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1 Especialização em Educação Matemática-FAFICOP, graduação em Matemática-CEFET/Cornélio
Procópio-PR. 2 Pós-Doutorado em Matemática-UFSCAR, Pós-Doutorado em Física-University of Bristol, Doutorado
em Física-UNICAMP, Mestrado em Matemática-UFMG, Mestrado em Física-UNICAMP, graduação em bacharelado em Física-UNICAMP, graduação em bacharelado em Matemática-UNICAMP.
A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO RECURSO DE
APRENDIZAGEM DA GEOMETRIA PLANA
Rosinir Galvão1 Túlio Oliveira de Carvalho2
Resumo
Este trabalho tem como tema a implementação da metodologia de Resolução de Problemas no ensino-aprendizagem de conteúdos da Geometria Plana. Utilizamos a proposta de trabalho sugerida por Allevato e Onuchic (2009), apresentando aos alunos, antes da introdução de um conteúdo, situações-problemas consideradas, por nós, como desafiadoras e que exigiram deles a necessidade de construção de novos conceitos. Os sete problemas envolvendo o conteúdo de Geometria Plana que compuseram as atividades propostas aos alunos foram retirados das provas das Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP, tendo como referência as edições dos anos 2005, 2009, 2011 e 2012. Este trabalho tem ainda como propósito incentivar os alunos a buscarem a construção de seus próprios conhecimentos, como sugerido por Hiebert & Behr (1989) apud Allevato & Onuchic (2009, p.10), ao afirmarem que “em lugar de se colocar o conhecimento como um pacote pronto e acabado, o ensino deveria encorajar os alunos a construírem seu próprio conhecimento”.
Palavras-chave: Ensino Fundamental. Resolução de Problemas. Geometria Plana.
1 Introdução
A escolha por desenvolver conceitos e conteúdos de Geometria através da
resolução de problemas surgiu com a constatação de que os conteúdos de
Geometria têm sido pouco abordados no ensino básico de Matemática e por ter se
chegado ao diagnóstico de que esta metodologia pode vir a favorecer o
desenvolvimento da linguagem matemática dos alunos, bem como capacitá-los a
resolver problemas em diversas áreas.
Fizemos a opção por trabalhar a resolução de problemas abordando
conteúdos de Geometria Plana no Ensino Fundamental, uma vez que as Diretrizes
Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná para a disciplina de
Matemática recomendam que estes devam ser abordados através das tendências
em Educação Matemática, entre elas a Resolução de Problemas.
Devemos reforçar que essa metodologia não deve ser confundida com a
forma como a maior parte dos livros didáticos de Matemática utilizam a resolução de
problemas que, muitas vezes, fazem uma introdução de um determinado conteúdo
através de um problema de aplicação e, na sequência ou no final do capítulo,
apresentam uma série de exercícios repetitivos e sem contextualização.
A forma como foi trabalhada a resolução de problemas consistiu em
apresentar aos alunos, na introdução de um conteúdo, situações-problemas
desafiadoras que exigiram deles a necessidade de construir novos conceitos.
Este trabalho teve por objetivo geral utilizar a resolução de problemas como
recurso de ensino-aprendizagem de conteúdos da Geometria Plana e os objetivos
específicos propostos foram: fazer uso de problemas desafiadores capazes de
despertar o interesse dos alunos pela Matemática; estimular os alunos a
raciocinarem e desenvolverem estratégias para resolver tais problemas, analisar e
confrontar o resultado obtido; explorar a capacidade de produção e independência
dos alunos.
2 Metodologia
Este trabalho foi desenvolvido com 26 alunos de uma turma de 7º ano do
Ensino Fundamental do Colégio Estadual Professora Eudice Ravagnani de Oliveira
localizada no município de Florestópolis-PR.
Os sete problemas envolvendo o conteúdo de Geometria Plana que
compuseram as atividades propostas aos alunos foram selecionados pelo professor
PDE. Esses problemas foram retirados das provas das Olimpíadas Brasileiras de
Matemática das Escolas Públicas – OBMEP, tendo como referência as edições dos
anos 2005, 2009, 2011 e 2012.
No desenvolvimento das atividades propostas em sala de aula foram seguidas
as etapas sugeridas por Allevato & Onuchic (2009), no que se refere à resolução de
problemas.
