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1 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Dermato-Funcional Gisleine Aparecida de Freitas A UTILIZAÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA REPARAÇÃO TECIDUAL Lins – SP 2010

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Dermato-Funcional

Gisleine Aparecida de Freitas

A UTILIZAÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA

NA REPARAÇÃO TECIDUAL

Lins – SP

2010

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GISLEINE APARECIDA DE FREITAS

A UTILIZAÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA REPARAÇÃO TECIDUAL

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de

especialista em Fisioterapia Dermato- Funcional sob a orientação dos Professores M.Sc. Flávio Piloto Cirillo e M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

Lins – SP 2010

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DESCRIÇÃO

Freitas, Gisleine Aparecida de A utilização do laser de baixa potência na reparação tecidual / Gisline Aparecida de Freitas. -- Lins, 2010.

52p. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Dermato-Funcional, 2010. Orientadores: Flávio Piloto Cirillo; Heloisa Helena Rovery da Silva 1. Reparação Tecidual. 2. Laser de Baixa Potência. 3. Cicatrização. I Título.

CDU 615.8

F936u

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GISLEINE APARECIDA DE FREITAS

A UTILIZAÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA REPARAÇÃO

TECIDUAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em Fisioterapia Dermato-Funcional.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:

Prof° Flávio Piloto Cirillo

Mestre em Anatomia Humana – USP – SP

Profª Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

Lins – SP

2010

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RESUMO

Durante séculos, o tratamento de feridas variou com o objetivo de melhores resultados cicatricial em menor tempo possível. As várias formas de facilitar a cicatrização de feridas têm por objetivo acelerar o processo de cura, prevenindo infecção, maximizando a força de fechamento de feridas e a redução de cicatrizes e prevenindo incapacidade. O processo de reparo de uma ferida é complexo e apresenta três fases que se sobrepõem, num processo contínuo: inflamatória, proliferativa e remodelação. A reparação inicia-se com a proliferação de fibroblastos e a multiplicação de pequenos vasos sanguíneos através da formação de brotos de células endoteliais e neoformação vascular. Há algumas décadas o laser de baixa potência tem sido amplamente utilizado nas clínicas como recurso fisioterapêutico no tratamento de cicatrização de feridas. A energia laser tem sido investigada como alternativa de tratamento nos processos de regeneração dos tecidos biológicos. Vários trabalhos desenvolveram-se perante a evidente necessidade de se reduzir o tempo de reparação dos tecidos, principalmente em doenças consideradas incapacitantes. A possibilidade de focalização em pequenas áreas e a emissão de altas densidades de energia faz do laser um instrumento de grande interesse e importância para aplicações nas áreas da saúde. A laserterapia de baixa potência pode ser considerada a melhor ferramenta, dentro dos recursos físicos existentes, no que se refere à estimulação cicatricial. O efeito do laser no processo cicatricial está relacionado positivamente com a produção e orientação de colágeno, aumentando assim a resistência do tecido neoformado. O propósito desse trabalho foi identificar e analisar publicações feitas no período de 2000 a 2009 referentes à utilização de laser de baixa potência no reparo tecidual. Na maioria dos autores consultados o laser produz efeitos teciduais efetivos para a cicatrização de feridas.

Palavras-chave: Reparação Tecidual. Laser de Baixa Potência. Cicatrização.

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ABSTRACT

For centuries, the treatment of wounds varied with the goal of better healing results in less time. The various ways to facilitate the healing of wounds are intended to accelerate the healing process, preventing infection, maximizing the strength of wound closure and reduction of scarring and preventing disability. The repair process of a wound is complex and has three phases that overlap in a continuous process: inflammatory, proliferative and remodeling. The repair begins with the proliferation of fibroblasts and proliferation of small blood vessels through the formation of sprouts of endothelial cells and neovascularization. Some decades ago the low level laser therapy has been widely used in clinics and physical therapy device for treatment of wound healing. The laser energy has been investigated as a treatment alternative in the process of regeneration of tissue. Several studies have developed against the obvious need to reduce time to repair tissues, especially in diseases that are considered disabling. The possibility of focusing on small areas and the issue of high power densities of laser makes an instrument of great interest and importance to applications in the areas of health. The low level laser therapy can be considered the best tool, within the existing physical resources, with regard to stimulation scar. The effect of laser on the healing process is positively related to production and orientation of collagen, thereby increasing the resistance of the newly formed tissue. The purpose of this study was to identify and analyze publications made in the period 2000 to 2009 concerning the use of low power lasers in tissue repair. In the majority of authors consulted the laser produces tissue effects effective for wound healing.

Keywords: Tissue Repair. Low level laser. Healing.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATP – Adenosina tri-fosfato

AsGa - Arsenieto de Gálio

AsGaAl - Arsenieto de Gálio e Aluminio

AlGaInP - Alumínio-Gálio-Índio-Fósforo

HeNe - Hélio-Neônio

J/cm² - joules por centímetro quadrado

J/m² - joules por metro quadrado

J/s - joules por segundo

LBP – laser de baixa potência

mW - miliwatts

nm - nanômetros

PDGF- platelet-derived growth factor (fator de crescimento derivado de

plaquetas)

PO – pós-operatório

TGF-ββββ - Transforming Growth Factor Beta (Fator de crescimento beta)

W - Watts

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................

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CAPÍTULO I – SISTEMA TEGUMENTAR.................................................... 14

1 PELE..........................................................................................................

1.1 Camadas da pele....................................................................................

1.1.1 Epiderme..............................................................................................

1.1.2 Derme...................................................................................................

1.1.3 Hipoderme............................................................................................

1.2 Elasticidade da pele................................................................................

1.3 Vascularização e inervação....................................................................

1.3.1 Receptores táteis.................................................................................

1.4 Anexos da pele.......................................................................................

1.4.1 Glândulas da pele................................................................................

1.4.1.1 Glândula sudoríparas......................................................................

1.4.1.2 Glândula sebáceas..........................................................................

1.4.2 Unhas..................................................................................................

1.4.3 Pêlos....................................................................................................

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CAPÍTULO II – REPARAÇÃO TECIDUAL..................................................

2 FISIOLOGIA DO REPARO TECIDUAL.....................................................

2.1 Fase inflamatória.....................................................................................

2.2 Fase proliferativa.....................................................................................

2.3 Fase remodeladora.................................................................................

2.4 Cicatriz....................................................................................................

2.4.1Tipos de cicatrização............................................................................

CAPÍTULO III - LASERTERAPIA ................................................................

3 HISTÓRICO...............................................................................................

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3.1 Conceito.................................................................................................

3.2 Tipos de Laser Utilizados em Fisioterapia...............................................

3.2.1 Diferenças nos efeitos terapêuticos.....................................................

3.2.2 Medidas da energia laser.....................................................................

3.2.3 Formas de aplicação............................................................................

3.2.4 Efeitos fisiológicos dos laseres de baixa potência..............................

3.2.4.1 Efeitos primários ou diretos...............................................................

3.2.4.2 Efeitos secundários ou indiretos.......................................................

3.2.4.3 Efeitos terapêuticos...........................................................................

3.2.5 Dosimetria............................................................................................

3.2.5.1 Dosagem...........................................................................................

3.2.5.2 Tempo...............................................................................................

3.2.5.3 Parâmetros........................................................................................

3.2.5.4 Número de sessões..........................................................................

3.2.6 Contra-indicações ..............................................................................

3.3 Laserterapia e Reparação Tecidual........................................................

CONCLUSÃO................................................................................................

REFERÊNCIAS.............................................................................................

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INTRODUÇÃO

Durante séculos, o tratamento de feridas variou com o objetivo de

melhores resultados cicatricial em menor tempo possível. Em uma revisão de

literatura, Andrade, Seward e Melo (1992), descrevem que já na pré-história

vários agentes como extratos de plantas, água, neve, gelo, frutas e lama eram

aplicados sobre as feridas. Na Mesopotâmia, elas eram lavadas com água ou

leite e o curativo era realizado com mel ou resina. Lã de carneiro, folhas e

cascas de árvore eram utilizados para sua cobertura. Os egípcios concluíram

que uma ferida fechada cicatrizava mais rápido do que aberta, por isso,

utilizavam tiras de pano para manter unidas as margens da lesão.

Segundo Andrade, Seward e Melo (1992), Hipócrates sugeria que as

feridas contusas fossem tratadas com calor e pomadas para promover a

supuração, remover material necrótico e reduzir a inflamação.No início da era

cristã, Celsus preconizava o fechamento primário das feridas recentes e

debridamento das contaminadas para posteriormente poderem ser suturadas.

Além disso, classificou os diferentes tipos de lesões de pele e deu detalhes do

tratamento de cada uma delas. A introdução das armas de fogo nas guerras

européias no século XIV levou ao surgimento de um novo tipo de ferida de cura

mais difícil, e Ambroise Paré, na Renascença reformulou seu tratamento.

O avanço da química levou a descoberta de compostos de cloro e iodo

que foram utilizados para limpeza do material e da pele nos séculos XVIII e

XIX. (ANDRADE; SEWARD; MELO,1992)

O processo de reparo de uma ferida é complexo e apresenta três fases

que se sobrepõem, num processo contínuo: inflamatória, proliferativa e

remodelação. A reepitelização tem por objetivo a restituição da pele como uma

barreira funcional, onde os queratinócitos respondem, inicialmente, migrando a

partir dos bordos livres da ferida 12 horas após a lesão. Tal mecanismo

favorece o progressivo avanço da camada epitelial e o fechamento do defeito

tecidual. As várias formas de facilitar a cicatrização de feridas têm por objetivo

acelerar o processo de cura, prevenindo infecção, maximizando a força de

fechamento de feridas e a redução de cicatrizes e prevenindo incapacidade.

(ABLA; ISHIZUKA, 1995)

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“A reparação inicia-se com a proliferação de fibroblastos e a

multiplicação de pequenos vasos sanguíneos através da formação de brotos de

células endoteliais, neoformação vascular”. (GUIRRO; GUIRRO, 2004, p.43)

Zimmermann (apud GUIRRO; GUIRRO, 2004), divide a reparação em

três fases características: fase exsudativa (ou destrutiva, ou inflamatória), fase

proliferativa ou reparatória e a fase de maturação ou formação de cicatriz. A

fase exsudativa inicia-se por volta de cinco minutos após o início das

mudanças degenerativas induzidas pela lesão, e é caracterizada por uma típica

reação inflamatória acompanhada de fibronogênese. Aproximadamente vinte e

quatro horas após, o início da fase proliferativa, o processo é conduzido à

eliminação final da lesão primariamente através da imigração de fibroblastos.

As primeiras fibras colágenas formadas pelos fibroblastos podem ser

detectadas por volta do quarto dia. Este acontecimento introduz a última fase

do processo de reparo da lesão, a fase reparatória, que culminará no

desenvolvimento da cicatriz final.

