a vivÊncia das atividades de aventura como … · escolar, no qual tais práticas que se iniciaram...
TRANSCRIPT
A VIVÊNCIA DAS ATIVIDADES DE AVENTURA COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Elizandro Ricardo Cássaro1 Vilmar Malacarne2
João Fernando Christofoletti3
RESUMO: O papel da Educação Física escolar é transcender o senso comum e desmistificar formas enraizadas às diversas práticas e manifestações corporais na escola. Ampliando o conhecimento escolar e cientifico desse aluno que permite a ampliação e compreensão dos saberes produzidos na escola, e que possam contribuir em seu cotidiano. Dar um novo significadono papel do ensino da Educação Física escolarrequer amplas possibilidades de intervenção, para superar a dimensão que visa além da parte motriz e imprimi uma dimensão histórica, cultural e social. Esse estudo iniciou em meados de 2010 com as Atividades de Aventura na Rede Municipal de Ensino de Maringá-PR, sendo realizada na Escola Municipal Odete Ribaroli Gomes de Castro e Escola Municipal Dr. Osvaldo Cruz ambas do Ensino Fundamental. O objetivo principal é o desenvolvimento desses conteúdos nas aulas de Educação Física escolar que envolve as modalidades slackline, skate, escalada esportiva e rapel. Verificamos que através desse conteúdo os alunos demonstraram grande interesse nessa prática de manifestação corporal oportunizando como opção de lazer. A contribuição desse conteúdo, salientou a ampliação do conhecimento por parte dos alunos no conteúdo sobre esporte, natureza,educação ambiental, lazer que proporcionaram a divulgação desse conteúdo além da escola ecorroborando à Educação Social.
Palavras-Chave:.Educação Física Escolar. Atividades de Aventura. Lazer. Processo Educativo. Educação Social.
1 Especialista em Educação Física na Educação Básica pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Aluno do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Professor da Rede Municipal de Ensino de Maringá. [email protected] 2 Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Educação e Programa de Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). [email protected] 3 Doutor em Educação pela Universidade de Londres. Docente do curso de graduação em Educação Física da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). [email protected]
INTRODUÇÃO
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) apontam para a necessidade de
se ampliar e enriquecer o conteúdo das aulas de Educação Física, possibilitando que aos
alunos conheçam as variadas manifestações da cultura corporal (BASIL,1997, p.19).
Nesse sentido, seria função do professor de Educação Física colaborar tanto para
introduzir os alunos nas práticas corporais mais comuns (ou conhecidas) de seu
ambiente cultural (que no nosso caso envolve, principalmente, alguns esportes coletivos
como futebol, basquete, vôlei e handebol) como também apresentar aquelas que lhes
seriam menos conhecidas, por não fazerem parte de seu domínio cultural.
Além disso, tais componentes diferenciados ou alternativos da cultura corporal
poderiam ser bastante significativas ao serem introduzidos como parte da experiência
pedagógica do aluno, na medida em que podem tanto ser atraentes para eles (em parte
em função da novidade, mas também devido à sua própria dinâmica) como também se
constituir numa opção interessante de possível prática de lazer a ser vivida fora do
ambiente escolar.
Dito de outro modo, não se trata de se desconsiderar o que usualmente é
mencionado como componente da cultura corporal, isto é, as modalidades esportivas, os
jogos e brincadeiras, as ginásticas, danças elutas. Nem tão pouco trata de desfocar de
objetivos clássicos dessa disciplina escolar, como os que envolvem a psicomotricidade,
odesenvolvimento das capacidades e habilidades motoras,a ampliação do repertório
motor e cultural do aluno ou, ainda, uma educação centrada na promoção da saúde e do
lazer. Pelo contrário, trata-se de ressignificarmose ampliarmos a prática do professor e a
experiência do aluno. Mas para que isso se efetive, faz-se necessário que o professor,
além de seguir o currículo escolar vigente, possibiliteque seus alunos possam vivenciar
uma diversidade de conteúdos e situações que lhes sejam enriquecedoras e que,
eventualmente, possam ser desenvolvidas em seu cotidiano.
