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Poder Judiciário de Alagoas Curso de atualização e capacitação em Língua Portuguesa _________________________________________________________________________________________________________________ Poder Judiciário de Alagoas Prof. Eduardo Sampaio 2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA O estudo da variação linguística pode, em diversos aspectos, revelar as próprias condições de vida social, econômica, política, histórica e cultural de um povo. Dentro do estudo da variação, é possível constatar, pela repreensão a algumas formas de expressão, o que pode ser entendido como preconceito linguístico que, definitivamente, não deve fazer parte do dia a dia do falante de qualquer língua do mundo. Considere os quatro comentários a seguir: 1. Um advogado não fala com seu filho de seis anos como fala com um juiz no tribunal ou como escreve um documento oficial. Logo, há diversos modos de se usar a língua são os chamados registros. Assim, dependendo da situação, e principalmente da pessoa com quem se fala ou para quem se escreve, usa-se um registro mais ou menos formal. 2. Basta comparar a fala de um gaúcho com a fala de um alagoano, ou a de um paulista com a de um catarinense para se perceberem claras diferenças. Quem mora na roça não fala como quem vive na cidade. O português do Brasil difere muito do de Portugal: aquilo que chamamos de sotaque é, talvez, o indicador mais claro dessas diferenças. 3. A fala de uma pessoa com formação superior (professores, médicos, arquitetos) tende a ser diferente da linguagem de uma pessoa que nunca teve a oportunidade de frequentar uma escola. Há, nesse sentido, um modo mais popular e coloquial de falar (variante popular) e um modo mais elaborado e técnico (variante padrão ou culta). Esta última variante é encontrada principalmente na modalidade escrita da língua, mas existe também na modalidade falada. 4. A linguagem de um poema de Drummond (1902- 1987) difere muito das cantigas de amor, dos séculos XII e XIII. Ao longo da vida de uma pessoa, sua linguagem também sofre modificações. Uma coisa é a língua que se fala aos oito anos, outra a que se fala aos setenta e cinco. A cada um desses comentários corresponde um dos tipos de variação da linguagem: a) variação histórica: ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ b) variação social: ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ c) variação geográfica ou regional: ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ d) variação situacional: ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ___________________________________________

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Poder Judiciário de Alagoas Curso de atualização e capacitação em Língua Portuguesa

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Poder Judiciário de Alagoas Prof. Eduardo Sampaio 2

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

O estudo da variação linguística pode, em diversos aspectos, revelar as próprias condições de vida social, econômica, política, histórica e cultural de um povo.

Dentro do estudo da variação, é possível constatar, pela repreensão a algumas formas de expressão, o que pode ser entendido como preconceito linguístico – que, definitivamente, não deve fazer parte do dia a dia do falante de qualquer língua do mundo.

Considere os quatro comentários a seguir:

1. Um advogado não fala com seu filho de seis anos como fala com um juiz no tribunal ou como escreve um documento oficial. Logo, há diversos modos de se usar a língua – são os chamados registros. Assim, dependendo da situação, e principalmente da pessoa com quem se fala ou para quem se escreve, usa-se um registro mais ou menos formal.

2. Basta comparar a fala de um gaúcho com a fala de um alagoano, ou a de um paulista com a de um catarinense para se perceberem claras diferenças. Quem mora na roça não fala como quem vive na cidade. O português do Brasil difere muito do de Portugal: aquilo que chamamos de sotaque é, talvez, o indicador mais claro dessas diferenças.

3. A fala de uma pessoa com formação superior (professores, médicos, arquitetos) tende a ser diferente da linguagem de uma pessoa que nunca teve a oportunidade de frequentar uma escola. Há, nesse sentido, um modo mais popular e coloquial de falar (variante popular) e um modo mais elaborado e técnico (variante padrão ou culta). Esta última variante é encontrada principalmente na modalidade escrita da língua, mas existe também na modalidade falada.

4. A linguagem de um poema de Drummond (1902-1987) difere muito das cantigas de amor, dos séculos XII e XIII. Ao longo da vida de uma pessoa, sua linguagem também sofre modificações. Uma coisa é a língua que se fala aos oito anos, outra a que se fala aos setenta e cinco.

A cada um desses comentários corresponde um dos tipos de variação da linguagem:

a) variação histórica:

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b) variação social:

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c) variação geográfica ou regional:

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d) variação situacional:

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LEITURA e APROFUNDAMENTO

(...) Hoje em dia, chamamos de Linguística todos os estudos contemporâneos e antigos sobre a linguagem, incluindo aí a Gramática Tradicional. Mas, de maneira mais restrita e precisa, é costume datar o nascimento da linguística moderna no ano de 1916, quando foi publicado, em francês, o livro Curso de Linguística Geral, do suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913). O livro foi publicado três anos depois da morte de Saussure por dois de seus alunos, Charles Bally e Albert Sèchehaye, que reuniram as anotações que tomaram depois das aulas (...). Com a publicação daquele livro, o estudo das línguas humanas nunca mais seria o mesmo. A importância dessa publicação foi tão grande que outros cientistas começaram a aplicar os mesmos critérios e métodos de Saussure em suas próprias áreas de conhecimento, fazendo nascer uma das mais importantes escolas científicas do século XX, o estruturalismo. O estruturalismo influenciou grandemente, além da Linguística, também a Antropologia, a Psicanálise, a Psicologia, a Filosofia etc. (...) Hoje não é mais possível desconsiderar todos os progressos científicos da Linguística e continuar ensinando de acordo com os preceitos e preconceitos da milenar Gramática Tradicional, que se tornou apenas um dos muitos campos de investigação dos linguistas. A velha divisão entre ―certo‖ e ―errado‖ tem de ser guardada nos arquivos da História, junto com as concepções astronômicas que afirmavam que a Terra é plana e ocupa o centro do universo, e com as crenças da Biologia arcaica de que as moscas nascem da carne podre... Foram passos dados na evolução do saber do homem, que já progrediu muito de lá para cá e não pode nem quer ficar parado no tempo. Além disso, os velhos conceitos de ―certo‖ e ―errado‖ refletem esquemas sociais de autoritarismo e intolerância que não são mais admissíveis nos dias de hoje. Achar que uma determinada forma linguística é mais ―certa‖ que outra é a mesma coisa que achar que os homens são mais inteligentes que as mulheres, que os homossexuais são ―doentes‖, ou que os brancos merecem mandar nos negros... (...)

BAGNO. Marcos. Português ou Brasileiro: um convite à pesquisa. Parábola Editorial: São Paulo, 2001. pp 23-26.

A partir da leitura do texto em questão, analise as proposições a seguir, considerando-as corretas ou erradas:

1. Pelo que se depreende da leitura do primeiro

parágrafo, é possível afirmar que o livro Curso de Linguística Geral só foi publicado, de fato, em 1919.

2. Mesmo havendo a afirmação de que o livro foi publicado em francês, não é possível confirmar que os dois alunos de Saussure são franceses.

3. Com a leitura do segundo parágrafo, pode-se inferir

que o suíço Ferdinand de Saussure seguia os ditames da escola estruturalista.

4. Segundo o autor, o campo da Gramática

Tradicional, com suas regras e conceitos, embora possua um certo destaque nos estudos contemporâneos, não faz parte do objeto de estudo dos cientistas linguísticos.

5. Infere-se do texto que os conceitos de ―certo‖ e

―errado‖ na linguagem, tidos pelo autor como ―velhos‖, foram, outrora, tolerados e admitidos pelo meio social.

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Atente para os dois pontos de vista a seguir:

Se valerem os conceitos universais para a classificação das formas de comunicação dos povos, o Português, falado no Brasil, não pode ainda ser considerado uma língua. Ele não tem uniformidade, as regras são falhas e sua evolução é mais rápida do que a capacidade de organização dos especialistas. (...) ao contrário das línguas mais antigas, suficientemente domesticadas, o Português do Brasil contém mais exceções do que regras e, em alguns casos, simplesmente não respeita regra nenhuma. A nossa é o tipo de língua que não favorece o falante por causa da quantidade de detalhes que possui. Em vez disso, o que vemos no Brasil é que existe uma linguagem empregada no telejornal e outra nas novelas. A primeira, bastante correta; a outra, de qualidade duvidosa."

Folha da Tarde (Porto Alegre, 27/04/81)

Uns certos profundíssimos filólogos negam- -nos, a nós brasileiros, o direito de legislar sobre a língua que falamos. Parece que os cânones desse idioma ficaram de uma vez decretados em algum concílio celebrado aí pelo século XV.

José de Alencar (escritor romântico – séc. XIX)

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Texto 1

Aula de Português Carlos Drummond de Andrade

A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender.

A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima.

O português são dois; o outro mistério.

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Texto 2

Língua Portuguesa Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela, és, a um tempo, esplendor e sepultura: ouro nativo, que na ganga impura a bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura, tuba de alto clangor, lira singela, que tens o trom e o silvo da procela e o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma de virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!", e em que Camões chorou, no exílio amargo, o gênio sem ventura e o amor sem brilho!

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Texto 3

Língua Caetano Veloso

Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões. Gosto de ser e de estar e quero me dedicar a criar confusões de prosódia e uma profusão de paródias que encurtem dores e furtem cores como camaleões.

Gosto do Pessoa na pessoa; da rosa no Rosa e sei que a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade. E quem há de negar que esta lhe é superior?

E deixe os Portugais morrerem à míngua: "Minha pátria é minha língua". Fala Mangueira! Flor do Lácio, Sambódromo, lusamérica, latim em pó. O que quer, o que pode essa língua? (...)

A que tipo de variação da linguagem fazem

alusão os seguintes versos do texto 3: 1. ―Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de

Luís de Camões.‖

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2. ―e furtem cores como camaleões.

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3. ―Flor do Lácio, Sambódromo‖

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4. ―lusamérica, latim em pó.‖

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DO TEXTO ORAL AO ESCRITO

PARTICULARIDADES E SEMELHANÇAS

O texto falado, em geral, é criado no próprio momento da conversação, isto é, não possui rascunho, ao contrário do texto escrito, que pode ser planejado, revisto, rascunhado. Quando falamos, vamos construindo nosso texto. De acordo com a reação do nosso interlocutor, repetimos a informação, mudamos o tom, reformulamos nossa explicação. Há por isso uma tendência a produzir ideias menos complexas do que na escrita. Na escrita, salvo em casos específicos, torna-se deselegante repetir algumas palavras ou expressões, e, às vezes, temos de fazer cansativas buscas por sinônimos, a fim de que o texto fique menos repetitivo e redundante do ponto de vista fônico.

Na modalidade oral, há entre falante e ouvinte um intercâmbio direto, o que não ocorre com a língua escrita, na qual a comunicação se faz geralmente na ausência de um dos participantes. O texto escrito tem de suprir, portanto, a ausência da situação, fornecendo o maior número possível de pistas para esclarecer o seu sentido, a sua intenção.

A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada que a língua falada, porque é a modalidade que mantém a ―unidade‖ linguística de um povo, além de ser a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, se processam lentamente e em número consideravelmente menor, quando cotejada com a modalidade falada. Não podemos, contudo, deixar de ressaltar que, embora observemos várias diferenças fundamentais entre fala e escrita, há textos escritos tão informais que se assemelham aos falados (bilhetes, anúncios classificados, etc.), da mesma forma que alguns textos falados apresentam um tão alto grau de formalidade que se aproximam significativamente dos textos escritos (discursos festivos, informações técnicas, noticiários de rádio e tv etc.).

Comparemos algumas frases produzidas em modalidade falada a outras produzidas em modalidade escrita:

a) Ficar só dizendo que o Brasil não presta pra educação não vai dar em nada. A gente tem que melhorar isso de qualquer jeito.

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b) Se o povo quiser, com certeza vai mudar as

coisas na política que tá aí, fazendo com que, cada vez mais, o Brasil saiu do buraco.

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ADEQUAÇÃO DE LINGUAGEM

01. (FES) Transforme as frases a seguir, passando-as da linguagem oral para a linguagem escrita.

a) Hoje em dia as pessoas só querem saber de enrolar as outras e ninguém pensa no que é que vai acontecer depois.

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b) Ninguém aqui é menino pra ficar esperando o papai fazer as coisas que devem ser feitas. Todo mundo tem que meter a cara e fazer o que tem que ser feito.

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02. (FES)Transforme as frases a seguir, passando-as da linguagem oral para a linguagem escrita.

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a) O juiz disse que era pra gente fazer o que a gente achasse mais interessante. Aí foi que agente decidiu falar com os jornalistas na sala de baixo do tribunal.

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b) O processo tava cheio de erro, parece até que ninguém tinha visto aquilo. Os parágrafos tavam escritos de qualquer jeito.

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03. (FES) Reescreva as frases a seguir, passando--as da linguagem coloquial para a linguagem prescrita pela gramática normativa.

a) A nível de carro, eles tem um da hora.

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b) O time vai mal, haja visto o último jogo.

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c) Os porteiros estão melhores informados que eu.

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d) Silvanicleide deu a luz a uma criança.

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e) Esse caso é para mim resolver.

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f) O cordão possue duas gramas de ouro.

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g) Se você escrevesse minhas redações, eu dava um beijo em ti.

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h) Nós exijimos tudo o que temos direito.

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i) Entre eu e você tem muita diferença.

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j) Nós preferimos mais chá do que café.

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k) A coalisão internacional implicou na queda do presidente da Costa do Marfim.

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l) Vossa excelência queirais retificar o documento, pois que ele está como requizitado.

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m) O livro que foi dado para mim ler era muito insipiente.

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n) A nível de discurso, esse seu texto está ótimo!

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o) A flagrânica da planta não passava desapercebida.

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p) Requer, afinal, seja considerado improssedente o pedido, e o autor condenado as custas processoais e onorários advocatícios.

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q) Intime-se os reus, pois devem haver fatos novos a ser conhecidos pela côrte.

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04. O fragmento textual abaixo apresenta algumas passagens com aspectos linguísticos bastante coloquiais. Destaque quatro trechos em que isso ocorre e reescreva-os, de modo a adaptá-los aos padrões estabelecidos pela chamada norma culta da língua.