Cicatriz é o resultado da cura da ferida operatória. Todos os tecidos do corpo humano (gorduroso, conjuntivo, epitelial) apresentam um bom processo de regeneração. A pele, por ter origem ectodérmica e conjuntiva, é um órgão mais complexo e se cura mediante formação de um tecido fibroso, que é a cicatriz. (HALBE, 2000, p. 2382)

A energia laser tem sido investigada como alternativa de tratamento nos

processos de regeneração dos tecidos biológicos. Vários trabalhos

desenvolveram-se perante a evidente necessidade de se reduzir o tempo de

reparação dos tecidos, principalmente em doenças consideradas

incapacitantes.

A possibilidade de focalização em pequenas áreas e a emissão de altas

densidades de energia fazem do laser um instrumento de grande interesse e

importância para aplicações nas áreas da saúde, tanto no diagnóstico como na

terapia. (NICOLAU,2001)

A terapia com laser de baixa potência (LBP) pode ser considerada a

melhor ferramenta, dentro dos recursos físicos existentes, no que se refere à

estimulação cicatricial. (VEÇOSO, 1993)

A palavra laser tem o significado de light amplification by the stimulated

emission of radiation (amplificação da luz por meio da estimulação da emissão

da radiação), que se refere à produção de um feixe de radiação que difere da

luz comum nos aspectos de Monocromaticidade, cor pura com comprimento de

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onda único; Coerência, com fótons no mesmo tempo e espaço; e Paralelismo,

ou seja, mesma direção (unidicionalidade). (LOW; REED, 2001)

Os principais efeitos da LBP são: analgésico, antiinflamatório,

antiedematoso e cicatrizante. É interessante ressaltar que esses efeitos não

agem isoladamente, atuam conjuntamente as áreas estimuladas.

Para Guirro e Guirro (2004), as respostas decorrentes da alteração do

potencial elétrico desencadeado pelo laser são várias. O principal efeito está na

normalização do potencial da membrana, atuando como um fator de equilíbrio

da atividade funcional celular, sendo um recurso valioso nos processos

inflamatórios. O efeito do laser no processo cicatricial está relacionado

positivamente com a produção e orientação de colágeno, aumentando assim a

resistência do tecido neoformado. Na analgesia provocada pelo laser há a

possibilidade de ter participação das endorfinas.

Fatores adicionais envolvidos na aceleração da cicatrização de feridas

com o laser podem incluir um aumento acentuado na formação de colágeno,

vasodilatação e síntese de DNA e um aumento na produção de RNA. O

tratamento com laser é recomendado para feridas indolentes e úlceras tróficas

para promover uma cicatrização mais rápida, e considera-se que a radiação

visível de baixa intensidade tenha efeito na aceleração ou estimulação da

proliferação celular. (LOW; REED, 2001)

A laserterapia ou a utilização do LBP, vem mostrando a sua eficácia em

vários estudos com relação a reparação de diversos tipos de tecidos do corpo

humano. Os laseres têm sido utilizados na prática clínica há algumas décadas

por diversos profissionais da área da saúde. O laser HeNe, é um dos pioneiros

nessa atuação, sendo ainda bastante utilizado, inclusive co trabalhos

publicados mostrando resultados animadores quanto a utilização,

principalmente no reparo tecidual.

Neste trabalho será realizada uma revisão bibliográfica criteriosa dos

referenciais publicados no período de 2000 à 2009, que partiu da seguinte

pergunta-problema: A laserterapia acelera a reparação tecidual melhorando

assim o aspecto cicatricial do tecido lesionado?

Além disso, o trabalho tem o objetivo geral de analisar os benefícios da

utilização da laserterapia no processo de reparação tecidual.

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A proposta desse estudo é analisar e descrever os efeitos da

laserterapia no processo de reparação tecidual e a melhora no aspecto

cicatricial.

O trabalho é dividido em três capítulos, sendo que o capitulo I descreve

o sistema tegumentar, o capítulo II descreve a fisiologia do reparo tecidual e a

cicatrização e o capítulo III descreve sobre a laserterapia.

Dessa forma acredita-se despertar no leitor um senso crítico de análise

científica, bem como, contribuir beneficamente para o crescimento da

intervenção fisioterapêutica baseada em evidências, subsidiando o terapeuta

interessado em estimular a reparação tecidual, melhorando o aspecto cicatricial

do tecido epitelial de seus pacientes, com os melhores parâmetros possíveis.

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CAPÍTULO I

SISTEMA TEGUMENTAR

1 PELE

A pele é um órgão vital e o mais extenso do nosso corpo , sem ela, a

sobrevivência seria impossível.

O sistema tegumentar é constituído de pele e tela subcutânea,

juntamente com os anexos cutâneos.

A pele representa 12% do peso seco total do corpo, com peso de

aproximadamente 4,5 quilos, e é de longe o maior sistema de órgãos exposto

ao meio ambiente. (GUIRRO; GUIRRO, 2004). É composta por duas camadas

principais: a epiderme, camada superficial composta de células epiteliais

intimamente unidas e a derme, camada mais profunda composta de tecido

conjuntivo denso irregular. O limite entre a epiderme e a derme não é regular,

mas caracteriza-se pela presença de saliências e reentrâncias das duas

camadas que se embricam e se ajustam entre si, formando as papilas

dérmicas.

Um pedaço de pele com aproximadamente 3 cm de diâmetro contêm:

mais de 3 milhões de células, entre 100 a 340 glândulas sudoríparas, 50

terminações nervosas e 90 cm de vasos sanguíneos. Estima-se ainda que

existam em torno de 50 receptores por 100 milímetros quadrados, num total de

640.00 receptores sensoriais. O número de fibras sensoriais oriundas da pele

que entram na medula espinhal por via de raízes posterior é superior a meio

milhão. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)

A pele constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo, para recepção

de estímulos táteis, térmicos e dolorosos. É o primeiro meio de comunicação e

o mais eficiente protetor, sendo aí localizada nossa primeira e ultima linha de

defesa. Portanto são muitas as funções da pele:

a) base dos receptores sensoriais, localização dos sentidos do tato;

b) fonte organizador e processadora de informações;

c) mediadora de sensações;

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d) barreira entre o organismo e o meio ambiente;

e) fonte imunológica de hormônios para diferenciação de células

protetoras;

f) proteção contra os efeitos da radiação, traumas mecânicos e

elétricos;

g) barreira contra materiais tóxicos e organismo estranhos;

h) regulação da pressão e do luxo sanguíneo e linfático;

i) regulação da temperatura;

j) metabolismo e armazenamento de gordura;

k) reservatório de alimento e água;

l) importante na respiração;

m) sintetiza compostos importantes como a vitamina D;

n) barreira contra microorganismos. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)

1.1 Camadas da pele

A pele recobre toda a superfície do corpo e é constituído por uma porção

epitelial de origem ectodérmica, a epiderme e uma porção conjuntiva de origem

mesodérmica, a derme. Abaixo e em continuidade com a derme está a

hipoderme, tela subcutânea que não faz parte da pele, apenas lhe serve de

suporte e união com os órgãos subjacentes. (FITZPATRICK; AELING, 2000)

1.1.1 Epiderme

Segundo Junqueira e Carneiro (1999) a epiderme é constituída por

epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. Sua superfície é marcada por

uma rede de sulcos que a dividem em pequenos polígonos, como acontece no

dorso da mão. (FITZPATRICK; AELING, 2000)

A porção mais profunda da epiderme é constituída de células epiteliais

que se proliferam continuamente para que seja mantido o seu número. Não há

vasos sanguíneos na epiderme, embora a derme subjacente seja bastante

vascularizada, sendo o único meio pela qual as células da epiderme podem

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obter alimento é através da difusão dos leitos capilares da derme. Esse método

é suficiente para as células mais próximas da derme, mas à medida que as

células se dividem e são empurradas para a superfície, ficando assim longe da

fonte de alimento, morrem. Seu citoplasma é gradualmente substituído por

queratina, formando assim a estrutura típica das camadas mais externas da

epiderme. (GURRO, GUIRRO, 2004)

Segundo Guirro e Guirro (2004) a epiderme é constituída de quatro ou

cinco camadas ou estratos, devido ao fato da camada lúdica estar ou não

incluída. Pode-se observar da derme para a superfície as seguintes camadas

celulares:

a) Camada Germinativa (Basal) – é a camada mais profunda e assim

denominada porque gera novas células e apresenta intensa atividade

mitótica, é responsável pela constante renovação da epiderme,

fornecendo células par substituir aquelas que são perdidas na

camada córnea, neste processo as células partem da camada

germinativa e vão sendo deslocdas para a periferia até a camada

córnea, num período de 21 a 28 dias. A superfície desse estrato que

se apóiam na membrana basal é irregular.

b) Camada Espinhosa – as células dessa camada possuem um aspecto

espinhoso, responsável pela denominação dessa camada. Suas

células tem importante função na manutenção da coesão das células

da epiderme e , consequentemente, n resistência do atrito.

c) Camada Granulosa – o citoplasma das células dessa camada

caracteriza-se por conter grânulos de querato-hialina que parecem

estar associados com o fenômeno de queratinização dos epitélios. À

medida que os grânulos aumentam de tamanho, o núcleo se

desintegra, daí resultando a morte das células mais externas desta

camada. O núcleo das células já apresenta sinais de atrofia e os

filamentos que as uniam à camada espinhosa quase desaparecem.

d) Camada Lúcida – é constituída por várias camadas de células,

achatadas e intimamente ligadas, das quais a maioria apresenta

limites indistintos e perde todas as inclusões citoplasmáticas, exceto

as fibrilas de queratina e algumas gotículas de eleidina, que se

transformam em queratina e tornam-se parte da camada córnea.

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Esta camada não é facilmente visível, ela é mais proeminente em

áreas espessas. Quando visível tem aspecto de uma linha clara,

brilhante e homogênea.

e) Camada Córnea – é a mais superficial da epiderme. Consiste de

vários planos de células mortas e intimamente ligadas. A partir do

momento que seu citoplasma for substituído por uma proteína fibrosa

denominada queratina, estas células mortas são referidas como

corneificadas. Essas células formam uma cobertura ao redor de toda

a superfície do corpo e não só protegem o organismo contra invasão

de vários tipos do meio externo, como também ajudam a restringir a

perda de aguado organismo, conservando a superfície da pele

macia. As células mais superficiais são continuamente eliminadas

como resultado de abrasão, portanto as pequenas escamas que se

soltam não dão uma aparência descamativa ou áspera à pele porque

se misturam com à secreção das glândulas sudoríparas e sebáceas.

As células perdidas são constantemente substituídas por células

provenientes das camadas mais profundas da epiderme, essa

renovação da camada córnea ocorre aproximadamente a cada 14

dias.

A pele do idoso é mais seca devido ao fato de que seu estrato

córneo seja funcionalmente deficiente, não podendo reter água com

eficiência.