Tendo isso em vista, esse artigo traz o relato das experiências educativas
promovidas por um professor de Educação Física, nas turmas do 4º ano e 5º anodo
Ensino Fundamental do município de Maringá-Paraná, a partir (ou por meio)do
desenvolvimento (ou execução) de alguns tipos atividades alternativas que aqui
denominaremos por atividades de aventura. Mais precisamente, trabalhamos
comslackline, skate, escalada esportiva e rapel.
Tomamos o cuidado de enfatizar a expressão “atividade de aventura” devido ao
fato de não ser consensual uma terminologia específica na literatura pertinente, como
fica bastante claro na exposição feita Dias (2007). Esse autor, a partir de um
levantamento, nos explica que diferentes autores se utilizam de diferentes expressões ou
termos para nomear tais práticas e que a nomenclatura varia em função da ênfase que
cada autor coloca em um ou mais aspectos que compõem ou participam de tais
atividades, como por exemplo o tipo de ambiente em que sãorealizadas, as sensações
que promovem, o uso social de certos vocábulos e assim por diante.Aliás, há que se
destacar a forte associação que as atividades de aventura possuem com aquelas
realizadas em ambientes naturais, as quais costumam ser adjetivadas com o termo
“natureza”. Isso fica bem evidenciado ao se considerar alguns trabalhos produzidos
principalmente nas décadas de 1990 e 2000; período esse em que esse tema parece ter
tido grande apelo na academia, tanto na área da Educação Física como em outras em
que tais práticas estariam de algum modo relacionadas (como Turismo, Ecologia, etc.).
Por exemplo, apenas a título de ilustração, poderíamos citar Betran (1995)
Uvinha (1997, 2001), Brunhs (1997), Schwartz (1999), Marinho (1999), Pimentel
(2006) e Dias (2007), sendo que cada um desses autores usa uma terminologia própria,
como: Atividades de Aventura, Esporte Radicais, Esporte na Natureza, Esporte de
Aventura, Atividades de Aventura na Natureza e Atividades Físicas de Aventura na
Natureza. Em vista disso, nos limitamos ao uso da expressão já mencionada em função
de ser, talvez, a mais usual. No entanto, embora estejamos atentos às questões referentes
à terminologia, não nos debruçaremos sobre isso, visto não se tratar do objeto central de
nossa reflexão.
As atividades aqui descritas foram realizadas com as turmasdo 4º ano e 5º ano
do Ensino Fundamental do município de Maringá-Paraná no período de 2010 à 2012, e
posteriormente em 2014. Embora nos limitemos a esse relato, a experiência de trabalhar
com elas como uma proposta de conteúdo curricular na disciplina de Educação Física
escolar, no qual tais práticas que se iniciaram em 2010 que veem percorrendo ao longo
da minha pratica pedagógica com, uma maior desenvolvimento pedagógico e
aplicabilidade na escola, percorrendodesde as Atividades de Aventura especificamente
as modalidades slackline, skate, escalada esportiva e rapel, e abordamos questões sobre
esporte, lazer, educação ambientalque através dessas práticas corporais de aventura
possam possibilitar uma maior reflexão e atuação desse aluno fora do espaço escolar.
Segundo Darido (2004), os professores de Educação Física é devem atuar
conscientemente em suas aulas sobre temas afetos à saúde e ao bem-estar, de modo a
conscientizaros alunos sobre a relevância da prática regular de atividade física para a
conquista de uma melhor qualidade de vida. Assim, instrumentalizar o aluno para que
ele possa se dedicar e envolver com atividades físicas como algo prazeroso e não por
uma exigência ou obrigação passa a ser uma meta importante para o professor de
Educação.
Aliás, é justamente esse o ponto discutido por Fraga (2006)4, ao argumentar que
a atividade significativa e prazerosa é provavelmente o que permite um real, contínuo e
duradouro envolvimento da pessoa com alguma prática corporal de modo a ter efeitos
positivos na vida das pessoas.
