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A Responsabilidade Social como estratégia de Comunicação Organizacional: uma análise da empresa arrozeira Camil Alimentos SA Orientanda: Adriana dos Santos Pires Orientadora: Profª.Draª. Marcela Guimarães e Silva

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A Responsabilidade Social como estratégia de Comunicação Organizacional: uma análise da empresa arrozeira Camil

Alimentos SA

Orientanda: Adriana dos Santos Pires Orientadora: Profª.Draª. Marcela Guimarães e Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

Adriana dos Santos Pires

A Responsabilidade Social como estratégia de Comunicação Organizacional: uma análise da empresa arrozeira Camil Alimentos SA

São Borja/RS 2015

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ADRIANA DOS SANTOS PIRES

A Responsabilidade Social como estratégia de Comunicação Organizacional: uma análise da empresa arrozeira Camil Alimentos SA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Públicas, Ênfase em Produção Cultural, da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Relações Públicas. Orientadora:Profª.Draª.Marcela Guimarães e Silva

São Borja/RS

2015

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a minha família, pai e mãe obrigada por

tudo pela dedicação, carinho e amor em todos esses anos e principalmente por

nunca terem me deixado desistir nos momentos mais difíceis, dedico este

trabalho à vocês. Tio Jairo e tia Mariza, agradeço por tudo, todo o apoio e

preocupação que sempre tiveram comigo, vocês sempre foram mais que

padrinhos são meus pais de coração. Daniele, Simone e Jaciéle minhas irmãs,

minhas parceiras, sempre estão por perto me dando apoio, ou simplesmente

falando uma palavra amiga, amo vocês.

Meus amigos de longa data Liziane, Priscila, Bruna, Ruani, agradeço

pela amizade de tantos anos, como é bom tê-los em minha vida e poder dividir

esse momento com vocês.

Aos amigos que construí ao longo desses quatro anos Kairo, Lorraine,

Ivana, Marcelli, Bruna Karina, Antonio Weber, Rodrigo, Iana, Carolina, Victor

Theodoro, simplesmente agradeço a parceria e companheirismo nesses quatro

anos de faculdade, com toda a certeza vocês fizeram a diferença. Não posso

deixar de citar a famosa republica Duplex, tantas coisas se passaram por lá,

momentos maravilhosos dividimos, amizades e parcerias foram construídas,

um período muito importante que sempre levarei em minhas lembranças.

A você Marcela minha professora, orientadora e amiga, te agradeço por

todos os ensinamentos, orientações, e principalmente por todos os conselhos

que sempre me ajudaram bastante, você sempre foi uma grande amiga acima

de tudo. O que aprendi sobre a profissão de Relações Públicas e a profissional

que serei devo e agradeço à você, pois és uma excelente professora e uma

profissional inigualável. Como digo tive honra em trabalhar contigo em todos

esses quatro anos de faculdade, à você o meu muito obrigada!

Aos meus professores, que foram fundamentais nesses quatro anos de

graduação, dando uma atenção em especial ao Tiago Martins, Joel Guindani e

Fabio Corniani, agradeço pelos ensinamentos, conselhos, confiança e amizade

que adquirimos nesses anos juntos, vocês fizeram a diferença.

E aqueles que direta ou indiretamente contribuíram com a minha

formação, o meu muito obrigada!

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RESUMO

A responsabilidade social é um assunto que vem sendo discutido cada

vez mais entre a sociedade, mas principalmente nas organizações, ela sendo

socialmente responsável, preocupada com os seus funcionários e comunidade

na qual está inserida é sempre bem vista, ou seja, possuí uma imagem

positiva. As discussões sobre os projetos e ações de responsabilidade social

não são recentes na região da Fronteira oeste do Estado do RS, só que muitos

giram em torno do social, econômico, ecológico, ambiental e do marketing

social, tendo-se poucas discussões na perspectiva da comunicação. Frente a

esta realidade esse projeto de pesquisa tem como objetivo compreender como

a responsabilidade social é empregada na comunicação organizacional da

empresa arrozeira Camil Alimentos SA, localizada no município de Itaqui/ RS,

quais os veículos de comunicação que utiliza para informar os seus públicos,

se as ações de responsabilidade social são descritas nos veículos de

comunicação que a organização adota com os seus públicos, se os mesmos

são atingidos pelos programas. Como percurso metodológico se utilizará

inicialmente a pesquisa bibliográfica, na qual nos auxiliou a fundamentar os

referidos objetivos e, logo após, realizamos uma entrevista em profundidade

com a gestora de recursos humanos da organização tendo-se como

instrumento de coleta dados de um questionário com questões fechadas.

Desta forma, entendemos que a organização não sabe ao certo o que

são ações e projetos de responsabilidade social, confundindo bastante com as

ações filantrópicas que são as que desenvolvem, pois nenhuma das ações são

voltadas para os seus públicos e sim um benefício para entidades do

município.

Palavras-chave: Camil Alimentos; Filantropia; Responsabilidade Social; Comunicação Organizacional.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7

2. ENTENDENDO A RESPONSABILIDADE SOCIAL: SUA ORIGEM E PERCEPÇÕES ............................................................................................................ 10

2.1 Contextualizando a Filantropia ........................................................................... 10

2.2 A responsabilidade social e a filantropia ........................................................... 11

2.3 Responsabilidade Social Corporativa ................................................................ 13

2.4 Marketing Social .................................................................................................... 17

3.COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ................................................................ 20

3.1 Origem e conceito da Comunicação Organizacional ...................................... 20

3.2Compostos da comunicação organizacional: administrativa, interna, mercadológica e institucional ..................................................................................... 22

3.2.1 Administrativa ............................................................................................. 22

3.2.2 Interna .......................................................................................................... 23

3.2.3 Mercadológica ............................................................................................ 24

3.2.4 Institucional ................................................................................................. 25

3.3 Públicos .................................................................................................................. 26

4. A PESQUISA DE CAMPO: ESTUDO DE CASO SOBRE A EMPRESA CAMIL ALIMENTOS SA ............................................................................................ 29

4.2 Percurso Metodológico ......................................................................................... 30

4.2.1 Entrevista em profundidade- com a gestora de recursos humanos da organização .......................................................................................................... 30

4.2.2 Entrevista com a coordenadora do Projeto Cidadão em Ação .......... 35

4.2 Análise de documentos ........................................................................................ 37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 41

Anexos .......................................................................................................................... 43

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1. INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje a responsabilidade social é um assunto que vem sendo

discutido cada vez mais entre a sociedade, mas principalmente nas

organizações, ela sendo socialmente responsável, preocupada com os seus

funcionários e comunidade na qual está inserida é sempre bem vista, ou seja,

possuí uma imagem positiva. É importante que as organizações tenham esse

olhar social, pois a responsabilidade social pode ser utilizada como uma

estratégia de comunicação para que consigam atingir os seus públicos ou até

conseguir novos. Ela possibilita a divulgação da sua marca, produtos e

serviços.

Grandes empresas precisam ter essa preocupação com o social, pois

determinados clientes ao saberem que a organização é socialmente

responsável se torna um diferencial para adquirirem os seus produtos.

Considerando o seguinte contexto, escolhemos como objeto de análise

desta monografia a empresa Camil Alimentos SA, que fica localizada no

município de Itaqui/ RS e que no levantamento realizado com o IRGA- Instituto

Rio Grandense de Arroz, das organizações que possuíam projetos ou ações de

responsabilidade social foi quem se disponibilizou a contribuir com o projeto de

pesquisa, além de ser uma das maiores empresas do setor arrozeiro possuindo

filiais espalhadas por todo o Brasil. Para isso a pergunta central que envolve a

problemática deste trabalho é analisar se a responsabilidade social está

relacionada com a comunicação organizacional da empresa e se nos veículos

de comunicação que adota com os seus públicos essas ações estão

retratadas.

Consequentemente entender o objetivo geral deste trabalho que é

compreender como a responsabilidade social é empregada na comunicação

organizacional da empresa Camil Alimentos. Os objetivos específicos desta

pesquisa são: definir conceitos de filantropia, responsabilidade social e

comunicação organizacional; compreender se a organização desenvolve ações

filantrópicas e de responsabilidade social; compreender como acontece a

divulgação dessas ações; se estão retratadas nos veículos de comunicação

que a organização adota com os seus públicos.

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A justificativa dessa pesquisa inicia-se primeiramente pelo interesse da

acadêmica pelos conceitos de responsabilidade social e comunicação

organizacional, que foram assuntos no qual mais se identificou durante a vida

acadêmica, além de ter trabalhado em vários projetos de pesquisa durante a

graduação que envolveu esses temas, principalmente a comunicação

organizacional. Justificando-se também pelo campo científico acadêmico, pois

através de pesquisa realizadas na internet sobre trabalhos acadêmicos,

monografias e artigos científicos pouco se fala sobre responsabilidade social e

comunicação nas empresas arrozeiras, existem, mas fazendo a conexão com

ecologia, meio ambiente e demais áreas. A partir dessa perspectiva surgiu o

interesse em ligar os dois conteúdos para que fossem objetos de analise desta

monografia.

