abacaxi_28 broca do fruto
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Número 28 Dezembro/2004
Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoRua Embrapa s/n - CP. 007 - 44380-000 - Cruz das Almas, BA
Tel: (75) 3621-8000 - Fax: (75) [email protected]
ABACAXI EM FOCO
A Broca-do-fruto do Abacaxi e seu Controle
Nilton Fritzons Sanches1
A broca-do-fruto Strymon megarus (Godart, 1824) é considerada uma das principais pragas da abacaxiculturabrasileira. A praga ocorre em várias regiões produtoras do país, e quando não controlada, pode causar prejuízos de até80%. Ela possui um número reduzido de hospedeiros; além do abacaxi, pode ser encontrada em espécies nativas debromeliáceas.
DESCRIÇÃO E HÁBITOS: Na fase adulta, é uma pequena borboleta com aproximadamente 2,8 a 3,5 cm deenvergadura (Fig. 1). A coloração das asas, cinza escura na face superior e cinza clara, na inferior. As borboletas, em vôosrápidos e irregulares, visitam as plantas em todas as horas do dia, onde realiza a postura desde a saída da inflorescênciaaté o fechamento das últimas flores. A parte superior e mediana da inflorescência são os locais preferidos, embora osovos também possam ser observados no pedúnculo e nas gemas que darão origem aos “filhotes”. Quando o produtor optapelo monitoramento da praga, essas observações são muito importantes. O ovo é circular, esbranquiçado e achatado nasua parte inferior e, embora pequeno, com cêrca de 0,8 mm de diâmetro, é fácil de ser observado na planta (Fig. 2), desdeque o carbureto utilizado na indução não tenha sido em pequenas pedras, jogado diretamente na roseta foliar, o quedificultaria a observação do produtor, no monitoramento. Cinco dias após a postura ocorre a eclosão de uma lagartinha decoloração amarela-pálida, com aproximadamente 1,6 mm de comprimento, que inicia o seu ataque, normalmente, na basetenra das brácteas. Nessa fase, ela permanece no interior da inflorescência por aproximadamente 13 a 16 dias. Quandocompletamente desenvolvida, atinge 18-20 mm de comprimento e 6 mm de largura, e apresenta manchas longitudinaisavermelhadas sobre o tom amarelo-escuro de seu corpo. O ventre e o dorso são ligeiramente deprimidos, o que lhe dá oaspecto típico de “lesma” ou “tatuzinho de jardim”. Ela desce pelo pedúnculo e, próximo a êste, na base das folhas, setransforma em pupa. Sete a onze dias após, ocorre a emergência do adulto. A pupa possui uma coloração castanha commanchas escuras e o seu comprimento está em torno de 13 mm.
1Engº Agrº, M.Sc. Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cx. Postal 007 – 44380-000 – Cruz das Almas, BA. Fone: (75) 3621-8054,[email protected]
Fig. 1 - Adultos (borboleta) da broca-do-fruto. Fig. 2 - Ovo da broca-do-fruto numainflorescência.
SINTOMAS E DANOS: A lagarta ao penetrar na inflorescência rompe os tecidos, resultando no aparecimento deuma resina incolor, bastante fluída. Em contato com o ar, a resina forma bolhas irregulares, tornando-se amarelada e, aoendurecer, marron-escura.
É interessante observar que a inflorescência, quando infectada pela fusariose (doença fúngica), também exsudaresina como sintoma de ataque, porém, geralmente, pelo centro do frutilho, enquanto que no caso da broca-do-fruto aresina surge entre os frutilhos.
