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9 A A A A CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DO CETEA DO CETEA DO CETEA DO CETEA 1991-2007 ma das atividades que caracterizou o CETEA em seu período de consolidação foi a realização de eventos nacionais e internacionais com o objetivo de trazer ao País as discussões técnicas e mercadológicas importantes para a evolução do setor de embalagem. Em dezembro de 1987, organizou o Seminário sobre Migração de Componentes de Embalagens Plásticas para Alimentos, com o objetivo de divulgar os conhecimentos adquiridos pelo CETEA na área de migração, fruto do desenvolvimento de um Projeto financiado pelo PADCT Programa de Apoio do Desenvolvimento Científico e Tecnólogico e reunir subsídios para definir prioridades e necessidades de pesquisa na área, orientando o desenvolvimento dessa linha de pesquisa, na qual o CETEA até hoje é referência. Em novembro de 1991 foi realizado o Seminário Internacional “ Latas Eletrossoldadas: aspectos tecnológicos e avaliação da qualidade” , que contou com três palestrantes internacionais e a participação maciça do setor de embalagens metálicas brasileiro, tendo sido um evento de grande importância para o desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil, no momento em que estava sendo disseminada e requeria conhecimento técnico especializado. Outro exemplo que se destaca foi a 8ª Conferência Mundial de Embalagem do IAPRI (Associação Internacional dos Institutos de Pesquisa em Embalagem), realizada em junho de 1993, que contou com a coordenação do CETEA e da FISPAL. O evento, tinha entre seus objetivos estabelecer e aprimorar as relações profissionais e pessoais entre técnicos na área de embalagem de várias partes do mundo, foi o primeiro a ser realizado em um País “ em desenvolvimento” . Isso demonstra o reconhecimento pela IAPRI da importância da iniciativa de organizações como ONUDI, ITC e OEA no sentido de criar Instituições de pesquisa em embalagem nacionais, que tornassem possível trabalhar de forma integrada com o setor privado e governamental. A Conferência contou com 44 trabalhos internacionais, 26 trabalhos nacionais e mais de 400 participantes. Nos anos seguintes, o Centro viria a confirmar seu lugar como principal realizador de eventos internacionais do setor no País. Já em 1994, apoiou o Workshop sobre industrialização, distribuição e marketing na indústria de alimentos, que ocorreu durante a Alimentec, principal feira de alimentação do Brasil da época. Na edição seguinte da mesma feira, o CETEA foi o responsável pela U

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A A A A CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DO CETEADO CETEADO CETEADO CETEA 1991-2007

ma das atividades que caracterizou o

CETEA em seu período de

consolidação foi a realização de eventos

nacionais e internacionais com o objetivo

de trazer ao País as discussões técnicas e

mercadológicas importantes para a

evolução do setor de embalagem. Em

dezembro de 1987, organizou o Seminário

sobre Migração de Componentes de

Embalagens Plásticas para Alimentos, com

o objetivo de divulgar os conhecimentos

adquiridos pelo CETEA na área de

migração, fruto do desenvolvimento de um

Projeto financiado pelo PADCT –

Programa de Apoio do Desenvolvimento

Científico e Tecnólogico e reunir subsídios

para definir prioridades e necessidades de

pesquisa na área, orientando o

desenvolvimento dessa linha de pesquisa,

na qual o CETEA até hoje é referência.

Em novembro de 1991 foi realizado o

Seminário Internacional “ Latas

Eletrossoldadas: aspectos tecnológicos e

avaliação da qualidade” ,

que contou com três

palestrantes

internacionais e a

participação maciça do

setor de embalagens

metálicas brasileiro,

tendo sido um evento

de grande importância

para o

desenvolvimento

dessa tecnologia no

Brasil, no momento em que

estava sendo disseminada e requeria

conhecimento técnico especializado.

Outro exemplo que se destaca foi a 8ª

Conferência Mundial de Embalagem do

IAPRI (Associação

Internacional dos

Institutos de Pesquisa

em Embalagem),

realizada em junho de

1993, que contou com

a coordenação do

CETEA e da FISPAL.

O evento, tinha entre

seus objetivos

estabelecer e

aprimorar as relações profissionais e

pessoais entre técnicos na área de

embalagem de várias partes do mundo, foi

o primeiro a ser realizado em um País

“ em desenvolvimento” . Isso demonstra

o reconhecimento pela IAPRI da

importância da iniciativa de organizações

como ONUDI, ITC e OEA no sentido de

criar Instituições de pesquisa em

embalagem nacionais, que tornassem

possível trabalhar de forma integrada com

o setor privado e governamental. A

Conferência contou com 44 trabalhos

internacionais, 26 trabalhos nacionais e

mais de 400 participantes.

Nos anos seguintes, o Centro viria a

confirmar seu lugar como principal

realizador de eventos internacionais do

setor no País. Já em 1994, apoiou o

Workshop sobre

industrialização,

distribuição e marketing

na indústria de alimentos,

que ocorreu durante a

Alimentec, principal feira

de alimentação do Brasil

da época. Na edição

seguinte da mesma feira,

o CETEA foi o

responsável pela

UUUU

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coordenação do Seminário Internacional de

Embalagem, realizado em parceria com a

Fispal e a IPPO (International Packaging

Press Organization), uma organização de

editores das principais revistas de

embalagens do mundo. As três entidades

foram as responsáveis por, mais uma vez,

trazer para o País um evento que nunca

tinha sido realizado em países “ em

desenvolvimento” . O Seminário

possibilitou contatos altamente relevantes

para a área e auxiliou na

divulgação das

perspectivas da área

de embalagem na

sociedade global.

