a relevÂncia dos organismos de integraÇÃo regional … · 2020. 5. 27. · coronel quema...

25
A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL PARA A GEOPOLÍTICA BRASILEIRA NA AMAZÔNIA RICARDO MOUSSALLEM Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _______________________________________________________________ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais de integração Os Desafios para a Geopolítica e para a soberania brasileira na Amazônia O cenário regional: desafios e o interesse brasileiro nos organismos de integração regional com vistas a geopolítica para a Amazônia Conclusão 1. INTRODUÇÃO A Região Amazônica é uma vasta área do território brasileiro, cuja floresta equatorial abrange um ambiente comum a diversos países fronteiriços. Além disto, abriga inúmeras riquezas minerais e naturais, com uma biodiversidade única, e ainda pouco conhecida (PENNA FILHO, 2015, p.22-25). Este artigo se propõe a entender este contexto em uma região que abriga etnias indígenas, coexistindo com enormes extensões de terra demarcadas como reservas e áreas de proteção ambiental, de certa forma, desproporcionais à população de autóctones e de nacionais. Procurar-se-á entender possíveis sinergias e interesses em comum com países vizinhos, devendo-se destacar também a existência na Amazônia de um território ultramarino da França, a Guiana Francesa. Neste espectro regional, o Brasil e

Upload: others

Post on 25-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL PARA A GEOPOLÍTICA BRASILEIRA NA AMAZÔNIA

RICARDO MOUSSALLEM

Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME

_______________________________________________________________

SUMÁRIO

Introdução Os Organismos e instrumentos regionais de integração

Os Desafios para a Geopolítica e para a soberania brasileira na Amazônia O cenário regional: desafios e o interesse brasileiro nos organismos de

integração regional com vistas a geopolítica para a Amazônia Conclusão

1. INTRODUÇÃO

A Região Amazônica é uma vasta área do território brasileiro, cuja floresta

equatorial abrange um ambiente comum a diversos países fronteiriços. Além

disto, abriga inúmeras riquezas minerais e naturais, com uma biodiversidade

única, e ainda pouco conhecida (PENNA FILHO, 2015, p.22-25). Este artigo se

propõe a entender este contexto em uma região que abriga etnias indígenas,

coexistindo com enormes extensões de terra demarcadas como reservas e

áreas de proteção ambiental, de certa forma, desproporcionais à população de

autóctones e de nacionais.

Procurar-se-á entender possíveis sinergias e interesses em comum com países

vizinhos, devendo-se destacar também a existência na Amazônia de um território

ultramarino da França, a Guiana Francesa. Neste espectro regional, o Brasil e

Page 2: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

2

demais nações sul-americanas são membros de órgãos de integração Sul-

americanos e outros mais abrangentes como a Organização dos Estados

Americanos (OEA), cuja atuação e objetivos nem sempre evidenciaram um

caráter prático e adequado, carecendo de uma maior institucionalidade.

É de fácil constatação um grande interesse, de ordem global, pela Amazônia e

suas riquezas, capitaneado por nações de primeira ordem e também por

Organismos Não Governamentais e Internacionais (ONGs). O discurso do

ambientalismo foi respaldado por declarações de conhecidos chefes de Estado,

que repercutiram na mídia internacional, como François Mitterrand, Mikhail

Gorbatchev e Al Gore, além de ativistas e artistas de renome internacional (Silva,

2004, p. 25). Muito se falou sobre declarações de líderes mundiais sobre a

internacionalização da Amazônia (PENNA FILHO, 2015, p.22), além da sua

importância como “pulmão da humanidade”.

Serão estudados aspectos, peculiaridades e características dos seguintes

Organismos de Integração Regional: UNASUL (União das Nações Sul-

americanas), CDS (Conselho de Defesa Sul-americano), OTCA (Organização do

Tratado de Cooperação Amazônico), OEA (Organização dos Estados

Americanos), PROSUL (Fórum para o Progresso da América do Sul) e

MERCOSUL (Mercado Comum do Sul).

Neste sentido, serão investigados o papel, as possibilidades e a relevância dos

organismos regionais, sob a ótica da geopolítica nacional para a Amazônia,

concluindo sobre as possíveis contribuições advindas para a soberania e os

interesses brasileiros na região. Também merece referência o atual cenário

regional, permeado por novas circunstancias políticas e econômicas, pelo

recrudescimento da atuação de novos atores exógenos e a aproximação do

Brasil com maior potência global (Estados Unidos), além do estreitamento de

algumas relações bilaterais do Brasil em detrimento de outras.

Em relação a metodologia, dentro das ciências políticas, foi utilizada a escola do

Neoinstitucionalismo, tendo em vista que se busca elucidar o papel

desempenhado pelas instituições “organismos regionais de integração” na

Page 3: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

determinação de resultados sociais, econômicos e políticos de interesse (HALL

e TAYLOR, 2003). Se construirá a relação entre a instituição e o comportamento

dos seus membros, privilegiando o histórico das organizações regionais, bem

como as situações críticas enfrentadas e as consequências imprevistas1.

Ainda segundo Hall e Taylor, dentro do neointitucionalismo, utilizar-se-á dos

métodos do Institucionalismo Histórico e do Institucionalismo da Escolha

Racional. O primeiro para realizar uma análise institucional dos Organismos de

integração e responder as seguintes questões cruciais: como estas instituições

afetam o comportamento dos indivíduos (países); como os atores principais se

comportam; o que fazem as instituições; e porquê elas se mantêm?

Em relação ao Institucionalismo da Escolha Racional, adotar-se-á uma visão

de mundo político em que os países agem estrategicamente de modo a

maximizar a satisfação de seus próprios interesses, correndo o risco de produzir

resultados apenas satisfatórios para a coletividade.

Busca-se explicar a influência das instituições regionais sobre a ação individual

dos seus membros, interessando-se, sobretudo, pelas suas funções e pelas

vantagens que propiciam, dentro das regras estabelecidas em comum acordo. À

instituição compete fornecer ambiente propício à interação de atores políticos de

modo a minimizar os custos da transação2 (GRAFSTEIN, 1992).

Assim, pela teoria da escolha racional se assume que os países membros, em

especial o Brasil, são capazes de calcular a utilidade e o valor esperado de cada

ação ou escolhas, interdependentes e estratégicas, atuando em conjunto,

levando em conta as escolhas de outros antes de decidir sua própria linha de

ação (SHEPSLE, 2008).

1 HALL, Peter A. e TAYLOR, Rosemary C. R.. As três versões do neo-institucionalismo. Lua Nova [online]. 2003, n.58, pp.193-223. 2 GRAFSTEIN, Robert. Institutional Realism: Social and Political Constraints on Rational Actors. 1992 Yale University Press. Extraído: https://www.jstor.org/stable/j.ctt2250x2h.

