a voz do seixo nº96
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Jornal A Voz do SeixoTRANSCRIPT
BOLETIM INFORMATIVO DA
ASSOCIAÇÃO POPULAR DE MORADORES DO SEIXO
N.º
Set
96
2011
Os meus reparos
Há cerca de meio ano atrás, numa crónica como esta, escrevia dando conta que existiam passadei-ras em vários arruamentos do nosso lugar que mal
se viam e que necessitavam de ser novamente pintadas. Passados todos estes meses tudo continua na mesma! Ao enunciar de novo este reparo, pergunto aos responsáveis camarários: o que será necessário para que as passadeiras sejam pintadas? Que haja algum acidente? Espero que não! Só no Bairro do Seixo deveriam existir várias passadeiras e nenhuma se vê. Deixo ainda uma dica: pesquisem no Google maps e aí já consegui-rão apurar alguma coisa, em fotografias já com alguns anos e é só pensar no tempo que já passou e perceber que ainda estão pior.
Já foi no início do mês de Setembro inaugurada a nova Escola EB1 do Padrão da Légua. Uma obra importante para o Padrão da Légua, pois a mesma vem substituir a Escola do Monte da Mina, a qual já há bons anos que pedia reforma. Escola pronta e inaugurada, mas muito haverá ainda para fazer nos terrenos em volta da mesma. Da parte da Rua da Pedreira - traseiras da Escola - continuam as obras de ligações de água, pedras grandes e, acima de tudo um grande terreno descampado. Subindo esta rua, deparamo-nos, poucos metros acima, com uma casa abandonada já há longos meses, local
propício para ser aproveitado para comportamentos menos aconselháveis. Esta casa já está assim há largos meses ,sem que ninguém faça algo. Aqui
volto a questionar os técnicos camarários, que deverão ter em atenção estas situações: será que não vêem? Ou, então, continuamos na mesma: será o Seixo também Matosinhos?
A finalizar volto a falar no Fontanário - como não podia deixar de ser. No último jornal referi que a vegetação plantada no interior da Escola do Seixo já estava tão grande que tapava grande parte do fontanário. Alguns dias depois ,reparei que já tinha sido cortada, pensei eu que tinha dado resultado chamar a atenção e que tinham entendido a minha preocupação. Mas não. Fui informado por um morador que ele mesmo, depois de ler o nosso jornal, foi lá e cortou, fazendo o que outros deveriam ter feito. Mais uma vez se vê que temos de ser nós a fazer. Mas deixo aqui mais um repto, na esperança de, desta vez ser “ouvido”: que seja também colocada uma torneira, mesmo que a água continue cortada; pois um fontanário deve ter uma torneira. O Presidente da Direcção
02
Editorial
É bom ver como as pessoas, actualmente, têm
consciência dos seus direitos. Barafustam quando
os sentem atropelados ou em perigo, manifestam-
se exuberantemente se os julgam desprezados,
reivindicam-nos, até, violentamente - embora,
entre nós, tal não seja uso corrente, vemos vastas
vezes na tv, manifestações de protesto em prol de
algo que os manifestantes pensam que lhes está a
ser indevidamente vedado. Todos pensam que têm
direitos – e essa consciência dos direitos de cada
um é algo gratificante, pois manifesta o conceito
em que cada um se tem, consciente do seu valor e
dignidade humanas.
Longe vão os tempos em que qualquer individuo, só
porque se encontrar atrás de um balcão de um
vulgar serviço publico – fosse ele de saúde,
finanças, correio, etc – se sentia dono e senhor de
toda verdade, escondendo, muitas vezes, a sua
ignorância atrás de uma soberania desdenhosa e
maltratando quem tinha de recorrer aos seus
serviços – esquecendo-se de que ele mesmo,
funcionário se encontrava ali para servir…
Hoje felizmente, na maioria dos serviços públicos
há um clima de gentileza e cordialidade que só
abonam a favor de quem está a trabalhar. O funcio-
nário zeloso é uma mais valia em qualquer serviço
em que se está em contacto com o público , levan-
do mesmo a fidelizar utentes/clientes pela sua com-
petência e simpatia. Quantas vezes não ouvimos
dizer: «vou aos CTT de X, pois os funcionários, lá
são muito simpáticos», ou então «não compro
nada no supermercado Y, os funcionários são todos
antipáticos». Há dias, porém, assisti a uma cena
constrangedora: um cliente insultava, em altos bra-
dos, um jovem funcionário de um estabelecimento,
acusando-o de má educação por, alegadamente,
não lhe ter respondido a uma pergunta que já lhe
fizera duas vezes! O rapaz estava a trabalhar, e
deixava cair sobre si um chovalho de acusações
sem sequer retorquir, de tão atónito que estava. A
sua conhecida boa educação não lhe permitiria,
decerto, dar a resposta adequada…
Segui o meu caminho, procurando não me manifes-
tar, para não deitar ainda mais achas para a foguei-
ra. Apetecia-me dizer ao «senhor» barafustante
que talvez se tivesse em muito alta conta, cioso da
sua importância, dos seus direitos enquanto cliente.
