a situação dos pescadores de são borja e uruguaiana

9
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul Comissão de Cidadania e Direitos Humanos Relatório das Audiências Públicas realizadas no dia 28 de novembro de 2014 para debater “A Situação dos Pescadores da Fronteira Oeste Face às Restrições à Pesca na Região”, realizada no Município de Uruguaiana, e para “Tratar da Situação dos Pescadores de São Borja e Região”, realizada no Município de São Borja.

Upload: aldacir-oliboni

Post on 06-Apr-2016

215 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Relatório de audiências públicas realizadas pelo deputado Aldacir Oliboni a partir da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativas em função da proibição da pesca do dourado e do surubim

TRANSCRIPT

Page 1: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Comissão de Cidadania e Direitos Humanos

Relatório das Audiências Públicas realizadas no dia 28

de novembro de 2014 para debater “A Situação dos

Pescadores da Fronteira Oeste Face às Restrições à

Pesca na Região”, realizada no Município de

Uruguaiana, e para “Tratar da Situação dos Pescadores

de São Borja e Região”, realizada no Município de São

Borja.

Page 2: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

1. Introdução

As Audiências Públicas da Comissão de Cidadania e de Direitos Humanos da

Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul realizadas no dia 28 de

novembro de 2014 para debater “A Situação dos Pescadores da Fronteira Oeste Face

às Restrições à Pesca na Região”, no Município de Uruguaiana, e para “Tratar da

Situação dos Pescadores de São Borja e Região”, no Município de São Borja, foram

solicitadas pelas Associação de Pescadores Nova Conquista, a Colônia de Pescadores Z-

9, a Colônia de Pescadores Z-21 e a Associação de Pescadores de São Borja.

Solicitações acolhidas por este deputado que apresentou ambos os Requerimentos

para sua realização, os quais foram aprovados pelo conjunto de parlamentares

integrantes desta Comissão.

Tais Audiências contaram com a participação de mais de 400 pessoas, entre

pescadores, representantes de Associações e Colônias de Pescadores, do Ministério

Público Estadual, da FEPAM, de prefeituras municipais e câmaras de vereadores, bem

como de lideranças comunitárias, empresariais e setoriais, pesquisadores e

organizações não-governamentais voltadas ao meio ambiente e à inclusão social.

Entre os temas principais, estiveram a restrição à pesca do Dourado e do Surubim na

Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai e nos arroios que a alimenta, supostas

irregularidades ambientais ocasionadas por bombas de sucção em grandes

propriedades rurais, por clubes de pesca esportiva e barragens hidrelétricas existentes

na Bacia.

2. Breve Histórico do Tema

A área da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai é extensa, possuindo 365.000 quilômetros

quadrados. Destes, 174.612 quilômetros quadrados estão localizados em território

brasileiro, significando 57% da sua extensão. No Brasil, ele abrange 384 municípios dos

estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Sua extensão abrange ainda o

Uruguai e a Argentina. Sua nascente é na Serra Geral em Santa Catarina e deságua na

Bacia do Rio da Prata, já em território Argentino.

Nela, estão localizadas três Usinas Hidrelétricas (Itá, Machadinho e Foz do Chapecó)

em território brasileiro e a Represa de Salto Grande localizada na divisa do Uruguai

com a Argentina, mais especificamente entre o município uruguaio de Salto e o

município argentino de Concórdia. No Brasil, há ainda, para os próximos anos, a

revisão de outras hidrelétricas.

Page 3: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

Como resultado do desequilíbrio ecológico provocado pelas hidrelétricas devido ao

represamento e mudança do regime hídrico natural, o Decreto Estadual 41.672, de 11

de junho de 2002, declarou as espécies da fauna silvestre ameaçadas de extinção no

Rio Grande do Sul. Entre elas, o Dourado e o Surubim na Bacia do Rio Uruguai, cuja

captura passou, a partir de então, a ser proibida no local. Algo compreensível na época

e defendida inclusive por parcela dos próprios pescadores artesanais e profissionais

que viam na possibilidade de extinção das espécies citadas um risco a sua própria

subsistência, visto que as mesmas chegaram a representar cerca de 60% dos seus

rendimentos. Cabe salientar que as espécies identificadas no Decreto foram alvo de

amplo estudo realizado entre 1999 e 2002 por especialistas ambientais e coordenado

pelo Museu de Ciências e Tecnologia da Pontífica Universidade Católica do Rio Grande

do Sul.