1ª etapa: Apresentação do “problema gerador” selecionado pelo professor aos
alunos;
2ª etapa: Os alunos realizam a leitura do problema de forma individual;
3ª etapa: É realizada nova leitura do problema de forma coletiva, ou seja, em
duplas;
4ª etapa: Em duplas, os alunos tentam encontrar uma solução para o
problema proposto;
5ª etapa: O representante de cada dupla faz o registro da resolução do
problema na lousa;
6ª etapa: Os alunos discutem as diferentes resoluções propostas, através de
uma plenária;
7ª etapa: Juntamente com os alunos o professor procura chegar a um
consenso sobre o resultado correto;
8ª etapa: O professor faz a formalização do conteúdo.
Em todas as etapas de resolução de problemas, o professor PDE
desempenhou o papel de mediador do conhecimento, auxiliando os alunos a
resolver problemas secundários que surgiram durante a resolução dos problemas
propostos.
Assim como sugerido por Allevato & Onuchic (2009), a professora PDE
procurou observar e analisar o comportamento dos alunos, estimulando o trabalho
colaborativo, levando-os a pensar, enquanto os mesmos faziam tentativas de
buscarem uma solução para o problema proposto.
3 Descrição das atividades
Faremos agora a apresentação das atividades desenvolvidas, o relato dos
acontecimentos em sala de aula, algumas descrições de resoluções e, ainda, a
análise das resoluções propostas pelos alunos bem como as atitudes deles no
contexto da resolução dos problemas. Além disto, procuramos identificar os
possíveis avanços e dificuldades encontradas no decorrer do desenvolvimento das
atividades propostas.
No desenvolvimento das atividades, os procedimentos adotados durante a
resolução dos problemas em sala de aula foram: o “problema gerador” selecionado
pelo professor foi apresentado aos alunos; os alunos realizaram a leitura do
problema de forma individual e, logo após, de forma coletiva, mais precisamente em
duplas; em duplas, os alunos foram ao encontro de uma solução para o problema
proposto; o representante de cada dupla registrou a resolução do problema na lousa;
os alunos discutiram as diferentes resoluções propostas por meio de uma plenária; o
professor, em conjunto com os alunos, procurou chegar a um consenso sobre o
resultado correto, fazendo a formalização do conteúdo; seguindo as etapas
sugeridas por Allevato & Onuchic (2009), como já mencionado.
Em relação aos grupos formaram-se duplas por afinidade, que permaneceram
as mesmas durante o desenvolvimento das atividades. Embora sendo o trabalho
desenvolvido em duplas, cada aluno fez a sua produção escrita individualmente,
registrando a forma de resolução adotada pelos integrantes do grupo.
3.1 Atividade 1
Quadro 1 – Situação-problema 1
Figuras no vazio
Joãozinho dobrou duas vezes uma folha de papel quadrada, branca de um lado e
cinza do outro, e depois recortou um quadradinho, como na figura.
Qual das figuras abaixo ele encontrou quando desdobrou completamente a folha?
Fonte: Banco de questões OBMEP 2012
Duração prevista: 50 minutos (1 hora aula).
No início da atividade foi possível perceber um desconforto em relação à
atividade proposta, uma vez que os alunos esperavam um exercício, ou seja,
questões de livros didáticos que geralmente resolviam após a explicação do
conteúdo pelo professor. Portanto, houve a necessidade da professora explicar para
os alunos que tanto essa atividade quanto as demais a serem realizadas são
diferentes daquelas que eles estavam habituados a resolver, explicando, ainda, que
por esse motivo a participação de todos é muito importante.
Logo após os esclarecimentos quanto ao tipo de atividade a ser desenvolvida
durante a implementação do projeto, os alunos voltaram a fazer, novamente, a
leitura da situação-problema proposta a eles.
Uma das alunas perguntou: “O que eu tenho que fazer nesse exercício? Não
consegui entender” (sujeito 21). Neste momento, a professora pediu aos alunos que
fizessem novamente a leitura do problema, só que dessa vez com mais atenção.
Também solicitou que discutissem na dupla uma forma de resolver o problema.
Após vinte minutos de leituras e discussões, um integrante de uma das duplas
levantou e foi até a mesa da professora pegar uma folha de papel sulfite, uma régua
e uma tesoura, voltando para a carteira. Então, a dupla dobrou a folha como
sugerido no desenho apresentado a eles, desenharam um quadrado como indica a
figura do problema proposto, fizeram o corte sugerido e, ao abrir a folha,
descobriram que a alternativa correta seria a letra e. A professora pediu que naquele
momento não comentassem a resposta obtida pela dupla.