Este trabalho compreende pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.

Com a pesquisa bibliográfica realiza-se a revisão de literatura sobre filantropia,

responsabilidade social, marketing social, comunicação organizacional e

públicos. A pesquisa de campo se deu através de uma entrevista em

profundidade com a gestora de recursos humanos da organização, análise de

documentos e conhecimento da estrutura da empresa e de um dos projetos

sociais na qual é parceira. Os procedimentos metodológicos da pesquisa são

detalhados em três capítulos.

O segundo capítulo desta monografia procurou conceituar na primeira

parte a filantropia, pois a responsabilidade social teve o seu surgimento através

dela; em seguida se faz a relação entre os dois conceitos, responsabilidade

social e filantropia; compreendermos as práticas e conceitos de

responsabilidade social corporativa e marketing social.

No terceiro capítulo definimos os conceitos de comunicação

organizacional, primeiramente definimos o seu surgimento, em seguida as

práticas e conceitos do que é comunicação organizacional, definição dos

compostos da comunicação organizacional como administrativa, interna,

mercadológica e institucional; assimilamos a importância de compreender

comunicação organizacional para as práticas de responsabilidade social e pôr

fim a importância de entender os públicos que compõem uma organização.

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No quarto capítulo descreve-se sobre a metodologia empregada para o

desenvolvimento dessa pesquisa. Primeiramente iniciou-se o capítulo com o

histórico da empresa Camil Alimentos SA, os produtos que possuí e onde estão

localizadas as suas filiais. Após é detalhada a pesquisa em profundidade que

foi realizada com a gestora de recursos humanos da empresa, sanando todas

as dúvidas da acadêmica; realização de um registro fotográfico das

dependências da organização. Na sequência é feita uma pesquisa com a

coordenadora de um dos projetos sociais na qual a empresa Camil Alimentos é

parceira, feito também um registro fotográfico do local.

Nas considerações finais é feita a análise da pesquisa, verificando- se

as necessidades e perspectivas do objetivo dessa pesquisa foram alcançadas.

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2. ENTENDENDO A RESPONSABILIDADE SOCIAL: SUA ORIGEM E PERCEPÇÕES

São várias as ações ou projetos sociais que as organizações podem

desenvolver para os seus funcionários ou comunidade na qual estão inseridas,

primeiramente precisamos identificar se são ações filantrópicas, de

responsabilidade social ou se são estratégias de Marketing Social, trataremos

cada um desses conceitos no decorrer deste capítulo, para assim entendermos

qual desses conceitos a empresa desenvolve.

2.1 Contextualizando a Filantropia

Quando remetemos ações e projetos de Responsabilidade Social,

primeiramente precisamos conhecer o seu surgimento. Eles procederam da

filantropia, “palavra originária do grego: philos significa amor e antropos,

homem, relaciona-se ao amor do homem pelo ser humano, ao amor pela

humanidade” (Mestrines, 2008, p. 07). Segundo Neto e Froes, a filantropia

teve início quando “empresários bem sucedidos em seus negócios, decidiram

retribuir à sociedade parte dos ganhos que obtiveram em suas empresas” (p.

26), ou seja, a filantropia é um ato de generosidade dos empresários para

satisfação pessoal, sendo uma atitude individual, não sendo algo duradouro,

mas sim somente para lhes satisfazerem como cidadão, pois “partem de

vontades e desejos individuais.” (Neto e Froes, 2001, p. 27). Ajudam ao

próximo sem desejarem nada em troca, alguns empresários não gostam que

seus nomes sejam divulgados quando realizam alguma concessão. A

filantropia é uma simples doação, sendo fruto da maior sensibilidade e

consciência do empresário (Neto e Froes, 2001, p. 27), pois ninguém está o

obrigando a desenvolver aquelas ações, são decisões particulares, porque as

ações realizadas para determinado grupo social é de responsabilidade e

consciência do doador, não sendo necessário a realização de diagnósticos,

planejamentos e planilhas. Pensando a filantropia na realidade das

organizações, de acordo com Neto e Froes “o conceito de filantropia

corporativa surgiu nos EUA, quando grandes milionários do business

americano começaram a doar parte de suas fortunas para ações sociais do

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governo e da sociedade civil” (1999, p. 156), existem algumas empresas que

não possuem projetos concretos ou algo no papel, mas quando algum

funcionário, escola, creche ou até mesmo algum problema ocorrido com a

sociedade à organização vai lá e os ajuda, essas atitudes nada mais são do

que ações filantrópicas, nas quais não se tem nenhum projeto estruturado,

apenas fazem para ajudar ao próximo, sem que essas ações façam parte do

planejamento estratégico da organização.

Podemos exemplificar como sendo ações de filantropia: ajudar ao time

de futebol da empresa a fabricar os uniformes para disputarem campeonatos;

enviar cestas básicas para as escolas que foram atingidas por grandes chuvas;

consertar os brinquedos da creche que foram se deteriorando com o tempo.

Pode-se observar que a filantropia são ações voluntárias, mas esse

conceito foi o que originou a Responsabilidade Social, sendo algo mais

planejado, formalizado e concreto.

2.2 A responsabilidade social e a filantropia

Ao entendermos que filantropia é uma atitude exclusiva e pessoal dos

empresários, a responsabilidade social são ações pensadas e planejadas por

todos que compõem uma organização “a ação de responsabilidade social não

é individual” (NETO e FROES, 2001, p. 26). Busca contribuir com o

desenvolvimento da sociedade, meio ambiente e principalmente com o seu

corpo de funcionários, afinal eles são à base da organização: “A

responsabilidade social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e

fomentar a cidadania individual e coletiva” (NETO e FROES, 2001, p. 27),

diferentemente da filantropia que está ligada a uma ação isolada do

empresário. Sendo assim para uma organização realizar programas e projetos

de responsabilidade social, precisa conhecer os seus públicos, a comunidade

na qual está inserida e fazer um bom planejamento para que as ações sejam

duradouras.

Enquanto a filantropia são ações pessoais, a responsabilidade social

engloba todos, pois segundo Neto e Froes,

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A filantropia é individualizada, pois a atitude e a ação são do empresário. A responsabilidade social é uma atitude coletiva e compreende ações de empregados, diretores e gerentes, fornecedores, acionistas e até mesmo clientes e demais parceiros de uma empresa. É, portanto, uma soma de vontades individuais e refletem num consenso. A responsabilidade social é uma ação estratégica da empresa que busca retorno social, institucional, tributário-fiscal. A filantropia não busca retorno algum, apenas o conforto pessoal e moral de quem a prática (2001, p. 28).

E assim, podemos relacionar as ações de filantropia e responsabilidade

social uma pensando na satisfação pessoal e a outra pensando no coletivo e

nos benefícios que trará para a organização.

No quadro abaixo vamos explanar as diferenças entre filantropia e

responsabilidade social:

Quadro 1:

Filantropia Responsabilidade Social

Ação Individual e voluntária Ação coletiva

Fomento da caridade Fomento da cidadania

Base assistencialista Base estratégica

Restrita a empresários filantrópicos e abnegados

Extensiva a todos

Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento

Decisão individual Decisão consensual Fonte: NETO &FROES (2001, p. 28).

Como podemos perceber as diferenças entre os dois conceitos são

várias, enquanto a filantropia é uma ação voluntária desenvolvida por

empresários, tendo decisão individual e que não necessita de planejamento, a

responsabilidade social pensa no coletivo, pois é extensiva a todos que

compõem a organização e necessita de planejamento para ser desenvolvida,

ou seja, é uma decisão coletiva; a filantropia é uma base assistencial, já quem

desenvolve responsabilidade social pensa como estratégia para atrair novos

públicos e até mesmo divulgar a sua marca.

A responsabilidade social são ações e projetos de cunho social que

visam à comunidade, meio ambiente, entre outros ao retratarmos que a

responsabilidade social corporativa são ações e projetos planejados e

desenvolvidos pelas as organizações que envolvem o seu corpo de

funcionários, colaboradores e fornecedores.

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2.3 Responsabilidade Social Corporativa

A responsabilidade social das empresas segundo Reis e Medeiros

(2007) teve início nos anos de 1960. “O histórico da responsabilidade social

das empresas remonta a meados do século XVI e está intimamente

relacionado ao poder das empresas nos EUA.” (KORTEN apud reis e medeiros

2007, p. 7). A partir do episódio de 1919 quando os irmãos Dodge

processaram a companhia Ford porque “o então presidente majoritário da

empresa comunicou aos demais acionistas que os lucros da companhia seriam

reinvestidos para fins de expansão da empresa e diminuição nos preços dos

automóveis” (REIS e MEDEIROS, 2007, p.7), na época a corte ficou ao lado

dos irmãos Dodge alegando que uma empresa precisa visar somente os lucros.