1.1.2 Derme

Segundo Guirro e Guirro (2004), a derme é uma espessa camada de

tecido conjuntivo sobre a qual se apóia a epiderme, está conectada com a

fáscia dos músculos subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo,

a hipoderme. Nela se encontra algumas fibras elásticas e reticulares, bem

como muitas fibras colágenas, e é suprida de vasos sanguíneos, vasos

linfáticos e nervos, além de conter glândulas especializadas e órgãos de

sentido. A derme apresenta uma variação considerável de espessura, em

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média 2 milímetros, sua superfície externa é irregular, onde se observa as

papilas dérmicas.

A arquitetura dérmica varia de região para região numa pele normal, não

existindo uma média de variação entre indivíduos da mesma idade ou

diferentes faixas etárias. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)

Observa-se na derme duas camadas:

a) Camada Papilar - é delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo,

derivando seu nome do fato de ser ela que penetra nas papilas

dérmicas. Nesta camada foram descritas fibrilas especiais de

colágeno, que se inserem na membrana basal e penetram

profundamente na derme. Estas fibrilas teriam a função de prender a

derme à epiderme (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Esta camada

estende-se pouco abaixo das bases da papila, unindo-se à camada

reticular, muitas papilas contêm alas capilares, outras contêm

receptores sensoriais especializados que reagem a estímulos

externos, como mudança de temperatura e pressão. Esta camada

apresenta um suprimento sanguíneo bastante rico, onde um grupo

de capilares se estende em alças para dentro do tecido conjuntivo

que se projeta para dentro da epiderme, fornecendo a sua nutrição e

atuando na regulação térmica. (GUIIRRO; GUIRRO, 2004)

b) Camada Reticular – é mais espessa, constituída por tecido conjuntivo

denso, denominada assim ao fato de que os feixes de fibras

colágenas que a compõem entrelaçam-se em um arranjo semelhante

a uma rede. Nesta camada os capilares são raros, sendo numerosos

apenas em relação aos anexos da epiderme que se projetam em

direção à camada reticular.

1.1.3 Hipoderme

Tecido sobre o qual a pele repousa, formado por tecido conjuntivo que

varia do tipo frouxo ou adiposo ao denso nas várias localizações e nos

diferentes indivíduos. Ela se conecta frouxamente a pele e a fáscia dos

músculos subjacentes, o que permite ao músculo contraírem-se sem repuxar a

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pele. A hipoderme não faz parte da pele, mas é importante porque fixa a pele

às estruturas subjacentes, sendo também conhecida como tela subcutânea.

(GUIRRO; GUIRRO, 2004)

1.2 Elasticidade da Pele

Através da elasticidade da pele é permitido os movimentos do corpo; ela

está distendida além do seu ponto de equilíbrio elástico, tanto que se retrai

quando há solução de continuidade. A tensão desta elasticidade varia de

direção conforme a região do corpo e isto se deve à variação da direção geral

das fibras colágenas e elásticas da derme, e é determinada pela orientação

das linhas de fenda. A junção de inúmeras fendas formam-se as linhas (linhas

de Langer), com as quais é possível esquematizar verdadeiros mapas, na

direção perpendicular á orientação destas linhas a pele apresenta máxima

distensibilidade. As linhas de fenda geralmente são transversais no tronco e

longitudinais nos membros, com modificações nas regiões articulares.

(GUIRRO; GUIRRO, 2004)

Observa-se que as lesões ocorridas paralelas a linhas de fenda

reparam-se com cicatrizes mínimas. O conhecimento da direção destas linhas

é de grande interesse cirúrgico, pois auxilia o cirurgião a realizar incisões

esteticamente aceitas, pois essas incisões provocam mínima dilaceração do

colágeno da derme, sem retração, e a reparação é feita com pequena

quantidade de tecido cicatricial. No entanto, uma incisão realizada

perpendicularmente às linhas de fenda provoca retração, dilaceração e

desarranjo das fileiras de colágeno. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)

1.3 Vascularização e Inervação

Na vascularização há dois plexos arteriais que suprem a pele: um que

se situa no limite entre a derme e a hipoderme e outro entre as camadas

papilar e reticular. Deste último plexo partem finos ramos para as papilas

dérmicas. (GUIRRO; GUIRRO 2004)

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20

Distinguem-se três plexos venosos da pele, dois na posição descrita

para as artérias e um na região da derme. O sistema de vasos linfáticos inicia-

se nas papilas dérmicas e converge para um plexo entre as camadas papilar e

reticular; daí partem ramos para um outro plexo localizado no limite da derme

com a hipoderme. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)

A pele é ricamente inervada, pois tem milhões de terminações

microscópicas que permitem identificar os diferentes estímulos do ambiente,

alertando o organismo para o perigo exterior. Todos os nervos da pele provêm

da medula espinhal; são mistos, ou seja, são formados de fibras sensoriais que

procedem das raízes dorsais e de fibras simpáticas provenientes dos gânglios

simpáticos (AZULAY; AZULAY, 1999)

As glândulas sebáceas não recebem inervação autônoma. Na pele,

encontramos certos corpúsculos nervosos aos quais se pretende atribuir

funções específicas; o fato é que as sensações tátil, dolorosa e térmica

ocorrem ao nível das terminações livres. A sensibilidade tátil tem distribuição

ponteada e apresenta diferenças regionais. A sensibilidade térmica é também

ponteada; há pontos para o frio e para o calor, que, porém, não são

específicos. (AZULAY; AZULAY, 1999)

As sensações cutâneas como tato, dor, calor e frio são captadas por

vários receptores especializados.

1.3.1 Receptores táteis

Toda a superfície cutânea está provida de terminações nervosas

capazes de captar estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas

terminações nervosas ou receptores cutâneos são especializados na recepção

de estímulos específicos. Não obstante, alguns podem captar estímulos da

natureza distinta. (GUYTON; HALL, 1997)

Nas regiões da pele providas de pêlo existem: a) terminações nervosas

específicas nos folículos capilares; b) terminais ou receptores de Ruffini. As

primeiras formadas por axônios que envolvem o folículo piloso captam as

forças mecânicas aplicadas contra o pêlo. Os terminais de Ruffini, com sua

forma ramificada são receptores térmicos de calor. (GUYTON; HALL, 1997)

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De acordo com Ross e Rowrell (1993) na pele desprovida ou não de

pêlo, encontra-se ainda três tipos de receptores comuns:

a) Corpúsculo de Paccini – captam especialmente estímulos vibráteis e

táteis. São formados por uma fibra nervosa cuja porção terminal,

amielinica, é envolta por várias camadas que correspondem a

diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz de

captar a aplicação de pressão, que é transmitida para as outras

camadas e enviada aos centros nervosos correspondentes.

b) Disco de Merkel – de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra

aferente costuma estar ramificada com vários discos terminais destas

ramificações nervosas. Estes discos estão englobados em uma

célula especializada, cuja a superfície distal fixa às células

epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Assim, os

movimentos de pressão e tração sobre a epiderme desencadeiam o

estímulo.

c) Terminações Nervosas livres – sensíveis aos estímulos mecânicos,

térmicos e especialmente dolorosos. São formados por um axônio

ramificado envolto por células de Schuwann sendo, por sua vez,

ambos envolvidos por uma membrana basal.

Na pele sem pelo encontra-se ainda outros receptores específicos.

d) Corpúsculo de Meissner – táteis. Estão nas saliências da pele. Como

por exemplo: as partes mais altas das impressões digitais. São

formadas por um axônio mielínico, cujas ramificações terminais se

entrelaçam com células acessórias.

e) Bulbos Terminais de Krause – receptores térmicos de frio. São

formados por uma fibra nervosa cuja terminação possui forma de

clava. Situam-se nas regiões limítrofes da pele com as membranas

mucosas, por exemplo: ao redor dos lábios e dos genitais.

1.4 Anexos da pele

Na pele são observadas várias estruturas anexas: as glândulas, as

unhas e os pêlos.

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1.4.1 Glândulas da Pele

A pele contém numerosas glândulas sudoríparas e sebáceas. As

primeiras localizam-se na derme ou tela subcutâneas, com importante função

na regulação da temperatura corporal, porque sua secreção, o suor, absorve

calor por evaporação da água. Possuem um longo e tortuoso ducto excretor

que atravessa a epiderme e se abre na superfície da pele por meio de um poro.

(DÂNGELO; FATTINI, 1988)

1.4.1.1 Glândulas Sudoríparas

Glândulas sudoríparas são encontradas por toda a superfície do corpo,

exceto às bordas dos lábios, no pavilhão auricular, à superfície interna do

prepúcio e da glande. São mais numerosas nas palmas das mãos e planas dos

pés, sendo as únicas glândulas encontradas nessas áreas. O ducto excretor

descreve curso reto ou oblíquo através da derme, penetrando na epiderme

entre duas papilas. (BAILEY et al., 1973)

Glândulas sudoríparas particularmente grandes são encontradas nas

axilas, aréola mamária, lábios maiores e região perianal. Produzem secreção

mais espessa do que o suor formado pelas glândulas maiores. (BAILEY et al.,

1973)

O suor secretado por essa glândula é um líquido extremamente fluido,

que contém pouquíssima proteína, além de sódio, potássio, cloretos, uréia,

amônia e ácido úrico. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,1999)

1.4.1.2 Glândulas Sebáceas

São, com raras exceções, encontradas em todas as regiões do corpo.

Situam-se na derme e os seus ductos geralmente desembocam na porção

terminal dos folículos piloso. Em certas regiões, porém (lábio, glande e

pequenos lábios), os ductos abrem-se diretamente na superfície da pele.

(JUNQUEIRA ; CARNEIRO,1999)

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As glândulas sebáceas faltam nas regiões palmares e plantar. Sua

secreção, conhecida como sebo, serve para lubrificar a pele e os pêlos.

(DÂNGELO; FATTINI, 1988)

A secreção sebácea é realmente a mistura complexa de lipídeos que

contêm triglicerídeo, ácidos graxos livres, colesterol e seus ésteres. A atividade

dessas glândulas é nitidamente influenciada por hormônios sexuais.

(JUNQUEIRA; CARNEIRO,1999)

1.4.2 Unhas

Dois folhetos epidérmicos mais externos, a camada córnea e a camada

lúcida, são intensamente corneificados, formando as unhas (GUIRRO;

GUIRRO, 2006). As unhas são formadas por escamas córneas achatadas, que

formam capas de proteção para as falanges distais dos dedos e artelhos. Toda

unha consiste em: um corpo, a porção descoberta, fixa, a unha; uma borda

livre, a extensão anterior livre, do corpo; e uma raiz da unha, parte posterior ou

proximal da unha. (BAILEY et al., 1973)

A dobra da pele que se estende em torno das bordas laterais e proximal

da unha constitui a dobra periungueal e a pele situada sob a mesma é o leito

ungueal. O sulco entre o leito ungueal e a dobra periungueal é a fenda ungueal.