Em 1997, o CETEA

e a Fispal

realizaram uma

nova edição do

Seminário

Internacional de

Embalagem, dessa vez ao lado do Institute

of Packaging Professionals (IoPP),

reforçando o destaque que o Centro dava

a eventos internacionais. O IoPP possuía,

na época, interesse especial na divulgação

e no crescimento da área de embalagem

do Brasil. Assim, o objetivo do evento era

discutir as estratégias para setor no

século XXI, trazer à indústria nacional de

embalagem o que havia de melhor e mais

atualizado, antecipando e orientando os

desenvolvimentos e lançamentos que iriam

ocorrer no Brasil nos anos seguintes.

Dois anos depois foi a

vez do Seminário

Internacional de

Embalagem Brasil/EUA,

que buscava

acompanhar as

mudanças ocorridas

durante uma

revolução no mercado

mundial de embalagem,

caracterizada pelas circunstâncias

econômicas mundiais, as inovações em

tecnologia, fusões e aquisições de

empresas e pela agilidade dos

competidores. Uma maneira considerada

pelo CETEA para não perder o “ trem”

dessas mudanças era exatamente a

realização de seminários anuais de âmbito

internacional na área de embalagem.

Nesse mesmo sentido, mas dando ainda

um passo à frente, uma série de eventos

foi realizada a fim de socializar as

informações contidas em um documento, o

Relatório Especial Brasil Pack Trends

2005, que consistia em um conjunto de

análises e informações dirigidas a

profissionais e empresas do mercado de

embalagem e produtos de consumo. O 1°

relatório – elaborado e coordenado pelo

então coordenador do CETEA, Luis Madi,

por Graham Wallis, da Datamark e por

Manoel Muller, da Muller Associados –

contemplava os principais cenários,

fatores de influência e

tendências do negócio

de embalagem para os

anos que abririam o

século XXI no Brasil. O

2o relatório Brasil Pack

Trends 2005 –

Embalagem, distribuição

e consumo, publicado

em 2000 novamente sob a coordenação de

Madi, contou com a participação da equipe

do CETEA e também colaboradores

externos. Foram realizados três eventos

com esse tema: um em 1998, outro em

2000 e, o último, em 2002.

Em novembro de 2000 o CETEA organizou

o Seminário Internacional Integridade do

Fechamento de Embalagens Metálicas, em

conseqüência da importante evolução dos

processos de produção dessas

embalagens, que promoveram alteração

em padrões de

fechamento, muitas

vezes desconhecidos

dos usuários de latas.

Esse evento foi um

fórum de informação,

discussão e

esclarecimentos sobre

o presente e o futuro

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próximo do fechamento das embalagens

metálicas e a conseqüente proteção do

produto acondicionado.

Por fim, vale destacar a realização em

2001 da II Conferência Internacional de

Embalagens Flexíveis TAPPI/CETEA, que

contou mais uma vez com a parceria da

Fispal e da Technical Association of the

Pulp and Paper Industry (TAPPI). 17

palestras foram

proferidas cumprindo o

objetivo de atualizar e

esclarecer dúvidas

sobre produção,

desenvolvimento de

produto, engenharia e

equipamentos voltados

às embalagens

flexíveis. A experiência TAPPI / CETEA

perdura até hoje, tendo sido realizados 4

eventos em parceria.

O período entre os anos 1991 e 2007, os

quais podem ser reconhecidos como de

consolidação do CETEA, também foram

marcados por volumosos incrementos em

sua infra-estrutura, na busca por se

manter capaz de atender à demanda do

setor, além de uma reestruturação

administrativa. Em 1994 o CETEA

organiza-se internamente em 3 gerências,

a saber, Gerência 1, englobando as áreas

de Embalagens Celulósicas e de

Distribuição; Gerência 2, englobando

Embalagens Plásticas e Meio Ambiente e

Gerência 3, englobando as áreas de

Embalagens Metálicas e de Vidro.

Eloisa Garcia, Gerente da Área de Embalagens Plásticas e Meio Ambiente (G2); Sílvia Dantas, Gerente da Área de Embalagens Metálicas e de Vidro (G3) e Assis Garcia Gerente da Área de

Embalagens Celulósicas e de Transporte e Distribuição (G1)

Se, em 1993, o Centro atuava em

embalagens celulósicas, de distribuição,

metálicas, plásticas e de vidro, análise de

alimentos e documentação e informação

em meio-ambiente, contava com uma

infra-estrutura no valor aproximado de 3

milhões de dólares e área útil de 2.000 m²,

em 1998 sua atuação tinha agregado

embalagens para produtos farmacêuticos,

de higiene e limpeza, cosméticos,

eletroeletrônicos e produtos perigosos. O

valor da infra-estrutura passou a ser de

aproximadamente cinco milhões de dólares

e a área útil foi ampliada para 2.300 m².

Entre os dois períodos, podem ser

destacadas: a ampliação da estrutura da

Área de Documentação e Informação

(ADI), adequação dos laboratórios aos

requisitos de qualidade, reforma de salas

e câmaras de estocagem climatizadas, a

aquisição de equipamentos para a

determinação da compressão de caixas e

grandes volumes, de equipamentos para

determinação da taxa permeabilidade ao

vapor d’ água (Permatran), de novos

equipamentos para determinação de

permeabilidade ao oxigênio, potenciostato

e analisador de resposta por freqüência,

sistema de análise de imagem,

equipamentos para determinação de

oxigênio e de gás carbônico dissolvidos

em bebidas e ainda a aquisição de um

Microscópio Eletrônico de Varredura com

sistema de microanálise, que permitiu a

introdução no CETEA desse importante

recurso da tecnologia moderna para

diferentes aplicações na área de

embalagem, incluindo-se os materiais

celulósicos, metálicos, plásticos e de

vidro. Em 1998, as melhorias

permaneceram com a modernização da

máquina universal de ensaios, o

condicionamento dos laboratórios e a

reforma e ampliação do sistema de

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proteção contra descargas atmosféricas

nas instalações do Centro. Todos esses

avanços foram feitos com apoio da

FAPESP ou FINEP. No período

subsequente a infra-estrutura do CETEA

continuou sendo ampliada, com a aquisição

dos equipamentos detector de vazamento

com espectrômetro de massa por gás hélio

e um DSC para análise térmica, ambos

com fomento da FAPESP e espectrômetro

de emissão atômica com plasma acoplado,

utilizado em análises de quantificação de

metais em alimentos e embalagens, por

meio de financiamento do PNP&D Café

(Programa Nacional de Pesquisa e

Desenvolvimento do Café).