Nesse sentido, parece-nos relevante que uma atividade qualquer implique em
prazer para o aluno e acreditamos que as atividades de aventura possam colaborar para
isso de duas maneiras principais. Primeiro, em função das sensações associadas ao risco
(ainda que controlado) a certo grau de medo, euforia ou a um tipo de êxtase que é
provocado ou estimulado pela vivência de tais prática. Em segundo lugar, em função
delas poderem ser englobadas (ou incorporadas) como uma prática ou opção do próprio
lazer da criança ou do adolescente.
Em relação ao primeiro aspecto citado, é relevante trazermos as ideias deRoger
Caillois5 (1994)a respeito de sua classificação de tipos de jogos. Esse autor propõe
quatro grandes categorias fundamentais, sendo elas: “Agôn”, que se relaciona às
competições que possuem igualdade de condições e cuja vitória depende
exclusivamente das capacidades e habilidades de cada participante; “Alca”, que envolve
os jogos de azar, nos quais impera a sorte; “Mimicry”, que diz respeito àqueles jogos
em que o “faz de conta” predomina, uma vez que todo jogo envolve a aceitação
temporária da ilusão; e, por fim, o que mais interessa aqui, o “Ilinx”, que está
justamente associado a essa sensação vertiginosa de êxtase, que é o que encontramos
nas práticas de aventura. Nas palavras de Caillois (1996, p. 58):
Un último tipo de juegos reúne a los que se basan en buscar el vértigo, y consisten en un intento de destruir por un instante la estabilidad de la percepción y de infringir a la conciencia lúcida una especie de pánico voluptuoso. En cualquier caso, se trata de alcanzar una especie de espasmo,
4 FRAGA, Alex Branco. Promoção da vida ativa: nova ordem físico-sanitária na educação dos corpos contemporâneos. In. BAGRICHEVSKY, Marcos; PALMA, Alexandre; ESTEVÃO, Adriana; DA ROS, Marco. A saúde em debate na educação física, vol. 02. Blumenau: Nova Letra, 2006, pp. 105-118. 5CAILLOIS, Roger. Los juegos y loshombres:la máscara y elvértigo. México: Fondo de Cultura Económica, 1994.
de trance o de aturdimiento que provoca la aniquilación de la realidad con una brusquedad soberana.
É claro que, como toda classificação, essa também não é precisa, podendo um
mesmo jogo constar em mais de uma classe ao mesmo tempo.Entretanto, o que nos é
relevante é que ao considerarmos as atividades de aventura como um modo de jogo,
uma vez que elas são livremente acolhidas por quem as faz, deixando-se envolver
completamente em seu mundo, numa dimensão lúdica que ocorre em um tempo e
espaço definidos, sem interesse outro que não seja a sua própria execução, ou seja, uma
vez que possui todas os elementos do jogo, torna-se possível uma melhor compreensão
desse fenômeno corporal de nossa sociedade atual, de nossa cultura.
A classificação que Caillois apresenta nos permite compreender um pouco mais
as atividades de aventura a partir de seu aspecto de risco controlado (de sua dimensão
própria de aventura!) ao considerá-las como meios que possibilitem sensações de
instabilidade e vertigem. Certamente existem
diversos níveis em que a vertigem, o estonteamento de que Caillois nos fala, fazem-se
presentes. Muitos dos chamados “esportes radicais”– sejam urbanos ou de natureza –
proporcionam essas sensações de diversas formas e gradações; a sensação de uma
escalada não será a mesma do “bungee-jump”, que não serão as mesmas de manobras
num skate. Além disso, tais sensações podem estar envolvidas ainda ao próprio aspecto
de novidade que possuem, à instabilidade com a qual o corpo tem que lidar e, ainda,
porque não às próprias características das crianças e adolescentes que estão em uma fase
de experimentação em relação ao mundo a si próprios.