Mas gostaria de lhe lembrar também que a cada
direito corresponde um dever – e que, se ele pen-
sava que o funcionário minimizara a sua importân-
cia enquanto cliente, não o respeitando como ele -
na sua óptica – merecia, também ele, cliente com
mais do dobro da idade do funcionário, o estava a
desrespeitar, agredindo-o verbalmente e publica-
mente, no seu local de trabalho … E dando um mau
exemplo, ainda, quer ao jovem funcionário, quer a
quantos à cena
É bom, é gratificante para quem já viveu outros
tempos – bem diferentes em outras coisas – assistir
à mudança de atitude do povo, ao seu á vontade
em situações outrora impensáveis, à sua tomada de
consciência de a sua importância como ser humano.
Mas também desolador noutra perspectiva, verificar
que essa consciência é, muitas vezes defeituosa,
limitada ao próprio EGO, não a estendendo a todos
os seres humanos tendo consciência dos próprios
direitos, sim – mas esquecendo-se que se «eu»
tenho direitos, também os outros os têm. E que os
«meus» direitos – os direitos de cada um – vão
apenas até aos limites dos direitos de cada um dos
outros que me rodeiam. Nenhum ser humano é
uma ilha. Talvez mais um grão de areia, vivendo
lado a lado com tantos outros grãos que, em
conjunto, formarão o areal. Para que «eu» tenha os
«meus» direitos, é preciso que o mesmo aconteça
com cada um dos outros seres que me rodeiam –
os meus direitos só vão até aos limites dos direitos
dos outros. Porque, onde há direitos há, constante-
mente, deveres. Direitos e deveres são correlativos,
uns existem apenas porque os outros também
existem. Se reivindico uns – os direitos – não posso
esquecer os outros – os deveres.
Maria Elsa Melo
03
Como sempre, lá estivemos e estaremos!
É impressionante como o Seixo e o Padrão me
encantam. É cantinho do mais castiço, mais
verdadeiro e mais terra-a-terra da minha cidade. Nas festas ao Senhor Jesus do Padrão da Légua lá
estive, a acompanhar o nosso sempre omnipresente
Presidente António Mendes.
Dos órgãos autárquicos de São Mamede estávamos só
nós, poucos e bons, acompanhados dos membros do
Observatório da Cidade e, perdoem-me a vaidade, da
minha filha Judite, apaixonada que é das coisas desta
cidade em que nasceu!
No primeiro dia arriscámos um pé de dança, eu, com
o meu especial jeitinho devo ter feito ingressar
algumas damas na urgência do Pedro Hispano… não
de paixão mas com traumatismos nos pezinhos.
Pequei… confesso que pequei… com inveja da forma
inigualável como dançam os nossos ciganos… já neste
jornal disse, “eu também sou cigano”!
Valeu-me que à chegada pedi a bênção ao Reveren-
díssimo Pároco e penso que ficou em crédito para os
pecadilhos da noite!
No segundo dia, o folclore buliu comigo… só não saltei
ao palco por receio ao “cabedal” do Hugo e por medo
de levar com o disparo de alguma bota…
Também a careca do Sr. Barroso e o cabelo branco do
Sr. Lopes me puseram em respeito..
No terceiro dia fui à procissão e assisti à missa…
confesso que foi a primeira vez que ouvi o Padre
Joaquim Mário , e vou dizer-vos que me encheu as
medidas… o homem é de as dizer… sem papas na
língua, curtas e certeiras, em linguagem simples e
sem abdicar de uma qualidade vocabular e retórica
invejável.
Sim senhor, fiquei freguês… da freguesia e do Pastor!
