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ABACOONU 2016 Guia de Estudo Comitê de Imprensa

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ABACOONU 2016

Guia de Estudo Comitê de Imprensa

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ABACOONU – 2016

UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime

Narcotráfico na América Latina

Alexandre do Nascimento Santos

Iohanna Brazolino

Milena Umemura

Miriane Schlagenhaufer

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Sumário 1. CARTA AOS DELEGADOS ....................................................................................... 4

2. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

3. A Atuação do UNODC Perante Narcotráfico ........................................................ 6

3.1. O Narcotráfico e Suas Características ........................................................... 6

4. Breve História das Drogas Psicoativas: ................................................................. 7

5. América Latina ...................................................................................................... 9

5.1. Dependência Econômica ............................................................................... 9

5.2. Problemática Social ..................................................................................... 10

5.3. Mercado Consumidor.................................................................................. 11

5.4. O Combate aos Narcotraficantes. ............................................................... 12

5.5. Brasil ............................................................................................................ 13

5.5.1. O Brasil no Cenário Mundial ................................................................ 13

5.5.2. A problemática Social .......................................................................... 15

5.6. Estados Unidos da América ......................................................................... 16

5.6.1. O combate ao narcotráfico .................................................................. 16

5.6.2. O Proibicionismo .................................................................................. 16

5.6.3. Legalizações ......................................................................................... 17

5.6.4. O Paradoxo ........................................................................................... 18

5.7. Europa ......................................................................................................... 19

5.7.1. A Liberação em alguns Países .................................................................. 20

6. Referências Bibliográficas .................................................................................. 21

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1. CARTA AOS DELEGADOS

Senhores, sejam bem-vindos ao Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e

Crimes – o UNODC, no ABACOONU 2016. Que durante nosso evento os senhores

alcancem um nível intelectual diferenciado, e que no final desses quatro dias os

senhores tenham uma perspectiva de mundo diferente da que terão na primeira

vez em que entrarem em seus comitês.

Nessa simulação, os senhores delegados estarão encarregados de discutir a

problemática do “Narcotráfico” buscando a partir disso, por meio de tratados bi e

multilaterais, possíveis soluções ao problema. Espera-se uma evolução pessoal e

profissional por parte dos senhores dentro de nosso comitê, representando suas

respectivas nações e considerando os impactos que o Narcotráfico trazem ao

mundo atual social, econômica e politicamente.

Uma vez que esse Guia de Estudo tem caráter introdutivo à discussão, faz-se

necessário, por parte dos senhores, um aprofundamento em relação ao tema, esse

aprofundamento pode ser feito por reportagens, artigos, sites de embaixadas, entre

outros.

Atenciosamente,

Alexandre do Nascimento Santos

Iohanna Brazolino

Milena Umemura

Miriane Schlagenhaufer

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2. INTRODUÇÃO

Criado em 1997, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)

é o órgão da ONU encarregado das atividades internacionais, dentre elas a

fiscalização de entorpecentes. Sua sede está localizada em Viena e o escritório

possui um centro de coordenação em Nova York, além de 21 escritórios

abrangendo mais de 150 nações.

O trabalho desse órgão está baseado em três grandes áreas: saúde, justiça e

segurança pública. Desse tripé, desdobram-se temas como drogas, crime

organizado, tráfico de seres humanos, corrupção, lavagem de dinheiro, terrorismo,

desenvolvimento alternativo e prevenção de HIV entre usuários de drogas e

pessoas em privação de liberdade.

“Os três pilares do trabalho do UNODC são:

• Trabalho normativo, para ajudar os Estados na ratificação e na implementação

dos tratados internacionais, e no desenvolvimento de suas legislações nacionais em

matérias de drogas, criminalidade e terrorismo, além de oferecer serviços técnicos

e operacionais para órgãos de execução e controle estabelecidos pelos tratados

internacionais.

• Pesquisa e análise, para aumentar o conhecimento e a compreensão dos

problemas relacionados às drogas e à criminalidade e para ampliar a definição de

políticas e de estratégias com base em critérios baseados em evidências.

• Assistência técnica, por meio de cooperação internacional, para aumentar a

capacidade dos Estados-membros em oferecer uma resposta às questões

relacionadas às drogas ilícitas, ao crime e ao terrorismo.” (UNODC, 2016)

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3. A Atuação do UNODC Perante

Narcotráfico

No que se refere ao tráfico internacional de drogas, a questão é que este

cresceu em larga escala a partir dos anos 80, até atingir uma faturação anual

superior a 500 bilhões de dólares, superando a do comércio internacional de

petróleo por exemplo.

