a sala de aula é uma -...

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EDIÇÃO Nº 05 • ANO II • MAIO 2018 • WWW.INOVEDUC.COM.BR DESAFIO START-ED CONVOCA PROFESSORES A CRIAREM STARTUPS A Fundação Lemann, em parceria com a Artemisia e a Universidade de Columbia, incentiva 12 soluções para a implementação da BNCC COLABORAÇÃO SERÁ O CAMINHO PARA MUDAR A EDUCAÇÃO Crescem as trocas de experiências entre professores sobre uso de ferramentas tecnológicas com a criação de plataformas colaborativas EDUCAÇÃO JÁ USA BLOCKCHAIN PARA IMPACTAR EDTECHS Tecnologia inicialmente criada para aplicações em segurança de dados já começa a ser usada para dar garantia em transações A sala de aula é uma (ou poderia ser)

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EDIÇÃO Nº 05 • ANO II • MAIO 2018 • WWW.INOVEDUC.COM.BR

DESAFIO START-EDCONVOCA PROFESSORESA CRIAREM STARTUPSA Fundação Lemann, em parceriacom a Artemisia e a Universidadede Columbia, incentiva 12 soluçõespara a implementação da BNCC

COLABORAÇÃO SERÁO CAMINHO PARAMUDAR A EDUCAÇÃOCrescem as trocas de experiênciasentre professores sobre uso deferramentas tecnológicas com acriação de plataformas colaborativas

EDUCAÇÃO JÁ USABLOCKCHAIN PARAIMPACTAR EDTECHSTecnologia inicialmente criadapara aplicações em segurançade dados já começa a ser usadapara dar garantia em transações

A sala de aula é uma

(ou poderia ser)

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2 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 20183 3

Tempo de

Já não há dúvida ou maneira de evitar — omundo está mudando. Na verdade, as transformações ocorrem mais rápido do que nun-

ca, e o futuro do trabalho, em particular, se al-tera das maneiras mais diferentes do que jamaisexperimentamos antes. Essas mudanças, juntamente coma ascensão da inteligência artificial e a nova economia, exigi-rão que os estudantes adquiram habilidades novas, diferentes da-quelas tradicionalmente ensinadas nas escolas.

Em 2020 — ou seja, dentro de menos de dois anos —, 85milhões de vagas no mercado de trabalho deixarão de ser preenchi-das em todo o mundo. O motivo? Falta de mão de obra com habili-dades e competências exigidas para exercer as novas funções. Essedado, levantado pela Organização para Cooperação e Desenvolvi-mento Econômico (OCDE) em conjunto com o Instituto Global McKin-sey, corrobora essa transformação em curso no mundo.

Incorporar o desenvolvimento das competências socioemo-cionais ao currículo escolar, portanto, é uma necessidade premen-te. E também uma exigência legal no Brasil, já que a partir do vigorda Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2019, há dez com-petências gerais que determinam a prioridade em desenvolver ca-pacidades como colaboração, comunicação, pensamento crítico, cri-atividade, para citar algumas. Nada que o modelo conteudista deeducação do século XX se preocupou em desenvolver.

Os educadores brasileiros têm, neste momento, uma missão im-portantíssima e fundamental na construção de uma nova educação nopaís: se reinventar. Ou, como diz a turma que mergulha no mundo em-preendedor das startups e, mais especificamente no caso do setor edu-cacional, as edtechs, é preciso acelerar a mudança de mindset. O pro-fessor precisa aprender a trabalhar de uma nova maneira. E essa rein-venção profissional exigirá muito trabalho. E um grande apoio da escola.

É nesse cenário e, de novo em plena Bett Educar, que o InovEducentrega mais uma edição de sua revista. Na capa, uma provocação —tomar o modelo das startups como espelho para as salas de aula. Pelaspróximas páginas, nosso objetivo é levar a todos os atores que estão juntosnessa caminhada, sejam gestores, professores ou desenvolvedores de tec-nologias para educação, uma colcha de retalho de informações sobre astendências como a inteligência artificial, o blockchain e a cultura maker,além de exemplos já em voga no mercado educacional. Desde a atuaçãode gigantes como a Microsoft, até os primeiros passos de empreendedoresque mergulharam na experiência do Desafio Start-Ed.

reinvenção

CARTA AO LEITOR

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4 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

CAPANovos modelospara as escolasUma aula enfadonha e professores nada empá-ticos foram o ponto de partida para a fuga, porum dia, de Ferris Bueller e seus amigos no cultmovie dos anos 1980 (foto). Mais de três déca-das depois, o sistema educacional brasileiroainda sofre com monotonia e muita evasãoescolar, principalmente no ensino médio. É horade tentar salvar a escola como instituição ereverter essa situação. Página 38

ENTREVISTA

Antonio MoraesDiretor de Educação da Microsoft Brasil,Antonio Moraes volta a afirmar que o ob-jetivo da multinacional no país é fomen-tar melhorias na educação. Página 14

ARTIGOS

Fabrício CorteziCoordenador peda-gógico do Sistema deEnsino pH, que inte-gra portfólio de em-presas da SOMOSEducação aponta desafios com a BNCCdo Ensino Médio. Página 50

TENDÊNCIA

Quem tem medo da IA?Disrupção ou utopia? As atenções de diver-sos setores estão voltadas para os perigos dainteligência artificial em todo o mundo. In-clusive na área educacional. Página 59

Henrique PaimO ex-ministro da Educação e atu-almente professor da FGV e con-sultor em Educação do BID falasobre as dificuldades que serão en-frentadas para implementar aBNCC. Página 12

EXPEDIENTE

PresidenteAdolfo Martins

CEOFernando Martins

Diretora InovEducAndréa Marini

Coordenadora InovEducElisa Ribeiro

EditoraEditoraEditoraEditoraEditoraDébora Thomé

DesignerTeresa Perrotta Carrione

ReportagemLuiz Fernando Caldeira (RJ)Renato Deccache (RJ)Alexandre de Miranda (RJ)Larissa Siqueira (RJ)Giulliana Barbosa (RJ)Gustavo Portella (RJ)Letícia Santos (RJ)Igor Regis (SP)

Sitewww.inoveduc.com.br

Departamento ComercialGerente Geral - Ulisses OliveiraE-mail:E-mail:E-mail:E-mail:E-mail: [email protected].: el.: el.: el.: el.: (21) 3233-6307 / 96485-0880

Rio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRua do Riachuelo, 114 - Centro - RJCEP: 20230-014TTTTTel. fax:el. fax:el. fax:el. fax:el. fax: (21) 2461-0062

Os artigos e opiniões de terceirospublicados nesta edição nãonecessariamente refletem a posiçãoda revista

Fica proibida a reproduçãodas matérias sem a expressaautorização dos editorese sem a citação da fonte

INOVEDUC é umapublicação do GRUPOFOLHA DIRIGIDA

Filiada à

Inglês disruptivoCultura Inglesa começa a implantarmudanças em suas unidades. O Cultu-ra Spot adota a cultura maker e ferra-mentas tecnológicas do Google For Edu-cation no ensino de idiomas. Página 24

CASE

DIVULGAÇÃO

PARAMOUNT PICTURES

ÍNDICE

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 20185 5

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6 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 20187 7

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8 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

TENDÊNCIA

Omodelo de educação atualainda é tradicional, o mesmoaplicado há 20, 30, 40 anos

ou mais. Permanecemos em um mode-lo de aulas com currículo regular, pro-vas ao fim de cada bimestre ou trimes-tre e a maioria dos alunos buscandoapenas alcançar a “média para pas-sar”. Será que esse modelo ainda du-rará muito tempo? Como ficará a edu-cação do futuro?

Pensando justamente nesse cenário,a MindMiners realizou um estudo ori-ginal, “O Futuro da Educação”. Foramconsultadas mil pessoas para que ospesquisadores pudessem compreendero sistema de educação brasileiro atuale quais são as necessidades de mudan-ça nesse modelo.

Na opinião de Marcia Padilha, fun-dadora do Criamundi, a qualidade daeducação ainda é menor que o ideal.“Não apenas a escola pública, mas tam-bém as escolas privadas precisam sereinventar. Não se trata de jogar foraconquistas importantes, mas chegou ahora de assumir alguns riscos e reinven-tar os processos pedagógicos, de ges-tão de pessoas e de recursos e, inclusi-ve, de rever os propósitos da educação.Caso contrário, penso que estamos indoem direção a sistemas falidos”, pontuou.

Segundo a pesquisa da MindMiners,78% dos entrevistados acreditam que aeducação atual não prepara para o mer-cado de trabalho. A educação prepara deforma desigual, de acordo com José Mo-ran, professor da Universidade de SãoPaulo (USP) e pesquisador de projetostransformadores na educação. “Há gru-pos educacionais que preparam bem parao mercado profissional atual; outros estãodistantes do mercado e são muito conteu-distas e pouco mão na massa. Infelizmen-te, ainda não estamos preparando — compequenas exceções — os jovens para quedesenvolvam competências amplas queos ajudem a viver na incerteza, numa so-ciedade mais complexa e desafiadoracomo a que encontrarão pela frente.”

Marcia Padilha complementou a opi-nião de Moran dizendo que escolas queprezam pelo desenvolvimento do pen-samento crítico e pela excelência na lei-tura e escrita estão adiantadas. Entretan-to, competências fundamentais para omercado não são trabalhadas, como aautonomia, a liderança, a tomada de de-cisões, a criatividade e a inovação, a con-vivência multicultural, o autoconheci-mento e cuidado de si. “As melhores es-colas ainda se concentram muito nos as-pectos cognitivos e não privilegiam com-petências interpessoais e intrapessoais,por exemplo. As que conseguem unirtudo isso ainda são exceções e, mesmoassim, são tímidas nesse sentido.”

Educação e o Mercado de Trabalho

NA SUA OPINIÃO, A EDUCAÇÃO NO BRASIL MELHOROU NOS ÚLTIMOS TEMPOS?

NA SUA OPINIÃO, A EDUCAÇÃO NO BRASIL PREPARA BEM PARA O MERCADO DE TRABALHO?

NA SUA OPINIÃO, PARA UMA PESSOA CONSEGUIR UM BOM EMPREGO E TER UMA CARREIRAPROFISSIONAL DE SUCESSO, ELA PRECISA NECESSARIAMENTE TER CURSADO ENSINO SUPERIOR?

Percepção da Educação no Brasil

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 20189 9

TENDÊNCIA

O Futuro da Edcação

NA SUA OPINIÃO, QUAL(IS) HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DEVEM RECEBERMAIS FOCO EDUCACIONAL NO FUTURO PARA QUE O ALUNO ENTRE NO MERCADO DE TRABALHOMELHOR PREPARADO? (MARQUE 3 ALTERNATIVAS PRINCIPAIS)

QUAL(IS) MATÉRIAS VOCÊ ACHA QUE DEVERIAM SER INCLUÍDAS NOCURRÍCULO ESCOLAR NO FUTURO?

AINDA PENSANDO NO SISTEMA DE EDUCAÇÃODO FUTURO, O QUANTO VOCÊ CONCORDA COMAS MUDANÇAS PROPOSTAS ABAIXO?(1 SENDO DISCORDO TOTALMENTE E 5 SENDOCONCORDO TOTALMENTE)

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10 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

TENDÊNCIA

Entre as conclusõesda pesquisa realizada pelaMindMiners estão:

• A maioria acredita que alunos não devemutilizar eletrônicos durante as aulas

• Os entrevistados acreditam que o diplomade graduação está perdendo relevância parao mercado

• Mais de um terço não acredita que as pro-vas são a melhor forma de avaliação

• Trabalho em equipe, comunicação e cria-tividade são consideradas as habilidadesmais relevantes para o futuro

• Administração financeira e economia sãovistas como matérias que devem ser incluí-das no currículo do futuro

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201811 11

TENDÊNCIA

Como mudar para atender à educação do futuroPara mudar o cenário, de acordo com o pro-

fessor Moran, é preciso preparar as pessoaspara serem cada vez mais autônomas, criati-vas, empreendedoras e solidárias. “Para isso,a gestão pedagógica precisa preparar, de fato,propostas que incentivem a autonomia, a per-sonalização (escolhas diferentes), a colabora-ção efetiva na realização de projetos e toma-da de decisões”, disse o professor, que acredi-ta em um trabalho mais integrado dos docen-tes com os alunos para avaliá-los de formamais aberta. Moran ainda destacou que apren-dizagens por experimentação, por design eaprendizagem maker são demandas comple-xas que exigem os melhores profissionais noensino e na gestão.

José Moran citou alguns exemplos bem-sucedidos de sistemas educacionais que pre-param efetivamente profissionais para o mer-cado. Um dos modelos promissores aponta-dos foi o da Uniamérica de Foz de Iguaçu,

em que alunos trabalhadores aprendem comaula invertida e projetos, sem aulas exposi-tivas regulares.

Moran também acredita que modelos deensino do sistema S (Senai, Sesi, Senac) estãomais preocupados com o desenvolvimento decompetências, aprendizagem ativa, criação deespaços maker (“embora com dificuldades desuperar uma gestão burocrática”).

Para chegar à educação do futuro, MarciaPadilha acredita na “colaboração, trabalho emrede, gestão e lideranças que consigam fazeremergir dos diversos atores soluções inovado-ras, genuínas, efetivas (e afetivas, se possível)”.Segundo a especialista, é preciso desburocra-tizar e gerar mais colaboração e comprometi-mento nos atores envolvidos na educação.Enquanto isso, tendências de colaboraçãoaberta, desenvolvimento pessoal integral ecriatividade mostram-se como os caminhospara superar os desafios.

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12 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

ARTIGO

Inovação na educação:gestão para a aprendizagem

No campo da educação, a inova-ção está mais associada às tecnologi-as educacionais que, em geral, com-preendem a utilização de notebooks,tablets, lousa eletrônica, plataformasgamificadas, programação, robótica econectividade com o intuito de promo-ver benefícios para os processos deaprendizagem.

As experiências exitosas com o usode tecnologias educacionais, entretan-to, apresentam um problema de esca-la, uma vez que há dificuldades deampliação para as escolas públicas.Nesse sentido, ainda temos muito queavançar, não somente no que tange àdisponibilização de ferramentas tecno-lógicas, como também de um posicio-namento crítico para transformar dadose informações em conhecimentos.

A inovação nos remete a uma abor-dagem tecnológica, contudo, podeincidir também em um novo produto,um design inédito ou uma inovaçãoem serviços, processos, modelos denegócios...

A inovação na educação, além daadoção de tecnologias educacionais,pode se dar a partir da incorporação deuma visão sistêmica na qual a gestãopassa a ter ênfase na aprendizagem. A“gestão para aprendizagem” significaque a governança e a administraçãoeducacional devem estar organizadaspara que o gestor, em cadeia de respon-sabilidades, possa acompanhar o de-sempenho acadêmico de cada aluno, decada classe, de cada escola e do pró-prio sistema de ensino.

Por isso, é importante a inovaçãona dimensão da “governança da edu-cação”. Nesse sentido, o nosso paísprecisa se concentrar na construçãode um sistema nacional que permitaum ambiente de governança propícioà aprendizagem.

Dada a configuração da organiza-ção da educação no Brasil, quando te-

mos uma visão mais abrangente che-gamos à conclusão de que o proble-ma é mais difícil do que se imagina. Opaís conta com mais de 186 mil esco-las de educação básica, inseridas em4.101 sistemas de ensino municipais,de acordo com a Pesquisa de Informa-ções Básicas Municipais (Munic), doIBGE, e mais 27 sistemas estaduais edistrital de educação.

Henrique PaimProfessor da FGV/Ebape econsultor em educação do BID.Ministro da Educação, secretá-rio executivo e presidente doFNDE (2004-2014).Coorganizador do livro Osdesafios do ensino médio.

Nota: para efeito de classificação doMunicípio como tendo ou não um Sis-tema de Ensino considerou-se queaqueles Municípios, cujo Conselho temcaráter deliberativo, se caracterizamcomo Sistemas de Ensino.

Todos esses sistemas, embora devamrespeitar as atribuições, responsabilida-des e diretrizes previstas na Constitui-ção Federal (CF), na Lei de Diretrizese Bases da Educação (LDB) e nas de-mais leis nacionais, são autônomospara definir, por exemplo:

• Forma de seleção de professores• Carreira docente• Currículo• Oferta de ensino

4.101 Tem Sistema de Ensino

1.469 Não tem Sistema de Ensino

Fonte 2: IBGE/ MUNIC 2014

A CF e a LDB definem de forma cla-ra as funções da União, Estados e Mu-nicípios, e a forma de colaboração en-tre os sistemas.

“Art. 211. A União, os Estados, oDistrito Federal e os Municípios orga-nizarão em regime de colaboraçãoseus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistemafederal de ensino e o dos Territórios,financiará as instituições de ensinopúblicas federais e exercerá, em ma-téria educacional, função redistribu-tiva e supletiva, de forma a garantirequalização de oportunidades educa-cionais e padrão mínimo de qualida-de do ensino mediante assistênciatécnica e financeira aos Estados, aoDistrito Federal e aos Municípios; (Re-dação dada pela Emenda Constituci-onal nº 14, de 1996)

§ 2º Os Municípios atuarão prio-ritariamente no ensino fundamentale na educação infantil. (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº14, de 1996)

§ 3º Os Estados e o Distrito Federalatuarão prioritariamente no ensino fun-damental e médio. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 4º Na organização de seus sis-temas de ensino, a União, os Esta-dos, o Distrito Federal e os Municí-pios definirão formas de colabora-ção, de modo a assegurar a univer-salização do ensino obrigatório. (Re-dação dada pela Emenda Constitu-cional nº 59, de 2009)”

Na Constituição de 1988, com asdevidas adequações dadas pelasEmendas Constitucionais 14 e 59, ficaevidente que a União, os Estados eos Municípios devem organizar osseus sistemas de forma colaborativa,cabendo à União apoiar em caráterredistributivo e supletivo os sistemasestaduais e municipais.

Já a LDB reafirma os preceitos

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201813 13

ARTIGO

constitucionais acerca do regime decolaboração e do papel da União naeducação básica, acrescentando afunção normativa, além das funçõesredistributiva e supletiva.

“Art. 8º A União, os Estados, o Dis-trito Federal e os Municípios organi-zarão, em regime de colaboração, osrespectivos sistemas de ensino.

§ 1º Caberá à União a coordena-ção da política nacional de educa-ção, articulando os diferentes níveise sistemas e exercendo função nor-mativa, redistributiva e supletiva emrelação às demais instâncias educa-cionais.”

Ainda que o desenho jurídico te-nha robustez e objetividade, o siste-ma nacional de educação carece deorganicidade, pois diferentemente doSistema Único de Saúde, no caso daeducação básica as instâncias formaisde pactuação entre os entes federa-dos abrangem aspectos específicos,como ocorre em relação à comissãointergovernamental do Fundeb.

O Plano Nacional de Educação es-tabelece a criação do Sistema Naci-onal de Educação, de modo a supriras lacunas de instâncias de concer-tação, necessárias para dar mais efi-ciência e eficácia a educação bási-ca brasileira.

Neste sentido, o Brasil tem umgrande desafio de inovação em seudesenho federativo educacional. Da-das a sua dimensão, a diversidade eo grau de desigualdade, é necessá-rio pensar “fora da caixa”, conside-rando a assimetria entre o tamanho ea capacidade técnica dos Municípi-os e as características de oferta e de-sempenho em cada estado.

Sendo assim, a inovação poderiaestar centrada na intensificação dacolaboração vertical entre os Estadose os Municípios, a exemplo do queacontece no Estado do Ceará onde ogoverno estadual assumiu um papel deliderança em relação aos governosmunicipais, obtendo excelentes resul-tados e sendo bem sucedido na imple-mentação de uma cultura de gestãovoltada para a aprendizagem.

Da mesma forma, a colaboraçãohorizontal entre os Municípios também

pode ser considerada de grande impor-tância, a exemplo do que está ocorren-do no Paraná, por meio do recém cria-do Consórcio de Desenvolvimento eInovação do Norte do Paraná (Codi-norp). A partir da criação de uma Se-cretaria Regional de Educação, ondeo Secretário foi escolhido por seleçãopública nacional, dez pequenos Muni-cípios estão se organizando para en-

frentar o desafio de implementação daBase Nacional Comum Curricular(BNCC), a construção de um currículointegrado e a formação de professores.

Outro ponto fundamental é o enfren-tamento das assimetrias entre os Muni-cípios. Aqui seria pertinente que a de-finição de responsabilidades e atribui-ções estivessem associadas ao desem-penho e capacidade técnica da redemunicipal. Seria importante verificar anecessidade de cada Município seconstituir em um sistema de ensino e apossibilidade de alguns municípios re-pensarem a oferta nos anos finais doensino fundamental.