Essa dimensão, aliás, já traz em si o segundo aspecto que nos parece relevante
nesse na fundamentação desse relato que é sua dimensão lúdica e sua potencial inserção
como conteúdo do lazer, o qual, necessariamente, envolve o tempo que o aluno
desfrutar fora da escola.O lazer, aqui, é considerado segundo a clássica definição de
Dumazedier, que nos foi difundida por Marcellino6 (2000, p. 25), isto é, como:
um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
Além disso, é relevante destacar o valor inerente à vivência de práticas no lazer 6MARCELLINO, Nelson C. Lazer e humanização. 4. ed. Campinas: Papirus, 2000.
não reside apenas no tipo de atividade realizada – isto é, “o que” se faz – mas também
na forma que elas são desenvolvidas – qual é o tipo de envolvimento a pessoa
estabelece com a prática. É preciso que o lazer seja vivenciado intensamente e isso
implica que a vivência tenha como característica central a vivência ou, melhor, a
presença do lúdico (cujo conceito e significação não é, por si só, de fácil delimitação).
Marcellino7 (1995) chega a comparar a busca por uma conceituação do lúdico,
com o participar em um “jogo de palavras”, tal a dificuldade de precisão dos termos a
ele relacionadas. Assim como Marcelino (1995), procuro entendê-lo a partir de sua
manifestação no jogo, na festa, no brincar etc., momentos privilegiados para que o
lúdico se faça presente, o que não quer dizer que ele inexista - ou melhor, que não
poderia existir, uma vez que está quase sempre ausente - em outras esferas da vida
humana, tais como o trabalho, um culto religioso, a escola... O que há, na verdade, são
condições mais ou menos favoráveis para uma atitude lúdica do homem, as quais são
determinadas por nossa estrutura sociocultural. Aliás, acredito que todos os momentos,
todos os lugares e atividades poderiam –e deveriam –possibilitar a manifestação
lúdica. O problema éque ele é usualmente negado em nossa sociedade, em nome da
funcionalidade, da utilidade, da seriedade, isto é, do controle voltado à produtividade.
Nesse sentido, chega a ser curioso (ou interessante) que o lúdico, em muitos momentos
parece estar em oposição à noção de ordem e controle, o que, por sua vez, é o contrário
do que as atividades de aventura proporcionam. Por esse olhar, dá para se dizer que, em
certo sentido, as atividades de aventura são essencialmente manifestações do lúdico.
Por fim, o lazer é ainda uma importante oportunidade de desenvolvimento social
e pessoal, o que é marcado pelo que Marcellino (2002) aponta como duplo aspecto
educativo do lazer. Mais precisamente, o lazer é tanto meio de promover a experiência
educativa como objeto de uma experiência pedagógica. Em outras palavras, tanto se
pode utilizar de uma experiência lúdica para se aprender algo (no caso em questão, o
próprio saber que envolve as atividades de aventura trabalhadas no relato a seguir),
como o próprio lazer pode ser aprendido. Nesse outro viés, o próprio aprendizado das
atividades de aventura pode colaborar para enriquecer a ocupação do tempo livre das
crianças e adolescentes quanto melhor propiciar a vivência da prática em si.
Desse modo, espera-se que ao relatarmos as experiências pedagógicas com as
atividades de aventura, possamos enfatizar e demonstrar sua importância para os alunos,
seja como um conteúdo a ser apreendido, seja um meio a se apreender sobre nossa 7 MARCELLINO, Nelson C. Pedagogia da animação.Campinas : Papirus, 1995.
cultura corporal.
Compreendemos que as mudanças na área da educação são lentas, pois muitas
são as resistências e barreiras enfrentadas pelos que se aventuramàs mudanças, na esfera
escolar. Isso se dá devido a própria insegurança que o novo possui. Aliás, isso,
ironicamente, caracteriza duplamente a atividade. Pois ela trata de algo novo e, portanto,
está associada ao inesperado. Isso, contudo, é o que caracteriza a própria noção de
aventura, o inesperado, o imprevisto.Os professores, na escola, enfrentamrecusas que,
normalmente, referem-se à falta de conhecimento científico ou mesmo prático por parte
das pessoas envolvidas com a dinâmica escolar.
