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A zootecnia é a ciencia que visa aproveitar as potencialidades dos animais domésticos e domesticáveis, com a finalidade de explorá-los racionalmente como fonte alimentar e outras finalidades junto aos seres humanos, ciência aplicada que trata da adaptação dos animais com potencialidades de domesticação ao ambiente criatório e, desta forma, aproveitá-los com a finalidade nutricional e econômica. Como ciência deriva diretamente da biologia como uma zoologia aplicada, pois ao conhecimento biológico do animal soma-se os princípios da economia e da produção de alimentos, visando suprir o mercado com produtos adequados a alimentação humana. Pode-se definir zootecnia como produção animal Stricto Sensu e o seu principal objetivo é "produzir o máximo, no menor tempo possível, sempre visando lucro, tendo em conta o bem estar animal". O Zootecnista é o profissional habilitado para atuar na produção animal; as principais áreas de atuação são: Nutrição e Alimentação, Forragens, Genética e Melhoramento, Reprodução, Manejo, Instalações, Higiene, Tecnologia de Produtos e Derivados de Origem Animal e Administração Rural. ÁREAS DE ATUAÇÃO O Zootecnista pode atuar em qualquer atividade de Produção Animal, desde a concepção do projeto, até ao desenvolvimento de dietas e supervisão de vacinas; fábricas de Ração ou dispensão do mesmo; frigoríficos; centrais de Inseminação; empresas privadas com foco na produção animal; representação e venda de produtos relacionados com a produção animal; laboratórios de análise de alimentos destinados a animais; laboratórios de Genética Zootécnica; Produção, Implantação e Manejo de Pastagens; Melhoramentos Genético dos Rebanhos e Pastagens; Planejamento e Execução de projetos de Instalações para Produção Animal; Prevenção de Enfermidades; Manejo e Criação de Animais Silvestres; Pesquisa nas áreas de Produção Animal; Ensino de Zootecnia e Administração de Propriedades Rurais e Industrias do gênero. A Zootecnia congrega o conjunto de atividades e habilidades destinadas a desenvolver, promover, preservar e controlar a produção e a produtividade dos animais aliada à conservação dos recursos naturais. Colabora na manutenção

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A zootecnia é a ciencia que visa aproveitar as potencialidades dos animais domésticos e domesticáveis, com a finalidade de explorá-los racionalmente como fonte alimentar e outras finalidades junto aos seres humanos, ciência aplicada que trata da adaptação dos animais com potencialidades de domesticação ao ambiente criatório e, desta forma, aproveitá-los com a finalidade nutricional e econômica. Como ciência deriva diretamente da biologia como uma zoologia aplicada, pois ao conhecimento biológico do animal soma-se os princípios da economia e da produção de alimentos, visando suprir o mercado com produtos adequados a alimentação humana. Pode-se definir zootecnia como produção animal Stricto Sensu e o seu principal objetivo é "produzir o máximo, no menor tempo possível, sempre visando lucro, tendo em conta o bem estar animal". O Zootecnista é o profissional habilitado para atuar na produção animal; as principais áreas de atuação são: Nutrição e Alimentação, Forragens, Genética e Melhoramento, Reprodução, Manejo, Instalações, Higiene, Tecnologia de Produtos e Derivados de Origem Animal e Administração Rural.

ÁREAS DE ATUAÇÃO

O Zootecnista pode atuar em qualquer atividade de Produção Animal, desde a concepção do projeto, até ao desenvolvimento de dietas e supervisão de vacinas; fábricas de Ração ou dispensão do mesmo; frigoríficos; centrais de Inseminação; empresas privadas com foco na produção animal; representação e venda de produtos relacionados com a produção animal; laboratórios de análise de alimentos destinados a animais; laboratórios de Genética Zootécnica; Produção, Implantação e Manejo de Pastagens; Melhoramentos Genético dos Rebanhos e Pastagens; Planejamento e Execução de projetos de Instalações para Produção Animal; Prevenção de Enfermidades; Manejo e Criação de Animais Silvestres; Pesquisa nas áreas de Produção Animal; Ensino de Zootecnia e Administração de Propriedades Rurais e Industrias do gênero.

A Zootecnia congrega o conjunto de atividades e habilidades destinadas a desenvolver, promover, preservar e controlar a produção e a produtividade dos animais aliada à conservação dos recursos naturais. Colabora na manutenção dos processos ecológicos e ambientais, garantindo a integridade dos ecossistemas e a conservação das espécies que compõem a nossa biodiversidade e na sustentabilidade do meio ambiente. É uma área do conhecimento que reúne um largo espectro de campos dos saberes, onde estão compreendidos o planejamento, a economia, a administração, assim como, o melhoramento genético, a ecologia, a sustentabilidade, a ambiência, a biotecnologia, a reprodução, a saúde, o bem-estar e o manejo. Também engloba a nutrição, alimentação, formação e produção de pastos e forragens, sistemas de produção animal e industrialização propiciando de forma integral, em sua área de atuação, a qualidade de vida da sociedade.

HISTÓRIA

A primeira referência ao termo aparece em 1843 no Cours d'Agriculture de Adrien Étienne Pierre, o Conde de Gasparin, que o fez derivar dos radicais gregos ζωον, zoon (animal) e τέχνη, techne (tratado sobre uma arte). O Conde foi o primeiro a reconhecer na arte de criar animais um objeto próprio da ciência e independente da agricultura, criando para ela uma cátedra desde a fundação do Instituto Agronômico de Versalhes em 1848. Já em 1849 o naturalista (biólogo) Emile Baudement ocupou a nova

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cátedra e começou a formular o corpo de doutrinas com base científica e a ensinar a Zootecnia.

No Brasil a zootecnia foi ensinada como disciplina especial nos cursos de agronomia até 1966 quando foi criado, na PUC de Uruguaiana, RS, o primeiro curso de graduação em Zootecnia. A profissão foi regulamentada em 4 de Dezembro de 1968 pela lei federal nº 5.550. Quem se forma no curso de zootecnia recebe o título acadêmico-profissional de zootecnista. Segundo esta lei, podem exercer a Zootecnia, o graduado em Zootecnia, Medicina Veterinária e Agronomia, "sendo estes 2 últimos apenas conhecedores dos processos de uma criação real de animais não oferecendo, de fato, o arcabouço de conhecimentos aplicados na área propriamente dita de zootecnia", conforme transcrito a seguir:

"Art. 2º Só é permitido o exercício da profissão de Zootecnista:

a) ao portador de diploma expedido por escola de Zootecnia oficial ou reconhecida e registrado na Diretoria do Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura;

b) ao profissional diplomado no estrangeiro, que haja revalidado e registrado o seu diploma no Brasil, na forma da legislação em vigor;

Desta forma, o Zootecnista é o único profissional, de fato, apto a gerenciar todas as etapas relacionadas a produção animal, devido a sua especificidade acadêmica conquistada durante a gradução nas universidades e faculdades onde o profissional zootecnista se forma.

PRINCIPAIS DESAFIOS

Como toda ciência complexa, a Zootecnia exige de seu aluno e de seu profissional um paradigma entre conhecimento específico da área a ser trabalhada X conhecimento macro da realidade sócio-econômica em que a área está inserida. Este paradigma é principalmente notado quando a área da produção animal é base de sobrevivência e desenvolvimento de comunidades rurais interioranas, ou mesmo esta realidade expandida para dimensões municipais, estaduais e mesmo federais. Somente com o equilíbrio deste paradigma é que o profissional zootecnista pode obter sucesso em suas decisões e contribuir com um FeedBack positivo as necessidades exigidas por estas populações.

Na constante metamorfose da realidade mundial, a produção de alimentos também exige novas técnicas, de forma que esta produção não ocasione um impacto negativo na sustentabilidade do grande ecossistema mundial. Esta realidade é notada nos tempos atuais, onde os efeitos climáticos estão exigindo novas alternativas de produção, em substituição ao modelo antigo de produção predatória do meio-ambiente. Desta forma, o profissional Zootecnista é levado ao extremo de seus conhecimentos para buscar respostas as interrogações da produção sustentável. Entretanto, a própria realidade a que este profissional vive, muitas das vezes não contribui para a expressão de sua importância no meio econômico rural, haja vista o fato das profissões como a Agronômia e a Medicina Veterinária serem mais antigas e difundidas, aliado ao baixo

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conhecimentos dos produtores rurais sobre a importância deste profissional em sua prpriedade.