Page 4: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

4

2. OS DESAFIOS PARA A GEOPOLÍTICA E PARA A SOBERANIA

BRASILEIRA NA AMAZÔNIA

A ocupação e conquista da Amazônia brasileira, desde a fundação de Belém em

1616, passou pela construção de mais de trinta fortes, verdadeiros marcos

definidores das fronteiras atuais, pela expedição de Pedro Teixeira, pela

bandeira de Raposo Tavares, pela ação dos capitães gerais Mendonça Furtado

e Lobo D’Almada, pela defesa do Amapá e pela revolução do Acre (VILLAS

BOAS, 2014).

A conquista da Amazônia, obtida pelo destemor dos desbravadores, repeliu e

expulsou corsários ingleses e holandeses da foz do Rio Amazonas. A União

Ibérica (1580 a 1640) ofereceu oportunidade para que bandeirantes rompessem

as Tordesilhas, um desenvolvimento histórico que tem na primeira navegação

da foz à nascente do Amazonas (1637), façanha cometida por Pedro Teixeira,

seu marco definitivo (MOURÃO, 2019).

Os esforços para assegurar a soberania nacional foram imensuráveis, desde o

Império. Euclides da Cunha, no início do século XX, já declarava: “Se não te

apercebes para integrar a Amazônia na tua civilização, ela, mais cedo ou mais

tarde, se distanciará, naturalmente, como se desprega um mundo de uma

nebulosa – pela expansão centrífuga de seu próprio movimento” (ROCHA

PAIVA, 2011).

Graças à ambição, o sentido de grandeza, pela sabedoria geopolítica, a

perspicácia e a persistência encarnadas pelo Barão do Rio Branco, o Brasil foi

capaz de chegar aos limites atuais, calcados em fronteiras estáveis e

pacificadas. Por estas ações o País desfruta da condição ímpar de confrontar-

se com dez países, sem a existência de qualquer questão pendente ao longo

dos mais de dezessete mil quilômetros de fronteira (VILLAS BOAS, 2014).

Os desafios persistem, pois, as riquezas desta região e os desafios das

“bandeiras ideológicas extremadas” em defesa do meio ambiente e povos

indígenas continuam a desafiar a nossa soberania na Amazônia.

Page 5: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

O posicionamento geoestratégico extremamente importante da imensa região

amazônica, plena de riquezas naturais, com baixa densidade demográfica,

excêntrica em relação ao poder central e ao complexo econômico brasileiro,

isolada no aspecto físico do restante do território, aguça, cada vez mais, o

interesse e a cobiça dos países desenvolvidos (MAGLUF, 2000).

A Amazônia legal representa mais da metade do território nacional. Nesse

cenário, que ameaça a vontade nacional de todos os países ibero-americanos

amazônicos, avultam as pressões pela internacionalização da gestão e manejo

da Amazônia, encobertas pelas bandeiras da preservação ambiental, da

evocação dos direitos humanos de minorias desprotegidas e da exigência de

maior eficácia no combato ao narcotráfico. Pressões que, dentre outras, podem

conduzir a intervenções, econômicas e ou militares, promovendo e aplicando o

“Dever de Ingerência” nas agressões à Soberania Nacional (MAGLUF, 2000).

Internamente, a campanha orquestrada ganhou o apoio de amplos setores

nacionais, sobretudo das ONG que atuam no país, por modismo, interesses

políticos e econômicos ou oportunismo, procurando obstar quaisquer projetos ou

empreendimentos na região amazônica.

Outras inúmeras ameaças pairam sobre a Amazônia, como a Biopirataria,

narcotráfico, FARC, ilícitos transnacionais, garimpo ilegal, desmatamento, dentre

outros (LIMA TORRES, 2012).

Amazônia é considerada, também, a maior reserva hidrográfica do planeta. Um

quinto de toda a água doce do mundo está localizado nessa região em uma rede

hidrográfica, que conta com a bacia do rio Amazonas e o aquífero de Alter-do-

Chão. Com tamanho potencial de riqueza hídrica, o rio Amazonas e seus mais

de três mil afluentes, avultam na dimensão geopolítica da preservação dos

recursos naturais do planeta (AMIN, 2015, p. 31).

No plano internacional, por exemplo, o comportamento de cobiça se intensificou

no último quarto do século XX, quando discursos ecológicos e ambientais se

consolidaram (Bentes, 2005, p. 225). Além da retórica preservacionista de

países que ressaltaram a importância de “proteção” internacional da região e

classificaram a Amazônia como “patrimônio da humanidade” e “pulmão do

Page 6: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

6

mundo” para promover interesses contrários aos nacionais dos países

amazônicos, tais quais percebidos por seus diferentes governantes (PENNA

FILHO, 2015, p. 22).

A importância da conservação do ecossistema amazônico nas mudanças

climáticas segue sendo uma bengala intelectual que esconde interesses

comerciais e econômicos de quem financia ONGs e outros porta vozes que

ostentem tal bandeira. São explicitas estas ameaças à soberania brasileira na

Amazônia, assim como as ingerências neste sentido (TILIO NETO, 2010).

Nesta guerra de narrativas e construção de um imaginário global que respalde o

discurso intervencionista na Amazônia, Daniel Deudney3 considera a “cultura

verde” como destinada a suprir necessidades psíquicas e culturais da

humanidade. Tais necessidades eram antes supridas pela religião e, atualmente,

seriam parcialmente nutridas pelo nacionalismo (DEUDNEY, in LIPSCHUTZ &

CONCA, 2003). Para Deudney, o ambientalismo forneceria ao homem de hoje

uma cosmologia própria, da qual este necessita e que é hodiernamente

aceitável.

Bastante preocupante a visão de (HURRELL, 1999), que parece dar razão à

fusão entre direito e coerção. Em clara intenção de instrumentalizar a mitigação

das soberanias nacionais, ele considera necessário dotar de instrumentos mais

eficazes as normas da sociedade internacional. Sua sugestão vai no sentido de

uma retração do critério tradicional de não intervenção, e da inclusão das

preocupações humanitárias dentro do rol de pré-requisitos à paz e à segurança

internacionais, permitindo com isso a ação dos organismos internacionais sobre

os Estados.

Uma preocupação clara para a soberania nacional na região amazônica pode

advir da alteração do conceito central de soberania frente às necessidades

ambientais emergentes. (CONCA, 1985)4, por exemplo, enxerga um viés de

3 DEUDNEY, in LIPSCHUTZ & CONCA (eds.), 1993, Cap. 11. 4 CONCA, in LYONS & MASTANDUNO (eds.), 1995, Cap. 7.

Page 7: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

enfraquecimento da soberania, já que é dito aos Estados o que fazer

internamente, mesmo colocando nas mãos do próprio Estado a defesa dos

recursos ambientais em questão.