No decorrer da situação anterior, duas outras duplas trocaram informações
entre si e conseguiram descobrir a resposta correta apenas imaginando as dobras e
o corte, fazendo alguns desenhos e algumas dobras com uma folha do caderno.
Outras duplas, observando a movimentação da primeira dupla que conseguiu
apresentar uma forma de resolução, também foram até a mesa da professora,
pegaram os mesmos materiais e, então, também seguiram os passos sugeridos na
atividade, encontrando a resposta correta.
Foi possível verificar que a forma de resolução pelas duplas foi semelhante
devido à forma como os fatos ocorreram em sala de aula. Todos os alunos se
empenharam para encontrar uma resposta para o problema proposto e houve troca
de informações entre algumas duplas, ocorrendo uma comunicação entre eles em
busca de uma solução. Na situação-problema 1, apenas dois alunos não
encontraram a resposta correta.
A seguir, é apresentada uma solução que resume a grande maioria das
soluções propostas pelas duplas.
Figura 1 – Solução do sujeito18
Fonte: Dados do Pesquisador
Essa atividade apresentava baixo grau de dificuldade em sua resolução, logo
também foram apresentadas soluções simples como é ilustrado na Figura 1. Serviu
ao propósito de introduzir a conduta da resolução de problemas.
As duplas fizeram o registro de suas resoluções para o problema proposto na
lousa e a professora promoveu algumas discussões a respeito das resoluções,
chegando facilmente a um consenso sobre o resultado correto, uma vez que as
soluções apresentadas foram muito semelhantes. A seguir, a professora registrou na
lousa uma apresentação “formal”, organizada e estruturada em linguagem
matemática, padronizando os conceitos e os procedimentos construídos por meio da
resolução do problema.
Os conteúdos matemáticos percebidos e explorados pela professora durante
a resolução da situação-problema 1 foram simetria, formas geométricas planas,
ângulo reto e ângulos internos do quadrado e do retângulo.
3.2 Atividade 2
Quadro 2 – Situação-problema 2
As duas peças de madeira (em cinza) a seguir são iguais.
Pode-se juntar essas duas peças para formar uma peça maior, como mostra o
seguinte exemplo.
Qual das figuras abaixo representa uma peça que NÃO pode ser formada com as
duas peças dadas?
Fonte: Prova OBMEP 2005
Duração: 50 minutos (1 hora aula).
Na atividade 2 o desconforto inicial dos alunos foi superado e todas as duplas
empenharam-se na solução do problema e a troca de informações com as outras
duplas tornou-se mais comum. Na resolução desse problema foi possível perceber
uma maior participação dos alunos.
Ao receberem a situação-problema 2, os alunos já foram iniciando a leitura
individual e depois em duplas sem a necessidade de intervenção da professora
PDE, mostrando a familiarização dos alunos com a metodologia proposta.
Após a apresentação das soluções pelas duplas por meio do registro na
lousa, a professora realizou algumas discussões sobre as resoluções apresentadas
chegando a um consenso da sala sobre a solução correta. O próximo passo foi a
apresentação “formal”, organizada e estruturada em linguagem matemática,
padronizando os procedimentos construídos por meio da resolução da situação-
problema.
Através da análise das resoluções propostas pelas duplas foi possível
observar que houve dois tipos de resolução para a situação-problema 2. A mais
comum foi a divisão das figuras que representam as possíveis soluções para o
problema obtendo o formato das duas peças de madeira, como podemos perceber
pela solução apresentada pelo sujeito 5, na figura 2.
Figura 2 – Solução do sujeito 5
Fonte: Dados do Pesquisador
Na situação-problema 2, duas duplas não apresentaram uma resposta correta
e os principais conteúdos matemáticos abordados pela professora foram formas
geométricas planas e resolução por tentativa e erro.
3.3 Atividade 3
Quadro 3 – Situação-problema 3
Tia Anastácia uniu quatro retângulos de papel de 3 cm de comprimento por 1 cm de
largura, formando a figura abaixo.
A) Qual é o perímetro da figura?
B) Qual é o menor número de retângulos de 3 cm de comprimento por 1 cm de
largura que é necessário juntar a essa figura para se obter um quadrado? Faça um desenho
ilustrando sua resposta.
C) Qual é a área do quadrado obtido no item anterior?
