilizao da rede socialRede social um conceito que enfoca a interao

    humana e trata da mobilizao da rede natural decontatos para o desenvolvimento e mudanas tantoindividuais como familiares, e para a resoluo decrises na famlia e na comunidade. Esse conceito sur-giu em funo da crise de identidade da sociedadeatual, com a ruptura das redes sociais de pertencimentoe de segurana. Uma reviso dos processos sociais,antropolgicos e econmicos nos tem mostrado umprocesso de migrao forte levando a desfiliao(Castel, 1994), isto , quando os laos de pertencimentovo se debilitando.

    Pensar em rede significa abandonar umparadigma de perceber a clientela como um alvo ni-co da interveno, e o profissional o nico recursopossvel. Significa repensar a relao que se estabe-lece entre as pessoas, as famlias, os adolescentes e os

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    profissionais que com estas pessoas trabalham. Nomais uma relao desigual de reconhecimento de com-petncias, mas um crdito na capacidade reflexiva egerenciadora das pessoas de criarem e gerirem seusprojetos de vida. Participar da construo de redesocial , antes de tudo, acreditar na rede de solidarie-dade entre pessoas e no potencial que elas possuempara compartilhar os problemas e as solues em co-mum. Tentar conceituar rede social nos leva, antes, aassumir uma epistemologia (Saidn, 1995).

    Para isto, precisamos retomar alguns pensamen-tos bsicos sobre aportes tericos atuais que trazemgrandes contribuies para as cincias humanas. Umprimeiro aspecto a ser pensado o ser humano en-quanto uma unidade biopsicosociocultural. Esteenfoque traz em si a idia de no dissociar da pessoasua impregnao cultural, seu comportamento sociale sua capacidade de se adaptar ao meio. O ser huma-no resultado de sua histria de relaes com outraspessoas, com a famlia, com os grupos sociais e coma cultura.

    Maturana (1998) enfoca o ser humano comoum ser autopoitico, isto , possuidor de uma organi-zao de produo de componentes que em suasinteraes, constitui a rede de produes que o pro-duz. O organismo se autoproduz. E continua: Ns,seres vivos, somos sistemas determinados em nossaestrutura (p.27). Somos determinados estruturalmen-te, mas no pr-determinados. Temos uma estruturaplstica que muda, em contato com o meio. Somosorganizados de tal forma que, quando algo ocorreconosco, nossa reao depende de ns, depende destanossa estrutura, e no daquele algo externo.

    Um outro aspecto a perspectiva de ordem/desordem trazida por Morin (1995). A perspectiva deordem, determinismo, linearidade, reducionismo substituda por circularidade, desordem, complexida-de, acaso, emergncia do novo. a partir desta com-preenso de que a desordem aparente e contm emsi uma organizao, que se expressa no ciclo do de-senvolvimento. Isto implica perceber a unidade nadiversidade e a diversidade na unidade.

    Pakman (1992) traz uma concepo de que aauto-organizao vem acompanhada de uma desor-ganizao no sistema circundante. Existe umaregulao permanente do contato destas duas foras:auto-organizao e desorganizao. Sendo assim,entendemos que os organismos, os sistemas sociais seconstituem em sistemas auto-organizadores, que pro-duzem mudanas atravs da instalao e reinstalaode ordem e desordem sucessivamente.

    Pensar em rede, como diz Osvaldo Saidn(1995), constitui-se mais num plano de consistnciado que numa organizao, mais um plano deimanncia, do que de transcendncia. Por isto pen-

    sar em rede traz um caminho terico e, s vezes,prtico; em outros momentos uma estratgia e tam-bm uma organizao, uma epistemologia e uminstrumental. No h especialista em rede, a no seraquele que encontra um modo de faz-la funcionar.

    A rede faz sentido na medida em que entra emnossa prtica, no s como pensamento, mas tam-bm como promoo de acontecimentos que levem participao e solidariedade. Est implcito for-mao de rede um resgate do ser como protagonistade sua vida e de suas relaes sociais, uma transfor-mao de pessoa-objeto em pessoa-sujeito, uma claravisualizao de seus recursos emocionais e mentais,uma valorizao de seus saberes, uma conscincia deseu papel social. E isto diz respeito ao profissionalque trabalha na facilitao desta construo, comopara a clientela que participa do seu enriquecimento.

    c) Vinculao com instituies e lderes dacomunidade

    caracterstico da interveno psicossocial ovnculo com alguma instituio da comunidade. Ainstituio , normalmente, o espao no qual as rela-es comunitrias se estabelecem, sendo, assim, ocontexto no qual os indivduos apresentam suas de-mandas, explcitas ou implcitas. Rochael Nasciutti(2000) define, a partir da contribuio dapsicossociologia, instituio como tudo aquilo quese tornou institudo, reconhecido como tendo existn-cia materializada na vida social (p.103). Instituiesso estabelecidas a partir da dinmica social, e, des-sa forma, fundamental que a atuao comunitriaseja por meio destas.