Exemplo disto é o “Fundo Amazônia”, que, assim como outras doações

internacionais, chegam às mãos de ONGS e não ao Estado brasileiro, para que

este, soberanamente, o empregue para atender ao melhor interesse nacional

(VILELA, 2019). É importante compreender que se abre, de certa forma, a

possibilidade de uma tutela interestatal do meio ambiente.

Trazendo toda esta teoria para iniciativas concretas, há inúmeros exemplos

recentes. Nesta linha, o Presidente francês, Emmanuel Macron5, afirmou, o

seguinte: "Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão do nosso

planeta que produz 20% do nosso oxigênio, está em chamas. É uma crise

internacional. Membros do G76, vejo vocês em dois dias para falar sobre esta

emergência". Em clara internacionalização do tema e afronta à soberania dos

países da região, o Presidente francês propôs que o tema seja discutido no G7

sem a presença de representantes sul-americanos. O primeiro-ministro do

Canadá, Justin Trudeau, dias depois, mostrou apoio ao presidente da francês,

ressaltando que era preciso “agir” (LJUNGGREN, 2019).

Em relação ao tema, o Vice-Presidente do Brasil, Antonio Hamilton Martins

Mourão7, assim se pronunciou: “Acusações de maus-tratos a indígenas, uso

indevido do solo, desflorestamento descontrolado e inação governamental

perante queimadas sazonais compõem o leque da infâmia despejada sobre o

País, a que se juntou a nota diplomática do governo francês ofensiva ao

presidente da República e aos brasileiros”.

Na mesma direção de Macron, manifestou-se o secretário-geral da Organização

das Nações Unidas (ONU), António Guterres8, afirmando: “No meio da crise

5 Extraído do Twitter pessoal do Presidente Francês Emmanuel Macron, em 22 de agosto de 2019. 6 O Grupo dos Sete é o grupo dos países com as economias mais avançadas e industrializados do mundo, composto por: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, embora a União Europeia também esteja representada. 7 Jornal O Estado de São Paulo. Artigo de opinião publicado em 28/08/2019. 8 Agencia Brasil – Brasília, 22/08/2019 as 17:44 h, extraído do site oficial.

Page 8: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

8

climática global, nós não podemos esperar mais prejuízos à maior fonte de

oxigênio e biodiversidade. A Amazônia deve ser protegida” (OGLOBO, 2019).

O Papa Francisco considerou que os dirigentes do mundo devem salvar a

Amazônia, onde há muitos interesses em jogo. O Pontífice9 afirmou: "é um lugar

representativo e decisivo".

Em contraponto a este discurso e iniciativas, claramente intervencionistas, o

antigo Comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo da Costa Villas

Boas10 afirmou: “Com uma clareza dificilmente vista, estamos assistindo a mais

um país europeu, dessa vez a Franca, por intermédio de seu presidente Macron,

realizar ataques diretos à soberania brasileira, que inclui, objetivamente,

ameaças e emprego do poder militar”.

Neste embate de ideias, deve-se estar atento ao Sínodo da Amazônia, realizado

em outubro em ROMA, cujo relator geral foi o arcebispo emérito de São Paulo e

presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), cardeal Claudio

Hummes. Tal Sínodo foi internacionalizado e divulgado na Europa, por

intermédio de palestras e emitindo opiniões no sentido de explicitar o risco

ecológico na Amazônia, que segundo o Papa Francisco, está ameaçada.

Segundo o cardeal Hummes (VATICAN NEWS, 2019) 11 a partir da grande

conscientização que a humanidade acabou tomando, uma consciência da

gravidade da crise ecológica, da crise climática, a Amazônia é fundamental para

reverter essa crise: “Não podemos perder a Amazônia, mas também os povos

originários, os nossos indígenas que estão ali....e gostariam que essa Igreja

assumisse cada vez mais novos caminhos cumprir melhor sua missão ali”.

O general Villas Bôas12 expressou opinião de que o Sínodo tem viés político e

considera dados distorcidos, ignorando o que acontece na Amazônia. Há clara

9 Segundo entrevista publicada, em 23/08/19, pelo jornal italiano La Stampa. 10 Extraído em 23/08/19, do Twiter pessoal do General Villas Boas. 11 Extraído em 20/08/2019, do site: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2019-05/cardeal-hummes-consciencia-gravidade-crise-ecologica.html. 12 Extraído em 23/08/19, do Twiter pessoal do General Villas Boas.

Page 9: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

preocupação de que o relatório e suas deliberações podem reaquecer e

alimentar bandeiras ambientalistas e discursos de internacionalização.

Recentemente, a criação do corredor “Triplo A”13 foi defendida por ambientalistas

estrangeiros, despertando preocupações legítimas quanto à observância de

Princípios internacionalmente consagrados como: autodeterminação, não

intervenção e soberania dos Estados Nacionais do arco amazônico.

Uma grande área de 200 milhões de hectares onde vivem 30 milhões de pessoas

e entre seus habitantes 385 povos indígenas, de oito países sul-americanos.

Este seria o tamanho de um imenso corredor ecológico transnacional que ligaria

a cordilheira dos Andes, passando pela floresta amazônica, até o oceano

Atlântico, com 309 áreas protegidas (957.649 km2) e 1.199 terras indígenas

(1.223.997 km2) ligadas pelo imenso corredor. A ideia de criar o Corredor Andes-

Amazônia-Atlântico, também conhecido como triplo A, está em gestação há

alguns anos e tem avançado a passos largos nos últimos meses.

Há outros riscos e interesses na Amazônia. A China vem ameaçando retaliar os

EUA em relação à guerra comercial iniciada pelo presidente Trump. Uma das

formas visualizadas foi restringir o acesso às “terras raras14”, matéria prima

fundamental ao parque tecnológico norte-americano.

De acordo com o Serviço Geológico Norte-Americano, em 2010, cerca de 50%

das reservas mundiais de terras-raras identificadas estavam na China, e os

Estados Unidos detinham aproximadamente 13%. Brasil, Índia, Rússia, Malásia

e Malawi também teriam depósitos significativos. Com base em dados do

geólogo Miguel Martins de Souza, publicados em revista científica especializada,

calcula-se que a reserva de 2,9 bilhões de toneladas de terras raras na mina de

Seis Lagos, na Amazônia, resultaria em 43,5 milhões de toneladas de metal

contido (SIMÕES, 2011).

