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A arte de vender, por Guilherme Paulus, da CVC . pág.82 COPA DO MUNDO É hora de sua empresa entrar em campo pág.38 PARA ENCORAJAR E CAPACITAR o EMPREENDEDOR BRASILEIRO OSSÕC;IOS DO ESTUDIO COLLETIVO: eles fundaram a empresa com ~$700e devem faturar R$ 1,8 milhão neste ano 30 DICAS para pensar fora da caixa (e se dar bem!) + Romero Britto, o pernambucano que faz milhões com arte pág.72 OS FUNDOS~DE INVESTIMENTO QUE PODEM BANCAR ASUAID~t~

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A arte de vender, por Guilherme Paulus, da CVC. pág.82

COPA DO MUNDOÉ hora de sua

empresa entrarem campo pág.38 PARA ENCORAJAR

E CAPACITAR oEMPREENDEDOR

BRASILEIRO

OSSÕC;IOSDO ESTUDIOCOLLETIVO:eles fundaram

a empresacom ~$700edevem faturarR$ 1,8 milhão

neste ano

30DICAS

para pensarfora da caixa

(e se dar bem!)+

Romero Britto,o pernambucanoque faz milhões

com artepág.72

OS FUNDOS~DEINVESTIMENTO QUE PODEM BANCAR ASUAID~t~

. . ~.

FINANÇAS

Comoinvestiremfundos derecebíveisDá para transformar contas devidas a sua empresaem capital para o dia a dia, com menos encargos doque um crédito bancário

POR Felipe Datt

R Como todo empresário sabe, é pratícamen-• te impossível crescer sem procurar crédi-• to, e assim contar com recursos para au-

mentar o capital de giro ou investir em equipamentose infraestrutura. Omeio mais comum é o empréstimobancário. Existem, porém, caminhos alternativos deviabilizar esse dinheiro, oferecidos pelo mercado decapitais e ainda pouco difundidos.

Uma opção a ser considerada, inclusive por em-presas de menor porte, é a venda de recebíveis paraum Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios(FIDC), operação mais simples do que o nome podesugerir. Recebíveis são papéis relativos a valores de-vidos à empresa (por um cliente ou uma carteira declientes), mas ainda não pagos. Há instituições de ges-tão financeira que compram e dão liquidez a esses pa-péis, e a empresa poderá dispor dos recursos imedia-tamente, a um custo que costuma ser vantajoso em re-lação às outras opções de crédito no mercado.

"A antecipação de recebíveis é uma operação im-portante para levantar capital de giro e pode repre-sentar um complemento ao empréstimo bancário",diz Rodrigo Zeidan, professor de finanças da Funda-ção Dom Cabral. Não é preciso ser uma grande em-presa para participar de um FIDC, mas usar esse ins-trumento exige maturidade, uma vez que seu negócioserá avaliado não só pelo gestor do fundo como pe-lo mercado de capitais. Veja a seguir como tirar o me-lhor proveito dessa oportunidade.

ENTENDA O FIDCA lógica do FIDC é parecida com a de uma operaçãode desconto de duplicatas, que muitas pequenas emédias empresas realizam nos bancos. A diferençaestá na multiplicidade da operação. Considere umaempresa com um contrato de venda de um produ-to ou de prestação de serviços para um ou uma sé-rie de clientes, com recebimento a prazo, em diferen-tes datas. Tendo em mãos as "contas a receber" (queaqui ganham o nome de direitos creditórios ou rece-bíveis), a empresa vende esses créditos a uma insti-tuição bancária ou a uma gestora de recursos. Pagauma taxa de desconto para ter acesso imediato ao di-nheiro. Assim, não precisará mais esperar 30 ou 60dias pelo vencimento da fatura. O banco ou a gesto-ra, por sua vez, transformará aqueles créditos em tí-tulos que farão parte de um fundo cujas cotas serãovendidas a investidores.

O FIDC entra em uma categoria conhecida no mer-cado de capitais como securitização, que na práti-ca transforma créditos a receber de empresas de di-versos setores em papéis negociados por investido-res no mercado. "Como no Brasil o crédito é caro, a

114 PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS Outubro, 2IJ12 ILUSTRAÇCES: ISMAR SOARES

-NA

Quem

:Ir-' COMO FAZER

antecipação de recebíveis é uma opção importante decaptação de recursos de curto prazo", diz Zeidan.

Beatriz Degani, sócia da gestora de recursos Qua-tá Investimentos, especializada na estrururação deFIDCs para médias empresas, diz que a operação émais barata em comparação com as transações tradi-cionais de empréstimo e as linhas convencionais decheque especial. Na prática, enquanto a taxa do che-que especial pode atingir até 10% ao mês, uma opera-ção de venda de recebíveis pode custar cerca de 2%,dependendo de como é estruturada. Na hora de deci-dir, no entanto, é indispensável pesquisar os custos emvigor das várias opções existentes no mercado.

SEM IMPOSTOÉ importante destacar que na antecipação derecebíveis Q empreendedor não estará tomando umempréstimo, mas antecipando o recebimento de umcrédito da própria empresa. Assim, não há impactono endividamento. Por se tratar de uma operaçãomercantil, regulada pela Comissão de Valores

! Mobiliários (CVM), e não bancária, não há incidência deImposto sobre Operações Financeiras (IOF).

116 PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS Outubro,2012

EPAREACASA-=- ---:::r:da de recebíveis represen---:;zz znaioria dos casos, o primei-::::::::c=;:atode uma empresa com o==:.cado de capitais. Funciona co-=::; um cartão de visita. O investi-~:mrisa saber exatamente onde~ê!.ocando dinheiro - e para is-- ê:>'aliapreviamente se há proba-~e real de lucros. A dica dosespecialistas é: deixe a casa pronta.