A própria lei federal nº 5.550, que regulamenta e estabelece o campo de trabalho do zootecnista divide a competência profissional deste com os outros dois entes da Ciência Agrária Brasileira, onde em sua alínea C, doa artigo 2º qualifica Agrônomos e Veterinários, como aptos a exercer exercer a zootecnia, mesmo que os campos relacionados a ela sejam ministrados com cargas horárias diminutas nas grades curriculares destes profissionais, criando desta forma uma "Incompetência Legal". Com o campo de trabalho dividido e a falta de conhecimento por parte dos proprietários rurais, que desconhecem que o trabalho deste profissional é constante e não "emergencial" (como a atuação de um veterinário por exemplo), o zootecnista recém formado muitas vezes se depara com uma realidade totalmente desfavorável a sua inserção no mercado de trabalho, passando muitas das vezes a abandonar a própria profissão que escolheu.

Este embate tem sido a motivação de diversos movimentos (profissionais, sindicais e estundantis) para a criação dos Conselhos (Federal e Regionais) de Zootecnia, além de várias tentativas para eliminar a alínea C do Artigo 2º da lei 5.550. O principal entrave a estes é a força política que os conselhos como o CFMV (CRMV's) e CFEA (CREA's), Veterinários e Agrônomos, possuem e usam estes para evitar a maior independência do Zootecnista e da Zootecnia, frente a Veterinária e Agronomia. E o principal foco está relacionado a proteção do Mercado de Trabalho.

DIVISÕES

A zootecnia tem dois grandes corpos de conhecimento, um fundamentador, a zootecnia geral, que reúne teorias e princípios aplicados a todos os animais domésticos englobando disciplinas como nutrição,produção animal,melhoramento genético,anatomia, fisiologia, genética, climatologia, higiene e profilaxia e etologia. O outro grande corpo de conhecimento, a zootecnia especial, estuda a criação de cada um dos animais domésticos: bovinocultura, avicultura, suinocultura, ovinocultura, equinocultura, caprinocultura, apicultura, aquicultura, sericicultura,cunicultura, Carcinicultura, Minhocultura, Ranicultura, Malacocultura, Helicicultura, Bubalinocultura, Ciprionicultura, Piscicultura, Tilapicultura, . além de estudar também os animais silvestres, visando tanto a produção comercial como a conservação ou preservação de espécies.

A Zootecnia é um ramo de conhecimento que surgiu na França em 1848, no Instituto de Versalhes. A Zootecnia chegou no Brasil em 1951, o primeiro curso universitário no país foi fundado em 1966, pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.

O Zootecnista é responsável pelo estudo da reprodução , desenvolvimento genético e acompanhamento da nutrição dos animais. São administradores rurais em fazendas. Estudam maneiras de prevenir e combater doenças que venham comprometer a saúde de animais usados em atividades como a pecuária.

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         Zootecnistas são profissionais responsáveis pelo estudo e controle da reprodução, aprimoramento genético e nutrição de animais criados com fins comerciais, que visam a aumentar a produção e melhorar a qualidade dos produtos de origem animal. Realizam experiências com alimentação e pesquisam formas de garantir as condições de higiene e de prevenir e combater doenças e parasitas, para melhorar a saúde dos rebanhos e a qualidade dos produtos derivados. Trabalham também como administradores rurais e planejadores de fazendas e instalações rurais.

          Ovos sem colesterol e carne de porco light são exemplos do que pode fazer a pesquisa genética em busca de alimentos mais saudáveis. O campo da ciência que se preocupa com aspectos com esse da produção animal é a zootecnia. Muitas vezes confundido com o veterinário, o zootecnista é, na verdade, o profissional voltado para o desenvolvimento da produção.           O bacharel em zootecnia tem como principal função  zelar pela criação de animais para abate, como bovinos, suínos, avestruzes e frangos, aplicando técnicas de criação, de aprimoramento e de melhoramentos genéticos, e manejo das raças para o consumo humano. Administra e planeja e economia rural de modo a organizar a criação de animais numa propriedade rural, com o objetivo de aumentar a produtividade, melhorando a qualidade e garantindo a sanidade dos rebanhos. Orienta o consumidor na compra e utilização de produtos, medicamentos e rações para rebanhos, em lojas especializadas. Formula e desenvolve suplementos alimentares, em indústrias de ração e vitaminas. Supervisiona a aplicação de vacinas e remédios.

        Essencialmente ligada aos sistemas de produção, a Zootecnia está presente em todas as etapas que envolvem a criação de rebanhos para utilização na indústria alimentícia. Freqüentemente, a atividade do zootecnista é confundida com a do veterinário e mesmo com a do agrônomo, pois as três áreas disputam a mesma faixa de mercado. A diferença está no foco de cada profissional. O zootecnista é responsável por técnicas de aprimoramento genético, enquanto o veterinário se concentra mais na saúde dos animais. Já o agrônomo é um especialista no estudo dos rebanhos e na interação com o meio em que vivem. Na prática, essas atividades caminham juntas e se completam. Daí ser comum trabalhos em equipes que integrem os três profissionais.

        Na raiz do trabalho do zootecnista está a busca pela eficiência produtiva. Nenhum outro profissional conhece tão bem técnicas de abate e de inseminação artificial quanto o zootecnista. Ele também atua na prevenção de doenças, cuida da nutrição e fiscaliza as condições sanitárias em que os animais são mantidos, até a fabricação de produtos de origem animal na indústria. Também é ao zootecnista que se costuma confiar a difícil tarefa de preservar espécies silvestres, selvagens ou nativas.

        As oportunidades de trabalho estão em cooperativas de criadores, fazendas, empresas de agropecuária, frigoríficos, órgãos de pesquisa e consultoria, universidades e instituições de extensão rural. As indústrias de ração e os laboratórios de medicamentos e vitaminas contratam o zootecnista, especialmente se ele tiver conhecimentos em agribusiness e promoção de vendas. O crescimento do consumo do leite longa vida e seus derivados, produzidos principalmente por empresas multinacionais, aumenta as chances de trabalho. Crescem também as oportunidades na área de piscicultura, graças à multiplicação de empresas do tipo “pesque e pague”, que

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precisam de especialistas em produção. Numa escala menor, zoológicos buscam zootecnistas para cuidar do manejo e da nutrição dos animais e mesmo o turismo ecológico já começa a mostrar interesse por esse profissional. Boa parte dos recém-formados, filhos de agricultores, acaba trabalhando por conta própria, em empresas familiares. Na área de suinocultura, que conta com as novas tecnologias para aumento de produção e oferta de trabalho. Estão estagnadas as áreas de criação de rãs, cuja carne é pouco consumida, e de bicho-da-seda, pela falta de cultura do consumo do produto no país. A caprinocultura, ovinocultura e criação de animais silvestres tendem a crescer, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

        Apesar das frentes que se abrem em tantas áreas, a Zootecnia passa por momentos difíceis. “Não há políticas governamentais que incentivem a transferência de tecnologia para o setor produtivo”, diz Humberto Tonhati, chefe do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária da Unesp, em Jaboticabal, São Paulo. “Com isso, os pequenos agricultores são os mais prejudicados”, avalia.

        O crescimento da agropecuária é diretamente proporcional ao aquecimento da economia. Basta ver o que acontece com a avicultura: o aumento do consumo de carne de frango, de 8 quilos para 30 quilos per capita em um ano, provocou uma expansão no setor. “Se o país retomar o crescimento e oferecer empregos em todos os setores, aumentará o número de consumidores de produtos de origem animal, hoje restritos a apenas 30% da população”, diz Tonhati.

 

PRINCIPAIS ATIVIDADES  De modo geral, as tarefas dos zootecnistas incluem:

• estudar processos e regimes de criação;

• avaliar geneticamente o rebanho;

• selecionar os animais para formação do rebanho matriz para reprodução;

• determinar o sistema e as técnicas a serem usados em cruzamentos;

• determinar o sistema e as técnicas a serem usados no pasto;

• pesquisar as necessidades nutricionais do rebanho e estabelecer a dieta adequada aos animais;

• planejar e avaliar as instalações utilizadas para a criação de animais;

• verificar as condições de higiene e da alimentação dos animais;

• supervisionar a vacinação, a medicação e inseminação dos animais;

• determinar e acompanhar formas padronizadas de abate, preparação e armazenamento.