(...) Países já chegam ao FMI com todos esses impasses, denotando a incapacidade de suas elites de chegarem a fórmulas consensuais para enfrentar a crise – mesmo porque essas fórmulas implicam prejuízos aos interesses de alguns poderosos. Aí a burocracia do FMI deita e rola. Há, em geral, economistas especializados em determinadas regiões do globo. Mas, na maioria das vezes, as fórmulas aplicadas aos países são homogêneas, burocráticas, de quem está por cima da carne-seca e não quer saber de limitações de ordem social ou política (...). Sem os recursos adicionais do fundo, a travessia de 1999 seria um inferno, com reservas cambiais se esvaziando e o país sendo obrigado ou a fechar sua economia ou a entrar em parafuso. O desafio maior será produzir um acordo que obrigue, sim, o governo e o congresso a acelerarem as reformas essenciais.

(Ícaro, 170, out.1998)

Trecho 1: ___________________________________

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Reescrita: __________________________________

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Trecho 2: ___________________________________

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Reescrita: __________________________________

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____________________________________________

Trecho 3: ___________________________________

____________________________________________

Reescrita: __________________________________

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Trecho 4: ___________________________________

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Reescrita: __________________________________

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05. Leia o texto ―Noites do Bogart‖, de Luís Fernando Veríssimo, e faça o que se pede em seguida:

Noites do Bogart – Ana Paula... – Jorge Alberto! – Escuta, eu... – Jorge Alberto, este é o Serge, meu namorado. Serge,

Jorge Alberto, meu ex-marido. – Prazer, Sérgio. Ana, eu... – Serge. – Hein? – O nome dele não é Sérgio, é Serge. – Ah. Escuta, eu posso sentar? – Claro! – Você Parece ótima. – Eu estou ótima. Nunca estive tão bem. – Pois é, Ana. Sei lá. Você não devia estar assim, tão bem.

Desculpa, viu, Sere? Ele fala português? – Ele é de Canoas. – Ah. Desculpa, viu, Serge. Não tem nada a ver com você,

mas puxa. Ana! Nós nos separamos há, o quê? Três semanas? E você está aí, radiante.

– Você queria que eu estivesse o quê? Arrasada? – Não, podia estar bem. Mas não assim, em público. – Ah, você acha que eu não devia sair de casa? – Olha, depois que meu pai morreu, minha mãe levou dois

anos para parecer na janela. Entendeu? Não sair de casa: aparecer na janela.

– Mas Jorge Alberto, você não morreu. Eu na sou viúva. Nós só nos separamos. A vida continua, meu querido! Serge, não repare.

– Mas aqui, Ana? Logo aqui? Lembra da última vez que nós dançamos juntos? Foi aqui.

– Lembro muito bem. Aliás, foi na noite em que nós decidimos nos separar.

– Pois, então. Isso não significa nada para você? Eu não quero bancar o antigão e tal, Ana. Mas algumas coisas devem ser respeitadas. Alguns valores ainda resistem, pombas!

– Mas vem cá: Você também não está aqui? – Sim, mas olha a minha cara. Eu pareço radiante? Vim aqui

curtir fossa. Estou sozinho. Não estou me divertindo. Homem pode sofrer em bar. Mulher não.

– Mas eu não estou sofrendo, estou ótima. – Exatamente. E está pegando mal pra burro. Você Não

podia fazer isso comigo, Aninha. – Eu não acredito... – Deixa eu perguntar pro Serge aqui... – Deixa o Serge fora disso. – Não, o Serge é homem e vai me dar razão. Serge,

suponhamos o seguinte...

a) Transcreva três marcas da oralidade presentes no texto.

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b) Observe a pontuação das duas primeiras frases do texto e diferencie o estado de espírito de Ana Paula e Jorge Alberto.

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Um rápido histórico

Como se sabe, a língua portuguesa mudou bastante com o passar do tempo. Nesse sentido, é comum a divisão da história da ortografia portuguesa em três momentos distintos. O primeiro período adotou o princípio fonográfico (do início da língua até o século XVI): nesse período, defendia-se que a ortografia deveria estar o mais próxima possível da pronúncia das palavras. O segundo, conhecido como pseudo-etimológico, abrange os séculos XVI, XVII e XVIII. Nessa época, entendia-se que as palavras deveriam ser grafadas segundo suas origens; no caso da língua portuguesa, as formas gregas e latinas predominam. O terceiro período é chamado de histórico-científico e abrange os séculos XIX e XX. Esse momento caracteriza-se pela elaboração de vários acordos ortográficos. O primeiro deles foi o Acordo de 1931 entre a Academia Brasileira de Letras e a Academia das Ciências de Lisboa. Outros acordos podem ser citados: o Acordo Ortográfico de 1943; a Lei 5.765 de 18 de dezembro de 1971 (que alterou o acordo de 1943); o Acordo de 1975 (que não se transformou em lei e nem veio a público) e o Protocolo de Intenções para o Acordo Ortográfico, de 1986. Um novo acordo ortográfico entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009, pondo em prática as regras estabelecidas pelo decreto de nº. 6583, publicado em 29 de setembro de 2008, que promulgou no Brasil o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O Acordo foi assinado ainda em 1990 por representantes dos governos dos sete países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Ajustando-se aos pontos do Novo Acordo

Embora as mudanças estabelecidas na ortografia portuguesa por meio do mais recente acordo sejam, em geral, simples, é interessante observar com atenção as principais mudanças para adequar-se a elas com maior brevidade, já que, daqui para frente, passarão a reger oficialmente nosso modo de escrita. Vejamos, portanto, os principais tópicos do Acordo, através de um exercício direcionado e objetivo. 1. Enfim, o fim do TREMA (que só existirá em na

transcrição de palavras estrangeiras que o possuam: Exs.: Müller, mülleriano.

Atente para algumas palavras que perderam o trema:

saguim / sequencial / linguística / frequente /

frequência / arguir / arguição / sagui / aguentar

2. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos Éi e Ói das palavras paroxítonas: Exs.: alcateia, androide, ideia.

Dentre as palavras escritas abaixo, destaque as que estão grafadas em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico:

apoia / destrói / européia / boia / celulóide /

asteróide / colmeia / constroi / debiloide /

assembléia / heroico / heroi / papéis / troféu / trofeus /

tramóia / odisseia / paranóia / jiboia

3. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo. Exs.: feiura, bocaiuva, baiuca.

Obs.: isso não acontecerá, por exemplo, com palavras como tuiuiú e Piauí, que são oxítonas.

4. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em eem e oo(s). Exs.: voo, enjoo, doo (verbo doar), creem, leem, veem, magoo, povoo, etc.

5. Não se usam mais alguns acentos diferenciais:

Como era Como fica Ele pára o carro. Ele para o carro. Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo norte. Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo. Gato de pêlos brancos. Gato de pelos brancos. Comi uma pêra. Comi uma pera.

Atenção! Permanecem os acentos diferenciais:

a) em pôde = passado do verbo poder.

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b) em pôr = verbo.

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c) do singular e do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).

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Nota: é facultativo o acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Ex.: Qual é a forma da fôrma do bolo?

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6. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

7. Há uma variação na pronúncia dos verbos

terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.

a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.

Exs.:

• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.

• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.

• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.

• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Uso do HÍFEN

Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo. As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc. 1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de

palavra iniciada por h.

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2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.

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____________________________________________

Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.

3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em

vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

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4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em

vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras.

____________________________________________

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5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.

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6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante.

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____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

Atenção:

• Nos demais casos, não se usa o hífen. Exs.: hipermercado, superproteção, intermunicipal.

• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.

• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.

____________________________________________

____________________________________________

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____________________________________________

____________________________________________

8. Com os prefixos sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, ex e vice usa-se sempre o hífen.

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____________________________________________

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____________________________________________

9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Exs.: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

10. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Ex.:

Os alagoanos ficaram bastante felizes quando, de repente, souberam que na última segunda deu- -se um sorteio de 10 passagens aéreas (só de ida) para a Faixa de Gaza entre alguns políticos alagoanos (houve quem pedisse 30).

Teste ortográfico

01. Algumas letras do texto a seguir foram suprimidas propositalmente. Preencha as lacunas com as letras corretas.

Novo Código Florestal: ministro nega liminar requerida por deputados do PV

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal

Federal (STF), negou a liminar no Mandado de

Segurança (MS 30589) com a qual os deputados

federais Sarney Filho (líder PV na Câmara) e José Luiz

de França Penna (presidente nacional do PV)

pretendiam impedir a votação do substitutivo ao

Projeto de Lei nº 1.876/99, que institu__ o novo Código

Florestal brasileiro. Após reconhecer legitimidade aos

dois deputados para impetrar o mandado de

segurança e afirmar a possibilidade de o STF

interv___ em casos em que as Casas Legislativas

ultrapa___em limites previstos na Constituição, o

ministro relator re___alvou que, no caso em questão, o

argumento de que a inclusão da matéria em pauta

decorreu de burla à técnica de elaboração das normas

é "frá__il" e não justifica a conce___ão da liminar.

Segundo os deputados do PV, para livrar-se

da restri___ão constitucional que impede a análise de

projetos de leis ordinárias quando há medidas

provi__órias pendentes de aprovação, trancando a

pauta (art. 62, parágrafo 6º, da Constituição), a

Câmara estaria se utilizando de ―e__pediente

burlesco‖, introduzindo nos textos a serem

apre__iados cláu__ulas de direito penal, que não

podem ser objeto de medidas provi__órias. ―Trata-se,

a meu ver, de argumento frá__il para a conce___ão da

liminar, o que retira da impetra___ão o pre___uposto

do fumus boni iuris. Ao menos em juízo prévio e não

exauriente, tenho que não há como embargar o

processo legislativo por uma aparente tentativa de

burla da técnica de elaboração das normas, com a

inser__ão de objetos supostamente ace___órios em

relação ao centro da lei em gene__e‖, afirmou o

ministro Dias Toffoli em sua decisão.

O ministro acre___entou que "se a

preservação das minorias é admi___ível, não pode ela

subverter-se em prevalência de suas posições,

especialmente as interpretativas, quando não há razão

justificável para essa interven___ão. Do contrário, o

STF assumirá o papel não só de guardião da

Constituição, mas também do processo político".

Acerca da aborda__em política, entende não ser "um

papel desejável para uma Corte que se pretende

respeito__a das funções do Estado e de sua

angula__ão harmônica", conclui.

Fonte: www.stf.jus.br. Acesso em 09 de maio de 2011.

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02. Considerando os adjetivos pátrios compostos, marque a alternativa correta:

1. austro-húngaro 2. greco-romano 3. franco- -brasileiro 4. nipo-americano 5. ítalo-germânico

(A) estão corretamente grafados todos os termos compostos

(B) está incorretamente grafado o termo composto da opção 4

(C) está incorretamente grafado o termo composto da opção 2

(D) está incorretamente grafado o termo composto da opção 1

(E) está incorretamente grafado o termo composto da opção 3

03. As seguintes paroxítonas estão corretamente grafadas, exceto:

(A) contêiner

(B) destróier

(C) Méier

(D) Blêizer

(E) geóide

04. Marque a opção em que uma das formas verbais está incorreta:

(A) águo – aguo

(B) águas – aguas

(C) água – agua

(D) águais – aguais

(E) águam – aguam

05. Assinale a opção em que há erro de ortografia:

(A) mão de obra

(B) mão de vaca (designando pessoa avarenta)

(C) mão de vaca (designando planta)

(D) mão de criança

(E) mão de moça

06. Os prefixos que são seguidos de hífen quando o segundo termo da palavra composta inicia- -se com h, m, n ou vogal são:

(A) hiper-, inter- e super-

(B) circum- e pan-

(C) sub- e sob-

(D) ab- e ob-

(E) recém- e aquém-

07. Assinale a alternativa em que todos os termos compostos estão grafados em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico.

(A) pé-de-moleque, ponto-de-vista, ponto-e-vírgula.

(B) cor-de-rosa, arco-da-velha, pimenta-do-reino.

(C) mais-que-perfeito, dia-a-dia, cravo-da-índia.

(D) água-de-colônia, pé-de-meia, camisa-de-força.

(E) corre-corre, cara-de-pau, fim-de-semana.

08. Indique a única sequência em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

(A) fanatizar - analizar - frizar.

(B) fanatisar - paralizar - frisar.

(C) banalizar - analisar - paralisar.

(D) realisar - analisar - paralizar.

(E) utilizar - canalisar - vasamento.

09. A forma dual que apresenta o verbo grafado incorretamente é:

(A) hidrólise - hidrolisar.

(B) comércio - comercializar.

(C) ironia - ironizar.

(D) catequese - catequisar.

(E) análise - analisar.

10. Marque a opção cm que todas as palavras estão grafadas corretamente:

(A) enxotar - trouxa - chícara.

(B) berinjela - jiló - gipe.

(C) passos - discussão - arremesso.

(D) certeza - empresa - defeza.

(E) nervoso - desafio - atravez.

TRÊS IMPORTANTES

CORRELAÇÕES ORTOGRÁFICAS

Observe as seguintes correlações gráficas:

a correlação gráfica nd / ns na formação de substantivos a partir de verbos:

distender ____________ estender _____________

expandir ___________ suspender ______________

compreender ___________ pretender ____________

a correlação gráfica ced / cess em nomes formados a partir de verbos:

ceder ______________ conceder ______________

interceder ______________ exceder ____________

retroceder ______________ proceder ____________

a correlação gráfica ter / tenção em nomes formados a partir de verbos:

abster ________________ ater ________________

conter ________________ deter _______________

reter __________________ manter ______________

Cuidado!

prometer - promessa / intrometer - intromissão comprometer - compromisso / remeter - remessa

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EMPREGO DOS PORQUÊS

PORQUE:

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PORQUÊ:

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POR QUE:

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POR QUÊ:

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11. (FCC) Está correto o emprego do elemento sublinhado em:

(A) Muita gente se agarra à imagem artificial de si mesma sem saber porquê.

(B) Não é fácil explicar o por quê do prestígio que alcança a imagem ilusória das pessoas.

(C) Não sei porque razão os outros querem nos impor a imagem que têm de nós.

(D) Se a ela aderimos, é por que nossa imagem ilusória traz alguma compensação.

(E) Queremos perguntar, diante do espelho artificial,

por que nossa imagem não está lá.

12. Complete as lacunas com ―porque‖, ―porquê’, ―por que‖ ou ―por quê‖.

1. O caminho ____________ seguiu o eminente

ministro não era sem razão ___________

fundamentado em princípios constitucionais.

2. ____________ impedido pelo TRE, o político não

pôde registrar sua candidatura.

3. No discurso de José Mourinho, surgiram tantos

_____________.

4. Contestar a decisão do pleno do TJ __________,

se não temos força jurídica suficiente?

5. ___________ desenterrar polêmicas quando o

que interessa é bom andamento da judiciário?