O mesmo Decreto estabeleceu a realização de acompanhamento coordenado pela

Secretaria Estadual do Meio Ambiente através de Comissão Técnica por ela designada

no intuito de estabelecer reavaliação periódica da lista de espécies com risco de

extinção, debatendo critérios técnicos-científicos aplicados na versão publicada,

propondo eventuais ajustes, estudando e observando o estado de conservação destas

e propondo a sua inclusão ou exclusão da lista. A previsão era de renovação dos

estudos e do Decreto a cada dois anos, o que não ocorreu.

O Decreto Estadual 45.480, de 14 de fevereiro de 2008, assinado pela governadora

Yeda Crucius estabeleceu a liberação da pesca do Dourado e do Surubim a partir

daquela data até o dia 04 de julho do mesmo ano, quando novos estudos seriam

apresentados sobre as espécies de fauna silvestre ameaçadas de extinção no Rio

Grande do Sul. O Decreto não obedeceu critérios estabelecidos pelo Código Estadual

do Meio Ambiente e novo estudo não foi apresentado. Diante disso, o Ministério

Público Estadual e o Ministério Público Federal solicitaram a revogação judicial do

mesmo.

Somente em 2013 novo estudo foi realizado e, após sua conclusão, o Decreto Estadual

51.797, de 09 de setembro de 2014, manteve o Surubim e o Dourado da Bacia

Hidrográfica do Rio Uruguai entre as 274 espécies da fauna silvestre ameaçadas de

extinção no Rio Grande do Sul.

3. Audiências Públicas

A primeira Audiência foi realizada às nove horas do dia 28 de novembro de 2014 no

Clube Naval do Município de Uruguaiana. Estiveram presentes representantes do

Ministério Público Estadual, da FEPAM, da Colônia de Pescadores Z-9, da Associação de

Pescadores Nova Conquista, representante do deputado estadual Frederico Antunes e

aproximadamente 300 pescadores oriundos dos municípios de Uruguaiana e Barra do

Page 4: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

Quaraí. Embora convidados, não se fizeram presentes representantes da Patrulha

Ambiental da Brigada Militar, da Prefeitura Municipal de Uruguaiana, da Câmara

Municipal de Uruguaiana, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e

Cooperativismo, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, do Ministério Público

Federal e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Minerais

Renováveis.

Tendo como principal tema a garantia do direito ao trabalho e à dignidade dos

trabalhadores da pesca artesanal e profissional diante das restrições ao exercício da

sua profissão na região, estes foram os primeiros a expor.

Os representantes da Associação Nova Conquista e da Colônia de Pescadores Z-9

lamentaram a situação que lhes é imposta desde 2002, quando Decreto Estadual, ao

definir o Dourado e o Surubim como espécies em extinção no Rio Uruguai e a

consequente proibição da sua captura e comercialização. Relataram que, se naquele

momento, a possibilidade de extinção era uma realidade, hoje tais espécies, já em

número populacional considerável naquela parcela da Bacia, se tornaram predadoras

de outras espécies, ameaçando inclusive o futuro da atividade na região. Tal fato,

deve-se a não realização de estudos durante o período com a participação dos

pescadores, os quais vivenciam esta realidade no seu dia-a-dia. Questionam a forma

de atuação dos órgãos de controle e fiscalização ao terem como foco somente os

pescadores artesanais e profissionais, deixando à margem da fiscalização clubes de

pesca amadora e as grandes propriedades rurais existentes na região. Sobre os

primeiros, relatam que nem sempre os clubes respeitam os regramentos impostos

pela legislação vigente e acabam por realizar a pesca predatória. Sobre as

propriedades rurais, apresentaram vídeo comprobatório de supostos crimes

ambientais ocasionados a partir da instalação de bombas de sucção para irrigação

diretamente ligadas a arroios e ao Rio Uruguai, as quais ocasionam grande

mortandade de alevinos e danos ambientais no mínimo preocupantes para o futuro da

pesca na região. Outra situação levantada pelos representantes das entidades é o fato

da proibição ser válida somente para o Rio Grande do Sul, sendo ela liberada em Santa