Por fim, a intensificação da colabo-ração do Sistema Federal para a forma-ção dos professores da educação bási-ca, bem como o suporte para a imple-mentação dos itinerários formativos doensino médio através da Rede Federaltambém poderia ser de grande impor-tância e exigiria uma capacidade ino-vadora relevante.

De modo semelhante, a construçãode parcerias dos Institutos Federais deEducação Profissional e Tecnológicacom os Sistemas Nacionais de Apren-dizagem iria promover mais agilidadee viabilidade para a implantação do iti-nerário formativo de formação técnicaprofissional.

Alguns instrumentos presentes no nos-so sistema educacional já permitem ino-var na gestão, com destaque para a nos-sa capacidade de medir com indicado-res para cada escola e cada rede, umpadrão de financiamento da educaçãobásica já consolidado e uma legislaçãoavançada em vários aspectos, inclusiveno planejamento com o advento do PNE.

Não resta dúvida de que precisa-mos avançar nas tecnologias aplica-das ao ensino. Entretanto, precisamosinovarmos no desenho do nosso siste-ma, criando as condições para que osEstados e os Municípios possam imple-mentar uma cultura inovadora de pla-nejamento e gestão associada a re-sultados na aprendizagem dos nossosestudantes. A inovação na governan-ça é tão importante quanto a inova-ção em tecnologias educacionais. Agestão educacional não pode estardissociada da aprendizagem.

Gráfico 1 - % de Escolas deEducação Básica por dependênciaadministrativa - Brasil 2017

‘A INOVAÇÃO NA

GOVERNANÇA É TÃO

IMPORTANTE QUANTO

A INOVAÇÃO EM

TECNOLOGIAS

EDUCACIONAIS.

A GESTÃO

EDUCACIONAL NÃO

PODE ESTAR

DISSOCIADA DA

APRENDIZAGEM’

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14 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

ENTREVISTA

Enxergar novas formas de acres-centar recursos tecnológicos àeducação é uma missão que a

Microsoft abraçou mundialmente.Quem não lembra do caso do professorganês que recebeu um computador deum dos parceiros da Microsoft após aempresa tomar conhecimento, via redessociais, do esforço do educador em en-sinar funcionalidades computacionaisaos seus alunos desenhado a interfacede um equipamento no quadro-negro?

No Brasil, desde 2003, a Microsoftjá capacitou milhares de professores,beneficiando milhares de alunos peloacesso a "conteúdos educativos e com-partilhamento de boas práticas peloprograma 'Parceiros na Aprendiza-gem'", conforme relatou o diretor deEducação da multinacional no país,AnTonio Moraes. Nesta entrevistapara o InovEduc, o executivo desta-cou uma série de programas e inicia-

Tecnologia para

a educação

tivas que capacitam crianças e jovensem tecnologia, chegando ao apoiopara a criação de startups.

Em 2016, o objetivo da empresa foio de democratizar o ensino da progra-mação e também o acesso à inteligên-cia artificial, desenvolvendo e ofere-cendo soluções para tornar as aulasmais criativas e dinâmicas. No anopassado, durante a Bett Educar, a Mi-crosoft lançou, oficialmente, no Brasil,o "Minecraft: Education Edition" em suaversão completa em português, queconta com recursos adicionais para aju-dar em sua aplicação na sala de aula.

Para 2018, conforme já havia anun-ciado ao InovEduc, as atenções estarãovoltadas para ajudar no desenvolvimentode habilidades do século 21, tambémchamadas de habilidades socioemoci-onais. "A Microsoft busca cumprir o pa-pel de fomentar melhorias na educaçãodo país", resumiu Antonio Moraes.

Antonio Moraes, diretor de Educação da MicrosoftBrasil, fala sobre a missão da empresa de empoderaralunos e professores em todo o mundo

Débora Thomé

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201815 15

ENTREVISTA

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16 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

ENTREVISTA

Qual é o papel, atualmente, da tecnologia naeducação?Antonio Moraes - A Microsoft enxerga edu-cação e empreendedorismo como dois alicer-ces para o desenvolvimento do Brasil e parao fortalecimento da competitividade do paísno exterior e, por isso, assumimos o compro-misso de apoiar essa jornada. Quando a tec-nologia é utilizada com um propósito, as pes-soas podem fazer coisas incríveis. Ela estácada vez mais acessível a todos, o que per-mite explorar o potencial dos estudantes paraaprender, eliminando lacunas de habilidadese possibilitando que estudantes possam ultra-passar barreiras. A tecnologia tem um podertransformador na educação. Quando utiliza-da da maneira correta, a transformação digi-tal promovida pode ajudar a enfrentar o de-safio da democratização da educação e ofertade um ensino de melhor qualidade. Por fim,a tecnologia pode ajudar o professor a en-frentar um dos grandes desafios do mundocontemporâneo: a desatenção dos alunos.

Dentro de uma proposta pedagógica, recur-sos diversos fortalecem o engajamento e cri-am novas dinâmicas em sala de aula.

Como a Microsoft tem contribuído para a edu-cação nos últimos anos? Em quais programasvocês estão envolvidos? Esses programas sãoacompanhados de perto por você?Para dar materialidade à nossa missão institu-cional, adotamos no país uma plataforma deações para melhorar a qualidade da Educa-ção e incentivar o Empreendedorismo, cha-mada de "Jornada Empreendedora". Desde2003, capacitamos milhares de professores ebeneficiamos milhares de alunos do país viaacesso aos conteúdos educativos e comparti-lhamento de boas práticas pelo programa "Par-ceiros na Aprendizagem". Temos uma série deprogramas e iniciativas que apoiam toda a jor-nada empreendedora, desde a etapa da edu-cação, começando pelo apoio à qualidade deensino e capacitação de crianças e jovens emtecnologia até o incentivo para a criação de

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201817 17

ENTREVISTA

ideias inovadoras e a geração e desenvolvi-mento de startups. Também vale mencionar osacordos de cooperação com várias esferas go-vernamentais, de municípios e estados, paraimplantar programas de doação de softwarese experiências com o uso de inteligência arti-ficial, uma tecnologia de ponta que pode mu-dar os rumos da educação.

Um ponto de destaque é o incentivo que aMicrosoft tem dado ao ensino de programa-ção, e o mais popular são as campanhas #Eu-PossoProgramar. Qual a importância da lin-guagem de programação para os estudantesnos dias de hoje?Alguns estudos mostram que aprender a pro-gramar contribui para o desenvolvimento dehabilidades cognitivas que são bastante úteisem diferentes situações, inclusive nas profis-sionais. Algumas delas são: pensamento crí-tico, raciocínio lógico e criatividade. O CEOglobal da Microsoft, Satya Nadella, costumadizer que “o pensamento e as habilidadescomputacionais para resolver problemas se-rão relevantes para todos os tipos de traba-lho no futuro”. É um conhecimento que alémdos aspectos práticos traz também autonomiapara os jovens. É uma autonomia que podeinclusive abrir caminhos para que os jovensse tornem empreendedores, uma vez que di-minuem a dependência de terceiros e podemconceber projetos por conta própria. Em paí-ses como o Brasil, há um déficit significativode profissionais com essas habilidades, umavez que o interesse pelas chamadas STEM(ciências, tecnologia, engenharia e matemá-tica) ainda é baixo. Portanto, a linguagem deprogramação é um diferencial no mercadode trabalho.

Qual a sua opinião sobre as escolas públi-cas brasileiras? Quais os pontos positivos enegativos?O sistema público de educação no Brasil temmuitos pontos a serem aperfeiçoados. Algumasmudanças estruturais precisam ser feitas,como, qualificação de professores e melhori-as em infraestrutura básica. Por outro lado, háavanços recentes que merecem ser destaca-dos. Por exemplo, a reforma do ensino médio,que prevê alterações no conteúdo e na forma-tação das disciplinas. Com a nova base curri-cular, haverá um alinhamento importante quan-to aos grandes objetivos de aprendizagem,algo necessário para enfrentarmos lacunashistóricas que impedem o avanço no nível

educacional no país. Para apoiar o ensino pú-blico, uma das frentes de atuação da Micro-soft é a doação de software para instituiçõesde ensino, com o objetivo de melhorar o pro-cesso de aprendizado de crianças e de geraroportunidades de empregabilidade para jo-vens. Por meio de acordos de cooperação comvárias esferas governamentais, de municípiose estados, conseguimos estender esse progra-ma a toda a rede pública de cidades comoCuiabá, Recife e São Paulo e estados comoPernambuco e São Paulo.

Mas o que falta no país para alcançarmos umaeducação de boa qualidade?Conforme falamos anteriormente, há algumasquestões centrais que ainda precisam ser en-frentadas para avançarmos na qualidade doensino. A Microsoft está disposta a fazer par-te de um movimento de transformação, quedeve ser feito por múltiplos atores, como go-vernos, empresas e sociedade civil. A recen-te inclusão da obrigatoriedade do ensino deComputação na nova Base Curricular, porexemplo, é um avanço importante porque vaiajudar a preencher uma lacuna na aprendi-zagem das disciplinas de exatas. Na medidado possível, com capacitação de professorespara o uso de tecnologia, programas de doa-ção de softwares para instituições escolares,parcerias com o poder público, a Microsoftbusca cumprir o papel de fomentar melhori-as na educação do país.

O que diria para um professor que ainda re-ceia em levar tecnologia para a sala de aula?É importante que o professor tenha clareza deque a tecnologia não vai tomar o lugar delepor mais avançada que seja. Ele deve enten-der também que a tecnologia não é uma con-corrente; pelo contrário, deve ser uma aliada.Em vez de substituir o currículo, a tecnologia

‘QUEREMOS MOSTRAR AOS

EDUCADORES QUE É POSSÍVEL INOVAR

NO AMBIENTE ESCOLAR E ENGAJAR OS

ALUNOS QUANDO A TECNOLOGIA ESTÁ

LIGADA A UMA PROPOSTA EDUCACIONAL’

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ENTREVISTA

pode aprimorá-lo, levando a um envolvimen-to mais profundo dos alunos e a impulsionarhabilidades importantes como criatividade ecolaboração, necessárias para a força de tra-balho do futuro. Em uma sociedade digitaliza-da, o professor deve assumir, cada vez mais,o papel de mediador do conhecimento.

O fato de os alunos dominarem melhor a tec-nologia também afasta alguns professores?Como reduzir a distância tecnológica entrecrianças e professores?Os chamados nativos digitais com certezaapresentam algumas vantagens no momentode inserir a tecnologia dentro do contexto edu-cacional ou profissional. Mas essas são habili-dades ferramentais, que vão mudar com o tem-po. O mais importante é a construção do co-nhecimento, o desenvolvimento da capacida-de analítica e a elaboração de um pensamen-to crítico. Para essa esfera, o professor conti-nua sendo fundamental. De qualquer forma, érealmente importante que os professores se fa-miliarizem com as ferramentas tecnológicase com a cultura digital. A Microsoft tem umprograma chamado "Professores Embaixado-res", que consiste em oficinas de capacitação

oferecidas em escolas Brasil afora justamentepara desmistificar o uso da tecnologia em salade aula. Queremos mostrar aos educadoresque é possível inovar no ambiente escolar eengajar os alunos quando a tecnologia está li-gada a uma proposta educacional.

E o programa Educador Inovador Microsoft?A participação dos professores brasileiros ésignificativa ou ainda não é expressiva?O programa Microsoft Innovative Educator (MIE)Expert reconhece educadores visionários em todoo mundo que estão usando a tecnologia para abrircaminho para seus pares para uma melhor apren-dizagem e resultados dos alunos. Sem dúvida, aparticipação dos professores brasileiros tem sidoexpressiva porque eles são muito criativos. A ideiaé que os MIE Experts trabalhem em estreita cola-boração com a Microsoft para levar inovação paraa educação. Também é uma forma de trocar ex-periências sobre as melhores práticas em rela-ção à maneira que eles trabalham para promo-ver a inovação no ensino e aprendizagem.

Desde 2016, a Microsoft vem mantendo umcompromisso de democratizar a inteligência ar-tificial, com destaque para a popularização doMinecraft Education, lançado na Bett Educar2017 no Brasil. No fim do ano passado, chegoua anunciar que em 2018 as atenções estariamvoltadas para as habilidades socioemocionais.O que já pode contar de novidades nesse setor?

Antonio Moraes,diretor de Educação da

Microsoft Brasil, acreditaque é possível inovar e

engajar os alunos quandoa tecnologia está ligada a

uma propostaeducacional bem

fundamentada

‘COM A BASE, HAVERÁ

UM ALINHAMENTO

IMPORTANTE QUANTO

AOS GRANDES OBJETIVOS

DE APRENDIZAGEM,

ALGO NECESSÁRIO PARA

ENFRENTARMOS LACUNAS

HISTÓRICAS QUE IMPEDEM

O AVANÇO NO NÍVEL

EDUCACIONAL NO PAÍS’

DIVULGAÇÃO

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201819 19

ENTREVISTA

Como parte da visão de capacitar estudantes aalcançar mais, a Microsoft lançou o "Minecraft:Education Edition", uma edição do jogo com fun-cionalidades pensadas especificamente paraatender as necessidades de estudantes e educa-dores. O jogo ajuda a desenvolver habilidadespara a solução de problemas lógicos e estimula acriatividade. Durante a Bett London deste ano, aempresa apresentou novos dispositivos com Win-dows 10 e Windows 10 S a preços acessíveis,novas funcionalidades para o software gratuitoOffice 365 for Education, além de uma atualiza-ção muito bacana de Minecraft, voltada para osprofessores de química. Por meio de experimen-tações práticas no jogo de cubos, os estudantespoderão aprender a construir compostos ou en-tender o que são isótopos estáveis, por exemplo.

A Microsoft e a Accenture se uniram, no anopassado, para desenvolver uma rede de iden-

tificação digital usando tecnologia blockchain,como parte de um projeto apoiado pelas Na-ções Unidas para fornecer identificação legalpara 1,1 bilhão de pessoas pelo mundo sem do-cumentos oficiais. Já se tem falado muito, tam-bém no uso do blockchain na educação. Algu-ma novidade para nos antecipar?Para a Microsoft, o blockchain é uma impor-tante peça na visão de Transformação Digitalda companhia, assim como Computação emNuvem, Inteligência Artificial, Sistemas Cog-nitivos, Internet das Coisas, Big Data, entreoutros. É interessante notar que a tecnologiado blockchain transcende cada vez mais osserviços financeiros e ganha espaço em ou-tros setores, como os de saúde, turismo e edu-cação. No momento, não temos nenhuma no-vidade dessa tecnologia para anunciar no cam-po da educação, mas com certeza comunica-remos assim que tivermos algo em mãos.

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MERCADO

Omercado da Educação está setransformando com enormevelocidade. Grandes grupos

estão sendo formados, novas tecnolo-gias estão modificando a sala de aulae mudanças na legislação exigem im-portantes adaptações. Diante dessepanorama, a Educação carioca ganhouum reforço de peso. É que o Colégio eVestibular de A a Z, instituição referên-cia de ensino na cidade do Rio de Ja-neiro, firmou uma importante parceriae agora se uniu ao Grupo SEB – Siste-ma Educacional Brasileiro, um dosmaiores conglomerados privados deeducação do Brasil.

“Temos planos ousados para o mer-cado carioca. Traremos a expertise demais de 50 anos de tradição e inovaçãopara pais e alunos do Rio de Janeiro, queterão a chance de agora conhecer, naprática, a abordagem do Grupo SEB”,

sinalizou o presidente do SEB, ChaimZaher, indicando ainda que outras ex-periências do grupo, como a EscolaConcept, estão previstas para chegaremao Rio. O empresário complementou.

“Entendemos que era fundamentalum parceiro que já tivesse grande su-cesso, mas que também entendesse edesejasse tudo o que poderíamos apor-tar.” E o parceiro ideal encontrado foia instituição de ensino premium com12 anos de atuação e cerca de 3 milalunos distribuídos por cinco bairros doRio (Barra da Tijuca, Botafogo, Ipane-ma, Recreio e Tijuca) — o Colégio deA a Z, que oferece ensino do 9º ano doensino fundamental até a 3ª série doensino médio e pré-vestibular.

E além do conhecimento na área edu-cacional que o Grupo SEB trará para oColégio de A a Z, a instituição de ensinoestenderá sua atuação a partir dessa par-

ceria, passando a oferecer também oensino fundamental básico. “Sem dúvi-da, está nos nossos planos a expansãopara o ensino fundamental completo. Adireção de ensino da escola já começoua trabalhar na construção da proposta pe-dagógica, enquanto que a direção de es-tratégia procura terrenos e imóveis ade-quados a essas séries”, revelou o diretoracadêmico do Colégio e Vestibular de Aa Z, Bruno Rabin.

Nesse processo, complementou Bru-no, “a expertise do Grupo SEB comeducação básica será fundamental, es-pecialmente naquilo que diz respeitoà diferenciação que julgamos importan-te: oferta bilíngue no turno da tarde,espaço maker, metodologias de apren-dizado ativo. Enfim, tudo aquilo que asfamílias esperam que a escola possaprover para desenvolver habilidadessocioemocionais, além das cognitivas”.

Giulliana Barbosa

O aviso é dado pelo presidente do Grupo SEB –Sistema Educacional Brasileiro, Chaim Zaher, um dos gigantes dainiciativa privada de educação no país que chega ao Rio de Janeiro

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201821 21

EZIO COLLECTION

MERCADO

O diretor acadêmico do A a Z pon-derou que, nesse primeiro momento, asmudanças dessa união não serão per-ceptíveis, visto que o colégio começoua implementar agora uma série de prá-ticas administrativas do Grupo SEB, ci-tando a ferramenta de matrícula onli-ne como uma delas. Mas acrescentou.

“Aguardamos a ratificação da BaseNacional Comum Curricular (BNCC),que servirá como referência para a re-forma do Ensino Médio, recentementeaprovada. Ao longo do ano, conformesejam confirmadas as demandas da le-gislação e já diante do compartilhamentode boas práticas com outras escolas doGrupo SEB, vamos construir e comuni-

Com a aquisição doColégio e Vestibular A a Zpelo Grupo SEB, o Rio de

Janeiro ganha força equalidade de ensino em

todos os segmentos

FOTOS: FELIPE FITTIPALD

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car as propostas para 2019”, garantiu.Ambos os gestores comentaram tam-

bém sobre a tecnologia aplicada à edu-cação. Para Chaim, “a educação estámudando e é preciso inovar, de formamuito responsável, mas intensa, paraentregar uma educação completa eque prepare os alunos para os desafiosprofissionais e de vida de um mundoem rápida transformação”. Bruno Ra-bin complementou.

“Hoje já se entende que o uso de tec-nologias não está divorciado da interven-ção humana no processo. Mais do queisso, as ferramentas digitais podem serabsolutamente importantes para aprofun-dar e facilitar o processo educacional.Ao liberar escolas e professores de tare-fas mecânicas e fornecer diagnósticospersonalizados, baseados em fatos e da-dos, as novas tecnologias podem indicarcaminhos para os professores, prever ten-dências para as escolas e criar jornadaspersonalizadas para os alunos.”

Ainda no quesito tecnologia, o presi-dente do SEB adiantou sobre a inserçãoda Conexia, um hub de soluções edu-cacionais usado pelo grupo, no Colé-gio de A a Z. “Esse hub atua de formaindependente. No entanto, todo seuportfólio é testado e aprovado em nos-sas mais de 40 escolas em todo o Bra-sil. Então é natural que, na medida daadequação ao trabalho que já é realiza-do hoje no A a Z, e com a validação eapoio de nossos novos parceiros, implan-temos algumas das nossas soluções.”

Essas soluções, ainda segundo ChaimZaher, “serão em especial aquelas de basetecnológica, como a de adaptive learningbaseada em inteligência artifical, que jáajuda alunos a aprenderem de forma per-sonalizada e a se prepararem para os ves-tibulares e o Enem. Vale frisar que essa viaé de mão dupla: a experiência de sucessodo A a Z pode nos ajudar a desenvolvernovos produtos que ampliem o portfólio daConexia”, observou.

Gande parte dasmudanças nas

unidades do Rio deJaneiro devem entrar emvigor apenas em 2019, já

atendendo às diretrizes daBNCC em sua totalidade

FOTOS: FELIPE FITTIPALD

MERCADO

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ARTIGO

A escola que temos ea que precisamos

No Brasil, temos observado comfrequência a exposição dealguns especialistas e teóricos

que insistem em afirmar que a escolabrasileira está parada no século 19, querepete o modelo industrial com cartei-ras enfileiradas, quadro de giz, mas quedeseja desenvolver pessoas para o sé-culo 21. Muitas vezes, basta ouvir umprograma de rádio ou televisão que es-teja debatendo Educação que ouvimoscríticas superficiais, com generaliza-ções que muitas vezes não condizemcom a vivência e a opinião de qual-quer educador que conheça a realida-de da escola, seu dia a dia, suas difi-culdades e desafios.