6. ___________ o salário dos servidores da justiça

está defasado, receberá reajuste no segundo

semestre.

13. Dê a palavra derivada, acrescentando os sufixos ESA ou EZA:

Portugal: ____________________________________

certo: _______________________________________

limpo: ______________________________________

gentil: ______________________________________

duro: _______________________________________

China: ______________________________________

duque: _____________________________________

Calábria: ____________________________________

barão: ______________________________________

grande: _____________________________________

puro: ______________________________________

marquês: ____________________________________

França: _____________________________________

fino: _______________________________________

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1. A / Há

A (preposição) = tempo futuro

___________________________________________

Há (verbo haver) = tempo decorrido ___________________________________________

2. A cerca / acerca / há cerca

A cerca significa "a uma distância de".

____________________________________________

Acerca (locução prepositiva) = "sobre, a respeito de".

____________________________________________

Há cerca de: equivalente a "existe, ou faz aproximadamente".

____________________________________________

____________________________________________

Observação: A expressão "cerca de" quando indicar uma quantidade aproximada, deve ser acompanhada de um número arredondado, nunca de um número preciso. Faz sentido dizer "Cerca de 300 (ou qualquer número redondo) pessoas estavam na conferência". Quando se sabe o número exato, dispensa-se o "cerca de": "Na conferência havia 321 pessoas."

3. Ao encontro de / de encontro a

Ao encontro de: significa "a favor de, para junto de".

____________________________________________

____________________________________________

De encontro a: equivalente a "contra". ____________________________________________

____________________________________________

4. A fim / afim

A fim = a "finalidade".

____________________________________________

____________________________________________

Afim: equivalente a "semelhante".

____________________________________________

____________________________________________

5. À medida que / na medida em que.

À medida que: significando "à proporção que".

____________________________________________

____________________________________________

Na medida em que: equivalente a "já que", ―uma vez que‖.

____________________________________________

____________________________________________

6. A nível de ou em nível de?

Em verdade, a forma "a nível de" está incorreta. Desse modo, devemos usar a expressão "em nível de", mesmo assim somente quando houver "níveis".

____________________________________________

____________________________________________

Observação: Quanto ao mar, é aceitável dizer "ao nível do mar" ou "no nível do mar".

7. Aonde / onde / de onde

Aonde: com verbos que indicam movimento, um destino, como os verbos IR, CHEGAR, ENVIAR.

____________________________________________

____________________________________________

Onde: com verbos que indicam permanência, como o verbo ESTAR.

____________________________________________

____________________________________________

De onde ou donde: com verbos que indicam procedência, como o verbo VIR. ____________________________________________

____________________________________________

8. A princípio / em princípio.

A princípio significa ―inicialmente, no começo, num primeiro momento‖.

Em princípio = a ―em tese, por princípios, teoricamente‖.

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Assim, quando se quer dizer que, ―num primeiro momento‖, se é contra alguma coisa, deve-se falar ―a princípio‖. Agora, sendo-se contra alguma coisa só ―em tese‖, é preferível se dizer ―em tese‖, para maior clareza do enunciado: ____________________________________________

____________________________________________

9. Tão pouco / Tampouco

Tão pouco = muito pouco.

____________________________________________ Tampouco = muito menos.

____________________________________________

____________________________________________

10. Retificar / Ratificar

Retificar = corrigir, melhorar.

____________________________________________

Ratificar = confirmar, corroborar.

____________________________________________

____________________________________________

11. Mau / Mal

MAU é antônimo de bom. Pode aparecer como:

a) adjetivo – varia em gênero e número:

Não era mau rapaz, apenas um pouco preguiçoso.

Não eram maus rapazes, apenas um pouco preguiçosos.

Obs.: Não era má (feminino) atriz nas novelas, mas boa cantora no palco.

a) palavra substantivada:

Os bons vencerão os maus.

MAL é antônimo de bem. Pode aparecer como:

a) advérbio – não varia:

O candidato foi mal recebido.

Fizeram mal em dizer tais coisas.

b) substantivo – varia em número:

O mal nem sempre vence o bem.

Há males que vêm para o bem.

b) conjunção (corresponde a quando)

Mal cheguei, ele saiu.

c) prefixo:

mal-educado, malcriado, mal-humorado.

12. Senão / Se não

SENÃO é usado quando equivale a :

a) do contrário

Saia daqui, senão vai se molhar.

b) a não ser

Não faz outra coisa, senão reclamar.

c) mas sim

Não tive a intenção de exigir, senão de pedir.

SE NÃO é usado quando equivale a caso não (tem ideia condicional):

Esperarei mais um pouco; se não vier, irei embora. (caso não venha)

13. Em vez de / Ao invés de

Em vez de significa em lugar de:

Em vez de ir ao cinema, resolveu sair para comer uma pizza.

Ao invés de significa ao contrário de:

Ao invés de baixar, o preço dos legumes subi esta semana.

EXERCITANDO

14. Empregue adequadamente as palavras ou expressões entre parêntese:

a) Não sei ___________ vais com tanta pressa. (onde, aonde)

b) Para ___________ se dirige __________ ônibus? (onde, aonde / este, esse)

c) ________ você vem com _________ sombrinha? (Onde, Aonde, Donde / essa, esta, aquela)

d) ________ você ia com _________ espingarda na noite da confusão? (Onde, Aonde, Donde / esta, aquela, essa)

e) _____ cinco dias não nos vemos. (Há, A)

f) O país não conseguirá sair da crise em ______________ tempo. (tão pouco, tampouco)

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g) Falei _______ de política. (acerca de, a cerca de). h) O presidente discursou ___________ de dez mil

pessoas (acerca de, a cerca de).

i) O português é uma língua __________ de outras línguas de origem latina. (a fim de, afim de)

j) A proposta foi _____________, pois continha erros gritantes. (retificada, ratificada).

15. Identifique em qual alternativa é errado colocar, após a palavra destacada, o artigo definido:

(A) Afundou na lama ambos os pés.

(B) Todos dias passava por lá sem vê-la.

(C) A todo passante perguntei, nenhum me informou.

(D) Toda noite gotejou a torneira, não pude dormir.

(E) n.d.a.

16. (Cesgranrio) Assinale a opção que completa corretamente as lacunas da frase:

Ao comparar os diversos rios do mundo com o Amazonas, defendia com azedume e paixão a proeminência _________ sobre cada um _________.

(A) desse / daquele

(B) daqueles / destes

(C) deste / daqueles

(D) deste / desse

(E) deste / desses

17. (FES) Assinale a alternativa que apresenta os

termos ou as expressões em destaque empregados coerentemente, no que tange ao padrão gramatical culto:

(A) Afim de não entrar em desespero, a população pobre começou, a dois anos, um movimento de mútua ajuda na agricultura.

(B) Quando a reunião parecia ter acabado, novamente começaram a falar a cerca de negócios internacionais. Havia quatro anos que a reunião não se estendia tanto.

(C) ―Não se tratava de esporte, religião, economia, tão pouco de educação ou saúde‖, ratificou o presidente da Associação dos moradores.

(D) As propostas apresentadas pelos empresá-rios vão de encontro às levantadas pelos empregados. Esse fato revela a completa desigualdade existente entre as classes.

(E) Um abaixo assinado surgiu com a indignação dos condôminos, que não admitiam habitar no mesmo lugar onde cães latiam sem parar durante a noite.

18. (FES) Assinale a alternativa que apresenta os dois termos ou as expressões em destaque empregados coerentemente, em termos de gramática normativa:

(A) ―Verdade, nessa tua cabeça só há ilusões‖, afirmou o presidente da república, ratificando o comentário feito pelo seu assessor particular.

(B) Em se tratando de violência, este tempo atual não deixa nada a desejar a outras épocas cruéis da humanidade. Ele trás à tona os mesmos requintes de crueldade.

(C) A nível do mar, os jogadores da seleção brasi-leira iniciaram a partida, no estádio onde jamais alguma outra seleção a havia vencido.

(D) Afim de encontrar alguém que lhe fizesse companhia, a adolescente partiu desesperada ao encontro dos familiares.

(E) Daqui há dois anos, todos estaremos bastante familiarizados com o ambiente de trabalho.

19. Preencha as lacunas com as seguintes palavras:

seção, sessão, cessão, comprimento, cumprimento, conserto, concerto

1. O pequeno jornaleiro foi à..................do jornal.

2. Na....................musical os pequenos cantores apresentaram-se muito bem.

3. O........................ das roupas é feito pela mãe do garoto.

4. Eu.....................meu amigo com amabilidade.

5. A...............................de cinema foi um sucesso.

20. (FCC) assinale a alternativa cuja frase está redigida com clareza e correção.

(A) A lei permanece em vigor até que outra a modifique ou revogue, podendo ocorrer também a cessação de uma lei quando se extingue a situação que ela disciplina.

(B) Se extingue a eficácia de uma lei quando a lei nova declara a sessação da lei anterior ou quando a situação dessa lei acaba, não havendo o que disciplinar por ela mesma.

(C) Se uma lei é nova, declara-se seus efeitos quando cessa a lei anterior à ela, acabando sua eficácia se extingue a situação por ela disciplinada anteriormente.

(D) O vigor de uma lei permanece se ela não declara que cessa os efeitos da outra anterior, ou quando a situação que ela está diciplinando se acaba, também.

(E) Até que uma lei modifique à outra, revogando-lhe, essa está permanecendo em vigor, ou quando cessa a situação que ela disciplina, acabando com a lei referente.

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OS PROCESSOS DE

Coesão Textual

Por coesão, entende-se _____________________

_________________________________________________

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_________________________________________________

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_________________________________________________

Os elementos de coesão podem ser: a) _____________________: ___________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

b) _____________________: __________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa (retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.

Ex.: Pôncio e Abrogildo são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes. Este não briga com quem torce por outro time; aquele o faz.

Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este recupera a palavra Abrogildo; aquele, o termo Pôncio; o faz, o

predicado briga com quem torce por o outro time – são, portanto, anafóricos.

A remissão catafórica (para frente) realiza- -se preferencialmente através de pronomes demonstrativos ou indefinidos, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais.

Ex.: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.

Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a expressão o professor – são, portanto, catafóricos.

Existem vários recursos linguísticos que podem ser utilizados para integrar orações e parágrafos, resultando em unidade textual. São muito importantes, mas não necessariamente obrigatórios para a construção da coerência do texto.

Elementos de Coesão Sequencial

Esses elementos podem exprimir:

a) _______________________________:

em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente, precipuamente, acima de tudo, primordialmente, sobretudo, principalmente.

b) ______________ (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade):

então, enfim, logo, imediatamente, a princípio, logo após, pouco antes, pouco depois, finalmente, agora, atualmente, hoje, frequentemente, constantemente, às vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, enquanto, quando, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, já, mal.

c) _______________________________:

igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, de conformidade com, conforme, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, segundo, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, bem como.

d) _______________________________:

se, caso, desde que, contanto que etc.

e) _______________________________:

além disso, ademais, outrossim, ainda mais, ainda por cima, também, e, nem, não só...mas também, não apenas...como também, não só...bem como.

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f) _______________________________:

talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que.

g) _______________________________:

decerto, por certo, certamente, com toda certeza, indubitavelmente, sem dúvida, , inegavelmente.

h) _______________________________:

inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente, surpreendentemente.

i) _______________________________:

por exemplo, isto é, quer dizer, em outras palavras, a saber, ou seja.

j) _______________________________:

com o fim de, com o propósito de, para que, a fim de que, com o intuito de.

k) ________________________________:

perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, nesse âmbito, nesse espaço.

l) ________________________________:

em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, logo, pois.

m) ________________________________:

por causa de, em virtude de, porque, por consequência, por conseguinte, como resultado, por isso, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho)...que, de modo que, de tal forma que.

n) ________________________________:

pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, por outro lado, porém, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto.

o) ________________________________:

apesar de, embora, ainda que, mesmo que, posto que, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, a despeito de, não obstante.

p) ________________________________:

ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, nem...nem.

q) ________________________________:

porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (=porque), de modo que, de tal forma que.

Leia o texto abaixo e destaque os termos e expressões que nele evidenciam marcas de coesão textual.

Acerca da ética e da moral

* Ives de La Taille

Entre as alternativas de definição e diferenciação entre os conceitos de moral e ética, tenho empregado estas: moral é o conjunto de deveres derivados da necessidade de respeitar as pessoas, nos seus direitos e na sua dignidade. Logo, a moral pertence à dimensão da obrigatoriedade, da restrição de liberdade, e a pergunta que a resume é: ―Como devo agir?‖. Ética é a reflexão sobre a felicidade e sua busca, a procura de viver uma vida significativa, uma ―boa vida‖. Assim definida, a pergunta que a resume é: ―Que vida quero viver?‖. É importante atentar para o fato de essa pergunta implicar outra: ―Quem eu quero ser?‖. Do ponto de vista psicológico, moral e ética, assim definidas, são complementares.

A crise nos valores morais e éticos por que passam as civilizações, principalmente as ocidentais, parece-me, de certa forma, paradoxal. De um lado, pelo menos no mundo ocidental, verificamos um avanço da democracia e do respeito aos direitos humanos. Mas, de outro lado, tem-se a impressão de que as relações interpessoais estão mais violentas, instrumentais, pautadas num individualismo primário, num hedonismo também primário, numa busca desesperada de emoções fortes, mesmo que provenham da desgraça alheia. Assim, neste clima pós-moderno, há avanços e crise. É como se as dimensões política e jurídica estivessem cada vez melhores, e a dimensão interpessoal, cada vez pior. Como não podemos viver sem respostas morais e éticas, urge nos debruçarmos sobre esses temas. De modo geral, penso que as pessoas estão em crise ética (que vida vale a pena viver?), que tem reflexos nos comportamentos morais. A imoralidade não deixa de ser tradução de falta de projetos, de desespero existencial ou de mediocridade dos sentidos dados à vida.

Essa crise afeta todas as relações e, por conseguinte, aquelas que unem a família e a escola. Nesse caso, o que se verifica é a constante delegação de responsabilidade a outrem — da família para a escola e vive-versa — e também a constante acusação mútua de incompetência ou desleixo. Muitos professores acusam os pais de não darem, por exemplo, limites a seus filhos, e muitos pais acusam a escola de não ter autoridade e de não impor a disciplina. Não penso, no entanto, ser possível estabelecer hierarquia. Ambas as instituições são fundamentais para a educação moral e a formação ética. Logo, devem trabalhar em cooperação, completando-se mutuamente.