DESENVOLVIMENTO
A prefeitura do município de Maringá-Paraná (2017), por meio da Secretaria de
Educação (SEDUC), abrange a rede ensino 51 escolas municipais de Ensino
Fundamental, no quais este estudo sobre a Atividade de Aventura na modalidade
slackline, skate, escalada esportivae rapel ocorreu nas Escola Municipal Odete Ribaroli
Gomes de Castroe Escola Municipal Dr. Osvaldo Cruz ambas noEnsino Fundamental,
com os alunos que correspondem o ciclo do 4º ano e 5º ano no período da manhã,
totalizando cerca 120 alunos divididos em 4 turmas com faixa etária de 9 a 12 anos de
idade.
A realização da construção de portfólios ao desenvolver os conteúdos de
Atividades de Aventura nas modalidades de slackline, skate, escalada esportiva e rapelo
professor utilizou o recurso em sua oralidade, o quadro negro com realização de
desenhos e escrita sobre o conceitos, definições, história da modalidade, regras da
modalidade, técnicas especificas de cada modalidade, medidas de segurança de cada
modalidade, além de um planejamento sobre exercícios pedagógicos e circuito
pedagógico que visam a parte motriz do conhecimento de cada esporte. Posteriormente
o professor utilizou os equipamentos de multimídia (Datashow, Projetores), na
elaboração de slides e fotos, Vídeos da Internet, Canal de Youtube na explanação do
conteúdo de aventura, trouxeram um salto significativo na produção e realização por
parte dos alunos nas seguintes modalidades esportivas, além de trabalhos e pesquisa
escolar referente a essa temática.
Os conteúdos são os meios pelos quais o aluno deve analisar e abordar a
realidade de forma que, com isso, possa ser construída uma rede de significados em
torno do que se aprende na escola e do que se vive. Desse modo, junto com
considerações importantes, como a relevância social do conteúdo, é apontada a
preocupação em se trabalhar com os conteúdos escolares nas três dimensões: atitudinal,
conceitual e procedimental (BRASIL, 1998).
Ao abordar a Atividade de Aventura na modalidade slacklineno contexto escolar
baseamos nossos estudos nos conceitos de Darido (2005) e dos PCNs (BRASIL, 1998)
sobre as três dimensões do conteúdo: Conceitual, Procedimental e Atitudinal.
Segundo Darido (2005) podemos descrever que a dimensão conceitual aponta
que o aluno deve saber os fatos, conceitos e princípios que norteiam a prática da
modalidade em si.
Na dimensão procedimental o alunodeve saber fazer, em sua contextualização
das práticas, das teorias, dos fatos, conceitos e princípios, a ação motora para que possa
atingir o pleno desenvolvimento desse aluno e consequentemente o pleno
desenvolvimento do conteúdo.
Já a dimensão atitudinalrefere-se ao que o aluno deve ser de acordo com o
conteúdo aplicado. Nessa dimensão o que o aluno aprendeu e assimilou, seja em
normas, valores e atitudes, é que contribui em seu crescimento fora do ambiente
educacional, sendo um fato importante para pratica social em seu cotidiano.
Deve-se levar em conta que esse esporte sendo conteúdo da Educação Física
escolar podem ser contempladas nas atividades de lazer que pode ser altamente
educativo, e também como e de que forma são desenvolvidas essas atividades com
intuito pedagógico, uma vez que o componente lúdico e o fator importante para o
desenvolvimento da educação pelo e para o lazer.
No entanto através dessas características podemos dizer que o skate é um lazer
recreativo, pois sua maior proporção e a própria realização das diversas manobras, que
pode estar relacionado a cada individuo, pois já diferente de uma pessoa saber praticar
um futebol sabendo dos fundamentos do esporte e obtém das regras afirma Camargo
(2003,p.17-18).
Foto I: Escola Municipal Odete Riabroli Gomes de Castro em 2010
Fonte: Autores Foto II: Escola Municipal Odete Ribaroli Gomes de Castro em 2014
Fonte: Autores
As Atividades de Aventura nasmodalidades slackline, skate, escalada esportiva e
rapel os alunos realizaram os portfólios seguindo a especificidade de cada esporte,
percorrendo desde os conceitos, definições, história da modalidade, regras da
modalidade, técnicas especificas de cada modalidade, medidas de segurança de cada
modalidade, educação ambientale além de um planejamento sobre exercícios
pedagógicos e circuito pedagógico que visam a parte motriz do conhecimento de cada
esporte nos aspectos que envolvem o equilíbrio, postura, força, tônus muscular,
flexibilidade, respiração, elasticidade e concentração com intuito de abordar o além do
conceito sobre habilidades motoras, competências motoras, competências físicas a
vivência em cada modalidade.