Catarina, no Uruguai e na Argentina. Fato que gera um desequilíbrio econômico

nefasto aos pescadores gaúchos na medida em que o Dourado e o Surubim capturados

por pescadores não-gaúchos na mesma Bacia, acabam comercializados por estes no

próprio Rio Grande do Sul. Por fim, solicitam a liberação da pesca artesanal e

profissional em arroios da região a partir de regras específicas. Hoje proibida devido ao

entendimento de que estes locais servem como “berçários” para alevinos, há trechos

destes locais onde isto não é verdadeiro, podendo estes serem fonte para a pesca não-

predatória.

A representante da FEPAM realizou um breve histórico sobre o tema, incluindo

também outras experiências na própria Bacia do Rio Uruguai e defendendo a

realização de estudo científico ambiental imediato realizado preferencialmente pelo

corpo técnico da Unipampa no intuito de estabelecer a possibilidade da volta da

Page 5: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

liberação da captura e comercialização das espécies hoje proibidas ao menos em áreas

e períodos específicos.

O representante do Ministério Público Estadual relatou o histórico de atuação do

órgão sobre esta situação, justificando inclusive a posição emitida sobre o Decreto de

fevereiro de 2008, o qual foi pedido sua revogação por desrespeito ao Código

Ambiental e a falta de estudos que efetivamente indicassem a possibilidade da

liberação da pesca do Dourado e do Surubim naquele momento. No entanto,

demonstrou-se favorável a realização imediata de novo estudo para a liberação e

comprometeu-se a encaminhar o diálogo e a busca de soluções concretas em conjunto

com pescadores, órgãos de fiscalização e controle, Ministério Público Federal e

academia. Questionou a ausência de diversos órgãos convidados que não

comparecerem na Audiência.

Após, passou-se a palavra para os demais interessados em usá-la e para os

encaminhamentos, os quais serão sintetizados ao final do Relatório.

A segunda Audiência foi realizada às 18 horas do dia 28 de novembro de 2014 na

Câmara Municipal de São Borja. Estiveram presentes representantes da Associação dos

Pescadores de São Borja, da Colônia de Pescadores Z-21, da Prefeitura Municipal de

São Borja, da Câmara Municipal de São Borja, da organização não-governamental Itai-

Caiman, entre outros, bem como lideranças comunitárias e setoriais do município.

Além dos temas já expostos pela manhã em Uruguaiana, a Audiência tratou de

questões referentes às barragens hidrelétricas. Segundo os pescadores e

ambientalistas, além delas serem as grandes responsáveis por grande desequilíbrio

ecológico, as compensações ambientais que possam amenizar a situação não estão

sendo realizadas. Além disso, a falta de alerta adequado quando da abertura de suas

comportas, muitas vezes acima do limite permitido pela legislação, acaba danificando

parcialmente ou totalmente equipamentos de pescadores artesanais e profissionais.

Também não estaria havendo a fiscalização adequada sobre os empreendimentos.

Caso se concretizem, outros empreendimentos hidrelétricos previstos para a Bacia do

Rio Uruguai podem agravara ainda mais a situação.

4. Conclusões e Recomendações

Ao estabelecer, em 2002, após estudo aproximado de três anos realizado por

pesquisadores, o Decreto Estadual que declarou as espécies da fauna silvestre gaúcha

com possibilidade de extinção, o Governo do Estado agiu de forma a preservar o

ambiente natural do Rio Grande do Sul. Era o período de implementação do Código

Estadual do Meio Ambiente e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Os estudos

Page 6: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

realizados apontaram que, na Bacia Hídrica do Rio Uruguai, o Dourado e o Surubim,

estariam ameaçados de extinção à época.