* Psicólogo especializado em desenvolvimento moral; professor do

Instituto de Psicologia da USP. Adaptado, a partir de entrevista

extraída da internet. Acesso em 06/10/08.

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01. (FES) Quanto à colocação dos conectivos, analise as frases abaixo e assinale a que está coerente com os padrões de textualidade e sentido:

(A) Israelenses e palestinos vivem em constante conflito na Faixa de Gaza, embora sejam declaradamente inimigos.

(B) A despeito da vergonhosa corrupção reinante no país, o eleitor continua a duvidar dos políticos.

(C) Por ter disponíveis inúmeras fontes de entretenimento, o público, sem dúvida alguma, prefere a televisão.

(D) A violência não será verdadeiramente combatida, caso não sejam punidos, de fato, os responsáveis pelo terror nas grandes cidades.

(E) O número de sequestros vem crescendo assustadoramente, visto que a justiça tem punindo com rigor cada vez maior os criminosos.

02. (FES) Ainda quanto à colocação dos conectivos nas frases, assinale a única opção que apresenta coerência semântica:

(A) Os pobres homens do sertão nordestino são um belo exemplo de resistência às crueldades da seca e da falta de investimentos políticos, mas mantêm firme a fé na intervenção divina.

(B) Apesar de haver muitas pessoas que não defendem o consumo de tabaco em restaurantes, o governo lança campanhas para que essa prática diminua drasticamente ano após ano.

(C) Os alunos do Curso de Português são conscientes de que o professor ansiosamente espera suas aprovações nos concursos; decerto, não ficarão decepcionados se não encontrarem seus nomes na lista de aprovados.

(D) Em nenhum momento os habitantes de Maceió reclamaram do que foi mostrado no espetáculo ao ar livre, uma vez que os atores não decoraram as falas.

(E) Por 75% dos eleitores dirigirem-se às urnas no primeiro horário do dia, o período vespertino não foi o menos tranquilo para se votar.

03. (FES) O texto a seguir foi escrito pela filósofa Marilena Chauí. Leia-o e analise as proposições subsequentes:

―Para que haja conduta ética, é preciso que haja o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também se reconhece capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir conforme os valores morais, sendo por isso responsáveis por suas ações e seus sentimentos e pelas conseqüências do que faz e sente. Consciência e responsabilidade são condições essenciais à vida ética.‖

I - A expressão Para que, destacada no texto, exerce o papel de elemento coesivo indicador de finalidade.

II - A expressão isto é, também destacada no texto, introduz uma passagem retificativa, de tal modo explicando o dito anterior.

III - A expressão por isso, marcada no texto, assume o papel de elemento conectivo que expressa concessão de ideias.

IV - Nas três ocorrências do conectivo e, destacadas no texto, esse elemento coesivo assume papel semelhante, qual seja, o de estabelecer conexões aditivas.

V - As expressões não só ... mas também assumem, respectivamente, a função de elementos coesivos denotadores de causa e consequência.

(A) As proposições I, II e IV contêm erros.

(B) As proposições IV e V estão corretas.

(C) As proposições II, III e V contêm erros.

(D) As proposições III, IV e V estão corretas.

(E) As proposições I, II e V contêm erros.

04. (FES) Estabeleça o desfecho pretendido para

os dois períodos a seguir, a partir do que estabelecem os elementos em destaque em cada um deles

I. Os estudantes acham importante ir à passeata,

conquanto tenham dois trabalhos urgentes para

entregar no dia seguinte; portanto, ____________

____________________________________________

____________________________________________

II. Os estudantes acham importante ir à passeata,

entretanto têm dois trabalhos urgentes para entregar

no dia seguinte; logo, _________________

____________________________________________

____________________________________________

05. (FES) Na frase ―O sinal digital de tevê já está no

ar em Alagoas; _____ nem todos conseguem acesso a _____ tecnologia, _____ boa parte dos aparelhos ainda é analógica.‖, os elementos que preenchem, respectivamente e com coerência, as lacunas são:

(A) conquanto, essa, porquanto.

(B) outrossim, esta, portanto.

(C) porém, esta, no entanto.

(D) embora, esta, já que.

(E) no entanto, essa, pois.

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TIPOLOGIA TEXTUAL

A palavra texto vem do Latim e significa tecido. Ao produzir um texto, entrelaçam-se fios de ideias, como na indústria têxtil se entrelaçam fios de linha para se fazer o tecido. É o texto, portanto, uma ampla unidade com coerência de sentido, com frases relacionadas umas às outras. No campo da tipologia textual, encontram-se, tradicionalmente, as seguintes principais categorias:

1. _____________________________: __________

_________________________________________

_________________________________________

Narrar é contar uma história. A Narração é

uma sequência de ações que se desenrolam na linha

do tempo, umas após outras. Toda ação pressupõe a

existência de um personagem que a pratica em

determinados momento e lugar. Por isso, há seis

componentes fundamentais na criação de um ato

narrativo: personagem, ação, espaço, tempo em

desenvolvimento, narrador e enredo ou trama.

Ex.: Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal- -iluminada que conduzia à sua residência. Subitamente foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa.

2. _____________________________: __________

_________________________________________

Descrever é pintar um quadro, retratar um

objeto, um personagem, um ambiente. O ato descritivo

difere do narrativo, fundamentalmente, por não se

preocupar com a sequência das ações, com a

sucessão dos momentos, com o desenrolar do tempo.

A descrição encara um ou vários objetivos, um ou

vários personagens, uma ou várias ações, em um

determinado momento, em um mesmo instante e em

uma fração da linha cronológica. É a foto de um

instante.

A descrição pode ser estática ou dinâmica: a

estática não envolve ação. Ex: Um carro velho e sujo.

A descrição dinâmica apresenta um conjunto de

ações concomitantes, isto é, um conjunto de ações

que acontecem todas ao mesmo tempo, como uma

fotografia.

Características do texto descritivo

a) Uso de impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

b) Emprego vigoroso e relevante de palavras fortes, próprias, exatas, concretas.

____________________________________________

____________________________________________

___________________________________________

c) Utilização de frases curtas e penetrantes, dando sentido de rapidez ao texto.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

Note o trecho descritivo no seguinte exemplo de petição:

****************************************************************************

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....

................................. e sua esposa .................... (qualificação), portadores do Cédula de Identidade/RG nº .... e ...., respectivamente, residentes e domiciliados na Rua .... nº....,...., por seu procurador judicial in fine assinado, que tem escritório sito na Rua .... nº ...., na Comarca de ...., vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, para propor o presente

USUCAPIÃO

com fundamento no art. 941 e seguintes do Código de Processo Civil e 550 do Código Civil, para tanto, passam a expor e requerer o seguinte:

Com o falecimento de .... e ...., pai e mãe do primeiro requerente, os requerentes tornaram-se proprietários de parte ideal do imóvel com área de .... m², objeto de transcrição nº .... do Liv. .... do RI. da ....ª Circunscrição de .... Por escritura pública de divisão amigável, lavrada às

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fls. ... do livro ...., os requerentes, juntamente com os demais condôminos, subdividiram-se o imóvel em vários lotes e passaram a ter, cada um dos condôminos, posse exclusiva nos lotes que a cada um coube pela subdivisão ocorrida no dia ....

Coube aos requerentes o lote de terreno conforme planta e memorial descritivo em anexo:

Lote de terreno nº ...., da planta ...., de forma irregular, medindo no seu todo .... m² com perímetro de ...., situado com frente para a rua ...., lado esquerdo, distante .... metros da edificação mais próxima, localizado no bairro ...., no município de ...., com indicação fiscal ...., com as seguintes divisas e confrontações: inicia-se no ponto ...., localizado na interseção do alinhamento predial da rua .... e o terreno do sr. .... que está definido com muro de alvenaria, com distância de ...., seguindo pelo alinhamento predial da rua .... atinge o ponto ...., localizado no alinhamento predial com a divisa do terreno do sr. ...., definida com muro de alvenaria. Partindo do ponto ...., com distância de ...., seguindo em linha reta definida pelo muro de alvenaria confrontando com o terreno do sr. .... atinge o ponto ...., que é o início da descrição terreno. (destaque meramente ilustrativo – não deve constar na petição real)

O imóvel usucapiendo encontra-se na posse mansa, pacífica e ininterrupta, sem qualquer oposição, sendo exclusiva dos requerentes desde ...., posse essa reconhecida e respeitada pelos demais irmãos.

Os tribunais têm permitido reconhecer-se usucapião em favor de condômino que exerce a posse trintenária sobre certo e determinado trato do imóvel em condomínio.

Para ilustrar, passamos a transcrever alguns julgados: "Não obstante tratar-se de imóvel usucapiendo dependente de divisão geodésica, suscetível torna-se o usucapião quando se trata de parte delimitada, com divisas certas e confrontações mencionadas incontentes". (1ª Cam. Civ. do TJ/PR, ap. 111/63, ac. 42.028 RT 359/446). "É possível reconhecer-se usucapião em favor de condômino que exerce posse trintenária sobre certo e determinado trato do imóvel em condomínio". (1ª CC. do TA/SP, Ação Rescisória 34.900, RT 321/477)

"O condômino pode usucapir contra a comunhão, desde que tenha posse em parte e determinada do imóvel comum, correspondente ao seu direito dominial." (6ª CC dp TJ/SP, ap. 88.893, RT 305/173).

"Possível é o usucapião de condômino contra os demais uma vez que a sua posse seja localizada e com ânimo de possuir com exclusividade." (4ª CC TJ/MG, ap. 13764 in RT 190/219). Como os requerentes estão na posse do imóvel

anteriormente descrito por mais de .... anos, possuindo-o como seu, mansa e pacificamente, pagando os respectivos impostos, vem, com fundamento no art. 550 do CC., promover a presente, requerendo digne-se determinar:

1) citação, via correio, dos seguintes confrontantes:

a) .... e sua mulher, ele portador da Cédula de Identidade/RG nº ...... residente e domiciliado na Rua .... nº .... Bairro ....;

b) .... e sua mulher, ele portador da Cédula de Identidade/RG nº ..... e CPF/MF nº ...., residente e domiciliado na Rua .... nº ...., Bairro ....;

2) intimação do ilustre representante do Ministério Público para intervir no feito;

3) a expedição de editais de citação para terceiros interessados, condôminos ou não, incertos e desconhecidos;

4) notificação dos representantes das Fazendas Públicas - federal, estadual e municipal; .... para que contestem o pedido, querendo e no prazo legal, e, contestada ou não, após a instrução do processo, seja julgada procedente a pretensão da autora, para que lhes seja outorgado o domínio em relação ao imóvel supramencionado por sentença, que servirá de título para transcrição no Registro de Imóveis competente, condenando-se, eventual parte contestante, nas custas e honorários.

Protestando provar o alegado por qualquer meio de prova em direito admitido, em especial, oitiva de testemunhas, e dando à causa o valor de R$ .... (....).

Nestes Termos

Pede Deferimento

Maceió, 20 de maio de 2011.

Apinocildo Brigagão Centelho Advogado OAB/...

**************************************************************

A descrição é, assim, uma escrava sempre necessária, mas sempre submissa, jamais emancipada. Existem gêneros narrativos, como a epopeia, o conto, a novela, o romance, em que a descrição pode ocupar um lugar muito grande, e mesmo materialmente o maior, sem deixar de ser, como vocação, um simples auxiliar da narrativa.

3. _____________________________: __________

_________________________________________

Dissertar diz respeito ao desenvolvimento de

ideias, de juízos, de pensamentos, de raciocínios

sobre um assunto ou tema.

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A dissertação pode falar de transformações de

estado, mas fala de um modo diferente da narração.

Enquanto a finalidade da narração é o relato das

transformações, o objetivo principal da dissertação é a

análise e a interpretação das transformações

relatadas. O emprego de termos abstratos e genéricos,

assim como o posicionamento crítico, são

características destacadas em textos dissertativos.

Quase sempre os textos (quer literários, quer

científicos) não se limitam a ser puramente descritivos,

narrativos ou dissertativos. Normalmente, um texto é

um complexo, uma composição, uma redação, na qual

se misturam aspectos descritivos, com momentos

narrativos e dissertativos.

Ex.: O Brasil é um país de crescimento desordenado porque a sua realidade econômica é desordenada. O acesso à riqueza está sempre restrito ao poder da elite. Não há uma distribuição de renda justa. Seu desenvolvimento econômico também não é bem distribuído porque se encontra, em suas regiões, uma grande população muito pobre, comandada e oprimida por uma pequena parcela extremamente rica.

A dissertação costuma ser, ainda, dividida em três categorias ou espécies textuais:

3.1 _______________________: aquela que apenas expõe fatos, informando, na maioria das vezes, como acontece nas notícias de jornais, por exemplo.

3.2 _______________________: tida como a principal espécie de dissertação, é aquela mais exigida em provas de concursos, uma vez que pressupõe capacidade de elaboração e defesa de uma tese, por meio do jogo de argumentos.

3.3 ______________________________: é a espécie de dissertação que abarca o discurso considerado mais radical, muitas vezes intransigente, através do qual procura-se convencer o interlocutor, valendo-se de afirmações tidas como intransponíveis (inflexíveis).

DIVISÃO DO TEXTO DISSERTATIVO

O texto dissertativo pode ser dividido em três partes fundamentais:

1. INTRODUÇÃO: O momento inicial (parágrafo inicial) deve apresentar para o leitor o tema (assunto) que será desenvolvido no decorrer de seu texto. O autor deve, antes de mais nada, orientar-se pela sua lógica e criatividade. É preciso construir bem a introdução, a fim de que o texto possa ser, de certo modo, guiado pelo que nela está dito.

2. DESENVOLVIMENTO: Nesta etapa do texto, é preciso demonstrar capacidade de síntese, resumindo sempre os períodos que estiverem muito longos. As ideias devem ser expostas numa sequência lógica, de modo que os conhecimentos não se repitam.

Os referentes textuais precisam ser especificados o mais claramente possível. Não é bom fazer o leitor (examinador) voltar em sua leitura para procurar o referente, isto é, aquilo sobre o que se fala. Nesse sentido, o texto não pode cansar o leitor além do normal. Além disso, da mesma maneira que o desenvolvimento deve discorrer sobre o que foi apresentado no parágrafo introdutório, deve também apontar para um possível desfecho, de tal sorte remetendo o leitor para o parágrafo conclusivo. 3. CONCLUSÃO: Neste ponto da dissertação, o autor deve explanar claramente suas resoluções. Retomando, na medida do possível, as considerações iniciais e apontado as prováveis soluções, o autor deve dar um caráter de fechamento ao texto. Apesar de haver a possibilidade de se construir um final um tanto filosófico, com perguntas retóricas, por exemplo, não é aconselhável deixar questões em aberto na conclusão.