A unha propriamente dita é dura e córnea, e consiste em várias camadas de

células claras, achatadas, dotadas de núcleos contraídos e degenerados.

(BAILEY et al., 1973)

O crescimento das unhas é contínuo durante a vida, graças a um

processo de proliferação e diferenciação de células epiteliais da raiz da unha,

que gradualmente se queratinizam para formar a placa córnea. (DÂNGELO;

FATTINI, 1988)

1.4.3 Pêlos

Os pêlos são uma característica fundamental dos mamíferos e cobrem

considerável parte da pele, embora estejam ausentes em algumas regiões do

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corpo, como a palmar e plantar. Os pêlos que se desenvolvem inicialmente

constituem a lanugem, que se desprende pouco antes do nascimento para dar

lugar à pêlos finos. Pêlos longos desenvolvem-se na cabeça (couro cabeludo)

nas axilas, ao nível da sínfise púbica e, no sexo masculino também na face.

Como ocorre na pele, a coloração dos pêlos depende da quantidade de

pigmento neles existentes. (DÂNGELO; FATTINI,1988)

Os pêlos são fios elásticos, queratinizados, derivados da epiderme.

Situam-se em depressões ou poros profundos e estreitos que atravessam a

derme a profundidades variáveis, estendendo-se geralmente até o tecido

subcutâneo. (BAILEY et al., 1973)

No pêlo distinguem-se duas partes: a haste e a raiz, estando a primeira

acima da pele e a segunda alojada num tubo epidérmico denominado folículo

piloso, que mergulha na derme ou na tela subcutânea. A base do folículo é

dilatada, constituindo o bulbo piloso. No ângulo obtuso formado pela raiz do

pêlo e a superfície da pele encontram-se, geralmente, um feixe de fibras

musculares lisas denominadas músculo eretor do pêlo, cuja contração provoca

a ereção do pêlo. (DÂNGELO; FATTINI, 1988)

O pêlo é inteiramente formado por células epiteliais, distribuídas em três

camadas definidas: medula, córtex e cutícula. (BAILEY et al., 1973)

A formação do novo pêlo com a proliferação de células da bainha

radicular externa na região da papila antiga. A papila torna-se maior e se

invagina pela massa celular ou, segundo alguns autores, forma-se uma nova

papila. Dessa nova matriz, ou germe piloso, desenvolve-se o novo pêlo. O novo

pêlo cresce em direção à superfície sob ou ao lado do pêlo morto, o qual,

finalmente, substitui. (BAILEY et al., 1973)

A pigmentação do pêlo processa-se graças à presença de melanócitos,

que se dispõem entre a papila e o epitélio da raiz do pêlo e fornecem melanina

às células da raiz e córtex do pêlo, de maneira análoga à que ocorre na

epiderme. Sua cor, tamanho e disposição variam de acordo com a raça e

região do corpo. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,1999)

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CAPÍTULO II

REPARAÇÃO TECIDUAL

2 FISIOLOGIA DO REPARO TECIDUAL

O reparo tecidual é processo de regeneração observado em uma

variedade de tecidos biológicos, sendo considerado um dos mecanismos

primários de sobrevivência. (OLIVEIRA; OLIVEIRA; SOARES, 2008)

Quando ocorre agressão a um tecido, seja uma agressão focal sobre

uma ou várias células, o organismo tenta restaurar a conformação tecidual

anterior a agressão. Quanto mais células são envolvidas na agressão mais

complexo é o processo de reparo tecidual. (MONTENEGRO; FRANCO, 1999)

Identificam-se três fases no processo da cicatrização, a inflamatória ou

inicial, a proliferativa ou de fibroplasia, e a maturação ou remodelação. Estas

fases são separadas apenas didaticamente, ocorrendo na realidade

superposição e transição contínua e gradual de uma fase para outra. (SALLES,

2010)

2.1 Fase Inflamatória

A fase inflamatória é essencial para a cicatrização, caracterizada por

aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia das células da circulação

para o meio ambiente da ferida, liberação de citocinas e fatores de

crescimento, além da ativação de células migrantes. (HOUGLUM e

SCHAFFER ; NANNEY apud BORTOT, 2005)

Imediatamente após a lesão, a fase inflamatória começa com a

homeostasia. Os contribuintes para a homeostasia incluem a vasocostrição,

agregação plaquetária e deposição de fibrinas, resultante da cascata de

coagulação. O produto final deste processo é a formação da crosta; esta é

composta primariamente por concentração de fibrina e agregação plaquetária

embebidos em células sanguíneas. Este processo previne a ampla perda de

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fluido e eletrólitos do local da ferida e limita a contaminação por agentes

nocivos. (BORTOT, 2005)

Uma vez que a homeostasia é realizada, a inflamação tardia, 24 a 96

horas após a lesão, envolve a liberação de agentes vasodilatadores, histamina

e serotonina, os quais aumentam a permeabilidade capilar local do leito da

ferida, e fatores de crescimento. (BORTOT, 2005)

Segundo Salles (2010) há duas categorias de fatores de crescimento, os

quimiotáticos e os hormonais. O fator de crescimento derivado de plaquetas

(PDGF - “platelet derived growth factor”), por exemplo, é um fator quimiotático

que atrai fibroblastos e células musculares lisas para o local de agregação

plaquetária. Os chamados “hormônios das feridas” incluem o TGF-β, que

estimula angiogênese, atrai fibroblastos e estimula a produção de colágeno.

Segundo Kitchen e Young (apud ROMERO; OLDRA, 2006), o processo

inflamatório consiste em vasoconstrição e coagulação sanguínea inicial, que

previne a perda de sangue pela hemorragia; vasodilatação e aumento da

permeabilidade dos capilares e vênulas, que aumentam o fluxo sanguíneo e o

extravasamento de líquido, macromoléculas e células, garantindo a migração

celular para o tecido lesado. Depois de chegarem aos tecidos as células

inflamatórias inicia a fagocitose, processo de digestão de detritos celulares e de

materiais estranhos ao organismo, promovendo então, condições necessárias

para o reparo tecidual propriamente dito.

2.2 Fase Proliferativa

A fase proliferativa é uma fase de predominante atividade celular

direcionada á reparação do tecido traumatizado. Neste período inicia-se a

formação de tecidos de granulação, ou seja, da matriz da reparação tecidual.

Para isso, são necessárias grande proliferação fibroblástica e migração celular

para dentro da matriz provisória. (BORTOT, 2005)

O tecido de granulação é formado na área de lesão a partir do 4º dia, e

contém numerosos capilares neo-formados, macrófagos, fibroblastos e matriz

extracelular. Inicialmente, os fibroblastos produzem fibronectina e colágeno. A

fibronectina é uma glicoproteína secretada em associação à fibrina que serve

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de substrato para a migração celular e a fibrilogênese do colágeno, e como

sítio de ligação para os miofibroblastos exercerem a contração tecidual.

Gradualmente passa-se à remodelação desta matriz por meio da contração

tecidual, processo biológico que diminui a dimensão dos tecidos conectivos

envolvidos na lesão. (SALLES, 2010)

Uma semana após a lesão, os fibroblastos diferenciam-se em

miofibroblastos e já preenchem toda a ferida, apresentando ligações entre si e

com a matriz. Muitos autores acreditam que a contração tecidual seja um

processo inteiramente celular, independente da síntese ou deposição de

colágeno. Por outro lado, o colágeno fornece a força tênsil para manutenção da

contratura ocorrida. (SALLES, 2010) As fibras de colágeno são depositadas de

modo aleatório em toda a cicatriz em formação. Conforme o colágeno continua

a proliferar, a força elástica da ferida aumenta rapidamente em proporção à

velocidade da síntese de colágeno. Conforme a força elástica aumenta, o

número de fibroblastos diminui, sinalizando o início da fase de

amadurecimento. (PRENTICE; VOIGHIT, 2003)

Próximo ao final da fase proliferativa, o colágeno sintetizado passa por

mudanças, transformando-se em colágeno tipo I e este processo torna-se

contínuo até que uma abundante matriz de colágeno seja depositada no local

da ferida. (O’LEARY et al. apud BORTOT, 2005)

Já o epitélio se regenera rapidamente para reassumir sua função de

barreira. Isto começa com a mitose das células basais da epiderme, e é

seguido pela migração do epitélio, pelos bordos da ferida abaixo, e

atravessando a incisão. O epitélio migra sobre a forma de uma lâmina até que

em contato com as outras células epiteliais, momento no qual toda a

movimentação cessa. Á medida que a ferida matura, o epitélio se espessa.

(CRUSE; MCPHEDRAN apud BORTOT, 2005)

2.3 Fase Remodeladora

Para Guirro e Guirro (2004), esta fase é chamada de fase de

remodelamento porque o arranjo e o tipo de colágeno são mudados. Nesta

fase ocorrem dois eventos importantes: deposição, agrupamento e

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remodelação do colágeno e regressão endotelial. A remodelação do colágeno

inicia-se na formação do tecido de granulação e mantém-se por meses após a

reepitelização. As colagenases e outras proteases produzidas por macrófagos

e células epidérmicas dão direção correta às fibras colágenas difusas. Há

diminuição de todos elementos celulares, inclusive fibroblastos, bem como dos

elementos do tecido conjuntivo. A regressão endotelial ocorre através da

diminuição progressiva de vasos neoformados, clinicamente a cicatriz se torna

menos espessa, passando de uma coloração rosada para esbranquiçada.

(ABLA; ISHIZUAKA, 1995)

A terceira fase da reparação tecidual compreende a remodelação da matriz.

Com a maturação da mesma, a fibronectina e o ácido hialurônico diminuem, os

feixes de colágeno e a força tênsil aumentam, e proteoglicanas são

depositadas aumentando a elasticidade frente a deformações. A remodelação

do colágeno compreende síntese continuada e catabolismo. A degradação do

colágeno é controlada por variadas enzimas denominada colagenases,

derivadas de granulócitos, macrófagos, células epidérmicas e fibroblastos. Até

o final de terceira semana sítios de reparação apresentam cerca de 20% da

força tênsil final. Até a oitava semana a taxa de aumento da mesma é lenta e

progressiva, refletindo o estabelecimento de ligações cruzadas entre as

moléculas de colágeno. (SALLES, 2010)

2.4 Cicatriz

“As cicatrizes são o resultado inevitável da lesão, intencional ou

acidental, da pele. A cicatriz final, secundária a um processo de reparação, é

variável e nunca completamente previsível”. (GUIRRO; GUIRRO, 2004, p. 413)

Todos os tecidos do corpo humano apresentam um bom processo de

regeneração. A pele, por ter origem ectodérmica e conjuntiva, é um órgão mais

complexo e se cura mediante formação de um tecido fibroso, que é a cicatriz.

(HALBE, 2000).