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Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento
Mandioca e Fruticultura Tropical
MONITORAMENTO E CONTROLE: Na época do aparecimento da inflorescência, aproximadamente 45 dias após aindução floral, fazer o monitoramento da broca-do-fruto durante o período de abertura das flores. Esta prática nada maisé do que uma vistoria rigorosa, com o objetivo de observar a presença de adultos da referida praga na área e de ovos nainflorescência. Com base no Nível de Dano Econômico (média), sugere-se observar, para cada hectare de abacaxi com37.000 plantas, 180 plantas ao acaso. Nessa avaliação, ao encontrar pelo menos um adulto ou duas inflorescências compelo menos uma postura (um ovo), iniciar o controle (Tabela 1), pulverizando 700 a 1.300 litros de calda inseticida porhectare por aplicação (19 a 35 ml calda/inflorescência/aplicação). A fase de monitoramento será finalizada após o fechamentodas últimas flores das inflorescências (Fig. 3). Caso seja necessário reaplicar o produto, manter intervalos de 15 dias entreas aplicações. Pode-se, também, usar o inseticida biológico à base de Bacillus thuringiensis, cujo intervalo entre aplicaçõesdeve ser de sete a dez dias. Havendo coincidência de tratamentos, as aplicações do inseticida podem ser associadas àsaplicações do fungicida usado para o controle da fusariose.
O monitoramento periódico das inflorescências é uma prática bastante útil, permitindo que a primeira aplicaçãoseja iniciada somente quando do aparecimento do adulto e/ou das primeiras posturas dos ovos da broca, reduzindo-seassim a aplicação de inseticidas e os custos com mão-de-obra.
Fig. 3 – Diagrama da planta: da indução floral ao fechamento das flores.
DESCARTE DE EMBALAGENS: As embalagens vazias dos produtos químicos usados nos abacaxizais não devem ser deixadas expostas ao tempoe nem reutilizadas; devem ser encaminhadas para centrais de recolhimento de embalagens de agrotóxicos mantidas pelo Instituto Nacional deProcessamento de Embalagens Vazias (INPEV) e fiscalizadas pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB).
Tabela 1 – Produtos registrados no MAPA, para o controle da broca-do-fruto Strymon megarus.
Obs.: A citação do nome comercial do produto não significa recomendação ou endosso de tais marcas por parte da EMBRAPA. O objetivo principal é orientar os profissionaisque trabalham com a cultura do abacaxi.*Intervalo entre a última aplicação e a colheita.
Ingrediente Ativo Marca Comercial Grupo Químico Classif.
Toxico-
lógica
Período
Carência
(dias)*
Formulação Dosagem (g
ou ml / 100
litros)
B. thuringiensis Dipel PM biológico IV 0 WP 600 g/ ha
Deltametrina Dominador Piretróide IV 14 SC 100 mL/ha
Carbaril Carbaryl Fersol Pó 7,5 Metilcarbamato III 7 DP 15 kg/ha
Carbaril Sevin 480 SC metilcarbamato III 7 SC 225 mL
Carbaril Sevin 850 PM metilcarbamato III 7 WP 150 g
Fenitrotiona Sumithion 400 PM organofosforado III 14 WP 200 g
Deltametrina Decis 25 CE piretróide III 14 EC 200 ml / ha
Carbaril Carbaryl Fersol 480 SC carbamato II 7 SC 225 mL
Triclorphon Dipterex 500 organofosforado II 7 SL 300 mL
Beta-ciflutrina Bulldock 125 SC piretróide II 14 SC 80 ml /ha
Fenitrotiona Sumithion 500 CE organofosforado II 14 EC 150 mL
Fenitrotiona Sumibase 500 CE organofosforado II 14 EC 150mL
Parationa-metílica Bravik 600 CE organofosforado I 15 EC 135 mL
Fonte : AGROFIT
Classificação Toxicológica do Produto Tarja Tipo de Formulação
I – Extremamente Tóxico ......................................... Vermelha WP = Pó molhávelII – Altamente Tóxico ............................................... Amarela SC= Suspensão concentradaIII – Medianamente Tóxico ......................................... Azul EC = Concentrado emulsionávelIV - Pouco Tóxico .................................................... Verde SL = Concentrado solúvel
DP= Pó sêco
I II III IV40 DIAS 20 DIAS 20 DIAS
I = Indução do florescimento (aplicação do carbureto) III = abertura das primeiras floresII = Surgimento da inflorescência na roseta foliar IV = fechamento das últimas flores
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