13 O conceito de "Triplo A" ou "Corredor AAA", proposto por um ambientalista colombiano há alguns anos, consistiria na formação de um grande corredor ecológico abrangendo 135 milhões de hectares de floresta tropical, dos Andes ao Atlântico, passando pela Amazônia — daí os três "A" do nome. 14 As terras raras são usadas em superimãs, telas de tablets, computadores e celulares, no processo de produção da gasolina, e em painéis solares.

Page 10: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

10

3. O CENÁRIO REGIONAL: DESAFIOS E O INTERESSE BRASILEIRO NOS

ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL COM VISTAS A GEOPOLÍTICA

PARA A AMAZÔNIA

Em abril de 2019, o Brasil formalizou a sua saída da UNASUL para integrar o

PROSUL. Cabe aqui um comentário sobre a UNASUL e o CDS, considerando-

os não como um simples fracasso, mas como um passo ambicioso e legítimo

rumo a uma integração mais ampla de todo o subcontinente, dificultada em muito

pelos impactos da grave crise econômica causada pelo fim do ciclo de alta das

comodities (GASPAR and SPINA, 2018), que certamente acarretou um

retrocesso na integração regional.

Houve, no entanto, iniciativas válidas como IIRSA (Iniciativa para Integração da

Infraestrutura na América do Sul), o COSIPLAN (Conselho de Infraestrutura e

Planejamento), ambas no âmago da UNASUL (PADULA, 2016). O seu conceito

era promissor: atribuir um caráter estratégico e um controle político a dois

projetos de integração de infraestrutura, promovendo a integração energética.

Entretanto, não apresentou resultados efetivos e a capacidade de criar fórmulas

de financiamento para os projetos. O caminho em um futuro, não muito distante

talvez, na opinião de alguns, seja avançar urgentemente para níveis de

institucionalidade supranacional (BASPINEIRO, 2107).

Em relação à contribuição destes órgãos para o desenvolvimento e proteção da

Amazônia, pode-se aduzir que a melhoria das infraestruturas, incentivadas pela

UNASUL, e a aproximação na área de defesa, proporcionada pelo CDS,

reforçaram as medidas de confiança mútua e cooperação. Por outro lado, a

fragilidade institucional dos organismos regionais, muito sujeitos a “governos de

momento” e alinhamentos ideológicos (LUIGI, 2017), de um lado, ou de outro,

evidenciam um grande desafio a ser superado.

Da mesma forma, ao utilizar um fórum regional para solucionar as crises no

subcontinente, reforça que não se faz necessário a tutela de potências ou

Page 11: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

organismos extra regionais para a solução de controvérsias. Isto é positivo para

a soberania e autonomia nas políticas e estratégias para a Amazônia.

Em junho de 2012, por exemplo, a região presenciou a demissão do presidente

paraguaio, Fernando Lugo. A estabilização da América do Sul foi promovida por

uma ação coordenada da UNASUL em defesa da democracia (FLECK, 2013).

Da mesma forma, em 2008, na Bolívia, uma ação separatista na região da Média

Luna (ZABOLOTSKY, 2018) foi tratada e solucionada pela UNASUL, evitando a

emancipação e autonomia de quatro estados na área mais desenvolvida do país.

Seguindo tal raciocínio, para o futuro, deveria haver um importante fórum para

discutir crises e temas sensíveis relacionados com a região amazônica,

evitando-se, porém, que posições diferenciadas e polarizadas entre Estados

acabe por diminuir o dinamismo das vontades convergentes.

Talvez o exemplo da Aliança do Pacífico seja uma referência para o pragmatismo

e a real abertura e incremento das relações políticas e comerciais (GUIMARAES,

2016). Este bloco mostrou-se mais atraente que a UNASUL, cujo relançamento

deveria ser discutido, independente do nome. Agora, na crise dos refugiados

venezuelanos, o Brasil e seus vizinhos precisariam decidir como agir em

conjunto e de forma coordenada, ou ajudar outras nações e organizações

internacionais a agir em seu nome.

O Brasil, após as eleições presidenciais de 2018, tem um papel importante neste

projeto fundamental de integração, passando pela modernização do

MERCOSUL. Há dois pontos importantes a serem analisados em relação ao seu

momento atual: a eleição de outubro de 2019 na Argentina, que pode configurar

um novo desalinhamento político entre as duas maiores economias da região,

em um momento de renegociação de acordos no MERCOSUL e da busca por

seu aperfeiçoamento no sentido de corrigir a paralisia dos últimos anos. Outro

ponto é a iminência da conclusão do acordo comercial entre a União Europeia e

o MERCOSUL, que pode reascender o comércio regional e as apostas em maior

integração regional.

O MERCOSUL conforma uma espécie de núcleo duro da estabilidade regional

como foi nas crises do Paraguai (1999) e da Argentina (2001), que não

Page 12: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

12

significaram o fim da democracia nesses países (CERVO e BUENO, 2008, p.

450). Isso demonstra que há certa perenidade de valores, e que o MERCOSUL,

com a sua cláusula democrática, é uma fonte de exportação de alguma

estabilidade democrática no continente, com reflexo nas políticas comuns para

a Amazônia (FREIRE, 2016).

Ainda sobre MERCOSUL e UNASUL, a integração das cadeias turísticas e a

isenção do uso de vistos no trânsito de cidadãos sul-americanos entre as nações

do subcontinente contribuem para uma maior interação no campo social, criando

uma identidade sul-americana. Grande prova disto é o número considerável, no

Brasil, de estudiosos da língua espanhola15. A quantia é seis vezes superior ao

levantamento feito em 2006.

Ainda no campo psicossocial, o Brasil recebia 1,99 milhões de turistas em

199916. Em 201817, recebeu cerca de 6,59 milhões. Deste total, 60,00% eram

provenientes da AS, que ocupava o 1º lugar em termos de mercado emissor de

turista.

Ou seja, apesar da paralisia política e econômica atual, alguns números são

alvissareiros, ao se analisar o Brasil como parceiro comercial da América do Sul

(CORTADA, 2008). CERVO e BUENO, apontam, ainda, que o “comércio regional

elevou-se de 4,1 bilhões de dólares, em 1990, para 20,5 bi, em 1997 [...] as

exportações do bloco cresceram 50% e as importações 180% [...]”.

Os dados sobre a evolução do comércio entre os países sul-americanos desde

o início do MERCOSUL são relevantes. Em 1990, a América do Sul era apenas

o quinto bloco comercial mais importante do Brasil, com déficit na balança

comercial. Essa mesma região, dez anos depois, já era o primeiro bloco, com

superávit comercial de quase 100 bilhões.