Essa decisão de que as empresas deveriam ser favoráveis somente aos

acionistas foi alvo de críticas e no ano de 1953, havendo outro julgamento e as

questões de responsabilidade social das empresas começaram vigorar.

O caso segundo Reis e Medeiros (2007) era A.P. Smith Manufacturing

Company contra Barlow, no qual a corte de Nova Jersey

Foi favorável à doação de recursos para a Universidade Princeton, contrariamente aos interesses dos acionistas. A justiça determinou, então, que uma corporação pode buscar o desenvolvimento social, estabelecendo em lei a filantropia corporativa. (ASHLEY apud reis e medeiros, 2007, p. 7).

Como se relatou anteriormente a responsabilidade social está

preocupada com o bem social. A organização que a desenvolve precisa estar

ciente da importância que os seus colaboradores possuem, os valores que

precisam ser dados para a sociedade na qual estão inseridos, e principalmente

com práticas que não prejudiquem ou danifiquem o meio ambiente, pois de

acordo com Francisco Neto e César Froes

Apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente não são suficientes para atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem-estar dos seus funcionários e dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de promover comunicação transparente, dar retorno aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e garantir satisfação dos seus clientes e/ou consumidores (2001, p. 78).

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Conforme Neto e Froes os principais vetores da responsabilidade social

são:

V1 apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua; V2 preservação do meio ambiente; V3investimento no bem-estar dos funcionários e seus dependentes e num ambiente de trabalho agradável; V4 comunicações transparentes; V5 retorno aos acionistas; V6 sinergia com os parceiros; V7 satisfação dos clientes e/ou consumidores (2001, p. 78).

Os vetores apresentados podem ser observados nas organizações que

desenvolvem ações de responsabilidade social, se as suas ações estão

preocupadas em desenvolver a comunidade, preservar o meio ambiente,

investir no bem-estar dos seus funcionários e dependentes, se realizam uma

comunicação transparente, dão retorno aos seus acionistas e se os seus

clientes estão satisfeitos. E assim, eles a encaixam como sendo uma empresa

socialmente responsável.

Segundo as ideias apresentadas por um empresário no jornal Gazeta

Mercantil de 18 de Setembro de 1997: “Responsabilidade Social da empresa

está associada ao seu desempenho e ao consumo de recursos que pertencem

à sociedade”, (MELO, 1999, p.83), ou seja, se a organização utilizou recursos

naturais que não as pertencia para benefício próprio eles adquiriram uma

dívida com a sociedade, pois esses recursos segundo Neto e Froes (2001) são

“patrimônio da humanidade”. E assim, se a empresa obteve recursos da

sociedade para geração dos seus produtos e lucros, precisa devolver a ela de

alguma forma aquilo que lhe foi retirado, em forma de benefícios como

produtos, prestações de serviço e principalmente em ações sociais que

possam beneficiar a todos, por exemplo, criar uma creche para os funcionários

deixarem os seus filhos. Para Francisco Neto Melo,

A responsabilidade social é vista como um compromisso da empresa com relação à sociedade e à humanidade em geral, é uma forma de prestação de contas do seu desempenho, baseada na apropriação e uso de recursos originariamente não lhe pertencem (1999, p. 84).

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Quando a organização utiliza recursos da sociedade ela faz uma

prestação de contas daquilo que foi utilizado, e devolve de alguma forma a

sociedade seja em produtos ou em ações sociais.

Ao falamos em Responsabilidade Social podemos compreender as suas

duas dimensões: interna (público interno da organização) e externa

(comunidade).

De acordo com Melo a responsabilidade social interna da empresa

centraliza nos empregados e dependentes da organização tendo como objetivo

“motiva-los para um desempenho ótimo, criar um ambiente agradável de

trabalho e contribuir para o seu bem estar” (1999, p. 85), ou seja, a

organização precisa estar preocupada com os seus funcionários, criar ações e

programas que os beneficiem, pois assim sentem-se parte da empresa e

trabalham com mais êxito. Conforme Melo

As ações de gestão interna de responsabilidade social interna compreendem os programas de contratação, seleção, treinamento e manutenção de pessoal, realizados pelas empresas em benefício de seus empregados, bem como os demais programas e benefícios voltados para a participação nos resultados e atendimento aos dependentes (1999, p. 87).

A organização precisa investir em seus funcionários, lhes oferecendo

alguns benefícios como: alimentação; saúde e transporte; realizar programas

de aumento de salário; troca de cargos; cursos extras, por exemplo, de língua

estrangeira; incentivar aqueles que não terminaram a escola; dentre outros

programas. Assim eles se sentiram acolhidos e parte da organização.

Já a responsabilidade social externa para Francisco Neto “tem como

foco a comunidade mais próxima da empresa ou o local onde ela está situada”

(1999, p.85), ou seja, a organização precisa se preocupar com a comunidade

ao seu redor, criar ações e programas que os beneficiam, pois ela é um dos

seus públicos de interesse.

O exercício da responsabilidade social externa corresponde ao desenvolvimento de ações sociais empresariais que beneficiem a comunidade. Estas ações podem ser realizadas através de doações de produtos, equipamentos e materiais em geral, transferência de recursos em regime de parceira para órgãos públicos e ONG’s, prestação de serviços voluntários para a comunidade pelos funcionários da empresa, aplicações de recursos em atividades de

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preservação do meio ambiente, geração de empregos, patrocínio de projetos locais do governo e investimentos diretos em projetos sociais criados pela própria empresa (NETO, 1999, p. 88).

As ações/ programas de responsabilidade social podem ter importância

para a comunidade, pois recebem o retorno da organização em forma de

doações de produtos e serviços e além de intervenções de cunho social. Sendo

assim, podemos dizer que a responsabilidade social interna “é voltada para o

público interno com ênfase nas áreas de educação, salários e benefícios, bem

como assistência médica, social e odontológica” (NETO, 1999, p. 88), para

assim terem retorno dos seus funcionários na questão de produtividade; já a

responsabilidade social externa “tem como foco a comunidade, através de

ações sociais voltadas principalmente para as áreas de educação, saúde,

assistência social e ecologia” (NETO, 1999, p. 89), ou seja, a organização

busca um retorno de imagem, um retorno de divulgação, publicitário.

Quando uma empresa não cumpriu com suas ações de responsabilidade

social, tanto internamente quanto externamente, e acabam abandonando as

suas obrigações com os seus funcionários e comunidade, ela pode perder sua

credibilidade e confiança na qual lhe foi dada por todos. Deixando de atender

os seus funcionários, “os primeiros efeitos são a deterioração do clima

organizacional, desmotivação, surgimento de conflitos, ameaça de greves,

baixa produtividade, acidentes de trabalhos” (NETO, 1999, p. 94).

Quando relacionamos a responsabilidade social externa, os problemas

são “acusações de injustiça social, boicote de consumidores, perda de clientes,

queda nas vendas e lucros” (NETO,1999, p.94); os fornecedores e

comunidades insatisfeitos com a organização param de lhes dar assistência,

não adquirem mais os seus produtos ou serviços e muitos não querem mais a

parceria, tudo porque eles acabam não desenvolvendo com êxito os seus

programas e ações de responsabilidade social.

E quando a empresa acaba “atuando em ambas as dimensões”, seja

internamente quanto externamente à empresa exerce a sua cidadania

empresarial e adquire o seu status de empresa-cidadã1 (NETO, 1999, p. 85).

1 Para alguns, uma empresa-cidadã caracteriza-se pelo exercício da cidadania individual pelos

seus empregados e dependentes, conscientes dos seus direitos e deveres como cidadãos e desejos de desempenharem trabalhos voluntários em benefício da comunidade. (NETO,1999. p. 85)

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É necessário cuidado ao “rotular” algumas organizações de empresa-

cidadã, pois algumas se consideram socialmente responsáveis, por que “fazem

doações para os programas do governo, por exemplo, mas pagam mal seus

funcionários, não possuem nenhum programa que os beneficiem” (NETO, 1999

p. 85). Organizações que não tratam bem o seu próprio corpo de funcionários,

não precisam receber destaque de socialmente responsáveis, pois não podem

realizar ações somente para aparecerem na mídia, utilizando estratégias de

Marketing Social, se na prática não é isso que acontece.