No entanto, a renovação dos estudos previsto para ocorrer a cada dois anos, não se

efetivou. Aliado a isto, ao longo dos anos houve crescimento populacional significativo

do Dourado e do Surubim em zonas da Bacia. Há registro, por parte dos pescadores

que na zona do Rio Uruguai entre os municípios de Garruchos e Barra do Quaraí, este

crescimento é tão grande que estaria ele ameaçando a sobrevivência de outras

espécies, visto que são predadores de espécies menores.

Outra questão é a distorção existente. Como é possível que, no mesmo Rio,

pescadores catarinenses, argentinos e uruguaios possam efetuar a captura e

comercialização dessas espécies e, ao mesmo tempo, pescadores gaúchos estejam

impedidos de realizá-la? Sem dúvida, é um fato curioso ver a pesca proibida em

municípios como São Borja e Uruguaiana, em solo gaúcho, e ela estar liberada em

Santo Tomé e Passo de Los Libres, em solo argentino. O Rio é o mesmo, a água é a

mesma, apenas duas pontes dividem as localidades, mas se o barco sair de um lado,

pode pescar. Se sair de outro, está proibido. É como se, de uma parte, o Dourado e o

Surubim falassem em espanhol, e de outra, em português. Uma brincadeira comum na

região que ilustra bem uma situação altamente prejudicial para os trabalhadores da

pesca gaúchos e para a própria economia das cidades. Se o Dourado e o Surubim não

chegam pelo Rio através dos gaúchos, acabam chegando legalmente importado da

cidade-irmã por terra após atravessar a ponte internacional.

Com relação aos estudos realizados tanto em 2002 quanto em 2013, eles não

contaram com a participação de pescadores e não foram realizados considerando

realidades locais. Por exemplo, se há possibilidade de população abundante do

Dourado e do Surubim entre Garruchos e Barra do Quaraí, possivelmente o mesmo

não ocorre com relação a locais de maior proximidade às barragens hidrelétricas. O

desequilíbrio ecológico ocasionado por elas ao alterar o curso natural das águas

influencia na vida e na reprodução não somente dessas espécies, mas também de

todas as outras. Por isso a necessidade de que qualquer estudo na Bacia do Rio

Uruguai seja realizado a partir de zoneamento e com a participação de pesquisadores,

pescadores, órgãos ambientais e academia.

Cabe ressaltar que as hidrelétricas acabam trazendo um outro dano. Ao abrir suas

comportas sem nenhum sinal de alerta acessível aos pescadores, inundando áreas

onde a pesca ocorre, os trabalhadores acabam presenciando a perda de seus

equipamentos, os quais são arrastados pela força das águas. Embora a promessa

exista, na maioria das vezes não há nenhuma compensação por parte dos

empreendimentos acerca da situação relatada.

Cabe dizer que outros desequilíbrios ecológicos preocupam os pescadores

profissionais e artesanais e toda a comunidade da região.

O primeiro deles, relaciona-se às chamadas bombas de sucção existentes para a

irrigação de grandes propriedades rurais. Ocorre que tais bombas, como em vídeo

Page 7: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

apresentado no município de Uruguaiana, geram um grande desastre ambiental

ocasionando mortandade de milhares de alevinos diariamente em uma única

propriedade. Multiplicada por dezenas, talvez centenas de propriedades que se

utilizam desse sistema hoje, é provável a extinção de pequenas e médias espécies já

nos próximos anos.

O segundo, são as dezenas de clubes de pesca esportiva existentes na parte gaúcha da

Bacia do Rio Uruguai. Eles, por si só, teoricamente não representariam riscos ao meio

ambiente se a legislação fosse fielmente observada. Porém, em grande parte dos

casos, não é exatamente isso o que ocorre. Há relatos de que, aos finais de semana,

quando a fiscalização é amena e o movimento desses clubes, a maioria formado por

famílias abastadas da região, é maior, a pesca predatória seria uma realidade.

Por fim há a questão da proibição da pesca em Arroios. Embora seja a partir desses

mesmos locais que parcela significativa das grandes propriedades rurais da região

façam a extração da água para irrigação e utilize suas bombas de sucção, a pesca está

proibida sob alegação de que seriam “berçários” para as espécies de alevinos. Não se

pode ter dois pesos e duas medidas nesta questão.