“O processo de cicatrização se dá fundamentalmente no tecido

conjuntivo, no qual diversos fatores de ordem geral ou local intervêm em sua

constituição e função” (GUIRRO; GUIRRO, 2004, p.413)

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2.4.1 Tipos de cicatrização

Há quatro tipos de cicatrização:

a) 1º intenção - Advém da sutura por planos anatômicos. Na

cicatrização primária não há perda tecidual. Pode ocorrer

complicações como isquemia perissutura em decorrência de técnica

inadequada, presença de corpo estranho, coleção de líquidos,

hematomas e infecção superficial. Esses fatores poderão evoluir à

deiscência de sutura cirúrgica. (CANDIDO, 2006). “Ocorre por

planos, com aposição de tecido por tecido, com menor quantidade de

colágeno e reduzido tempo de recuperação”. (GUIRRO; GUIRRO,

2004, p. 414)

b) 2º intenção - Quando a evolução cicatricial da ferida é espontânea,

granulação seguida de epitelização. (CANDIDO,2006). De acordo

com Guirro e Guirro (2004), a cicatrização de segunda intenção

ocorre quando há perda de tecido, e o reparo se dá por proliferação

de tecido de granulação, com cicatriz invariavelmente inestética, e

por vezes apresentando comprometimento funcional. A falência na

cicatrização por segunda intenção resultará em uma ferida crônica;

c) 3º intenção - forma combinada das duas primeiras;

d) 4º intenção – enxertos.

Sempre que se estabelece uma solução de continuidade no tegumento

cutâneo, seja pela violência fortuita do traumatismo, seja pela diérese

programada do bisturi, a reação do organismo para restaurar sua continuidade

passa por várias fases. (ELY, 1980)

Segundo Ely (1980), esta brecha na integridade do tecido é rapidamente

preenchida com sangue, plasma e linfa, que formam um coágulo. Durante essa

fase preparatória, leucócitos, macrófagos, histócitos, fibroblastos e capilares

das margens da ferida começam a invadir o coágulo. Células esmagadas,

desvitalizadas ou desnutridas são dissolvidas e afastadas. Os bordos da lesão

são interligados por esta massa que serve como meio de cultura para os

fibroblastos e as jovens células de tecido conectivo.

Após 48 horas, começam a aparecer células de colágeno na periferia do

tecido conectivo em organização, e, pelo quinto dia, já podem ser identificadas

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como jovens fibras colágenas. Até aí a cicatriz em processo de

desenvolvimento não apresenta a necessária resistência à tração. (Por isso a

retirada muito precoce dos pontos provocaria sua ruptura e conseqüentemente

alargamento). (ELY, 1980)

Depois do sexto dia, começa a crescer rapidamente o número de fibras

colágenas e fibroblastos, dando um aumento significativo à atividade cicatricial.

Este ritmo persiste até o 14º dia, reduzindo-se depois gradativamente. Há,

então, um aumento das fibras colágenas à custa dos fibroblastos, dando à

cicatriz firmeza já satisfatória. O processo cicatricial prolonga-se por vários

meses, já então em atividade mais reduzida. (ELY, 1980)

Clinicamente, observamos que toda cicatriz, seja ela resultante de

ferimento ou de cirurgia, sempre apresenta, inicialmente, uma cor

avermelhada. Pouco a pouco vai tendendo para o róseo, para o pérola e,

finalmente, toma uma coloração muito próxima à dos tecidos de vizinhança.

Este período de maturação pode levar seis meses ou mais, tratando-se de uma

cicatriz normal. Quando há tendência à formação de cicatrizes hipertróficas e

quelóides, este processo pode levar vários anos. (ELY, 1980)

Há, ainda, uma classificação quanto às condições de evolução, podendo

as cicatrizes serem normais ou patológicas: (CANDIDO,2006)

a) Normotrófica: é quando a pele adquire o aspecto de textura e

consistência anterior ao trauma.

b) Atrófica: quando sua maturação não atinge o trofismo fisiológico

esperado, surgindo, geralmente, por perda de substância tecidual ou

sutura cutânea inadequada.

c) Brida cicatricial: são cicatrizes indesejadas localizadas nas regiões

articulares e, por essa razão, podem provocar limitações funcionais.”

d) Hipertrófica: ocorre quando o colágeno é produzido em qualidade

normal, mas a sua organização é inadequada, oferecendo aspecto

não harmônico.

Segundo Alves (1998), as cicatrizes hipertróficas são elevadas, tensas,

avermelhadas, dolorosas, pruriginosas; lateralmente não ultrapassam os limites

do traumatismo inicial e com o tempo mostram tendência à regressão. “Uma

cicatriz hipertrófica apresenta a característica de regredir espontaneamente

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dentro de um período de um ano e a hipertrofia ocorre dentro dos limites da

lesão”. (GUIRRO; GUIRRO, 2004, p. 416)

d) Quelóide: é decorrente da contínua produção de colágeno jovem

devido à ausência de fatores inibitórios.

De acordo com Alves (1998), as quelóides, que lateralmente

ultrapassam os limites do traumatismo inicial, apresentam forma tumoral, às

vezes são pediculares, ocasionam dor e prurido, são avermelhadas, mas não

mostram tendência à regressão e têm alta incidência de recidiva após a

excisão. Para Guirro e Guirro (2004), os quelóides são geralmente uma

situação definitiva, não apresentam melhora espontânea e a formação fibrosa

estende-se além dos limites originais da lesão. O portador de um quelóide tem

a sensação de prurido, de queimação ou ferroadas. São indolores à palpação.

Para Alves (1998), na cicatriz normal madura, há equilíbrio entre a

síntese de colágeno e sua degradação. Nas cicatrizes hipertróficas e quelóides

ocorrem, por fatores desconhecidos, aumento da síntese de colágeno ou

deficiência da colagenólise. São conhecidos vários fatores que influem em seu

aparecimento:

a) Raça - indivíduos de raça negra e amarela são mais susceptíveis do

que os caucasianos;

b) Hereditariedade - estudos sobre hereditariedade e quelóides são

inconclusivos, embora alguns grupos de indivíduos com

acometimento severo apresentem história familiar positiva;

c) Idade- indivíduos jovens são mais susceptíveis do que adultos; os

velhos são muito pouco afetados;

d) Fatores locais - as regiões mais propensas à hipertrofia cicatricial são

as peitorais, deltóides e a face, sendo muito comuns quelóides nas

perfurações de lóbulos de orelhas.

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CAPÍTULO III

LASERTERAPIA

3 HISTÓRICO

As raízes do mecanismo do laser são muito modernas em 1900 o físico

alemão Max Planck apresentou uma explanação do motivo pelo qual as cores

de um corpo quente reluzente mudam com a temperatura. Ele propôs que as

radiações vêm em quantidade discreta (quanta). Assim, a radiação seria não

apenas uma série de ondas mas, ao mesmo tempo uma corrente de partículas

(fótons). Por volta de 1917, Einstein tinha esboçado os princípios básicos para

produção da radiação laser como parte da teoria quântica. (LOW; REED,

2001)

A luz vermelha foi usada na medicina ainda em tempos antigos criando

a síndrome da luz vermelha, bem conhecida no último século, sendo também

um dos métodos de cura usados por Finsen, o pai da fototerapia

contemporânea. (KARU, 1987)

Os primeiros lasers médicos, desenvolvidos nas décadas de sessenta e

setenta, eram utilizados para a destruição tecidual e coagulação. Foram

observados alguns efeitos benéficos nos locais onde havia sido aplicada baixa

energia, o que levou ao uso terapêutico de lasers de baixa intensidade. (LOW;

REED, 2001)

Em 1960, Theodore H. Maiman, produz o primeiro laser de material

sólido utilizando o rubi. Em meados dos anos setenta, Javan Benett e Herriot

construíram o laser HeNe, apoiados no descobrimento do laser vermelho

visível feito por White e Rigden. Esta é a primeira fonte comercialmente

disponível de luz coerente recebendo inicialmente o nome de laser frio ou laser

suave. (BAXTER, 1997)

Esse fato gerou interesse em um laser na faixa infravermelha,fora do

alcance de emissão visível, aparecendo somente no final da década de setenta

os primeiros laseres AsGa (Arsenieto de Gálio) e de AsGaAl (Arsenieto de

Gálio e Alumínio). (TUNER; HODE, 1999)

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De acordo com Maier; Haina; Landy-Thaler (1990), o trabalho inicial da

terapia laser começou na Europa Oriental, sendo fortemente baseado no

trabalho do professor Endre Mester de Budapest, chamado o pai da

bioestimulação laser. No início dos anos setenta, o professor e sua equipe,

realizaram estudos relevantes sobre as aplicações clínicas das interações

atérmicas da luz do lazer com os tecidos. Foram os resultados desses estudos

que relevaram o potencial das irradiações dos laseres de baixa potência

aplicadas diretamente nos tecidos com efeitos de fotobioestimulação do

processo de cicatrização dos tecidos.

No Ocidente, um dos primeiros trabalhos foi o do Dr. Friedrich Plog, do

Canadá, que estudou o uso do laser na acupuntura. A partir da década de

setenta iniciou-se a aplicação do laser terapêutico em diversas doenças, como

também em pesquisas e experimentações, obtendo dessa maneira, avanços a

respeito dos efeitos fisiológicos, mecanismos de produção e no

aperfeiçoamento do aparelho. (KITCHEN; PARTRIDGE, 1991)

3.1 Conceito

A palavra laser tem o significado de light amplification by the stimulated

emission of radiation (amplificação da luz por meio da estimulação da emissão

da radiação), que se refere à produção de um feixe de radiação que difere da

luz comum nos aspectos de Monocromaticidade, cor pura com comprimento de

onda único; Coerência, com fótons no mesmo tempo e espaço; e Paralelismo,

ou seja, mesma direção (unidicionalidade). (LOW; REED, 2001)

De acordo com Guirro e Guirro (2004) a incorporação do laser como

instrumento terapêutico tem sido acompanhada, em nosso meio, de pouca

comprovação experimental, o que gera, de um lado, incertezas quanto às suas

reais ações e de outras atribuições não pertinentes a essa forma de radiação.

O laser é uma emissão de luz coerente, monocromática, com grande

concentração de energia, capaz de provocar alterações físicas e biológicas.

A monocromaticidade se dá porque a luz emitida possui um único

comprimento de onda que oscila na mesma freqüência e consequentemente

apresenta uma única cor, diferentemente da luz branca que é formada pela

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composição de várias cores, onde cada cor corresponde a uma freqüência

determinada. A coerência da emissão se dá devido ao alinhamento das ondas

eletromagnéticas no tempo e no espaço. A direcionalidade dos fótons em um

só sentido e a coerência de emissão é que possibilita a elevada concentração

de energia, base para utilização da radiação laser como instrumento

terapêutico ou cirúrgico. (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

Veçoso (1993), de acordo com o tipo de substância estimulada a emitir

radiação, são obtidos diferentes tipos de radiação laser, ou seja, ondas de

comprimento e freqüência diferentes e, conseqüentemente, mais ou menos

energéticas, pois segundo Albert Einstein, quanto maior a freqüência de uma

onda, maior será a quantidade de energia contida em seus quanta. Planck

(apud VEÇOSO, 1993), descobriu que a luz, ou qualquer radiação, só podia ser

emitida em pacotes ou quanta – daí o nome de mecânica quântica -, ou seja, a

luz é um jorro de partículas ou fótons.