Algumas organizações visualizam a responsabilidade social como sendo

uma oportunidade de negócios, pois desenvolvendo ações sociais, podem ser

vistas de maneira diferente pela sociedade ou até mesmo podem ser utilizadas

como forma influenciar as opiniões dos integrantes daquela comunidade, de

que sua proposta de ação, produto ou serviço é importante para eles, sempre

recaindo para o lado social como uma estratégia de convencimento, o

Marketing Social.

2.4 Marketing Social

Ao estarmos representando uma organização não podemos mudar a

opinião de uma pessoa, de um grupo ou até mesmo da sociedade na qual

estamos inseridos, querer implantar ideias novas é extremamente difícil, o novo

para quem está acostumado com rotina pode assustar no início. E as empresas

estão cada vez mais se estruturando na questão de como podem atingir os

seus públicos através de questões sociais. É necessário que os públicos

entendam como as causas sociais são levadas ao mercado, pois as ações

sociais estão cada vez mais sendo um fator diferencial entre as organizações

nos dias de hoje. Neste contexto que entra o marketing social que segundo

Kotler e Zaltman, Apud Kotler

O marketing social é o projeto, a implementação e o controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma ideia ou prática social num grupo alvo. Utiliza conceitos de segmentação de mercado, de pesquisa, de consumidores, de configuração de ideias, de comunicações, de facilitação de incentivos e a teoria da troca a fim de maximizar a reação do grupo alvo. (1988, p. 288)

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O marketing social procura influenciar os seus públicos que determinada

ação, produto ou serviço é a melhor alternativa, e assim tentar modificar o

comportamento dos mesmos quando deseja realizar alguma ação, “O

marketing social visa produzir um plano ótimo para proporcionar uma mudança

social desejada. O fato de o plano ser ótimo, no entanto, não garantirá que a

mudança alvo será atingida.” (p. 293), busca fazer uma mudança na sociedade

na qual pretende atingir, esse conceito defende determinado público-alvo irá

aceitar a sua ideia.

Pensando na realidade das organizações, para atingirem os seus

públicos, os responsáveis pela produção do Planejamento Estratégico, já

pensam em como atingir os seus públicos, quais produtos são mais

adequados, quais serão mais consumidos e para se chegar a essas pessoas é

necessário que se faça pesquisas, consultorias para que entendam o modo de

vida deles para que assim se possa apresentar o novo.

Para Pringle e Thompson “O marketing para causas sociais pode ser

definido como uma ferramenta estratégica de marketing e de posicionamento

que associa uma empresa ou marca a uma questão ou causa social relevante,

em benefício mútuo.” (2000, p. 3), ou seja, as organizações podem segurar-se

de uma causa social para benefícios próprios, para atraírem públicos, ou até

mesmo para convencerem que os seus produtos e serviços são bons para

aquele público.

A organização pode fazer parcerias com alguma organização voluntária

ou beneficente, ligando a sua marca a ela, para assim atrair a atenção dos

públicos de que se preocupa com o bem comum, pois para Pringle e

Thompson “o marketing para causas sociais é uma forma efetiva de melhorar a

imagem corporativa, diferenciando produtos e aumentando tanto as vendas

quanto a fidelidade”, (2000, p. 3), nesse sentido essa parceria seria muito

positiva para a imagem da empresa.

Uma organização quando adere às causas sociais, nada mais quer que

os seus públicos-alvo sejam fiéis aos seus produtos e serviços, quando utilizam

dessas alternativas nada mais é do que estratégias de marketing para

aumentarem os seus públicos e até mesmo divulgarem cada vez mais os seus

objetivos. Podemos exemplificar ação de causa social como: quando

determinada empresa irá vender um produto, e uma porcentagem dessa venda

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é revertida para a creche de algum município, a organização está vendendo o

seu produto, mas ao mesmo tempo está ajudando, esse tipo de ação é sempre

bem visto pela comunidade. Só que nem sempre é fácil realizar esse tipo de

ação que para

De qualquer forma, construir e sustentar um relacionamento de Marketing para Causas Sociais nem sempre é fácil, à medida que opera entre dois mundos diferentes- o comercial e o voluntário. Ambas as partes precisam se unir com transparência e com a intenção de assumir um compromisso de parceria de longo prazo, marcada por metas adotadas publicamente. (Pringle e Thompson, 2000, p. 5)

Então as organizações que pretendem ou realizam esse tipo de ação,

precisam estar sempre em sintonia entre os seus objetivos comercial e

voluntário, pois precisa haver uma compreensão mútua entre ambas as partes.

Ao explicarmos a filantropia, a responsabilidade social e o marketing

social, queremos aclacar conceitos para analisarmos na comunicação

organizacional as ações empreendidas pela empresa Camil Alimentos.

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3.COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

Ao falamos em responsabilidade social corporativa, logo nos lembramos

das organizações, pois são elas quem desenvolve as ações e programas de

responsabilidade social para os seus públicos. Antes disso é interessante

compreender o conceito de comunicação organizacional, suas funções e o que

a compõem, pois a comunicação seja ela informal ou formal dentro de uma

organização é fundamental, pois considerando os objetivos desta pesquisa é

importante fazer um aclaramento deste conceito que serão observados no

objeto empírico. Para assim, possamos entender como as estratégias de

comunicação são adotadas pela empresa pesquisada em seus

programas/ações de responsabilidade social e também em seus veículos de

comunicação.

Na medida em que remetemos às organizações é preciso lembrar

também de um dos seus componentes fundamentais, os públicos, pois são

eles que a ajudam no seu desenvolvimento, sendo também disseminadores da

informação. Necessitando ser os primeiros a serem informados sobre os

andamentos da empresa e sobre tudo o que acontece na mesma, já que

ajudam no seu crescimento, na geração de lucros precisam estar cientes de

tudo o que acontece, por exemplo, lançamento de um novo produto, o público

interno obrigatoriamente deve ser o primeiro a ser informado. Ressaltando o

quanto é importante as práticas de comunicação para uma organização, pois é

a principal forma para os públicos serem informados.

3.1 Origem e conceito da Comunicação Organizacional

Primeiramente podemos dizer que as formas que a comunicação

organizacional está configurada hoje em dia originaram-se no período da

Revolução Industrial do século passado (Kunch, 1997), na qual se teve

grandes transformações no mundo com a expansão das empresas.

Segundo Kunsch “O desenvolvimento dos meios de comunicação de

massa e das indústrias de comunicação, influenciou no comportamento das

empresas, que se viram compelidas a prestar mais informações aos seus

públicos” (1997, p. 56). No Brasil o advento da comunicação organizacional foi

mais lento, assim como o processo de industrialização do país,

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O auge da comunicação organizacional se deu a partir de 1985, com a reabertura da política no Brasil, foi nesse período que as empresas e instituições passaram a compreender melhor a necessidade e importância de se tornarem mais transparentes com a sociedade. (Tecchio, 2008, p. 16)

Porém atualmente esse retardo já não é mais percebido, pois mais do

que nunca as organizações buscam estruturar departamentos, coordenadorias

ou simplesmente setores de comunicação e contratar profissionais para gerir a

comunicação organizacional. Como destacam Schaun e Rizzo,

Comunicação Organizacional é o termo mais amplo e genérico usado na teoria e na prática para nomear todas as formas de comunicação utilizadas pela organização para relacionar-se e interagir com os seus mais variados tipos de públicos – stakeholders, clientes, colaboradores, comunidades, fornecedores, governo, etc. Em geral, o conceito de comunicação organizacional diz respeito aos processos de comunicação que caracterizam todas as organizações humanas. (2009, p. 87)

Pode-se entender que comunicação organizacional são todas as

práticas de comunicação utilizadas dentro de uma organização, ou seja, quais

os veículos de comunicação são adequados para cada tipo de público, a fim de

que assim as informações possam chegar até eles com clareza. Para Kunsch

A comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que estuda como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação entre a organização e seus diversos públicos. (2003, p.149)

É interessante compreender como funcionam essas práticas

comunicacionais dentro de uma empresa.

Desta forma ao falarmos em comunicação organizacional é importante

compreender como funcionam as estratégias adotadas pelas organizações

com os seus públicos de interesse, como elas fazem para os atingi-los e se

estão preparadas para fornecer todas as informações a eles.

O processo de comunicação organizacional é o de maior

relevância, uma vez que converte a identidade e a realidade

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organizacional em imagem organizacional. Pois, a identidade e

a realidade organizacional só tem valor se é comunicada aos

empregados, acionistas, clientes, fornecedores, à comunidade,

e à imprensa, e, desta forma compartilhando os valores, a

missão e as estratégias da organização com os seus públicos.

Isto indica que comunicação organizacional não pode ser

entendida somente como publicidade e relações públicas, mas

se trata de toda a organização, desde a maneira em que a

telefonista atente as chamadas, os e-mails respondidos, os

uniformes dos funcionários, programas de qualidade, o produto

e serviço comercializado, a participação social e comunitária,

os folhetos institucionais e técnicos, a home page, o discurso

do presidente numa inauguração, etc. (CARISSIMI- artigo

publicado nos anais do XXIV INTERCOM, 2001).