O reconhecimento também marcou esse

período e o CETEA recebeu várias

premiações. Em 1996, a revista

Embanews, dirigida aos setores de

envase, embalagem e logística, concedeu

ao seu então Coordenador, Luis Madi, o

troféu Personalidade do Ano na 5ª edição

do Prêmio Brasileiro de Embalagem. Dois

anos depois, Madi foi agraciado com o

prêmio Joon S. Moon distiguished

international alumni award, da

Universidade Estadual de Michigan (MSU).

Prêmio Embanews e Prêmio MSU

Em 2001, o CETEA recebeu o Troféu

Institucional do Ano, concedido pela

Revista Embanews. Dentre os prêmios

técnicos recebidos pela equipe do CETEA

podem ser destacados: melhor trabalho

sobre aplicação e uso final no V Seminário

de Tecnologia da Indústria do Alumínio em

1995; Premiação Nacional de Equipes –

EMBRAPA - categoria Qualidade Técnica,

por meio do projeto: “ Desenvolvimento

da Tecnologia de Processamento Mínimo

em Hortaliças de Importância Econômica

para o Brasil” , financiado pelo

PRODETAB - Projeto e Apoio ao

Desenvolvimento de Tecnologia

Agropecuária para o Brasil, do Ministério

de Agricultura e Abastecimento em 2000;

melhor trabalho apresentado na categoria

poster no 20th IAPRI Symposium em 2000;

melhor trabalho apresentado na categoria

poster no 22th IAPRI Symposium em 2005

e melhor trabalho apresentado na

categoria estudo de caso, no evento

CILCA da Associação Brasileira de Ciclo

de Vida em 2007.

Do mesmo modo em estrutura

organizacional e de gestão o CETEA se

destacou, adotando modelos mais

próximos do setor produtivo que

permitiram uma compatibilização maior

entre as duas esferas. O padrão, adotado

em 2000, passou a incluir a remuneração

estratégica e a avaliação regular de todos

os funcionários, o que permitiu uma

dinamização de suas atividades.

Essa estrutura física, humana e

administrativa permitiu que o CETEA, ao

longo dos 25 anos de sua história,

desenvolvesse pesquisas, treinamentos e

publicasse livros que se revelaram

verdadeiros marcos para a área de

embalagens. Alguns deles podem ser

facilmente relembrados por profissionais

do setor e pelos consumidores, dado o

impacto que alcançaram no mercado

brasileiro.

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Ainda como SEMB, o CETEA já começou

sua trajetória de pioneirismo em diversos

setores da embalagem. Um destaque

nesse sentido é o trabalho desenvolvido a

partir de 1979 com embalagens plásticas

esterilizáveis, denominadas Retortable

Pouch. O CETEA foi o primeiro a

desenvolver esses estudos, com o

patrocínio da Organização dos Estados

Americanos. Já em 1979 realizou o

Seminário Internacional sobre Embalagens

Flexíveis Esterilizáveis, o qual se

constituiu em um marco nestes estudos.

Especialistas de renome mundial foram

conferencistas e prestaram consultoria ao

Centro dando início à formação de infra-

estrutura técnica em termos de pessoal e

equipamentos. Com a criação formal do

CETEA, a partir de 1982, a equipe

dedicada a estes estudos foi ampliada e

consolidou-se o conhecimento na área que

começava a incluir também embalagens

totalmente feitas de materiais plásticos,

flexíveis ou rígidas, com diferentes

barreiras a gases.

Na década de 80, foram introduzidas no

país as embalagens plásticas para óleo

vegetal. Durante anos, as embalagens

plásticas utilizadas no mercado nacional

apresentaram limitações com relação à

hermeticidade, resistência ao

empilhamento e colapso durante a

estocagem. Situação similar ocorreu

quando da redução de espessura de latas

de aço também para o acondicionamento

de óleo comestível. O CETEA participou

da solução destes problemas, investindo

em infra-estrutura, desenvolvendo

metodologias de ensaio para avaliação de

qualidade das embalagens e apoiando o

desenvolvimento tecnológico da indústria.

Nos anos noventa houve a oferta de uma

nova embalagem de PET para óleo vegetal

comestível, que também foi testada no

CETEA antes de suas primeiras

utilizações. Simultaneamente, houve um

crescimento da pressão por qualidade e

redução de custos.

Mais uma vez, respondendo a uma

necessidade do setor produtivo, o Centro,

com o apoio financeiro da FAPESP e junto

de indústrias de embalagem e de grandes

produtores de óleo instalados no País e na

América Latina, participou de vários

estudos de redução de peso das garrafas

para esta aplicação, com ênfase em vida

útil do óleo, propriedades de barreira ao

oxigênio e à luz e resistência mecânica.

Baseadas nos resultados obtidos por estes

trabalhos, foram introduzidas mudanças no

processamento do óleo de soja no Brasil, a

exemplo de sistemas de desoxigenação do

óleo e inertização da embalagem após

envase.