15 Conforme apontado em estudo do Instituto Cervantes - "Anuário 2019: o espanhol no mundo", mais de 6 (seis) milhões de brasileiros estudam espanhol no Brasil. 16Ministério do Turismo. Anuário Estatístico de Turismo do Ministério do Turismo 2009. Vol. 36, ano base 2008. 17 Estudo da Demanda Turística Internacional 2018. FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas econômicas). Ministério do Turismo. Agência Brasil.

Page 13: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

Figura 2: South Sudan Map. Figure 3: South Sudan Map.

Source: (Geographic Guide, 2017). Source: (Geographic Guide, 2017).

Este papel de indutor da integração pode ser desempenhado pelo PROSUL. O

espaço deverá abordar, de maneira flexível, temas de integração em

infraestrutura, energia, saúde, defesa, segurança e combate ao crime, e

prevenção e manejo de desastres naturais. Os produtos finais podem, por meio

de sinergia e de interesses comuns das nações membros, impulsionarem o

desenvolvimento e a presença estatal na Região amazônica.

As nações que lançaram o PROSUL entenderam que a UNASUL, da forma como

funcionou desde sua criação em 2008, perdeu efeitos práticos, mantendo custos,

e passou a disputar decisões sobre temas que já são tratados em outras

instâncias, como o MERCOSUL. O PROSUL não deve ter um tratado e não será

um organismo, como a UNASUL. Resta ver se, uma vez mais, o discurso

ideológico contaminará o efeito prático do novo organismo de integração.

Em relação às possibilidades da OTCA, quanto ao interesse da geopolítica

nacional na Amazônia, pode-se obter resultados significativos, desde que os

países membros adotem discursos e ações alinhadas com a construção de um

fórum que defenda a autonomia e a soberania dos países da região, até como

contraponto aos interesses internacionais. Em função do interesse soberano dos

países membros, seria possível legitimar iniciativas fundamentais para o

desenvolvimento sustentável deste ecossistema, rebatendo discursos

fisiológicos de riscos ambientais irreparáveis, que servem, na verdade, a

interesses escusos.

Page 14: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

14

O atual posicionamento do Governo brasileiro em relação ao questionamento do

rígido e inflexível controle das licenças ambientais, bem como sua recusa em

sediar a conferência global sobre o clima, criou um ambiente propício à

proliferação de narrativas tendenciosas sobre a capacidade nacional de proteger

e salvaguardar este “patrimônio da humanidade”. Alemanha e Noruega vem

alardeando a suspensão de ajuda financeira para a conservação das áreas de

floresta. A OTCA poderia servir de fórum para a discussão destes temas, de

forma isenta e soberana.

Rubens Ricupero (MATTOS, 1980, pp. 122-3), falando sobre o Tratado de

Cooperação Amazônica, chega a sugerir que (...) “a regionalização ou vocação

regional da Amazônia é o melhor antídoto para coibir o aparecimento de

modernas reencarnações da desmoralizada, mas persistente, manobra da

internacionalização”. Da mesma forma, a OTCA poderia firmar posição

homogênea em respostas às posições polêmicas adotadas em fóruns exógenos

aos países da região, como o Sínodo da Amazônia por exemplo.

Ainda nesta linha, se pode inferir que o OTCA poderia ser útil ao Brasil para os

seguintes objetivos estratégicos:

1) defender a soberania nacional dos países da região no

desenvolvimento e proteção da Amazônia, além da utilização e

preservação dos seus inestimáveis recursos naturais;

2) reforçar a cooperação regional e a busca pela harmonia entre o

desenvolvimento e a proteção ecológica, em consonância com o direito

à autodeterminação;

3) reger os temas que exigem um tratamento multilateral, como a

preservação da flora e da fauna, o intercâmbio de dados, etc.

Por outro lado, como desafios à efetividade deste órgão, cumpre destacar que a

OTCA não dispõe de suficientes recursos próprios, seu processo decisório é

lento e sua projeção internacional está aquém do que se espera de uma

Organização que trata de temas tão relevantes como os que concernem à

Amazônia. Dessa maneira, tornar a OTCA eficiente, em conformidade com as

Page 15: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

prioridades definidas pelo Estado brasileiro, surge como tarefa necessária à

gestão estratégica do território amazônico (GADELHA, 2010).

A falta de efetividade da OTCA prejudica sua atuação na integração e

coordenação de esforços dos condôminos da Bacia Amazônica, o que engloba

a prevenção de ameaças extracontinentais. Esse óbice pode favorecer a

ingerência internacional, particularmente em temas como narcotráfico,

autodeterminação indígena, crimes ambientais e escassez de recursos naturais

(MATOS, 2014).

Celso Lafer18, por exemplo, acredita que a experiência com o TCA, na ótica

brasileira, cumpriu vários objetivos. Ressalta-se o de “desarmar os espíritos” nos

países amazônicos, em vista do processo de desenvolvimento que se verifica na

Amazônia Brasileira, além de declarar que a Amazônia pertence aos países que

nela possuem território – “A Amazônia para os países amazônicos”. Isto permitiu

uma maior aproximação do Brasil com a América Latina.

A complexidade dos problemas regionais amazônicos, bem como sua natureza

internacional impõe ao Estado brasileiro, além de uma clara política doméstica,

uma política concertada com seus vizinhos amazônicos. A OTCA é fórum

privilegiado para a harmonização e a execução de políticas multilaterais, sob

esse prisma multidimensional (MATOS, 2014).

No que tange a OEA, cabe aqui, novamente, analisar o cenário regional. Desde

a posse do novo governo brasileiro, em 2019, Brasil e EUA, nas figuras de seus

presidentes, tem sinalizado uma clara aproximação, que se explicitou com

episódios recentes como: recepção com significativa deferência na 1ª visita do

Presidente Jair Messias Bolsonaro aos EUA; a nomeação de general brasileiro

como segundo no comando do Comando Sul dos EUA; e a distinção do Brasil

como parceiro estratégico da OTAN.

Assim, vale ressaltar que o maior alinhamento do Brasil com os EUA, pode vir a

ter um papel decisivo no interesse deste órgão para a política brasileira na

Amazônia. Ainda neste sentido, recentemente os EUA cumpriram o acordo de

apoiar a entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e

18 Celso Lafer, Paradoxos e Possibilidades. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, pp. 163-4.

Page 16: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

16

Desenvolvimento Econômico). Também o possível acordo para a utilização das

Bases de lançamentos de foguetes Alcântara e a fusão da Embraer e Boeing

são indícios desta melhoria nas relações. Na recente crise venezuelana, a OEA

esteve alinhada com as posições brasileiras.

