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A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI Nº 10.406/02: NOVO CÓDIGO CIVIL SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS Rio de Janeiro Dezembro, 2010.2

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Page 1: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

A VEZ DO MESTRE

A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL

SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS

Rio de Janeiro

Dezembro 20102

SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS

A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DALEI Nordm1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL

Monografia apresentada ao curso de poacutes graduaccedilatildeo

do instituto A Vez do Mestre campus centro II

como requisito parcial para obtenccedilatildeo da poacutes

graduaccedilatildeo em Direito Privado e Civil

Orientador Prof Francis Rajzman

Rio de Janeiro

20102

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CIP ndashBrasil catalogaccedilatildeo-na-fonte

SANTOS Sille Cristina Miranda dos A Adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 (Instituto A Vez do Mestre) Rio de Janeiro AVM 2010 62 p

1 A adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 2 Aspecto Histoacuterico 3 A adoccedilatildeo agrave

eacutegide da nova legislaccedilatildeo civil 4 A adoccedilatildeo internacional 5 Adoccedilatildeo por homossexuais

SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS

A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL

Prof Francis Rajzman ndash Orientador

Instituto A Vez do Mestre

Examinador

Instituto A Vez do Mestre

Examinador

Instituto A Vez do Mestre

A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)

RESUMO

O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO

11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11

12 CONCEITO p 15

13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18

14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23

22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28

221 Requisitos Formais p 28

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31

241 Efeitos Pessoais p 32

242 Efeitos Patrimoniais p 32

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35

27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45

33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

BIBLIOGRAacuteFIA

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2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS

A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DALEI Nordm1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL

Monografia apresentada ao curso de poacutes graduaccedilatildeo

do instituto A Vez do Mestre campus centro II

como requisito parcial para obtenccedilatildeo da poacutes

graduaccedilatildeo em Direito Privado e Civil

Orientador Prof Francis Rajzman

Rio de Janeiro

20102

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CIP ndashBrasil catalogaccedilatildeo-na-fonte

SANTOS Sille Cristina Miranda dos A Adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 (Instituto A Vez do Mestre) Rio de Janeiro AVM 2010 62 p

1 A adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 2 Aspecto Histoacuterico 3 A adoccedilatildeo agrave

eacutegide da nova legislaccedilatildeo civil 4 A adoccedilatildeo internacional 5 Adoccedilatildeo por homossexuais

SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS

A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL

Prof Francis Rajzman ndash Orientador

Instituto A Vez do Mestre

Examinador

Instituto A Vez do Mestre

Examinador

Instituto A Vez do Mestre

A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)

RESUMO

O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO

11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11

12 CONCEITO p 15

13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18

14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23

22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28

221 Requisitos Formais p 28

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31

241 Efeitos Pessoais p 32

242 Efeitos Patrimoniais p 32

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35

27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45

33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CIP ndashBrasil catalogaccedilatildeo-na-fonte

SANTOS Sille Cristina Miranda dos A Adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 (Instituto A Vez do Mestre) Rio de Janeiro AVM 2010 62 p

1 A adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 2 Aspecto Histoacuterico 3 A adoccedilatildeo agrave

eacutegide da nova legislaccedilatildeo civil 4 A adoccedilatildeo internacional 5 Adoccedilatildeo por homossexuais

SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS

A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL

Prof Francis Rajzman ndash Orientador

Instituto A Vez do Mestre

Examinador

Instituto A Vez do Mestre

Examinador

Instituto A Vez do Mestre

A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)

RESUMO

O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO

11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11

12 CONCEITO p 15

13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18

14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23

22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28

221 Requisitos Formais p 28

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31

241 Efeitos Pessoais p 32

242 Efeitos Patrimoniais p 32

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35

27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45

33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL

Prof Francis Rajzman ndash Orientador

Instituto A Vez do Mestre

Examinador

Instituto A Vez do Mestre

Examinador

Instituto A Vez do Mestre

A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)

RESUMO

O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO

11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11

12 CONCEITO p 15

13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18

14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23

22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28

221 Requisitos Formais p 28

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31

241 Efeitos Pessoais p 32

242 Efeitos Patrimoniais p 32

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35

27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45

33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 5: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)