É verdade que temos muitas escolaspúblicas com pouca ou nenhuma estrutu-ra física, sucateada, com goteiras, lâm-padas e vidros quebrados, e que muitastêm problemas de segurança, inclusive.Mas temos de reconhecer que esta não éuma realidade da escola particular, queem geral possui uma gestão mais eficien-te e focada no aprendizado e desenvolvi-mento dos seus alunos. A escola particu-lar tem estruturas melhores e diversas(como diverso é o Brasil). Trata-se de umsetor altamente competitivo, com mais de40 mil escolas particulares no Brasil, daeducação infantil ao ensino superior.

Ao debater a Educação, precisamosanalisar qual é realmente o papel da es-cola na formação de um povo. Como sefaz em lugares onde a educação dá cer-to? Qual é a formação que as pessoasprecisam atualmente, em um mundo glo-balizado, e daqui a 20 anos? Sempre quefaço essas perguntas, costumo perceberum certo espanto no olhar das pessoas.Em um mundo repleto de tecnologia, se-dentarismo, pouco esforço e limite (ounenhum), o que realmente é importantepara uma vida saudável e produtiva hojee no futuro? Posso afirmar que é, e seránecessário saber ler, interpretar, escrevere fazer contas, saber respeitar o próximo

e as diversidades, as regras, os horários,ter espírito crítico, separar o que importade um mundo de informações disponívela todos, além de aprender a fazer o queprecisa ser feito, não apenas o que se gos-ta. Pois hoje, e daqui a 20 anos, tenhocerteza que quem tiver essas habilida-des, saberá aproveitar as oportunidades,e poderá viver melhor.

Para tanto, a Educação brasileira ca-rece mais de foco, de aprimorar o básico,não pode se esquecer de que o desenvol-vimento de uma nação começa pela lei-tura e escrita e o desenvolvimento de va-lores. Algo simples; e que para isso o quese faz necessário não são investimentosmirabolantes em estrutura e tecnologia.Obviamente que não estou aqui dizendoque uma escola estruturada com compu-tadores, acesso a banda larga, ginásioscobertos, etc, não sejam importantes paraa educação; mas esse não é o ponto de-terminante. É uma questão de equilíbrioentre tais aspectos. Percebemos que gas-tando o tempo e energia da sociedade comexageros de modismos de novas tecnolo-gias e sistemas estamos nos iludindo nabusca por atalhos. Repito que precisamosfazer bem o básico.

Além disso, vale mencionar que, noBrasil, ainda é alto o número de analfa-betos funcionais, ou seja, aquelas pesso-as que, apesar de terem acesso à escola,não conseguem ler e escrever de formaa dar ou extrair sentido de palavras, nú-meros e ideias. Então, ao investir apenasem tecnologia, sem antes melhorarmoso básico, formamos meros usuários detecnologias, mas não desenvolvemosuma sociedade protagonista para o mun-do da informação. Ou seja, colocar tec-nologias em escolas que não ensinam aler e escrever é pior. E ao tratar das es-colas privadas brasileiras, acredito quetemos sempre prezado pela eficiênciapedagógica, na oferta de boas estruturase custos, focando na formação de nossosalunos para o mundo globalizado.

Ademar PereiraPresidente da FederaçãoNacional das Escolas Particulares

‘A EDUCAÇÃO

BRASILEIRA CARECE

MAIS DE FOCO, DE

APRIMORAR O

BÁSICO, NÃO PODE SE

ESQUECER DE QUE O

DESENVOLVIMENTO DE

UMA NAÇÃO COMEÇA

PELA LEITURA E

ESCRITA, E O

DESENVOLVIMENTO

DE VALORES’

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Entendemos que o mundo está passando por várias mudanças. É atéum lugar comum falar isso, mas

observamos que a educação está le-vando um tempo maior para respondera todo esse crescimento”, alertou Ma-ria Eugênia Sanson, diretora acadêmi-ca da Cultura Inglesa. Foi com basenessa observação que a rede de esco-las de inglês decidiu investir em umnovo modelo.

A Cultura Spot oferece aos alunos aoportunidade de aprender habilidadesessenciais para o futuro enquantoaprendem um novo idioma. SegundoMaria Eugênia, durante a construçãoda Cultura Spot a equipe acadêmicaavaliou, principalmente, qual era a re-levância dos conteúdos abordadospara os alunos. Diante disso, o primei-ro desafio foi estruturar um modelo queconversasse com as diferentes faixas

etárias atendidas pela instituição.“Todos nós, seja criança, adoles-

cente ou adulto, precisamos estar aber-tos para essas novas perspectivas quesurgem na educação e precisamospensar em uma formação onde possa-mos desenvolver habilidades necessá-rias para o futuro”, defendeu a direto-ra acadêmica.

Além das salas de aula tradicionais,a Cultura Spot conta com cinco salas

Cultura Inglesainveste em atividades

“Letícia Santos

Na Cultura Spot, objetivo é aliar o ensino da língua inglesa ao aprendizado denovas habilidades como colaboração e criatividade

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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CASE

especiais, cujo objetivo é integrar o aprendi-zado de novas habilidades ao da língua ingle-sa. Na Google For Education Spot, os alunostêm acesso a diversos dispositivos tecnológi-cos, como tablets, smartphones e óculos VR.Por meio dessas ferramentas é possível se co-nectar com pessoas de outros países duranteas aulas, além de aproveitar experiências derealidade virtual. A sala Google For Educationjá está disponível em 60% das unidades da Cul-tura Inglesa no Rio de Janeiro. Nos outros es-tados já são mais de 30 salas dessas.

Também há um espaço destinado a tarefasque estimulam sobretudo a experimentação.No Maker Spot os alunos são desafiados aconstruir diversos objetos de forma colabora-tiva. "Nesse ambiente, os alunos começam ausar a língua de forma muito natural. O espa-ço os incentiva a aprender novas palavrasporque precisam usar várias ferramentas, en-tão se veem obrigados a exercitar aquele vo-

cabulário", explicou Maria Eugênia.Já na Cooking Spot, o objetivo é trabalhar a

colaboração. Nesse ambiente, os alunos apren-dem vários aspectos sobre diferentes culturase entendem a importância do respeito à diver-sidade. E a Speaker Spot trabalha uma habili-dade já explorada nas aulas da Cultura Ingle-sa: a oratória.

A instituição já participava do concurso in-ternacional Public Speaking Competition, amaior competição internacional de oratória emlíngua inglesa promovido pela English SpeakingUnion, e estimulava os alunos a participaremdo TED-Ed Clubs. Em 2017, a aluna de 16 anosJéssica Guimarães teve a oportunidade de seapresentar no evento TED-Ed Weekend, emNova Iorque, onde falou sobre o sonho de setornar comissária de bordo. "É muito importan-te desenvolver a questão da oratória, da auto-confiança e do autocontrole. Esse é o objetivoprincipal do Speaker Spot."

Realidade virtual,atividades maker epalestras no estilo TEDsão algumas das novidadesda Cultura Spot paraincrementar o processode ensino-aprendizagem

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CASE

Por fim, a instituição oferece um es-paço destinado ao público infantil. NaKids Spot, as atividades desenvolvi-das visam a estimular a criatividadedas crianças por meio de atividadeslúdicas. Em Brasília, as unidades dasAsas Norte e Sul já podem utilizartodas as salas. No Rio, o modelo foiimplementado em três unidades: Bo-tafogo, Leblon e Novo Leblon. A ins-tituição pretende levar a Cultura Spotpara suas outras unidades.

A adaptação dos professores a essenovo conceito foi um dos principaispontos analisados para a implementa-ção da Cultura Spot. "A primeira gran-de diferença de como traçamos essatrilha com o professor dentro da Cultu-ra Spot começa quando apresentamoso espaço e as novas estratégias, colo-cando esse profissional na figura deaprendiz. Assim, ele pode usar todas asemoções, necessidades, questionamen-tos e inquietações dos nossos alunos",explicou a coordenadora de inovaçãoda Cultura Inglesa, Giselle Santos.

"Dentro da mudança pedagógicaque estamos promovendo precisamospensar no trabalho do professor por um

outro viés, onde ele também estaráengajado e colaborará com todo o pro-cesso", complementou Valéria França.A gerente de treinamento da instituiçãodestacou, ainda, que tanto professoresmais experientes quanto os mais novospodem sentir dificuldade em lidar comesses novos processos. "Essa não é umaquestão de faixa etária, mas uma ques-tão de crenças, valores e direciona-mento pedagógico."

Todas as salas da CulturaSpot já funcionam em

Brasília e em três unidadesnas zona Sul e Oeste

do Rio de Janeiro

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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INFORME PUBLICITÁRIO

Seu aluno não precisa

FOTOS: DIVULGAÇÃO

A urgente necessidade de realizar profundas transformações nas metodologias de ensino para promover oportu-

nidades de aprendizagem significativa quepermitam desenvolver as competências parao Século XXI traz também o desafio inexorá-vel de rever os ultrapassados processos deavaliação dos alunos, que ainda são julga-dos muito mais pelo conhecimento teóricoadquirido nos bancos escolares do que porsuas habilidades sócio-emocionais e a capa-cidade de aplicar seus saberes na prática.

Tenho insistido que nos próximos 10a 15anos, quando nossas crianças e jovens esta-rão ingressando no mercado de trabalho, omundo corporativo será completamente di-ferente do que conhecemos até hoje comofruto da revolução industrial. A economiacriativa irá demandar (e já está valorizan-do) profissionais que sejam inovadores, vi-sionários e, acima de tudo, empreendedo-res; sempre prontos a enfrentar desafios esolucionar problemas.

Se nas últimas décadas o sucesso na car-reira esteve atrelado à capacidade de apren-der uma profissão em determinada área (hu-manas, exatas ou biológicas), as novas gera-ções precisarão, cada vez mais, aprender aaprender, ou seja, terão que ser multicompe-tentes e estudar por toda vida.

Isto significa, em essência, estimular umaprendizado colaborativo, permitindo umacontínua troca de conhecimento, independen-

te do tempo e do espaço. No Instituto Cres-cer desenvolvemos a metodologia "Aprenderem Rede", que visa fomentar a prática deprojetos colaborativos online para troca deexperiências regionais e culturais, entre alu-nos de escolas públicas e privadas do EnsinoFundamental e do Ensino Médio.

Com este formato inovador de aprendi-zagem, buscamos incentivar práticas peda-gógicas inovadoras, baseadas em projetos in-traescolares, que levem ao desenvolvimentode competências básicas para o século XXI,além do conhecimento de outras realidades,culturas e pessoas.

Nossa crença é no aprendizado atravésda vivência e da convivência. Afinal, paraser competitivo, o profissional deste novomundo precisará acompanhar continuamen-te a próxima invenção, a próxima tendên-cia, o próximo mercado a eclodir. Está sain-do de cena o profissional tecnicista e subin-do ao palco o profissional criativo, abertoao risco e à inovação, capaz de pensar otempo todo 'fora da caixa'.

Mas será que as políticas pedagógicasatuais estão alinhadas aos desafios desta novasociedade digital, conectada, veloz e seden-ta por enterrar antigos modelos corporativospara dar lugar a empresas com gestão hori-zontal, estruturas organizacionais flexíveis e,acreditem, dispostas a reconhecer o erro comocombustível para a inovação?

Os modelos pedagógicos de nossas esco-

las ainda são muito mais direcionados aoensino teórico para passar no funil do vesti-bular, obrigando os alunos a decorar fórmu-las matemáticas, afluentes de rios ou a mor-fologia dos insetos para ter depois seus co-nhecimentos testados e avaliados por notasque não diferenciam as vocações ou inte-resses individuais.

É uma avaliação cruel, que prioriza ainteligência da decoreba ao invés da inteli-gência criativa.

Se quiserem realmente formar nossosalunos para a economia do Século XXI, mo-vida pelas novas tecnologias e a revoluçãonas relações de trabalho, precisaremos darespaço a uma cultura 'maker', o 'fazer paraaprender', desenvolvendo e implementan-do metodologias ativas de ensino que ti-rem os alunos da zona de conforto da salade aula para desafiá-los a desenvolver pro-jetos multidisciplinares capazes de causarimpacto real e efetivo na comunidade emque vivem e, assim, trazerem significadoao aprendizado.

Convido o leitor a fazer uma experiên-cia. Dê um brinquedo novo para uma crian-ça e observe sua reação. Ela irá querer brin-car ou desmontar, remontar, investigar o brin-quedo, não é mesmo? Este impulso de que-rer desvendar o desconhecido, descobrir omundo, perguntar os porquês de tudo é pró-prio da natureza das crianças. Elas têm umpotencial criativo pronto a ser estimulado.

O desafio é construir uma educação mais empreendedorae um aprendizado em rede baseado em projetos

Mas o que a escola faz? Ao invés de priorizar um aprendizadoprático, as obrigam a ingerir toneladas de teorias que terão pouca ounenhuma aplicação na vida pessoal ou profissional. Sem motivação, setornam reféns de livros didáticos que repetem o mesmo currículo dese-nhado para atender uma geração que passou a vida inteira buscando ter'empregabilidade', mas que agora precisará ter 'trabalhabilidade'.

Os profissionais que começarão suas carreiras nas próximasdécadas não passarão longos anos no mesmo emprego. Ao invésdisso, precisarão reunir competências para trabalhar em diferentesprojetos que tragam reconhecimento e realização, que sejam éticose sustentáveis, que ajudem a mudar o mundo para melhor.

Neste futuro breve, o fim das salas de aula como conhecemos,com um professor despejando o mesmo conteúdo para todos os alu-nos de forma entediante, será inevitável. E na medida em que adotaremnovos formatos de ensino e abrirem suas fronteiras para o ingresso datecnologia como ferramenta pedagógica, as escolas serão forçadas,claro, a também rever seus processos de avaliação.

Outros critérios deverão ser incorporados. Mais do que simples-mente ser avaliado se estudou para a prova (e esquecer tudo assim queentregá-la ao professor), o aluno será testado por sua força criativa e inova-dora, sua capacidade de liderança, de resolver problemas e trabalhar emequipe, de se relacionar, de ter autonomia e proatividade, de aprender comos erros e dominar o uso das novas tecnologias, entre outros parâmetros.

Em processos envolvendo metodologias ativas, tais como apren-dizagem baseada em projetos,aplicada no "Aprender em Rede", trêsfatores são essenciais para alcançar resultados significativos: a curio-sidade, o interesse pela pesquisa e ter uma postura cooperativa. O con-

teúdo não deve seguir a velha cartilha. O caminho para o aprendizadosignificativo está em incentivar o aluno a ser questionador, a buscarrespostas para problemas identificados por ele mesmo e a atuar comoum time com seus colegas.

Com fácil acesso a um oceano infinito de conteúdos disponíveis nanuvem e tendo à disposição ferramentas tecnológicas que propiciam ainteração e participação ativa, estudar deixa de seguir um roteiro unidire-cional enfadonho (professor - livros - aluno) para ser impulsionado porum aprendizado colaborativo pautado pelo desejo de aprender, refletir,

perguntar, analisar, confrontar, revisitar e descobrir.Se o aluno do século XXI precisa se preparar para atuar em profis-

sões que sequer foram inventadas, qual a razão de nossas escolas aindacontinuarem a formar para profissões que irão desaparecer? Se podemser muito mais autodidatas e explorar habilidades que têm maior interesseem desenvolver, qual o motivo de serem obrigados a seguir uma gradecurricular inflexível e a continuar estudando da mesma forma que todosos outros, sem respeitar suas individualidades e sem desenvolver suaspotencialidades? Não faria mais sentido, desde o ensino fundamental,permitir que construíssem suas próprias jornadas de aprendizado e in-cluíssem conteúdos que têm mais relação com seus projetos de vida?

A adoção de modelos pedagógicos ativos para que o aluno vi-vencie na prática o dia a dia profissional e aprenda a enfrentar desafios,trabalhar em equipe e sob pressão, administrar o tempo e fazer suaautoavaliação, entre outras competências, torna a avaliação muito maiscomplexa do que simplesmente checar o gabarito, exigindo uma visãomais holística sobre o aluno.

Pergunto ao leitor: nossas escolas estão preparadas para desen-volver a 'trabalhabilidade' em nossos alunos? Estão prontas para for-mar os profissionais que o mercado irá demandar com o avanço daInteligência Artificial? Estamos educando nossas crianças e jovens paraser criativos ou para continuar apenas a "apertar parafusos"?

Pense nisso e lembre-se sempre: um aluno nota 10 não é ne-cessariamente o mais preparado para o futuro.

*Diretora do Instituto Crescer e Doutora em Educação pela USPcom especialização em tecnologias digitais aplicadas à educação

Luciana Allan

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Quem acompanha a ebulição do mer-cado de ferramentas tecnológicas jádeve ter ouvido falar sobre como atecnologia blockchain afetará a edu-

cação. Com potencial para ser aplicada emdiversos setores, conferindo maior agilidadeàs transações e maior segurança no controlee acesso de informações, o uso mais provávelpelo setor seria a popularização do registro evalidação de certificados e diplomas. O restoseria ainda um mar de possibilidades a seremexploradas adiante.

Mas aquilo que seria um futuro próximojá aconteceu. O BitDegree, primeira plata-forma baseada em blockchain, já está em

funcionamento. Criada por Andrius Putna, umengenheiro de software russo com mais deuma década de experiência na indústria, aBitDegree oferece cursos online com siste-ma de recompensa baseados em blockchain— mais detalhes você pode conferir no sitedo InovEduc.

Mas um outro empreendedor, indiano, jáavança no processo de desenvolver uma pla-taforma baseada em blockchain que abriránovas avenidas para colaboração e negóciosinternacionais. Isso causará um grande impac-to, de várias maneiras; e esses impactos po-tenciais vale a pena explorar.

Uma série de crypto-moedas foram criadas

SEGURANÇA

Tecnologia que vem sendo enaltecida como 'a próxima grande onda'

Novos caminhos

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201829 29

e ganham impulso no desenvolvimento deoportunidades de formação na educação. "OEnkidu é um gateway de pagamento progra-mático, baseado em blockchain, que divideautomaticamente pagamentos por regras", dis-se Varun Mayya, CEO da Enkidu, em entrevis-ta ao site americano GettingSmart, que é umadas fontes para esta matéria.

Essa ideia de Mayya poderá revolucionara forma como é vista a colaboração comerci-al — onde tempo, confiança e eficiência sãode extrema importância —, apesar das longasdistâncias que separam os colaboradores. OEnkidu elimina a incerteza humana inerenteàs abordagens tradicionais.

Quando um pagamento entra no sistema emuma determinada moeda, o Enkidu usa blo-ckchain para transferi-lo instantaneamentepara uma cryptocurrence baseada em blocosde propriedade, dividi-lo automaticamente emproporções pré-definidas para cada parceirode negócios e, em seguida, converte rapida-mente a cryptocurrency de volta para a moe-da local de cada parceiro comercial.

"A plataforma obedece às regras de um sis-tema padrão de resolução de disputas", expli-cou Mayya. "Essencialmente, removemos anecessidade de 'confiança' das interaçõescomerciais enquanto facilitamos a contabili-dade e aceleramos o movimento do dinheiro.

SEGURANÇA

Débora Thomé

ultrapassa expectativas de uso e aplicações no setor educacional

para a educação

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30 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

SEGURANÇA

É sempre melhor criar coisas com uma equipe. Nossa pla-taforma permite que você confie na outra pessoa não ape-nas agora, mas seis meses a partir de agora, quando seunegócio realmente decolou e o dinheiro começa a testaro relacionamento."

Mayya é um dos mais jovens empresários indianos aobter fundos de capital de risco em larga escala. Come-çou com um financiamento para construir uma platafor-ma para direcionar recém-formados a bons empregos, quevendeu por US$ 3 milhões, e logo após se voltou parablockchain. A plataforma lançará vários componentes desuas ofertas ao longo de 2018.

O motivo do seu lançamento um pouco estendido, deacordo com Mayya, é a "necessidade de um pool de liqui-dez, de modo que quando um pagamento entrar podemostransferi-lo imediatamente para a nossa moeda em crip-tografia e voltar para a moeda local dos parceiros de ne-gócios".

A oferta inicial de moedas (ICO, basicamente um IPOpara uma cryptocurrency) da moeda da Enkidu iniciouem março. Mayya explicou que o objetivo não é levantarcapital, mas construir esse pool de liquidez. A equipe Enki-du também está em negociações com alguns grandes go-vernos para ajudá-los a tomar impostos sobre suas tran-sações de blockchain.

Impacto no mercado das edtechsHá várias maneiras pelas quais isso pode afetar o mercado de edtech. A mais

óbvia (e maior) será o quão mais fácil o Enkidu conseguirá colaborar de forma rentá-vel em todas as distâncias. Por exemplo, professores poderiam comprar um LMS ecriar uma academia internacional, sendo que os pagamentos dos alunos seriam divi-didos proporcionalmente. Sem ter que se preocupar com o lado da gestão financeirado negócio, eles poderiam se concentrar no lado financeiro do produto.