Ainda tratando do atual espectro regional, em relação à crise migratória na

Venezuela, no que tange à geopolítica nacional e às ameaças à soberania

brasileira na Amazônia, pode-se inferir que três aspectos puderam ser

observados: 1) A dificuldade de controle deste tipo de fluxo, em especial devido

ás características do teatro de operações amazônico, e a repercussão imediata

de qualquer medida que tenha caráter restritivo; 2) o risco de ingerência de

nações exógenas ao Subcontinente, como foi o caso de Rússia e Cuba, o que

evidencia a necessidade de apoios e respaldos na mesma proporção, vindos dos

EUA, aliado natural do Brasil; e 3) a fragilidade e falta de capacidade de

dissuasão compatível com a envergadura econômica e geopolítica do Brasil.

Dito isto, salta aos olhos a importância que a OEA pode vir a ter para respaldar

a posição brasileira em crises como esta. Entretanto, em passado recente, a

OEA pressionou politicamente o Brasil em temas de desmatamento na

AMAZÔNIA, como foi o caso do assassinato do ambientalista Chico Mendes,

assim como outras questões de direitos humanos, de minorias e meio ambiente.

Outro episódio que nos serve de alerta foi a posição norte-americana durante a

Guerra das Malvinas (SHINEIDER, 2003), dando as costas ao hemisfério e aos

compromissos do TIAR para alinhar-se à OTAN, foi um episódio edificante para

aqueles que não haviam ainda se indagado sobre o imobilismo da OEA por

ocasião do golpe de Estado na Guatemala, em 1954, ou da invasão à

República Dominicana, em 1965.

Cabe estudar e avaliar qual seria o interesse brasileiro em ampliar sua

participação na OEA, passando talvez a legitimar mais este órgão em algumas

posições de interesse do Brasil no cenário global. O Brasil foi um dos 21

fundadores da OEA, assinando a Carta de 1948, sendo signatário de inúmeros

Page 17: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

tratados, convenções e declarações interamericanas nas mais diversas áreas,

muitos dos quais restringem a sua liberdade de ação em diversos temas19.

Contudo, o assunto é controverso, existindo uma participação ativa do Brasil nos

diversos órgãos da OEA, como a Junta Interamericano de Defesa e nas demais

comissões. Recentemente, o Brasil quitou, com o pagamento de US$ 18

milhões, dívida de 2016 e pagou a contribuição de 2017 para a OEA. Agora, o

País estuda fazer uma contribuição de US$ 500 mil (cerca de R$ 1,5 milhão)

para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), como estratégia

que, com êxito, promoveu a candidatura à instituição de Flávia Piovesan,

secretária especial de Direitos Humanos (AGENCIA ESTADO, 2017).

4. CONCLUSÃO

Sob a ótica do Neoinstitucionalismo, buscou-se entender o interesse do Brasil

e de seus parceiros sul-americanos em aprofundarem a integração no

subcontinente, investindo nas organizações regionais para o fortalecimento das

suas soberanias e para a maior sinergia geopolítica na Amazônia.

Da análise histórica, pode-se aduzir que, ao se aprofundar os laços econômicos

e políticos, assim como a integração física e, até mesmo, o aspecto social, se

engendra uma base mais sólida que serve de alicerce para a construção de uma

convergência de propósitos e de posições comuns referentes a diversos temas

de interesse, como a própria autodeterminação e gestão legitima e autônoma da

Amazônia.

A maior institucionalização, por intermédio dos órgãos de integração, torna essa

articulação entre os países menos vulnerável a variações de conjunturas

internas e, em tese, de posicionamentos ideológicos. Cria-se, também, um

19 O Brasil é signatário de inúmeros tratados, convenções e declarações interamericanas nas mais diversas áreas, muitos dos quais restringem a sua liberdade de ação em diversos temas. entre os quais estão: a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem; a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (e Protocolos Adicionais); a Carta Democrática Interamericana; a Carta Social das Américas; o Tratado Americano de Soluções Pacíficas; a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância; a Convenção Interamericana contra Todas as Formas de Discriminação e Intolerância, dentre outras.

Page 18: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

18

vínculo permanente para agendar reuniões, constituir pautas, fechar convênios,

resolver crises, formular e executar projetos, etc.

Neste sentido, de forma mais pontual, a OTCA poderá reforçar a busca por

construir credibilidade, não só do Brasil, mas também dos demais signatários,

no plano internacional, investindo no capital representado pela imagem da

Amazônia. Com uma estrutura própria, a OTCA permite aos formuladores da

política externa brasileira a consolidação de projetos de cooperação e a busca

de financiamentos para a Amazônia, bem como com a construção da imagem

favorável e reconhecida internacionalmente pelas adequadas ações de manejo

legítimo e sustentável da Amazônia.

A OTCA poderia ser fórum para discutir os temas que exigem um tratamento

multilateral, aumentando o peso e a legitimidade de posicionamentos soberanos

em temas sensíveis na agenda global, bem como políticas específicas para a

população indígena. Além disto, a OTCA fornece uma moldura institucional, para

que os países amazônicos troquem experiências e coordenem esforços e

sistemas integrados de gestão para monitoramento da cobertura florestal, com

elaboração de mapas regionais do desmatamento e a instalação de gabinetes

multinacionais para gestão de crises como queimadas e outras ameaças ao

ecossistema amazônico.

Em relação a OEA, apesar da profunda assimetria de poder político e econômico

que tem impregnado as relações interamericanas e dificultado o multilateralismo

regional, não se pode descartar sua importância para eventual contrapeso a

interferência de potencias extra regionais, não alinhadas com os interesses

nacionais. Soma-se a isto, o alinhamento político cada vez maior do Brasil com

a maior potência econômica mundial, já amplamente explorados neste trabalho.

Apesar do insucesso da UNASUL, o subcontinente pôde testemunhar a validade

deste órgão, aí considerado o CDS. Da mesma forma, o MERCOSUL reforçou

os laços econômicos, políticos e sociais na América do Sul, aumentando as

ligações físicas, na área logística e energética, que permitiria prosseguir na

integração com os países andinos e amazônicos, reforçando os investimentos e

Page 19: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

a presença estatal nesta rica região florestal. A geopolítica brasileira sempre

exortou a expansão da infraestrutura sul-americana, com o imperativo de ocupar

a Amazônia, enquanto a política externa brasileira busca uma maior

aproximação com a América Latina.

O PROSUL se apresenta como o eventual substituto da UNASUL, precisando

superar alguns desafios já característicos da integração da sul-americana, como:

falta de tradição na cessão de soberania; as grandes assimetrias e a geografia

como obstáculo; a baixa convergência de políticas macroeconômicas, e mais

abordagem política do que econômica de certos países (JUGMAN, 2012).