O tráfico de drogas é um comércio ilícito global, envolvendo o cultivo, a

produção, distribuição e venda de substâncias que são objeto de proibição por

parte das leis antidrogas. O UNODC tem como função, através de acordos

internacionais, fiscalizar e diminuir cada vez mais este comércio multimilionário que

assombra a sociedade atual.

O UNODC empreende esforços em promover estudos e análises sobre a

produção, tráfico e consumo de drogas, a fim de embasar a implementação de

intervenções apropriadas a cada contexto nacional. Além disso, oferece também

assessoria jurídica aos países, destinada ao cumprimento das convenções e tratados

das Nações Unidas para o controle de drogas, com as devidas adaptações às

legislações nacionais.

3.1. O Narcotráfico e Suas Características

O tráfico internacional de drogas, em alta escala, começou a desenvolver-se a

partir de meados da década de 1970. Esse determina e subordina as economias dos

países produtores de coca e, ao mesmo tempo, favorece o sistema financeiro

mundial, o qual por sua lógica necessita cada vez mais de capital “livre” para girar, e

o tráfico de drogas promove o "aparecimento mágico" desse capital que se acumula

muito rápido e se move velozmente.

Atualmente, o narcotráfico é um dos negócios mais lucrativos do mundo. Sua

rentabilidade se aproxima dos 3.000%. Os custos de produção somam 0,5% e os de

transporte gastos com a distribuição (incluindo subornos) 3% em relação ao preço

final de venda. De acordo com dados recentes, o quilo de cocaína custa US$ 2.000

na Colômbia, US$ 25.000 nos EUA e US$ 40.000 na Europa.

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4. Breve História das Drogas

Psicoativas:

Os indícios dos primeiros usos de substâncias psicoativas na humanidade datam

aproximadamente mais de 10.000 anos quando os povos sumérios, já tendo

conhecimento do processo de fermentação por meio do pão, acidentalmente

deixaram a massa do mesmo molhada durante algum tempo, induzindo o cereal a

fermentar e ficar líquido, dando origem a cerveja que por possuir potencial

alcóolico, era conhecida como “bebida divina’’, muitas vezes sendo oferecida aos

deuses em rituais de veneração.

Porém, há aproximadamente 5.000 anos, uma tribo de pigmeus africanos, ao

sair para caçar, notou o estranho comportamento de javalis que estavam comendo

certa planta com capacidade de deixá-los mais mansos ou desorientados. Sendo

assim, provando a mesma por curiosidade, a sensação de entorpecimento por parte

da tribo foi instantânea, provocando a curiosidade de outros povos, que iniciaram

um estado de glorificação ao arbusto como sendo uma divindade que também

curava doenças.

Dessa forma, a planta da maconha, a flor da papoula que origina o ópio, a folha

da coca, a pasta formada pelos princípios da maconha que origina o haxixe e os

cogumelos alucinógenos, começaram a ser utilizados não apenas para se obter o

estado de euforia, e sim para fins medicinais, como analgésicos, antibióticos e

sedativos poderosos, revolucionando a medicina primordial.

No século XIX, muitos experimentos com as drogas já existentes foram

realizados em laboratórios, desde a sua sintetização por parte de grandes cientistas

e médicos como Freud, até a sua combinação com outras substâncias que as

potencializavam, não medicinalmente, mas apenas com a intenção de proporcionar

sensações de relaxamento, as tornando assim, de fácil acesso a todo o mundo.

Contudo, a proibição do uso de entorpecentes praticamente só aconteceu na

metade do século XX, iniciando-se pelos Estados Unidos em 1948 e por mais 100

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países (inclusive o Brasil) treze anos depois, em 1961, após uma convenção

realizada pela ONU. Sendo assim, nas décadas de 1970 e 1980, deu-se,

respectivamente, o início e a difusão do narcotráfico, conhecido nos dias atuais em

resposta não apenas a proibição, mas também ao estopim da crise do petróleo de

1973.

Um relatório publicado pela ONU em 2005 revelou que são 340 milhões de

usuários de drogas pelo mundo inteiro que movimentam um mercado de mais de

1,5 trilhões de dólares. Atualmente, o narcotráfico é um dos negócios mais

lucrativos existentes, sendo que sua rentabilidade se aproxima dos 3.000% anuais.