A empresa precisa estar bem estruturada para atender todas as suas

demandas, como ter um bom planejamento estratégico, possuir bons canais de

comunicação com os seus públicos, fazer treinamentos com os seus

funcionários de como devem atender ao público externo, compromisso com o

social, procurar sempre consolidar a marca e ter uma imagem positiva perante

todos.

3.2 Compostos da comunicação organizacional: administrativa, interna, mercadológica e institucional

Considerando todo o trabalho de comunicação desenvolvido dentro das

organizações (Kunsch apud Pinho), distingue que se as modalidades

conseguirem atuar de forma sinérgica e integrada ira compor muito bem a

comunicação organizacional de uma organização, fazendo- se assim a sua

comunicação organizacional integrada (2006.).

3.2.1 Administrativa

Para Pinho (2006) a comunicação administrativa diz respeito aos

processos comunicativos relacionados às funções administrativas da empresa,

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que viabilizam o funcionamento do sistema organizacional, ou seja, abrange

tudo o que for relativo à administração como planejamento estratégico, controle

de gastos, alta e baixa produtividade da empresa e coordenação da

comunicação. Para Margarida Kunsch (2003) a modalidade administrativa

relaciona-se com os fluxos, os níveis e as redes formais e informais de

comunicação que permeiam o funcionamento do sistema organizacional.

Sendo assim, pode-se entender que a comunicação administrativa, é o que

permite o funcionamento do sistema organizacional dentro de uma

organização, para que as informações cheguem a todos os públicos de

interesse.

3.2.2 Interna

Segundo Kunsch (2003) a comunicação interna se estabelece pela

comunicação existente entre a administração da organização com

colaboradores e vice-versa, ou seja, é uma ferramenta que compartilha

informações e interesses de todos, pois todas as pessoas precisam tomar

ciência do que acontece dentro da organização. Hoje em dia o contato da

organização com o seu público precisa ser cada vez mais próximo, ela precisa

avaliar quais os meios de comunicação são adequados para que as

informações cheguem com clareza até eles.

Antes de ser um funcionário da empresa ele é um cidadão que merece

ser respeitado, pois é dentro da organização que passam a maior parte do seu

dia, “e um serviço de comunicação tem muito a ver com a integração entre os

diferentes setores” (Kunsch, 2003, p. 159), se houver uma integração entre os

setores, um clima agradável os funcionários sentiram prazer em trabalhar

naquela organização e o fluxo de informações será o desejado. Segundo

Kusnch

O público interno é um público multiplicador. Na sua

família e no seu convívio profissional e social, o

empregado será um porta-voz da organização, de forma

positiva ou negativa. Tudo dependerá do seu

engajamento na empresa, da credibilidade que esta

desperta nele e da confiança que ele tem em seus

produtos e serviços. A comunicação interna permitirá

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que os colaboradores sejam bem informados e a

organização antecipe respostas para suas necessidades

e expectativas. (2003, p. 159)

Quando a comunicação interna é participativa e os funcionários se

sentem parte da organização fará com que eles se envolvam nos assuntos da

organização. Isso se pode dar através de “todo o instrumental disponível como

murais, caixa de sugestões, boletins, terminais de computador, intranet, rádio,

teatro, etc, que envolverá o empregado nos assuntos da organização” (Kunch,

2003, p.159). Como já relatado anteriormente os funcionários são os

disseminadores da informação, quanto mais parte se sentirem, mais positiva

será essa imagem, e para Kunsch “e será considerado não um mero número

do cartão eletrônico que registra suas entradas e saídas, mas alguém que

exerce suas funções em parceria com a organização e em sintonia com a

realidade social vigente” (2003, p.159).

A comunicação interna não trabalha sozinha, necessita dos demais

conjuntos da comunicação organizacional. De acordo com Kusnch “sua eficácia

irá depender de um trabalho de equipe entre as áreas de comunicação e

recursos humanos, a diretoria e todos os empregados envolvidos”,

necessitando de um bom planejamento estratégico para que as ações sejam

duradouras. Podemos relacionar a comunicação interna com a

responsabilidade social interna, pois quando existem programas ou ações de

responsabilidade social dentro da organização é que são direcionados aos

seus públicos interno, eles utilizam de todos os veículos de comunicação

internos para disseminar essas informações para que todos fiquem sabendo e

façam parte dessas ações, ou até mesmo colaborem com aquilo que estivem

ao seu alcance.

3.2.3 Mercadológica

A comunicação mercadológica é responsável pela divulgação dos

produtos e serviços prestados pela organização (Kunsch 2003). Pinho (2006)

compreende como principais ferramentas, a publicidade, a promoção de

vendas, as feiras e exposições, o marketing direto, o merchandising, a venda

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pessoal e a embalagem dos produtos podem ser considerados como atividade

de comunicação mercadológica. De acordo com Kunsch “a comunicação

mercadológica é responsável por toda a produção comunicativa em torno dos

objetivos mercadológicos, tendo em vista a divulgação publicitária dos produtos

ou serviços da empresa” (2003, p. 162).

Podemos relacionar a comunicação mercadológica com a

responsabilidade social externa, pois é a através de uma boa divulgação das

ações ou programas de responsabilidade social que os públicos tomam ciência

do que a organização desenvolve, pois se utilizando de boas ferramentas de

comunicação e através de estratégias de comunicação mercadológica é que

podemos fazer uma boa imagem da organização e do que desenvolve.

3.2.4 Institucional

A comunicação institucional é responsável pela implantação e

divulgação de uma identidade corporativa positiva baseada nos princípios

relacionados à missão, visão, valores e filosofia organizacional (Kunsch 2003).

Podemos ter como ferramentas da comunicação institucional o jornalismo

empresarial, a assessoria de imprensa, a editoração multimídia, a imagem

corporativa, a propaganda institucional, o marketing social e o marketing

cultural, que podem ser enfatizados com a filosofia da organização (Pinho,

2006).

Se todas essas modalidades fluírem perfeitamente dentro da

organização poderá existir uma comunicação organizacional integrada e todos

os públicos ficaram satisfeitos. Conforme Kunsch

Essas percepções asseguram que fazer comunicação

institucional implica conhecer a organização e

compartilhar seus atributos (missão, visão, valores,

filosofia e políticas), e não uma simples divulgação

institucional e de marcas. Portanto, é algo complexo, e

as organizações terão de se valer de estratégias e

políticas bem definidas de comunicação, delineadas e

planejadas estrategicamente pela área de relações

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públicas, numa perspectiva de comunicação integrada.

(2003, p. 165)

Para complementar essa modalidade a empresa pode-se fazer uso dos

veículos de comunicação integrada que ajudará na divulgação das informações

da mesma, e contribuirá para o bom funcionamento da comunicação integrada.

3.3 Públicos

No âmbito da comunicação organizacional falar de públicos é

importante, pois eles são os integrantes fundamentais de uma organização.

Nesse sentido o conceito de públicos é definido por Rabaça e França como

sendo “conjunto de indivíduos cujos interesses comuns são atingidos pelas

ações de uma organização, instituição ou empresa, e cujos atos afetam direta e

indiretamente os interesses da organização” (rabaça e frança apud FRANÇA,

2008, p. 37), ou seja, a organização os intercala conforme os seus interesses.

E para isso precisamos conhecê-los e identificar a sua relação com as

empresas, ou seja, onde se encaixam se são públicos internos ou externos,

qual a sua contribuição na organização, quais os seus objetivos e interesses

em comum. Para França “a organização necessita saber o que acontece entre

os grupos que a influenciam para poder atingir de modo objetivo os diversos

públicos de seu interesse”. (2008, p. 3).

Os públicos podem ter vários motivos para se relacionarem com as

organizações que segundo França podem ser institucionais, promocionais e de

negócios. Já Oliveira retrata que “o indivíduo pode ser colaborador e ao mesmo

tempo membro da comunidade, além de consumidor” (Oliveira apud FARIAS,

2011, p.86) um funcionário da organização, por exemplo, pode se inserir em

vários “tipos” de públicos internos e externos, dependendo dos seus interesses

perante aquela organização, e com isso podemos retratar que “é fundamental

identificar os públicos, conhecê-los e saber lidar com eles, a fim de que as

organizações sejam bem-sucedidas nesse relacionamento.” FRANÇA, 2008,

p.4), sendo assim é importante que a organização conheça e saiba bem a

contribuição de cada público para atingir os seus objetivos.