No Direito, portanto, é de grande relevância o

que se denomina tipologia textual: narração, descrição e dissertação. O que torna essa questão de natureza textual importante para o direito é a sua utilização na produção de peças processuais, como a Petição Inicial, a Contestação, o Parecer, a Sentença, entre outras, podendo cada uma delas apresentar diferentes estruturas, a um só tempo. Para melhor compreender essa afirmação, observe o esquema da Petição Inicial e perceba como essa peça pertence a um gênero híbrido do discurso jurídico, o que exige do profissional do direito o domínio pleno desses tipos textuais.

Petição Inicial ________________________________________ Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ____ Vara ____ da Comarca ______ Qualificação das partes (parte descritiva) Dos fatos (parte narrativa) ____________________________________________________________________________________________________________________________________

Do direito (parte argumentativa) ____________________________________________________________________________________________________________________________________

Do pedido (parte injuntiva)

1- _______________________________; 2- _______________________________; 3- _______________________________;

Das provas

Do valor da causa Interpretacao

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Os gêneros textuais (apenas) fazem parte do

grande universo da linguagem. Como se sabe, a linguagem abrange todas as realidades inerentes ao mundo e aos seres que o constituem. Não se pretende aqui mostrar todos os gêneros existentes no âmbito textual, mas, a princípio, proporcionar o conhecimento fundamental sobre eles, bem como o reconhecimento de algumas de suas aplicações.

Por que diferenciar os gêneros? Como identificá-los? Como saber o momento exato para lançar mão de algum ou alguns desses gêneros no instante da produção de texto? Em que o entendimento dessa diferenciação pode ser útil? Essas indagações nortearão o estudo a seguir, procurando enriquecê-lo ao máximo. Para isso, (ratificando) não se fará um amplo estudo dobre cada gênero, mas haverá o devido destaque para os que mais interessarem. 1. Textos presentes com frequência no nosso dia a

dia:

Nos textos presentes no nosso cotidiano a linguagem varia conforme a situação estabelecida entre os interlocutores. Na oralidade, principalmente, a linguagem informal segue a norma culta e é usada em situações formais, como uma entrevista para obter um emprego. A linguagem informal, por sua vez, apresenta uma linguagem mais solta, em que é possível usar até mesmo gírias e repetições, geralmente empregadas em situações informais como uma conversa entre amigos. Um advogado não precisa, por exemplo, utilizar com o filho em casa a mesma linguagem que emprega nos tribunais.

Na escrita, geralmente há um remetente, que envia a mensagem, e um destinatário, que a recebe. Dentre os principais tipos de textos enquadrados nessa categoria, destacam-se: a) ________________: breve correspondência, em

linguagem informal, sobre impressões de viagem. b) ________________: pequeno texto escrito em

linguagem informal que transmite uma mensagem simples e objetiva.

c) ________________: breve texto que apresenta o

nome do convidado, o motivo da mensagem, local, data e hora do evento, além do nome de quem convida.

d) ________________________________: texto utilizado para comunicação com amigos e familiares.

e) ________________: mensagem enviada e

recebida por meio de um sistema de correio eletrônico. Possui linguagem variada, a depender da situação e do objetivo da mensagem.

2. Textos com finalidades instrucionais: São textos que pretendem instruir o leitor sobre um determinado procedimento. Dentre os principais, destacam-se: a) ____________________: texto instrucional com

duas partes: ingredientes e modo de fazer. A linguagem é clara, objetiva e precisa.

b) ____________________: texto instrucional, com a

finalidade de orientar o funcionamento de um aparelho, regras de um jogo, etc.

c) ____________________: texto instrucional, cujo objetivo é orientar ou alertar o paciente sobre o uso de um medicamento. Geralmente, possui linguagem formal e vocabulário técnico.

3. Textos de caráter informativo:

Nos textos informativos, os temas, em geral, são constituídos por fatos ocorridos sucessivamente no mesmo local (guerras, olimpíadas, etc.), em um determinado período de tempo. Podem ser encontrados, sobretudo, em jornais, revistas e enciclopédias. A linguagem empregada nesses textos também varia muito e depende, para isso, de vários fatores: espaço dedicado ao texto, caráter, objetivo... Dentre os principais tipos de textos enquadrados nessa categoria, destacam-se: a) ________________: cujo objetivo é informar ao

leitor fatos atuais, com simplicidade, concisão e precisão. A notícia, normalmente, conta o que ocorreu, quando, onde, como e por quê.

b) ____________________: enfoca, de forma

abrangente, assuntos e não necessariamente fatos novos. A linguagem é, nesse caso, formal, objetiva e direta.

c) _____________________________________: o

primeiro constitui uma disposição organizada de informações apresentadas resumida-mente com recursos de destaque; o segundo, uma representação gráfica de dados físicos, econômicos e sociais; e o terceiro constitui uma ou mais frases curtas para identificar uma foto ou outros elementos.

d) ____________________: expressa a opinião de

um jornal ou revista, ou de seus editores, a respeito de um fato noticiado.

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e) ____________________: tem como finalidade

obter opiniões de uma pessoa a respeito de um assunto e divulgar informações sobre sua vida pessoal ou profissional.

f) ____________________: gênero textual em que o

leitor se dirige a um jornal ou revista para comentar, criticar ou elogiar uma matéria ou carta publicada em edições anteriores.

g) ____________________: gênero textual em que se

apresentam fatos do cotidiano com uma linguagem geralmente informal, levando o leitor à reflexão.

3.1. Textos de caráter apelativo ou persuasivo: Textos com característica informativo-apelativa, que usam mecanismos de persuasão, como apelo emocional, para interferir na vontade e na ação do interlocutor, por meio da exploração do seu universo, dos seus valores e de sua linguagem. a) ____________________________: produção

composta, em geral, de imagem e de texto (ou seja, da união do verbal com o não-verbal), com a finalidade de promover um produto ou estimular sua venda ou aceitação.

b) ____________________________: texto pe-queno

e conciso que transmite as principais informações para compra, venda ou troca de produtos e imóveis.

4. Textos para o exercício da cidadania:

Para o exercício da cidadania, é preciso confrontar opiniões e diferentes pontos de vista, elaborar argumentos que resistam a uma análise e expressar o que se sente ou pensa sobre determinado assunto. Dentre os principais tipos de textos enquadrados nessa categoria, destacam-se:

a) _______________________: requerimento de

caráter argumentativo, em que pessoas se pronunciam de forma coletiva ou individual.

b) _______________________: expressão escrita do

pensamento de uma pessoa ou grupo de pessoas sobre determinado assunto de natureza social, econômica, cultural, etc.

c) _______________________: gênero textual em

que se apresenta uma reclamação, uma solicitação ou ambas, a uma autoridade ou pessoa responsável.

5. Textos de caráter técnico: São textos com os quais, mais cedo ou mais tarde, há a necessidade de lidar. São empregados com frequência em comunicações oficiais dos mais diferentes órgãos. Os mais comuns são:

a) ______________________: pedido feito por

pessoa física ou jurídica de algo a que tem direito; dirige-se a uma autoridade.

b) __________________: correspondência oficial

emitida por órgão público, que pode ser destinada a outro órgão ou a particular.

c) __________________: correspondência breve,

interna ou externa, utilizada tanto pelo serviço público como pela iniciativa privada, para tratar de assuntos rotineiros.

d) __________________: documento no qual são

registradas as ocorrências de uma reunião, assembleia ou de um evento.

e) __________________: histórico profissional de

uma pessoa. Seu objetivo é apresentar o perfil de um candidato a um emprego.

f) __________________: documento utilizado na

área jurídica, na acadêmica e no trato com autoridades públicas, para compilar dados, a fim de recordá-los e explicá-los. Diferencia-se do currículo por trazer comentários sobre a trajetória da vida de uma pessoa.

O estudo de caso jurídico

O estudo de caso é um enfoque sobre um

problema jurídico. Não é propriamente um método, no sentido de que haja um protocolo específico para a sua realização, mas sim um olhar qualificado para uma determinada questão, um problema jurídico.

A qualidade diferenciada desse gênero vem da sua abordagem horizontal, ou seja, nele o investigador faz uma análise ampla da questão, alargando o espectro de observação para além da dogmática jurídica, ao explorar questões políticas, econômicas, sociais, psicológicas, afetivas, de poder, entre outras que se façam importantes do ponto de vista de permitir uma reflexão ampliada do problema, se considerada a tradicional abordagem das questões jurídicas, segundo a tríade ―lei‖, ―doutrina‖ e ―jurisprudência‖.

O estudo de caso jurídico pode, por exemplo, ser uma investigação sobre a posição de um determinado país no plano do direito internacional a respeito de uma questão comercial específica. Pode ser, ainda exemplificando, a investigação sobre o contexto existente quando de uma determinada decisão relevante de um tribunal.

Esse gênero textual é, assim, um retrato descritivo de uma situação complexa seguido de uma reflexão produzida a partir da opção metodológica do investigador sobre o problema. A opção metodológica pode ser abordar a questão do ponto de vista da sociologia, ou da psicologia, ou da economia, ou mesmo combinando-se algumas dessas perspectivas.

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Além de todos esses gêneros citados, vale ressaltar que há ainda alguns outros como o gênero dramático, o roteiro de cinema, a sinopse de filmes ou trabalhos científicos, sem falar na imensa diversidade de gêneros orais não explorados neste rápido estudo.

Leia com atenção os diversos textos a seguir e identifique o gênero textual a que pertencem:

Texto 1

O sufoco

Há quem diga que se pode confiar integralmente no que uma criança fala, mas, sem dúvida, existem algumas restrições cabíveis.

Ana, grávida pela segunda vez, saiu de carro com o filho que aniversariaria em breve. A intenção única desta saída era deixar o primogênito fazer o convite para sua festa de quatro anos à pediatra que acompanha a família desde a primeira gestação. Contudo, infortúnios acontecem a toda hora.

Ana começou a se sentir mal. Seu problema era tal que tinha que ser rapidamente resolvido em um banheiro. Lembrou que a escola do filho estava próxima e para lá se dirigiu. Deu uma desculpa boba na portaria para entrar ali e, puxando o seu garoto, correu para o banheiro. Como não queria deixar o menino solto pela escola, puxou-o para o reservado. Mas ele não ficou preso por muito tempo. Logo o menino começou a reclamar da fetidez e pediu para sair.

Uma vez resolvido o contratempo, Ana apanhou o filho e foi ter com a pediatra amiga.

Já no consultório, Ana falou. — Diga, meu filho, o que você veio fazer aqui.

— Doutora, vim pedir um remédio para minha mãe, que ela está com uma disenteria que não tem quem suporte.

Não é sempre que se pode confiar no que uma criança fala.

Jayson Aguiar.

Gênero:_______________________________

Texto 2

O mundo redesenhado

O livro Paz em Paris, da historiadora Margaret MacMillan, é uma assombrosa reconstituição das conferências que reuniram, na Paris de 1919, os vencedores da I Guerra Mundial.

Veja on line

Gênero:________________________________

Texto 3

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Texto 4

USP, 70

Os 70 anos que a USP (Universidade de São Paulo) completa no próximo domingo não são quase nada na escala do tempo das universidades. As instituições mais velhas da Europa remontam aos séculos 11 (Universidade de Bolonha) e 12 (Universidade de Paris e Oxford). Mesmo no Novo Mundo, as escolas mais antigas são várias vezes centenárias. A Universidade Nacional de Lima, no Peru, data de 1551, a prestigiosa Harvard, nos EUA, é de 1636, e Yale, de 1701. No Brasil, as primeiras universidades datam do século 20. Apesar da tenra idade, a USP pode ser qualificada como um caso de sucesso. Seus desdobramentos não ocorreram no ritmo talvez desejado pelas oligarquias paulistas responsáveis pela sua fundação, cujo propósito era formar ―elites poderosas‖, que auxiliariam São Paulo a retornar ao poder após a derrocada da República Velha a as derrotas para o Regime Vargas. A elite uspiana só chegou de fato ao poder federal em 1994, com Fernando Henrique Cardoso. Os primeiros professores da universidade vieram , por razões óbvias, da Europa. Eram as ―missões estrangeiras‖. Grosso modo, franceses ficaram com as disciplinas conhecidas como humanas; italianos, com as exatas, e alemães – boa parte deles judeus fugindo do nazismo –, com as biológicas. [...] Esses cientistas não se deixaram envolver pela política local, mas foram capazes de ensinar seus alunos a pensar com método. [...]

Folha de S. Paulo

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Estratégias de Leitura

Leia atentamente o texto a seguir.

Selecione as palavras desconhecidas, e verifique se as elas ocorrem no texto por mais de uma vez.

Tente inferir o significado dessas palavras.

Identifique as dicas que o ajudaram na dedução.

Finalmente, reescreva o texto, substituindo as palavras desconhecidas pelos seus supostos significados.

MICAS, SEBAS E MUCHICOS

Até há cerca de 300 anos, o natulo comia xuxocando os pacurros. Como utensílio doméstico, a mica começou por ser usada sobretudo na conjuração dos alimentos. No séc. XIV, à refeição, era comum cortar a carne e espetá-la com micas ponteagudas. No entanto, à medida que o uso da seba se foi difundindo, a ponta da mica tornar-se-ia gradualmente meticulada. O natulo primitivo xuxocava conchas de moluscos como muchico, e os gregos antigos serviam-se de muchicos de madeira para comer ovos. De resto, o muchico seria xuxocado quase exclusivamente para mexer os alimentos durante a sua conjuração e depois para os servir, até que em meados do séc. XVII se juntaria à mica e à seba à mesa das refeições. Supõe-se que as sebas foram usadas pela primeira vez no séc. XI nas casas italianas para comer frutos, que de outro modo poderiam manchar os pacurros. Em finais da década de 1450, as sebas começaram a substituir as micas de ponta aguçada, com as quais se mofofava a carne dos pratos. No entanto, só por volta de 1620 as sebas chegaram à mesa da maioria dos europeus. As sebas primitivas tocutavam apenas dois dentes, até que no início do séc. XIX se tornaram moda as sebas de três dentes, a que se seguiram as de quatro dentes em 1880.