Um fornecedor de edtech que procura expandir para o mercado internacional pode-ria construir um contrato por meio do sistema com um especialista em desenvolvimentode negócios local e configurar regras automáticas para que as transações decorrentes dapromoção desse especialista fossem divididas em ações de lucro predeterminadas. Os cur-sos de empreendedorismo podem, inclusive, ter projetos práticos para que seus alunosvendam algo sem gastar milhares de dólares na criação de uma empresa, contas bancáriase muito mais.

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201831 31

SEGURANÇA

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32 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

ARTIGO

Base Nacional ComumCurricular: os desafios dosmultiletramentos

ABase Nacional Comum Curricu-lar (BNCC) representa um im-portante avanço para a garan-

tia dos direitos de aprendizagem detodos, independentemente da região demoradia, classe social, raça, gênero esexualidade. O documento dá a gesto-res educacionais, professores, pais, alu-nos e outros atores educacionais um ins-trumento essencial de planejamento,acompanhamento e avaliação de suasações pedagógicas ao definir um con-junto orgânico e progressivo de objetosde conhecimento e habilidades que to-dos devem ser capazes de desenvolver.

No componente curricular de línguaportuguesa, percebemos que a BNCCdo ensino fundamental reafirma con-cepções de língua já bastante difundi-das e também consolidadas nos docu-mentos oficiais, ao menos desde os Pa-râmetros Curriculares Nacionais. Mashá também novidades bastante desafi-adoras e que, se devidamente apropri-adas por professores em seu fazer coti-diano, podem proporcionar um ensinode língua que melhor responda às prá-ticas de linguagem contemporâneas decrianças e adolescentes. Uma das prin-cipais novidades é o destaque para osgêneros próprios da cultura digital, nosquais a questão do multiletramento ébastante evidente e precisa ser reco-nhecida, analisada e experimentadapor professores e alunos. Para muitos,incluindo os educadores que acompa-nham e participam das ações do Pro-grama “Escrevendo o Futuro”, iniciati-va da Fundação Itaú Social com coor-denação técnica do Cenpec, a propos-ta de trabalho com os multiletramentosnão é inédita ou alheia às suas práti-cas educativas.

Promover os multiletramentos de-manda dos professores de língua por-

tuguesa a capacidade de considerar adiversidade de modalidades (lingua-gem verbal oral e escrita e as lingua-gens visual, sonora, corporal e digital)e mídias (livros, TV, rádio e internet) emque se dão as práticas de linguagem(produção, interpretação e análise). Aessas dimensões, soma-se a noção decampos de atuação (artístico-literário,práticas de estudo e pesquisa, jornalís-tico/midiático e de atuação na vidapública), que organizam as esferas decirculação mais relevantes dos diver-sos gêneros textuais para se reafirmara língua como prática social.

Essa é a teia de dimensões que estru-tura o ensino de língua portuguesa naBNCC e que deve pautar a seleção degêneros textuais a serem trabalhadospelos professores. Mas como fazer atransposição didática para colocá-los emprática nas diferentes realidades das sa-las de aulas? Para auxiliar os professoresnessa tarefa, o programa “Escrevendo oFuturo” tem procurado oferecer forma-ções e materiais de apoio alinhados aosprincípios e orientações da BNCC.

É importante lembrar, também, que im-plementar a Base não é uma tarefa ex-clusiva dos professores. Por isso, as redesde ensino, equipes pedagógicas das se-cretarias e escolas e demais atores edu-cacionais têm papel fundamental na ga-rantia de condições materiais e de infra-estrutura, pois trabalhar com diferentesmídias requer investimento em formaçãopara os professores, equipamentos, recur-sos digitais, conectividade à internet etempo adequado para preparação deaulas. O desafio é grande, mas temos umaboa oportunidade para avançar em umensino de língua portuguesa que respon-da às práticas sociais vivenciadas pelosalunos, permitindo sua atuação e parti-cipação ativa e crítica na sociedade.

Cida LaginestraCoordenadora de Projetosdo Cenpec (Centro de Estudose Pesquisas em Educação,Cultura e Ação Comunitária)

‘UMA DAS

PRINCIPAIS NOVIDADES

É O DESTAQUE PARA

OS GÊNEROS PRÓPRIOS

DA CULTURA DIGITAL,

NOS QUAIS A

QUESTÃO DO

MULTILETRAMENTO

É BASTANTE

EVIDENTE E PRECISA

SER RECONHECIDA,

ANALISADA E

EXPERIMENTADA POR

PROFESSORES E ALUNOS’

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34 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

TENDÊNCIA

Igor Regis

Como o mundo prepara as gerações que já sofrem impactos da4ª Revolução Industrial.

E onde está o Brasil nesse panorama?

A e o futuro

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201835 35

TENDÊNCIA

Já não é mais novidades a análise de queos modelos de educação não acompanharamas transformações da sociedade. Mas uma

nova discussão vem ganhando espaço e exi-gindo uma reflexão intensa sobre o modeloacadêmico: como estamos preparando os jo-vens de hoje para construir o futuro?

As novas gerações terão à frente umarealidade ainda mais diferente em suas vi-das pessoais e profissionais, fator que é im-pulsionado pelas novas tecnologias e tam-bém pela globalização. Esse contexto pas-sa a exigir um aprendizado voltado paraensinar habilidades e competências.

No entanto, muitos países ainda nãoadaptaram totalmente seus modelos edu-cacionais a essa necessidade. Pelo con-trário, o que se percebe, principalmenteem países latino-americanos, asiáticos,africanos e do leste europeu, é pouca evo-lução e uma educação ainda inspirada nomodelo industrial.

Além disso, se somam a esse aspec-to outras pressões, como migração, mu-dança demográfica, urbanização e de-gradação ambiental, que também afe-tarão cada vez mais a vida das pesso-as. A estimativa é de que até 2050 a

expectativa de vida global, hoje de 71anos, suba para 77. Espera-se que a popu-lação urbana mundial chegue a 66% do to-tal — acima dos 55% de hoje.“O conhecimento de conteúdo está se tornan-

do uma commodity. O mundo não mais se preo-cupa com o que os alunos sabem, mas o queeles podem fazer com o que sabem”, observouTony Wagner da Universidade de Harvard.

Baseado nessa análise, o grupo The Econo-mist produziu um relatório sobre os modelos deaprendizagem ao redor do mundo. O estudo es-tabeleceu critérios mínimos para garantir a edu-cação de jovens voltada para a realidade quevão encontrar no futuro e perguntou quais sis-temas pelo mundo estão preparados para “en-sinar o futuro”.

No estudo, foram consideradas habilida-des como liderança, empreendedorismo, in-terdisciplinaridade, habilidade digital e tec-nológica, habilidade criativa e analítica,pensamento crítico e educação física.

do

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36 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

TENDÊNCIA

Primeiros passos no Brasil

Em uma sociedade extremamenteconectada e em evolução constante,a inclusão de tecnologia no processopassa a ser quase inevitável. Mas amaneira como essa inclusão deve serfeita ainda é muito discutida entre es-pecialistas em educação.

Em um painel realizado durante aCampus Party, a educação do futuro foidebatida. Leo Burd, pesquisador do MIT,fez uma ressalva à visão de que a es-cola do futuro se resume somente a tec-nologia. “Não basta colocar tecnolo-gia em um ambiente escolar tradicio-nal. A tecnologia tem que ser um cata-lisador da relação humana.”

O uso correto da tecnologia foi jus-tamente o destaque da participaçãode Rogério Boros, gerente de novosnegócios da Microsoft na América La-tina, no debate. “A missão da tecno-logia não é substituir, mas empoderaras pessoas para que elas alcancemmais”, salientou.

O executivo atentou para o fato deque as revoluções da indústrias têmintervalos cada vez menores; daí anecessidade de se pensar em umaeducação que acompanhe essa mu-dança e que participe desse proces-so de transformação da sociedade edo aluno. “A educação tem que per-mitir a cada um encontrar o seu ca-minho”, reforçou.

Tecnologia no processo

Os países foram divididos em quatro ca-tegorias: “ótimo” (avaliação acima de 75, deum total de 100 pontos), “bom” (de 65 a 75),“moderado” (de 45 a 65) e “precisa de me-lhorias” (23 a 45). Os destaques ficaram porconta de Canadá, Austrália, Nova Zelândia,Cingapura, Japão, Finlândia, Suíça, Holan-da e Reino Unido, enquadrados na catego-ria ótimo. Na segunda faixa entram naçõescomo Estados Unidos, Chile, Turquia e paí-ses da Europa Central (Alemanha, Espanha,França, Portugal).

O Brasil ficou enquadrado na terceira fai-xa, juntamente com Argentina, África do Sul,Itália e México. Na última faixa entram na-ções importantes como China, Índia, Coréia

do Sul, Arábia Saudita e Rússia.O estudo faz um ressalva especial para

Brasil, Índia e China, destacando que 1/5 dapopulação desses países tem um nível con-siderado fraco de leitura, 1/4 no que diz res-peito a matemática e menos de 50% da po-pulação com habilidades computacionais.

“A nossa tradição é da exposição oral.Ao longo de todo o século XX isso foi mui-to discutido. A escola tradicional não estápreparada para essas interações. O mun-do de hoje precisa de trabalho em grupo eprecisa de autoria. Então o mundo exigeque os jovens sejam produtores do conhe-cimento”, ressaltou o CEO do Instituto Sin-gularidades, Miguel Thompson.

Vista como primeiro passo deuma reforma educacional no Bra-sil, a Base nacional Comum Cur-ricular (BNCC) foi homologadaem dezembro de 2017 trazendocomo destaque dez competênci-as que visam a nortear a cons-trução de currículos.

Essa divisão não pretende doutri-nar, mas garantir o mínimo a ser se-guido para a construção de um pro-grama educacional.

“A base nacional vem como

um instrumento normatizador.Não é um currículo. Se eu pergun-tar para alguém qual é o propósi-to da educação, com certezaessa pessoa não vai me respon-der com uma lista de conteúdosou disciplinas. A resposta serávalores e competências. O currí-culo centrado em competênciase uma tendência mundial”, expli-cou Letícia Lyle, diretora de De-senvolvimento de Currículo daSomos Educação.

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201837 37

ARTIGO

Como facilitar comunidadesprofissionais para aprendizagem

Acolaboração com colegas fazcom que as reuniões regularestenham um enfoque específico

na aprendizagem dos alunos. Ela de-senvolve altos níveis de confiançaentre os membros de um grupo de pro-fessores e permite conflitos produti-vos em um ambiente seguro. O tra-balho do professor é, muitas vezes,solitário e privado. É muito comumque as escolas desenvolvam um sen-so de colegialidade, dando uma fal-sa sensação de colaboração. A ver-dadeira colaboração requer mais doque cordialidade e gentileza entre ogrupo docente. Requer foco no desen-volvimento e no desempenho, sendocapaz de falar com sinceridade e dis-cordar construtivamente sobre a prá-tica profissional.

Com a colaboração, os professorescomeçam a identificar e ampliar aspráticas pedagógicas que funcionam.Os membros de uma equipe colabo-rativa se tornam dispostos a repensaro que fazem em sala de aula com baseno trabalho do grupo. Os professoresse veem como interdependentes,compartilhando a propriedade do su-cesso de todos os alunos. Hoje, sabe-mos que nossos alunos terão que serfluentes tecnologicamente; pensado-res críticos e bons solucionadores deproblemas; dinâmicos e inovadores;bons comunicadores e colaborativos.Eles terão que conseguir trabalhar compessoas de diferentes origens e comdiferentes perspectivas. Se os educa-dores são os indivíduos que ajudarãoos alunos a desenvolver essas habili-dades, convenhamos, eles precisamconseguir demonstrar isso em suamaneira de ensinar e no modo de pen-sar e falar sobre o seu trabalho.

O trabalho de um aluno tem o po-tencial de revelar não só o seu domí-nio sobre os objetivos do currículo,mas também uma riqueza de informa-

ções sobre esse aluno: seus interes-ses intelectuais, suas capacidades edificuldades. Professores que se reú-nem para analisar um trabalho, pri-meiro para determinar o que ele re-vela sobre o aluno e os assuntos quelhe interessam, e depois, para consi-derar como os assuntos e preocupa-ções do aluno se relacionam com osobjetivos do professor para esse alu-no, desenvolvem novas perspectivassobre ensino-aprendizagem em umcontexto geral.

Como disse Michael Fullan, escolasdevem criar ambientes nos quais aspessoas esperam ter suas ideias e mé-todos sujeitos à análise de seus cole-gas e nos quais os grupos esperam tersuas concepções mútuas de trabalhosujeitas à análise das pessoas. A priva-cidade da prática traz isolamento; iso-lamento é inimigo do progresso. Coor-denadores e professores podem mudarisso com alguns passos:

• Implementado práticas para conhe-cerem uns aos outros de diferentesmaneiras.• Definindo acordos para que as reu-niões sejam efetivas, honestas e re-flexivas.• Usando protocolos para otimizar otempo e promover a colaboração.• Gerenciando as reuniões não deixan-do que algumas vozes dominem e ou-tras se calem, adotando uma regra quediz que todos falam uma vez antes quequalquer um fale pela segunda.

Anne TaffinD’HeurselBaldisseriDiretora da Educação Infantil eEnsino Fundamental I naAvenues: The World School.Integra um grupo de pesquisasobre bilinguismo, leitura emotivação. Ministra cursos eoficinas de formaçãocontinuada, no Brasil e noexterior, sobre instruçãodiferenciada e avaliaçãoformativa, bem como sobrecomo construir uma culturasustentável de alta performancecom pais e professores. Ex-diretora da Educação Infantil naEscola Britânica de São Paulo(St. Paul’s School).

‘COM A COLABORAÇÃO, OS PROFESSORES

COMEÇAM A IDENTIFICAR E AMPLIAR AS

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS QUE FUNCIONAM’

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38 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

CAPA

Estudo da MindMiners mostra as principaismudanças que devem ser feitas paratransformar o modelo de educação atual. Especi-

alistas do setor repercutem para o InovEducLarissa Siqueira

'Pensar fora da caixa' é a saída para professorese gestores que pretendem salvar o sistemaeducacional do país. E aplicar referências dasstartups pode servir como modelo

Alexandre de Miranda

a aula gazeteada por Fer-ris Bueller (MatthewBroderick) em Ferris

Bueller's Day Off (Curtindo aVida Adoidado), filme cult oi-

tentista, um professor apático le-ciona para uma turma literalmenteadormecida. A monotonia da aula tal-vez tenha sido um dos motivos paraque o personagem de Matthew fugis-se da escola por um dia. Mais de trêsdécadas depois, a crítica do diretoramericano John Hughes sobre méto-dos enfadonhos de ensino ainda refle-te a realidade de muitas sociedades.

De longa data, porém, os america-nos convivem bem com as críticas,mesmo as mais descomedidas dos fil-mes de comédia. O importante é tirar

proveito delas e avançar comfoco em inovação. Nas es-colas, o movimento maker éum bom exemplo do quevem dando certo por lá háanos e ajuda a consolidar osEUA como um dos protago-nistas educacionais. O con-ceito de 'educar fazedores'

que 'colocam a mão na mas-

sa', com prática e experimentação,não é um movimento recente como noBrasil. Surgiu nos anos 1970, junto coma metodologia multidisciplinar STEM,acrônimo em Inglês que designa aunião entre ciência, tecnologia, enge-nharia e matemática. Nos últimosanos, com o crescimento da indústriacriativa, muitas instituições de educa-ção incrementaram o STEM com Arts& Design (STEAM).

Presente desde os primeiros anosescolares nos EUA, o STEM e o movi-mento maker estimulam a criatividade,a autonomia e o empreendedorismo,potencializando, assim, atitudes inova-doras. Um estudante ainda é motivadoa desenvolver o que gosta, em sala ouem atividades extracurriculares. Des-sa forma, ele terá menos dúvidas e maissubsídios ao escolher uma profissão.

Talvez a maior preocupação dosEUA, além da violência nas escolas,seja não deixar a peteca da qualidadeeducacional cair. E a tática não estáapenas nos bilhões de dólares injeta-dos no setor. Se dependesse exclusiva-mente de dinheiro, o Brasil respirariaaliviado. A educação pública aqui con-

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201839 39

CAPA

some 16,2% do orçamento, percentual acimada média dos países membros da Organiza-ção para a Cooperação e DesenvolvimentoEconômico (OCDE), que é de 10,3%. Porém,o país gasta menos da metade que as naçõesda OCDE gastam por aluno do ensino básico— 3,8 mil dólares contra 8,7 da média. Noranking do Pisa, sistema de avaliação interna-cional de estudantes da OCDE, o Brasil temfigurado nas últimas colocações quando o as-sunto é ensino básico.

Certamente, a discussão sobre o atravanca-do sistema educacional brasileiro é mais amplae vai além de uma comparação com os méto-dos dos EUA ou de qualquer outro país bem-su-cedido na área. Entretanto, uma aplicação maiseficiente dos recursos, aliada aos anseios da pró-pria sociedade americana, culturalmente com-petitiva e interessada em inovações, ajuda a pôra educação de lá em um patamar superior.

Por aqui, métodos entorpecentes de apren-dizagem, parecidos com os quais Ferris Buel-ler fugira há mais de 30 anos, ainda assom-bram, com destaque no ensino médio das re-des pública e privada.

Crítico do sistema enfadonho e atravanca-dor, o professor e doutor em Psicologia Esco-lar e do Desenvolvimento Humano pela USP,Fernando Becker, dispara que o Brasil parou

no tempo quando o assunto éeducação formal. "Quandoolhamos para uma sala deaula, salvo exceções, vemospessoas entediadas, coagidas, subme-tidas a normas disciplinares que, via de regra,não aceitariam. Vemos um professor sem ne-nhum entusiasmo. Alunos em silêncio tomamnotas ou copiam o que o professor escreve nalousa ou, ainda, cochicham para colegas so-bre assuntos alheios à sala de aula."

Para Fernando Becker, que é titular de Psico-logia da Educação do Programa de pós da UFR-GS, existe muito discurso e pouca prática sobreeducação no Brasil. A metodologia de aprendi-zagem baseada na repetição é um exemplo deque regras obsoletas se perpetuam. "Se os alu-nos repetirem o conteúdo chegará um momentoem que aprenderão – essa é a crença. E se repe-tirem várias vezes e não aprenderem? Repitammais! Acredita-se que a fórmula para aprender é‘Preste atenção, copie e repita’”, observou.

A predominância de uma pedagogia arcai-ca é um dos maiores impedimentos para a ino-vação, segundo o professor. "De tanto nãopermitir a novidade, não tolerar ideias insóli-tas, aparentemente absurdas, de só recitar oque já foi feito, a escola acaba por matar acuriosidade dos alunos."

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40 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

Em muitos países, uma educaçãovoltada para as habilidades socioemo-cionais, com espaço para a experimen-tação, o senso crítico e a criatividadevem trazendo bons resultados para aformação humana integral, além demirar as profissões de hoje e de ama-nhã. As novas metodologias já transfor-mam escolas em verdadeiras startupspara crianças do ensino básico, comojá acontece nos EUA e na Austrália.

Num esforço para corrigir a rota daeducação brasileira, a recém-lançadaBase Nacional Comum Curricular(BNCC), que deverá ser implementadaaté 2019, propõe novos tratamentosdidáticos sobre a educação básica.

Mais laboratório e menos auditórioVerbos como 'exercitar', 'compreender'e 'criar' são usados para explicar as dezcompetências básicas da BNCC e fa-zer com que professores, alunos, soci-edade e demais envolvidos pensemfora da caixinha.

Para Fernando Becker, um dos pon-tos cruciais da BNCC deverá ser a re-forma do ensino médio com a reduçãodo currículo. "Um ensino médio com14 disciplinas é um despropósito. Talcurrículo atropela como um furacãoqualquer teoria de aprendizagem umpouco mais arejada", observou.

Uma escola laboratório e catalisa-dora do empreendedorismo seria umgrande passo para as transformações,

FOTOS: DIVULGAÇÃO IDEIAS DE FUTURO

CAPA

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já que o tradicional conceito de escola, deacordo com o especialista, molda pessoassubservientes, repetidoras de comportamen-tos e incapazes de produzir novas ideias. "Porque laboratório e não auditório? Melhor, maislaboratório e menos auditório. Porque no au-ditório transmite-se o que já se sabe, o que jáfoi conquistado. No laboratório, ao contrário,exerce-se a intuição, a experimentação",comparou.

Caso as mudanças apontadas pela BNCCnão sejam imediatas, parte do sistema educa-cional poderá entrar em colapso. O professorde Psicologia da UFPE e sócio-fundador da JoyStreet — empresa que desenvolve tecnologi-as educacionais lúdicas —, Luciano Meira,levantou tese, em artigo e palestras, que a

“aula tradicional faliu, mas a escola deve fi-car e ser fortalecida”. Essa ideia, explicou oprofessor, está associada aos desafios atuais.