Foto III: Museu Dinâmico Interdisciplinar na UEM (Universidade Estadual de Maringá-PR)
Escola Municipal Dr. Osvaldo Cruz em 2011 Fonte: Autores
Foto IV: Museu Dinâmico Interdisciplinar na UEM (Universidade Estadual de Maringá-PR)
Escola Municipal Dr. Osvaldo Cruz em 2012 Fonte: Autores
Nesta atividade vivenciamos a modalidade skatee abordamos os eixos esporte,
corpo e natureza, e posteriormente debates sobre a pratica dessa modalidade na escola e
por grupo de meninas. Sendo que esses espaços apresentam mais visível na cidade sua
pratica do cotidiano dos alunos.
Já na atividade de rapel, serviu para que os alunos percebessem que os
equipamentos de segurança nessa pratica é de suma importância que seja de material
esportivo, pois as chamadas “material alternativos” ou “adaptações do material” possa
apresenta “risco” que torna eminente a pratica esportiva, pois segundo Pimentel (2006)
a Atividades de Aventura é perceptível um risco calculável e mensurado pelos seus
praticantes.
Foto V: Escola Municipal Odete Riabroli Gomes
Fonte: Autores Foto VI: Escola Municipal Odete Riabroli Gomes de Castro em 2010
Fonte: Autores
A escalada esportiva demostrou um maior interesse, na observação dos alunos
disseram desconhecer de lugares, e apenas citaram essa pratica em filmes, canais
esportivos de Tv, programas esportivos na Tv, sendo pouco divulgado e praticado, no
qual os equipamentos são muitos específicos nessa modalidade.
Foto VII: Museu Dinâmico Interdisciplinar na UEM (Universidade Estadual de Maringá-PR)
Escola Municipal Dr. Osvaldo Cruz em 2011 Fonte: Autores
Foto VIII: Museu Dinâmico Interdisciplinar na UEM (Universidade Estadual de Maringá-PR)
Escola Municipal Dr. Osvaldo Cruz em 2012 Fonte: Autores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final desse estudo, identificamos que as vivencias nas Atividades de
Aventura possam ser contempladas na proposta curricular da Rede municipal de
Maringá-Paraná, pois os alunos demonstrarammuito interesse na sua pratica esportiva,
que possibilitam uma maior diversidade de modalidades esportivas na escola e fora
dela, tornando uma opção riquíssima de lazer em seu cotidiano.
Percebemos que os alunos compreenderame conheceram melhor o conceito das
Atividades de Aventura e suas modalidades, tanto como atividade de lazer, como
conteúdo pedagógico, em que seu caráter de novidade, dinâmica, emoção podem ser a
chave para uma maior ou melhor envolvimento do aluno com a disciplina de Educação
Física escolar, com a própria escola e processo educativo continuo.
A partir dos conteúdos de Atividades de Aventura na Educação Física escolar os
alunos relataram que a questão de esporte, lazer, corpo, movimento, natureza e
educação ambiental trouxeram uma maior percepção do universo de esporte e que
podem ser praticado nos espaços de lazer da cidade, principalmente as
modalidadesslackline e skate, pois os equipamentos são mais acessíveis e espaços para
sua pratica em relação a escalada esportiva e rapel.
As realizações dos portfólios na aplicação dos conteúdos de Atividades de
Aventura demonstraram um valioso instrumento pedagógico,pois abordou de forma
simples e objetiva as questões teóricas do conteúdo de aventuranas modalidades
slackline, skate, escalada esportiva e rapel. Esse processo pedagógico que refere ao
conhecimento de diferentes estilos de modalidades, a história, as regras, as normas de
segurança, identificar as variações de estilos, as habilidades motoras e capacidades
físicas utilizadas em cada Atividades de Aventura, foram importantes, porém a questão
dos aspectos da vivencia teve maior relevância por parte dos alunos nos aspectos que
envolvem a concentração na pratica, o companheirismo, educação ambiental, a
preservação e aproximação com natureza.