Lá estavam o Zé Manuel das Farturas e todos os
vendedores de doçaria a quem agradeço terem
contribuído de forma activa para a minha diabetes.
Talvez o Padre Joaquim Mário perdoe o mal que me
fizeram pelo bem que me souberam… um estômago
confortado peca menos!
Depois foi o paraíso dos mentirosos … a Associação
Popular dos Moradores do Seixo levou a cabo o 23º
Concurso de Pesca Desportiva de Rio.
Na atribuição dos prémios lá estávamos novamente o
Presidente António Mendes, eu, voluntário 44 da
APMS e a minha filha Judite, a quem o Américo acaba
sempre por oferecer o troféu que lhe cabe, por isso,
desta vez, ela ficou em 16º lugar… isto sem sequer
pescar!
O Pedro Ribeiro Presidente-Organizador-Pescador-
Fotógrafo-Premiado, de calções! Umas verdadeiras
pernas de espanhola… Olé !
Mas também ali estavam, ufanos e de peito feito (e
alguns de barriga ainda mais feita) os furiosos do
banho-à-minhoca, a ganharem troféu atrás de troféu.
Mas a questão é que não vimos lá nem uma petinga
ou um jaquinzinho para amostra. Tão grande era a
pescaria que nem de camião se pode transportar !!!
Registei a homenagem ao Zé Paiva que é realmente o
peão-das-nicas imprescindível em qualquer colectivi-
dade. Aguenta Zé, com associados assim, até a bar-
raca abana!
E para maior desvergonha, os reis-da-cana ainda se
gabaram de que, mais interessante que a pesca, foi
uma prova de atletismo com um etíope a correr à
frente e os demais mancos a arrastarem-se atrás
dele. Bom, um saudável convívio regado a vinho do porto e
polvilhado de doçaria.
Amigos… quero lá saber da diabetes… para o ano cá
estarei:
- Para dar de comer ao corpo nas Farturas do
Zé Manuel e da Fátima…
- Para dar de beber à alma com a homilia do
nosso Padre-Cura…
- Para encher os pulmões com o picaresco deste
mais doce rincão da Cidade!
E mai nada! Mai nada nesmo!
Victor Meirinho
Voluntário 44
04
23º Concurso de Pesca
No passado dia 18 de Setembro teve lugar mais um
Concurso de Pesca Desportiva de Rio, organizado pela
nossa Associação.
A manhã apresentou-se muito solarenga, mas
também bastante fria, pois ao local do concurso pouco
ou nenhum sol chegava. Complicada foi também a
chegada ao local de alguns pescadores, pois muitos
foram os condicionalismos do trânsito devido á passa-
gem da meia maratona do Porto pelo local do concur-
so - o que levou a que alguns dos concorrentes
tenham mesmo feito alguns (ainda que poucos) quiló-
metros a pé. Como se já não fosse pouco, o peixe
também “fez feriado” e não quis sair. Dos cerca de 40
pescadores que participaram, apenas 10 tiveram o
privilégio de tirar pelo menos um peixe, todos os
outros estiveram literalmente “a dar banho á
minhoca”.
Mesmo assim, a boa disposição esteve sempre lá e
muitos até se esqueceram que estavam a pescar
quando passaram os atletas da maratona, pois
estavam mais atentos à corrida e a incentivar os par-
ticipantes do que atentos á sua cana...
Da parte da tarde teve lugar a entrega dos prémios
aos participantes, onde, mais uma vez, estiveram pre-
sentes os Senhores Presidente e Secretário da Junta
de Freguesia de S. Mamede de Infesta, Sr. António
Mendes e Dr. Vítor Meirinho, bem como um represen-
tante do Jornal de Matosinhos, o jornalista José Maria
Cameira.
Foi também aproveitado este momento para ser
entregue a um dos elementos da Secção de Pesca -
José Paiva - uma lembrança , em reconhecimento
pelo trabalho que ao longo dos anos vem realizando
na Secção.