"Esse é um modelo clássico de escola, noqual a aula é usada como instrumento detransmissão cultural de qualquer campo doconhecimento. Ela (a aula) funcionou quan-do tínhamos uma força de trabalho que seadequava a padrões de uma sociedade in-dustrial. Não é mais o caso para as criançase jovens, imersos em uma cultura digital,onde diálogo, interação e hands on estãomuito mais presentes", observou. Na formade instituição, entretanto, o professor apon-tou a importância da escola como espaçoagregador de pessoas onde se estabeleçamdiálogos de interesse social.

As mudanças propostaspela BNCC do EnsinoBásico e do Ensino Médiodevem incentivar gestorese professores a encontrarsaídas criativas paraincrementar o processo deensino-aprendizagem

CAPA

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CAPA

DIVULGAÇÃO IDEIAS DE FUTURO

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CAPA

Consolidar uma cultura de empreendedores, assimcomo outras nações já consolidaram e hoje colhem osfrutos, pode ser uma das chaves para o desenvolvi-mento. Dezenas de escolas brasileiras, além de já uti-lizarem há anos ferramentas tecnológicas em sala,estão agora com as atenções voltadas para as habili-dades socioemocionais e abraçadas ao movimentomaker. Porém, perto do universo de 186 mil escolas deeducação básica, as mudanças ainda são discretas.

Mas uma análise recente no cenário didático reve-la um esforço para um leapfrog educacional a partirdo conceito 'mão na massa'. Nos últimos três ou qua-tro anos, a lacuna aberta pelos métodos tradicionaisde ensino deu espaço ao surgimento de dezenas deprojetos e programas de empreendedorismo com usode tecnologia, transformando algumas salas de aulaem laboratório para startups. Alguns programas, inclu-sive, já têm dado passos largos quando o assunto é odesenvolvimento das competências empreendedoras.

A Startup in School (SiS), um dos principais progra-mas da consultoria de inovação social Ideais de Futu-ro, vem desenvolvendo ações para que alunos dasescolas técnicas de São Paulo (Etecs) experimentemtecnologia como criadores, em vez de usuários. Noprograma, que consiste de um curso patrocinado peloGoogle, os alunos do ensino técnico criam uma star-tup baseada em aplicativo para celular. Até o momen-to já são sete startups em mentoria pelo Ideias de Futu-ro. Um dos destaques é o aplicativo Walp, criado poralunos da Etec Jorge Street, em São Caetano do Sul. Jádisponível no sistema Android, o aplicativo ajuda ins-tituições que buscam donativos a encontrar doadores.

Mais de mil alunos de 15 a 18 anos já participaramdiretamente do SiS, e cerca de 20 mil foram impacta-dos. Além de despertar o interesse pelo empreendedo-rismo, o SiS tem ajudado mais da metade dos partici-pantes na escolha de uma carreira. Para que o conceitonão fique restrito aos integrantes do curso, os docentesdas Etecs passam pelo workshop 'Competências Em-preendedoras na Escola'. "Nesse curso, os professorespraticam as metodologias e os instrumentos utilizadosno Startup in School e discutem formas para adaptaressas ferramentas em qualquer disciplina da grade re-gular da escola, com foco no desenvolvimento das com-petências empreendedoras dos alunos", explicou Jacia-ra Cruz, diretora-geral da Ideias de Futuro.

A escola do futuro, de acordo com Jaciara Cruz,precisa ajudar o aluno a desenvolver os próprios ta-lentos e potencialidades. "Nesse contexto, as escolaspodem viabilizar um ambiente que ajude o aluno atestar e a concretizar suas ideias. Seja um novo negó-cio, um projeto social, um experimento, um projetopessoal ou uma startup."

Escolas startups?

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ARTIGO

Tecnologia e educação:o valor real das instituiçõeseducacionais deveestar na experiência queoferece ao aluno

As novas tecnologias não estãoapenas transformando a manei-ra de aprender dos estudantes,

estão mudando também o papel doseducadores, criando mudanças nasabordagens do ensino e remodelandoa sala de aula.A aliança entre educa-ção e tecnologia veio para ficar e serenova a cada dia, e com tantas ferra-mentas surgindo, as plataformas deapoio à aprendizagem têm papel fun-damental nessa integração.

Nas últimas décadas, vimos muitaseconomias em todo o mundo evoluí-rem de um mercado de commoditiespara uma estrutura baseada em ser-viços. E nesse processo, com o mer-cado de educação global não foi di-ferente. Assim como existem empre-sas de táxi sem táxis e hotéis sem sa-las de propriedade, a aprendizagemsem campus físico já é uma realida-de. A premissa desta "economia com-partilhada" é valiosa e o uso da tec-nologia torna a educação amplamen-te disponível e democratiza a expe-riência de aprendizagem. Mas, cru-cialmente, para sobreviver em ummercado aberto onde a educaçãoestá livremente disponível, as institui-ções devem aprimorar sua oferta eagregar valor para ganhar vantagemcompetitiva.

Na medida em que conteúdo erecursos estão livremente disponí-veis online, o valor real das escolas,faculdades e universidades se diri-ge cada vez mais à experiência de

ensino e aprendizado que oferecem.Educadores devem se concentrar namentoria e utilizar a tecnologia paraagregar valor ao diferencial compe-titivo das instituições; apoiar a mu-dança e construir uma cultura cen-trada no aluno, permitindo mais li-berdade para atuarem como prota-gonistas, investigar, avaliar e com-parar as metodologias em que estãoinseridos.

Essa transição pode tornar a edu-cação mais envolvente e relevantepara todos — desde o ensino básicoaté a educação continuada —, mas énecessário que a tecnologia seja to-talmente integrada à pedagogia paragarantir a adesão. Os produtos e ser-viços devem ser escolhidos, não parasimplesmente preencherem um che-cklist de itens que a instituição pos-sui, mas para realmente apoiar a for-ma de ensinar e aprender. A tecnolo-gia só será capaz de proporcionar asmudanças desejadas pelos educado-res quando tiver estrutura pedagógi-ca sólida e bem definida e a ferra-menta seja utilizada, em primeiro lu-gar, para as necessidades do usuário.

O processo de aprendizagem-Cada aluno aprende de forma diferen-te. Com a grande quantidade de apli-cativos e softwares disponíveis, estu-dantes de uma mesma sala de aulapodem seguir diferentes caminhospara adquirir determinados conheci-mentos e habilidades. Educadorestambém podem acomodar estilos de

Lars JánerDiretor da Instructurepara a América Latina

aprendizagem únicos caso a caso,tornando o ensino mais fácil e efici-ente. Dessa maneira, os professorestêm em suas mãos todas as possibili-dades de incrementar as aulas e tor-ná-las mais atrativas.

Ao incorporar a tecnologia na salade aula, os alunos têm uma maior ex-posição e acesso aos diferentes mo-dos de aprendizagem. Alguns podempreferir aprender por videoconferên-cia; outros, com comportamento maisindependente, podem utilizar umaprendizado por investigação. Ao daraos alunos a escolha de várias possi-bilidades, eles poderão explorar no-vas técnicas e, ao final, entenderquais as estratégias mais eficientespara si próprios, individualmente.

Com o objetivo de contribuir comprofessores e alunos neste processoe apoiá-los a inovar e melhorar osprocessos de aprendizagem, a Ins-tructure, desenvolvedora da platafor-ma Canvas, está presente no Brasil hátrês anos e tem transformado a ma-neira como eles interagem entre si ecom os materiais pedagógicos.

A plataforma que tem sua estrutu-ra nativa em nuvem, aumenta a aces-sibilidade e permite a colaboração detodas as partes, promovendo uma me-lhor experiência e barateando custosde TI. Nunca fica offline e pode seracessada de qualquer dispositivo ele-trônico.

A partir da plataforma, os profes-sores podem estabelecer seu progra-ma, carregar materiais de leitura etarefas para que os alunos o acesseme o acompanhem, enviem trabalhoseletronicamente e conversem entre siem debates sobre diferentes assuntos.Por ter código aberto, ela permite aassociação de qualquer aplicativo ouferramenta para incrementar o pro-cesso de aprendizagem.

Em suma, ela simplifica e automa-

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ARTIGO

tiza o acesso a informações essenciais, fle-xibilizando o acesso à educação para todos,independentemente da localização, de for-ma a melhorar significativamente a experi-ência educacional, permitindo uma apren-dizagem verdadeiramente conectada.

As mesmas tecnologias que dão poder aosalunos podem trazer influência significativapara a equipe docente. Professores nos dizemque o controle agora está nos dados, e sobre-tudo nas ferramentas online que lhes permi-tem coletar informações sobre o desempenhoe ganhar informações em tempo real e acio-náveis. Entregar e atuar com dados de de-sempenho ao longo do ano, em vez de ape-

nas em horários de exame, é vital para ofe-recer uma experiência educacional baseadaem flexibilidade e visão — ao invés de de-pender de testes e medidas rígidos.

Ser capaz de alterar o ensino rapidamen-te para atender às necessidades dos alunospode aumentar o engajamento, a motiva-ção e melhorar os resultados. É a partir des-sa perspectiva que escolas, faculdades, uni-versidades e formuladores de políticas de-vem reexaminar o tipo de educação que for-necem, a forma como é entregue e o valorque lhes dá, para contribuir, assim, com aconstrução de um novo patamar no siste-ma educativo.

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CASE

Idealizada para funcionar como um hub, que conecta vários computadorese dispositivos em rede, a Escola Hub pretende agregar dimensões

Renato Deccache

No universo da informática, umhub é um dispositivo que co-necta computadores em uma

rede para a transmissão de informaçõesdos mais diferentes tipos entre essasmáquinas. Aos poucos, esse conceitotem migrado para outras áreas, e umexemplo dessa tendência são os cha-mados hubs de inovação, que congre-gam startups de diversos segmentos.

É a partir dessa diretriz que o em-preendedor Thiago Almeida preten-de criar a Escola Hub. Muito maisque uma nova instituição educaci-onal, objetiva a adoção de uma pro-posta de ensino bem diferente doque se pratica em boa parte do país.

A ideia é que a Escola Hub utili-ze uma metodologia capaz de co-nectar, em prol do aprendizado, di-

mensões como as artes, o empreen-dedorismo, a robótica, as ciências,a matemática, a sustentabilidade,entre outras, que podem fazer parteda vida de uma criança ou um jo-vem. "Entendemos a escola comoum hub do mundo real", sintetizouThiago Almeida, idealizador do pro-jeto e do modelo pedagógico da Es-cola Hub.

Uma escola conectada

com o mundo

ESCOLA HUB

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CASE

As primeiras unidades da instituição de ensinoserão criadas em Juiz de Fora (MG). A expectati-va é que uma delas comece a funcionar em 2019e que, a partir daí, a rede possa se expandir echegar a outros estados. Serão formadas turmasda educação infantil ao 9º ano do ensino funda-mental, e a perspectiva é de que, em breve, sejapossível oferecer o ensino médio.

No mercado, diversas instituições de ensi-no buscam alternativas às estratégias pedagó-gicas tradicionais. Há escolas que dão ênfaseao empreendedorismo, à robótica, à programa-ção, às artes, entre outras áreas. A novidade daEscola Hub, no entanto, segundo Thiago Almei-da, é buscar a conexão entre essas dimensões.

"A ideia de hub é de aglutinar essas diferen-tes vertentes de formação e experiências deaprendizagem em uma pedagogia que faça sen-tido, para que formemos o cidadão com umavisão ampla da sociedade e da experiência hu-mana para desenvolver suas potencialidades."

A proposta é que o aprendizado na EscolaHub seja impulsionado por diretrizes pedagó-

gicas consideradas de vanguarda, entre elas aaprendizagem ativa, o ensino colaborativo, oConstrutivismo, a individualização da experi-ência educacional e a pedagogia de projetos.

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"As aulas, as atividades no colégio, as tare-fas de casa, todas elas vão girar em torno deprojetos que o aluno desenvolverá e não ape-nas do cronograma que o professor estabele-cer. Além disso, um dos traços marcantes dodesenho metodológico é respeitar o tempo, avelocidade e o interesse de aprendizagem decada estudante, e isso passa pelo trabalho dosnossos professores e pelo uso de tecnologia",disse Thiago Almeida.

Na Escola Hub, a proposta é que sof-twares integrados permitam não só que oprofessor tenha informações sobre proces-so de aprendizagem de estudantes em ní-vel individual, mas também que os alunospossam ter uma experiência educacionalonline e offline. A instituição trabalhará comaplicativos criados por startups, que estãoem fase de adaptação para a realidade daescola, e com programas próprios, que es-tão em fase de desenvolvimento, para via-bilizar o ensino adaptativo, gamificação,aprendizagem colaborativa online, entreoutras estratégias.

Segundo Thiago Almeida, a diretriz de for-mação na Escola Hub se sustentará em qua-tro pilares. A ideia é que os alunos sejam in-ventores, artistas, empreendedores, além decidadãos críticos e sustentáveis. "Nossa es-cola também nasce alinhada a uma perspec-tiva da cultura maker, ou seja, ela é uma es-cola onde a invenção e a criação estão pre-sentes em tudo, na robótica, na alimentação,nas artes, no empreendedorismo."

O idealizador ressaltou, ainda, que a Es-cola Hub nasce alinhada aos princípios daBase Nacional Comum Curricular, que, emessência, estabelecem que as escolas bra-sileiras precisam ir além de trabalhar ape-nas a dimensão do conteúdo ou do conheci-mento enquanto saber puro. "A Escola Hubé preparada para desenvolver competênci-

O objetivoé que as

instalaçõesse assemelhem

aos modelosmodernos

que ilustramesta matéria

A primeiraunidade daEscola Hub,em Juiz de Fora,está em obraspara as devidasadaptações docasarão antigoque ocupará

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as, e não apenas para levar alunos amemorizar. Não trabalhamos nenhumconhecimento de forma gratuita ou obri-gatória. O conhecimento precisa ser co-locado em prática e em um contextoque seja relevante para o estudante."

Nesse novo formato de escola, queconecta diferentes dimensões na cons-trução do aprendizado, o professor tam-bém precisa ter uma atuação bem dife-rente do que é comum no ensino tradi-cional. À frente das turmas, ele precisa-rá ter um papel de artesanato pedagógi-co, segundo Thiago Almeida. "Os profes-sores estarão, o tempo inteiro, não sópreocupados com os conteúdos em quesão especialistas, mas também em criarsituações onde o estudante viverá ex-periências nas quais os conteúdos serãorelevantes", completou o idealizador daEscola Hub.

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ARTIGO

BNCC do EnsinoMédio prevê mudanças edesafios para suaconsolidação na educação

Fabrício CorteziCoordenador pedagógicodo Sistema de EnsinopH, que integra o portfóliode empresas daSOMOS Educação

Está chegando o momento quetoda comunidade escolar tempedido já há algum tempo: as

novas diretrizes de conteúdo do En-sino Médio, que serão norteadas pelaBase Nacional Comum Curricular(BNCC). Tão relevante quanto aBNCC do Ensino Fundamental, homo-logada em dezembro de 2017, a Basepara o Ensino Médio parece um pou-co mais complexa quando levamosem consideração que corre em para-lelo à Reforma do Ensino Médio. Po-

demos dizer que é um mo-mento esperado porque, nos

últimos anos, os problemasenfrentados pelos alu-

nos, professores, dire-tores e mantenedo-

res, dentro das escolas que oferecemesse segmento, sejam públicas ou pri-vadas, só se agrava. A evasão de alu-nos e o papel de professores em salade aula tem sido bastante comentadoem todas as esferas.

Uma reforma curricular é vista combons olhos quando imaginamos o caossistêmico que atinge o ensino médio,que visa formar cidadãos e ao mesmotempo torná-los capazes de entrar emuma universidade — seja via Enem ounão — que não parece estar funcionan-do para a maioria dos estudantes ao fi-nal do ensino básico. No entanto, ain-da não parece muito claro como os pro-fessores trabalharão os objetos do co-nhecimento e as competências após oprocesso de mudanças.

No final de fevereiro e inicio de mar-ço, o destaque sobre a BNCC foi

que só apareceram como obrigatóriasas disciplinas de Língua Portuguesa eMatemática. Isso não quer dizer queas demais disciplinas que hoje apare-cem segmentadas como Física, Quí-mica, Filosofia, ou Geografia, porexemplo, estejam de fora do documen-to. As demais disciplinas aparecemagrupadas em áreas do conhecimen-to, onde indicam um conjunto de com-petências e podem propor um percur-so formativo, que já é uma tendênciaem termos de educação.

A grande questão é como as esco-las, e mais do que isso, como os nossosprofessores irão se adequar a essa novarelação com a educação. Esse é o mo-mento de toda a comunidade escolaracompanhar o processo de construçãodessa nova BNCC, uma vez que quan-to antes nos prepararmos, melhor o tra-

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uma ansiedade nos alunos e alunas.O ponto a ser considerado nessa re-

forma, que é pautado pelas tendênciasde educação em diversos países desen-volvidos, de acordo com o ministro daEducação, é se as escolas irão entre-gar aos alunos todas as cinco opções –ou pelo menos 4, se não considerarmoso ensino técnico. Um outro desafio égarantir que as escolas tenham condi-ções de entregar os itinerários formati-vos para que a escolha dos alunos sejagenuína, e não restrita à sua abrangên-cia geográfica.

Considerando as regiões em que issoserá uma realidade, o estimulo ao pro-tagonismo dos estudantes deve ser umdos pontos-chave da reforma: com umamaior aproximação dos objetos do co-nhecimento e das habilidades ao coti-diano dos estudantes, permitindo queeles mesmos escolham seus itinerári-os, é esperado um maior interesse peloensino médio, e assim podemos dimi-nuir problemas de evasão, dando o sig-nificado real para a escola.

Embora alguns países sejam conhe-cidos por seus modelos de educação,como por exemplo a Finlândia, nós nãopodemos simplesmente importar ou re-plicar esses modelos. A educação é umprocesso complexo que depende dire-tamente da sociedade onde ela está

inserida. Fatores sociais, econômi-cos e demográficos são importan-

tes quando determinamos ummodelo de educação. Isso nãoquer dizer que devemos aban-donar os modelos que já exis-

tem mundo afora, muito pelocontrário. Cada região, es-tado ou país deve estudarmodelos que se mostrameficientes, levando tam-bém em consideração obem-estar de alunos eprofessores, de forma a

criar o modeloque melhor seaplica àquelaregião, afinal,o ponto em que

todos concorda-mos é que a educa-

ção é a base para a for-mação de um país.

ARTIGO

balho será desenvolvido após a homo-logação e sua relação com a Reformado Ensino Médio. Isso sem levantar adiscussão do desafio das editoras demercado privado, sistemas de ensino eo Programa Nacional do Livro e do Ma-terial Didático (PNLD) entregarem umconteúdo que faça sentido para a co-munidade escolar. Ao mesmo tempo,será necessário formar e orientar pro-fessores, autores, diretores, pais e res-ponsáveis. É um desafio enorme, masque não pode ser adiado.

A preparação da BNCC é feita des-ta maneira para garantir a prerrogati-va dos estados brasileiros na organiza-ção de seus currículos, medida quedeve ser tomada com muita atenção,de forma a não gerar uma desigualda-de ainda maior nos estados da federa-ção. Quando o assunto é a Reforma doEnsino Médio em si, os debates já fo-ram iniciados há pelo menos um ano.Com pontos positivos e negativos, areforma é muito relevante quando olha-mos para o futuro do ensino médio. Osalunos precisarão escolher entre os cin-co “itinerários formativos”, o que pa-rece uma evolução. No entanto, os alu-nos acabam antecipando a escolha,não necessariamente da sua profissão,mas pelo menos da área de conheci-mento com a qual possui mais afinida-de. Embora essa escolha possanão ser definitiva, isso gera ‘A EVASÃO

DE ALUNOS E

O PAPEL DE

PROFESSORES EM

SALA DE AULA

TEM SIDO

BASTANTE

COMENTADO

EM TODAS

AS ESFERAS’

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MULTIPLICADORES

de inovação

Realizado durante a CampusParty BR, em São Paulo, em janeiro,

o 1º Fórum Educação do Futuro,começa a dar frutos ainda neste ano

Igor Regis

plantada

Semente

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MULTIPLICADORES

Trazer as empresas para dentro da univer-sidade e ensinar na universidade aquiloque será necessário no mercado de traba-

lho do futuro. Essa foi a proposta do 1º FórumEducação do Futuro, realizado durante a Cam-pus Party BR, em São Paulo. A iniciativa foi idea-lizada pelo presidente do Instituto Campus Party,Francesco Farruggia, e do professor GenésioGomes, criador do Células Empreendedoras, pro-grama que capacita alunos e professores a criare desenvolver ideias no ambiente universitário.