O laser de baixa potência tem ação principalmente nas organelas

celulares, em especial nas mitocôndrias, lisossomas e membrana, gerando

aumento de ATP e modificando o transporte iônico. Acredita-se que existem

fotorreceptores celulares, sensíveis a determinados comprimentos de onda,

que, ao absorverem fótons, desencadeiam reações químicas. Desta forma o

LBP acelera, a curto prazo, a síntese de ATP (Glicólise e Oxidação

Fosforilativa) e a longo prazo a transcrição e replicação do DNA. (KARU, 1987)

3.2 Tipos de Laser Utilizados em Fisioterapia

Há dois tipos de laser utilizados, basicamente, em fisioterapia:

a) Laser de Hélio-Neônio (HeNe) – “é obtido a partir da estimulação de

uma mescla de gases (hélio e neônio na proporção de 9:1) e

possibilita uma radiação visível, com comprimento de onda de 632,8

nm, o que confere ao mesmo a cor vermelha.” (VEÇOSO, 1993,

p.24)

b) Laser Arsenieto de Gálio (AsGa) - De acordo com Veçoso (1993), é

uma radiação obtida a partir da estimulação de um diodo

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semicondutor formado por cristais de arsenieto de gálio, e por isso

também é chamado de laser semicondutor ou laser diódico.

Existem também no mercado nacional os laseres Alumínio-Gálio-Indio-

Fósforo (AlGaInP) com comprimento de onda de 670nm e feixe de luz visível e

o Arseneto-Gálio-Alumínio (AsGaAl) com comprimento de onda 830nm com

feixe não visível. Uma das vantagens dos equipamentos de AlGAInP e os

AsGaAl está fundamentalmente na potência média emitida (30mW), a qual é

muito superior ao do HeNe (2mW) ou mesmo do AsGa. (GUIRRO; GUIRRO,

2004)

Para Veçoso (1993), a radiação laser obtida através da mescla de gases

hélio e neônio se tem mostrado com grande poder terapêutico tanto em lesões

superficiais como profundas. Porém, cabe ressaltar que, comparado ao laser

AsGa, apresenta potencial terapêutico mais destacado em lesões superficiais.

O laser AsGa apresenta potencial terapêutico destacado em lesões profundas,

do tipo articular, muscular.

3.2.1 Diferenças nos efeitos terapêuticos

De acordo com Veçoso (1993), a potência média de alguns emissores

de laser AsGa muitas vezes é inferior à potência de emissão dos aparatos de

laser HeNe. Atualmente, adotou-se a denominação Laser de baixa potência

(LBP), comum aos dois tipos.

Ao considerarmos os dois tipos de laser em questão, percebemos que o

laser HeNe é mais energético do que o laser AsGa, pois a freqüência é

inversamente proporcional ao comprimento de onda, o laser HeNe (632, 8 nm),

de comprimento menor que o AsGa (904 nm), apresenta freqüência superior ao

laser AsGa e, conseqüentemente, carrega mais energia em seus quanta.

(VEÇOSO, 1993).

Para Veçoso (1993), uma onda mais energética interage com maior

facilidade do que uma onda menos energética, provavelmente a radiação

HeNe, mais energética, interage com a superfície do paciente imediatamente

após sua incidência, o que não ocorre com a radiação AsGa, que demora um

pouco mais para interagir com as estruturas do organismo do indivíduo tratado.

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Ainda de acordo com Veçoso (1993), há uma maior efetividade do laser

AsGa e do laser HeNe em, respectivamente, lesões profundas e superficiais,

que resultam provavelmente em menor tempo de tratamento e não na maior ou

menor eficácia de um ou de outro.

3.2.2 Medidas da energia laser

Para Low e Reed (2001), a quantidade de energia que cai em uma

superfície é expressa em joules por metro quadrado (J/m²) ou joules por

centímetro quadrado (J/cm²), e geralmente é chamada de densidade de

energia. A taxa com a qual a energia é produzida ou absorvida é medida em

joules por segundo, ou seja, em Watts (1W=1J/s) e chamada de potência. A

maioria dos lasers utilizados em fisioterapia tem saídas de potência de mili-

watts. A potência média por unidade de área pode ser expressa como

densidade de potência em W/cm². O feixe de laser não é perfeitamente

colimado e a divergência pode ser expressa como ângulo.

3.2.3 Formas de aplicação

Segundo Veçoso (1993), não que aplicações por zona ou mesmo em

varredura sejam contra-indicadas, mas como não é possível ver a dimensão da

zona que se está irradiando, nem mesmo ter a idéia da dispersão que o

afastamento da caneta aplicadora apresenta quando de uma aplicação em

varredura, é aconselhável que, com este tipo de laser (AsGa), se utilize apenas

a aplicação por pontos.

Já o laser HeNe, segundo Veçoso (1993), por ser visível, permite um

maior número de formas de aplicação quando comparado ao laser AsGa. São

elas: aplicação por pontos, por zona e por varredura.

3.2.4 Efeitos fisiológicos dos laseres de baixa potência

Embora a radiação laser de baixa potência não tenha a capacidade

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ionizante, isto é, não rompe ligações químicas, a sua propriedade de indução

fotobiológica é capaz de provocar alterações bioquímicas, bioelétricas e

bioenergéticas nas células. (GUIRRO; GUIRRO, 2004)

De acordo com Veçoso (1993), para que a radiação laser produza algum

efeito sobre o corpo humano é necessário que ela seja absorvida pelo mesmo,

ou seja, é necessário que ocorra uma interação dessa radiação com as

estruturas moleculares e celulares do corpo humano.

A região a ser aplicada, a forma de aplicação e até mesmo as diferenças

individuais, interferem significativamente no aproveitamento da radiação laser.

Para Guirro e Guirro (2004), a absorção da radiação pelos diferentes

tecidos dependerá do laser utilizado, uma vez que cada tecido absorve

diferentes comprimentos de onda.

As respostas decorrentes da irradiação laser podem ser classificadas em

primárias e secundárias. Os efeitos primários podem ser definidos como sendo

as respostas celulares decorrentes da absorção da energia e os secundários

as alterações fisiológicas que não afetam somente a unidade celular, mas sim

toda a série de tecido. (VEÇOSO, 1993)

Colls (1984) explica que os efeitos do laser dão divididos em: efeitos

primários, secundários e terapêuticos.

3.2.4.1 Efeitos primários ou diretos

Esses efeitos diretos subdividem-se em três outros efeitos:

a) Efeito bioquímico - responsável pela liberação de substâncias pré-

formadas, tais como histamina, serotonina e bradicinina, e pelas

modificações estimulatórias ou inibitórias em reações enzimáticas

normais, como na produção de ATP, inibição da síntese de

prostaglandinas e lise de fibrina.

b) Efeito bioelétrico – são várias as respostas decorrentes da alteração

do potencial elétrico. Como efeito principal está a normalização do

potencial da membrana atuando como um ator de equilíbrio da

atividade funcional celular.

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c) Efeito bioenergético – neste contexto é citada a teoria do bioplasma,

na qual não há conclusões unânimes nem conclusivas. (COLLS,

1984)

Os efeitos relacionados à reparação tecidual são:

- aumento do tecido de granulação;

- regeneração de fibras nervosas;

- neoformação de vasos sanguíneos e regeneração dos vasos

linfáticos;

- aumento da quantidade de colágeno após irradiação, das ligações

cruzadas do colágeno e da tensão de ruptura da ferida;

- aceleração do processo de cicatrização;

- incremento da atividade fagocitária dos linfócitos e macrófagos.

3.2.4.2 Efeitos secundários ou indiretos

Segundo Veçoso (1993), existem os seguintes efeitos:

a) Estímulo á microcirculação: com liberação da histamina pelo laser,

ocorre a paralisação dos esfincteres pré-capilares, como

consequência, o fluxo sanguíneo se vê aumentado.

b) Estímulo do trofismo celular: com o aumento na produção de ATP, a

velocidade mitótica é também aumentada, o que proporciona em

escala tissular, aumento da velocidade de cicatrização e também

melhora do trofismo dos tecidos.

3.2.4.3 Efeitos terapêuticos

A radiação LBP proporciona os seguintes efeitos terapêuticos:

a) Efeito analgésico - “ o caráter antiinflamatório da radiação laser por

si só proporciona redução da dor.” (VEÇOSO, 1993, p. 45)

Segundo Colls (1984) explica-se por vários fatores:

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- Fator antiinflamatório a nível local reduzindo a inflamação,

provocando a reabsorção de exsudatos e favorecendo eliminação

de substâncias alógenas, através do estímulo a microcirculação.

- Interferência da mensagem elétrica: através da manutenção do

potencial de membrana e como a mensagem elétrica constitui-se

em uma despolarização, este processo de inversão de polaridades

seria dificultado, com isso proporcionaria uma menor sensação

dolorosa.

- Estimulação direta ou indireta sobre a mente, a liberação de beta

endorfinas evitando a redução do limiar de excitabilidade dos

receptores dolorosos através da redução na síntese de

prostaglandinas, pois decresce a potencialização da bradicinina e

como conseqüência, tem-se a manutenção do limiar de

excitabilidade dos receptores dolorosos.

- Provocando a normalização e o equilíbrio da energia no local da

lesão com a liberação de histamina e bradicinina, ocorre a

sensibilização dos receptores dolorosos, que é corrigido através do

aumento da permeabilidade de vênulas e das dilatações das

arteríolas.

b) Efeito antiinflamatório - A radiação laser de baixa potência justifica-se

por interferência na síntese de prostaglandina. Como elas

desempenham um importante papel em toda instalação do processo

inflamatório, a sua inibição determina uma sensível redução nas

alterações proporcionadas pela inflamação; estimulação da

microcirculação, garantindo um eficiente aporte de elementos

nutricionais e defensivos para a região lesada, favorecendo a sua

resolução. (VEÇOSO, 1993)

c) Efeito antiedematoso - Estímulo à microcirculação, proporciona

melhores condições para a resolução da congestão causada pelo

extravasamento de plasma que forma o edema, ação fibrinolítica

proporciona resolução efetiva do isolamento causado pela

coagulação do plasma, que determina o edema duro. (VEÇOSO,

1993)

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d) Efeito cicatrizante - Veçoso (1993), como a radiação laser eleva os

níveis de produção de ATP, ela contribui para o aumento na

velocidade de divisão celular. Com o estímulo à microcirculação

ocorre aumento do aporte de elementos nutricionais e pela formação

de novos vasos a partir dos já existentes se torna acelerada, o que

gera como conseqüência melhores condições para uma cicatrização

rápida e esteticamente superior.