Estudos e pesquisa voltados às

propriedades de barreira ao oxigênio, ao

vapor de água e à luz de embalagens

plásticas passaram a ser destaque na

década de 90, especialmente pela alta

demanda do mercado em serviços

tecnológicos, consultoria e para o

desenvolvimento de materiais barreira e

de suas aplicações para diferentes

produtos. Paralelamente, a avaliação de

desempenho mecânico dos diferentes tipos

de embalagens (metálicas, plásticas, de

vidro) ganhou grande importância com a

tendência de redução de espessura dos

materiais ou do peso das embalagens,

baseada tanto na competitividade como na

visão da necessidade de preservação do

meio ambiente pela redução de uso de

recursos naturais.

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Assim, vários serviços de otimização

foram prestados para o setor produtivo no

País.

No ano em que completa 25 anos, o

CETEA continua a desenvolver trabalhos

em uma tecnologia que ajudou a implantar

no país, na qual é referência e em que

desenvolve pesquisas desde a década de

80: as embalagens com atmosfera

modificada. A técnica é empregada

atualmente em diversos produtos

alimentícios, como massas frescas,

carnes, frutas e hortaliças.

Este tipo de acondicionamento pode ser

definido como um sistema em que o ar é

substituído por uma mistura de gases

específica para conservar um determinado

produto alimentício. Os objetivos são,

essencialmente, melhorar a qualidade e

aumentar a vida útil, ao mesmo tempo em

que a utilização de conservantes químicos

é reduzida. Atualmente, o CETEA trabalha

em um projeto em parceria com a

EMBRAPA Agroindústria de Alimentos,

com o apoio da Rede Brasileira de

Tecnologia (RBT), cujo tema é o

acondicionamento de embalagens com

atmosfera modificada para frutas e

hortaliças e seu objetivo é oferecer apoio

ao setor privado para melhorar a

tecnologia e a relação custo-benefício.

A migração – mais uma das áreas em que

o CETEA se tornou referência – é um

fenômeno de transferência de substâncias

da embalagem para o produto alimentício,

devido ao contato ou interação entre eles.

As substâncias migrantes, por não serem

previstas nem desejadas, são consideradas

aditivos acidentais e podem acarretar a

contaminação toxicológica ou sensorial

dos produtos acondicionados.

A contaminação toxicológica é controlada

pela legislação de embalagem para

produtos alimentícios. Na base dessas

regulamentações está a restrição ao uso

de substâncias potencialmente tóxicas ou

carcinogênicas na composição do material

e no controle da migração. Tais restrições

normalmente são feitas através de Listas

Positivas que apresentam as substâncias

que podem ser empregadas na formulação

do material para contato com alimentos e

na definição de um limite de migração total

para controle do potencial de

contaminação indireta do produto

alimentício em função da interação

material de embalagem/produto e quando

necessário, por razões toxicológicas, a

definição de restrições específicas como

limite de migração específica ou limite de

composição de determinada substância no

material.

O CETEA se dedica, desde 1982, ao

desenvolvimento e implantação de

metodologias para análise de migração

total, migrações específicas de monômeros

e de metais de materiais de embalagem

como plásticos, celulósicos, vernizes e

revestimentos, avaliação de pigmentos e

corantes, parafinas, adesivos entre outros.

A capacitação inicial do CETEA para os

estudos de migração deveu-se a um

projeto financiado pelo então PADCT, que

permitiu a aquisição dos primeiros

equipamentos, como cromatógrafos a gás,

infra-estrutura que foi ampliada em 95-96

com a aquisição de cromatógrafo líquido

de alta eficiência (HPLC) e um

cromatógrafo a gás com detecção por

espectrometria de massas (CG/MS), com

recursos concedidos pela FINEP,

impulsionando os estudos de migração e o

diagnóstico de contaminantes voláteis em

materiais de embalagem, seus insumos e

em produtos acondicionados.

A equipe técnica que iniciou este trabalho

no CETEA foi treinada em Centros de

Excelência com tradição em estudos de

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migração localizados principalmente na

Alemanha, Inglaterra, França e Estados

Unidos. Desde 1992, o Centro tem

participado do processo de harmonização

das legislações referentes a materiais para

contato com alimentos do Mercosul, como

membro oficial, e participa atualmente do

Grupo de Embalagens e Equipamentos em

Contato com Alimentos da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

O CETEA foi, em 2003, o primeiro

Laboratório Habilitado, segundo a norma

ISO 17025, pela Rede Brasileira de

Laboratórios Analíticos em Saúde

(REBLAS) da ANVISA, para análise de

materiais de embalagem para contato com

alimentos, segundo a legislação brasileira

e do Mercosul.

Assim, desde o início dos estudos sobre

migração, o CETEA presta assessoria

técnica às indústrias nacionais sobre a

adequação de materiais para contato

direto com alimentos, colaborando com a

melhoria da qualidade, segurança das

embalagens nacionais e enfatizando que os

fabricantes de embalagem devem ter

ciência de suas responsabilidades como

elos da cadeia produtiva de alimentos.

Atualmente, é um Centro reconhecido pela

excelência na área de migração e

avaliação de embalagens e conhecimento

da legislação nacional e internacional de

embalagem para contato com alimento.

Outra área de atividade relevante é a

avaliação de desempenho de embalagens

durante sua utilização, sendo que o

CETEA até hoje mantém intensa atuação

no diagnóstico de falhas, visando orientar

produtores e usuários de embalagem e

estabelecer diretrizes para a solução de

problemas.

Em resposta à demanda crescente dos

setores produtivo e usuário, o CETEA vem

expandindo sua atuação também na

avaliação de Conformidade de

Embalagens, tanto em programas

voluntários de associações setoriais como

na certificação compulsória, estabelecida

pelo INMETRO para determinados

produtos, em função de sua relevância do

ponto de vista de saúde, segurança ou

meio ambiente. Nessa área, encontra-se

em andamento o projeto Expansão da

atuação do CETEA em avaliação de

Conformidade de Embalagens, também

com financiamento da FINEP. Além disso,

assessora empresas na realização do

protocolo de ensaios estabelecido por

algumas indústrias para a homologação de

fornecedores de embalagens para o

acondicionamento de determinados

produtos.