No Brasil, a palavra droga é definida como "as substâncias ou produtos

capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em

listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União" e sua utilização

em massa se iniciou durante o golpe militar de 1964, no qual os jovens associavam

o consumo de drogas ao quesito de luta pela liberdade. Essa conotação libertária se

arrastou durante décadas, em 1970 com a maconha, 1980 com a cocaína e 1990

com o crack.

Alguns Estados dos Estados Unidos e países como Portugal e Uruguai,

optaram por legalizar drogas psicoativas naturais de baixo risco para combater este

nicho do narcotráfico. A legalização pode até surtir efeito, porém, ainda torna-se

inviável perante drogas consideradas de alto risco à saúde. Essas drogas como

heroína, cocaína e crack, por exemplo, são os principais alvos do narcotráfico visto

as dificuldades existentes para legalização dessas drogas, como os gastos estatais

com atendimento aos usuários em hospitais públicos que a legalização dispenderia,

a não aceitação por parte da sociedade mais conservadora, ou até mesmo o vínculo

que alguns governos possuem com narcotraficantes.

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5. América Latina

Para a América Latina, o mundo do narcotráfico se tornou um problema

significativo em alguns países. Os maiores mercados consumidores de cocaína são

abastecidos basicamente pela produção latino-americana, mais especificamente da

região andina, ou seja, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador.

A América Latina participa do narcotráfico na posição de maior produtora

mundial de cocaína, e um de seus países, a Colômbia, detém o controle da maior

parte do tráfico internacional. A cocaína gera dependência não apenas em

indivíduos, mas também em grupos econômicos e até mesmo nas economias de

alguns países produtores – Peru, Bolívia e Colômbia, para citar apenas os casos de

maior destaque.

5.1. Dependência Econômica

Na Bolívia, a dependência em relação ao narcotráfico chega ao extremo,

tornando ainda mais dificultoso para o governo agir em relação à problemática em

questão. Os traficantes detêm o controle das principais empresas e a corrupção

atinge níveis muito altos. De cada três bolivianos, um lucra com os derivados do

narcotráfico.

A Colômbia especializou-se em transformar a pasta base produzida por Peru e

Bolívia em cocaína e exportá-la para o resto do mundo. Dois grandes cartéis (Cali e

Medellin) controlam a maior parte do narcotráfico no país. Entretanto, existem

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centenas de pequenos traficantes, muitos dos quais roubam a droga dos grandes

cartéis. A influência dos narcotraficantes é grande, a corrupção está presente no

Congresso e na polícia, e até há especulação de que mesmo as campanhas

presidenciais são patrocinadas com dinheiro da droga.

A expansão desta atividade na América Latina significou a degradação de

países inteiros ao simples papel de apêndice do narcotráfico. Enquanto a coca

representa 23% do PIB em algumas nações, também representa 75% em outras.

Tais porcentagens tornam inadequada a denominação "economia informal". Os

grupos principais das burguesias nacionais realizam a repatriação do dinheiro pela

"economia do crime", dominando os recursos dos Estados e monopolizando um

acúmulo de riquezas que deu aos mafiosos colombianos o caminho para se

colocarem no ranking dos multimilionários do mundo.

5.2. Problemática Social

O cultivo das folhas de coca e de maconha e a produção e distribuição de

narcóticos tem importância superior à do café na geração de renda e empregos.

Mas essa produção não é oficialmente reconhecida pelo governo. O cultivo das

plantas ocorre principalmente nos Andes e na Floresta Amazônica, onde os

narcotraficantes contam com a colaboração de pequenos agricultores (que ganham

maior remuneração ao cultivar coca e maconha).

A associação do narcotráfico com a luta armada é um grande problema, os

grupos guerrilheiros lutam contra as Forças Armadas para destituir o governo. Os

grupos mais atuantes são: Exército de Libertação Nacional (ELN) e as Forças

Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), os grupos paramilitares de direita e as

Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). As Farc atuam desde 1950. Em 1990

chegaram a controlar 30% do território colombiano. Em troca de paz, os

guerrilheiros exigem mudanças políticas, constitucionais e a criação de um Estado

autônomo. Com o objetivo de evitar o surgimento do narco-Estado guerrilheiro, os

EUA ofereceram à Colômbia ajuda financeira para o combate ao narcotráfico e à

guerrilha. O acordo assinado em 1999 pelos dois governos ficou conhecido como

Plano Colômbia.