Fonte: Prova OBMEP 2005
Duração: 50 minutos (1 hora-aula).
Após percorrer pelas etapas sugeridas por Allevato & Onuchic (2009) no
desenvolvimento da situação-problema 3, foi possível perceber duas formas de
soluções sugeridas pelas duplas no cálculo do perímetro da figura apresentada.
Solução 1: 1 + 2 + 3 + 1 + 2 + 3 + 1 + 2 + 3 + 1 + 2 + 3 = 24 cm.
Solução 2: 4 x 3 = 12; 4 x 2 = 8; 4 x 1 = 4 / 12 + 8 + 4 = 24 cm.
Em relação à questão “b” referente ao número de retângulos necessários para
juntar à figura apresentada formando um quadrado, houve resolução por tentativa e
erro e as demais soluções foram semelhantes e podem ser bem representadas pela
solução proposta pelo sujeito 5.
Figura 3 – Solução do sujeito 5
Fonte: Dados do Pesquisador
A solução apresentada pelo sujeito 21 para a questão “c” representa a forma
de resolução utilizada por 12 alunos, sendo que dois deles não conseguiram
apresentar uma resolução para a situação-problema 3. A resolução consistiu em
obter a área através do cálculo 6 cm x 6 cm = 36 cm2, ou seja, fizeram uso de um
artifício que se aproximou da fórmula da área do quadrado. Os outros alunos
apenas contaram a quantidade de quadradinhos formados. Portanto, durante a
formalização e padronização dos procedimentos construídos por meio da resolução
da situação-problema proposta, a professora fez com que os alunos que apenas
contaram os quadradinhos percebessem a aplicação da fórmula da área do
quadrado.
Percebe-se uma diferença dentro do grupo de alunos na forma como chegam
às respostas: alguns pensam apenas aditivamente, enquanto outros realizaram uma
multiplicação, que está mais próxima da fórmula da área.
Figura 4 – Solução do sujeito 21
Fonte: Dados do Pesquisador
Os principais conteúdos matemáticos explorados pela professora durante a
resolução da situação-problema 3 foram formas geométricas planas, perímetro e
área de figuras planas, operações fundamentais com números reais, equivalência de
áreas e resolução por tentativa e erro.
3.4 Atividade 4
Quadro 4 – Situação-problema 4
Márcia cortou uma tira retangular de 2 cm de largura de cada um dos quatro lados de
uma folha de papel medindo 12 cm por 20 cm. Qual é o perímetro do pedaço de papel que
sobrou?
Fonte: Prova OBMEP 2011
Duração: 50 minutos (1 hora-aula).
Aproximadamente 30% dos alunos resolveram o problema de forma prática,
ou seja, fizeram o mesmo procedimento que Márcia utilizou e, depois, com uma
régua mediram os lados do novo retângulo e realizaram a soma dos seus lados,
obtendo o perímetro do pedaço de papel que sobrou.
Os outros 70% resolveram a situação-problema 4 por meio de desenho e
utilização de operações fundamentais com números reais, encontrando uma solução
para o problema. A seguir será apresentada a solução do sujeito que representa
resolução semelhante a dos outros alunos.
Figura 5 – Solução do sujeito 26
Fonte: Dados do Pesquisador
Nessa atividade os conteúdos introduzidos pela professora durante a
formalização dos mesmos foram operações fundamentais com números reais,
formas geométricas planas, perímetro de figuras planas, equações, retas
perpendiculares e intersecção de retas.
3.5 Atividade 5
Quadro 5 – Situação-problema 5
Triângulo sobre triângulo
Um quadrado de lado 3 cm é cortado ao longo de uma diagonal em dois triângulos,
como na figura. Com esses triângulos formamos as figuras dos itens (a), (b) e (c), nas quais
destacamos, em cinza, a região em que um triângulo fica sobre o outro. Em cada item,
calcule a área da região cinza.
Fonte: Banco de questões OBMEP 2012
Duração: 50 minutos (1 hora-aula).
Ao tentarem resolver a situação-problema 5, os alunos não conseguiram
elaborar uma estratégia de resolução. Através do diálogo, a professora percebeu
que os alunos não sabiam como realizar o cálculo de área de triângulos, fato este
que inviabilizou a resolução do mesmo. A seguir, a professora abordou o conteúdo
de área de triângulos por meio de algumas atividades para depois aplicar novamente
a atividade proposta.