O CETEA teve importante participação

também na evolução tecnológica de

embalagens para bebidas, dentre as quais

se destacam as carbonatadas. Por meio de

pesquisas e da prestação de assistência

tecnológica, forneceu subsídios técnicos

fundamentais relacionados à utilização de

embalagens de três peças em aço, com

costura eletrossoldada, garrafas de PET e

latas de duas peças inicialmente em

alumínio e posteriormente também em aço.

Um dos mais importantes

desenvolvimentos no segmento de

embalagens metálicas deu-se com a

utilização da tecnologia de soldagem

elétrica para a produção da costura lateral

na fabricação de latas de três peças. No

âmbito mundial, essa tecnologia passou a

ser amplamente aplicada nos anos 80.

Motivada por iniciativa de ordem

legislativa, impulsionada pelo próprio

consumidor, uma vez que havia uma

mobilização no sentido de eliminar a

presença do chumbo em produtos

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alimentícios, a costura lateral,

anteriormente realizada por meio de uma

solda composta por chumbo (98%) e

estanho (2%), foi substituída pela

tecnologia de soldagem elétrica com

bastante rapidez.

O CETEA acompanhou esse

desenvolvimento paralelamente à sua

implantação no Brasil e capacitou-se, por

meio de um projeto financiado pela FINEP,

disponibilizando ao mercado nacional

infra-estrutura e conhecimento técnico

para o desenvolvimento de pesquisa e a

prestação de assistência tecnológica para

apoio ao setor produtivo na implantação e

utilização de latas soldadas eletricamente.

A utilização de latas eletrossoldadas para

o acondicionamento de óleo vegetal

comestível iniciou-se somente após a

realização de pesquisa pelo CETEA

confirmando a sua adequação para essa

aplicação, o que forneceu respaldo técnico

aos produtores de que não havia influência

de possíveis resíduos de cobre da

eletrossolda na oxidação do óleo vegetal.

A aplicação da tecnologia de soldagem

elétrica no Brasil é uma realidade há

muitos anos, estando presente na grande

maioria dos produtos enlatados. Além da

eliminação da possibilidade de

contaminação dos alimentos com chumbo

pela embalagem, a fabricação de latas de

três peças por esse processo oferece

outras vantagens, como a maior

resistência mecânica da costura lateral,

tornando possível o emprego de

temperaturas de processamento maiores e

conferindo maior resistência à pressão

interna; disponibilização de área maior de

litografia; possibilidade de utilização de

formatos inovadores, como ocorreu mais

recentemente em latas de vários alimentos

e de formação de pescoço, maior

integridade do fechamento, além de

economia de material devido à menor

sobreposição. O aspecto que mais se

destaca, no entanto, está relacionado à

proteção à saúde do consumidor.

O CETEA atuou também de forma intensa

em outros desenvolvimentos importantes

para o setor produtor e usuário de

embalagens metálicas: a introdução da lata

de alumínio para bebidas, produzida pelo

processo DWI (drawn and wall ironing) e

mais recentemente para pescados, pelo

processo DRD (drawn and redrawn) e o

programa de redução de espessura de

folhas na produção da latas de três peças.

No primeiro caso, além de uma atuação

antecipada no assessoramento relacionado

a requisitos das embalagens, tem prestado

assistência tecnológica em episódios de

corrosão secundária e de blow out

(abertura espontânea de tampas), além da

avaliação de incorporação de alumínio em

bebidas, o chamado teste de metal pick

up. A influência do cozimento em panelas

de alumínio também foi foco de pesquisa

para levantar dados sobre a incorporação

de alumínio em alimentos. Em relação à

redução de espessura de materiais,

capacitou-se para avaliação de

desempenho das embalagens em relação

aos seus vários parâmetros de resistência

físico-mecânica, assim como no

desempenho quando de sua utilização;

outra atuação de importância refere-se

aos desenvolvimentos relacionados à

evolução do sistema de fechamento de

latas, área na qual o Brasil tem

apresentado inovações destacáveis no

âmbito mundial.

Na área de fechamento de latas foram

desenvolvidos vários estudos, sendo que

um deles compôs o primeiro grupo de

projetos financiados pela FAPESP na linha

de Inovação Tecnológica, que envolve o

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financiamento parcial entre FAPESP e a

iniciativa privada em projetos inovadores.

Realizado no período de 1995 a 1997, o

projeto Estudo da viabilidade técnica da

lata micro-recravada para

acondicionamento de óleo vegetal

comestível comprovou que esse tipo de

lata, produzida com espessura reduzida no

corpo, apresentava desempenho

compatível com a aplicação prevista,

garantindo a vida útil especificada para o

produto.

Em função da demanda de informação

pelos Bancos de Alimentos brasileiros

sobre a possibilidade de distribuição de

latas amassadas para a população carente,

em 2003 o CETEA iniciou um projeto,

financiado pela FAPESP no âmbito de

Políticas Públicas, com o objetivo de

levantar dados técnicos que esclareçam e

respaldem esses bancos para essa

atividade, que, além de suprir com

alimentos pessoas necessitadas e diminuir

a perda de alimentos, também contribui

para a redução do resíduo sólido,

problema de caráter ambiental crescente

no Brasil.

Até na cervejinha do final de semana, tão

apreciada pelos brasileiros, o CETEA

desempenhou importante papel, por meio

de seus trabalhos com garrafa de vidro

âmbar retornável (denominada garrafa tipo

“ A” ), com capacidade total de 660mL, a

qual sempre teve uma participação

significativa no segmento de embalagem

para cervejas.