(“Tesouros da cozinha tradicional portuguesa”. Seleções de

Reader’s Digest (eds). Porto: Portugal, 1984).

ANÁLISE TEXTO-DISCURSIVA

Um herói negro que não se chama Zumbi

Antônio Sapucaia – desembargador emérito do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas. Foto: Portal Tudo na Hora.

O que pode fazer um negro miúdo, de pouca estampa, fala baixa e ligeira, sem parentes importantes e vindo do interior, num Estado que nasceu escravista e retardou, o tanto que foi possível, a liberdade de seus ancestrais? Pode muito – se for Antonio Sapucaia. Pode fazer carreira na magistratura e ser aplaudido por onde passa, quando da sua despedida, depois de uma longa jornada de 37 anos. Ser juiz em municípios os mais diversos, em que quase sempre fez morada, sentindo a alma do povo para o qual trabalhava. Magistrado linha- -dura, que descartou os presentes dos mais afoitos e desavisados, mas conquistou o respeito e a admiração de pobres e ricos que enxergaram nele a fumaça do bom Direito. Pode provocar a ira de alguns de seus pares ao entrar pela porta da frente – a mesma pela qual sai – da principal Corte da Justiça de Alagoas. Seu discurso de posse – inesquecível! –, de uma inesperada contundência, resultou, é a verdade, em muitos desafetos. Mas deu-lhe novos amigos e marcou o começo de um novo tempo na magistratura alagoana, cujas vísceras foram ali expostas. Pode ser dono de um humor desconcertante, pela rapidez com que se manifesta sempre. Como no dia em que fui entrevistá-lo e por nós passou uma bela moça (dona Marli, por favor, pule essa parte.) Seguiu-a discreta mas insistentemente, ao que indaguei: "Doutor?!". A resposta veio do homem simples e sagaz: "A Justiça é cega, o juiz, não." Pode escrever um livro – sobre Costa Rego –, resultado de incansável e criteriosa pesquisa que recolheu e perpetuou os feitos de um conterrâneo, jornalista como ele, que governou Alagoas com mão de ferro e muito respeito pelo bem público. Pode fazer a população de um Estado inteiro se sentir de alma lavada – em êxtase, quase –, por conta de uma decisão difícil que tomou, mesmo que isso lhe tenha custado algumas noites de sono. Era, sabia, a chance de reescrevermos a nossa história.

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Pode, por isso, atrair a ira dos que se julgavam acima da Lei, mas que tiveram de se curvar à firmeza de caráter do mesmo negro miúdo, em cujos cabelos encarapinhados o tempo tratou de registrar sua inexorável passagem. Pode ser o herói de um povo cuja esperança de há muito havia se despedido. Sim, porque a ficção produz deuses; os heróis se forjam nas misérias do cotidiano, com suas fraquezas e grandezas – quando estas são as mais necessárias e menos disponíveis aos seus próximos. Pode – e deve – carregar na memória os erros cometidos, o que o torna ainda mais humano, demasiado humano. Sem nunca, entretanto, ter deixado fugir a essência do homem justo. Pode, enfim, usufruir do direito de descansar, ler, viajar e – como me disse – cuidar dos netos. Faça isso pelos seus, doutor Antonio Sapucaia. O senhor já fez tanto pelos nossos!

Ricardo Mota – Tudo na Hora, 30 de maio de 2008.

Que inferência é possível fazer, a partir da leitura do título do texto?

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O autor empregou, no primeiro parágrafo, um recurso chamado intertextualidade. Identifique o trecho que comprova essa afirmação.

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Qual o principal recurso empregado pelo autor para estruturar os parágrafos do texto? Que efeito isso apresenta, no tocante à progressão textual?

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Em que tipologia predominantemente se enquadra o texto de Ricardo Mota? Por quê?

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Todo bom texto é construído com palavras ou

expressões que indicam ideias ou circunstâncias diversas. Aponte a circunstância estabelecida em cada um dos dez trechos selecionados abaixo:

1. ―quando da sua despedida‖ (2º parágrafo)

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2. ―sentindo a alma do povo para o qual trabalhava (2º

parágrafo) _________________________________________

3. ―ao entrar pela porta da frente – a mesma pela qual

sai – da principal Corte da Justiça de Alagoas. (3º parágrafo) _________________________________________

4. ―Como no dia em que fui entrevistá-lo‖ (4º

parágrafo) _________________________________________

5. ―que governou Alagoas com mão de ferro e muito

respeito pelo bem público.‖ (5º parágrafo) _________________________________________

6. ―por conta de uma decisão difícil que tomou‖ (6º

parágrafo) _________________________________________

7. ―mesmo que isso lhe tenha custado algumas noites

de sono.‖ (6º parágrafo) _________________________________________

8. ―Pode, por isso, atrair a ira dos que se julgavam

acima da Lei‖ (7º parágrafo) _________________________________________

9. ―o que o torna ainda mais humano, demasiado

humano.‖ (9º parágrafo) _________________________________________

10. ―Pode, enfim, usufruir do direito de descansar, ler,

viajar e – como me disse – cuidar dos netos.‖ (último parágrafo) _________________________________________

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PONTUAÇÃO

Pontuação é o recurso que permite expressar na língua escrita um espectro de matizes rítmicas e melódicas características da língua falada, pelo uso de um conjunto sistematizado de sinais gráficos. Existem alguns sinais básicos de pontuação. São eles: Ponto (.) — Usa-se no final do período, indicando que o sentido está completo. Também usado nas abreviaturas (Dr., Exa., Sr.). Ex.: O TRE anunciou os votos válidos. Ponto de exclamação (!) — Usa-se no final de qualquer frase que exprime sentimentos, emoções, dor, ironia e surpresa.

Exs.:

Que linda paisagem!

A administração desse prefeito é realmente ―maravilhosa‖!

Ponto de interrogação (?) — Usa-se no final de uma frase interrogativa direta e indica uma pergunta.

Ex.: Você concorda com a posse de arma de fogo por um cidadão comum?

Reticências (…) — Podem marcar uma interrupção de pensamento, indicando que o sentido da oração ficou incompleto, ou uma introdução de suspense, depois da qual o sentido será completado. No primeiro caso, a seqüência virá em maiúscula – uma vez que a oração foi fechada com um sentido vago proposital e outra será iniciada à parte. No segundo caso, há continuidade do pensamento anterior, como numa longa pausa dentro da mesma oração, o que acarreta o uso normal de minúscula para continuar a oração. Exs:

Ah, como era verde o meu jardim... Não se fazem mais daqueles.

Foi então que Manoel retornou... mas com um discurso bastante diferente!

Aspas (― ‖) — Usam-se para delimitar citações, referir títulos de obras, realçar uma palavra ou expressão, marcar palavras ausentes do vernáculo (palavras estrengeiras) ou, ainda, para expressar o sentido conotativo, figurado das palavras. Ex.: A menina que salvou o irmão passava um ar de

doçura na entrevista. Aquela ―florzinha‖ não sabe o bem que fez à sua família.

Parênteses (( )) — Marcam uma observação ou informação acessória intercalada no texto. Meia‐risca (–) — Separa extremidades de intervalos.

Parágrafo — Constitui cada uma das secções de frases de um escrito; começa por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que começam as outras linhas.

Colchetes ([ ]) — utilizados na linguagem científica. Asterisco (*) — empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota (observação). Barra (/) — aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas. Ex.: 30/04/2008; S/A (Sociedade Anônima) Hífen (−) — usado para ligar elementos de palavras compostas e para unir pronomes átonos a verbos ( menor do que a Meia−risca) Dois-pontos (:) — Marcam uma pausa para anunciar uma citação, uma fala, uma enumeração (separada do texto contínuo), um esclarecimento ou uma síntese. Exemplos de uso dos dois-pontos:

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Travessão (—) — Marca o início e o fim das falas em um diálogo, distinguindo cada um dos interlocutores; separa as orações intercaladas; destaca as sínteses no final de um texto. Também é usado para substituir parênteses ou vírgulas. Exemplos de uso do travessão:

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Ponto e vírgula (;) — Sinal intermediário entre o ponto e a vírgula, indica que o sentido da frase será complementado. Representa uma pausa mais longa que a vírgula e mais breve que o ponto. É usado em frases constituídas por várias orações, algumas das quais já contêm uma ou mais vírgulas; também para separar frases subordinadas dependentes de uma

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subordinante; como substituição da vírgula na separação da oração coordenada adversativa da oração principal. Exemplos de uso do ponto e vírgula:

O povo do Haiti, meses depois do grande terremoto que acometeu o país, ainda sofre com as consequências; parece não haver esperança de um futuro melhor para aquela debilitada população.

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Emprego da Vírgula

Para o emprego correto da vírgula, deve-se considerar a ordem direta da frase: _________ > ________ >___________>__________

Erros quando a ordem da frase é direta:

Não pode haver vírgula entre sujeito e predicado: Ex.: O supervisor, distribuiu as tarefas. Não pode haver vírgula entre o verbo e seus complementos: Ex.: Os alunos refizeram, todos os textos. Não pode haver vírgula entre o nome e o complemento nominal ou adjunto adnominal: Ex.: A extração, do dente foi dolorosa.

Os 12 principais usos da vírgula De modo geral, a vírgula é empregada: I. Para separar orações coordenadas aditivas ainda

que sejam iniciadas pela conjunção e, proferidas com pausa:

―Os dias passavam, e as águas, e os versos, e com elas também ia passando a vida da mulher.‖ (Machado de Assis)

II. Para separar orações coordenadas alterna-tivas

(ou, quer, etc), quando proferidos com pausa:

Eles partirão daqui agora, ou deixarei a tropa.

Quer chova, quer faça sol, iremos à praia amanhã.

Obs.: Se denota equivalência, não se separa por vírgula o ou posto entre dois termos:

Solteiro ou solitário se prendem ao mesmo termo latino.

Rezar ou orar carregam a mesma significação no âmbito religioso.

III. Para marcar a supressão (elipse) do verbo:

A sala era suntuosa: no teto, lustres imensos; nas paredes, quadros famosos.

Eu bebia guaraná, e ele, um whisky.

Ele sai agora: eu, logo mais. IV. Para marcar a anteposição ao verbo de objetos

ou predicativos que depois sejam repetidos:

Os livros, não os comprei.

Excelente juiz, um dia o serei. V. Para separar elementos da mesma ordem

hierárquica na frase, ou seja, da mesma função sintática, quando não vêm unidos por e, ou e nem.

Pôncio, Cornélio, Ermenegildo, e Apolônio formam a defesa da Seleção de futebol do bairro. (separando os núcleos do sujeito composto)

As medidas atingem pais, alunos professores e funcionários. (separando complementos verbais)

VI. Para isolar o vocativo:

Você ouviu, Rafhaella Crhistinny, que barulho estranho?

Ouvi, ó Senhor, as nossas súplicas! VII. Para isolar o adjunto adverbial, quando ele é

extenso, está deslocado ou quando se quer destacá-lo:

Em meados do XIX século da era cristã, os tetravós de Ermenegildo receberam a fazenda Porta do Céu como prêmio pela bravura nos combates populares.

Na fazenda, Everlice Plínia, irmã de Ermenegildo, costumava passar as tardes correndo atrás das borboletas azuis.

VIII. Para separar certas palavras e expressões

interpessoais: por exemplo, porém, ou antes, por assim dizer, além disso, aliás, com efeito, então, outrossim, pois, assim, entretanto, todavia, etc.

Elas gritavam. Eu, porém, nem me incomodava.

Quer dizer que você, então, não foi mais à Nova Zelândia.

Ficamos, assim, livres da vergonha de sermos chamados trogloditas.

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IX. Para separar ORAÇÕES REDUZIDAS de gerúndio, de particípio e de infinitivo:

―Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.‖ (Jo 13,1)

Terminada a conferência, foi nos oferecido um juntar.

Aplaudiram fortemente o orador, levantando, assim, o seu moral.

Atenção especial para este caso!

X. Para separar orações iniciadas pela conjunção

e, quando os sujeitos forem diferentes:

Quantas vezes uma vírgula modifica uma sentença, e uma palavra pode destruir uma grande amizade.

A mulher aceita o homem por amor ao casamento, e o homem tolera o matrimônio por amor à mulher.

XI. Para isolar as orações adjetivas explicativas:

Brasília, que é a capital do Brasil, foi fundada em 1960.

A beleza, que é a fonte do amor, é também princípio de bondade.

XII. Depois do sim e do não, usados como

respostas, no início da frase:

―Sim, diga ao povo que fico.‖

Não, não vou sair do Brasil.

01. (FES) Empregue a vírgula corretamente nas mais diversas sentenças:

1- Eu só desejo meu filho a tua felicidade. 2- Arnaldo meu vizinho gosta de música caipira. 3- Desejo-te saúde dinheiro muito amor. 4- A língua oral está livre de convenções e a língua

escrita é mais apegada a usos adquiridos ao longo de uma tradição.

5- Ela uma das melhores do curso. 6- Depois as coisas mudaram. 7- As coisas depois mudaram. 8- A história diz Cícero é a mestra da vida. 9- Ermenegildo nem pergunte onde ele está. 10- Everlice mora em Jacaré dos homens importante

cidade do interior de Alagoas.

02. ―Bem-aventurado, pensei eu comigo, aquele em que os afagos de uma tarde serena de primavera no silêncio da solidão produzem o torpor dos membros.‖ (Herculano)

No período em apreço, usaram-se as vírgulas para separar:

a. uma oração pleonástica;

b. uma oração coordenada assindética

c. um adjunto deslocado;

d. elementos paralelos;

e. uma oração intercalada.

a. Assinale a única alternativa que apresenta pontuação não justificável:

(A) Eu, sou valente, disse o fanfarrão.

ii. Todos os meus amigos sabem disso, meu caro!

iii. Todos os meus amigos sabem, disso estou certo!

iv. A caridade, que é virtude cristã, agrada mais a Deus que aos homens.

v. Fui lá, ainda ontem, e procurei-o. 04. (AMAN) “Para meu desapontamento, nasceu um

ser raquítico e feio, pesando um quilo.” As vírgulas, na frase acima transcrita, foram utilizadas, respectivamente para:

(A) isolar o aposto e separar uma oração subordinada

da principal;

(B) marcar o início de uma oração intercalada e separar orações coordenadas assindéticas;

(C) marcar o deslocamento do adjunto adverbial e separar uma oração adjetiva explicativa da principal;

(D) isolar o objeto pleonástico e indicar a elipse da conjunção;

(E) separar uma oração subordinada anteposta à principal e separar uma oração subordinada posposta à principal.