Antes de propor aos alunos a resolução do problema, os alunos foram
orientados a recortarem o quadrado de lado 3 cm como indicado na figura,
sobrepondo os triângulos de forma a obter as figuras indicadas. Após a orientação,
a maioria dos alunos conseguiu sugerir resoluções para o problema proposto, que
serão descritas a seguir.
Item “a”:
Solução 1: 3 cm x 3 cm :4 = 9 cm2 : 4 = 2,25 cm2.
Solução 2: (3 cm x 1,5 cm) : 2 = 4,5 cm2 : 2 = 2,25 cm2.
Item “b”:
Após a construção da figura sugerida, com uma régua os alunos mediram a
altura do triângulo cinza e depois sugeriram o cálculo seguinte: (1 cm x 0,5 cm) : 2 =
0,5 cm2 : 2 = 0,25 cm2.
Item “c”:
Os alunos também fizeram a sobreposição dos triângulos e com a régua
tiraram as medidas necessárias para o cálculo da área da região cinza,
apresentando as soluções que seguem:
Solução 1:
Aretângulo = 1 cm x 2 cm = 2 cm2
Atriângulo = (1 cm x 0,5 cm) : 2 = 0,5 cm2 : 2 = 0,25 cm2
Atotal = (2 + 0,25) cm2 = 2,25 cm2.
Solução 2:
1 cm x 2 cm = 2 cm2
(1 cm x 1 cm) : 4 = 1 cm2 : 4= 0,25 cm2
Acinza = (2 + 0,25) cm2 = 2,25 cm2.
Vale ressaltar que para os itens “b” e “c” quatro alunos não conseguiram
encontrar a resposta correta, já para o primeiro item todos os alunos encontraram a
resposta correta.
Os principais conteúdos utilizados pelos alunos na resolução dessa situação-
problema foram formas geométricas planas, área de figuras planas, operações
fundamentais com números reais, unidades de medidas e resolução por tentativa e
erro. Observe-se que houve necessidade de informar a forma do cálculo da área de
um triângulo para que os alunos desenvolvessem as soluções.
3.6 Atividade 6
Quadro 6 – Situação-problema 6
Uma folha quadrada foi cortada em quadrados menores da seguinte maneira: um
quadrado de área 16 cm2, cinco quadrados de área 4 cm
2 cada um e treze quadrados de área
1 cm2 cada um. Qual era a medida do lado da folha, antes de ela ser cortada?
(A) 3 cm
(B) 4 cm
(C) 5 cm
(D) 7 cm
(E) 8 cm
Fonte: Prova OBMEP 2005
Duração: 50 minutos (1 hora-aula).
Na resolução dessa situação-problema foi gasto o dobro do tempo previsto
inicialmente, pois os alunos encontraram um pouco de dificuldade na interpretação
do texto, talvez por não estarem acostumados a interpretar problemas, havendo
necessidade da professora esclarecer o que o exercício estava pedindo. Após os
esclarecimentos os alunos conseguiram dar sugestões de resoluções para o
problema proposto, que serão descritas a seguir.
Solução 1: através de um desenho, os alunos desenharam os quadrados de
área 16 cm2, 4 cm2 e 1 cm2; dividiram os de área 16 cm2 e 4 cm2 em quadrados de 1
cm2 de área; e, logo após, agruparam os mesmos de maneira a formar um quadrado
maior por meio de desenhos, obtendo um quadrado de lado 7 cm e área
correspondente a 49 cm2. Chegando a conclusão de que a resposta correta seria a
letra “d”.
Solução 2: soma das áreas dos quadrados menores: 16 + 5 x 4 + 13 x 1 = 16
+ 20 + 13 = 49 cm2. A soma dessas áreas corresponde a área da folha que foi
cortada. Dessa forma os alunos concluíram que a folha antes de ser cortada tinha
49 cm2 de área e, portanto, a folha tinha 7 cm de lado.
A solução apresentada pela maioria dos alunos foi a de número 1. Apesar
das dificuldades surgidas no início do trabalho, os alunos ficaram bastante
interessados pelo problema proposto, encarando-o como um desafio.
Os principais conteúdos matemáticos utilizados foram formas geométricas
planas, área de quadrados, operações fundamentais com números reais e unidades
de medida de comprimento e de área.
3.7 Atividade 7
Quadro 7 – Situação-problema 7
A figura mostra um quadrado de lado 12 cm, dividido em três retângulos de mesma
área. Qual é o perímetro do retângulo sombreado?