Terminada a entrega de prémios, o Presidente da
Direcção agradeceu a presença de todos, salientando
que foram poucos os participantes e que o trabalho de
preparação deste concurso merecia mais participan-
tes. Destacou também o investimento feito nos
prémios em disputa , como meio de premiar os parti-
cipantes , e que nem assim foi conseguido o objectivo
de se conseguir mais equipas e pescadores, mas que
aquelas equipas amigas estão sempre presentes. Por
seu lado o Presidente da Junta de Freguesia enalteceu
mais esta edição e o contributo que esta Associação
tem dado em prol da freguesia, salientando que,
embora os pescadores fossem poucos , eram bons -
como tinha dito alguém da assistência. O Secretário
da Junta, para além de felicitar a Associação por mais
um concurso realizado, referiu também que ali se
encontrava como representante do Observatório da
Cidade e que, em próximas edições, estará também o
Observatório disponível para colaborar em tudo o que
for necessário.
Depois da entrega de prémios teve lugar um pequeno
Porto d’Honra entre os presentes, um momento mais
de confraternização e de convívio.
A finalizar. não poderemos deixar de agradecer a
todos quantos nos ajudaram a levar a efeito mais este
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concurso: Câmara Municipal de Matosinhos, Junta de
Freguesia da Cidade de S. Mamede Infesta, Observa-
tório da Cidade, SóPadrão, Churrasqueira Mundo na
Brasa, AC Morais Seguros, Padaria e Confeitaria Flor
do Padrão, Café Contraste, DC Extintores, Neves e
Teixeira, Lda., Casa Carvoeiro, Papelaria e Livraria o
Caderno, Cabeleireiro de Homens Paulo, Cravo Ferrei-
ra e Ribeiro, Lda., Dipolo, Bufete S. Paulo; a todos um
agradecimento especial pelo apoio prestado.
Para a história ficam as classificações:
Classificação por Equipas:
Classificação Individual:
Melhor e Maior Exemplar - Vítor Manuel Lima
Secção de Pesca
Cla. Pescador Equipa Pontos
1º Emílio Frazão Individual 520 Pontos
2º Luís Miguel Castro Café Contraste 500 Pontos
3º Vítor Manuel Lima Individual 500 Pontos
4º Joaquim Fernandes Individual 200 Pontos
5º João Gomes GDR Paranhos 120 Pontos
6º José Paiva APM Seixo B 60 Pontos
7º José Teixeira Jericó 20 Pontos
8º Manuel Barbosa GD Monte Aventino 20 Pontos
9º Álvaro Coelho Amigos da Pesca 20 Pontos
10º Vítor Carvalho APM Seixo B 20 Pontos
Class. Nome da Equipa Pontuação
1º Café Contraste 500 Pontos
2º GDR Paranhos 120 Pontos
3º APM Seixo B 80 Pontos
4º GD Monte Aventino 20 Pontos
5º Jericó 20 Pontos
6º Amigos da Pesca 20 Pontos
7º APM Seixo A 0 Pontos
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Ás voltas com a crise
Há bem pouco tempo recebi um e-mail com uma interessante história sobre a crise , a qual nos mostra
muito bem o que as notícias e a economia podem fazer a uma empresa bem sucedida.
“ Um homem vivia à beira de uma estrada e vendia
cachorros-quentes. Não tinha rádio, não tinha
televisão e nem lia jornais, mas produzia e vendia os
melhores cachorros-quentes da região. Preocupava-
-se com a divulgação do seu negócio e colocava
cartazes pela estrada, oferecia o seu produto em voz
alta e o povo comprava e gostava. As vendas foram
aumentando e, cada vez mais ele comprava o melhor
pão e as melhores salsichas.
Foi necessário também adquirir um fogão maior para
atender a grande quantidade de fregueses.
O negócio prosperava... Os seus cachorros-quentes
eram os melhores! Com o dinheiro que ganhou
conseguiu pagar uma boa escola ao filho. O miúdo
cresceu e foi estudar Economia numa das melhores
Faculdades do país. Finalmente, o filho, já formado,
voltou para casa, notou que o pai continuava com a
vida de sempre, vendendo cachorros-quentes feitos
com os melhores ingredientes e gastando dinheiro
em cartazes, e teve uma séria conversa com o pai:
“Pai, não ouve rádio? Não vê televisão? Não lê os jor-
nais? Há uma grande crise no mundo. A situação do
nosso País é crítica. Há que economizar!”
Depois de ouvir as considerações do filho Doutor, o
pai pensou: “Bem, se o meu filho que estudou
Economia na melhor Faculdade, lê jornais, vê televi-
são e internet, e acha isto, então só pode ter razão!”