Como consequência imediata da constituição destes blocos, pode-se aduzir que

o subcontinente aumenta sua capacidade de discutir temas sensíveis em fóruns

internacionais, aí inclusos os relacionados com a soberania, meio ambiente e

Amazônia. Assim, caberia à liderança brasileira o papel de indutor da discussão

de temas amazônicos de interesse comum aos países da região, respaldando a

gestão soberana dos recursos existentes e combatendo possíveis narrativas que

sirvam aos protagonistas exógenos.

O investimento individual e coletivo do Brasil e de seus vizinhos nestas

Instituições regionais permitem impulsionar e potencializar a estratégia de

constituir uma estrutura permanente de articulação entre os países do norte da

América do Sul, e consolidar espaços diplomáticos regulares e constantes de

relacionamento com a constituição de um “espaço sul americano”, gerando

maior sinergia na guerra da comunicação e no conflito das narrativas, em relação

à opinião pública interna e externa.

Page 20: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

20

4. REFERÊNCIAS

Agencia ESTADO. Brasil "turbina" candidatura para comissão da OEA. 06/04/2017. https://noticias.r7.com/brasil/brasil-turbina-candidatura-para-comissao-da-oea-06042017. AMIN, Mario Miguel. A Amazônia na geopolítica mundial dos recursos estratégicos no século XXI. Revista Crítica de Ciências Sociais. Belém, [Online], ed.107/2015, 04 set. 2015. Disponível em: <http://rccs.revues.org/5993>. Acesso em: 15 out. 2017>. ALBUQUERQUE, Edu Silvestre de. Uma breve história da geopolítica. Rio de Janeiro: Centro de Estudos em Geopolítica e Relações Internacionais (CENEGRI), 2011. ANTIQUERA, Daniel De Campos. Universidade Estadual De Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, 2006. ARAVENA, Francisco Rojas. Seguridad internacional, el espacio y posición de América Latina. 2012. Los desafíos de Seguridad en Iberoamérica. Cuadernos de Estrategia. N.158. Instituto Español de Estudios Estratégicos. Madrid. Ministerio de Defensa de España. BARRIOS, Miguel ÁNGEL. Consejo de Defensa Sudamericano, desafíos geopolíticos y perspectivas continentales. Editora Biblos, Buenos Aires, 2011. BECKER, B. K. Amazônia: Desenvolvimento e Soberania, In: Brasil, o estado de uma nação. Rio de Janeiro: 2005. BENCHIMOL, Samuel. Amazônia, um pouco-antes e além-depois. São Paulo: Humberto Calderaro, 1977. Coleção Amazoniana, v.1. BRASIL. Exército. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Manual Escolar Elaboração de Projetos de Pesquisa na ECEME (ME 21-259). Rio de janeiro, 2012. BASPINEIRO, A. C. UNASUL supranacional, ¡urgente! La Razón. 22 set. 2017. Disponível em: http://www.larazon.com/opinion/columnistas/UNASUL-supranacional-urgente_0_2787921184.html. Acesso em: 01 set. 2018. BELIZ, G.; CHELALA, S. El ADN de la integración regional. Washington D.C. : BID, 2016.

Page 21: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

BENTES, Rosineide. A intervenção do ambientalismo internacional na Amazônia. Estudos Avançados, São Paulo, v. 19, n. 54, maio/ago. 2005. BUZAN, Barry; WAEVER, Ole. Regions and powers: the structure of international security. Cambridge and New York: Cambridge University Press. 2003. CERVO, Amado Luiz y BUENO, Clodoaldo. Historia de la Política Exterior de Brasil. Brasilia, 2008. Universidad de Brasilia. 3ª Ed. CONCA, K. (1995). Proteção Ambiental, Normas Internacionais e Soberania do Estado: O Caso da Amazônia Brasileira, em GM Lyons e M. Mastanduno, org., Beyond Westphalia: Soberania do Estado e Intervenção Internacional (pp. 147 -169). Baltimore: Imprensa da Universidade Johns Hopkins, 1995, Cap. 7. CONSIDERA, Carlos Alexandre Fernandes. Desarrollo Productivo y Equidad Social en América del Sur: Metas de Integración Social en el Siglo XXI. 86f. Universidad Federal Fluminense. Niterói: 2006. CORTADA, Antonio Martins. Comércio e integração do Brasil na América do Sul. Curitiba. Ed. Juruá. 2008, p. 40-48 CUNHA, Euclides da. Um paraíso perdido. Manaus: Valer/Governo do Estado do Amazonas/ Edua, 2003. Série Poranduba. DE LA TORRE, Pablo Celi. El anclaje suramericano de integración y seguridad regional. 2012. Los desafíos de Seguridad en Iberoamérica. Cuadernos de Estrategia. N.158. Instituto Español de Estudios Estratégicos. Madrid. Ministerio de Defensa de España. El País. CUÉ, Carlos, E. 77% dos latino-americanos apoiam maior integração económica. Buenos Aires, 21/10/2016. Extraído do site: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/20/internacional/1476970128_583162.html. DOS SANTOS, NORMA BREDA. Cinqüenta anos de OEA: o que comemorar? Rev. bras. polít. int. vol.41 no.2 Brasília July/Dec. 1998. FLECK, Isabel. Países boicotean paraguayo en OEA. Periódico Folha de São Paulo. 06/04/2013. Extriado: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/102350-paises-boicotam-fala-de-paraguaio-na-oea.shtml. GADELHA, Hayle Melim. A OTCA na política externa brasileira: interesse minguante ou utilidade crescente? Instituto Rio Branco. 2010.