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OS QUE SE DEDICAM À ADMINISTRAÇÃO TÊM DE:

• organizar a produção animal da fazenda;

• planejar as instalações;

• estabelecer programas de qualidade;

• desenvolver novos métodos de exploração;

• acompanhar preços;

• comprar e vender animais.

AS ATIVIDADES NO CAMPO DE ESTUDOS E PESQUISA SÃO:

• fazer pesquisa genética em laboratório, para conseguir espécies de melhor qualidade, mais resistentes e mais férteis;

• estudar sistemas de cruzamento;

• estudar o aperfeiçoamento dos métodos de abate;

• pesquisar novos produtos de origem animal para os quais existe demanda;

• estudar novos tipos de alimento e complementos alimentares para os animais;

• aperfeiçoar métodos de armazenagem;

• aperfeiçoar métodos de tratamento e despejo de resíduos, para preservação do meio ambiente.

O zootecnista exerce ainda a supervisão técnica das exposições oficiais de animais.   

ÁREAS DE ATUAÇÃO

        Órgãos públicos, cooperativas, aviários, associações de criadores, estações experimentais, instituições de pesquisas técnicas, indústrias de rações, estabelecimentos comerciais e de ensino, frigoríficos.

 

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AMBIENTE DE TRABALHO          Zootecnistas podem trabalhar em fazendas, granjas, fábricas de ração, empresas de laticínios, laboratórios, órgãos governamentais, instituições de pesquisa e escolas. Como qualquer atividade que envolva animais, o trabalho implica algum risco físico. Mordidas, chifradas, coices e bicadas não são incomuns na profissão. Com freqüência é preciso o uso de força para mover ou controlar animais. As tarefas do zootecnista podem ser desenvolvidas tanto em ambientes fechados e confortáveis — laboratórios, salas de estudo e administração — quanto ao ar livre, sujeito a sol e chuva, ou nas instalações dos animais, desconfortáveis e com odores fortes. A jornada de trabalho depende do setor em que trabalha: nas indústrias, instituições de pesquisa e órgãos governamentais costuma ser de 40 horas semanais; em fazendas é irregular.     QUALIFICAÇÃO NECESSÁRIA          Para trabalhar como zootecnista, é requerido o diploma do curso superior em Zootecnia. A profissão é fiscalizada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária, onde o zootecnista deve registrar-se. Quem se propõe a trabalhar no gerenciamento de fazendas deve fazer cursos complementares de administração e economia rural.         É necessário ter capacidade de análises mecânica, numérica, gosto por informações científicas, e sobretudo olhar observador sobre cada detalhe do animal. Para ser um zootecnista é exigido formação em curso superior em zootecnia.

         A profissão é vistoriada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária. O mercado de trabalho, em grande parte, está concentrado no setor privado, destacando as empresas que atuam no setor rural, que já são concorridas pelos veterinários especializados em zootecnia.

CONTRATAÇÃO          Empresas normalmente buscam o profissional nas escolas para oferecer estágio. Algumas anunciam em jornais.    FUTURO DA PROFISSÃO          O mercado de trabalho para zootecnistas ainda é restrito. Muitas empresas do setor rural são desinformadas sobre as vantagens de contratar profissionais com essa formação. Além disso, esses profissionais sofrem a concorrência de veterinários em atividades exclusivas da zootecnia, porque a lei não estabelece esse limite. Até 2000, de acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, havia 6.750 zootecnistas registrados e cerca de 4800 profissionais atuantes em todo o país, sendo 52% deste total atuando na região Sudeste. Há oportunidades na indústria de rações e complementos alimentares, vendendo produtos, treinando equipes e descobrindo tendências de mercado, ou, ainda, em frigoríficos, fazendas e empresas avícolas; outra fonte de oferta

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de emprego é o mercado de carnes exóticas, que se desenvolve principalmente na região Centro-Oeste. Há mercado também em cooperativas de criadores, laboratórios, empresas de consultoria, indústrias de abate, instituições de pesquisa, nutrição e saúde animal, instituições de ensino e zoológicos. Existem boas oportunidades para o especialista em administração e economia rural, que trabalha para aumentar e aperfeiçoar a produtividade do rebanho, além da área de melhoramento genético, que visa desenvolver novas técnicas para a melhoria das raças. 

CURRÍCULO MÍNIMO

        Experimentação Física, Climatologia Animal, Biologia Geral, Botânica, Ciências Humanas e Sociais, Ciências do Meio Ambiente, Solos, Higiene dos Animais e de Instalações, Produção e Nutrição Animal, Instalações Zootécnicas, Pastagens e Plantas Forrageiras, Fisiologia da Reprodução, Zoologia, Economia e Administração Rural.

Bovinocultura

parte da zootecnia especial que trata das técnicas para a criação de bovinos.

A bovinocultura tem múltiplas finalidades dentro da produção de matérias primas e trabalho. Embora restrito nos dias atuais, no passado o trabalho bovino foi fundamental nos transportes (tração de carros e montaria), na lavoura (tração de implementos agrícolas, como o arado) e no lazer (tauromaquia grega e egípcia, a tourada ibérica, o rodeio moderno).

Além da carne, do leite e do couro, o boi fornece ainda outras matérias primas como os fâneros, ossos e vísceras. Também no passada o estrume foi considado fundamental para refertilização dos campos agricultáveis.

Como atividade econômica a bovinocultura se insere na pecuária, a principal delas em muitos países, e como ciência se desenvolve dentro das universidades, institutos de pesquisas e entre os zootecnista que a praticam no campo.

A bovinocultura, como arte de criar, demanda conhecimento do bovino e do seu ambiente criatório. Portanto necessário, por um lado, conhecer sua reprodução, suas características raciais, seu comportamento e suas necessidades nutricionais. Por outro lado é preciso saber manejar as pastagens, sua principal fonte de alimentação; as doenças que os atacam e como preveni-las e conhecer as construções e instalações para manter bovinos.

Ao final de 2005 a bovinocultura brasileira era praticada em quatro milhões de propriedades rurais, envolvendo 200 milhões de cabeças, 28 milhões das quais foram abatidas em frigoríficos oficiais para consumo interno e exportação e mais cerca de 10 milhões tiveram outro tipo de abate (38 milhões foi o número de peles bovinas processadas nos curtumes brasileiros). Neste mesmo ano o Brasil se tornou o maior produtor (8,5 milhões de toneladas de carcaças) e maior exportador de carne bovina. A produção de leite comercializado sob supervisão oficial foi de 16 milhões de litros.

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GADO BOVINO

Touro.

Boi/Vaca

Estado de conservação

Não avaliada: Domesticado

Classificação científica

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Artiodactyla

Família: Bovidae

Subfamília: Bovinae

Género: Bos

Espécie: B. taurus

O gado bovino é composto por bois - termo que, em sentido amplo, dá nome ao animal mamífero, ruminante, artiodáctilo, com par de chifres não ramificados, ocos e permanentes, do gênero Bos em que se incluem as espécies domesticadas pelo homem.

Terminologia

O boi, em sentido estrito, é o macho castrado, sem possibilidade reprodutiva da espécie "Bos taurus" (família Bovidae), sendo também usado na denominação vernacular do indivíduo pertencente ao gado bovino.

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A vaca é a fêmea desta espécie e o touro é o macho com os testículos intactos, com aptidão reprodutiva. É um mamífero, artiodáctilo e ruminante. Seus cornos que são diferentes de chifres pois são ósseos, não possuem pele igual aos chifres, são em par, ocos, não ramificados e permanentes.

Subespécies

Possui duas subespécies, a saber: Bos taurus taurus (gado taurino, de origem europeia) e Bos taurus indicus (gado zebuíno, de origem asiática). Os cruzamentos entre os indivíduos de ambas as divisões é frequente tanto em programas de melhoramento genético dos rebanhos, quanto em propriedades onde a monta é natural e sem controle algum. Esses híbridos são muito usados para combinar a produtividade do gado taurino com a rusticidade e adaptabilidade a meios tropicais do gado zebu.