Diante dos fatos relatados, sugerimos os seguintes encaminhamentos por parte desta

Comissão:

Envio, por esta Comissão, de Ofícios aos órgãos e entidades que, convidados,

não enviaram representação às Audiências realizadas para que se manifestem

sobre a situação no prazo de trinta dias;

Sugestão ao Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal de

proposição de Termo de Ajuste de Conduta entre as entidades representativas

de pescadores profissionais e artesanais, órgãos de fiscalização e controle

estaduais e federais com o objetivo de liberação da pesca do Dourado e do

Surubim na extensão da Bacia do Rio Uruguai entre os municípios de Garruchos

e Barra do Quaraí, até que novo estudo por zoneamento seja realizado para

análise das regiões onde tais espécies correm o risco de extinção e das regiões

onde sua população é abundante;

Realização de estudo por zoneamento na Bacia do Rio Uruguai sobre a

densidade populacional das espécies do Dourado e do Surubim, coordenado

por órgãos estaduais e federais responsáveis e com a participação de

universidades, pesquisadores e representantes de pescadores artesanais e

profissionais;

Page 8: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

Após realização do estudo sugerido, liberação da pesca do Dourado e do

Surubim em períodos específicos em zonas de grande contingente populacional

das espécies;

Sugestão ao Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal de

proposição de Termo de Ajuste de Conduta para adequação das metodologias

utilizadas para a irrigação nas grandes propriedades rurais da região tendo por

objetivo solucionar os danos ambientais ocasionados hoje pela utilização do

sistema de bombas de sucção;

Fiscalização mais efetiva através de força-tarefa formada pelo Ministério

Público Estadual, Ministério Público Federal, órgãos estaduais e federais

responsáveis pelo controle e fiscalização sobre supostas ocorrências de

irregularidades ambientais em grandes propriedades rurais da região e na

prática de clubes de pesca esportiva;

Sugestão ao Ministério Público Estadual e Federal de proposição de Termo de

Ajuste de Conduta entre empreendimentos hidrelétricos e entidades

representativas de pescadores estabelecendo metodologias para a emissão de

alertas anteriores à abertura de comportas e compensação imediata de

possíveis danos ocasionados aos pescadores profissionais e artesanais;

Realização de estudo coordenado por órgãos ambientais estaduais e federais e

com a participação de universidades, pesquisadores e representantes dos

pescadores e empreendimentos hidrelétricos sobre a viabilidade de criação de

espécies ameaçadas na área compreendida por estes empreendimentos como

forma de compensação pelo desequilíbrio ecológico provocado;

Realização de reunião com os conselhos das hidrelétricas citadas a fim de

estabelecer ações conjuntas de compensação ao meio ambiente;

Liberação da pesca em áreas de arroios e afluentes do Rio Uruguai com

limitações específicas que tenham por objetivo não atingir áreas de reprodução

e crescimento das espécies;

Formação por esta Comissão de Grupo de Trabalho permanente que

acompanhe sistematicamente a situação dos pescadores artesanais e

profissionais gaúchos;

Envio por esta Comissão deste Relatório, bem como das Atas e ou Transcrições

das Audiências realizadas ao Governador do Estado do Rio Grande do Sul Tarso

Genro e ao Governador eleito José Ivo Sartori, bem como ao Ministério Público

Estadual, Ministério Público Federal e órgãos federais afins e demais entidades

representadas nas Audiências;

Page 9: A Situação dos Pescadores de São Borja e Uruguaiana

Sistematização das discussões realizadas nesta Casa sobre o tema e sugestão

para a integração das discussões com a Comissão de Agricultura, Pecuária e

Cooperativismo;

Publicação deste Relatório pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos

para dar conhecimento à sociedade da situação dos pescadores gaúchos da

Bacia do Rio Uruguai diante das restrições ao exercício de sua atividade

profissional.

Porto Alegre, 10 de novembro de 2014

Deputado Aldacir Oliboni (PT)