Fonte: Prova OBMEP 2009
Duração: 50 minutos (1 hora-aula).
Essa atividade foi resolvida de forma correta por vinte e dois alunos e as
resoluções foram muito semelhantes, como expomos a seguir. Através da
observação da figura da situação-problema 7, os alunos perceberam que os lados
do retângulo medem 6 cm, 8 cm, 6 cm e 8 cm. Com exceção de uma dupla, as
demais realizaram o cálculo da área desse retângulo 6 cm x 8 cm = 48 cm2 e como o
quadrado foi dividido em três retângulos de mesma área como citado no problema
proposto fizeram a seguinte soma 48 + 48 + 48 = 144 cm2. Logo após calcularam a
área do quadrado 12 cm x 12 cm = 144 cm2, verificando que a soma das áreas dos
três retângulos é igual a área do quadrado de lado 12 cm. Finalmente, fizeram o
cálculo do perímetro do retângulo da seguinte maneira: P = 6 + 8 + 6 + 8 = 28 cm.
Outras duplas fizeram da forma que segue: P = 2 x 6 + 2 x 8 = 12 + 16 = 28 cm.
Portanto, as duplas chegaram à conclusão de que a área do retângulo sombreado é
28 cm.
Os alunos utilizaram na resolução desse problema os conteúdos matemáticos
formas geométricas planas, perímetro e área de figuras planas, operações
fundamentais com números reais, equivalência de áreas e resolução por tentativa e
erro.
3 Considerações finais
O presente trabalho oportunizou aos alunos a utilização de problemas
desafiadores que foram capazes de despertar o interesse dos alunos pela
Matemática, particularmente nos tópicos de Geometria, estimulando-os a
raciocinarem. A maior parte dos alunos mostrou-se capaz de desenvolver
estratégias para resolver, analisar e confrontar os resultados obtidos e a forma como
o trabalho foi desenvolvido explorou a capacidade de produção e independência dos
alunos. Também exigiu deles a construção de novos conceitos, oportunizando a
introdução de conteúdos matemáticos ainda não conhecidos.
Por meio da utilização de resolução de problemas como metodologia de
ensino aplicada aos alunos do sétimo ano do ensino fundamental, constatou-se que
os objetivos propostos foram alcançados com êxito, percebendo-se ainda que eles
fizeram uso de seus conhecimentos matemáticos na interpretação, análise e
resolução de problemas de contextos variados.
Os alunos desenvolveram e aperfeiçoaram a capacidade de investigação
durante a busca de resultados, sugerindo possíveis soluções para as situações-
problemas propostas e desenvolvidas por meio da utilização de diversas formas de
estratégias de resolução.
As etapas de resolução de problemas sugeridas por Allevato & Onuchic
(2009) foram seguidas pela professora PDE que desempenhou o papel de
mediadora do conhecimento, com os alunos sendo estimulados para o
desenvolvimento de um trabalho colaborativo, diferenciando esta prática do ensino
tradicional de Matemática.
Enfim, é importante deixar claro que a utilização da resolução de problemas
como metodologia de ensino requer do professor dedicação e um tempo maior de
estudo, preparo e desenvolvimento das atividades, além de ser importante realizar
uma escolha criteriosa de problemas geradores que consigam provocar a
curiosidade dos alunos, fator este essencial para manter a motivação dos mesmos.
4 Referências
ALLEVATO, N. S. G.; ONUCHIC, L. R. Ensinando Matemática na sala de aula através da Resolução de Problemas. Boletim GEPEM, Rio de Janeiro, n.55, p.1-19,
2009.
IMPA/OBMEP. Prova Obmep 2005. Disponível em: <http://www.obmep.org.br/
provas.htm>. Acesso em: 07 out. 2012.
__________. Banco de Questões 2009. Disponível em:
<http://68.171.211.123/obmep/bq2009-final.pdf>. Acesso em: 09 out. 2012.
__________. Banco de Questões 2011. Disponível em:
<http://68.171.211.123/obmep/bancoobmep2011.pdf>. Acesso em: 09 out. 2012.
__________. Banco de Questões 2012. 2012. Disponível em:
<http://68.171.211.123/obmep/bancoobmep2012.pdf> Acesso em: 10 out. 2012.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Departamento da Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Matemática. Paraná: Governo do Paraná, 2008. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_mat.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2012.