Jma das melhores estratégias éntrarar uma empresa de audito-

ria Onegócio ganha formalização eas informações se traduzem em lin-guagem que o mercado financeiroconhece", afirma João Paulo Pacífi-co, diretor da Gaia Securitizadora.

No caso da Quatá, é feita umaanálise macroeconômica que avaliafatores como taxa de juros, câmbioe inflação e calcula-se seu impactonos diferentes setores da econo-mia Após a seleção de um segmen-to específico, começa a prospecçãode empresas elegiveis para parti-cipar de FIDCs. O processo envol-ve, muitas vezes, submeter ~ em- .presa a procedimentos valiososaos olhos do mercado, como audi-tar demonstrações financeiras, le-vantar quem são os clientes e quaissão seus históricos de pagamento erecomendar boas práticas de ges-tão. "Aideia é que a empresa come-ce a fazer operações de curto pra-zo, preparando-a para mais adianteviabilizar uma operação maior, co-mo uma oferta pública de ações",diz Beatriz Degani.

DIVERSIFICAÇÃO RENDEUm FIDC que reúna recebíveis deuma única empresa é possível, masexige um negócio robusto comclientes pagadores respeitadosno mercado. Para os investidores,quanto mais estruturado o negócioe maior a diversificação de seusclientes, menor o risco de calotes.Do mesmo modo, para o bancoou a gestora, mais vale um grupomesclado de clientes do que umacarteira muito concentrada.

OPÇÕESMAIS

OUSADAS

As modalidadesmais conhecidasde financiamento

no mercadode capitais

costumam serusadas por

empresas emestágio avançadode crescimento,mas podem serconsideradastambém pornegócios de

menor porte. Sãoelas: Fundos deInvestimento em

Participações(FIP,que

implicam cederparte do poderdecisório para

os investidores)e abertura de

capital (ou IPO,sigla em inglêspara "oferta

pública inicial").

:lyA COMO FAZER

,PAPEIS QUE VIRAM DINHEIROVEJA COMO OS CRÉDITOS DE SUA EMPRESA PODEM ATRAIR INVESTIDORES

1.Aempresatem recebíveispendentes(valoresrelacionadosa bens ouserviçoscontratados oujá fornecidos,mas ainda nãototalmentequitados)

3.0 gesto ravalia a saúdeda empresae o risco donegócio e, sedecidir queé vantajoso,compra oscréditos daempresa comencargosmenoresdo que umempréstimobancário

2.Alia-se aum gestorfinanceiro paravender essescréditos

.. p.'- .. .

o patrimôniolíquido dos FIDCs

chegou a

R$68,SBILHÕES

em agosto, segundoa AssociaçãoBrasileira das

Entidadesdos MercadosFinanceiro e de

Capitais

APRENDA COM QUEM FAZUma iniciativa que permitiu a chegada dos FIDCsao dia a dia dos pequenos e médios empreendedo-res partiu de empresas como Petrobras e Odebrecht,que estruturaram fundos para financiar suas cadeiasde fornecedores. Os grandes nomes dão mais segu-rança aos investidores. "Tomamos a decisão quan-do, depois de um estudo, identificamos como prin-cipal carência de nossos fornecedores a dificuldadede acesso a financiamento, principalmente para ca-pital de giro", diz Almir Barbassa, diretor financeiroda Petrobras. "O mecanismo é importante para a pe-quena empresa sem tradição no mercado, que paga-vajuros altíssimos ao levantar empréstimos. Com oFIDC, o crédito chega a ser 50% mais barato."

O FIDC Fornecedores Petrobras, criado em 2010,tem patrimônio de R$ 1,1bilhão e reúne 284 empre-sas - o potencial é muito maior, porque a estatal tem14mil fornecedores ativos. A Brasitest, de São Paulo,parceira da Petrobras há 25 anos na área de inspeçãode equipamentos, recorre à antecipação de recebíveisdesde o ano passado. "O risco de um contrato com a

118 PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS Outubro,2012

4.Aempresarecebeimediatamenteos valoresreferentes aoscréditos futuros

5. A gestora transformaesses créditos em cotasde um fundo (exclusivodaquela empresa ouque reúna uma sériede companhias), queposteriormente sãovendidas a investidores

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Petrobras é baixo e a operação é bem aceita no mer-.cado financeiro. Pretendo continuar antecipando re-cebíveis sempre que nosso fluxo de caixa demandar",diz o gerente financeiro Claudio Albardino.

O respaldo de um grande nome não é, porém, in-dispensável para antecipar recebíveis. OBanco Petratem cerca de R$ 2,5 bilhões sob gestão, que represen-tam ativos de 5.171empresas - 92,2% são micro, pe-quenas ou médias. A estratégia para atrair investido-res foi constituir fundos que reúnam créditos de em-presas de ramos diferentes. "Adiversificação evita queos fundos fiquem sujeitos às oscilações setoriais", dizo diretor-presidente Fernando Fontes.

RECEBíVEIS IMOBILIÁRIOSA securitização de títulos imobiliários €, outraalternativa para levantar capital, muito utilizada porincorporadoras, que vendem seus créditos futuros(apartamentos comprados a prazo, por exemplo)para uma gestora e assim não precisam esperar opagamento pelos clientes. Muitos shopping centerstambém levantam recursos por intermédio daantecipação da receita de aluguéis dos lojistas.