RESUMO

O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO

11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11

12 CONCEITO p 15

13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18

14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23

22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28

221 Requisitos Formais p 28

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31

241 Efeitos Pessoais p 32

242 Efeitos Patrimoniais p 32

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35

27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45

33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 6: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

RESUMO

O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO

11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11

12 CONCEITO p 15

13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18

14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23

22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28

221 Requisitos Formais p 28

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31

241 Efeitos Pessoais p 32

242 Efeitos Patrimoniais p 32

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35

27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45

33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 7: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO

11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11

12 CONCEITO p 15

13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18

14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23

22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28

221 Requisitos Formais p 28

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31

241 Efeitos Pessoais p 32

242 Efeitos Patrimoniais p 32

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35

27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45

33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

BIBLIOGRAacuteFIA

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

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KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

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Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 8: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45

33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 9: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica

A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais

primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si

algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1

Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e

Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na

histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura

brasileira bem como na literatura universal3

Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de

solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus

Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para

que se conceba um filho4

Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas

sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 10: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que

proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5

_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica

A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em

vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute

negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6

Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave

bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do

adotado

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a

manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo

No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de

vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila

judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo

Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade

exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato

de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas

apresentava natureza proacutepria 7

Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a

presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

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Acesso em 16 Abr 2005

______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

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GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

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KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 11: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra

na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas

uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue

_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees

Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs

Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um

estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8

a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado

e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria

Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar

todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho

adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9

A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a

data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes

Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a

1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este

cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive

a adoccedilatildeo a ser irrestrita10

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 12: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo

simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era

concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante

poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11

________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424

E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12

A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo

para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial

Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns

de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos

E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de

nulidade anulabilidade e inexistecircncia13

Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila

miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e

mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14

Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou

curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda

se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado

relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

BIBLIOGRAacuteFIA

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 13: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do

consorte adotado15

E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de

objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e

______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a

inexistecircncia da adoccedilatildeo16

Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do

adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade

4 ndash A adoccedilatildeo Internacional

A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila

e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por

estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos

casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute

possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar

ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja

sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 14: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por

estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o

exterior

Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o

interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a

venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo

ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril

de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo

entre os Estados contratantes19

_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo

Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo

da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a

colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas

das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem

direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia

substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou

a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20

Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES

tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

BIBLIOGRAacuteFIA

ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 15: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto

de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional

das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim

podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a

aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior

7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais

A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de

homossexuais poderem ou natildeo adotar

_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos

homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da

formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade

De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se

estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos

homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela

sociedade e pelo Estado21

Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por

homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser

visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado

De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito

positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

BIBLIOGRAacuteFIA

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 16: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem

em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais

O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a

violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal

quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual

Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser

adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe

um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual

____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005

daqueles que lhe acolhem22

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com

grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que

tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o

inteacuterprete inovar23

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na

aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem

comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 17: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do

Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave

adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do

adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente

iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando

devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25

____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar26

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem27

Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito

___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8

BIBLIOGRAacuteFIA

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 18: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

BIBLIOGRAacuteFIA

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 19: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 20: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO

12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS

Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado

por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico

No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo

constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual

transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1

No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus

sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de

direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2

E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade

encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto

esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a

necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as

concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3

Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis

de Manu4

__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 21: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10

ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres

natildeo cessemrdquo5

As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um

homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades

apreciadas num filho6

Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha

notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas

de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem

toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7

Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do

instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado

por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester

como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8

Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9

De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se

dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia

conduzido ao taacutelamo do marido10

__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 22: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho

que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que

tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a

adrogatio11

A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para

quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito

puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12

Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia

prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida

como Ampasis13

O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com

reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia

legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o

reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14

Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o

mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes

Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees

orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15

Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em

lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16

_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 23: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano

sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na

Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico

Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617

Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa

sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista

a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18

O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19

a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos

e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios

b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando

irrevogaacutevel

c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela

d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores

Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees

Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta

substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em

1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620

_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 24: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma

