A vida de uma romancista…

MATILDE ROSA ARAÚJO

Matilde Rosa Araújo nasceu em Lisboa

em 1921. Licenciou-se em Filologia Românica

pela Faculdade de Letras da Universidade

Clássica de Lisboa. Foi professora do Ensino

Técnico Profissional em Lisboa e em outras

cidades do País, bem como, foi professora do

primeiro Curso de Literatura para a Infância, que

teve lugar na Escola do Magistério Primário de

Lisboa.

Autora de livros, de contos e poesia para o mundo

adulto e infantil.

É autora de alguns volumes sobre a importância da

infância na criação literária para adultos, a importância da

Literatura Infanto-Juvenil na formação da criança e a educação

do sentimento poético como mais-valia pedagógica.

MATILDE ROSA ARAÚJO

A sua temática centra-se em torno de três

grandes eixos de orientação:

a infância dourada

a infância agredida

a infância como projecto.

O facto de ter estudado em casa, com professores particulares, até à ida para a universidade, fê-la ter uma educação pouco comum à generalidade das nossas crianças?

Nessa altura ficava muito ansiosa por ver as outras crianças irem para a escola. Tinha muita sede de comunicação, tanta como agora tenho; e de solidão, mas não daquela solidão egoísta. Como hoje, também.

No seu livro Segredos e Brinquedos (2000) considerava-se uma "professora de meninos, meninos do meu amar". Teve sempre essa ligação fraterna com os seus alunos?

Foram eles que me deram o sangue para viver.

É uma escritora com um "olhar dorido sobre os socialmente desafortunados e simpatia pelos mais fragilizados". Como vê essa sua constante chamada de consciência?

Como um apelo para a justiça. Tenho visto muita infância marginalizada, e não é só marginalidade, mesmo entre os que não têm carências económicas. Há famílias que são pobres do ponto de vista humano da sensibilidade para a vida, já nem digo para a sua poesia... Há o cultivar de um certo egoísmo, eu sei que temos que nos defender, até da vida, mas se por um lado caminhamos para uma consciencialização dos direitos das crianças, para a sua efectivação, por outro lado o homem também se deixa envolver num egoísmo que o empobrece bastante. Mas é verdade que tenho podido contactar com presenças humanas comoventes de um verdadeiro entendimento da Infância e da Juventude.

ENTREVISTA

POR LUÍS SOUTA

IN JORNAL "A PÁGINA" , ANO 11, Nº 114,

JULHO 2002, P. 40.

Grande Prémio de Literatura para

Criança da Fundação Calouste

Gulbenkian ex-áqueo com Ricardo

Alberty, em 1980. Prémio para o melhor livro para a Infância publicado no biénio 1994-1995, pelo livro de poemas Fadas Verdes, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996.

PRÉMIOS

Prémio atribuído pela primeira vez, para o

melhor livro estrangeiro (novela O Palhaço

Verde), pela associação Paulista de Críticos de

Arte de São Paulo, Brasil, em 1991.

História De Uma Flor O Sol Livro (1976)As Crianças.

Os Direitos Da Criança Livros Horizonte (1977)

A Guitarra Da Boneca (1983)

ALGUMAS DAS SUAS OBRAS

O Gato Dourado (1985)

A Infância Lembrada (1986)

O Livro Da Tila (1986)

O Cantar Da Tila (1986)

O Palhaço Verde (1984)

“Deixa contar…

Era uma vez

O senhor Mar

Com uma onda…

Com muita onda…”

Excerto do livro “O

livro da Tila”

… Mas há crianças que nascem imperfeitas

E tudo devemos fazer para que isso não aconteça

Vamos dar a essas crianças um amor maior ainda.

Excerto do livro “ Os Direitos da criança”

“ – Ih! que lindo! – disse o palhaço. –

Parece um campo de flores!

Que importa ter só aquela cama de chita se

para o Palhaço ela era mesmo um campo

de flores?”

Excerto do livro “ O Palhaço verde”

… contada em poucas páginas.

MATILDE ROSA ARAÚJO