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Ter o cultivo de coca como a única saída de sobrevivência para os

desempregados das cidades ou migrantes da desertificação rural é outra evidência

do mesmo processo de regressão econômica. Em meio aos assassinatos cotidianos,

a Colômbia é uma janela por onde se vê a extravagância de um grupo de cartéis

que, seguindo a tradição das oligarquias latino- americanas, gastam em

importações suntuosas um volume de dinheiro que permitiria saldar a dívida

externa deste país. Como ocorreu no passado com a borracha, o café e o açúcar, a

monoexportação de coca é mais um episódio da devastação agrária, do

empobrecimento campesino e do desperdício de terras.

5.3. Mercado Consumidor

Já foi largamente demonstrado que a oferta de coca latino-americana é

simplesmente a resposta à demanda dos 40 milhões de consumidores. Se for

somada a esta cifra os diversos tipos de psicofármacos aceitos, embora sejam

igualmente danosos para a saúde, salta à vista que a narcoeconomia satisfaça um

mercado absurdamente maior que o álcool e o tabaco tradicional. A América Latina

se degrada ao ser obrigada a integrar-se como abastecedora da importante

população dos países desenvolvidos que recorre aos excitantes e calmantes

artificiais. A América Latina só recebe entre 2 e 4% dos US$ 100 bilhões que produz

anualmente com vendas de cocaína aos Estados Unidos. A parte mais lucrativa do

negócio é incorporada pelos bancos lavadores e, em menor medida, pelos próprios

cartéis que internacionalizaram a distribuição de seus lucros, seguindo o padrão de

lavagem internacional de dinheiro comumente usados pelos criminosos latino-

americanos (utilização desse dinheiro em outros países para que o mesmo seja tido

como “dinheiro limpo”). O preço da coca na plantação boliviana é 250 vezes menor

que nos EUA, a mesma mercadoria no porto colombiano é cotada 40 vezes menos

que nas cidades norte-americanas. Esta impressionante diferença é uma

manifestação do preço dos intermediários sendo agregado ao produto latino-

americano.

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5.4. O Combate aos Narcotraficantes.

Os reiterados esforços das autoridades públicas para aplicação da lei e

repressão ao comércio de drogas ilegais não impediram que os produtores e

traficantes desenvolvessem resiliência e grande capacidade de adaptação de suas

atividades para burlá-los. Mobilizando um fluxo financeiro vultoso, redes

internacionais de narcotraficantes se estabelecem no centro de atividades conexas,

igualmente ilegais, como lavagem de dinheiro, tráfico de armas e sequestros. Por

meio do recurso à violência e da corrupção, esses grupos criminosos assumem

grande importância nos processos políticos, na economia e na vida social tanto

daqueles países que servem como corredor de circulação, quanto dos que

constituem seu mercado consumidor e, especialmente, dos que fornecem a

matéria-prima das drogas. Enquadram-se Bolívia, Colômbia e Peru, os maiores

produtores da folha de coca (em verdade, os únicos em que seu cultivo assume

proporções realmente significativas), de onde é extraído o alcaloide cloridrato de

cocaína. Nesses países, em reação à aplicação de políticas de combate ao

narcotráfico, as quadrilhas de narcotraficantes desenvolvem novas técnicas para

produzir purificação da pasta base de coca. Novas rotas de tráfico são traçadas

permitindo à indústria ilegal da cocaína expandir seu mercado para a Europa, Japão

e outras partes do mundo.

Nos últimos 30 anos, um conjunto de políticas antidrogas que focalizam

essencialmente o controle da produção vem sendo implantado nos países andinos.

As principais medidas para repressão à produção e o tráfico são: 1) erradicação de

cultivos ilegais; 2) incentivos a substituição de cultivos ilegais por culturas

alternativas; 3) interdição e controle de insumos químicos; 4) reforço da interdição

em portos e águas internacionais; 5) extradição dos principais traficantes andinos;

6) programas de fortalecimento do sistema de justiça e aplicação da lei e 7)

programas de treinamento de forças armadas e policiais (Thoumi 2005). Em

conjunto, essas medidas configuram um marco regulatório que se insere no âmbito

das políticas de segurança pública.