Em sua primeira edição, o fórum reuniu cercade 20 instituições de ensino de todo o país, alémde entidades representativas, como o Ministérioda Educação (MEC) e algumas secretarias de Edu-cação. “O estudante vai para a Campus Party esai mudado, com um mindset diferente. Mas aochegar na universidade ele se depara com reito-res e coordenadores que não acompanham essamudança. A ideia do fórum foi trazer esses ges-tores para que eles participem desse proces-so”, destacou Genésio Gomes.

Para o professor, a realização dessecontato dentro da Campus Party fa-voreceu a criação de um ambien-

te de estímulo à inovação. “Nós apresentamos aideia de que a Campus precisava de uma progra-mação para gestores, pois sabíamos que se elescomeçassem a participar veriam o impacto. De-pois do fórum, muitos professores deram depoi-mentos; mudou a forma de ver educação e já, in-clusive, mudaram grades curriculares”, disse.

O fórum, que teve a duração de três dias, foi con-siderado muito positivo pela organização e já ga-rantiu a propagação de projetos para outras regiõesdo Brasil. Neste primeiro momento, a intenção, alémde promover discussão, foi unir iniciativas isoladas.“Às vezes temos práticas muito boas, mas que sãoisoladas. O que fazemos é com que todos esses pro-jetos sejam conectados com o fórum. Tivemos muitacolaboração entre os atores, e temos muitos proje-tos que identificamos como possíveis de replicar emoutros locais”, avaliou Genésio Gomes.

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MULTIPLICADORES

Próximos passos do projetoA realização do fórum na Campus Party BR

foi o primeiro passo após a criação do projetoCélulas Empreendedoras, que foi discutidodentro dos Institutos Federais. Com a discus-são tomando proporções nacionais, a expec-tativa é que o debate seja ampliado em outrosfóruns ao longo deste ano. “A ideia é ter maisum ou dois fóruns este ano. Nas outras Cam-pus (Natal, Bahia, Brasília e Rondônia) nós játeremos painéis sobre 'Educação do Futuro'.Estamos vendo qual a Campus ideal para arealização dos fóruns, pois é necessário oapoio de instituições de ensino locais”, expli-cou o criador do Células Empreendedoras.

ECOSSISTEMAComo ressaltado na abertura oficial do Fórum,

em janeiro, mais do que debater e conhecer pro-jetos, o objetivo é criar uma rede de inovação naeducação, na qual gestores reconheçam proje-tos e coloquem em prática a inovação.

“O que mais as pessoas precisam é se co-nectar, pois existem muitos destes atores es-palhados. Isso gera um grande ecossistema. Arealização do fórum superou as expectativaspela rede de inovação que ele está criando”,finalizou Genésio Gomes.

Ao todo, mais de 30 redes de ensino já es-tão conectadas por meio do fórum. O desta-que fica com a Secretaria de Educação daBahia, que já participa ativamente da rede.No Mato Grosso, a participação dos alunos,que estiveram presentes em caravana naCampus Party chamou atenção. Outros esta-dos, como Rio Grande do Norte e Goiás, jávêm manifestando interesse nos projetos de-senvolvidos pelo fórum, além de diversos Ins-titutos Federais.

O educador ainda revelou que a intenção écriar um projeto de acompanhamento permanen-te, voltado para a avaliação de novas práticas etambém a formação continuada de professores,para atuar no projeto de evolução das práticaseducacionais e para fortalecer essa rede de ino-vação. “Queremos, de fato, criar esse observató-rio permanente e um projeto de formação de pro-fessores, para que o fórum não seja uma coisaisolada. É uma ideia ainda futurista, mas que esta-mos desenvolvendo.” Além desses projetos, a in-tenção é que um novo fórum seja realizado naedição nacional da Campus Party, no ano quevem, para um balanço deste primeiro ano.

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O velho ensino médio emum admirável mundo novo

Areforma do Ensino Médio, san-cionada pela Lei nº 13.415/2017, chega em um momento

no qual a atual estrutura do ensino se-cundário já não interessa mais aos jo-vens e às necessidades do mundo con-temporâneo. Mais do que a falsa dico-tomia de preparar para o vestibular oupara o mercado de trabalho, essa eta-pa de formação deve orientar para umarealidade complexa. As especializa-ções disciplinares isoladas não forne-cem ferramental adequado para a re-solução de questões emergentes, taiscomo as desigualdades sociais, asquestões ambientais, a mecanizaçãoda mão de obra e a recentemente po-pularizada inteligência artificial. Pre-cisamos de uma educação que nos aju-de a entender a própria condição hu-mana em uma sociedade autocentra-da, global e menos comunitária.

A despeito da velocidade da propos-ta, via MP, e frente a uma transiçãopolítica, a Reforma do Ensino Médiochega com muito atraso. Tanto a pres-sa na aprovação da Lei como na apre-sentação da primeira versão da BaseNacional Comum do Ensino Médiotrouxe uma série de dúvidas conceitu-ais e de implementação que podem seruma grande oportunidade para que dis-cutamos efetivamente essa fase de en-sino. Questões complexas foram colo-cadas sem que haja respostas efetivas.Como orientar os jovens em seus itine-rários formativos? Haverá oferta decursos customizados em todas as es-colas? Como serão atribuídas as aulasem disciplinas que tiveram seus con-teúdos diluídos em áreas? Como desen-volver um currículo de formação inte-gral em uma estrutura historicamentefragmentada? Como serão inseridosprofissionais ou instituições de notóriosaber no cotidiano escolar?

Mais do que o mérito de uma novaproposta de ensino médio, toda essa

movimentação de políticas educacio-nais traz o valor da desconstrução emum ambiente historicamente herméti-co, refratário a mudanças e absoluta-mente influenciado pelos vestibulares.Gestores e educadores deverão sair dainércia do paradigma disciplinar e pro-por novas possibilidades educativas.Assim como um meteoro alterou todosos ecossistemas planetários há milhõesde anos, as mudanças propostas che-gam muito mais para causar entropiado que modular currículos.

O modelo estruturado em discipli-nas, focado apenas em conceitos edefinições, já não serve mais a nin-guém. Para um não especialista, expli-car os conceitos de qualquer área deconhecimento que não seja a sua écomo um dos trabalhos de Hércules.Façamos um pequeno teste: explique— sem dar um Google — o que foi aGuerra do Peloponeso, a primeira leide Mendel ou a segunda lei da termo-dinâmica. Se você sabe, está apto paraentrar em algumas das melhores uni-versidades do país. Se não sabe, nãose culpe. Você é um dos milhares debrasileiros que fizeram o Ensino Médioe absorveram pouco conhecimentodessa fase da educação.

A questão aqui não é que devemosrenunciar ao conhecimento discipli-nar, mas trabalhá-lo a partir de con-textos próximos, para a resolução deproblemas (reais ou teóricos) ou a par-tir de narrativas significativas. Umapreparação mais cooperativa entreprofessores e as importações de ques-tões emergentes e da cultura juvenilpara a sala de aula devem contribuirmuito para que o conhecimento tra-balhado na escola se torne mais inte-ressante. Dessa forma, teremos o de-senvolvimento de habilidades e com-petências fundamentais.

Por outro lado, não poderemos in-correr em um erro de centrar nossos

Miguel ThompsomCEO do Instituto Singularidades

ARTIGO

planejamentos exclusivamente para omundo do trabalho, como a ideia decompetência e de aplicabilidade dosaber pode fazer parecer. Ao contrá-rio, caminhamos para uma sociedadepós-industrial e pós-trabalho. Visar umaformação integral, para formar indiví-duos equilibrados consigo, com a co-munidade e com o ambiente, aprecia-dores do conhecimento como fruição-estética, como base para uma condutaética e também como elemento de re-solução de questões práticas é o nossogrande desafio.

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MERCADO

A iniciativa da Fundação Lemann em parceria com a Artemisia e a Universidadede Columbia selecionou 12 empreendedores brasileiros para desenvolversoluções ligadas a três desafios centrais para a implementação da BNCC

Letícia Santos

Desafio Start-Ed

Além de tornar as aulas mais atra-entes e inovadoras, despertar acuriosidade dos alunos e pro-

mover mais engajamento, as soluçõesdigitais podem ser grandes aliadas noprocesso de implementação da BaseNacional Comum Curricular (BNCC).Em 2017, a Fundação Lemann lançouum programa com o objetivo de con-tribuir com desafios específicos para a

implementação da BNCC nas escolas.Os participantes do Desafio Start-Ed

precisavam desenvolver soluções ali-nhadas a três problemas identificados nasescolas públicas do país. Os temas sele-cionados foram: defasagem escolar, in-clusão de alunos com deficiências e par-ticipação ativa de pais e responsáveis noprocesso de aprendizagem de alunos.

“Os temas propostos no Desafio

Start-ED surgiram de uma análise daFundação Lemann, que buscou levan-tar os principais desafios da educaçãopública que poderiam ser resolvidos portecnologia, e cruzá-los com demandasde desenvolvimento de soluções porparte dos usuários — redes, professorese alunos”, explicou Leonardo Roque,coordenador da área de recursos edu-cacionais digitais da Fundação Lemann.

Tecnologia que transforma a aprendizagem

Entre os participantesdesta edição do desafio

estão professores queempreenderam soluções

para suas dores

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MERCADO

CoeducaA Coeduca é uma plataforma que pretende

melhorar a questão do engajamento familiar.Segundo Bárbara Szuparits, líder de projetosdo Instituto Crescer e integrante do Coeduca,o objetivo é contribuir para o controle da eva-são escolar e promover a construção de pla-nos de carreira e o desenvolvimento socioe-mocional dos alunos.

O Coeduca oferecerá um programa de for-mação para família e escola com o objetivo defortalecer a relação entre elas. A expectativa égerar resultados positivos no processo de apren-dizagem dos alunos. O programa de formaçãoserá oferecido presencialmente e haverá tam-bém acompanhamento online, via plataforma.

We EngageA solução é voltada para o engajamento

das famílias de alunos, do 9º ano ao ensinomédio. André Costa, gerente-executivo da Pro-desp e um dos idealizadores da plataformaexplicou que a taxa de evasão nesse período

escolar é muito alta e, por conta disso, o gru-po decidiu se concentrar nessa faixa.

O objetivo é oferecer conteúdos elaboradosa partir da análise de dados que ajudem os pro-fessores a incluir estratégias para engajamentodos pais no plano pedagógico e, também, con-teúdos que conscientizem as famílias sobrecomo sua participação na vida escolar das cri-anças pode ser benéfica.

Eu ensinoNa plataforma “Eu ensino”, professores e

gestores poderão acessar planos de trabalhoque ajudam a resolver problemas e conflitosproduzidos frequentemente na relação com osalunos e familiares.

"Com as nossas ferramentas, professores seapropriam de diferentes modos de implemen-tar pequenas ações, simples e de impacto nasala de aula, que desenvolvam alguma com-petência geral da BNCC, especificamente comseus alunos", explicou Rafaela Mund, coachingeducacional e participante do desafio.

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As melhores soluçõesdesenvolvidas receberão

até US$ 25 mil. O processo,que teve uma etapa na

Universidade de Columbia(EUA), finaliza em maio

ColegaA plataforma Colega funciona como um

assistente virtual que permitirá que profes-sores desenvolvam planos de aula virtuais ede maneira integrada com a BNCC. Durantea construção desses planos, os professores te-rão acesso a minicursos em tempo real com dicasbaseadas na experiência de mentores que acom-panharão o processo.

A ferramenta oferecerá, ainda, feedbacks so-bre os planos desenvolvidos e recomendaçõessobre recursos e conteúdos que poderão apri-morar a execução do plano de aula na prática.A ideia é que a elaboração desses planos este-ja de acordo com as determinações da BNCC.

OlharesA proposta da plataforma Olhares é alinhar

as ações das escolas com o que é previsto noPlano de Desenvolvimento Individual (PDI). OPDI é um documento utilizado para adaptar ocurrículo das escolas às necessidades dos alu-nos da inclusão escolar.

A ideia dos idealizadores da solução é ajudaros integrantes, sejam eles pais, professores ou ges-tores, a elaborar um plano de aulas personalizadode acordo com a realidade de cada aluno. A solu-ção será apresentada em um portal na internet etambém por meio de um aplicativo que terá usabi-lidade offline.

ScadasO Scadas é um software que visa a facilitar a

elaboração de estratégias pedagógicas paraatender alunos com deficiência já utilizando asdiretrizes da Base Nacional Comum Curricular.

Douglas Giglioti, cofundador da Reconecttae um dos idealizadores do Scadas, explicou quealém de fornecer conteúdos, o software atuacomo um facilitador entre especialistas no as-sunto e professores, que podem trocar diversasinformações por meio da plataforma.

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TENDÊNCIA

Enquanto alguns líderes da tecnologia mundial como Elon Muskconsideram a IA uma ameaça potencial para a humanidade, uma outra correnteacredita que educadores podem tirar muito bom proveito dessas ferramentas

Débora Thomé

Inteligência artificial

inteligência artificial (IA) e tecnologias a ela relacionadasjá estão notoriamente reformulando a economia. Algunsempregos estão sendo eliminados, muitos outros serão

mudados e novos campos de atuação se abrirão. Mudanças queterão grandes implicações para o mercado de trabalho em 2030,quando alunos hoje no 6º ano escolar estarão em seus primei-

ros anos de trabalho.Economistas e tecnólogos de todo o mundo ainda estão

fortemente divididos sobre se a IA será uma assassina oucriadora de emprego. O que representa um grande desafiopara os educadores e formuladores de políticas com a mis-são de preparar os alunos de hoje para prosperar em umfuturo ainda muito incerto. Fato é que fugir das inovaçõesque essa tecnologia proporciona já é impossível.

Um recente relatório do grupo editorial britânico Pearsonnorteia como a inteligência artificial transformará positivamen-te a educação nos próximos anos. Para os autores, “o futuro ofe-rece o potencial de ferramentas e apoio ainda maiores. Imaginecompanheiros de aprendizagem ao longo da vida alimentados

por IA que possam acompanhar e apoiar estudantes ao longo deseus estudos — dentro e além da escola — ou novas formas de

avaliação que medem a aprendizagem enquanto ela está ocorren-do, moldando a experiência de aprendizagem em tempo real”.

Mais recentemente, na última edição do South by Southwest (SXSW)— um dos maiores encontros de inovação e tendências do mundo —,realizado em Austin, nos Estados Unidos, ao se abordar os impactosdas tecnologias nos relacionamentos, além de experiências imersi-

vas, tecnologias de mobilidade e blockchain, a inteligência artifi-cial ganhou grande destaque nas discussões. E ninguém me-

nos que Elon Musk, fundador da Tesla e da Space X,em uma aparição inesperada no evento, cutu-

cou a ferida dos benefícios e riscos da IA. Sópara frisar a importância do assunto.

A

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60 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

TENDÊNCIA

Inteligência Artificial e o futuro da EducaçãoA educação em todo o mundo está

cade vez mais preocupada em nãoapenas preparar jovens para o empre-go, mas também ter certeza de que elessão capazes de pesar argumentos eprovas, sintetizar informações e parti-cipar das suas comunidades. São aschamadas competências socioemoci-onais, também conhecidas como habi-lidades para o século 21. Diretrizes,inclusive, previstas na nossa recémaprovada (e ainda não implementada)Base Nacional Comum Curricular(BNCC) do Ensino Básico.

Algoritmos, IA e sistemas automati-

zados de tomada de decisão perpas-sam, atualmente, por quase todos osaspectos de nossas vidas — desde apli-cações de empréstimos até namoro esentença criminal. As escolas já enfren-tam o dilema de ter que descobrir comoensinar os alunos a pensar criticamen-te sobre o papel que essas tecnologiasdesempenham na sociedade e comousá-las de maneira inteligente e ética.Além disso, esses alunos provavelmen-te terão que desenvolver uma nova ha-bilidade de comunicação: a capacida-de de conversar efetivamente commáquinas inteligentes.

Como a IApode ajudar osprofessores?

DIFERENCIAÇÃOA tecnologia possibilita quealunos e professores se conec-tem aos recursos que preci-sam, exatamente quando pre-cisarem. Com a IA, os alunospodem ter acesso a um tutor,criando experiências de apren-dizado mais autênticas ao em-parelhar os alunos com umespecialista ou um colega vir-tual para aprender.

PERSONALIZAÇÃOA inteligência artificial é ca-paz de analisar respostas dosalunos e, com isso, determi-nar áreas de necessidade einteresse, além de encontrarrecursos ou criar novas per-guntas para ajudá-los a en-tender melhor o conteúdo. Tudomais rápido e com um feed-back autêntico e oportuno.

EXPERIMENTAÇÃOPor meio da IA, recursos pararealidade virtual e aumentadapodem ser encontrados instan-taneamente com base nas res-postas dos alunos. o que não élimitado pelo tempo e local. AIA pode mostrar aos alunos queeles querem explorar, encon-trar maneiras de dar vida aoconteúdo coletivamente, alémda sala de aula, possibilitan-do uma experiência de apren-dizado mais imersiva.

AVALIAÇÃOA IA ajuda os professores a ava-liar os alunos, agilizando o pro-cesso pela coleta de dados maisrápida e uma análise mais com-pleta. O que pode ajudar no de-sempenho dos alunos, garantin-do que cada aluno tenha a opor-tunidade de aprender e crescer,beneficiando das respostas maisrápidas por meio da IA.

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201861 61

TENDÊNCIA

Alguns economistas dizem que essahabilidade pode ser a diferença entreo sucesso e o fracasso no local de tra-balho do futuro. Por enquanto, o papelmais importante das máquinas inteli-gentes no setor educacional é mesmoo de entregar conhecimentos persona-lizados aos estudantes. Dentro ou forade sala de aula. A inteligência artifici-al desempenha esse papel poderosono impulso para fornecer essas instru-ções mais personalizadas para todosos alunos. Nesse processo, transformaa atuação docente.

Isso porque sistemas inteligentes

de tutoria já estão já estão chegandona sala de aula. Novas plataformasde software e tecnologia educacio-nais usam algoritmos para recomen-dar conteúdos e lições para estudan-tes, individualmente. Às vezes, até,dispensando os professores da frenteda sala de aula e do papel de "treina-dor" ou "facilitador". A ponto de al-guns educadores temerem que o cres-cente papel da IA seja uma ameaçaà sua existência.

A cientista social Rose Luckin, daUniversidade de Londres, afirmou quea inteligência artificial tem o potenci-al de revolucionar a educação, masnunca de substituir os professores. Se-gundo a pesquisadora, que falou so-bre o assunto à BBC, a inteligênciaartificial na educação pode fomentaruma colaboração entre os própriosalunos. “Inteligência artificial não éapenas uma nova etapa para a ino-vação do ensino. É muito mais queisso. Essa tecnologia pode identificarestados emocionais dos estudantes,assim como seus estados metacogni-tivos, e assim podemos adaptar oaprendizado de acordo.”

Para Thomas Arnett, pesquisador doInstituto Clayton Christensen, “em vezde ver o progresso tecnológico comouma ameaça, professores e líderes edu-cacionais devem aproveitar as váriasmaneiras pelas quais a tecnologia podemelhorar seu trabalho”. O especialistaelaborou um relatório (Teaching in themachine age), no crepúsculo de 2016,onde já discutia o potencial da inteli-gência artificial para reconhecer e de-senvolver professores de alto gabarito.

“Os pesquisadores podem identi-ficar os professores com chance deatingir alta qualidade no futuro combase nas observações, em respostasa questionários preenchidos por alu-nos e nas notas das provas, mas sãomuito menos bem-sucedidos na iden-tificação das características de pro-fessores eficientes ou na elaboraçãode um caminho claro para prepará-los e desenvolvê-los”, disse, em umtrecho do documento.

Para Arnett, no campo educacional,a automação ajudará a simplificar astarefas básicas de ensino e ajudará oslíderes escolares a lidar com os princi-pais desafios para a instrução de quali-dade — como as diferenças na quali-dade dos professores. “Inovações quetornam commodity algumas habilida-des dos professores também fornecemferramentas para aumentar a eficáciade professores não-especialistas e es-pecialistas para novos patamares e seadaptarem às novas prioridades de umaforça de trabalho e sistema educacio-nal do século 21", escreveu.

E o mais importante, ainda sob aótica de Thomas Arnett, além do do-mínio do conteúdo, com a inteligên-cia artificial os professores serão ca-pazes de ajudar seus alunos a desen-volver as tão necessárias habilidadesnão-cognitivas do século 21, comoconfiança e criatividade.

‘A INTELIGÊNCIAARTIFICIALDESEMPENHAESSE PAPELPODEROSO NOIMPULSO PARAFORNECER ESSASINSTRUÇÕES MAISPERSONALIZADASPARA TODOSOS ALUNOS.NESSE PROCESSO,TRANSFORMAA ATUAÇÃODOCENTE’

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Como preparar aspessoas para a irreversíveltransformação digital?