especiacutefica

Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como

objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou

o filho adulterino21

Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso

ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a

vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de

191622

12 CONCEITO

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de

solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute

que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares

Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e

clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas

pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23

Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil

portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato

juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei

__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 25: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo

legiacutetima24

A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo

familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25

Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o

status idecircntico ao do filho legiacutetimo

Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas

Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como

ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26

Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio

que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro

lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e

material do adotado27

Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo

de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28

Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente

do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do

laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29

_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 26: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que

procura imitar a filiaccedilatildeo natural30

Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua

famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31

Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe

outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco

cosanguiacuteneo ou afim32

Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas

pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma

relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33

Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco

civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para

as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34

Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa

na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35

E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos

particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra

relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36

__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 27: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos

verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por

sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e

de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo

formado apenas no sangue

Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram

as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural

13 NATUREZA JURIacuteDICA

A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns

doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio

unilateral tendo em vista a vontade do adotante37

Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava

a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa

mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma

famiacutelia38

A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua

natureza e da origem do seu ato

Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato

devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas

vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute

representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas

situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39

__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320

Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio

a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 28: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato

devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a

natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no

artigo 37541

Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples

e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42

No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado

participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo

haveraacute adoccedilatildeo 43

O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente

ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial

Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o

qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a

manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda

fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da

adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44

Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo

conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial

____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316

42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320

44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO

No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as

Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 29: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos

artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado

Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano

do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46

No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita

um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47

Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar

pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e

adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado

Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em

1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas

modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648

Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30

anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se

tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49

______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees

pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 30: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos

bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB

A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e

reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada

aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51

Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio

familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que

originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os

direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste

naturalmente52

E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em

seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a

convivecircncia familiar 53

Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito

positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar

__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149

A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade

eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o

equiparando o adotado como filho legiacutetimo

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 31: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um

lar amor carinho e dignidade

Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter

biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo

Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a

finalidade do ordenamento a que lei se destina

Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica

de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre

as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 32: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL

A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse

Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54

A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado

podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo

Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355

A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser

irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de

qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais

introduzido pela Lei nordm 669779

Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua

natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei

exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a

devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais

os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar

Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos

mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o

casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar

conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor

ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura

puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55

______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 33: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos

artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo

simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56

Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a

adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente

com a primazia do interesse do adotado

Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57

No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar

Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para

adotar antes exigida de 35 anos

E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges

ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada

a estabilidade da famiacutelia

Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo

De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais

velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo

saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado

O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos

representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de

doze anos

______________

56 Op cit p 23 p 425

57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos

pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar

sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila

constitutiva da adoccedilatildeo

O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu

consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos

De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se

forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel

Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo

por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel

Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar

conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o

estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal

No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos

estabelecidos neste Coacutedigo

Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a

seguinte redaccedilatildeo

Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da

assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
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      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 35: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo

ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916

Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do

representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos

pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder

familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais

de um ano

De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo

benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo

Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico

Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado

desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos

impedimentos para o casamento

Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro

mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante

e os respectivos parentes

Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que

confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu

prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado

No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o

princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 36: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em

julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em

que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute

entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o

adotado e todos os parentes do adotante

Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o

objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e

do Adolescente

Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute

aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei

Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo

desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente

Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute

maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes

reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da

personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916

adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade

Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da

sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os

menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo

Coacutedigo Civil58

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 37: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de

filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o

adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando

_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com

todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo

inexistia naturalmente

De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que

busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de

sentenccedila judicial

Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor

carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em

um ambiente familiar

Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o

escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado

constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro

adotado

Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute

como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que

natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao

direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais

22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 38: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

221 Requisitos Formais

Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349

efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal

ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)

diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)

consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e

1624)

intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de

processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)

irrevogabilidade (artigo 1626 caput)

estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)

comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)

23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na

aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes

entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

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GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 39: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a

crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para

que venha a adotar

Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de

advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de

peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos

do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando

conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de

acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente

Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do

juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual

seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da

decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme

previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer

Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo

preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os

criteacuterios estabelecidos

Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam

auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados

recebem um certificado com validade de 2 anos

Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60

certidatildeo de casamento

atestado de residecircncia

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

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GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