3.2.5 Dosimetria

Há ainda muitas dúvidas em relação à dosimetria dos lasers

utilizados em fisioterapia, mas devem ser levados em consideração os itens

que seguem.

3.2.5.1 Dosagem

Com relação aos efeitos terapêuticos da radiação laser, há muitas

dúvidas sobre a dosagem. Segundo Low e Reed (2001), sobre o comprimento

de onda (o laser infravermelho é recomendado para estruturas

músculo-esqueléticas mais profunda e o laser vermelho visível para

superficiais, como feridas, úlceras e condições de pele) e área de aplicação

(lesões pequenas devem ser tratadas diretamente sobre a parte afetada, para

feridas e áreas largas, a parte é dividida em quadrados de centímetros e cada

área é estimulada separadamente, ou pode ser usada uma técnica de

varredura na qual o laser é movido continuamente sobre a superfície da

ferida.

Para Rodrigues e Guimarães (apud SILVA; FILHO; MUSSKOPF, 1998),

na laserterapia, a densidade energética é utilizada como forma de dosar a

quantidade de radiação que se administrará a um paciente. Assim, temos que

nos preocupar em saber qual é a quantidade de energia que será aplicada em

uma certa área, isto é, a densidade energética medida em joules/cm² (J/cm²).

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3.2.5.2 Tempo

De acordo com Rodrigues e Guimarães (apud SILVA; FILHO;

MUSSKOPF, 1998), quanto maior a potência, menor é o tempo necessário

para aplicar uma certa quantidade de energia numa certa área. Quando houver

variação na área a ser aplicada: quanto maior a área a ser irradiada, maior será

o tempo necessário para aplicar uma certa densidade energética.

Segundo Baxter (1997) e Tunér e Hode (1999) o tempo de aplicação é

estimado pela seguinte fórmula:

T(s)= Densidade Média de Energia (J/cm²) x Área (cm²)

Potência (W)

Segundo Rodrigues e Guimarães (apud SILVA; FILHO; MUSSKOPF,

1998), deve-se evitar terapias de tempo total superior a 40 ou 45 minutos,

porque há provável decréscimo da efetividade da radiação em virtude da

diminuição do contraste luminoso.

3.2.5.3 Parâmetros

Segundo Colls (1984), há um esquema orientativo para critérios de

doses:

Efeito analgésico: 2 a 4 J/ cm²

Efeito antiinflamatório: 1 a 3 J/ cm²

Efeito cicatrizante: 3 a 6 J/ cm²

Efeito circulatório: 1 a 3 J/cm²

3.2.5.4 Número de sessões

Segundo Rodrigues e Guimarães (apud SILVA; FILHO; MUSSKOPF,

1998), para evitar a somação de estímulos e a redução da efetividade, deve-se

intercalar as aplicações do laser em pelo menos 24 horas.

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É provável que até a quinta ou sexta aplicação os resultados sejam

percebidos. Rodrigues e Guimarães (apud SILVA; FILHO; MUSSKOPF,1998),

relatam que o número máximo de sessões terapêuticas com laser de baixa

potência pode chegar a 15, 20 ou mais.

3.2.6 Contra-indicações

A radiação laser de baixa potência não pode ser considerada um recurso

inofensivo. Segundo Veçoso (1993), entre as contra-indicações da radiação

laser estão:

a) Irradiação sobre massas neoplásicas ou pacientes portadores de

neoplasias.

b) Irradiação direta sobre a retina.

c) Irradiação sobre foco de infecção bacteriana, principalmente aguda,

sem devido tratamento, isto é, acompanhamento de

antibioticoterápico.

d) Irradiação em gestantes.

3.3 Laserterapia e Reparação Tecidual

Simunovic et al. (2000), realizaram um estudo utilizando o LBP com

diversos comprimentos de onda, no processo de cicatrização em um estudo

clínico randomizado de setenta e quatro pacientes vitimas de acidente de

trânsito, cortes ocasionados em esporte e grupo controle. Um dos aspectos

analisados em seu estudo foi a formação do colágeno. As fluências utilizadas

na pesquisa foram de 4 J/cm² para o laser de 632,8nm, 20 J/cm² para o laser

de 904nm e 24 J/cm² utilizando ambos os comprimentos de onda. Em relação

ao colágeno, melhores resultados foram encontrados utilizando 4 J/cm², sendo

que com dose mais elevadas apresentaram menor efeito ou inibição no

processo de reparação.

Nascimento (2001) elaborou um estudo com a finalidade de avaliar se a

variação na intensidade e comprimento de onda poderiam interferir no

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processo de reparo em feridas cirúrgicas, foram avaliados dois comprimentos

de onda, um de 670nm e outro de 685nm. O modelo experimental utilizado,

foram 30 ratos, sendo 18 animais irradiados e divididos em dois subgrupos,

com cada grupo subdividido em 3 grupos diferenciando as densidades de

potência utilizadas, que foram 2, 15 e 25mW. Doze animais foram utilizados

como controle. Após o período experimental de 8 dias, os animais foram

sacrificados. Os resultados apresentaram um efeito positivo do laser no

processo de cicatrização, com o melhor efeito com o uso do laser de 670nm

com 25mw de densidade de potência. Resultados positivos foram encontrados

com ambos os comprimentos de onda quando comparados com o grupo

controle.

No processo de cicatrização tecidual, as falhas no reparo mais

importante são as que ocorrem nos estágios iniciais, levando a acentuação de

edema, reduzida proliferação vascular e diminuição dos elementos celulares,

tais como: leucócitos, macrófagos e fibroblastos. Conseqüentemente,

ocorrendo baixa síntese de colágeno e aumento do risco de infecção. Tendo

em vista estes agravantes, estudos norteiam-se na busca de novos métodos

terapêuticos que possam solucionar, ou ainda, minimizar, as falhas no

processo de reparo tecidual. Entre tais métodos a terapia de laser de baixa

potência (LBP) tem ocupado lugar de destaque. Seu êxito deve-se as

particularidades de respostas que induz nos tecidos, como redução do edema,

diminuição do processo inflamatório, aumento da fagocitose, aumento da

síntese de colágeno e epitelização. (CARVALHO et al., 2003)

Medrado et al. (2003), analisaram os efeitos do laser Arseneto-Gálio-

Alumínio (AsGaAl) em diferentes doses, 4 J/cm² e 8 J/cm², na cicatrização de

ferida induzida, em ratos. Observaram que nos animais tratados, a extensão do

edema e o número de células inflamatórias foram reduzidos precocemente,

além de ter sido induzido o aumento da deposição de colágeno e a melhora da

proliferação de miofibroblastos, quando comparado com o grupo controle.

Também foi verificado que o tratamento com a dosagem de 4 J/cm² foi

superior ao de 8 J/cm², pois apresentou maior quantidade de células que são

correlacionadas com a maior proliferação vascular e manteve uma maior

redução do diâmetro da área da ferida em todos os instantes da análise.

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Carvalho et al. (2003), em estudo comparativo, analisou fibras

colágenas, através da morfometria computadorizada, de feridas cutâneas em

ratos Wistar, submetidos a irradiação diária do laser HeNe com dosagem de 4

J/cm², durante 36 segundos, com as do grupo controle. As análises

morfométricas foram realizadas no 3º,7º e 14º dias após a lesão. Foi verificado

que o laser se mostra eficiente no tratamento de feridas cutâneas, acelerando

seu processo cicatricial com uma rede de fibras colágenas melhor elaborada

do que no grupo controle.

Segundo Hüseyin et al. (apud BORTOT, 2005), verificaram a atuação do

laser AsGa, com dose de 1J/cm², densidade de energia de 6mW por 10

minutos/dia, durante 10 dias consecutivos, nas distintas fases do processo de

reparação tecidual de feridas em ratos. As análises histológicas foram

realizadas no 4º e 10º dia de tratamento e a análise tênsil, no 25º dia do

estudo. Comparando-se o grupo tratado ao de controle, observou-se efeito

benéfico significativo do LBP na três fases do processo de reparação:

inflamatória, proliferativa e remodeladora.

Bortot (2005), em seu estudo teve como objetivo analisar aspectos

histológicos e biomecânicos da reparação tecidual de feridas cutâneas em

ratos, com e sem fita adesiva cirúrgica hipoalergênica, após irradiação do LBP

AlGaInP (Alumínio-Gálio-Índio-Fósforo), com densidade média de energia de 7

J/cm². Os animais foram estimulados de forma seqüencial, iniciando-se 24

horas após a cirurgia, por 7 e 14 dias. A análise morfométrica do processo de

reepitelização foi realizada apenas nos grupos submetidos à 7 dias de

tratamento, sendo que os de 14 dias já apresentavam o avanço total do

epitélio, dificultando a mensuração. Nos grupos submetidos a irradiação, com e

sem fita adesiva cirúrgica hipoalergênica , a reepitelação foi significativamente

maior que no grupo controle, assim como também apresentaram maior número

de células de fibroblastos. Entretanto, com 14 dias de tratamento, a não

diferença significativa entre os grupos, sugere-se que o laser não apresenta, na

fase inicial de remodelagem, tanta influência como na fase proliferativa.

Bortot (2005), analisou também o número de fibrócitos nos grupos

experimentais de 7 dias de tratamento, verificando menor quantidade

significativa nos grupos submetidos a radiação, com e sem fita, quando

comparado ao grupo controle. Este resultado coincide ser inversamente

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proporcional ao do fibroblasto, já que o fibrócito é uma condição inativa deste.

Assim, sugere que o LBP estimulou a diferenciação dos fibrócitos em

fibroblastos ativos, porém o analise da diferença entre as médias do número de

fibrócitos reduzidos ao aumento de fibroblastos, nos grupos irradiados,

suspeitou-se que não só apenas houve uma transformação de fibrócitos em

fibroblastos, mas também da atuação dos fatores de crescimentos

responsáveis pelo controle de migração e proliferação fibroblásticas. Neste

grupo, os leucócitos também apresentaram em menor quantidade, atribuindo

este fato a ação do LBP em acelerar o processo de reparação tecidual,

diminuindo assim o período da fase inflamatória tardia, sendo esta sobreposta

à fase proliferativa. Já com 14 dias de tratamento, a não diferença significativa

entre os grupos sugeriu novamente que o laser não apresenta na fase inicial de

remodelagem, tanta influência como na fase proliferativa.

Ainda no estudo de Bortot (2005), o teste de resistência tênsil foi

realizado no 15º, ou seja, após os 14 dias de tratamento, os resultados não

revelaram aumento significativo da resistência tênsil nos tecidos submetidos a

irradiação comparados com o grupo controle. Sugerindo assim o fato de que a

análise foi feita antes do período apropriado, pois pesquisadores relatam q a

resistência tênsil é aumentada significativamente por volta da terceira semana

da cicatrização.