Leite - bezerro mamando

História

O gado doméstico descende do auroque na Europa e do gauro na Ásia, começou a ser domesticado entre 5.000 e 6.000 anos atrás, servindo como animal de carga ou fornecendo carne, leite e couro. Era pouco comum criar gado para alimentação. O animal era comido apenas se morresse ou não fosse mais útil para carga ou para fornecer leite. Assim como a cabra, também servia como animal de carga, mas precisava de pastagens maiores. Hoje em dia, no entanto, os bovinos são largamente utilizados para a produção de carne. A cadeia produtiva da carne engloba vários ramos de negócios, que vão desde a fabricação de ração e o ensino de profissionais qualificados (Médicos veterinários, zootecnistas, agrônomos) até empresas de consultoria em sistemas de comércio exterior.

Principais raças de bovinos criadas no Brasil

As raças foram desenvolvidas com vista na especialização em determinado tipo produtivo. Tem-se as principais:

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Subespécie B. taurus taurus

Exemplar de touro da raça Nelore, em Avaré

Angus - do nordeste da Escócia, sem chifres, para corte Caracu - para corte e como animal de tração Charolais ou charolês - para carne Devon Frísia , ou Holstein - para leite Hereford Jersey Limousin - da França Nguni , típica de África Simental ou semental ou suíça-malhada

Subespécie B. taurus indicus

Exemplar de touro da raça Guzerá, em Avaré

Brahman ou zebu americano, sagrado na Índia Gir - do sul da Índia Guzerá - Guzerat ou Kankrej, principal raça da Índia Hariana Indubrasil Nelore no Brasil, chamada Ongole na Índia - para corte

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Zebu

Raças "sintéticas" brasileiras

Frutos de cruzamentos entre as demais:

Naobrasil - cruzamento de Nelore e Zebu Simbrasil - cruzamento de Simental e Zebu para corte Girolando - cruzamento de Holandês(5/8) e Gir(3/8) com dupla aptidão Toledo - cruzamento de Holandês e Simental Bravon - cruzamento de Devon e Brahman para corte Canchim - cruzamento de Charolais(5/8) e Zebu(3/8) Pitangueiras - cruzamento de Red Poll(5/8) e Zebu(3/8)(Gir e Guzerá) Purunã - cruzamento de Charolais, Caracu, Red Angus e Canchim, realizado no IAPAR

com 1/4 para cada raça.

Raças crioulas brasileiras

As raças crioulas brasileiras descendem dos rebanhos trazidos para a América pelos colonizadores portugueses e espanhóis.

Caracu - origem São Paulo Crioulo Lageano [1] - origem Santa Catarina Curraleiro [2] - origem Piauí Mocho Nacional - origem São Paulo e Goiás Pantaneiro - origem Mato Grosso do Sul

Principais raças de bovinos criadas em Portugal

Raças autóctones portuguesas

Vaca barrosã

Para além das raças que conseguiram grande expansão quantitativa e geográfica, como as atrás indicadas, existem milhares de raças autóctones, resultantes de pressões selectivas específicas ou de um relativo isolamento genético nas localidades onde se desenvolveram. Muitas dessas raças estão extintas ou em extinção fruto da globalização e da competição com raças mais produtivas. Entre as raças autóctones estão:

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Ramo Grande dos Açores. Alentejana , do Alentejo Arouquesa , de Aveiro Minhota ou Galega Maronesa , região da Serra do Marão, Trás-os-Montes Barrosão ou Cachena, da região do Barroso e da zona do Parque Nacional da Peneda-

Gerês Gravonesa Brava Mirandesa Jarmelista ou Jarmeleira, região da Guarda Mertolenga , Mértola

Usos

Uso pouco comum do boi: a montaria

Esta espécie foi domesticada pelo homem e é explorada para a produção de leite, carne e pele (couro) e também como meio de transporte e animal de carga. Também os ossos são aproveitados, para a fabricação de farinha, sabão e rações animais. O casco e os chifres têm usos diversos e os pêlos das orelhas são usados para a confecção de pincéis artísticos.

Os machos de determinadas raças podem ser também usados como entretenimento nas touradas e nos rodeios.

[editar] A carne no consumo humano

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Touro Brahman em julgamento (Avaré)

A carne bovina por ser largamente consumida nas mais diversas partes do mundo, principalmente nos países de origem latina, é vendida em pedaços, bifes, moídas com as variantes de nomes dado a cada tipo de carne extraída de determinadas regiões do boi/vaca.

Assim temos os seguintes cortes:

Dianteiro

Acém ; Pescoço - Há bons pratos com essa parte do animal; Cupim - Usada em churrasco ou em pratos que contenham pouca gordura, pois por

natureza é a parte mais gordurosa do boi, é o local onde o animal guarda a sua reserva alimentar;

Paleta ; Peito ;

Costela

Costela ; Fraldinha - Usada em churrasco; Ponta de agulha ;

Traseiro

Alcatra ; Capa de filé ; Entrecôte ou chuleta ; Contra filé ; Coxão duro ; Coxão mole ; Filé da costa ; Filé mignon Lagarto ; Músculo dianteiro ; Músculo traseiro ; Patinho ; Picanha - Usada em churrasco; Ponta de alcatra ou maminha ;

Miúdos

Animela Bucho ou estômago Carne de Cabeça Cérebro

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Coração Fígado Lábio Língua Medula Omasso Pulmão Queixada Rabo Rim Supra-Renal Tendão

Manejo reprodutivo

Sistemas de Cobertura

- Existem dois sistemas: o natural e o artificial.

- O sistema de cobertura natural apresenta duas modalidades: uma a campo e a outra controlada.

- A cobertura natural a campo é a mais empírica que existe, pois o touro fica a vontade com as vacas, ocorrendo excessivas coberturas em uma mesma fêmea e muitas delas em momentos inadequados. Neste caso, a relação touro x vaca é de 1:25.

- A cobertura natural controlada é um sistema mais eficiente que o anterior, pois o touro fica num piquete separado das vacas e a fêmea no cio é levada ao reprodutor para a cobertura. O touro não executa grande número de coberturas em uma mesma fêmea, efetuando as coberturas em momento adequado, permitindo manter-se no sistema uma relação touro x vaca de 1:50. Neste sistema fica mais fácil controlar a fertilidade dos touros, além de se conhecer a paternidade da progênie.

- O sistema de cobertura artificial refere-se à inseminação artificial. Neste método, ocorre a interferência do homem na reprodução, não ocorrendo a cobertura, e sim a introdução do sêmen no aparelho reprodutor de fêmea, com a ajuda de instrumentos e técnicas adequadas, em condições de fecundá-la. A técnica utilizada em bovinos é a retro-cervical profunda. Quando o homem deve fazer a inseminação? Quando a vaca estiver no 1/3 final do cio.

A idade zootécnica para a inseminação é de 16 meses, sobrepondo-se a idade o "score corporal", que é a condição corporal de peso vivo, este deve ser ideal quando a vaca pesar 375 kg de P.V. (peso vivo) .

Serve também para a cobertura natural controlada. Neste momento, aumenta a probabilidade de concepção. Por isso é fundamental que ocorra a detecção do cio. Os sintomas de cio são modificações psicossomáticas na vaca.

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Sintomas de cio

- a vaca vai apresentar monta e deixa-se montar pelas companheiras; - a vaca fica inquieta;- a vaca apresenta micção freqüente; - a vaca apresenta a vulva tumefeita e congestionada; - a vaca apresenta corrimento vaginal cristalino; quando este mesmo corrimento apresenta-se turvo ou purulento, pode caracterizar problemas de infecção, devendo intervir com tratamento adequado, prescrito por veterinário; - a vaca aceita espontaneamente o macho;

Aproximadamente 50% das vacas apresentam um cio na parte da manhã. É necessário observar o cio pelo menos duas vezes ao dia. Nem sempre a fêmea apresenta o cio com todas as sintomatologias, tendo o cio silencioso; neste caso, a vaca apresenta corrimento que se adere à cauda.

O ciclo estral dos bovinos é de 21 dias, tendo o cio duração de 14 a 18 horas; a ovulação ocorre 12 a 14 horas após o término do cio, ficando o momento adequado para a cobertura no 1/3 final do cio (12 horas). O espermatozóide tem capacidade fecundante de no máximo 24 horas.

Ocorrendo o cio pela manhã, faz-se a cobertura na parte da tarde e vice-versa. O cio dos Taurinos é mais longo do que o cio dos Zebuínos, por isso, quando se faz cobertura natural controlada, coloca-se a fêmea zebu com o macho no período da manifestação do cio e reforça a cobertura no período posterior (se a vaca zebu manifesta o cio pela manhã, coloca com o macho pela manhã e novamente à tarde).