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KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 40: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

folha de antecedentes criminais

prova de idoneidade fiacutesica e moral

prova de abandono do menor

destituiccedilatildeo do paacutetrio poder

atestado de sanidade fiacutesica

________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61

a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35

se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo

representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo

a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico

determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional

decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia

Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico

apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o

juiz proferiraacute a sentenccedila

A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo

se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme

o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 41: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante

se desvinculando da famiacutelia natural

24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO

241 Efeitos pessoais

Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62

____________________

61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430

rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os

impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)

estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado

abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)

transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante

for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)

liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)

possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo

adotado ou vice-versa (artigo 1768)

determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante

242 Efeitos patrimoniais

Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 42: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689

1691e 1693)

obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo

1634)

dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)

direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante

responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade

______________

81 Op cit p 31 p 432

direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco

cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do

falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais

herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e

1790incisos I e II)

reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)

filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I

rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)

direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)

superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e

1789)

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 43: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso

de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do

oacutebito64

25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO

Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se

obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do

negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do

ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade

____________

64 Op cit p 32 p 435

deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea

A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-

se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico

Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade

anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo

251 Nulidade da adoccedilatildeo

Seraacute nula a adoccedilatildeo que65

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 44: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16

anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619

a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a

mesma pessoa (artigo 1622)

o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)

vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude

252 Anulabilidade da adoccedilatildeo

Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66

a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente

incapaz

ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado

____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435

consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz

vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores

a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado

253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo

Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67

pela falta de consentimento do adotante e adotado

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

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GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

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KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 45: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou

interdiccedilatildeo civil

pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico

26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO

A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes

motivos68

pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil

Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a

madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave

enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou

neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade

pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil

____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437

Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste

contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a

honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila

pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue

quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva

pela morte do adotante e adotado

27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

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_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO

Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a

finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo

avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante

e adotado69

Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute

prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com

facilidade a nova famiacutelia

O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a

ser adotado

Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a

extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo

atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil

____________

69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340

28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das

crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a

prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 47: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato

infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e

ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70

A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual

adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou

tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da

juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil

Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida

familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco

passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado

29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL

A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e

do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da

Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave

crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave

educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave

__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41

convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71

Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada

por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

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rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 48: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da

adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda

de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida

pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo

por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72

Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo

de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes

independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos

havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e

qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73

Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos

adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do

bem estar do adotado

210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO

A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser

incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta

assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria

___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438

Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como

com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 49: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos

pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco

pessoal e social nas ruas das grandes cidades

Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia

importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees

sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia

Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem

por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades

coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e

ceacutelere

Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria

com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e

defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do

proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os

procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados

Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo

atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o

instituto da adoccedilatildeo

A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de

_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em

lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

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GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 50: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que

querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave

crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico

educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e

na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos

e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o

desenvolvimento da cidadania

Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que

tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria

Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir

211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO

Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75

Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma

simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo

A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais

os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a

situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem

adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 51: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser

proporcionada pelas pessoas sem adotar

Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva

jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os

interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais

vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual

Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito

simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses

O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida

cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior

(adoccedilatildeo internacional)

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

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SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

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_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 52: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL

31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees

estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil

Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente

A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida

excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido

por pessoa residente no Paiacutes

A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico

conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei

supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida

sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76

Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo

juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a

decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham

falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm

80699077

Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da

Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da

CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia

____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 53: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por

estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos

interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas

atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os

bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal

intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando

verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em

moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias

maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado

enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees

escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos

especialmente do menorrdquo78

Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante

nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado

tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a

perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e

economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila

passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco

e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79

Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas

___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 54: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil

A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver

medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo

internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda

possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o

seu ingresso em famiacutelia substituta

Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo

internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem

conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas

Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em

seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser

interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores

para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que

visem lucro80

Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas

pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator

determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas

famiacutelias substitutas

32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR

ESTRANGEIROS

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo

seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e

condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________

80 Op Cit p 44 p 438

parte de estrangeiros

Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida

excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo

acarreta o adotante aacute desistecircncia

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

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______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

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______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do