Na década de 80, essa embalagem passou

pelo processo de normatização

(especificação, padronização e métodos de

ensaio) pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) por meio da

série de normas ABNT NBR 7840, 7841 e

7842 de 1983. Contudo, sua crescente

utilização para o acondicionamento de

outros produtos além da cerveja levou à

introdução no mercado de garrafas

produzidas com especificações técnicas

que não atendiam às características de

desempenho funcional e físico-mecânico

para cervejas.

Foi neste momento que o CETEA iniciou

seu trabalho com a embalagem. No ano de

1990, o Centro, em parceria com a

Associação Técnica das Indústrias

Automáticas de Vidro (ABIVIDRO) e as

principais cervejarias do País, realizou um

estudo para o desenvolvimento de nova

embalagem de uso exclusivo para cervejas

e com características de qualidade mais

adequadas para essa classe de produto.

Quatro anos depois, foi viabilizada a

produção de uma nova garrafa, cujas

principais características foram:

capacidade total adequada ao processo

produtivo (635mL); design moderno,

privilegiando aspectos de resistência e

funcionalidade da embalagem e a inscrição

permanente em auto-relevo na embalagem

de vidro “ uso exclusivo para cerveja” .

Atualmente, sua produção é controlada

pelo Sindicato Nacional da Indústria da

Cerveja (SINDICERV), por meio de

vidrarias credenciadas e apresenta

compatibilidade total com as atuais linhas

de engarrafamento.

Com a introdução desta nova embalagem

no mercado brasileiro, as cervejarias

possuem um controle mais rigoroso sobre

a embalagem utilizada, o que contribui

para a redução no índice de perdas

durante o ciclo de fabricação e

comercialização do produto.

Desde então o CETEA atua amplamente na

avaliação e controle de qualidade de

embalagens de vidro com projetos de

pesquisa voltados a estudos de redução de

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peso de embalagens, avaliação de linhas

de acondicionamento, integridade,

adequação e compatibilidade do sistema

de fechamento empregado na embalagem

de vidro, seja para o segmento alimentício,

farmacêutico, perfumaria ou cosmético.

Realiza ainda estudos específicos de

avaliação de artigos de vidro de uso

doméstico, tais como travessas, pratos,

etc..

A partir de 1993 o CETEA introduziu o

diagnóstico de fratura de embalagens de

vidro em suas atividades, técnica que foi

consolidada em 1998, após treinamento no

TNO – Instituto de Física aplicada da

Holanda, com enfoque principal de

identificação da causa da ruptura da

embalagem, visando auxiliar na redução de

perdas durante o processo produtivo ou

durante a sua utilização. Ainda no período

entre 1999 a 2002, o Centro desenvolveu

o primeiro projeto na área de embalagens

de vidro para produtos farmacêuticos,

financiado pela FAPESP, com o objetivo

de avaliar o desempenho físico-mecânico

dessas embalagens para acondicionamento

de medicamentos de uso parenteral.

O CETEA acompanha a evolução das

garrafas de PET para bebidas

carbonatadas desde sua introdução no

mercado brasileiro, avaliando o

desempenho de novos grades, de novos

desenhos e os efeitos da redução de peso

e da distribuição de espessura na retenção

ao gás carbônico e no desempenho

mecânico da embalagem. Paralelamente as

inovações em tampas para esse sistema de

embalagem também foram foco de várias

pesquisas realizadas pelo CETEA na área.

Mais recentemente, também importante

para o segmento de PET, foram os

estudos para avaliar a segurança alimentar

de embalagens fabricadas com PET

reciclado pós-consumo, cujo uso proposto

para a confecção de novas embalagens

para alimentos e bebidas está atualmente

sendo avaliado pela ANVISA e

MERCOSUL.

Uma outra característica marca a

trajetória de 25 anos do CETEA: além de

estar sempre atento às demandas do setor

produtivo, muitas vezes se antecipou a

elas, desenvolvendo trabalhos em áreas

cuja importância ainda seria comprovada.

Foi assim com a questão ambiental.

Houve, na década de 90, uma maior

atenção a este aspecto. Especificamente

na área de embalagens, havia uma

exigência mundial para que fossem melhor

tratadas em sua relação com o meio

ambiente.

Embora essa necessidade ainda não fosse

tão evidente, o Centro saiu à frente em

eventos de conscientização das indústrias,

da municipalidade e da população,

tornando-se a primeira instituição a

realizar treinamentos falando sobre a

coleta seletiva e sobre embalagem e meio

ambiente, nos anos de 91 e 92.

Depois desses passos iniciais, o próximo

vislumbrado como importante pelo CETEA

foi trabalhar com documentos sobre o

assunto. Deste modo, em 1993 foi criado o

ECODATA em parceria com o CEMPRE,

um banco de dados

com o intuito de

abranger desde

legislação, coleta

seletiva e reciclagem

de embalagem até

informações sobre

equipamentos

industriais para o

reprocessamento

dos mais diversos

materiais no Brasil e

no mundo.

Para implantá-lo, a maior dificuldade

encontrada, diante da menor quantidade

de recursos de comunicação disponível na

época, era a maneira de disponibilizar as

informações. Inicialmente, a solução

encontrada foi publicar a lista de

documentos no Informativo CETEA – que

na época era impresso – e enviá-lo às

empresas.

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Esse passo foi pioneiro entre as

instituições internacionais que trabalham

com embalagens. E, se o ECODATA surgiu

em uma época de maior destaque à

questão ambiental, foi importante durante

o período em que a internet não estava

disponível como ferramenta de

levantamento de informações literárias,

chegando a acumular 8.578 documentos.