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Numa organização os públicos podem ser definidos de várias maneiras

que de acordo com Fortes (2003) podem ser: interno, misto, externo e

stakeholders. Sendo definidos da seguinte maneira:

Público interno: são os grupos ligados à organização que tem uma ligação

funcional oficializada que Fortes classifica como “empregador”. E se

enquadram nessa categoria Administração Superior, Empregados, Familiares e

dependentes, Funcionários Terceirizados. (p.72). Dentro de uma organização

são fundamentais, pois precisam estar bem informados de tudo o que acontece

para assim, disseminarem as informações para os demais públicos, e a

empresa precisa ter ciência de quais veículos de comunicação são mais

adequados para poder atingi-los.

Público misto: são grupos de pessoas que tem feições de público interno e

externo que segundo Fortes são os investidores, fornecedores e os cooperados

que se encaixam nessa categoria. (p.74). Fazem parte da organização e no

viés da comunicação organizacional precisam ser informados de tudo o que se

passa na mesma.

Público externo: segundo Fortes são grupos que tem expectativa em uma

organização (2003, p.76). Se enquadram nessa categoria a comunidade,

sindicatos e entidades representativas, celebridades, escolas, imprensa em

geral, governo, concorrentes e consumidores. A organização precisa conhecer

quem são os seus públicos externos, se consumem os seus produtos ou

serviços, se for necessário que se faça uma pesquisa para saber o que eles

acham da empresa, quais os veículos de comunicação na qual têm mais

acesso, para assim facilitar o fluxo de comunicação entre eles.

Stakeholders: hoje em dia determinados públicos se comportam como

proprietários das organizações e assim segundo Fortes “não compreendem

somente os donos da companhia, investidores, mas igualmente todos os

indivíduos e grupos de interesse que exercem pressão sobre os procedimentos

estratégicos das corporações”. (2003, p.82) e assim os empregados, ex-

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empregados, sindicatos, fornecedores, poderes públicos, comunidades, ONGs,

fábricas, escritórios se enquadram nessa categoria (2003, p. 82).

Antes de a empresa desenvolver qualquer ação, ela precisa conhecer os

públicos que a compõem, pesquisar qual o melhor veículo de comunicação

para atingi-los para que a assim, a comunicação organizacional flua

perfeitamente dentro da organização.

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4. A PESQUISA DE CAMPO: ESTUDO DE CASO SOBRE A EMPRESA CAMIL ALIMENTOS SA

Neste capítulo, apresenta-se o objeto de estudo, assim como o

detalhamento da metodologia empregada na pesquisa de campo e análise dos

resultados. Este projeto tem por objetivo identificar se na empresa Camil

Alimentos é desenvolvido ações e programas de Responsabilidade Social, e se

os mesmos são retratados nos veículos de comunicação que a organização

adota com o seus públicos. Antes de entendermos como foi o

desenvolvimento dessa pesquisa conheceremos o histórico da empresa

pesquisa.

4.1 Camil Alimentos SA

As atividades tiveram início no ano de 1963, em meia à tendência

verificada no setor arrozeiro brasileiro, de migração do cultivo do arroz da

região central do Brasil para o sul do país, sob a forma de Cooperativa Agrícola

Mista Itaquiense Ltda, em um armazém na cidade de Itaqui, no estado do Rio

Grande do Sul. Em 1974, de forma pioneira, começaram a distribuir arroz em

embalagens plásticas de 5 kg, situação que atualmente é consolidada pelo

mercado e elogiada pelos consumidores que, até o presente momento,

compram o arroz principalmente nesse tipo embalagem. No ano seguinte,

expandiram suas operações ao inaugurar o primeiro centro de armazenamento,

distribuição e atendimento ao cliente, na cidade de São Paulo, no estado de

São Paulo. No ano de 1985, prosseguiram ampliando as suas operações e

implantaram um moinho de arroz, também na cidade de São Paulo. Em 1987,

expandiram os seus negócios ao iniciaram também a comercialização de feijão

com a sua própria marca “Camil”.

4.1.1 Outras Empresas e Marcas

A Camil também é proprietária de outras marcas de arroz e feijão, com

distribuição específica em certas regiões do país. O processo de

internacionalização da Camil foi iniciado em 2007, fazendo com que outras

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empresas, bem como suas marcas, passassem a fazer parte do portfólio da

empresa, cuja capacidade de produção atingiu um patamar de 18,6 milhões de

toneladas de grãos.

Em 2007, a Camil adquiriu a empresa uruguaia Saman, líder no mercado

uruguaio de arroz, com 50% de participação local e 91% de sua produção são

direcionadas a exportação. A Camil comprou a empresa chilena Tucapel, em

2009, também líder no país no segmento de beneficiamento de arroz, cujo

destino é 100% voltado para o consumo local. Em setembro de 2010, a Camil

adquiriu o complexo industrial produtor de arroz da BB Mendes no estado do

Maranhão e se tornou proprietária das marcas Bom Maranhense e Mais

Saboros. Com essas aquisições, a Camil atualmente tem 12 plantas produtivas

no Brasil, 9 no Uruguai e 4 Chile.

Atualmente também fazem parte da empresa Camil, o açúcar União e

pescado, sendo produzidos no estado de Santa Catarina e Rio de Janeiro. A

Camil está espalhada pelo Brasil inteiro, estando nos estados como Rio

Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco e

Maranhão.

4.2 Percurso Metodológico

Após a revisão bibliográfica e a definição dos objetivos da pesquisa de

campo, realizou- se o contato com a gestora do departamento de Recursos

Humanos da empresa pesquisada para que pudéssemos desenvolver a

entrevista em profundidade, verificar quais os veículos de comunicação que

adotam com os seus públicos e para divulgarem os seus produtos, conhecer as

dependências da organização, assim como um dos projetos na qual a Camil

fornece recursos.

4.2.1 Entrevista em profundidade- com a gestora de recursos humanos da organização

No dia 02 de Dezembro de 2014, na empresa Camil Alimentos SA,

localizada na Rua Afonso Escobar, 1193, no município de Itaqui/RS, foi

realizada a entrevista em profundidade com a Gerente de Recursos Humanos

da organização, na própria sala da entrevistada. Foi aplicado um questionário

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com 15 questões objetivas, na qual a entrevistada permitiu que a acadêmica

gravasse com o celular toda a entrevista.

Primeiramente vamos conhecer a organização, então a conversa iniciou

perguntando-a os dados de identificação da empresa, sendo Camil Alimentos

SA, tendo uma unidade localizada no município de Itaqui/RS, pois a matriz da

empresa fica no Estado de São Paulo, fundada em 30 de Julho de 1963, ela

surgiu em Itaqui como uma cooperativa virando empresa privada em 01 de

Outubro de 1997, quando foi vendida. Iniciando as questões do questionário

perguntei se a organização possuía filial, ela respondeu que sim, tendo no Rio

Grande do Sul e no Brasil, além do grão a Camil tem agora o pescado e o

açúcar União. Aqui no Estado do RS, está em quatro municípios Itaqui,

Maçambará, Camaquã e Rio Grande. No Brasil existindo filiais em

Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso e no Maranhão. O peixe e o açúcar

União são produzidos em Santa Catarina e no Rio de Janeiro.

Ao ser questionada quantos colaboradores a empresa possuí, a gestora

informou que em Itaqui são 410 colaboradores, mas em todo o Brasil chega a

4500 funcionários, de acordo com Rabaça e França os públicos de uma

organização possuem interesses em comum, que também estão ligados aos

interesses da organização. Em relação ao departamento de comunicação ela

afirmou que existe, mas fica localizado em São Paulo. Em Itaqui possuí

departamento de Recursos Humanos.

Como o presente projeto de pesquisa tem como objetivo entender se a

organização desenvolve ações ou projetos de responsabilidade social, como

sendo uma estratégia de comunicação organizacional, pois segundo Neto e

Froes “o conceito de filantropia corporativa surgiu nos EUA, quando grandes

milionários dos business americano começaram a doar parte de seus fortunas

para ações sociais do governo e da sociedade civil” (1999, p. 156),

primeiramente precisávamos conhecer quais os veículos de comunicação que

a organização adota com os seus públicos, pois a comunicação é fundamental

dentro de qualquer organização, perguntamos os veículos baseados nos que

são citados por Waldir Gutierrez Fortes (2003) em sua obra, a gestora de

recursos humanos respondeu que eles utilizam com o seu público interno:

avisos; reuniões; ata de reuniões; memorando; mural; regulamento; caixa de

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sugestões; intranet; e-mail e telefone. Ao ser interrogada sobre como é feita a

divulgação dos produtos da organização ela respondeu que são utilizados:

jornal; rádio; redes sociais; site; participação em eventos, cartazes e televisão.

Para Kunsch é importante que as organizações divulguem as informações aos

seus públicos de interesse, procurando sempre identificar quais os veículos de

comunicação são mais adequados para os seus públicos, sejam eles internos

ou externos.