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_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 55: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81

impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo

estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro

residente ou domiciliado fora do paiacutes

comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de

seu paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia

especializada e credenciada no paiacutes de origem

apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido

do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico

juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente

autenticados pela autoridade consular

permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a

consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo

Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e

cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no

miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos

de idade

___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439

podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar

prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista

A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82

lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo

reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

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______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

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  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 56: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica

Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de

Adoccedilatildeo de Menores de 1984)

33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA

A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua

finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores

Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia

prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse

superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas

__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485

A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo

Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de

garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados

contratantes83

Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a

Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo

Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

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            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 57: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

requisitos para a adoccedilatildeo internacional

requisitos processuais

reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo

De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo

em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o

interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras

_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486

CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

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Acesso em 16 Abr 2005

______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS

41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a

grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo

igualmente a possibilidade da poder adotar

A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade

Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas

aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de

constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a

reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois

assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir

famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86

Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a

uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm

sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo

Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87

____________

86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho

mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49

A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

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Acesso em 16 Abr 2005

______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

2005

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2

ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004

______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005

______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr

2005

______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 59: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por

homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se

espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem

homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila

se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais

homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos

tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte

de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo

16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo

se forem marido e mulher

Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89

____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da

uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos

homossexuais

42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr

Acesso em 16 Abr 2005

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ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004

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______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr

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Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 60: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a

situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos

casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo

juriacutedica podem os casais homossexuais adotar

No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo

homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes

da jurisprudecircncia

E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a

regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais

Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata

da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo

tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um

dos parceiros90

Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo

5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a

primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei

____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade

Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca

pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do

bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais

homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve

levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

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Acesso em 16 Abr 2005

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ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004

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2005

______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
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levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo

decidindo sempre pelo bem-estar do menor91

A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece

Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao

adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo

ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia

discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo

()

sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute

casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros

A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee

Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de

estado civil

______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005

Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr

Acesso em 16 Abr 2005

______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

2005

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2

ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004

______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005

______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr

2005

______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 62: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que

homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo

poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante

O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de

adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual

diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro

de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93

______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo

da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum

cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo

Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito

Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94

Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr

Acesso em 16 Abr 2005

______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

2005

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2

ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004

______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005

______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr

2005

______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais

homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95

Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo

sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel

privar os homossexuais do direito agrave adotar96

E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais

flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de

tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar

seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles

que lhe acolhem97

______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53

No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo

barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao

seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira

da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da

histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a

mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para

atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem

a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua

companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de

crianccedilas devem igualmente poder adotar98

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr

Acesso em 16 Abr 2005

______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

2005

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2

ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004

______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005

______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr

2005

______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 64: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no

aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes

de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o

preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99

Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida

pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato

Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo

________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr

Acesso em 16 Abr 2005

______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

2005

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2

ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004

______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005

______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr

2005

______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Page 65: A VEZ DO MESTRE A ADOÇÃO À LUZ DA LEI N 10.406/02: … · Com a adoção assume-se o pátrio poder da criança, desligando-a de todo e qualquer vínculo com pais biológicos e

CONCLUSAtildeO

A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia

E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto

no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio

Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988

Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos

Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade

Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente

A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva

Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros

por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

Rio de Janeiro 2002

BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr

Acesso em 16 Abr 2005

______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr

2005

______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2

ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004

______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005

______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr

2005

______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em

httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005

______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo

com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo

Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459

DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo

Paulo Saraiva 2002 p 423-446

GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225

GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed

rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387

KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do

Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64

OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen

Iuris 2002 p 147-193

PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro

Forense 2000 p 171-185

SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519

SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha

Carioca 2004 p 21-328

VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas

2003 p 315-351

_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283

WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225

  • SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
    • INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
      • SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
      • A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
        • SUMAacuteRIO
          • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
          • A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil
            • CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
            • CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
            • CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
            • CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
            • CONCLUSAtildeO
            • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores

Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade

Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a

sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do

Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo

Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e

principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que

pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da

adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e

venda de crianccedilas para o estrangeiro

A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente

estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse

baseado nos artigos 1618 a 1629

O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52

Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de

amor carinho e solidariedade

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e

documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002

______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em

documentos Rio de Janeiro 2002

______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo

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Acesso em 16 Abr 2005

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