Com medo da crise, o pai procurou um fornecedor de
pão mais barato (e, é claro, pior). Começou a
comprar salsichas mais baratas (que eram, também,
piores). Para economizar, deixou de mandar fazer
cartazes para colocar na estrada. Abatido pela notícia
da crise já não oferecia o seu produto em voz alta.
Tomadas essas 'providências', as vendas começaram
a cair e foram caindo, caindo , até chegarem a níveis
insuportáveis.. O negócio de cachorros-quentes do
homem, que antes gerava recursos... faliu.
O pai, triste, disse ao filho: “Estavas certo filho, nós
estamos no meio de uma grande crise.”
E comentou com os amigos, orgulhoso: “Bendita a
hora em que pus o meu filho a estudar economia, ele
é que me avisou da crise…”
O texto original foi publicado em 24 de Fevereiro de
1958 num anúncio da Quaker State Metals Co.
Esta história, sendo real ou não, mostra-nos aquilo muita da realidade que nos vemos hoje em dia.
Todos os dias somos bombardeados com novos des-pedimentos, notícias sobre a crise financeira, sobre
as perdas da bolsa, de reuniões e mais reuniões de políticos e economistas, de propostas e mais propos-
tas para que possamos sair da crise e… tudo continua na mesma ou pior...
Olhando para o exemplo desta história, o vendedor apostava na qualidade do seu produto (cachorros-
quentes), na divulgação do mesmo, e a sua empresa prosperava, até que um economista lhe disse que havia uma crise e que era necessário economizar e
ele assim começou a fazer e a empresa faliu. Tudo isto faz-me lembrar uma outra situação, verídi-
ca, de uma empresa que contratou um economista e a quem o patrão solicitou que fizesse um relatório do
estado da empresa. Dias depois , o economista infor-ma o patrão que para a empresa ser viável teria de
despedir metade dos funcionários e a empresa teria ainda de produzir mais do que aquilo que estava a
produzir. O patrão, que conhecia todos os funcionário pelo nome, que era o primeiro a entrar na empresa e
o último a sair e que sabia o que era trabalhar e que todos produziam o máximo que podiam espantou-se
com tal proposta e questionou o economista como tal seria possível. Depois de uma explicação bem cientí-fica por parte do economista , o patrão decidiu seguir
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o conselho do mesmo e ele foi o primeiro a ser despe-
dido. Estes são 2 exemplos que nos mostram que nem
sempre aqueles que deveriam entender sobre as questões da economia parece que nada sabem. Um país onde impere o receio do dia de amanhã, onde
aqueles que detêm o capital e não o investem porque podem perdê-lo não melhora.
É necessário o investimento, seja ele público ou priva-do. Investimentos que criem postos de trabalho,
porque postos de trabalho dão rendimentos a quem trabalha, logo pagam (ou deverão pagar) impostos…
diz o povo que dinheiro atrai dinheiro, e isso torna-se realidade, pois este ciclo “vicioso” é isso mesmo: um
círculo, tudo gira à volta, e habitualmente quem investe, daí tira rendimento.
Dir-me-á o leitor que tudo isto é muito bonito e muito belo, mas que a realidade é bem diferente: concordo,
não há como negar! Embora ainda seja jovem, lembro-me bem que há anos atrás um empresário preocupava-se com os seus
empregados, em muitos casos eram pessoas que eram vizinhas, até alguns amigos ou simples conheci-
dos. O empresário até poderia pagar salários baixos, mas sabiam, quando era possível, reconhecer o traba-
lho de todos com alguma dádiva. Todos entravam de manhã diziam “Bom Dia”, e não saiam do trabalho
sem dizer um até amanhã. Todos se sentiam em famí-lia, todos remavam para o mesmo lado do barco.
Nos dias de hoje muitos empregados são, e embora o termo que vou utilizar seja muito forte, são autênticos
“mercenários “, pois aquilo que lhes interessa é ape-nas que o dia, a semana e o mês passe bem depressa
para poder receber. Seria pensável há 20 ou 30 anos atrás que a certificação de qualidade era necessária para certificar uma boa empresa? Talvez não. E por-
quê? Porque todos faziam o seu melhor. Era importan-te para todos que o que era feito fosse bem feito.
Muito disso se perdeu com os anos. É necessário produzir cada vez mais, e não interessa como.