Rufião: é um touro vasectomizado, utilizado para marcar as vacas no cio ele permanece junto com as vacas o tempo inteiro. O animal é provido de um "busal marcador" que risca a anca das vacas montadas. Este sistema de detecção é mais fácil de trabalhar, mas ocorre a penetração na vaca, podendo ocorrer transmissão de doenças. No caso do animal de elite, o rufião é submetido a um desvio de pênis.

Avaliação Reprodutiva do Touro

Na pecuária bovina, o macho é acasalado com um grande número de fêmeas. Por isto, o uso de touros de baixa fertilidade, inférteis ou de qualidade genética inferior, pode acarretar sérios prejuízos aos criadores, levando a um maior intervalo entre partos das vacas e ou produção de filhos de baixa qualidade.

A substituição de reprodutores, de um modo geral, tem por objetivo:

- evitar consangüinidade; - melhorar a qualidade genética do rebanho; - melhorar a eficiência reprodutiva do rebanho; - fins comerciais (lucros).

Antes da aquisição de um reprodutor deve-se definir a raça e o grau de sangue, em função da qualidade ou tendência racional do rebanho existente e da finalidade a que se

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propõe. É importante considerar, também, a região e condições de manejo da propriedade.

Muitos criadores são ludibriados na compra de um reprodutor, ao confiar na afirmativa do vendedor de que se trata de um animal provado. A prova de um reprodutor se faz através do "teste de Progênie" (única forma de garantir a qualidade genética do reprodutor), porém, o Brasil é carente em provas de teste de progênie. Assim sendo, na impossibilidade deste resultado deve-se levar em consideração uma avaliação do reprodutor, com relação aos seguintes aspectos:

- condição corporal;- fertilidade;- sanidade.

Condição corporal:

É o aspecto do reprodutor e é muito importante, principalmente se há necessidade de seu uso imediato, uma vez que o animal magro ou fraco pode apresentar uma baixa produção e ou qualidade dos espermatozóides. A compra de um reprodutor é quase sempre efetuada em função do tipo do animal (aspecto externo), sem nenhuma informação complementar capaz de auxiliar na sua avaliação. Este procedimento conduz a erros. Tem-se conhecimento de reprodutores usados com finalidade leiteira, de extrema beleza nas características externas (altura, peso e conformação), cujas filhas se caracterizam por baixa produção de leite e peso elevado (situação comum na aquisição de touros Gir para obtenção de mestiços leiteiros).

É muito importante analisar também a coordenação Motora do animal:

A caminhada em piso de grama ou cimento permite observar se o animal apresenta defeitos de aprumo e incoordenação dos movimentos (andar cambaleando ou manqueira). Touros com problemas de casco, membros, articulações e ou coluna podem apresentar dificuldades para montar na fêmea.

Fertilidade

- Comportamento sexual:

O reprodutor colocado junto a uma fêmea em cio permite as seguintes observações:

- Desejo sexual (libido): o desejo sexual é avaliado pelo tempo que o animal demora a se exercitar e saltar. O salto deve ser imediato ou em até 20 minutos. E importante saber que os machos da raça zebuína são por natureza mais vagarosos ou lentos. Cansaço ou esgotamento devido ao manejo incorreto pode acontecer.

- Ereção e exposição do pênis: comprometida por aderência, processos inflamatórios dolorosos ou verrugas (papilomas) na glande ou corpo do pênis.

- Introdução do pênis na vagina: em casos de fraturas, paralisia ou abscesso do pênis, os animais montam mas não conseguem introduzir o pênis na vagina da vaca.

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É interessante ressaltar que o comportamento sexual; deve ser observado a uma distância regular do animal, pois, se o observador estiver muito perto, a sua presença poderá inibir o touro. Por outro lado, se o observador estiver muito longe, pode-se comprometer a observação.

Obs.: Capacidade coeundi: é a capacidade de efetuar montas sem problemas físicos

- Defeitos nos órgãos genitais

- Prepúcio: pus junto ao pênis de abertura pode indicar presença de infecção; crescimento anormal dos tecidos junto ao orifício de entrada chamado de acrobustite (umbigueira). Nesses casos não é indicada a compra, por necessitar de tratamento específico e longo tempo de recuperação.

- Bolsa escrotal e testículos: na bolsa escrotal estão localizados os testículos. Sua pele não deve apresentar ferimentos, queimaduras ou vermelhidão, que podem ser indicativos de inflamação ou abscesso. Os testículos são responsáveis pela produção de espermatozóides, sendo por isto, de fundamental importância no processo produtivo. Os dois testículos devem ter pouca ou nenhuma variação de tamanho. Um testículo pode estar localizado um pouquinho mais alto que o outro ou ligeiramente inclinado para trás. O animal deve demonstrar sinal de dor quando se aperta ligeiramente está região. Algumas anormalidades podem ocorrer com os testículos, sendo perfeitamente percebidas, e as mais importantes são a falta de um ou ambos testículos, na bolsa escrotal, contra indicação a aquisição do animal.

- Mobilidade dos testículos: os testículos são normalmente móveis dentro da bolsa escrotal, podendo-se através de pressão, fazer subir um de cada vez sem maiores dificuldades. Em caso de aderência ou inflamações, esta mobilidade deixa de existir ou diminui, afetando o mecanismo termorregulador dos testículos e, conseqüentemente, a produção e a qualidade dos espermatozóides. Com relação à consistência deve ser firme, ou seja, não são duros nem moles (duro = calcificado, atrofia, fibrosos; mole = degeneração testicular).

O tamanho dos testículos é importante por estar relacionado com a concentração e normalidade dos espermatozóides. A diminuição do peso e volume pode ocorrer em um ou ambos testículos. Este detalhe tem grande importância em bovinos devido a sua possível origem genética. poderá ocorrer Hipoplasia Testicular; é quando sempre um testículo for menor que o outro (origem genética), e ou Atrofia Testicular, quando o testículo normal diminui de tamanho (adquirido). O importante é saber que em ambos os casos a compra é desaconselhável.

Ainda em relação ao tamanho dos testículos, é bom saber que ambos os testículos podem ter o mesmo tamanho, embora menores que o tamanho normal. Em touros acima de 30 meses de idade a medida do diâmetro da bolsa escrotal não deve ser inferior a 30cm.

- Qualidade do sêmen (espermograma): os testículos são muito mais sensíveis às alterações metabólicas (hormonais, bioquímicas, etc.) e do ambiente (frio, calor, etc.), que afetam bastante a produção e a qualidade dos espermatozóides.

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Desse modo, qualquer alteração no trato genital do touro, independente de sua origem, resulta em menor fertilidade ou mesmo esterilidade.

A quantidade de sêmen (constatada pelo espermograma) constitui o fator mais importante e seguro para determinação da eficiência reprodutiva do touro. De um modo geral, a qualidade é baseada nos espermatozóides (presença, contaminação, relação vivos/mortos, tipos de patologia, etc.).

Indiscutivelmente para verificar a fertilidade do touro, o método mais seguro é efetuar o espermograma, porém, no campo, devido à dificuldade deste procedimento (falta de laboratórios), todos os aspectos aqui mencionados devem ser considerados na tentativa de se evitar a aquisição de um animal inadequado para a função.

Sanidade

Os testes para brucelose campilobacteriose, bem como a identificação de trichomonas, devem ser realizadas com a finalidade de se evitar a introdução destas doenças no rebanho. Além das doenças de reprodução, outras devem ser observadas: tuberculose, papilomatose (verrugas), aftosa, etc.

Avaliando a  Matriz

Na escolha de matrizes, deve-se observar o potencial genético através da produção de leite, a fertilidade através do I.E.P. (intervalos entre partos), período de serviço (período que vai do parto até a concepção) e idade do primeiro parto, e a sanidade através de todos os testes negativos, além da verificação da presença de mastite (inflamação da glândula mamária) Devem-se considerar também os aspectos externos anteriormente citados.

Modelo - Ficha de Controle de Gado

Nº ......Nome.......................................Grau................Nascimento..../...../....

Pai .......................................Mãe ...............................Procedência............

Peso/nasc........kg Peso/210d.........kg Peso/365d........kg Peso/550d.........kg

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Artificial..................

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Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea..................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./...........

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................

Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./........... 

Artificial..................