Dentre os países andinos, a Colômbia se destaca pela longa trajetória do conflito

armado entre o governo, grupos guerrilheiros e paramilitares, que se arrasta por

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quatro décadas. Os anos de 1990 foram marcados por mudanças singulares e no

agravamento da situação do país. Verificou-se, simultaneamente, um aumento

significativo da violência e a reação do governo com propostas para a retomada do

controle nacional. Durante a gestão de Ernesto Samper (1994-98), as grandes

estruturas do narcotráfico foram desmanteladas com a morte de Pablo Escobar,

chefe do cartel de Medellín, e a prisão e extradição para os EUA dos irmãos

Orejuela, do cartel de Cali. Ambas operações foram realizadas em colaboração com

as Forças de Segurança e o Serviço de Inteligência dos EUA. No lugar dos grandes

cartéis centralizados emergiram então os chamados cartelitos, estruturas menores

e mais ágeis, que passaram a controlar as etapas de cultivo, refino e

comercialização da coca, juntamente com paramilitares e guerrilheiros. Esses

últimos avançaram sobre as áreas antes de domínio dos cartéis recrudescendo a

violência no país com as disputas por territórios estratégicos. Destaque deve ser

dado às atividades das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e das

Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), organizações que, tendo-se enraizado nas

estruturas estatais, distorcem a representação política legítima e garantiam defesa

de suas atividades frente à Justiça.

5.5. Brasil

5.5.1. O Brasil no Cenário Mundial

O Brasil tem uma influência considerável para o tráfico de drogas mundial

devido à sua localização, tamanho e população. O país serve de refúgio para

traficantes em fuga, ponto de distribuição, provê matérias-primas, lavagem de

dinheiro e também como enorme mercado consumidor.

Tendo em vista as rotas de narcotráfico, percebe-se que o Brasil, como dito por

representantes da União Europeia, é um dos países mais importante para o

narcotráfico mundial. Mesmo que não seja o maior produtor, o Brasil é uma das

maiores passagens de várias das principais rotas de narcotráfico. Por mais que

alguns creditem esse status de rota à incompetência dos órgãos fiscalizadores, tal

problemática não é tão simples assim. Uma vez que o país possui aproximadamente

24000 km de fronteiras, monitorar toda essa extensão não é tarefa fácil. A Policia

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Federal brasileira foi caracterizada pela União Europeia como “apesar de altamente

profissional, tem força limitada, com menos de 8.000 homens”.

A droga costuma entrar pelas fronteiras das áreas de floresta equatorial (perto

da Amazônia, região Norte do Brasil) por se tratarem de áreas de difícil acesso. Ela

vem dos países andinos, mais especificamente o Peru, Bolívia, Venezuela e

Colômbia, infiltra-se em território brasileiro por meio de pequenos veículos,

caminhonetes, pequenos aviões, pequenas balsas, e segue para portos ou

aeroportos clandestinos. Seja pelos portos, estima-se que cerca de 80 mil toneladas

de cocaína sejam escoadas pelo porto de Santos anualmente, ou pelo Air Cocaine,

como é conhecido o transporte de drogas a partir de aeroportos clandestinos, toda

essa droga tem o mesmo destino final. A Cocaína vinda dos Andes tem destino final

na Europa e para chegar até o velho continente ela passa pelo Brasil, vai para a

África e sobe pelo Mediterrâneo para, enfim, entrar em terras europeias.

No que se refere ao caso brasileiro, apesar de ter um papel importante no

mercado de drogas mundial, a chance de formação de grandes cartéis de drogas

com base no Brasil é muito baixa, a narco-economia brasileira tem sua base em um

tipo de “prestação de serviços”, serve como uma “transportadora” para os grandes

cartéis da Colômbia e outros países produtores. Isso prova que todos são

importantes para a manutenção do Narcotráfico mundial e que não é um problema

isolado só nos países produtores.

A gravidade do problema tem aumentado, Michael Braun, ex-agente do DEA

(agencia antidrogas dos EUA), alegou que os narcotraficantes sul-americanos tem

pagado uma espécie de “pedágio” para poderem passar a droga pela região do

Sahel, na África, e esse dinheiro, milhões de dólares, vai direto para a mão de quem

controla essa região. A questão é, quem controla essa região? Ou seja, para quem

vai esse dinheiro? E é exatamente ai que a situação piora. Abdelmalek Sayeh, ex-

diretor do Escritório Nacional Argelino para a Luta contra a Droga, disse que os

milhões vão direto para as mãos de organizações religiosas extremistas, o nome “Al-

Qaeda” foi explicitado por Sayeh, mas é claro que outras organizações como o

Estado Islâmico (ISIS) lucram com o dinheiro das drogas (a estimativa é de 15% de

todo o dinheiro ganho com a venda de drogas na Europa).