Como sabemos são várias as ações ou projetos sociais que as

organizações podem desenvolver para os seus funcionários ou comunidade na

qual estão inseridas, frente a esta realidade precisamos identificar se as ações

que a empresa desenvolve são filantrópicas que são simples doações ou de

responsabilidade social, sendo ações planejadas e voltadas para o público

interno e externo ligado a organização, Neto e Froes (2001), pois algumas

pessoas por falta de conhecimento acabam confundindo os dois conceitos.

Como já mencionada filantropia é um ato de generosidade dos

empresários para satisfação pessoal, pois segundo Neto e Froes, a filantropia é

uma simples doação, sendo fruto da maior sensibilidade e consienciência do

empresário (2001, p. 27), mas algumas organizações também desenvolvem

essa prática. Ao ser perguntada se a Camil desenvolve ações filantrópicas a

gestora de recursos humanos respondeu que sim, pois eles ajudam a APAE-

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, Hospital São Patrício, Creche

Nossa Senhora Aparecida e o Projeto Cidadão em Ação. Sendo todos

programas externos, não constando nenhum planejamento sobre a ação e

também não constando no planejamento estratégico da empresa que fica em

São Paulo, de acordo com Neto e Froes (2001) as ações filantrópicas não

necessitam de planejamento. Ao ser questionada sobre como acontece essa

ajuda, a entrevistada respondeu que é através de verba, eles destinam um

determinado valor, que não foi informado, para as entidades e são eles quem

administram e aplicam o dinheiro da forma na qual necessitam. Já o projeto

Cidadão em Ação é diferente, pois além da verba a Camil disponibilizou um

local nas suas dependências na qual eles fizeram um polo, que atende as

crianças em vulnerabilidade social, sendo este um projeto da prefeitura.

Ao entendermos que a filantropia é uma atitude exclusiva e pessoal dos

empresários, a responsabilidade social são ações pensadas e planejadas por

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todos que compõem uma organização (Neto e Froes), pois é interessante que

a organização faça um bom planejamento para que as ações sejam

duradouras, para que o fluxo ocorra bem dentro da comunicação

organizacional da organização. Quando uma empresa realiza programas e

projeto de responsabilidade social é necessário que visem o bem social,

pensem na comunidade, meio ambiente entre outros, pois segundo Neto e

Froes “a responsabilidade social busca estimular o desenvolvimento do

cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva” (2001, p. 27), ou seja a

responsabilidade social fomenta a cidadania diferentemente da filantropia que

fomenta a caridade. E ainda podem pensar no seu público interno,

desenvolvendo programas de incentivo à cultura, estudos, entre outros. Ao ser

questionada se a Camil desenvolve ações ou projetos de responsabilidade

social, percebi que a gestora desconhece essa área, e o que são projetos de

responsabilidade social. Perguntei se eles desenvolvem ações para os seus

funcionários ela disse que não, se possuí alguma iniciativa a leitura ou aos

estudos, comentou que a empresa possuí uma biblioteca, mas os funcionários

não a frequentam. Reafirmou que as ações na qual a empresa está engajada

são voltadas para o público externo.

Segundo a entrevistada nos veículos de comunicação são retratados os

programas e ações que a organização desenvolve, é como se fossem ações de

responsabilidade social externas, pois todas as ações da organização são

desenvolvidas para o público externo. Ao ser interrogada sobre qual

departamento é responsável por realizar essas ações ela disse que é o de

Recursos Humanos; segundo ela os projetos são desenvolvidos em curto,

médio e longo prazo.

Perguntada se os projetos estão no Planejamento da Empresa ela disse

que sim, mas no decorrer da conversa percebi que não existem planejamentos

eles apenas comunicam o financeiro, que fica localizado em São Paulo, e o

valor que eles destinam consta no orçamento anual da empresa; de acordo

com ela a aceitação do público em relação aos projetos é ótima.

Comentei os objetivos do meu trabalho, e também que reparei que a

Camil está preocupada com a segurança dos seus funcionários no trabalho,

perguntei se existe um planejamento dessas ações, a entrevistada comentou

que existe um Departamento de Segurança onde são feitos todos os

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treinamentos legais e o departamento é bastante atuante, possuem a CIPA-

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, realizam a SIPA- Semana

Interna de Prevenção de Acidentes é um evento aberto para a comunidade que

neste ano foi realizado no mês de Agosto. Internamente é feito treinamentos

com os seus funcionários seja profissionalizante ou na área comportamental,

sempre incentivando-os, eles possuem uma psicóloga fazendo trabalhos

individuais ou coletivos com os funcionários, ao perguntada se a Camil

desenvolve algum outro tipo de projeto a entrevistada disse que não, sendo

somente o de segurança com todos os colaboradores inclusive o

administrativo.

Quando perguntei se poderia dar uma lida nos planejamentos ela disse

que eles ficam em SP, não em Itaqui, eles encaminham para lá o valor que

revertem para as instituições e eles inserem no planejamento estratégico geral

da empresa.

Ao interroga-la se o público interno tem ciência desses projetos que a

Camil apoia, se possuem um retorno deles ela disse que não sabe, mas pode

ser que conheçam a creche, pois ela surgiu de um acordo entre a Camil e

prefeitura do município que foi a troca por uma rua, os funcionários que

trabalham na creche são contratados da prefeitura e a Camil da assistência.

Ela garante que o que eles mais conhecem é o Projeto Cidadão em Ação, pois

é desenvolvido dentro da Associação da Organização, eram sete polos

restando somente dois hoje em dia, mas não existe um planejamento de

comunicação que divulgue os projetos que a empresa desenvolve para que o

seu público interno tenha ciência do que é desenvolvido, não existindo também

um departamento de comunicação, assim eles não divulgam as ações na qual

estão engajados para os seus públicos.

A entrevistada comentou que a Camil está sempre envolvida com a

comunidade, fora as pequenas doações que são feitas, como fardo de arroz,

eles recebem todos os dias pedidos de doações de entidades, e até mesmo

particulares, eles procuram na medida do possível ajudar todas as entidades

que os procuram, os particulares eles evitam.

Ao perguntar se eu poderia tirar fotos da empresa, ela não se opôs e

ainda me convidou para conhecer o Projeto Cidadão em Ação e tirar algumas

fotos.

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A empresa ajuda essas entidades há muito tempo, perguntei se é a

Camil que escreve esses projetos, se é a própria gestora que os planeja, ela

disse que não existem projetos que as entidades pedem ajudam e eles

repassam a verba, e isso consta no orçamento da empresa, então não é bem

um projeto. Reforçando que não existe um planejamento das ações que a

organização desenvolve ou as entidades que apoia, não existe nada no papel,

apenas o que passou um departamento financeiro da empresa localizado em

São Paulo. E sobre os programas da segurança do trabalho, também não

existe e alguns são desenvolvidos, pois estão na legislação da Segurança do

Trabalho. Afirmando que não tem um planejamento, mas uma determinação

legal na qual precisam cumprir, “quando um funcionário é contratado pela

Camil, fica três dias em treinamento para que assim possa assumir o seu

cargo” (Gestora de Recursos Humanos da Camil).

O que podemos constatar é que a empresa Camil Alimentos SA, não

desenvolve ações ou programas de responsabilidade social, todas as ações

são filantrópicas, pois destinam verba para entidades do município. Não existe

um planejamento, eles não possuem programas que visam o meio ambiente, a

comunidade e até mesmo os seus funcionários, mesmo utilizando vários

veículos de comunicação para com os seus públicos, essas ações não são

divulgadas para os mesmos.

4.2.2 Entrevista com a coordenadora do Projeto Cidadão em Ação

No mesmo dia 02 de dezembro fui convida pela gestora de recursos

humanos a conhecer o Projeto Cidadão em Ação na qual conversei com a

coordenadora Fernanda Baumart, com a autorização da entrevistada a

conversa foi gravada por um celular.

A Fernanda é coordenadora do projeto, sendo funcionária da Camil,

começando no projeto como estagiária da prefeitura, como se formou na

faculdade a prefeitura não continuou o seu contrato, e ela foi falar com a Camil

que acabou assumindo o projeto, ao perguntada se o projeto é da Camil ela

afirma que é uma parceria entre a prefeitura de Itaqui e a empresa. Esse

projeto foi apoiado por várias outras empresas, nesse mesmo polo tinha a

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Cooplantio que por problemas externos não pode mais, então ficou somente a

Camil, que tudo o que ela precisa é quem lhe dá assistência, pois como

comentado na seção anterior a empresa desenvolve ações filantrópicas, ou

seja ajuda entidades do munícipio de Itaqui repassando uma verba.