TE.........................

Macho....................

Fêmea...................

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Marca Vacina Data Data Data Data Data Data Data Data   AFTOSA                  AFTOSA                  Carbúnculo                  Brucelose                  RAIVA                  Botulismo                  Leptosp                  Vermifucação                  Vermifucação                

Antes de comprar um touro...

Algumas informações devem ser obtidas com outras pessoas da fazenda, já que o vendedor poderá colocar o interesse comercial acima da verdade. Caso o vendedor tenha grande reputação torna-se desnecessário. Para conseguir tais informações algumas perguntas podem ser formuladas:

1. Já possui filhas no rebanho? Quantas? - elimina esterilidade;

2. As vacas cobertas por ele repetem muito cio?- pequeno número de animais com retomo de cio, leva a suspeita de problemas com as fêmeas; - grande número de retornos, possibilidade de o macho ser portador de algum problema;

3. Suas filhas têm problemas de falta de cio?- Isto pode ser indicativo de problemas hereditários de fertilidade. Ex: hipoplasia ovariana;

4. Vacas que ele cobriu abortaram ou voltaram ao cio com intervalo maior que 30 dias?- A resposta positiva pode sugerir presença de agentes infecciosos transmitidos pelos machos; Ex: Trichomonas, Campilobacter, Micoplasma, etc.

Obs: mesmo tendo dois ou mais touro no rebanho, é costume o criador destacar o touro como sendo o pai das melhores bezerras e novilhas ou vacas do rebanho, tendo em vista a importância de se conhecer a produção de suas filhas.

Estratégias de Utilização de Recursos Genéticos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte

A produção animal pode ser considerada como o resultado da utilização dos recursos genéticos (raças, tipos, etc.), dos recursos ambientais e socioeconômicos disponíveis numa região ou país, das práticas de manejo adotadas e das possíveis interações entre esses componentes. 

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Há várias maneiras de combinar os elementos dos componentes entre si, o que resulta em grande número de possíveis sistemas de produção. Em geral, os sistemas de produção mais eficientes são aqueles que otimizam os recursos genéticos, ambientais e socioeconômicos e as práticas de manejo em todos os componentes do ciclo produtivo da carne bovina (reprodução - aumento em número; produção - aumento em tamanho; e produto - aumento na qualidade).

No mundo, há aproximadamente mil raças de bovinos, das quais duzentos e cinqüenta têm alguma importância numérica. No Brasil, há cerca de 60 raças que podem ser exploradas para produção comercial de carne bovina.

As diferenças entre as raças quanto às características morfológicas, fisiológicas e zootécnicas podem ser atribuídas às diferentes pressões e direções da seleção às quais elas foram submetidas durante o processo evolutivo. Desse modo, cada raça é dotada de composição genética diferente, principalmente para as características relativas ao tipo racial (cor da pelagem, presença ou ausência de chifres, conformação do perfil da fronte, tamanho da orelha, etc.) e, provavelmente, para os atributos relacionados com a habilidade de adaptação ao ambiente (adaptabilidade). 

A diversidade genética existente entre as raças bovinas pode ser utilizada de três maneiras: 1) criação ou introdução da raça pura melhor adaptada ao sistema de produção; 2) formação de novas raças; e  3) utilização de sistemas de cruzamento. As duas primeiras podem ser praticadas por meio da realização de cruzamentos por apenas algumas gerações, uma vez que o objetivo final é a introdução de raça pura melhor adaptada ou a formação de nova raça (futuramente, uma raça pura). 

A utilização de sistemas de cruzamento, por outro lado, é uma forma de aproveitamento da diversidade genética e dos ganhos genéticos obtidos nos programas de melhoramento das raças puras de maneira permanente e contínua, sem a preocupação de obter uma nova raça ou introduzir uma raça pura no sistema de produção. 

As estratégias de utilização dos recursos genéticos envolvem diferentes alternativas de seleção. A seleção dentro de raças puras é feita com base no modelo aditivo simples quanto ao tipo de ação gênica. Na prática, a seleção de raças puras geralmente produz ganhos genéticos próximos daqueles previstos teoricamente.

A utilização de cruzamentos, por outro lado, é considerada como alternativa à seleção. No entanto, precisa ser ressaltado que as alternativas de seleção e de cruzamentos não são mutuamente exclusivas. Qualquer sistema de cruzamentos ou esquema de formação de novas raças depende dos programas de seleção das raças puras utilizadas no processo. 

O programa de melhoramento animal pode ser sistematizado em 10 passos seqüenciais:  1) descrição do sistema de produção;  2) estabelecimento do objetivo do sistema de produção;  3) escolha da estratégia de utilização e dos recursos genéticos;  4) obtenção de parâmetros de seleção (herdabilidade, correlações) e pesos econômicos

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relativos;  5) delineamento do sistema de avaliação;  6) desenvolvimento dos critérios de seleção;  7) delineamento do sistema de acasalamentos;  8) delineamento do sistema de multiplicação dos animais selecionados; 9) comparação de alternativas de programas de melhoramento; e  10) revisão do programa com base nas modificações futuras e, se for o caso, na segmentação do sistema de produção de carne bovina. 

Qualquer que seja a estratégia a ser escolhida, um aspecto fundamental na utilização dos recursos genéticos e ambientais para a produção de bovinos de corte é a visão do sistema de produção como um todo, isto é, da concepção do bezerro até o consumo da carne. 

A eficiência de qualquer sistema de produção, por sua vez, é função de três componentes:  1) eficiência reprodutiva do rebanho de vacas; 2) eficiência do ganho de peso dos animais jovens; e  3) qualidade do produto.  A avaliação de apenas um ou dois componentes pode conduzir a recomendações discutíveis, particularmente quanto à eficiência econômica do sistema de produção.

Valores econômicos relativos dos três componentes da eficiência produtiva em bovinos de corte são mostrados na Tabela 4.1, considerando-se cinco situações diferentes. Os valores econômicos relativos mostram a importância de cada componente da eficiência no ciclo produtivo de bovinos de corte.

Tabela 4.1. Valores econômicos relativos (%) dos componentes da eficiência produtiva em bovinos de corte em diferentes países.

País (Ano) Reprodução

Produção Produto

Estados Unidos (1971) 87,0 8,7 4,3

Estados Unidos (1983) 76,9 15,4 7,7

Brasil (1992) 64,8 35,0 0,2

Estados Unidos (1992)  50,0 33,3 16,7

Austrália (1994) 66,7 22,2 11,1

Estados Unidos (1994) 66,6 16,7 16,7

Estados Unidos (1994) 66,7 33,3 -

Estados Unidos (1994) 22,2 66,7 11,1

Estados Unidos (1994) 77,8 11,1 11,1

Brasil (2001) 79,4 20,6 -

Brasil (2002) 69,0 31,0 -

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As características relacionadas à eficiência reprodutiva (aumento em número de animais) são de importância fundamental em qualquer situação (Tabela 4.1). O aumento da eficiência reprodutiva (taxa de desmama, por exemplo) é de 2 a 10 vezes mais importante do que o aumento no componente de produção (ganho de peso, por exemplo). 

Embora possa parecer óbvio, é necessário enfatizar que as características de produção não têm importância para o produtor de bovinos de corte se não há bezerros vivos, sadios, produzidos no rebanho, cujas mães fiquem prenhes na estação de monta seguinte. O aumento do ganho de peso e o melhoramento da qualidade de carcaça são características inúteis sem um bezerro vivo, já que elas simplesmente não se realizam.

O aumento da eficiência reprodutiva é muito mais importante (10 a 20 vezes) do que o melhoramento da qualidade do produto, para os sistemas de produção dos Estados Unidos (Tabela 4.1). No Brasil, essa relação é maior do que 300 vezes para os sistemas de produção de bovinos de corte em regime exclusivo de pastagens, o que evidencia a importância do melhoramento da eficiência reprodutiva dos rebanhos brasileiros.

As características de produção (aumento em tamanho), por sua vez, são duas vezes mais importantes do que as características relacionadas com a qualidade do produto nos sistemas integrados de produção de carne bovina dos Estados Unidos (Tabela 4.1). No sistema de produção predominante no Brasil (extensivo e em pastagens), no entanto, as características de produção, principalmente o ganho de peso após a desmama, têm valor econômico relativo 175 vezes maior do que aquelas relacionadas com a qualidade do produto. Isto faz com que o aumento do ganho de peso após a desmama seja o principal fator de contribuição para a redução da idade de abate dos animais, com efeitos indiretos na qualidade do produto.