05. (AMAN) ―Éramos alunos, e rapidamente se

estabeleceu intimidade entre nós.‖ No trecho acima, a vírgula tem a função de separar:

(A) duas orações coordenadas assindéticas;

(B) o adjunto adverbial intercalado;

(C) duas orações coordenadas sindéticas adver-sativas;

(D) duas orações coordenadas que possuem sujeitos diferentes;

(E) duas orações coordenadas justapostas.

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Regência Verbal Casos mais relevantes

É a relação de subordinação existente entre

um complemento (palavra regida) e a palavra cujo sentido é completado. Nesse caso, é o verbo que tem seu sentido completado por outro termo. Observe a regência de alguns verbos:

ANSIAR

No sentido de causar ânsia, angustiar, constrói-se com objeto direto. Por exemplo: A solidão ansiava-o. No sentido de desejar ardentemente, constrói-se com objeto indireto.

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ASPIRAR

No sentido de sorver, tragar, constrói-se com objeto direto. Por exemplo: Marta aspirava o perfume das rosas. No sentido de desejar, pretender, constrói-se com objeto indireto. ____________________________________________

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ASSISTIR

Admite várias regências. Por exemplo: O enfermeiro assiste o paciente (objeto direto no sentido de prestar assistência, proteger, servir). Assisti ao jogo (objeto indireto no sentido de presenciar, estar presente). Não lhe assiste o direito de julgar os indefesos (objeto indireto, lhe e lhes, no sentido de caber, pertencer direito ou razão a alguém). Durante minha infância, assistia num sítio muito aprazível (adjunto adverbial de lugar, no sentido de morar, residir).

CHAMAR

Pode ser usado com: objeto direto (O professor chamou o aluno). Objeto indireto (Chamou por um servente). Objeto direto + predicativo (Chamaram-no idiota). Objeto indireto + predicativo (Chamaram-lhe idiota). Nestes casos, o predicativo pode vir regido da preposição de. Por exemplo: Chamaram-no (lhe) de inteligente.

CHEGAR, IR e MORAR

São verbos intransitivos, mas exigem a preposição ―a‖ quando indicam lugar: ____________________________________________

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CONTENTAR-SE

Constrói-se com objeto indireto regido das preposições com, de, em. Por exemplo: Contentam-se com pouca coisa. Contentei-me de responder com certeza. Contentava-se em vê-la sofrer.

DEPARAR

Constrói-se com objeto direto ou indireto no sentido de encontrar. Por exemplo: Deparei (com) mulheres na praia. Constrói-se com objeto direto ou indireto no sentido de fazer aparecer, apresentar. Por exemplo: O juiz não deparou solução ao processo. Constrói-se com objeto indireto no sentido de apresentar-se, oferecer-se, sendo o verbo pronominal. Por exemplo: Depararam-se com coisas estranhas.

ESQUECER e LEMBRAR

Admitem três construções:

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INFORMAR, AVISAR, PREVENIR e CERTIFICAR

Podem ser: com objeto direto (Não o posso informar). Com objeto indireto (Não lhe posso informar). Com os dois objetos (Informei-me dos preços da carne).

ATENDER, OBEDECER e DESOBEDECER

Empregados com objeto indireto:

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PERDOAR e PAGAR

Transitivo direto com objeto direto de coisa (Perdoei suas dívidas). Transitivo indireto com objeto indireto de pessoa (O pai não lhe perdoa). Transitivo direto e indireto (Perdoei-lhe a ofensa).

PREFERIR

Transitivo direto e indireto (Prefiro café a chá). Esse verbo não se constrói com a locução do que. Também não se diga preferir antes (pois é um pleonasmo); preferir já significa querer antes.

PRESIDIR

Constrói-se indiferentemente com objeto direto ou indireto.

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PROCEDER

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No sentido de ter fundamento, é intransitivo (Essa acusação não procede). No sentido de realizar, é transitivo indireto (Procedeu-se ao inventário da família).

SIMPATIZAR e ANTIPATIZAR

Pede objeto indireto + com e não é pronominal.

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VISAR

É transitivo direto no sentido de apontar arma de fogo contra (O caçador visou o alvo). É transitivo indireto no sentido de ter em vista (O pai trabalhava visando ao conforto dos filhos).

IMPLICAR

É transitivo direto no sentido de acarretar uma consequência (O trabalho malfeito implicou a demissão do funcionário). É transitivo indireto no sentido chatear, cismar com alguém (Quando o irmão mais velho implicava com o mais novo, o pai o advertia.).

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Regência Nominal Casos mais relevantes

A regência nominal é estabelecida por preposições que ligam um termo regente ou subordinante a um termo regido ou subordinado. O termo regente é sempre um nome, entendido como tal o substantivo, o adjetivo e o advérbio.

Termo regente Preposição Termo regido

Disposição (substantivo)

para viajar.

Nocivo (adjetivo)

à saúde.

Favoravelmente (advérbio)

a todos.

Atenção para as regências de alguns nomes:

Alguns termos com as iniciais A e B:

adequado a; abrigado de; afável com, para com; alheio a; amante de; amigo de; amoroso com; análogo a; ansioso de, por; anterior a; aparentado com; apto para, a; avesso a; ávido de; bacharel em; benéfico a;

Os candidatos não estavam aptos para disputarem uma eleição tão difícil.

Naquele dia, todos pareciam muito ansiosos por que o jogo acabasse.

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Algumas expressões com as iniciais C e D:

caritativo com, para; caro a; certo de; cheio de; cheiro a, de; compreensível a; comum a, de; conforme com, a; constante em; contíguo a; contrário a; devoto de; dócil a; doente de; doutor em; direito a, de.

Certos da vitória, os fiéis tornaram-se, definitivamente, devotos da esperança.

Os contribuintes têm sido constantes em suas reclamações à Receita Federal.

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Algumas palavras com iniciais de E a H:

entendido em; erudito em; fácil de; favorável a; generoso com; hábil em; hostil a.

A decisão do STF foi, enfim, favorável às candidaturas dos empresários goianos.

Ficou evidente a hostilidade da população àquelas atitudes grotescas da polícia.

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Algumas palavras com iniciais de I a N:

ida a; idêntico a; idôneo para; leal a; lento em; liberal com; manco de; manso de; necessário a; nobre de, em;

Nossa ida a Brasília se revela necessária à nação.

O animal que encontramos na estrada era manco de uma das pernas.

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Alguns outros termos:

oblíquo a; oposto a; pálido de; pertinaz em; possuído de; querido de, por; sábio em; tardo a; temeroso de; único em; útil a, para; vazio de.

Os termos são vazios de significação.

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01. (FES) No tocante à regência das frases a seguir,

assinale a alternativa que não atende à norma padrão estabelecida para esse tópico gramatical:

(A) A questão consiste em os brasileiros adotarem medidas mais rigorosas contra as infrações de trânsito.

(B) A casa do operário era contígua à fábrica onde ele trabalhava, mesmo assim, chegava atrasado com frequência.

(C) Clemenisvaldo é um aluno que apresenta bastante dificuldade na resolução das questões de matemática, embora vá às aulas todos os dias.

(D) Segundo explanou aos jornalistas o representante das Nações Unidas, o Conselho de Segurança da Organização simpatiza-se às causas dos países menos desenvolvidos.

(E) Em um mundo sedento de verdades, o Mestre de Nazaré, Lírio do Vale, Estrela da Manhã, nos revela: ―Eu sou a Verdade‖. Que nossa alma, portanto, suspire por Ele!

02. (FCC) A frase totalmente de acordo com as

normas da gramática prescritiva, no que se refere à regência, é:

(A) Eles estão hesitantes por como apresentar o projeto, pois pensaram, inicialmente, em fazer painel explicativo à maneira como funciona a engrenagem.

(B) Nem bem chegou o rapaz, ela divisou-lhe, e, aproximando-se a ele rapidamente, entregou as pastas de cujo conteúdo ele já estava a par.

(C) A harmonia do homem e a natureza é algo que todos dependem, embora muitos revelem má vontade para com as coisas naturais simplesmente porque não as conhecem bem.

(D) Na sua genuína acepção, a cultura nunca se limitou a reproduzir os desejos dos homens, mas sempre ergueu a sua voz contra as duras condições em que se desenrola a vida.

(E) Desde o momento que as formas culturais constituíram em ganha-pão dos seus criadores, o mercado começou a agir para ficar propício com elas.

03. (FES) Reescreva as orações a seguir de

acordo com a norma culta padrão, observando as questões de regência:

a) O cantor que eu mais simpatizo é Roberto Carlos.

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b) Todo mundo trabalhava naquilo que mais gostava.

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04. (FCC) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada:

―Desta forma, ..... estimular as obras do metrô, uma solução não poluente, .... eficácia supera a de outras modalidades de transporte.‖

(A) Impõem-se --- da qual a

(B) Impõe-se --- que a

(C) Impõem-se --- cuja

(D) Impõe-se --- a qual

(E) Impõe-se --- cuja

05. (Covest) No trecho ―Ao considerar que a energia é um dos bens mais valiosos que a Nação dispõe (...)‖, o Diário de Pernambuco registra um tipo de regência comum na linguagem coloquial. De acordo com a norma padrão, a regência seria:

(A) a que a Nação dispõe

(B) por que a Nação dispõe

(C) de que a Nação dispõe

(D) contra que a Nação dispõe

(E) em que a Nação dispõe

06. (FCC) Assinale a alternativa em que há erro quanto à regência:

(A) São essas as atitudes de que discordo.

(B) Há muito já lhe perdoei.

(C) Informo-lhe de que paguei o colégio.

(D) Costumo obedecer a parceiros éticos.

(E) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente ao doente.

07. (FGV) Assinale a alternativa que não obedece à norma culta em relação à regência.

(A) Constava que o maestro, nos momentos em que mais dependia dos violinos, tinha um tique nervoso que denunciava sua preocupação.

(B) As normas a que todos obedeciam chamavam-se gerais. As especiais eram aquelas a que poucos obedeciam.

(C) Na história da cantora, desde criança, várias vezes apareciam referências a ela ser a menina que ninguém na escola gostava.

(D) O salário que eles recebiam num mês mal dava para cobrir as despesas básicas da família. Costumava-se dizer que sobrava mês no final do salário.

(E) Tinha esperanças de que o mensageiro trouxesse brevemente as noticias de que mais precisava.

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CONCORDÂNCIA NOMINAL

O adjetivo - como regra geral, o adjetivo concorda com o substantivo em gênero e número:

menino educado - menina educada meninos educados - meninas educadas

Casos Especiais 1. O adjetivo, após dois ou mais substantivos, pode concordar com o mais próximo (quando se refere só a ele) ou ir para o plural (quando se refere a todos):

Escolhi um cravo e uma rosa branca. Escolhi um cravo e uma rosa brancos.

Observações:

a. quando se refere a substantivos de gêneros diferentes, o adjetivo vai para o masculino plural:

Gosto de mamão e pêra maduros.

b. quando se refere a substantivos sinônimos ou que se apresentam em gradação, concorda com o mais próximo:

Apreciamos o orgulho e a altivez feminina. Um olhar, um gesto, um suspiro lento comoveu-o.

2. O adjetivo, colocado antes de dois ou mais substantivos, pode concordar com mais próximo ou ir para o plural (se os substantivos forem nomes próprios ou títulos):

Ruidosas alunas e alunos correm pelo pátio. Os bondosos Pedro e Maria chegaram.

3. Dois ou mais adjetivos ficam no singular quando se referem a partes de um substantivo plural:

É um estudioso das línguas francesa, russa e grega.

4. Os adjetivos que substituem advérbios ficam invariáveis:

Elas escrevem correto (corretamente).

5. O adjetivo, com função de predicativo (do sujeito ou do objeto), concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere:

José e sua sobrinha viajaram juntos. Encontrei as meninas preocupadas.

6. O adjetivo, com função de predicativo, fica no masculino se o sujeito do verbo "ser" não estiver determinado; estando o sujeito determinado concorda com ele:

Caça é proibido aqui. / A caça é proibida aqui II. Alguns casos Particulares 1. Obrigado, Mesmo e Próprio - concordam em gênero e número com o nome a que se referem:

Muito obrigada, disse a menina. Eles mesmos fizeram o trabalho.

2. Anexo e Incluso - são adjetivos e, portanto, variáveis:

Enviaremos, anexas (inclusas) as contas. Observação - Em Anexo é locução adverbial, por isso é invariável: As contas foram enviadas em anexo.

3. Meio - essa palavra pode ser empregada como:

a) numeral - é sinônimo de "metade" e é variável, concordando com o substantivo a que se refere:

Ela comeu meia manga.

b) advérbio - é sinônimo de "um pouco e é invariável:

Maria está meio distraída.

4. Muito, Pouco e Bastante - também estas palavras podem ser empregadas de duas maneiras:

a. quando advérbios, relacionam-se com o adjetivo ou o verbo e são invariáveis:

Ela é muito/pouco/bastante estudiosa.

b. quando pronomes relacionam-se com o substantivo e concordam com ele em gênero e número:

Ele tem muitos/poucos/bastantes livros.

5. Quite - concorda em número com o substantivo a que se refere:

Eles estão quites com o clube.

6. Menos - é invariável, uma vez que é advérbio:

Ela estava meio distraída.

7. Haja Vista - é expressão invariável que equivale a "tendo em vista":

Haja vista os motivos dados por ele, concordaremos

com isso.

8. Possível - Quando faz parte das expressões superlativas o(a) mais, o(a) menos, o(a) maior, o(a) menor, o(a) melhor, o(a) pior, essa palavra concorda com o artigo:

Todos estavam o mais atentos possível./ Eram os quadros mais belos possíveis.

10. Um e outro, Nem um nem outro

O substantivo fica sempre no singular; o adjetivo, se estiver presente, deverá ficar no plural.

Refiro-me a uma e outra mulher americanas.

Não comprei nem uma nem outra obra recomendadas.

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CONCORDÂNCIA VERBAL

Regra Geral

O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa:

Concordância com sujeito composto:

1 – Sujeito composto por elementos da 3ª pessoa gramatical, verbo na 3ª pessoa do plural:

Julyaneide e Halyysson conheciam o caminho.

2 – Sujeito composto por elementos de pessoas gramaticais diferentes, verbo no plural, obedecendo à seguinte lei de prevalência:

2.1 – A primeira pessoa prevalece sobre as demais:

Eu e Madalena compramos vários livros.