Page 22: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

22

GARCIA, Marco Aurélio. Recursos Naturales y conflicto en América del Sur. In. JOBIM, Nelson A.; ETCHEGOYEN, Sérgio W; ALSINA, João Paulo. Seguridad Internacional. Perspectivas Brasileñas. Rio de Janeiro. Editora FGV, 2010, p. 293. GASPAR, Bruno e SPINA, Rose. A opção sul-americana: reflexoes sobre política externa. Fundação Perseu Abramo. São Paulo, 2018. GRAFSTEIN, Robert. Institutional Realism: Social and Political Constraints on Rational Actors. 1992 Yale University Press. Extraído: https://www.jstor.org/stable/j.ctt2250x2h. GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. Integração regional e acordos de livre comércio. Os Desafios da Integração Sul-Americana: autonomia e desenvolvimento. FOMERCO, Rio de Janeiro, 2016. HALL, Peter A. e TAYLOR, Rosemary C. R.. As três versões do neo-institucionalismo. Lua Nova [online]. 2003, n.58, pp.193-223. HURRELL, Andrew. Inequality, Globalization, and World Politics. OXFORD UNIVERSITY PRESS, 1999. JUGMAN, Raul. Importancia Estratégica de UNASUL. Ponencia en el I Encuentro Sudamericano de Estudios Estratégicos – Escuela Superior de Guerra (ESG). Rio de Janeiro, 10 a 13 de noviembre de 2009. LAFER, Celso. Paradoxos e Possibilidades. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, pp. 163-4. LIMA TORRES, Alexandre. A Amazônia e a soberania nacional. ECEME, 2012. LJUNGGREN, David. Abalado por escândalos, canadense Trudeau inicia campanha de reeleição difícil. Extraído, em 22/09/19, do site: https://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKCN1VW25B-OBRWD. LUIGI JÚNIOR, Ricardo Abrate. A Integração Regional na América do Sul: a efetividade da UNASUL. Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas, 2017. MAGLUF, Alei Salim. Amazônia: Novas Ameaças e seus Reflexos para o Exército Brasileiro no próximo Quarto de Século. ECEME, 2000. MATOS, Sergio Ricardo Reis. Segurança e desenvolvimento nas políticas de defesa dos

Page 23: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. Boletim Meridiano 47 vol. 15, n. 144, jul.-ago. 2014 [p. 10 a 16]. MATTOS, Carlos de Meira. Uma geografia Pan-amazônica. Rio de Janeiro: Bibliex - Biblioteca do Exército, 1980. MINISTERIO DE RELACIONES EXTERIORES DE BRASIL. Nota nº 265 - Distribución 22 - Tratado Constitutivo de la UNASUR. Brasilia. 2008. Nota nº 518 - 15/10/2009. Elección de Brasil para el Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas. Brasilia, 2009. Asesoría de Gabinete de Prensa. MIYAMOTO, Shiguenoli. Seguridad y la nueva orden internacional. Revista MONTENEGRO, Francisco J. Verdes. El regionalismo posliberal y La (In) seguridad: la respuesta del ALBA y UNASUR. Universidad Complutense de Madrid. Madrid: 2011. MOURÃO, Antonio Hamilton Martins. Jornal O Estado de São Paulo. Artigo de opinião publicado em 28/08/2019. Nota Nr 700 de Itamaraty - Declaraciones y decisiones de la "Cúpula Extraordinaria de UNASUR”. Brasilia. 2008. OLIVEIRA, ELIANE. Com Unasul rachada e parada, vizinhos dão ultimato à Bolívia. 20/04/2018. Extraida do site: https://oglobo.globo.com/mundo/com-unasul-rachada-parada-vizinhos-dao-ultimato-bolivia-22613958#ixzz5NM7e6500 PADULA, Raphael. Desenvolvimento, industrialização, recursos naturais e arquitetura financeira. Os Desafios da Integração Sul-Americana: autonomia e desenvolvimento. FOMERCO, Rio de Janeiro, 2016. PENNA FILHO, Pio. Interações regionais e pressões internacionais sobre a Pan-Amazônia: Perspectivas Brasileiras. Caderno: Amazônia e Atlântico Sul: desafios e perspectivas para a defesa no Brasil. Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), Brasília, 2015. RANGEL, Alberto. Inferno verde: cenas e cenários do Amazonas. 5. ed. Manaus: Valer/Governo do Estado do Amazonas, 2001. REIS, Arthur Cezar Ferreira. A Amazônia e a cobiça internacional. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. SCHNEIDER, Edson Rodrigues. MERCOSUL: um estudo geopolítico e seus reflexos para o estabelecimento de um sistema de defesa integrado. ECEME, Rio de Janeiro, 2003, p. 31, 78 f, 30 cm.

Page 24: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

24

SHEPSLE, Kenneth A. Rational choice institutionalism. In: RHODES, R. A. W.; BINDER, S. A.; ROCKMAN, B. A. (Orgs). The Oxford book of political institutions. Oxford: Oxford University Press, 2008. SILVA, Marcelle Ivie da Costa. Amazônia e política de defesa do Brasil. 2004. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Campinas, Campinas, 2004 SIMÕES, Janaína. Brasil tem uma das maiores reservas de terras raras do planeta. Inova Unicamp, Campinas, 24/05/2011. Extraído: https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=reservas-terras-raras-brasil&id=010160110524#.XZ88un-fiUk. SOUZA NETO, José Estanislau do Amaral. O Tratado de Cooperação Amazônica. Fundação Alexandre de Gusmão. IPRI. Brasília -1989. TILIO NETO, Petrônio de. Ecopolítica das mudanças climáticas: o IPCC e o ecologismo dos pobres [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010. 155 p.ISBN: 978-85-7982-049-6. UGARTE, José Manuel. El Consejo de Defensa Suramericano: Balance y perspectivas. Universidad de Buenos Aires. Buenos Aires: 2012. UNCTAD. Handbook of International Trade and Development Statistics. Nova York y Ginebra. UNCTAD: 1994. Universidade Federal de Rio de Janeiro. Un discurso de estrategia nacional: la cooperación sudamericana como camino para la inserción internacional de Brasil. Rio de Janeiro: 1999. VATICAN NEWS. Cardeal Hummes: consciência e gravidade da crise ecológica. Extraído: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2019-05/cardeal-hummes-consciencia-gravidade-crise-ecologica.html. VERDÉLIO, Andreia. Brasil formaliza saída da Unasul para integrar Prosul. Agência Brasil, Brasília,16/04/2019. Extraído do site: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2019-04/brasil-formaliza-saida-da-unasul-para-integrar-prosul. VILELA, Pedro Rafael. Governo recebeu denúncias de incêndios criminosos, diz porta-voz. Agência Brasil. Brasília, em 21/08/2019. Extraído, em 21/09/2019, do site: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2019-08/governo-recebeu-denuncias-de-incendios-criminosos-diz-porta-voz.

Page 25: A RELEVÂNCIA DOS ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL … · 2020. 5. 27. · Coronel QUEMA professor da SPE/ECEME _____ SUMÁRIO Introdução Os Organismos e instrumentos regionais

VILLAS BÔAS, Eduardo Dias da Costa. Meira Mattos, a Amazônia e o livro. Cadernos de Estudos Estratégicos, [S.l.], n. 12, p. 43-75, dez. 2013. ZABOLOTSKY, B. P. . O Papel da UNASUL na Resolução de Conflitos na América Do Sul: O Caso da Crise da Meia Lua na Bolívia em 2008.. CONJUNTURA GLOBAL , v. 6, p. 461-478, 2017. __________________________________________ Cel Inf Ricardo Moussallem – Instrutor da ECEME