O CETEA, desde o seu nascimento,

sempre monitorou tendências de

embalagens. E, no início da década de 90,

as pressões relativas à questão ambiental

começaram a exigir soluções por parte do

setor de embalagens. Diante dessa

demanda, os pesquisadores do Centro

passaram a dar maior atenção a uma

ferramenta que vinha sendo usada no

exterior no sentido de mensurar e discutir

os impactos ambientais causados por um

produto: a avaliação do ciclo de vida

(ACV).

A ACV, diferente da preocupação

ambiental apenas com o resíduo pós-

consumo, mede o impacto ambiental de

todas as etapas de fabricação, incluindo a

exploração de recursos naturais, uso e

disposição final da embalagem/produto.

Essa visão ampliada das interfaces do

produto com o meio ambiente atraiu o

interesse dos pesquisadores do Centro, os

quais começaram a estudar o tema em

1995. Dois anos depois, foi desenvolvida,

com o apoio da FAPESP, dentro do

Programa de Inovação Tecnológica que

envolvia parcerias com o setor privado,

uma proposta cujos objetivos eram aplicar

o estudo de avaliação do ciclo de vida para

analisar os sistemas de embalagem no

Brasil.

O primeiro passo – ou desafio – foi a

motivação da indústria, já que a ACV

precisa de dados reais. Uma opção foi

incluir no estudo associações de

empresas. Foi deste modo, montado um

consórcio de associações e empresas

pioneiras interessadas em desenvolver o

tema de avaliação do ciclo de vida no

Brasil. Assim, em parceria com a ABAL,

ABIPET, ABIVIDRO, ABPO, BRACELPA,

CSN e Tetra pak e com o apoio da

FAPESP o CETEA desenvolveu o projeto

“ Análise de Ciclo de Vida – ACV de

Embalagens para o Mercado Brasileiro” .

O projeto construiu a capacitação do

CETEA para desenvolver estudos de

avaliação do ciclo de vida e aplicá-la aos

sistemas de embalagem selecionados para

o estudo. Para trazer o conhecimento

necessário, foi contratada uma consultoria

internacional: o PIRA – um instituto inglês

que trabalhava com embalagem e meio

ambiente e que havia desenvolvido um

software específico para ACV.

Depois, foi iniciada a implantação efetiva:

desenvolver os modelos para trabalhar no

Brasil. Foi concebida uma base de dados

comuns para a coleta de informações nas

empresas que contemplasse desde a

extração de recursos naturais até a

disposição final da embalagem. Os

produtos trabalhados na ocasião foram:

garrafa de PET, garrafa de vidro, latas de

aço e de alumínio, sistema embalagem

cartonado asséptico, saco de papel kraft

multifoliado, cartucho e caixa de papelão

ondulado.

O uso da ACV permite evidenciar os

impactos ambientais potenciais dos

produtos analisados e indicar os pontos de

implementação de melhorias. Isso equivale

a dizer que se trata de uma ferramenta de

obtenção de dados com o intuito de

motivar ações de melhoria de desempenho

ambiental, parte que cabe à empresa ou

associação que solicita sua realização.

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Ainda hoje o Centro – que foi pioneiro

nesses estudos – trabalha com ACV,

respeitando uma tendência cada vez mais

consolidada de preocupação com o meio

ambiente. Os projetos realizados

atualmente referem-se à atualização dos

estudos de ACV de alguns materiais em

cujos processos produtivos foram

implantadas melhorias sugeridas no

primeiro estudo de ACV, à avaliação de

novos materiais e produtos, atendendo à

demanda espontânea de empresas

dispostas a mapear e melhorar seu

processo, que já entenderam a importância

da Avaliação do Ciclo de Vida como

instrumento de gestão e como base para

sistemas de rotulagem ambiental,

exigência cada vez mais crescente,

especialmente para o mercado de

exportação.

Sempre considerando as demandas do

agronegócio para escolher seus projetos,

o CETEA desenvolveu, a partir de 1997,

um trabalho cujo objetivo era elaborar

embalagens de papelão ondulado para 11

produtos hortícolas, voltadas

principalmente para o mercado atacadista.

Na época, os índices de perdas agrícolas

no país atingiam patamares de 30% do

total produzido e era possível identificar

que parte destas perdas era causada por

embalagens inadequadas.

A pesquisa tinha como intuito, ainda,

apresentar uma opção às caixas de

madeira na forma como elas eram

utilizadas no País, ainda com participação

significativa nos Ceasas. Esta embalagem,

por ser um material extremamente rígido,

traz inconveniente, já que pode danificar

os frutos devido aos choques sofridos

durante o manuseio e transporte, além de

servir de agente de contaminação pelo seu

retorno sem a desinfecção necessária.

Já o papelão ondulado – que tem uma

forte presença na comercialização de

produtos hortícolas em todo o mundo –

apresenta grande versatilidade de designs

e formatos, é uma embalagem “ one

way” , é confeccionado a partir de

matéria-prima renovável e pertence a uma

cadeia com índice de reciclagem superior

a 70%, há vários anos. Essas vantagens

deixaram evidente a possibilidade de

implantar esse sistema de embalagens

também no País.

A linha de pesquisa aconteceu,

basicamente, em duas etapas. Na primeira

delas, iniciada em 1997 e finalizada em

1999, cinco produtos foram analisados –

tomate, morango, pimentão, mamão e

banana – em parceria com a Associação

Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO).

Como resultado, foram entregues para a

associação os manuais referentes aos

produtos citados contendo a(s)

especificações da(s) embalagem(ns)

desenvolvidas nos estudos.

Posteriormente, na segunda etapa,

realizou-se na linha de projetos de

inovação tecnológica da Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de São

Paulo (FAPESP), uma segunda parceria

com a ABPO, na qual foram elaboradas

embalagens para outros sete produtos –

pêssego, laranja, uva, goiaba, cenoura,

berinjela e pepino.