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Ao analisar o controle de fronteiras nos países-rota, é evidente que falta

fiscalização, causada pela ausência de um governo mais atuante, como é o caso dos

países africanos, ou causada pelas dificuldades impostas pela enorme fronteira,

como é o caso do Brasil. É bem claro que o narcotráfico tem impacto, seja ele direto

ou indireto, em todos os países do mundo, mas só alguns têm a capacidade de se

defender contra ele.

5.5.2. A problemática Social

No que se refere à problemática social, a população nas favelas, encontra-se

mais vulnerável e é mais afetada pelo narcotráfico, ou melhor, pelo traficante.

Favelas não são lugares onde o governo está fortemente presente e, atuante, por

causa disso elas se organizam de um jeito que é digno de comparações ao

Coronelismo. Assim como no Coronelismo, uma pessoa tem grande poder sobre

uma área e sobre as pessoas que habitam essa área, antes a fazenda, hoje a favela.

Por analogia, traficante é o Coronel, a fazenda é o morro, os trabalhadores são os

moradores da favela.

Ambos os sistemas se baseiam no clientelismo, a relação coronel-trabalhador e

traficante- morador são baseadas num sistema de trocas. Como o Estado não atua

nesses lugares, as necessidades que deveriam ser supridas por ele não são e assim

as pessoas ficam carentes de educação, proteção e saúde. O traficante, por ter

muito poder e influência na favela, auxilia os moradores, garante que não haverá

violência, roubo e que, quando necessário, a pessoa terá a ajuda que precisa.

Eventualmente essas pessoas sofrem um processo de “apadrinhamento”, e

veem o traficante como um protetor e o defendem, já que o ele ajuda-as quando

necessitam. Com a evolução dessa relação, os favores se tornam cada vez mais

complexos e às vezes associados diretamente ao tráfico, como o transporte de certa

quantidade de droga do ponto A ao B. Por causa disso, diversas prisões de

brasileiros são por causa do tráfico de drogas, cerca de 65% das mulheres e 30% dos

homens são presos por tráfico de drogas, mas a maioria não é a parte articuladora

dessa atividade.

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5.6. Estados Unidos da América

5.6.1. O combate ao narcotráfico

As estratégias dos EUA em âmbito internacional podem ser assim resumidas:

I. Apoio a governos aliados e oposição a governos e movimentos insurgentes na

América Central;

II. Intervenção militar direta;

III. Combate às fontes produtoras de drogas na região andina;

IV. Proibicionismo.

Dessa maneira, visando combater o tráfico de drogas, o governo federal dos

EUA aumentou os recursos disponíveis tanto em âmbito nacional quanto em

internacional, de quase US$ 3 bilhões no ano de 1982 para aproximadamente US$ 9

bilhões no ano de 1989, o último ano do governo Reagan, triplicando a verba

destinada ao combate às drogas.

Em 1986, o Departamento de Defesa dos EUA – o famoso Pentágono –

financiou um estudo no qual se constatou que o uso de forças armadas para cortar

o fluxo de drogas entrando no país tinha pouco ou quase nenhum efeito no tráfico.

De fato, foi apontado que as chances eram de que ocorresse uma proliferação dos

cartéis de drogas e dos crimes associados ao comércio de entorpecentes – desde

corrupção e lavagem de dinheiro às milhares de mortes ao redor do mundo.

5.6.2. O Proibicionismo

Nos EUA, a primeira lei criminalizadora em matéria de drogas, a nível federal,

surgiu em 1914, com o Harrison Act, que se aplicava tão somente a condutas

relacionadas à produção, à distribuição e ao consumo de ópio, morfina e seus

derivados e aos derivados da folha de coca como a cocaína. A repressão então se

exercia indiretamente, focalizando-se em matéria fiscal. A lei criava um imposto

exorbitante para a distribuição dessas substâncias com fins não médicos ou

científicos, imposto que naturalmente não era pago por quem as comerciava ou

comprava. Quem era pego, por exemplo, com cocaína, não era processado por essa

posse, mas sim pela sonegação fiscal.

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Ainda nos EUA, a criminalização de condutas relacionadas à produção, à

distribuição e ao consumo de maconha, a nível federal veio somente em 1937, com

o Marihuana Tax Act. Antes, no período que vai de 1915 a 1937, a proibição de

maconha se instaurara apenas em nível estadual, estendendo-se por 27 Estados.

Novas leis foram surgindo, em 1951, com o Boggs Act, que quadruplicou as

penas; em 1956, com o Daniel Act; em 1969, o Dangerous Substances Act. Desde

1965, os Estados Unidos passaram por quatro epidemias de drogas (heroína,

cocaína de pó, cocaína de crack, metanfetamina).