    As demandas que chegam psicologia, de for-ma geral, so originrias de alguma instituio. Pos-tos de sade, escolas, centros de assistncia social;bem como instituies constitudas a partir de orga-nizao social, como Associao de Moradores, ONGs,ou instituies de natureza religiosa, so as portado-ras iniciais dos pedidos da comunidade. Parte dessepedido inicial a busca de compreender as demandas,nem sempre claras, que existem na comunidade. Oprofissional deve partir dessas questes, escutar o quese fala na instituio, considerando que ela umadas instituies na qual se apresenta a demanda. Quaisoutras dimenses do pedido existem? O que faz comque aquele pedido se expresse daquela forma naquelainstituio? Qual a relao entre os integrantes dacomunidade com a instituio que veicula o pedido?Qual a histria da instituio naquela comunidade?

    Essas questes so importantes para evitar aingenuidade de pensar que uma instituio represen-ta todos os integrantes da comunidade, ou de acredi-tar na eficcia de uma interveno que no se concre-tize via instituio. A instituio , pois, mediadora

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    Costa, L.F.; Brando, S.N. Abordagem clnica no contexto comunitrio: uma perspectiva integradora

    entre a comunidade e o profissional. O trabalho desteocorre nesse ponto de tenso: estar submetido s re-gras, ao funcionamento e dinmica da instituio,sem sucumbir ao institudo.

    Ainda nesse aspecto, a relao com instituiesem comunidades de baixa renda apresenta um desa-fio especfico: o de no atender ao carterassistencialista que historicamente caracteriza as en-tidades que atuam nesse contexto.

    d ) Ao que vise autonomia e autogestoO assistencialismo no caracteriza apenas a

    doao de produtos concretos. H os assistencialismosafetivo e emocional que tambm sustentam relaesde dominao (Guareschi, 2000). Essa forma de rela-o inviabiliza a emergncia do sujeito como atorsocial, a potencializao das suas prprias capacida-des de refletir sobre social e de transformar sua reali-dade. Minuchin e colaboradores (1999) analisam queas famlias pobres no esto acostumadas a exercerum papel ativo na resoluo de seus problemas. Issoporque as aes das instituies sociais muitas vezesassumem as decises em busca de proteger quem pos-sa parecer mais frgil e/ou ameaado, deixando dever o sistema de forma mais ampla. Os autores apon-tam ser necessrio que a equipe tenha habilidades paraestimular uma postura mais ativa da famlia, para-doxalmente, aprendendo a trabalhar muito ao assu-mir um papel menos importante (Minuchin e cols.,1999, p.46).

    A interveno comunitria deve viabilizar queos prprios membros da comunidade desenvolvammecanismos de ajuda, no permanecendo dependen-tes da interveno efetuada. Parafraseando Pedro Demo(1991), interveno bem feita aquela que se tornadispensvel. Para isso, o trabalho realizado deve seruma negociao entre profissional e comunidade, bemcomo deve ser constantemente avaliado pela comuni-dade, estando a cargo da mesma, a definio da con-tinuidade ou no.

    Sem esgotar as possibilidades de reflexo so-bre as contribuies tericas da abordagem clnicaem contexto comunitrio e com muito ainda a serconstrudo em termos metodolgicos, adequados asparticularidades de cada contexto, apresentamos nes-se trabalho a forma como temos produzido a nossaprtica, a fim de contribuir para esse contnuo pro-cesso.

    Nessa proposta, o trabalho com grupos comu-nitrios deve considerar no apenas a questo da sa-de mental, como tradicionalmente tem sido enfocado(Celia, 1997), mas incluir a dimenso scio-histri-ca, as relaes de poder como passveis de produzirsofrimento psquico, devendo ser abordadas de formamais ampla. Esse dilogo proposto nesse texto visa

    contribuir para uma interveno que repenseparadigmas e metodologias de forma a adequ-los realidade social e econmica brasileira.

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    Liana Fortunato Costa Psicloga, Terapeuta Famili-ar, Psicodramatista, Doutora em Psicologia Clnica

    pela Universidade de So Paulo, Pesquisadora Asso-ciada Adjunto da Universidade de Braslia, afiliadaao Departamento de Psicologia Clnica e desenvolvesuas pesquisas no Laboratrio de Famlia, Grupos e

    Comunidade. O endereo para correspondncia :Instituto de Psicologia. Universidade de Braslia,

    Caixa Postal 4500 * 70.910-900 Braslia, DF, Brasil.E-mail: [email protected]

    Shyrlene Nunes Brando Psicloga, Mestre em Psi-cologia Clnica pela Universidade de Braslia, For-

    mao em Psicodrama no Centro de Psicodrama deBraslia CEPB. O endereo postal da autora : Uni-

    versidade Catlica de Braslia, Curso de Psicologia.Campus 1. Q.S. 07. Lote 01. CEP: 71966700. guas

    Claras, Taguatinga. E-mail: [email protected]

    Liana Fortunato CostaShyrlene Nunes BrandoAbordagem clnica nocontexto comunitrio:uma perspectiva integradoraRecebido: 16/11/20041 reviso: 23/05/2005Aceite final: 21/07/2005