Estamos diante de um cenário glo-bal caracterizado pela rapidez,diversidade e amplitude em que

as transformações estão ocorrendo, ge-rando impactos na sociedade em seushábitos e comportamentos, na formacomo nos relacionamos e como enxer-gamos o mundo.

A exponenciação desta transforma-ção tem a tecnologia da informação ecomunicação (TIC) como veio indutore condutor, achatando progressivamen-te o que conceituou Thomaz Friedmanem seu livro “O Mundo É Plano: umaBreve História do Século XXI”.

Diante disto, colocam-se muitosdesafios, especialmente quanto à edu-cação e qualificação necessárias paraesta realidade, uma vez que o atualmétodo de ensino tem sua perspectivano “espelho retrovisor”. É essencialbuscar a harmonização do conheci-mento acumulado às demandas de umanova realidade, na qual a única certe-za é a mudança.

O avanço tecnológico tem, siste-maticamente, reconfigurado os siste-mas produtivos, eliminando ocupaçõesque se tornam obsoletas e suscitandodemanda por novas atividades e no-vas relações laborais. Às novas gera-ções seriam ofertadas profissões quesequer existem. Outras profissões se-rão ajustadas para comportar habili-dades e competências compatíveiscom novas tecnologias. Muitos terãoque se requalificar.

Está em debate a Base NacionalComum Curricular (BNCC), que produ-zirá um novo paradigma na forma deensinar às futuras gerações. Temos odever cívico de aprofundarmos os as-pectos atualmente valorizados pelasociedade e pelas empresas como: co-municação, ética, visão crítica, empa-

tia, trabalho em equipe, comprometi-mento e raciocínio logico para a toma-da de decisões, que serão cada vezmais compartilhadas. Essas habilida-des, comumente chamadas de socioe-mocionais, identificadas em uma pes-quisa feita pela Brasscom, em 2017,com empresas de TIC, apontou que asmudanças tecnológicas exigem inteli-gência social e cognitiva, além de cri-atividade e resiliência.

Ao constatar a transversalidade datecnologia da informação e comuni-cação no nosso cotidiano, percebe-mos tratar-se de fator imprescindívelàs atividades as mais variadas, sejamde lazer, trabalho, entretenimento,comunicação, consumo e relaciona-mento social. Descortina-se: a pers-pectiva a do usuário, beneficiário,aderente ao uso e que utiliza a tec-nologia como o meio para realizaçãodas suas atividades; e a oportunida-de de ocupação, emprego e profissão.

A partir destas visões, conclui-seque a educação moderna precisa con-templar três aspectos. O primeiro écultura digital, onde há a busca pelafluência no uso do conhecimento com-putacional para a expressão de solu-ções e manifestações culturais de for-ma contextualizada e crítica. Outroaspecto é o mundo digital, formadopor componentes físicos e virtuais,necessários para codificar a informa-ção e organizá-la para que possa serarmazenada e transmitida de um pon-to a outro. E, por fim, o pensamentocomputacional, que é a capacidade desistematizar, representar, analisar eresolver problemas através da cons-trução de algoritmos. Neste sentido, aBrasscom entende como essencial aoferta de disciplina optativa de progra-mação de computador e algoritmos

Sergio PauloGallindoPresidente-executivo da Brasscom

básicos para possibilitar às alunas ealunos do ensino médio o despertar dointeresse, a consciência da própriaaptidão e o acesso a oportunidades detrabalho qualificado.

Os benefícios desta transformaçãodigital serão imensos e trará econo-mia de tempo, eficiência, rapidez nosprocessos, eliminação de redundân-cias e consequente produtividade,competitividade e bem-estar social.Precisamos nos posicionar na van-guarda da transformação e agirmoscom o objetivo maximizarmos seupotencial na construção de um BrasilDigital e Conectado!

SergioSgobbiDiretor de RelaçõesInstitucionais da Brasscom

ARTIGO

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MULTIPLICADORES

Ferramentas tecnológicas colaborativas ajudam a gerenciar aulas etornam o processo de aprendizado mais produtivo

Gustavo Portella

Colaboraçãoé a palavra de ordem na educação

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64 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

MULTIPLICADORES

As experiências que a tradicional salade aula, com lousa e cadeiras, traz aosalunos são fundamentais para sua for-

mação como cidadãos. É um fato que o estu-dante precisa dessa convivência para gerarpensamento crítico e se desenvolver. Todavia,

a busca pelo aperfeiçoamento do ensino ea capacidade de formar cidadãos mais

completos, com pensamentos críticos,vem gerando a necessidade de novosformatos, que ajudem a melhorar o en-sino. E em tempos de smartphones, ta-blets e tantos dispositivos, não poderiahaver outra ferramenta que não a tec-nologia para ajudar nessa demanda.

No Brasil, o primeiro sinal disso é aBase Nacional Comum Curricular(BNCC) do Ministério da Educação

(MEC), que traz di-retrizes sobre ouso das tecnologi-as como uma dascompetências do

processo de ensino-aprendizagem. Mas

não é apenas do MECque vem a orientação de

usar ferramentas tecnológicasno processo de aprendizagem. Os

próprios professores pensam assim.Recentemente, uma iniciativa do

movimento Todos Pela Educação,em parceria com o Banco Intera-mericano de Desenvolvimento(BID), Instituto Natura, ItaúBBA, Fundação TelefônicaVivo e Samsung, foi saber o quepensam os professores brasilei-ros sobre o uso da tecnologia di-gital em sala de aula. Apesar dasdificuldades com falta de recur-sos e equipamentos, eles foramunânimes em dizer que as tecno-logias contribuem para o proces-so de ensino e aprendizagem.

E é fácil de entender isso. Oacesso à internet é um hábito fre-

quente no país tendo em vista o altonúmero de conexões em casa. De

acordo com levantamento do Centro de

Estudos sobre as Tecnologias da Informação eda Comunicação, em 2014 foram 32,3 milhõesde domicílios com acesso à internet, o equiva-lente a 50% total das residências. Além disso,também segundo o estudo, os estudantes de hojetêm acesso a um número maior de conteúdo doque os alunos de épocas passadas.

As políticas públicas, entretanto, precisamcaminhar de acordo com as demandas da so-ciedade, o que não vem acontecendo. Deacordo com os educadores entrevistados napesquisa do Movimento Todos pela Educação,para avançar o processo de introdução em salade aula é necessário que o Estado priorizepontos como formação do docente, infraestru-tura física e promoções de soluções tecnoló-gicas que deem andamento à rotina escolar eaos desafios do dia a dia.

Deixando as certezas de lado, porém, oquestionamento que permanece entre os mi-lhares de educadores é quais são essas ferra-mentas e como utilizá-las. Entre os recursostecnológicos disponíveis na atualidade, qua-tro destacam-se. São eles: Google for Educa-tion, Plataforma EduTEC-Cieb, Colabore Digi-tal e Portal EDucation InspirED, da Microsoft.

Com tipologias diferentes, os quatro propor-cionam ao professor o acesso a vários recur-sos tecnológicos, tendo a Google for Educati-on um diferencial: oferecer um curso de trei-namento para o uso dessas ferramentas.

Após desvendar as ferramentas, o próximopasso dos educadores deve ser traçar os obje-tivos para que, a partir deles, se escolha omelhor recurso tecnológico a ser implemen-tado. Dessa forma, segundo a designer peda-gógica da TransFor.Me, Betina von Staa, o edu-cador evita o uso incorreto de ferramentas, ouseja, a utilização de um recurso que não traráas consequências esperadas.

"O primeiro passo no uso de ferramentas tec-nológicas é saber qual é o meu propósito. Se omeu objetivo é, por exemplo, passar rápido noEnem, aprender Matemática de forma ágil ouchegar no máximo do talento do aluno, respei-tando as diferenças de aprendizagem, precisodessa clareza. Tendo ela, aí eu formo o profes-sor para isso. Digo para ele que precisa moti-var, engajar e explicar para o aluno o porquêdaquilo ser importante. A partir daí, a tecnolo-gia vai ajudar o estudante a desenvolver o co-nhecimento e o professor vai poder acompa-nhá-lo com gráficos, analisando quem está indobem e quem não, selecionando o aluno queprecisa de mais ajuda. Aí sim, a tecnologia apa-rece como ferramenta de ajuda", avaliou.

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Ferramenta desenvolvida para fa-cilitar professores e alunos dentro efora das salas de aula. A qualquerhora e a partir de qualquer dispositivomóvel conectado à internet, é possí-vel ter acesso a várias ferramentaseducacionais gratuitas. Elas servempara escolas e universidades. Entreas ferramentas oferecidas há o Goo-gle Sala de Aula, que cria tarefas di-gitalmente; o G Suite for Education,com um pacote de ferramentas de pro-dutividade gratuitas; e o Google Ex-peditions, que possibilita os profes-sores a utilizar imagens virtuais eimersivas.

Google for Education

A EduTEC-Cieb é uma ferramen-ta de busca de tecnologias educacio-nais. Seu objetivo é alcançar gesto-res educacionais à procura dessasferramentas.

Plataforma EduTEC-Cieb

Plataforma com o objetivo deconectar profissionais interessadosem melhorar a educação por meio deinovações em produtos, serviços, tec-nologias e abordagens metodológicas.Nela você pode criar ou participar deum projeto de inovação existente seconectando com pessoas ou empre-sas de todo o mundo.

Colabore

Plataforma da Microsoft que re-úne ferramentas e soluções para ofe-recer uma experiência mais dinâmi-ca, atual e inclusiva, incrementandoo ensino e habilitando os alunos parafazer cada vez mais. Entre as ferra-mentas estão Office Mix, Sway,OneNote,Skype, Minecraft e Micro-soft Classroom.

Portal EDucation InspirED

MULTIPLICADORES

Conheça algumas das ferramentas tecnológicas de ensino mais populares

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Âncora na nave:a aprendizagem começacom um movimento interno

Todos sabemos, como está não dá.No velho mundo da descrençapolítica, da ausência de valores,

da intolerância bruta, da mercantiliza-ção do invendável, da insustentabilida-de dos recursos naturais, do mar de de-sigualdades e o do desrespeito ao pró-ximo em todos os cantos do planeta.Sim. Não está fácil.

Somos educadorxs, todos somos, ainternet o é. Como educadorxs é im-possível acreditar que não é possível.Para chegar lá é preciso ousadia e ne-cessária coragem para desbravar uni-versos. Experimentar, errar e acertar,evoluir e se lançar na confiança domundo novo, ousando por terras nun-ca antes visitadas e mediando a apren-dizagem dxs jovens e crianças que te-mos a oportunidade de fortalecer vín-culos na aprendizagem mútua.

A nave circo transporta uma Ânco-ra, a velocidade é cuidadosa, as assem-bleias são soberanas e a força do gru-po e do consenso é construída no dia adia. De 2014 a 2017, reduzimos 80%do açúcar usado em nossa alimenta-ção, 10% das hortaliças que consumi-mos é plantada por nós, fomos visita-dos por cerca 11 mil educadores nosprogramas de Transformação Vivenci-al, fomos o episódio de estreia da sériedo canal Futura que mapeou 12 esco-

las inovadoras do mundo e entreas 178 Inovadoras e Criativasmapeadas pelo MEC.Nossxs crianças e jo-vens deram mais de 20palestras em instituiçõesno Brasil e em Portugal,e o curso online “Fazera Ponte no Brasil” teve2 mil inscrições.

Voamos profundo;convidamos todos a vi-rem conosco promover mu-danças estruturais neste mundoem transição.

Na nossa verdade a melhor ferra-menta para o desenvolvimento sociale humano é a educação para o futuro.Por meio dela (trans) formamos seres hu-manos para mergulharem dentro deles,olhando ao outro, visando o coletivo eatentos a tudo que faça refletir com saú-de, resiliência, tecnologia, arte, pesqui-sa e atualidade. Nosso rumo é uma Ma-triz de valores guiada pela Responsa-bilidade, Solidariedade, Respeito, Afe-tividade e Honestidade!

Nossa nave é uma comunidade deaprendizagem sem fronteiras e emconstante mutação.

Resgate-se e lembre-se que paratransformar a educação é preciso trans-formar-se a si mesmo.

‘VOAMOS

PROFUNDO;

CONVIDAMOS

TODOS A VIREM

CONOSCO

PROMOVER

MUDANÇAS

ESTRUTURAIS

NESTE MUNDO

EM TRANSIÇÃO’

ARTIGO

TTTTTexto:exto:exto:exto:exto: Coletivo Projeto ÂncoraIlustração: Ilustração: Ilustração: Ilustração: Ilustração: Malusco

Você observará que optamos por uti-lizar uma escrita que substitui as letrasque caracterizam gênero por X. Sabe-mos que a língua reflete o machismoem nossa sociedade e, mesmo saben-do que pode tornar a leitura um poucomais difícil, nos colocamos diante des-se desafio, pois ele condiz com os nos-

Aviso axs leitorxs!Aviso axs leitorxs!Aviso axs leitorxs!Aviso axs leitorxs!Aviso axs leitorxs!sos valores.

Sabemos que essa forma de escritanão é uma unanimidade entre linguis-tas e existem até propostas possivel-mente mais apropriadas de gênero neu-tro, mas é essa que damos conta comoequipe nesse momento e seguimosaprendendo.

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COBERTURAS

A11ª edição da Campus Party Bra-sil, realizada no fim de janeirono Parque de Exposições do

Anhembi, em São Paulo, abriu as por-tas para discutir os caminhos da edu-cação. Pela primeira vez na história, oevento contou com uma área exclusi-va para o setor, denominada “Educa-ção do Futuro”, localizada no opencampus, parte gratuita. O espaço foiidealizado por meio de parcerias como MIT Media Lab, Centro Paula Souza,Fazedores, Tron Robótica Educacional,Rede Brasileira de Aprendizagem Cri-ativa e Mundo Maker.

“A ideia foi trazer algo lúdico paraalunos de 2 a 16 anos, por meio de par-cerias com grandes nomes da educa-ção como a Fundação Lemann e o MIT.Não só para as crianças, mas para tra-zer conteúdos também aos educado-res”, destacou Tonico Novaes, diretorda Campus Party BR.

A área contou com workshops, ofi-cinas e palestras relacionadas, que

trouxeram modelos de inovação den-tro do ambiente escolar. “A aprendiza-gem criativa humaniza a tecnologia pormeio da educação. A partir de projetossignificativos para o aluno, é possívelimpulsionar a construção do conheci-mento dele. A Campus Party trouxe esseconceito para uma área centrada emalunos, educadores e pais”, disse Feli-pe Gonzalez, coordenador da “Educa-ção do Futuro” na Campus Party.

Gonzalez salientou que a constru-ção foi planejada para que os espaçospudessem interagir e chamar o cam-puseiro e o visitante a participar. “O es-paço foi montado sob a perspectiva deinteração entre uma área e outra. Tan-to a parte de robótica quanto a deaprendizagem mão na massa chamamà interação, trazendo um significadopara o aluno”, ressaltou.

Mais do que contar com a presençade alunos, o espaço se destacou pelapresença de pais e professores. “O feed-back é bem positivo. Os pais consegui-

ram visualizar a importância da tecno-logia na educação. Mostrar um contex-to educacional para o pai favorece acompreensão sobre o desejo de carrei-ra do filho. Quanto aos professores, ofeedback é relacionado à surpresa queeles têm das diversas formas de revo-lucionar uma aula, de maneira fácil ebarata. Isso abre um novo olhar parauma curva de aprendizagem criativa”,explicou o coordenador.

O espaço reuniu modelos que podemser exportados para os ensinos infantil,fundamental e médio, divididos em qua-tro áreas: Campus Kids (espaço de cria-ção e interação de soluções de para oensino com tecnologia Centro Paula Sou-za), oficinas de robótica e programaçãofazedores (espaço maker com a idéia deensino mão na massa), Rede de Aprendi-zagem Criativa (espaço com o apoio doMIT Media Lab, que promove o ecossis-tema composto por alunos, professores epesquisadores interessados na criação deambientes educacionais criativos.

‘Educação do Futuro’ganha destaque na Campus Party Brasil

IGOR

REG

IS

Igor Regis

O espaço será levado para algumas das próximas edições do evento

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68 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

COBERTURAS

De acordo com a organização, aCampus Party BR recebeu mais de 120mil pessoas durante os quatro dias deevento, sendo 100 mil somente noOpen Campus, área gratuita, além deoito mil campuseiros acampados e ou-tros 12 mil na Arena Campus, áreapaga. Foram seis dias de evento commais de 750 horas de conteúdo.

Além do espaço exclusivo, a discus-são sobre educação do futuro estevepresente em um painel, que reuniu Ro-gério Boros, gerente de Novos Negó-cios da Microsoft na América Latina,Leo Burd, pesquisador do MIT e ideali-zador da Rede Brasileira de Aprendi-zagem Criativa, e Regina Gavassa,

Como foi o eventocoordenadora do Núcleo de Tecnolo-gia para Aprendizagem da SecretariaMunicipal de Educação de São Paulo.O debate reforçou a necessidade decriar modelos educacionais mais cria-tivos para formar alunos não só paraviver o futuro, mas para construí-lo.

No encontro, realizado no palcoprincipal da Campus Party BR, foramapresentados os conceitos da ONGRede Brasileira de Aprendizagem Cri-ativa, o caminho seguido pela Micro-soft — no sentido de apostar na nu-vem e em inteligência artificial comomeio de empoderar os alunos —, eas práticas já desenvolvidas pelo se-tor público.

Roberto Paes, do Grupo Estácio,destacou a importância de um bomgerenciamento os cursos de EAD.Segunda parte do fórum debateu ainclusão de inteligência artifical noensino

Educação também foitema de debate nopalco principal da 11ªCampus Party Brasil

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201869 69

Igor Regis

Gestão, tecnologia e inovação na mira do Congresso

COBERTURAS

GEduc 2018

Gestão escolar, tecnologia educacional e ino-vação acadêmica ganharam. Esses foramos alvos do GEduc 2018, congresso organi-

zado pela Humus e destinado à alta gestão das insti-tuições de ensino particulares do Brasil. O even-to, realizado no fim de março no Maksoud PlazaHotel, em São Paulo, contou com mais de 600congressistas.

Este ano, o evento realizou atividades já tradi-cionais, como o Fórum de Líderes Educacionais,Fórum de Inovação Acadêmica, Fórum de Gover-nança Corporativa em Educação, Fórum de Ges-tão de Pessoas e a Jornada de Marketing. Alémdisso, foram inaugurados três encontros em 2018:o I Fórum de Gestão do Ensino a Distância, o IFórum de Tecnologia Educacional e o Workshop“A aplicabilidade da Portaria Normativa Nº 15 doMEC para instituições portadoras do CEBAS”.

Os convidados também tiveram a oportunida-de de contemplar a área de exposição, compos-ta por 43 empresas da área educacional, tecno-lógica e financeira.

Educação a DistânciaO 1º Fórum de Gestão no Ensino a Distância

debateu a eficácia da modalidade. O encontro foipresidido por Luciano Satheler, reitor do CentroUniversitário Metodista Izabela Hendrix e diretorde ética e qualidade da Associação Brasileira deEducação a Distância (Abed). O destaque foi opainel “Quais são as evidências que caracterizama efetividade do EAD e o sucesso dos alunos?”,que contou com a participação de Josiane Tone-llotto, reitora de EAD da Laureate Brasil.

A educadora trouxe dados para mostrar a evo-lução da modalidade e avanço de seus resulta-dos nas avaliações de desempenho no Brasil. Aespecialista ressaltou a falta de agilidade na re-gulamentação da modalidade, que só aconteceuem 2005, nove anos após a sua aprovação peloMinistério da Educação (MEC). Josiane tambémapresentou a classificação da EAD, destacandocomo um modelo aderido na maioria por mulhe-res e pessoas acima dos 30 anos.

Já o diretor de Tecnologias Educacionais doGrupo Estácio, Roberto Paes, que também parti-cipou do painel do GEduc 2018, falou sobre aimportância de adotar um modelo em que o alu-

no do presencial e do EAD tenham uma forma-ção semelhante, com o mesmo nível de conhe-cimento. Paes destacou que essa linha de pensa-mento foi o que garantiu à Estácio um modelo deEAD bem sucedido.

“Criou-se um modelo de gestão no qual a transi-ção entre o presencial e o EAD era possível, por setratar de cursos exatamente iguais. É necessárioentender que o projeto pedagógico é igual, o quemuda é formato de transmissão”, conta Paes. O di-retor também atentou para a importância de criartecnologias e ferramentas para ajudar no gerencia-mento dos modelos educacionais. “No nosso pro-jeto pedagógico existe uma convergência de mei-os. Se quisermos trazer uma nova tecnologia parase integrar a esse sistema, é possível”, ressaltou.