Solicitei para que a entrevistada explicasse o que é o projeto Cidadão

em Ação: as crianças que estão no projeto, veem para cá no turno inverso a

escola, justamente para que não fiquem na rua, quem estuda na parte da tarde

vem pela manhã e quem estuda pela manhã vem a tarde, então é feito durante

todo o ano, reforço escolar, informática, matemática, atividades físicas,

artesanatos, além da criatividade do professor para prender a atenção das

crianças. Período: 08:30 às 11:30 e 13:30 às 16:30. O projeto atende 60

crianças, nessa época do ano, festividades de final de ano, eles atendem

somente pela manhã, devido ao calor, e ao fechamento de contrato dos

professores.

A equipe é formada por: três professores, uma cozinheira, contratados

pela prefeitura. Assim como boa parte da merenda, quando falta ela recorre a

Camil, tendo toda a assistência da empresa para o que precisar, até para fazer

contato com a Secretaria de Educação, por exemplo, a organização intercede

por ela.

A Camil é quem realiza a festa de final de ano para as crianças, na qual

todas ganham presentes, e quem a organiza é a própria coordenadora, ela

afirma que a Camil é a grande parceira, que se não fosse eles, o projeto não

estaria mais funcionando, que os outros polos deixariam de existir justamente

pela falta de apoio que as empresas pararam de dar, mas que a Camil

abraçava todos, dividia a verba entre todos. O projeto sempre existiu dentro da

associação de funcionários da Camil, na qual foi criado para comunidade,

como faltou espaço a Camil entrou no projeto cedendo o espaço, esse projeto

existe a seis anos.

Ao perguntada se os funcionários da empresa conhecem o projeto, se

frequentam, se os filhos deles frequentam, ela disse que os que moram perto,

sim. Os funcionários conhecem porque transitam bastante pelos salões que

ficam no mesmo lugar e também o que a coordenadora precisa eles sempre

estão dispostos a ajudar, ao ser questionada se desenvolvem trabalhos

voluntários ela disse que, não. O projeto não é divulgado nos veículos de

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comunicação utilizados pela empresa, por isso o seu público interno não tem

ciência, a não ser aqueles que circulam pelo local.

Perguntei se fora a Camil eles possuem outros parceiros, doação de

livros, se as crianças querem realizar algum passeio, ela respondeu que sim, o

quartel levava as crianças para lá, mas ultimamente eles não têm feitos

passeios, pois gostam de aproveitar toda a estrutura que está à disposição

deles, informática com internet, a quadra, campo, playground. Não existindo

um planejamento dessas parcerias é tudo tratado pessoalmente.

Ao ser interrogada se a comunidade itaquisene conhece o projeto ou até

mesmo visitam, ela afirma que o projeto é mal divulgado, mas que no bairro

todo mundo conhece, cada bairro tinha o seu, hoje em dia eles apoiam o da

Brigada Militar que a prefeitura não pode mais apoiar, então eles entraram num

acordo com a Camil em adota-los. Ela não tem ninguém que a ajude a divulgar,

então como decorre muito tempo ela prefere se dedicar ao projeto e as

crianças do que sair pra rua e divulgar o projeto. Não existindo um profissional

que a ajuda a construir estratégias de comunicação para fazer a divulgação do

projeto na comunidade itaquiense.

Eles possuem uma horta no pátio da associação que é cultivada pelos alunos

da UNIPAMPA- Campus Itaqui.

O que pude observar que por mais que as ações sejam filantrópicas,

sem nenhum planejamento estratégico estruturado por parte da Camil, eles

procuram sempre dar assistência ao projeto, não deixando que nada os falte,

até porque ele beneficia uma parcela da população itaquiense que reside

próximo as dependências da organização, por mais que utilizem vários veículos

de comunicação neles não são divulgadas as ações do projeto, o que é o

projeto Cidadão em Ação, quais os seus objetivos. Como a coordenadora

comentou ela não possuiu tempo para divulgar o projeto nos veículos de

comunicação, pois prefere se dedicar as necessidades do seu polo.

No dia da entrevista registrei algumas dependências do projeto.

4.2 Análise de documentos

Como relatado anteriormente à empresa não possuí os planejamentos

das ações que realiza com as entidades do município. Tudo é encaminhado

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para São Paulo, na qual eles colocam no planejamento financeiro da

organização. Sendo assim, não foi possível ter acesso aos documentos.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste ponto após a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo é

possível realizar algumas considerações com relação ao problema deste

trabalho. Quando a acadêmica definiu em fazer o trabalho nesta instituição,

justamente por ter conhecimento que ela desenvolvia ações de

responsabilidade social, ao procurar essas informações no site da empresa e

também por perceber existir na associação dos funcionários da Camil

Alimentos uma placa identificando que um dos polos do projeto Cidadão em

Ação ficava ali, achava que ela realmente desenvolvia essas ações.

Ao realizar a pesquisa de campo, na qual realizou a entrevista em

profundidade com a gestora de recursos humanos da organização, constatou

que eles são bem ativos nos veículos de comunicação que adotam com os

seus funcionários, eles ficam sabendo de todas as informações da

organização. E que os produtos são bem divulgados no município e nos

veículos de comunicação que utilizam.

Como o objetivo desta pesquisa era analisar como a responsabilidade

social se relaciona com a comunicação organizacional da empresa Camil

Alimentos SA, primeiramente contatamos que a organização não desenvolve

ações ou programas de responsabilidade social e sim ações filantrópicas, ou

seja, elas revertem para entidades do município como APAE, creche Nossa

Senhora, Hospital São Patrício e o projeto Cidadão em Ação um determinado

valor na qual eles aplicam conforme as necessidades da instituição.

Já o projeto Cidadão em Ação é diferente porque além de possuírem

essa ajuda, um dos polos do projeto fica localizado nas dependências da

associação dos funcionários da empresa, onde as crianças participantes

podem ter acessos a toda a infraestrutura disponível no local.

Sendo assim, a organização não possuiu planejamentos das ações que

desenvolve, apenas ajudam comunicam a matriz da empresa que fica

localizada em São Paulo para que eles possam colocar no planejamento

financeiro da organização. Com isso, não se teve acesso os documentos da

empresa, pois não estão localizados em Itaqui.

Podemos afirmar que o objetivo geral da pesquisa tomou outro viés, pois

por não desenvolver ações de responsabilidade social e sim ações

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filantrópicas, mas atendeu um dos objetivos específicos que era identificar se

ela desenvolvia ações de filantropia.

Os relatos apresentados confirmam que a organização é bem ativa nos

seus veículos de comunicação, mas que as ações que desenvolvem de cunho

social não são divulgadas no município, e as ações que constam no site são

desenvolvidas em São Paulo, não sendo as mesmas em Itaqui.

A empresa Camil Alimentos apesar de desenvolver somente ações

filantrópicas, tem algumas estratégias que se fossem planejadas poderiam ser

ações de responsabilidade social, quando a gerente de recursos humanos

relatou que eles se preocupam com a prevenção de acidentes dos seus

funcionários, eles poderiam fazer um planejamento dessas ações, apresenta-

los a matriz e desenvolver durante todo o ano com os seus funcionários,

utilizando os veículos de comunicação já existente pela organização como

mural e intranet que são os meios que utilizam para informar o público interno.

Além do mais esse projeto poderia ser divulgado para a comunidade

itaquisense mostrando que a empresa se preocupa com os seus funcionários,

pois a responsabilidade social pode ser pensada como estratégia para atrair

novos públicos e até mesmo divulgar a sua marca e produtos. E para Shaun e

Rizzo, comunicação organizacional é o termo mais amplo usado na teoria e na

prática para nomear todas as formas de comunicação utilizadas pela

organização para se relacionar com todos os tipos de públicos.

Para que o fluxo de informações das ações desenvolvidas pela

organização seja dos conhecimentos de todos os públicos, para que existam

planejamentos de todas ações que desenvolvem e das entidades que ajudam é

necessário que a empresa Camil Alimentos possua em Itaqui um departamento

de comunicação, que consiga realizar todas essas funções e que futuramente

consiga criar programas de responsabilidade social, não ficando apenas na

filantropia, pois é importante que as organizações pensem nos seus

funcionários e comunidade e criem projetos voltados a eles.

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Anexos

Lista de Anexos

Anexo I- Fotos da Empresa

Anexo II- Projeto Ação Cidadão

Anexo III- Carta de Apresentação

Anexo IV- Ofício Camil Alimentos

Anexo V- Questionário de Pesquisa

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Anexo I- Fotos da Empresa

Frente da empresa

Crédito: Adriana Pires

Recepção

Créditos: Adriana Pires

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Corredor da empresa

Crédito: Adriana Pires

Engenhos

Créditos: Adriana Pires

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Anexo II- Fotos Projeto Ação Cidadão

Frente

Crédito: Adriana Pires

Laboratório de Informática

Crédito: Adriana Pires

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Cozinha

Crédito: Adriana Pires

Pátio

Crédito: Adriana Pires