A partir desse estudo esperamos proporcionar novos olhares e discussão no
campo da educação física escolar em relação a Atividades de Aventura como opção de
lazer com objetivo de ampliar, democratizar e humanizar as modalidades de aventura na
escola e fora dela oportunizando novos espaços de lazer associando a natureza.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BETRÁN, Javier Oliveira. “LasActividades Físicas de Aventura enlaNaturaleza: análisis sociocultural”. In: Apunts. Educación Física y Deportes. Barcelona, n. 41, 1995, p. 5-8. BRUNHS, Heloísa Turini. O corpo visitando a natureza: possibilidades de um diálogo crítico. In:_______; TOLEDO, Célia Maria de (org). Viagens à natureza: turismo, lazer e natureza. Campinas, SP: Papirus, 1997. ________. Lazer e meio ambiente: corpos buscando o verde e a natureza. Revista Brasileira de Ciências do Esporte 18 (2), Janeiro/1997. CAILLOIS, Roger. Los juegos y loshombres: la máscara y elvértigo. México: Fondo de Cultura Económica, 1994. CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. O que é lazer? São Paulo: Brasiliense, 2003. ______, Lazer: concepções e significados. In LICERE: Revista do centro de estudos de lazer e recreação/EEF/UFMG. Belo Horizonte: Celar, v1, no.1, 1998, p. 28-36. BRACHT, Valter. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. 3ª ed. – Ijuí: Editora Unijuí, 2005.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 20 out. 2015. ______.Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental: Educação Física. Brasília, DF, 1998.Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf>. Acesso em: 20 out. 2015. ______.Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental : Temas transversais. Brasília, DF, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransversais.pdf>. Acesso em: 20 out. 2015. DARIDO, Suraya Cristina; RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. DARIDO, Suraya Cristina; RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. DIAS, Cleber Augusto Gonçalves. Notas e Definições sobre esporte, lazer e natureza. Licere, Belo Horizonte, v. 10, n. 3, dez, 2007. FRAGA, Alex Branco. Promoção da vida ativa: nova ordem físico-sanitária na educação dos corpos contemporâneos. In. BAGRICHEVSKY, Marcos; PALMA, Alexandre; ESTEVÃO, Adriana; DA ROS, Marco. A saúde em debate na educação física, vol. 02. Blumenau: Nova Letra, 2006, pp. 105-118. MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da animação. Campinas : Papirus, 1995. ______Lazer e humanizaçao. 4ª. ed. Campinas: Papirus, 2000. PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis. Risco, corpo e socialidade no vôo livre, 2006. 172f. Tese de Doutorado em Educação Física - Faculdade de Educação Física da UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2006 ________. Esportes na Natureza: Fragmentos Contraditórios de um Objeto em Construção. In: V Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura, 2010ª, São Bernardo do Campo - SP. A inclusão pela aventura, 2010, p. 105-119. PREFEITURA DO MUNICIPIO DE MARINGÁ. Base de dados. Disponível em: http://www2.maringa.pr.gov.br/educacao/> Acesso em: 5 junho. 2017. SCHWARTZ, Gisele Maria; SILVA, Renata Laudares. Lazer, Turismo, Ecologia: contribuições para uma nova atitude. Anais... 11º Encontro Nacional de Recreação e Lazer. Foz do Iguaçu, 1999, p. 418-22. SCHWARTZ, Gisele Maria, MARINHO, Alcyane. Atividades de aventura como conteúdo da educação física: reflexões sobre seu valor educativo. LecturasEducación Física y Deportes, Buenos Aires, n. 88, 2005. SCHWARTZ, Gisele Maria. A aventura no âmbito do lazer: as afan em foco. In: (org). Aventuras na natureza: consolidando significados. Jundiaí: Fontoura, 2006. UVINHA, Ricardo Ricci. Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo, Manole, 2001.