Inovação acadêmicaO 7º Forúm de Inovação Acadêmica foi outro

destaque no GEduc 2018, que mostrou a impor-tância do ”fazer” dentro do processo de aprendi-zagem, e também o uso de inteligência artificialno ensino. “Na hora em que você se vê frente àprática, às vezes não sabe como lidar, mesmoque tenha sido submetido a uma boa teoria”, des-tacou Fabio Zsigmond, cofundador do MundoMaker, um dos palestrantes do encontro.

Zsigmond destacou a importância do aprendi-zado mão na massa como forma de engajar osalunos e também de melhorar a qualidade do en-sino, destacando o conceito de ‘construcionismo’que defende o contato com a prática como for-ma de potencializar o ensino.

No segundo painel do fórum na GEduc 2018,especialistas debateram modelos de inteligênciaartificial como forma de organizar dados. O debatecontou com a presença de Augusto Portugal, dire-tor da edtech ForEducation, Emerson Bento, diretorde inovação do Colégio Bandeirantes, e AdrianoMussa, reitor da Saint Paul, escola de negócios.

Mussa reforçou a necessidade de que os edu-cadores passem a ver esse tipo de tecnologiacomo aliada, para transformar a profissão e a es-cola. “Pensar que se eu ensinar um robozinho vaifazer com que não seja mais necessário dar aulaé o mesmo que pensar que se escrever um livronão vou precisar mais ensinar aquilo que escre-vi”, exemplificou.

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70 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

AGENDA

O palco das tendências da Educação

Maior evento de inovação e tec-nologia em educação da Amé-rica Latina, a Bett Educar 2018

acontece entre os dias 8 e 11 de maio,no São Paulo Expo Exhibition & Conven-tion Center. Além das 190 palestras pre-vistas, distribuídas pelos quatro dias, aBett Educar traz algumas novidades.Pela primeira vez, o Congresso Bett Edu-car contará, formalmente, com um Con-selho Consultivo para tornar seus con-teúdos ainda mais relevantes.

O staff é formado por importantes re-presentantes do segmento educacional bra-sileiro, atuante nos mais diversos segmen-tos da rede pública, privada e terceiro se-tor. Além disso, levada pelo InovEduc —com o qual mantém parceria em um hubde inovação e tecnologia no Rio de Janei-ro —, a Sling Capital, aceleradora de star-

tups, proporcionou um upgrade no espaçoBett Startups, da qual é a curadora.

Nesta edição, além dos estandes, asedtechs terão uma programação de pa-lestras no estilo TED, com desenvolve-dores e investidores do setor trocandoexperiências, falando sobre tendênciasdo mercado, contando seus cases desucesso e, claro, fechando negócios.

O tema central a implementação deduas importantes politicas educacionais:a Base Nacional Curricular Comum e aReforma do Ensino Médio. Todo o con-teúdo foi elaborado em cima de quatroeixos: a Base Nacional Comum Curri-cular (BNCC), Gestão, Ensino Médio eFormação de Professores, além de 24macrotemas. O evento contará com es-pecialistas renomados que discutirão osprincipais temas do setor educacional,

todos os dias, em seis auditórios.“A Bett Educar sempre esteve atenta

e aberta a todos que têm papel centralna transformação da educação brasilei-ra. Somos apaixonados por descobrir,destacar e fortalecer todos estes transfor-madores. Nos colocamos na posição de‘catalizadores’ desse processo em bus-ca de acelerar as oportunidades”, disseVera Cabral, curadora da Bett Educar.

Realizado pela primeira vez no anopassado, o Fórum de Gestores Bett Edu-car também estará de volta. Com umaprogramação específica, o auditório reu-nirá líderes da educação para uma re-flexão sobre suas práticas. Mantenedo-res, reitores, diretores e gestores de re-des de escolas e faculdades poderãoaprender mais a respeito de tendênciasde mercado e se preparar para o futuro.

Evento proporciona quatro dias de imersão em discussões e inovações tecnológicas

DATAS DE EVENTOS

Bett Educar 2018Data:Data:Data:Data:Data: 8 a 11 de maioLocal:Local:Local:Local:Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Cen-ter - Rodovia dos Inigrantes, km 1,5 - São Paulo-SPHorário:Horário:Horário:Horário:Horário: 9 às 18hSite: Site: Site: Site: Site: www.bettbrasileducar.com.br

NewSchools SummitData: Data: Data: Data: Data: 8 e 9 de maioLocal: Local: Local: Local: Local: Burlingame, CA (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: www.newschools.org/about-us/summit/summit-2018/O evento acontece anualmente para reunir líderes edu-

cacionais em torno de discussões de perspectivasimportantes e diversificadas sobre a inovação educa-cional do PreK-12. Mais de mil educadores, líderesempresariais, líderes comunitários, financiadores eformuladores de políticas são esperados para a cú-pula de 2018.

ERIC

RIB

EIRO

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 201871 71

AGENDA

VIII Jornada Educação a DistânciaData:Data:Data:Data:Data: 12 de maioLocal: Local: Local: Local: Local: Universidade Santo AmaroSite: Site: Site: Site: Site: onlineduca.com/products/viii-jornada-educao-a-distncia.htmlRealizado anualmente, o evento traz à tona discussõessobre os rumos da tecnologia educacional e a educa-ção a distância no país. Além de palestras, debates,apresentações, demonstrações, workshops e uma fei-ra de livros de EAD, tecnologia e educação e sessõesde autógrafos com autores.

CPBahiaData:Data:Data:Data:Data: 16 a 20 de maioLocal:Local:Local:Local:Local: Arena Fonte NovaSite: Site: Site: Site: Site: brasil.campus-party.org/cpbahia/A Campus Party vai com tudo para a Bahia. O eventoterá duração de 300 horas de conteúdo, e contará como acampamento para campuseiros e suas três áreas deatividades. Também será realizado o tradicional BigHackaton e a grande novidade das edições deste ano, oEducação do Futuro.

CPBSBData: Data: Data: Data: Data: 30 de maio a 3 de junhoLocal:Local:Local:Local:Local: Estádio Mané GarrinchaSite: Site: Site: Site: Site: brasil.campus-party.org/cpbrasilia/Pelo segundo ano consecutivo, a capital federal rece-berá uma edição completa da Campus Party: 300 ho-ras de conteúdo, acampamento para campuseiros etrês áreas de atividades, além da Big Hackaton e umanovidade: o Campus Executive.

Encontro Virtual EducaData: Data: Data: Data: Data: 4 e 8 de junhoLocal: Local: Local: Local: Local: BahiaSite: Site: Site: Site: Site: virtualeduca.org/encuentros/bahia2018A 19ª edição do evento terá como tema “A educaçãopara transformar a sociedade em um espaço únicomulticultural”. O encontro é promovido pela Organi-zação dos Estados Americanos (OEA), e objetiva ino-var a educação para favorecer a transformação e odesenvolvimento social, especialmente na Améri-ca Latina e no Caribe.

III Congresso SobreTecnologias na Educação(CTRL+E 2018)Data: Data: Data: Data: Data: 5 a 8 de junhoLocal: Local: Local: Local: Local: FortalezaSite:Site:Site:Site:Site: www.ctrle2018.virtual.ufc.brO tema do evento deste ano será"Cultura Maker na Escola: fazendo umanova educação com tecnologias digitais".O objetivo é reunir professores, estudantes, pes-quisadores e demais profissionais da Educação

interessados na Informática como apoio ao ensino e àaprendizagem nas diversas áreas do conhecimento.

National Charter Schools ConferenceData: Data: Data: Data: Data: 17 a 20 de junhoLocal: Local: Local: Local: Local: Austin, TX (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: ncsc.publiccharters.orgA National Charter Schools Conference é o maior eventode aprendizado e networking para educadores, líderese defensores de escolas da região. Nesta edição, osparticipantes terão acesso a mais de 100 palestras eexposições.

PBL World 2018Data:Data:Data:Data:Data: 19 a 21 de junhoLocal: Local: Local: Local: Local: Napa Valley, CA (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: www.pblworld.org/events/pbl-world-2018/event-summary-de6b1584040f4956a4bb587a2900a89e.aspxCom uma pré-conferência no dia 18, o evento reúneworkshops, palestras e oportunidades de contato coma comunidade que está transformando os processosde aprendizagem com o chamado Project Based Lear-ning (PBL).

ISTE 2018Data:Data:Data:Data:Data: 24 a 27 de junhoLocal:Local:Local:Local:Local: Chicago (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: conference.iste.org/2018/Com o lema "Aprendizagem inspirada começa aqui",a edição 2018 do eventoprevê uma verdadeiraimersão em ideias po-derosas e inspirado-ras distribuídas por1.200 atividades esessões de palestrasconectando educado-res inovadores de todoo mundo.

Ciet EnPEDData: Data: Data: Data: Data: 26 de junho a 13 de julhoLocal: Local: Local: Local: Local: UfscarSite:Site:Site:Site:Site: cietenped.ufscar.br/O Congresso Internacional de Educação e Tecnologi-as/Encontro de Pesquisadores em Educação a Distân-cia terá como tema principal “Educação e tecnologias:inovação em cenários em transição”. A etapa presenci-al acontecerá na cidade de São Carlos (SP), e o eventovirtual será realizado entre os dias 11 e 13 de julho.

Serious Play Conference 2018Data:Data:Data:Data:Data: 10 a 12 de julhoLocal: Local: Local: Local: Local: Manassas, VA (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: seriousplayconf.com/O encontro possibilita que criadores e profissionaisde aprendizagem tenham conversas importantes so-bre os requisitos de design de jogos e compartilhemseus conhecimentos. O objetivo da conferência é ex-plorar oportunidades, desafios e o potencial da apren-dizagem baseada em jogos.

New Tech Annual ConferenceData:Data:Data:Data:Data: 12 a 16 de julhoLocal: Local: Local: Local: Local: St. Louis, MO (EUA)Site: newtechnetwork.org/resources/new-tech-annual-conference/A tradicional conferência reúne experts em personali-zação do ensino. O objetivo é promover discussõesem torno da metodologia, trocar experiências e pro-mover networking entre os especalistas da área.

Microsoft Inspire 2018Data: Data: Data: Data: Data: 15 a 19 de julhoLocal:Local:Local:Local:Local: Las Vegas (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: partner.microsoft.com/en-in/inspireO grande meeting entre parceiros e funcioná-rios da Microsoft oferece uma semana inteira de

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72 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2018

AGENDA

networking, aprendizado e colaboração. E, claro, no-vidades são lançadas em vários setores de atuação damultinacional, incluindo a educação.

BbWorld 2018Data: Data: Data: Data: Data: 16 a 19 de julhoLocal:Local:Local:Local:Local: Orlando (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: bbworld.com/Mais direcionado aos profissionais de educação, oevento da Blackboard reúne discussões de liderançaponderada, treinamento prático, práticas recomenda-das compartilhadas e oportunidades de networkinggarantem que você tenha as ferramentas necessáriaspara navegar pelos desafios mais difíceis do setor.

Serious Game Conference 2018Data: Data: Data: Data: Data: 10 a 12 de julhoLocal:Local:Local:Local:Local: Buffalo, NY (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: seriousplayconf.com/Com o objetivo de fornecer um fórum para educado-res visionários, diretores de aprendizado e chefes deprogramas de treinamento em saúde, governo/forçasarmadas ou outras áreas, o evento é direcionado aquem deseja aprender a melhorar a eficácia de pro-gramas e a usar os dados coletados para aprimorar osetor, inclusive na gamificação.

CPROData: Data: Data: Data: Data: 1º a 5 de agostoLocal: Local: Local: Local: Local: Sesi Porto Velho - ROSite: Site: Site: Site: Site: brasil.campus-party.org/rondonia/Pelo primeira vez na história, a Região Norte sediaráuma Campus Party. A estreia terá 250 horas de conteú-do, acampamento para campuseiros e três áreas de ati-vidades, além da Big Hackaton e o Educação do Futuro.

DT&L Conference 2018Data:Data:Data:Data:Data: 7 a 9 de agostoLocal: Local: Local: Local: Local: Madison (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: dtlconference.wisc.edu/Em sua 34ª edição, a Distance Teaching & LearningConference pretende proporcionar uma experiência de

desenvolvimento profissional transformadora aos par-ticipantes. A conferência enfatiza a prática baseada emevidências, inovação educacional e aplicações práti-cas de teorias e resultados de pesquisas no campo daeducação à distância e da aprendizagem online.

V Congresso Internacional TIC e EducaçãoData:Data:Data:Data:Data: 6 a 8 de setembroLocal: Local: Local: Local: Local: Lisboa (PT)Site:Site:Site:Site:Site: ticeduca2018.ie.ulisboa.pt/O evento é organizado pelo Instituto de Educação daUniversidade de Lisboa e tem como tema geral "Tech-nology Enhanced Learning". Um dos objetivos é di-vulgar as práticas de inovação educativa onde as tec-nologias e os ambientes online assumem um papelrelevante. Os interessados poderão participar tantopresencialmente quanto virtualmente.

24º CIAED da AbedData:Data:Data:Data:Data: 3 a 7 de outubroLocal: Local: Local: Local: Local: FlorianópolisSite: Site: Site: Site: Site: www.abed.org.br/hotsite/24-ciaed/pt/apresentacao/As instituições que atuam no setor de EAD no país têmencontro marcado, anualmente, no evento, que reúnediversos especialistas da área, filiados ou não à Abed,para discussões, minicursos e até avaliação de traba-lhos, com prêmios.

Bett Latin AmericaData: Data: Data: Data: Data: 11 e 12 de outubroLocal: Local: Local: Local: Local: Cidade do MéxicoSite:Site:Site:Site:Site: latam.bettshow.com/Líderes e educadores de mais de 30 países se reúnemem torno do evento que oferece participação em dis-cussões sobre tecnologias em educação em toda aregião, além de uma Expo que apresenta as maioresnovidades do setor.

Simpósio iNACOLData:Data:Data:Data:Data: 21 a 24 de outubroLocal: Local: Local: Local: Local: Nashville (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: www.inacol.org/event/inacol-symposium-2018-2/

O evento é líder no setor de aprendizagem baseadanas competências K-12, combinada e online. O sim-pósio contará com mais de 200 sessões, sendo cadauma com uma trilha específica para orientar os par-ticipantes para que atendam às suas necessidades deaprendizagem.

Bett AsiaData: Data: Data: Data: Data: 15 e 16 de novembroLocal:Local:Local:Local:Local: Kuala LumpurSite: Site: Site: Site: Site: asia.bettshow.com/Mais uma vez, a comunidade educacional da região,composta por mais de 2 mil formuladores de políti-cas, líderes de instituições, educadores e inovadoresde mais de 40 países para celebrar o futuro da educa-ção. A conferência de ponta discutirá a transformaçãoda educação e descobrirá a inovação que inspirará amudança. Em dois dias, o Leadership Summit andExpo se concentrará nas últimas tendências, desafiose avanços em educação e tecnologia, com concentra-ção na região Ásia-Pacífico, que vem despontando nacriação de edtechs e no desenvolvimento de tecnolo-gias para o setor.

ExcelinEd National SummitData:Data:Data:Data:Data: 5 a 7 de dezembroLocal: Local: Local: Local: Local: Washington, DC (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: www.excelined.org/national-summit/Realizado desde 2010, o encontro nacional de refor-muladores da educação reúne educadores, políticoslocais e líderes educacionais em torno das discussõesde tendências da inovação em educação para transfor-mar o país.

Bett LondonData:Data:Data:Data:Data: 23 a 26 de janeiro de 2019Local:Local:Local:Local:Local: Excel LondonSite:Site:Site:Site:Site:www.bettshow.com/Com o objetivo de criar um futuro melhor transformandoa educação, a Bett London reúne pessoas, ideias, práticase tecnologias para que professores, gestores alunos epais possam atingir todo seu potencial como cidadãos.

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NOTAS

■■■■■ ELIAS, O ROBÔ-PROFESSOR,JÁ DÁ AULAS NA FINLÂNDIA

Uma paciência infinita para repetir ensinamentos.Com apenas cerca de 30 centímetros de altura, essa é a principal caracterís-

tica do novo professor de uma escola em Tempere, no sul da Finlândia.Elias é um dos quatro robôs empregados num programa piloto no país. É um robô

humanoide NAO, da japonesa Softbank, modificado com software desenvolvido pelaUtelias — empresa finlandesa especializada em programas educativos para robôs

sociais. Elias ensina idiomas numa escola primária e é um sucesso entre os alunos.Além do Elias, a escola faz testes com três OVObots, pequenas máquinas de

cerca de 25 centímetros de altura, que lembram corujas. Elas ensinam Matemática.Os OVObots são emprestados pela firma finlandesa AI Robots, e ficarão

na escola por um ano. Já o Elias foi adquirido pela instituição.Os robôs são equipados com um software que permite compreender perguntas e

encorajar o aprendizado. O projeto-piloto pretende avaliar se as máquinas podemmelhorar a qualidade do ensino. O que não significa substituir os

professores, mas ser tornarem parceiros em sala de aula.

■■■■■ GO POLLOCK EM PORTUGUÊS

A Go Pollock, ferramenta que complementa o ensino em sala de aula com feedback imediato sobre onível de compreensão de estudantes,já está disponível na versão em Português. O objetivo é proporcionarmaior colaboração, engajamento e flexibilidade ao aprendizafo.

O professor acessa a plataforma na web para criar perguntas interessantes relacionadas com a liçãoem sala de aula e fornece um código aos alunos para que eles possam respondê-las em seu própriodispositivo. As respostas são enviadas ao professor em tempo real, e oferece informações sobre o nívelde entendimento dos alunos.

A startup Pollock Technologies Inc., fundada em 2016 em Santa Monica, na Califórnia, está continuamente embusca de professores para lhes dar feedback e testar novos recursos. A empresa desenvolve softwares de educação

digital com a visão de trazer harmonia entre o educador e o aluno em um ambiente de aprendizagem complexo.

Go Pollock: Go Pollock: Go Pollock: Go Pollock: Go Pollock: www.gopollock.com/pt/

■■■■■ ESCOLAPORTUGUESAMOSTRA A SALADE AULA DO FUTURO

A portuguesa escolaglo-bal@®, uma MicrosoftShowcase School desde 2015,apresentou seu caso de sucessono painel "Solutions Showcase",durante a Bett London 2018.

A insinstituição tambémlevou para o evento o projetoTeK.escolaglobal, desenvolvi-do em parceria com aMicrosoft e a ACER.

Em junho de 2017,inaugurou o CollaborativeInnovation Lab (CoIL), uma salade aula do futuro inspirada nomodelo da European Schoolnet,da União Europeia. O objetivo épotenciar o desenvolvimento daschamadas “soft skills” — ascompetências do século 21.

■■■■■ Aqui no Brasil, a Escola emMovimento, startup mineira do segmento detecnologia educacional, recebeu, em fevereiro,um investimento de R$2 milhões de um fundode venture capital gerido pela Cedro Capital —gestora de fundos e recursos.

Sem perder tempo, adquiriu a Pertoo, logo emmarço. Com isso, passou a integrar em sua base maisde 20 mil alunos e 42 mil pais e responsáveis. A aqui-sição permitirá, também, implementar melhorias emsua plataforma e trazer novas soluções para o produ-to, alavancando o negócio.

Com a movimentação, a empresa chega a mais500 escolas no Brasil e no exterior, ampliando suabase para mais de 300 mil alunos. A empresa al-meja atingir 500 mil alunos até o início de 2019.

A startup surgiu em 2013 com o desenvolvimentode soluções para comunicação entre alunos, pais e cola-boradores de escolas do ensino infantil, fundamen-tal, médio e superior. A solução da empresasubstitui a antiga agenda escolar, transforman-do-a em uma ferramenta versátil de comuni-cação através de smartphones e/ou web.

www.escolaemmovimento.com.br

O OVObotincentiva oaprendizado deMatemática

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■■■■■ Uma edtech norueguesa recebeu, no iníciodo ano, um investimento de US$ 17 milhões —com o valuation de US$ 100 milhões — em umaporte liderado pela Datum Invest AS, Northzone,Creandum, Microsoft Ventures e por Eilert Hanoa,chairman da empresa e antigo CEO.

A edtech fundada em 2013 tem como missão tor-nar o aprendizado uma experiência divertida. A startupde educação Kahoot! desenvolveu uma plataforma dejogos online que permite aos usuários — estudantes,escolas e até empresas – criarem seus próprios jogos.

E justamente por ser uma plataforma aberta epermitir que as pessoas criem os próprios jogos, aKahoot! já conta com mais de 50 milhões de jogosem sua biblioteca e 70 milhões de usuários mensais,de mais de 200 países.

O total já arrecadado pela empresa é de US$43milhões. O investimento será usado para ace-lerar o desenvolvimento da plataformada e serviços comerciais da startup.

kahoot.it

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