Outro aspecto importante dos sistemas de produção de bovinos de corte refere-se ao fato de diferentes animais desempenharem funções diferentes no ciclo da produção. A menor unidade de produção é composta por três categorias de animais: vaca, touro e bezerro. Na Tabela 4.2 estão relacionadas as características de maior importância e as especificações desejáveis de cada um dos componentes da unidade de produção.

As características desejáveis nos três componentes da unidade de produção (sinais iguais ou neutralidade) são fertilidade alta, adaptação ao ambiente, longevidade, saúde e docilidade (Tabela 4.2). A ocorrência de sinais diferentes indica a existência de antagonismos entre tamanho pequeno (desejável nas vacas e indesejável nos bezerros) e ganho de peso elevado (desejável nos animais de abate, indesejável nas vacas). Esses antagonismos são, em geral, resultantes da correlação genética negativa e desfavorável entre tamanho à maturidade e grau de maturidade numa determinada idade.  

Tabela 4.2. Características de bovinos de corte e sua importância nos componentes da unidade de produção.

Características Importância *

  Vacas Touros Bezerros

Fertilidade alta + + 0

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Tamanho pequeno + 0 -

Puberdade precoce + + +

Adaptação ao ambiente + + +

Longevidade + + 0

Saúde e docilidade + + +

Ganho de peso alto - 0 +

Carcaça musculosa, carne magra 0 0 +

Rendimento de carcaça 0 0 +

Carne macia, palatável 0 0 +

* (+) = desejável; (0) = neutra; (-) = indesejável.

Um terceiro aspecto a ser considerado na avaliação das estratégias de utilização dos recursos genéticos é o possível antagonismo entre os objetivos econômicos das fases de reprodução (aumento em número) e produção (aumento em tamanho) nos sistemas de produção de bovinos de corte. Em geral, os custos fixos são atribuídos por animal, independentemente do seu tamanho. Além disso, o aumento em número (maior eficiência reprodutiva) provoca redução nos preços de venda por animal. A médio e longo prazos, os ciclos de preços da carne bovina são, pelo menos em parte, reflexo desse tipo de antagonismo.

Por último, mas nem por isso menos importante, há os antagonismos de natureza genética entre as características de produção (pesos, ganhos de peso) e de reprodução (intervalo de partos, taxa de concepção) em bovinos de corte. Para as condições brasileiras, foram obtidos resultados que indicaram a existência de antagonismo genético entre peso à desmama e eficiência reprodutiva de fêmeas da raça Canchim, criadas em regime de pastagens. Resultados semelhantes têm sido obtidos em outros países e outras raças de bovinos de corte. Com algumas exceções, o tamanho maior à maturidade parece não ser desejável em bovinos de corte. Este tipo de conclusão depende, obviamente, das condições ambientais em que os animais são produzidos.

É importante ressaltar que o objetivo principal da produção animal, seja ela praticada de forma extensiva ou intensiva, é atender as exigências de mercado. É difícil predizer o futuro, porque uma amplitude de cenários diferentes pode ocorrer. No entanto, esses cenários possíveis podem servir como indicação do tipo de animal que será demandado no futuro. Neste sentido, dois aspectos são importantes: 1) manutenção (ou mesmo aumento) da variabilidade disponível em bovinos de corte; e 2) aumento na flexibilidade para praticar mudanças no tipo de animal em resposta às mudanças nas exigências de produção e de mercado. 

A produção de carne bovina no Brasil é praticada de forma extensiva. Na maioria das regiões produtoras predomina o sistema de cria, recria e engorda, em regime exclusivo de pastagens e com práticas de manejo inadequadas. A intensificação dos sistemas de produção ainda é incipiente no País, mas um cenário possível, a médio prazo, é que as fases de cria e recria sejam praticadas em pastagens de melhor qualidade e melhor

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manejadas e que a fase de engorda seja feita em regime de confinamento ou semiconfinamento, visando à redução da idade de abate dos animais e à produção de carne de melhor qualidade. 

Na Figura 4.1 são ilustradas as relações entre as alternativas possíveis envolvendo seleção, cruzamentos e formação de novas raças em bovinos de corte. O ponto de partida considerado foi a utilização de uma "raça exótica" em cruzamento com fêmeas da população local. Assim, a estratégia colocada em discussão é a utilização de cruzamentos para intensificação da produção de carne bovina. As questões na Figura 4.1 precisam ser respondidas com níveis adequados de precisão. Do contrário, torna-se praticamente impossível estabelecer a estratégia de utilização dos recursos genéticos mais adequada ao sistema de produção. 

 

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Figura 4.1. Aspectos importantes a serem considerados na escolha estratégica do sistema de utilização e dos recursos genéticos em bovinos de corte.  (Fonte: Adaptado de Cunningham, 1981).

Com base nos resultados obtidos no Brasil, concluiu-se que os animais cruzados foram, em média, 15% superiores aos de raças puras quanto às características de crescimento (pesos e ganhos de peso), mas tiveram maior consumo de matéria seca (12%) e as fêmeas apresentaram maior peso à maturidade (13%). A maior vantagem dos cruzamentos, para as condições brasileiras, parece estar na utilização de fêmeas cruzadas, que foram 20% mais eficientes do que as de raças zebuínas quanto à taxa de gestação. Estes resultados indicam que a resposta à primeira pergunta da Figura 4.1 é positiva, para a maioria das condições ambientais encontradas no Brasil.

Mas, quais raças exóticas são as mais adequadas para os diferentes sistemas de produção? A resposta é dependente dos resultados observados com a utilização de determinada raça exótica, seja como raça pura ou em cruzamentos, nas diferentes regiões edafoclimáticas do Brasil, dos resultados obtidos pelas instituições de Pesquisa e Desenvolvimento e, muitas vezes, dos "modismos" criados por estratégias de "marketing" bem sucedidas. Felizmente, há mais de mil raças de bovinos no mundo, das quais 250 têm número de animais suficiente para atender a demanda, isto é, a escolha estratégica da(s) raça(s) é possível, tanto para atender as necessidades do mercado quanto para compatibilizar as exigências dos animais com as condições ambientais.

Outra questão que ainda não foi respondida de maneira adequada é a percentagem desejável das raças exóticas na composição genética dos animais. Nos casos em que a superioridade das raças exóticas foi marcante, houve a substituição da raça local, como já ocorreu no Brasil no período de 1930 a 1960, quando as raças Caracu e Mocho Nacional foram substituídas pelas raças zebuínas, de maneira gradual, começando com Gir, Indubrasil e Guzerá e, mais tarde, terminando com Nelore. Atualmente, mais de 75% do rebanho bovino de corte é Nelore ou de alta mestiçagem de Nelore e outras raças zebuínas. 

Esse processo de substituição das raças locais (Caracu e Mocho Nacional) foi devido, em grande parte, aos resultados obtidos na Estação Experimental de Zootecnia de Sertãozinho, SP, no período de 1934 a 1942, no projeto de cruzamentos de touros de raças taurinas (Aberdeen Angus, Charolesa, Devon, Hereford, Limousin e Pardo-Suíço) e zebuínas (Gir, Guzerá e Nelore) com vacas das raças Caracu e Mocho Nacional. A taxa de mortalidade do nascimento aos três anos de idade foi muito maior nos animais cruzados de raças taurinas (47,1%) do que nos de raças zebuínas (18,8%). As recomendações técnicas foram a paralisação do projeto de cruzamentos e o estabelecimento de projetos de avaliação e seleção do Zebu para produção de carne. Essas recomendações tiveram grande impacto no processo de tomada de decisões dos produtores. 

Ainda quanto à composição genética dos animais, tem sido geralmente aceito que a proporção ideal é 5/8 Bos taurus + 3/8 Bos indicus, mas isso não tem suporte na teoria da heterose residual. Acredita-se que a definição dessa proporção ideal tenha sido derivada de uma publicação em que se diz que a raça Santa Gertrudis é composta de aproximadamente 5/8 Shorthorn + 3/8 Brahman; com a supressão do termo grifado, parece que a proporção foi sendo difundida como a ideal. Evidentemente a proporção

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ideal varia de acordo com as condições ambientais e as exigências de mercado, mas pouco tem sido feito no Brasil para obter informações sobre o assunto.