5.6.3. Legalizações

É uma novidade no continente americano, onde até há pouco tempo imperava

uma combinação de proibição e repressão aos consumidores, além de um combate

armado aos produtores e traficantes, sobretudo nas Américas Central e do Sul.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou um documento no qual

incentiva a análise de uma eventual legalização da maconha como forma de luta

contra o narcotráfico. Consumidores poderão comprar até 28 gramas de maconha a

cada vez de forma legal, desde que tenham pelo menos 21 anos.

No Alasca foi legalizado o consumo, a posse e a venda de maconha para maiores

de 21 anos em quantidades determinadas. Em Oregon, a maconha foi liberada para

maiores de 21 anos, que poderão portar até 57 gramas e cultivar até seis plantas.

Já na Califórnia, os eleitores rejeitaram nas urnas a legalização da maconha,

56,8% dos eleitores foram contrários. Os defensores da legalização da maconha

argumentaram durante a campanha que esta seria uma forma eficaz de combater o

tráfico de drogas e criar uma inovadora forma de negócio, além de, sobretudo, uma

grande fonte de arrecadação de impostos neste estado conhecido pelo bilionário

déficit fiscal.

No Colorado, o Estado aprovou a venda de maconha medicinal em 2013, mas os

negócios só foram iniciados neste ano, com cerca de 160 lojas autorizadas. A

comercialização legalizada de maconha medicinal no Colorado fechou o mês de

janeiro (o primeiro desde a legalização) com faturamento de US$ 14 milhões, sendo

US$ 2 milhões o total em impostos arrecadados.

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Os Estados em que o uso de maconha é liberado para fins medicinais são:

Alaska, Arizona, California, Colorado, Connecticut, Washington DC, Delaware,

Hawaii, Illinois, Maine, Maryland, Massachusetts, Michigan, Minnesota, Montana,

Nevada, New Hampshire, New Mexico, New York, Oregon, Rhode Island, Vermont,

Washington.

5.6.4. O Paradoxo

O narcotráfico é de grande utilidade para os EUA, chegando a gerar lucros, pois

com a venda dos componentes químicos das drogas, a economia americana recebe

em torno de US$240 bilhões, uma parte dos quais é investida em diversos setores

da economia ou vai para os bancos (já que essa venda é legalizada e gera impostos).

Os bancos da Flórida são especializados em lavar o dinheiro dos narcotraficantes e

neles circula mais dinheiro em efetivo do que nos bancos de todos os demais

estados juntos.

É evidente que a militarização recente com o pretexto de "lutar contra o flagelo

da droga" é um aspecto da recolonização comercial e da chantagem financeira

sobre a América Latina. É fácil supor que a invasão do Panamá, o bloqueio naval à

Colômbia, a instalação de bases na Bolívia e no Peru, a militarização da fronteira

mexicana, estão motivadas pela erradicação do narcotráfico. Busca-se a

substituição da "ameaça do comunismo" por um perigo equivalente.

Se décadas atrás o maior órgão militar dos EUA já havia concluído que tal guerra

não podia ser vencida – pior, só faria crescer o crime -, por que ela continuou sendo

travada?

A guerra às drogas é um fracasso exitoso. Fracasso porque não se aproximou

nos seus 40 anos de combate aberto, e nos 90 anos de proibicionismo, da meta de

eliminar hábitos e mercados relacionados a algumas drogas psicoativas. Ao

contrário, aquilo que no início do século XX não era um problema de saúde pública

ou de segurança pública, hoje é uma séria questão nesses campos e, também, no

plano da segurança internacional. Todavia, é um êxito para muitos setores e

interesses; há a movimentação de muitos bilhões de dólares que transitam entre a

economia legal e ilegal, sempre interligadas, favorecendo negócios legais, bancos,

indústria de armamentos, indústria de insumos químicos etc.

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5.7. Europa

Não se possuí um conhecimento exato do início da utilização de entorpecentes

no continente europeu, porém as primeiras evidências do consumo da planta da

maconha para usos medicinais na Europa Oriental datam mais de 3.000 anos a.C.

Durante as Grandes Navegações, com a chegada de Cristóvão Colombo na América,

houve a descoberta do uso de tabaco pelos índios.