No desenvolvimento de cada um dos 11

produtos, realizou-se levantamento das

necessidades de respiração, para permitir

as trocas gasosas sofridas no pós-

colheita, da variação de tamanho dos

frutos para dimensionamento do produto e

das práticas de colheita e pós-colheita. Os

trabalhos foram direcionados para a

obtenção de embalagens com o melhor uso

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de papelão e melhor aproveitamento do

palete.

Os projetos desenvolvidos pelo CETEA

foram objetos de discussão com

responsáveis de nove empresas

fabricantes de papelão ondulado que

posteriormente confeccionavam as caixas

testadas no Centro. Para os 11 produtos

estudados foram desenvolvidos sete

modelos de caixas. Como reflexo, segundo

a ABPO, em 1999, as vendas de caixas

para produtos hortícolas aumentaram 50%

em relação a 1998, e a sua participação

vem crescendo continuamente.

Posteriormente, um dos modelos

desenvolvidos para tomate, totalmente

paletizável, foi tomado como referência

para produtos agrícolas, elevando a

competitividade das caixas de papelão

neste mercado e contribuindo para

diminuir as perdas agrícolas que ocorriam

na etapa de distribuição e transporte.

Para o desenvolvimento desse trabalho foi

utilizado um outro exemplo de pioneirismo

do CETEA, que é o DiGE –

Dimensionamento Geométrico de

Embalagem. Software específico para a

área de embalagem de transporte e

distribuição, desenvolvido totalmente pela

equipe do CETEA, ele é de fundamental

importância para empresas brasileiras,

uma vez que além de contribuir para a

redução do consumo de materiais

desnecessários à função da embalagem de

distribuição, otimiza o uso dos espaços na

armazenagem e transporte, reduzindo

custos de produção que são fundamentais

para garantir a competição das empresas

brasileiras. Além desse tipo de otimização,

o DiGE especifica a qualidade do papelão

necessária ao bom desempenho da

embalagem de distribuição. Em 1991,

quando o software foi desenvolvido, não

existiam, no mercado brasileiro, produtos

similares, sendo que hoje ele está

presente na vida de mais de uma centena

de empresas.

Outra área de desenvolvimento antecipada

do mercado brasileiro foi a de embalagens

de transporte e distribuição, na qual o

CETEA se equipou e treinou uma equipe

de pesquisadores, se preparando para

desenvolver e ensaiar embalagens

destinadas ao transporte de produtos.

Uma das linhas de pesquisa dessa área é a

de levantamento das condições reais em

meios de transporte, por meio de

medições de choque, vibração e condições

climáticas durante o transporte. Dessa

área originaram-se diversos estudos.

Para estudo solicitado pelos quatro países

do Mercosul à Agência de Cooperação

Internacional do Japão (JICA), por meio da

Associação Estratégica dos Institutos de

Tecnologia Industrial do Mercosul, o

corpo técnico do CETEA levantou dados

de transporte e distribuição do produto

sob estudo (refrigeradores) e participou

de workshops e treinamentos no Japão e

nos outros países envolvidos

possibilitando a homogeneização das

informações obtidas durante o trabalho e a

ampliação de conhecimentos na área.

O projeto foi acordado em novembro de

2003, sendo definidos como órgãos

executores os institutos nacionais de

tecnologia dos países envolvidos. No

Brasil, o trabalho foi desenvolvido em

conjunto pelo Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (Inmetro), Instituto Nacional de

Tecnologia (INT) e o CETEA.

Durante os três anos de estudo, foram

desenvolvidas diversas atividades como a

avaliação de mais de onze mil quilômetros

de estradas somente no Brasil, o que

gerou dados de vibração, impacto,

temperatura e umidade relativa; a

avaliação e a caracterização das

embalagens utilizadas atualmente; a

elaboração de protótipos de embalagens; e

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a avaliação destes protótipos em campo e

em laboratório.

Com esse projeto, foram obtidos novos

equipamentos para medição das condições

de transporte e distribuição, bem como

desenvolvidas novas técnicas para

avaliação de dados, capacitando os

diversos Institutos envolvidos que

passaram a contar com maiores condições

para atender à crescente demanda por

melhorias na área de embalagens. As

muitas publicações do CETEA, nas suas

várias áreas

de atuação,

também são

referência

tanto para os

profissionais

da indústria,

como em

atividades

didáticas.

É importante destacar ainda os resultados

alcançados pelo Centro graças à sua

preocupação com a qualidade. As

certificações são prova desse aspecto. Em

1998, obteve, junto com o ITAL, a

certificação ISO 9001. O CETEA também

possui ensaios certificados segundo a NBR

ISO/IEC 17025, norma que trata da

competência de laboratórios de ensaio e

calibração, junto à Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA). 33 ensaios

são habilitados pela Rede Brasileira de

Laboratórios Analíticos em Saúde

(REBLAS). E, em maio de 2007, tornou-se

o primeiro laboratório da Secretaria de

Agricultura e Abastecimento do Governo

do Estado de São Paulo a ter ensaios

acreditados pelo Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (INMETRO), totalizando 19

ensaios, estando prevista a ampliação de

ensaios acreditados até o início de 2008.

Missão Contribuir para o aumento da competitividade

dos setores produtivos por meio da atividade

de PD&I e de assessoria tecnológica

especializada, visando a melhoria contínua

dos sistemas de embalagem com benefício

para a sociedade

Visão

Ser reconhecido como referencial de

excelência tecnológica, pela produção

técnico-científica, pela qualidade dos serviços

prestados aos clientes, por seus valores

organizacionais e pelos benefícios gerados à

sociedade

O sucesso do CETEA até o momento é

resultado do trabalho de uma equipe

coesa, com foco no desenvolvimento do

setor em que atua, com uma missão bem

estabelecida e uma visão de futuro clara e

audaciosa.