Na seqüência das questões (Figura 4.1), vem a importância da heterose na eficiência líquida do sistema de produção. A resposta a esta questão ainda depende de projetos de pesquisa delineados para a obtenção de resultados sobre o sistema de produção como um todo. 

As necessidades de pesquisa em sistemas de cruzamento foram levantadas por alguns autores, destacando-se a obtenção de estimativas dos efeitos aditivos e heteróticos, a avaliação econômica comparativa das estratégias de utilização dos recursos genéticos e a caracterização das raças e dos ambientes onde elas são criadas.

Finalmente, há a questão sobre a escolha estratégica entre a formação de novas raças e a utilização de sistemas de cruzamento. Se as respostas às duas últimas questões foram positivas, então a seleção nas populações produtoras de reprodutores assume papel fundamental na escolha estratégica dos recursos genéticos.

Para a intensificação dos sistemas de produção de bovinos de corte, a escolha estratégica do sistema de utilização (raça pura, nova raça, sistemas de cruzamento) e dos recursos genéticos (raças) deve ser feita com base nas respostas obtidas sobre algumas questões, como aquelas explicitadas na Figura 4.1. As opções estratégicas são a seleção de raças puras, a formação de novas raças e a utilização de sistemas de cruzamento entre raças. Deve ser lembrado, mais uma vez, que estas opções não são mutuamente exclusivas e, por isso, devem ser consideradas como complementares. Tanto a formação de novas raças quanto a utilização de sistemas de cruzamento dependem da seleção como meio para a obtenção de animais adaptados às condições ambientais e adequados às exigências do mercado de carne bovina.

LEGISLAÇÃO

Decreto-lei nº 4.360, de 5 de junho de 1942

Presidencia da Republica

Modifica os prazos para o penhor agrícola e pecuário e dá outras providências

ao custeio de entre-safra e a aquisicao de gado para a criacao e melhoramento de rebanhosficam ampliados para dois e tres anos respectivamente art. 4 revogam-se as disposicoes emcontrario rio de janeiro 5 de maio de 1942 121

Art. 3º Os prazos fixados no artigo 6º da lei n. 454 , de 9 de julho de 1937, para...

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Art. 3º Os prazos fixados no artigo 6º da lei n. 454 , de 9 de julho de 1937, para os financiamentosda Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil destinados ao custeio de entre-safra e à aquisição de gado para

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Decreto nº 11.138, de 3 fevereiro de 1978 de São Paulo

Governo do Estado

Dispõe sobre a organização da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura e dáprovidências correlatas

Artigo 40 - A Divisão de Zootecnia de Bovinos de Corte compreende:

; II - Seção de Criação e Manejo do Gado de Corte; III - Seção de Melhoramento do Gado deCorte; IV - Seção de Avaliação e Classificação de Gado de Corte.

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Artigo 41 - .A Divisão de Zootecnia de Bovinos Leiteiros compreende

; II - Seção de Criação e Manejo de Gado Leiteiro; III - Seção de Melhoramento de GadoLeiteiro; IV-  Seção de Fisiologia de Lactação;

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Artigo 284 - A seção de Criação e Manejo do Gado de Corte tem as seguintes a...

TÍTULO IV Das Atribuições CAPÍTULO V Da Coordenadoria da Pesquisa AgropecuáriaSEÇÃO V Do Instituto Biológico SUBSEÇÃO II Da Divisão de Zootecnia de Bovinos de CorteArtigo 284 - A seção de Criação e Manejo do Gado de Corte tem

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Lei nº 5248, de 26 de maio de 2008 do Rio de janeiro

Governo do Estado

INSTITUI O PROGRAMA RIO GENÉTICA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

e o desenvolvimento da criacao animal especialmente o gado bovino em todo o territoriofluminense art. 2 constituem objetivos especificos do programa rio genetica: i - promovermudanca evolutiva composicao genetica dos rebanhos do estado introduzindo

e o desenvolvimento da criação animal, especialmente o gado bovino, em tod...

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e o desenvolvimento da criação animal, especialmente o gado bovino, em todo o territóriofluminense.

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Lei nº 1171 de 05 de Março de 1981 de Indaial

Camara municipal

AUTORIZA SERVIÇOS DE MACADAMIZAÇÃO.

servira aos proprietarios para escoarem toda a lenha que irao extrair de uma area de terras desua propriedade area esta que sera transformada em pastagem para criacao de gado sendoque tanto a extracao de lenha imediata bem

Art. 2º - A referida estrada servirá aos proprietários para escoarem toda a lenh...

Art. 2º - A referida estrada servirá aos proprietários para escoarem toda a lenha que irão extrairde uma área de terras de sua propriedade, área esta que será transformada em pastagem paracriação de gado, sendo que, tanto a extração

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Lei no 1.002, de 24 de dezembro de 1949

Presidencia da Republica

Dispõe sôbre o pagamento dos débitos dos criadores e recriadores de gado bovino, e dá o...

ou anotados cartorio de registro de titulos e documentos em data anterior a lei 209 de 2 dejaneiro de 1948 e cujo produto tenha sido aplicado criacao e recriacao do gado bovino art. 3gozarao igualmente dos beneficios desta lei os criadores

Art. 2º Aplica-se também o disposto no artigo 1º:

de Registro de Títulos e Documentos, em data anterior à Lei nº 209 , de 2 de janeiro de 1948, ecujo produto tenha sido aplicado na criação e recriação do gado bovino.

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Decreto no 68.419, de 25 de Março de 1971

Presidencia da Republica

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Aprova o Regulamento do Imposto Único sobre Energia Elétrica, Fundo Federal deEletrificação, Empréstimo Compulsório em favor da ELETROBRÁS, Contribuição dos NovosConsumidores e Coordenação dos Recursos Federais vinculados a obras e serviços de ene...

Art 4º Estão também isentos do pagamento do impôsto único:

e quinhentos) habitantes; e b) se dedicarem às atividades ligadas diretamente à exploraçãoagropecuária, ou seja, o cultivo do solo com culturas permanentes ou temporárias, criação,recriação ou engorda de gado, criação de pequenos animais

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Lei nº 231 de 08 de agosto de 1951 de Blumenau

Camara municipal

ISENTA A "GRANJA TRÊS FIGUEIRAS" DO IMPOSTO TERRITORIAL E DE PARTE DOIMPOSTO PREDIAL.

Art. 3º - Essa isenção vigorará enquanto os imóveis referidos nos artigos ante...

Art. 3º - Essa isenção vigorará enquanto os imóveis referidos nos artigos anteriores foremutilizados estritamente nos seus serviços de criação de gado leiteiro de raça e de cavalos depuro sangue, e lavoura.

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Lei nº 452 de 25 de setembro de 1967 do Timbo

Camara municipal

INSTITUI O CÓDIGO DE POSTURAS DO MUNICÍPIO E DÁ OUTRAS PROVIDENCIAS.

Art. 97 - É proibida a criação ou engorda de porcos e criação de gado ou aves...

TÍTULO III DA POLÍCIA DE COSTUMES, SEGURANÇA E ORDEM PÚBLICA CAPÍTULO VDAS MEDIDAS REFERENTES AOS ANIMAIS Art. 97 - É proibida a criação ou engorda deporcos e criação de gado ou aves, em número elevado, nas regiões de perímetro urbano

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Lei nº 2520 de 13 de janeiro de 2007 de Itapeva

Camara municipal

DISPÕE SOBRE O ZONEAMENTO, USO DO SOLO E OCUPAÇÃO DO SOLO DOMUNICÍPIO DE ITAPEVA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS."

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de animais, criação de gado.

de hortifrutigranjeiros, serviços de irrigação, serviços de lavagem de cereais, serviços deprodução de mudas e sementes, viveiro de animais, criação de gado.

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Decreto nº 471 de 16 de outubro de 2002 de Ponta Grossa

Camara municipal

OUTORGA PERMISSÃO DE ÁREA NO CENTRO AGROPECUÁRIO MUNICIPAL, COMOESPECIFICA.

Art. 2º - A permissão de uso da área descrita no artigo 1º deste decreto, destin...

Art. 2º - A permissão de uso da área descrita no artigo 1º deste decreto, destina-se àimplantação de uma sede da permissionária no referido local, a qual realiza exposições e feirasrelativas à criação de gado charolês.

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