Dessa forma, já no século XVI, a globalização das substâncias psicoativas já havia

se estabelecido, sendo um exemplo disso, a taxação de plantações de folha da coca

na América pelos espanhóis após os primeiros relatos realizados pelo navegador

Américo Vespúcio sobre seu uso, na qual, a mesma era relatada como uma

divindade. Ainda no mesmo período, durante a expansão marítima para o Oriente,

os portugueses passaram a fumar ópio constantemente e os espanhóis foram

responsáveis por transportarem plantas do tabaco para o continente europeu.

O século XIX foi marcado pela utilização em massa de drogas e pelo

aprimoramento das mesmas principalmente na Europa, na qual químicos alemães,

foram responsáveis pela separação da morfina do ópio, aperfeiçoaram o isolamento

de cocaína das folhas de coca (a mesma era utilizada de forma anestésica em

operações de garganta), sintetizaram a anfetamina e o laboratório farmacêutico

Bayer, iniciou a produção comercial de heroína em massa (que era usada contra a

tosse).

Contudo, ainda no mesmo período, são descobertos os malefícios

proporcionados pelo uso de drogas e os danos ao organismo que as mesmas podem

vir a trazer (danos nasais, câncer, fadiga, deterioração de órgãos e tecidos,

depressão, entre outros), sendo assim iniciadas suas proibições no século XX,

começando pela Inglaterra com a cocaína, em 1920.

O mercado consumidor europeu de drogas movimenta, atualmente, mais de

100 bilhões de dólares todos os anos e, em vários países, quem consome

substâncias psicoativas de baixo risco (como a maconha) não é levado para a

cadeia. É o caso de Luxemburgo, no qual os consumidores são convidados a fazer

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tratamento psiquiátrico, além da Irlanda, da Áustria, da Dinamarca e da Alemanha.

Em contrapartida, o consumo dessas substâncias em países como França, Suécia,

Noruega e Finlândia é passível de penas que podem chegar a um ano de prisão além

de multas e medidas terapêuticas.

5.7.1. A Liberação em alguns Países

Portugal foi um dos primeiros países do mundo e o primeiro da Europa que

adotou uma polêmica de mudança na lei sobre drogas. Desde 2001, ninguém pode

ser preso por usar qualquer tipo de substância psicoativa. Até o começo de 2013,

era possível comprar drogas alucinógenas em mais de 40 lojas do país, mas após as

mortes de alguns clientes, os produtos foram proibidos em alguns locais.

Atualmente, a posse de maconha é limitada a 25 gramas de erva. Os limites são

definidos por 10 doses diárias e, se forem excedidos, é considerado que existe

tráfico de drogas.

Na Espanha, desde a década de 1990, foram criadas associações sem fins

lucrativos para distribuição de maconha e os associados podem retirar

aproximadamente 20 gramas por semana. Nesses locais, só podem se cadastrar

pessoas maiores de 18 anos, que já sejam usuários habituais da erva e que tenham

sido indicados por um ou mais associados. Com esse modelo, os espanhóis têm

conseguido não apenas retirar uma grande fonte de lucro dos traficantes, mas

também reduzir os danos associados ao uso de maconha.

Já na Holanda, a venda de maconha foi autorizada na década de 1970, o usuário

não é preso e também não paga multa por sua utilização. Pode-se comprar a

planta em lojas especializadas, as chamadas “coffee-shops”, e consumi-la em bares

a partir dos 18 anos. Já a compra e venda da maconha em qualquer outro lugar é

ilegal. O sistema descriminalizou o usuário e regularizou a venda de pequenas

quantidades em condições restritas. Por outro lado, tanto a posse quanto o

comércio, o transporte e a produção de todas as outras drogas são expressamente

proibidos e reprimidos com eficiência - as penas podem chegar aos 12 anos de

prisão.

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6. Referências Bibliográficas

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http://www.repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/3418/3/20

681961.pdf http://www.unodc.org/documents/lpo-

brazil//noticias/2014/06/World_Drug_Report_2014_web_embargoe

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https://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_

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19&chapter=6&lang=en

https://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_

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18&chapter=6&lang=en http://pessoas.hsw.uol.com.br/trafico-de-

drogas4.htm

http://www.brasilescola.com/sociologia/narcotrafico.htm

http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2015/02/01/brasil-

do-pt-liga- narcotrafico-a-terror-islamico/

http://200.144.91.102/sitenovo/conteudo.aspx?cd=651

http://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2011/06/23-world-

drug-report-

2011.html

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/12/1383206-brasil-e-

o-lugar-mais- importante-para-o-narcotrafico-diz-estudo.shtml

http://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/index.html