Por outro lado, nenhum Estado pode investir ou tentar melhorar a economia quando são cada vez mais aque-
les que o único rendimento que recebem é o das aju-das estatais. Não é fácil para nenhum Governo que vê
o número de desempregados a aumentar e cada vez são necessário mais milhões para lhes pagar o respec-
tivo subsídio de desemprego. Ainda pior quando mui-tos dos que beneficiam dos subsídios estatais conti-
nuam a trabalhar não pagando os respectivos impos-tos desse rendimento. E porque não fazem os descon-
tos que deviam? Porque continuam a beneficiar das prestações sociais, dos benefícios que daí advêm, e assim em vez de apenas um rendimento, têm dois.
Este “chico-espertismo” que cada vez mais aumenta no nosso país, especialmente nas classes mais baixas,
onde nada se teme e tudo por onde se pode fugir aos impostos se foge, vem do exemplo dos grandes
senhores do dinheiro e do poder. O que aconteceu ou irá acontecer aos senhores do BPN que acabaram por
lesar todos os portugueses? O que acontece aos grandes investidores que têm contas chorudas nos
off-shores? Ou aos administradores públicos que con-tinuam a lesar o Estado em concursos públicos, em
parcerias publico-privadas, em adjudicações directas? Simplesmente , não acontece nada! E o Zé povinho
logo pensa: “se eles lesam o Estado em milhões, por-que é que eu não posso fazer o mesmo?” É necessária uma grande mudança, uma mudança
sobretudo de mentalidades. É necessário recuar ao tempo em que todos nos conhecíamos, em que todos
os moradores da mesma rua se cumprimentavam, onde todos se entre-ajudavam e onde todos fazíamos
a nossa parte. Se cada um de nós começar a olhar apenas para o seu
umbigo, se não pensarmos também naquele que está ao nosso lado, não conseguiremos sobreviver a esta
crise. Esta é a crise dos economistas, dos políticos, do desânimo e, sobretudo das más notícias.
Pedro Ribeiro
FICHA TÉNICA
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Boletim informativo da Associação Popular de Moradores do Seixo
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300 exemplares
periodicidadeperiodicidade
trimestral
apoioapoio
Junta de Freguesia de S. Mamede Infesta
Recortes da História
Desta vez, e pesquisando os jornais anteriores, foi
escolhido um artigo do Jornal de Janeiro de 1981,
escrito pelo então Presidente da Direcção, Albano
Ribeiro.
Ainda que tenham passado 30 anos, os tempos são
outros mas as dificuldades mantêm-se...
RETRATO...
“Não se trata de publicidade a nenhum analgésico,
mas sim o retrato fiel de muitas famílias pobres
que ao dia 20 de cada mês, o que mais se lhes
encontra nos bolsos é cotão e para as quais os dias
até ao final do mês parecem ter 48 horas!
De 1 a 5 a vida é um mar de rosas; de 5 a 10
grande parte do bolo vai para as mãos do senho-
rio; até ao dia 15 ainda vai dando para alguma
coisa; de 16 a 20 é altura de se fazerem contas e
pensar que perderam o dinheiro. Depois do dia 20
aparecem os problemas em casa, as discussões
com os amigos e os vales á caixa.
Dez dias mensais que são um inferno. Resta a
alegria dos primeiros cinco dias do mês, em que o
ordenado ainda não voou para as mãos do mer-
ceeiro, do senhorio, da farmácia, da prestação
disto e daquilo, enfim, um rosário infindável de
números, para os quais os algarismos das notas
são um escasso conforto.
Uma vida á portuguesa. Melhor uma vida de quem
ganha hoje para comer amanhã.
Acrescentando a tudo isto, que estão e continuarão
a surgir, enquanto que os salários dos trabalhado-
res, muitos dos quais continuam a ser salários de
miséria, em nada compatíveis com os preços de
compra.
Para quando a correspondência entre os salários,
por um lado , e os preços de compra, transportes,
etc, por outro?
Quando será que as muitas promessas feitas
passarão a beneficiar os trabalhadores pobres
deste pais?
Promessas têm havido muitas, desilusões muitas
mais. Por tudo isto, caberá aos trabalhadores
pobres sem excepção travarem a sua luta, exigir
que essas promessas sejam cumpridas. Caberá a
esses trabalhadores lutar por uma sociedade mais
justa, mais digna, onde não exista tudo para uns e
nada para outros.”
Albano Ribeiro