2.2 – A segunda pessoa prevalece sobre a terceira:

Tu e os deputados encontrareis apoio.

Casos particulares:

1 – Sujeito formado por expressão partitiva: (parte de, uma porção de, a maioria de) + substantivo ou pronome = verbo no singular ou no plural:

A maior parte dos estudantes se rebelou (rebelaram) contra a coordenação pedagógica.

2 – Sujeito formado pela expressão mais de um + substantivo = verbo no singular:

Mais de um professor assinou a declaração.

OBSERVAÇÕES: O verbo poderá ir para o plural:

2.1) Se a expressão vier repetida:

Mais de um homem, mais de uma mulher quiseram comprar os doces.

2.2) Se a frase indicar reciprocidade:

Mais de um deputado acusaram-se de corrupção.

3 – Nas frases onde o pronome relativo QUE funciona como sujeito, a concordância se dá com a pessoa antecedente do QUE:

Sou eu que faço novas todas as coisas.

4 - Nas frases onde o pronome relativo QUEM funciona como sujeito, a concordância se dá com a terceira pessoa do singular (concordando com o QUEM), ou com o seu antecedente:

Sou eu quem mostra as portas do Paraíso.

Sou eu quem revelo a essência do amor.

5 – Quando o sujeito é formado pela expressão UM DOS QUE pura e simplesmente empregada, o verbo deve ir (como atributo do português contemporâneo) obrigatoriamente para o plural.

O Ifet, entre as instituições educacionais de Maceió, é um dos que mais aprovam no vestibular.

OBSERVAÇÕES: Quando a expressão UM DOS QUE vem entremeada de substantivo, o verbo pode:

5.1) Ficar no singular obrigatoriamente – quando o verbo se refere a um só ser:

O salgadinho é um dos riachos maceioenses que tinha beleza em outras épocas.

5.2) Ir para o plural: quando a referência verbal se faz a dois ou mais seres:

O salgadinho é um dos riachos maceioenses que estão poluídos.

6 – Sujeito formado por nomes que só existem no plural:

6.1 – Os não precedidos de artigo mantêm o verbo no singular:

Estados Unidos segue com guerra no Iraque.

6.2 - Os precedidos de artigo levam o verbo para o plural:

As Minas Gerais são ricas em pedras preciosas.

7 – Verbo transitivo direto + SE + sujeito paciente = verbo concordando com o sujeito:

Aluga-se chácara e vendem-se automóveis usados.

OBSERVAÇÃO:

7.1 – Se o verbo transitivo direto é acompanhado de verbo auxiliar, só este varia:

Todos devem acompanhar as manifestações.

8 – Nome coletivo no singular deixa o verbo no singular, mesmo que venha seguido de nome no plural:

O pessoal disse que a turma não gostou do que viu.

9 – Todos os pronomes de tratamento são da 3ª pessoa; portanto, exigem o verbo nessa pessoa:

V. M. fique despreocupado, que nada lhe acontecerá.

O verbo ser concorda com o predicativo do sujeito nestes casos:

1 – Quando um destes pronomes: isto, isso, aquilo, tudo, ninguém, nenhum, é o sujeito do verbo ser:

Nem tudo são flores. / Aquilo eram as encomendas.

2 – Quando uma expressão de valor coletivo do tipo de o resto, o mais, ou uma expressão de sentido partitivo como em a grande maioria, a menor parte é sujeito do verbo ser:

A grande parte eram trabalhadores.

3 – Quando o sujeito é constituído pelos pronomes interrogativos que ou quem:

Que são esses pacotes?

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Testando o conhecimento

01. (FCC) ...... de ...... alguns estudos sobre o stress no trabalho, com resultados semelhantes, não ...... os países.

(A)) Acabam - ser concluídos - importam

(B) Acaba - ser concluído – importam

(C) Acaba - ser concluído – importa

(D) Acabam - ser concluído – importam

(E) Acaba - ser concluídos – importa

02. (FCC) A concordância está feita corretamente em:

(A) Os poucos anos de escolaridade do trabalhador são insuficientes para um bom uso das inovações tecnológicas.

(B) O número de postos de trabalho geralmente aumentam quando as empresas elevam a produtividade.

(C) Os trabalhadores que perdem o emprego pode ser admitido em novos postos, dependendo do nível de escolaridade.

(D) Existe vários efeitos que é resultante da aplicação da tecnologia, capazes de gerar novos empregos.

(E) A recuperação de novos postos de trabalho nas empresas são possíveis para candidatos com formação adequada a eles.

03. (FCC) ......, na última hora, as normas que ...... com tanta antecedência.

(A) Alterou-se - havia sido estabelecidas (B)) Alteraram-se - haviam sido estabelecidas (C) Alterou-se - haviam sido estabelecidas (D) Alteraram-se - havia sido estabelecidas (E) Alterou-se - havia sido estabelecido

04. (FCC) A concordância está inteiramente correta na frase:

(A) É correto as tentativas de aperfeiçoamento das leis que envolvem condenados por crimes considerado hediondo.

(B) Existe muitos jovens, envolvidos em ações criminosas, que necessitam de apoio que o ajudem a recuperar-se.

(C) Ações criminosas devem ser combatidas com rigor, mas é importante adotar medidas de segurança que previnam sua ocorrência.

(D) Seria eficaz, no combate ao crime, medidas que realmente punissem seus autores com penas proporcional aos delitos cometidos.

(E) O uso de crianças e jovens em atividades ilegais são comuns, especialmente entre os mais pobres, que o consideram um caminho para sair da miséria.

05. (FCC) Quanto às normas de concordância verbal, a frase inteiramente correta é:

(A) Mais gente, assim como o fez a juíza brasileira, deveriam ponderar as sábias palavras que escolheu Disraeli para convocar a ação dos justos.

(B) A muitas pessoas incomodam reconhecer que sua omissão diante da barbárie as torna cúmplices silenciosas dos contraventores e criminosos.

(C) É comum calarmos diante dos descalabros a que costumam dar destaque o noticiário da imprensa, e acabamos, assim, por consenti-los.

(D) Quando não se opõem à ação do homem acanalhado, quando ocorre essa grave omissão, os homens justos deixam de fazer valer seu peso político.

(E) Se tivessem havido firmes reações aos descalabros dos canalhas, estes não desfrutariam, com sua falta de escrúpulo, de um caminho já aplainado.

06. (FCC) A concordância está correta na seguinte frase:

(A) Novas usinas de produção de álcool deve passar a funcionar dentro de cinco anos, possibilitando lucros que deve beneficiar o setor.

(B) Deveria entrar em funcionamento noventa novas usinas de produção de álcool, número que se somarão à s unidades já existentes no País.

(C) Espera-se aumento considerável na fabricação de carros que utilizam o álcool como combustível, com estimativas otimistas para o setor.

(D) Investimentos no setor alcooleiro tem sido feito para que se amplie as exportações à medida que a tecnologia brasileira desperte interesse mundial.

(E) A preferência na compra de carros bicombustíveis propiciariam aumento no consumo de álcool, e também no volume de exportações do produto.

07. (FCC) A concordância está feita corretamente na frase:

(A) Grandes extensões de terras, antes improdutivas, no mundo todo, foi transformado num vasto celeiro.

(B) O clima de muitos países, como por exemplo Rússia e Canadá, oferecem sérias restrições à agricultura.

(C) Uma grande parte das terras brasileiras estão cobertas pela floresta amazônica, o que a tornam impraticáveis para a lavoura.

(D) O Brasil ainda possui terras que podem ser destinadas à agricultura, uma área equivalente ao território da França e ao da Espanha somados.

(E) Resta ainda no Brasil milhões de hectares, que constitui uma das maiores reservas de terras agrícolas do planeta.

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Com um “rei na barriga”, mas nada na cabeça!

Eduardo Sampaio*

De modo geral, as sociedades, por mais primitivas e iletradas que sejam, possuem alguma espécie de dito popular. Normalmente, ele facilita a comunicação, ao se valer de expressões capazes de traduzir todo um conjunto peculiar de raciocínios; evoca para si uma gama de conceitos culturais e históricos, presentes no imaginário das mais distintas comunidades linguísticas. Em muitos casos, ao funcionarem como verdadeiras carapuças, os ditados populares detêm, intrinsecamente, uma força que ―desmascara comportamentos‖ e expõe fragilidades. Para os mais conciliados com o universo da linguagem figurada ou conotativa, essas frases de efeito direto possuem, ainda, a capacidade de ironizar, criticar ou resumir intenções avaliativas sobre as ações de outrem.

Expressões idiomáticas ou populares, como é o caso de ―com um rei na barriga‖ ou ―sem eira nem beira‖, nunca devem ser interpretadas de modo literal, isto é, dissociadas de um contexto que as respalde. Essas expressões geralmente têm origem em ambientes discursivos singularizados, cujas particulari-dades possibilitam a construção do sentido. A locução ―com o rei na barriga‖, ao que tudo indica, provém do período monárquico, no qual rainhas – e mesmo as favoritas reais, quando grávidas do soberano – passavam a ser tratadas com destacada deferência, pois iriam aumentar a prole real e, por vezes, dar herdeiros ao trono, mesmo quando bastardos. Nesse sentido, a pomposa situação em que se encontravam garantia-lhes o ―direito‖ de se arvorarem superiores aos outros pobres mortais, àqueles ―sem eira nem beira‖. Os anos passaram, as velhas monarquias ficaram para trás, mas a empáfia de um conceito que, àquela época, tinha lá suas explicações permanece, ainda hoje, na mente e no comportamento de muita gente que parece ver com os cotovelos e pensar com os joelhos!

Também no período colonial, dá-se a gênese de outra conhecida expressão popular: ―sem eira nem beira‖. Nessa época, era comum as casas possuírem telhados formados por três linhas de telhas sobrepostas. Abaixo das telhas, havia detalhes denominados eira, beira e entre beira, que serviam não só como adorno, mas também para distinguir as diferentes classes sociais dos proprietários. Quanto mais detalhes, mais rico o dono da casa. Assim, uma

residência que não possuía eira nem beira sinalizava a condição humilde de seu dono. O artista alagoano Djavan, em um de seus últimos trabalhos, o disco Milagreiro (Sony, 2001), alude a essa locução na música Farinha, canção que destaca a macaxeira como planta presente no ―sangue do nordestino‖. Nela, o autor afirma: ―O cabra que não tem eira nem beira, lá no fundo do quintal, tem um pé de macaxeira‖. Nesse caso, não ter eira nem beira implica em condição economicamente desprestigiada. É triste constatar, mas, na sociedade contemporânea, boa parte das pessoas pensa carregar ―um rei na barriga‖, embora não tenha ―eira nem beira‖. A utopia do poder econômico, bem como do status social, leva homens e mulheres de espírito eternamente vacante à procura de um mundo inatingível a tomarem para si ares de superioridade

sobre tudo o que encontram pela frente. Para esses distorcidos nefelibatas, o ato de despertar já configura a abertura do dia ao desabrochar de prepotência e arrogância. Boa tarde, boa noite ou quaisquer outras saudações cordiais do dia a dia tornam-se artigo de luxo na boca dessa gente. Ademais, cumprimentar alguém com posição de menor destaque no cenário social, ser atencioso com o semelhante, servir sem esperar algo em troca, representam ações inconcebíveis para esses ―cabeças de vento‖. Por mais que avancem os conceitos sociológicos, por

mais que se prove a importância da vida intersubjetiva e comunitária, há sempre aqueles que se imaginam acima do bem e do mal: senhores do seu próprio destino. Esse time de quinta categoria precisa entender que a vida não funciona como um enorme fliperama comandado a distância por seus controles-remotos; as pessoas não são fantoches constantemente à espera de um comando irrevogável. Pelo contrário, o tempo é fugaz, vita brevis! É preciso saber aproveitá-la. Assim, só a maturidade emocional e a conscientização crítica poderão possibilitar a retomada do norte na formação do caráter e da personalidade. Sem esse processo de reconciliação consigo mesmo e com os outros, o ser humano estará sempre propício à infelicidade de imaginar-se superior.

*Cursou Graduação e Mestrado em Letras e Linguística,

respectivamente (UFAL/PPGLL) e leciona Língua Portuguesa (em cursos presenciais e teleprenciais para vários estados do Brasil).

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Estudo dirigido do texto

Parágrafo 1

a) Selecione termos e expressões que enriquecem o

vocabulário (próprios da língua escrita).

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b) Aponte os principais elementos de coesão referencial e sequencial e indique as possíveis referências ou ideias que eles estabelecem.

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c) Justifique a acentuação de todas as palavras acentuadas deste parágrafo.

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d) Pontuação: justifique o emprego das aspas duplas neste parágrafo.

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Parágrafo 2

a) Selecione termos e expressões que enriquecem o

vocabulário (próprios da língua escrita).

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b) Aponte os principais elementos de coesão referencial e sequencial e indique as possíveis referências ou ideias que eles estabelecem.

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c) Indique uma palavra os expressão sinonímica e uma paronímica para os seguintes termos presentes neste parágrafo: ―literal‖, ―monárquico‖ e ―deferência‖.

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d) Pontuação: justifique o emprego das aspas duplas e dos travessões empregados neste parágrafo.

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Parágrafo 3

a) Selecione termos e expressões que enriquecem o

vocabulário (próprios da língua escrita).

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b) Aponte os principais elementos de coesão referencial e sequencial e indique as possíveis referências ou ideias que eles estabelecem.

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c) Justifique a acentuação de todas as palavras acentuadas deste parágrafo.

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d) Pontuação: justifique o emprego dos dois-pontos, das aspas duplas e dos parênteses empregados neste parágrafo.

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Parágrafo 4

a) Selecione termos e expressões que enriquecem o

vocabulário (próprios da língua escrita).

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b) Aponte os principais elementos de coesão referencial e sequencial e indique as possíveis referências ou ideias que eles estabelecem.

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c) Classifique todos os verbos presentes neste parágrafo quanto às suas flexões de modo e tempo (ou formas nominais).

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d) Pontuação: justifique o emprego das aspas duplas e do itálico empregados neste parágrafo.

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Ortografia e Significação Palavra/expressão C ou E Significado

01.

02.

03.

04.

05.

06.

07.

08.

09.

10.

11.

12.

13.

14.

15.

16.

17.

18.

19.

20.

21.

22.

23.

24.

25.

26.

27.

28.

29.

30.

31.

32.

33.

34.

35.

36.

37.

38.

39.

40.

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ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES

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