Pereira (2005), estudou o efeito da LBP em queimaduras de terceiro

grau, foram estudados 24 ratos divididos em quatro grupos, com lesões de uma

queimadura induzida, realizada por uma pinça cilíndrica aquecida com

maçarico, na região externa da coxa direita. Após 2 dias os grupos foram

tratados com diferentes tipos de lasers, HeNe visível com comprimento de

onda de 632,8nm e potência de 15mW (grupo II), AsGaInP visível com

comprimento de onda de 685nm e potência de 20mW (grupo III) e AsGaAl

infravermelho com comprimento de onda de 830nm e potência também de

20mW (Grupo IV), sendo o grupo I controle. O sacrifício dos animais ocorrem

no nono, décimo sexto e vigésimo terceiro dia, sendo 2 animais sacrificados de

cada grupo. No presente estudo, concluiu-se que com os três diferentes

laseres foi possível diminuir o processo inflamatório e favorecer a reparação

tecidual, fato evidente nos grupos III, III, e IV, houve também o aumento do

número de vasos e incremento da reepitelização até o 23º dia pós-

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queimadura. Após a análise do resultado, foi possível constatar que o laser

HeNe resultou em uma melhor cicatrização na queimadura de 3º grau quando

comparado aos demais laseres utilizados, houve uma resposta inflamatória

menos intensa favorecendo a reparação tecidual com o aparecimento de

fibrobalstos jovens, colágeno, neoformação da vascularização tecidual e anexo

da derme com aspecto de normalidade.

Nascimento et al. (2006), em seu estudo investigou os efeitos do laser

HeNe 632.8nm sobre o conteúdo de fibroblastos e sua influência no processo

cicatricial de feridas em ratos. Foram estudados 40 animais, onde realizaram

duas incisões longitudinais da extensão de 3cm com bisturi, atingindo a pele e

o tecido subcutâneo, em cada lado do dorso. Em seguida realizou-se a sutura

da ferida, com três pontos simples,e foram submetidos a irradiação com laser

HeNe 632.8nm (4J/cm², única e diária) imediatamente após a lesão e por

períodos de 1,2,3,4,5,7,9,11,15,21 e 29 dias. A avaliação histológica e a

contagem de fibroblastos foram realizadas através do programa de captura de

imagem Image Pro Plus 5. A irradiação com o laser HeNe 632.8nm promoveu

uma redução no conteúdo de fibroblastos na área da ferida irradiada, sugerindo

um aumento da síntese de colágeno e na diferenciação de fibroblastos. Os

dados indicaram que a irradiação pelo laser HeNe 632.8nm interfere no

processo de cicatrização de feridas.

Ferreira (2006), pesquisou o efeito da laserterapia de baixa potencia em

ratos jovens e idosos, estudou 40 ratos divididos em 4 grupos de 10, sendo 10

ratos jovens tratados e 10 ratos jovens no grupo controle, e 10 ratos idosos

tratados e 10 ratos idosos no grupo controle, a ferida foi realizada por um

instrumento metálico circular cortante no dorso de cada rato e utilizou em seu

tratamento o aparelho de laser de baixa potência, comprimento de onda de 660

nm e 30 mW/cm² de potencia e densidade de 3 J/cm², estimulando os grupos a

serem tratados, de ratos jovens e idosos, por 7 dias consecutivos, os grupos

controle foram submetidos aos mesmos procedimentos, porém com o aparelho

de laser desligado, o tratamento foi eficiente para aumentar a reepitelização

dos tecidos, tanto em animais jovens quanto em idosos, portanto o tecido

envelhecido responde à terapia por laser de baixa potência da mesma forma

que o tecido jovem.

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Mello, Sampedro e Piccinini (2007), verificaram em suas pesquisa os

efeitos do laser terapêutico no tratamento de queimaduras em ratos da raça

Wistar. Sessenta e dois ratos machos foram tricotomizados na região dorsal,

em uma área de 4 cm², submetidos à queimadura por óleo vegetal quente a

300ºC e então divididos em três grupos. A partir do dia seguinte à lesão iniciou-

se o tratamento. O grupo experimental 1 foi tratado com laser HeNe no modo

varredura a 4 J/cm² e o grupo experimental 2 com laser pontual na mesma

intensidade, em quatro diferentes pontos previamente demarcados. Os animais

do grupo controle não receberam tratamento algum. Foram realizadas coletas

histológicas aos 3º, 7º, 14º e 21º dias após a lesão, analisando-se as lâminas.

Os resultados mostraram que o grupo tratado com laser varredura obteve cura

total da lesão após 14 dias de tratamento, apresentando a pele com estrutura

normal, enquanto os demais grupos apresentaram melhora apenas após 21

dias. No grupo tratado com laser pontual percebeu-se a presença de neutrófilos

no 14º dia, o que sugere uma nova inflamação, que pode ter sido causada pela

utilização de intensidade muito alta para essa forma de laserterapia. Os

resultados permitem concluir que o laser HeNe em uma intensidade de 4 J/cm²

acelera o processo de cicatrização de queimaduras cutâneas e, quando

aplicado no modo varredura, os resultados são ainda mais efetivos.

Pinto et al. (2009), publicaram o estudo de caso de uma paciente de 54

anos que se submeteu a revascularização miocárdica e evoluiu com deiscência

de safenectomia em membro inferior, com edema e dor no 15º dia pós-

operatório (PO), tendo sido realizado inicialmente o tratamento convencional no

ambulatório, limpeza com soro fisiológico e uso de alginato de cálcio local 2

vezes por dia, sem melhora clínica. No 30º PO, optou-se por aplicação

somente LBP ao redor da borda da ferida, pontualmente , mantendo um

intervalo de 2 cm de cada ponto, em toda extensão da deiscência,

conservando-se 0,5 cm de distância da pele. procedendo-se à remoção do

curativo e assepsia antes das aplicações. O laser utilizado foi o Diodo laser

(AsGa) com os seguintes parâmetros: comprimento de onda 685nm, densidade

4,5J/cm2 e potência de 20mW. Na primeira semana de aplicação do LBP,

foram realizadas duas sessões com intervalo de 48 horas, contudo, nas

semanas subseqüentes, o laser foi aplicado apenas uma única vez por semana

até o fechamento total, sem a administração de qualquer medicamento. No

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decorrer do tratamento com LBP, a ferida revelou incremento do tecido de

granulação em toda sua extensão e delimitação das bordas, bem como

diminuição de fibrina, além da involução do eritema e edema em MID,

resultando em cicatrização da ferida na 9ª sessão. A lesão respondeu com

tecido de granulação, diminuição do processo inflamatório e analgesia desde a

primeira aplicação. Neste estudo piloto, a laserterapia mostrou ter um papel

importante como agente facilitador de cicatrização, por meio de uma terapia

não-invasiva, eficaz e segura.

Rodrigues et al. (2009), teve como objetivo em seu trabalho analisar os

efeitos do LBP, na reparação de feridas cutâneas em ratos. Depois de

realizadas feridas padronizadas de 8 milímetros de diâmetro no centro do plano

sagital médio no dorso de quarenta ratos, os animais foram divididos em quatro

grupos: G1, sem exposição ao laser; G2, exposição ao laser imediatamente

após a cirurgia; G3, exposição ao laser conforme G2 e 48h após cirurgia; G4,

exposição ao laser idem a G3 e sete dias após a cirurgia.

Em seu estudo Rodrigues et al. (2009), utilizou para as aplicações um

laser AsGa, comprimento de onda de 780 nm. As lesões foram submetidas à

aplicação do laser com contato entre a ponta ativa e a ferida em oito

localizações diferentes na periferia da lesão e num ponto central em forma de

varredura, o que permitiu que toda a ferida recebesse tratamento uniforme. O

tempo de exposição por ponto de aplicação foi de 3s, totalizando 27s de

exposição por ferida a cada sessão. Foi utilizada a dose de energia por ponto

de 3,8J/cm² e potência de 15mW. As áreas das feridas foram medidas

imediatamente após cirurgia, 48h, sete dias e no décimo dia (sacrifício)

utilizando-se programa para análise de imagens.

Rodrigues et al. (2009), após o sacrifício dos ratos, foram removidos as

áreas correspondentes às feridas e o tecido ao redor e procedeu-se ao preparo

de rotina para confecção de lâminas histológicas. Seis cortes de cada animal

foram fotografados e realizou-se contagem de fibroblastos. Em todos os

períodos, G1 apresentou a menor área de reparação, evidenciando os efeitos

do laser na redução macroscópica das lesões. Os grupos irradiados

apresentaram também proliferação de fibroblastos superior ao controle, sendo

que o protocolo de duas aplicações resultou no maior número de fibroblastos

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aos dez dias. Concluiu-se que o laser favoreceu a cicatrização e que o

processo foi acelerado nos grupos que receberam mais de uma aplicação.

Felice et al. (2009), analisou o efeito do LBP na cicatrização de úlceras

venosas e de pressão. Participaram da pesquisa três sujeitos, sendo dois

portadores da seqüela de trauma raquimedular e um com insuficiência vascular

periférica, totalizando 8 feridas. Todos foram submetidos a sessões de

laserterapia, em dias intercalados, após a assepsia da ferida. Utilizou-se laser

AsGaAlInP, com comprimento de onda 658nm dose 4 J/cm² na forma pontual

e varredura. Após o tratamento a maioria das feridas apresentou melhora

significativa da cicatrização, sendo que apenas uma apresentou piora. Com

isso constatou-se que a laserterapia de baixa potência favoreceu o processo

cicatricial das úlceras de pressão e venosa, entretanto cuidados

interdisciplinares devem ser associados ao tratamento.

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CONCLUSÃO

Os estudos in vivo, assim como in vitro, demostram que a regeneração

tecidual torna-se mais eficaz quando tratadas com laser de baixa potência.

Estes estudos em sua maioria in vivo (animais e humanos), corroboram a tese

que o laser de baixa intensidade age sobre a síntese e remodelação de

colágeno, número de fibroblastos, diâmetro e força de tração das feridas

tratadas, viabilidade de enxertos, vascularização, vasodilatação, sistema

linfático, efeito antibactericida e imunológico.

Verificou-se que as doses utilizadas na maioria dos trabalhos

pesquisados não limitou-se em baixas ou altas. Os efeitos positivos

apresentaram-se tanto em pesquisas com doses baixas e altas.

Na maioria dos autores consultados, a laserterapia produz efeitos

teciduais efetivos para o reparo tecidual. Como o aumento no número de

fibroblastos, bem como na sua produção de colágeno. São inúmeros os efeitos

do laser no processo de reparação tecidual e, portanto vem sendo muito

utilizado para tais tratamentos, sendo que proporcionam resultados

satisfatórios quanto à cicatrização.

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