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Camila de Oliveira Carmignotto RA. 001200301966 A RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO E SUAS INFLUÊNCIAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Bragança Paulista 2007

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Camila de Oliveira Carmignotto

RA. 001200301966

A RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO E SUAS INFLUÊNCIAS NO

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Bragança Paulista 2007

Camila de Oliveira Carmignotto

RA. 001200301966

A RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO E SUAS INFLUÊNCIAS NO

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Monografia apresentado à disciplina de Trabalho de conclusão de Curso da Universidade São Francisco, sob a orientação da Professora Doutora: Rita da Penha Campos Zenorini, como exigência parcial para conclusão de curso de graduação.

Bragança Paulista 2007

CARMIGNOTTO, Camila de Oliveira. A relação professor e aluno e suas influências no processo de ensino e aprendizagem. Monografia defendida na Universidade São Francisco em 10 de Dezembro de 2007 pela banca examinadora constituída pelos professores. Profº Rita da Penha Campos Zenorini USF- orientadora Profº Eliane de Souza Ramos USF- examinadora

À Deus

Pela força e sustentação oferecida dia após dia,

quando minhas forças já não eram mais suficientes, e quando eu necessitava de sustentação.

Obrigada por ser meu escudo e fortaleza, socorro bem presente na hora da angústia.

AGRADECIMENTOS

A Deus, autor da vida, que fortaleceu meus passos quando meu desejo era retroceder, ou até mesmo parar na caminhada. A Ele toda a gratidão pela vitória alcançada. Aos meus pais eternos educadores, que me incentivaram a continuar caminhando, nesta jornada de faculdade. A vocês meu sincero agradecimento. Ao Paulo, meu noivo que me apoiou e me ajudou ao longo desta trajetória. Muito obrigada pela força, carinho e atenção. A todos os professores que tive o prazer de tê-los ao longo destes 4 anos. A vocês que me incentivaram, e de forma direta ou indireta me auxiliaram para que eu chegasse ao fim deste processo com sucesso. A professora e avaliadora Eliane de Souza Ramos, que com muita dedicação participou deste momento importante de minha vida, trazendo valiosas contribuições para o meu trabalho. Em especial a coordenadora, professora e orientadora do Curso de Pedagogia: Rita da Penha Campos Zenorini, pela dedicação e atenção dispensada, que demonstrou ser um exemplo de profissional.

“ Acredito no sol mesmo quando ele não Brilha; Acredito no amor, mesmo quando ele não é demonstrado; Acredito em Deus, mesmo quando Ele não fala.”

Max Lucado

CARMIGNOTTO, Camila de Oliveira. A relação professor e aluno e suas influências no processo ensino – aprendizagem. 2007. Monografia- Curso de Pedagogia da Universidade São Francisco, 32 f, Bragança Paulista.

RESUMO

A relação professor e aluno, ligada à afetividade e a cognição, é fator importante na escola, e que vem sendo bastante discutida por autores e estudiosos. O problema em questão gera em torno de se entender que à relação professor e aluno não se restringe aos aspectos cognitivos, mas aos afetivos também. Este estudo foi realizado por meio de pesquisas bibliográficas, e teve como objetivo destacar a influência da relação professor e aluno e suas implicações no processo pedagógico. A pesquisa abordou a afetividade na relação professor e aluno; o professor como mediador; o planejamento; a avaliação e pesquisa sobre afetividade e cognição. Contudo, constatou-se por meio das discussões feita pelos autores, que a inteligência não se desenvolve sem os aspectos afetivos e vice e versa. Portanto há a necessidade de cada professor ter clareza destes aspectos já que eles estão ligados, para que o olhar do docente para os educandos seja diferenciado, facilitando a relação professor e aluno. Palavras-Chave: RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO, AFETIVIDADE, COGNIÇÃO.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 8

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 10

2.1 O professor Mediador 15

2.2 Planejamento 18

2.3 Avaliação 20

2.4 Afetividade e Cognição 23

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 25

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28

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INTRODUÇÃO

A relação humana é um aspecto bastante complexo e se apresenta como um desafio no contexto escolar que conta com diversidades de comportamentos, pensamentos, valores e com diferentes tempos de aprendizagem. O desejo de tornar-se parte de um grupo e de relacionar-se com o mundo é uma necessidade básica do ser humano. O processo de construção de um relacionamento não acontece de forma mágica, alguns princípios são fundamentais, como a confiança, a amizade e o respeito.

Araújo (2003) ressalta que a construção de valores dentro da escola e principalmente dentro da sala de aula requer o esforço das pessoas envolvidas nesse contexto, para que se conheçam, se olhem, se ouçam, se falem, se estimulem. Na verdade, este processo necessita de posturas que valorizem às relações interpessoais no ambiente escolar.

Sabe-se que a postura do docente em sala de aula vai além de despejar a matéria em sala de aula, mas sim, conhecer os alunos e seu contexto familiar, procurar compreendê-los, e desta forma promover situações que contribuam para superação de suas dificuldades. Considerando estes aspectos Oliveira (2000) ressalta que o professor precisa proporcionar aos estudantes oportunidades para que estes participem de experiências individuais e ou coletivas, necessárias ao seu desenvolvimento integral.

Cabe ressaltar que um bom relacionamento entre o professor e o aluno, faz com que o processo de ensino e aprendizado seja lembrado como um momento agradável na fase escolar. Sobre isto Rossini (2004) destaca que no processo de ensino-aprendizagem o estudante necessita de compreensão, carinho e atenção. Tudo isto pode ocorrer por meio da boa vivência que ocorre com o professor e com os colegas. Assim o estudante gradativamente exercita hábitos, desenvolve atitudes e valores.

O problema em questão gira em torno da necessidade de se entender que a relação professor-

aluno não se restringe aos aspectos cognitivos, mas também aos afetivos. Como menciona Leite

(2006) a discussão da afetividade nas práticas pedagógicas vem crescendo e se constituindo como

um objeto específico de estudo. O autor menciona que, para ele, na década de 1990 a questão da

afetividade e ensino configurou-se como objeto de estudo e ganhou espaço e importância nas suas

atividades acadêmicas. Ele justifica esse possível “atraso” às mesmas razões que explicam por que a

Psicologia demorou para reconhecer o papel da afetividade e da emoção no processo de

aprendizagem.

Oliveira (2000) explica que as dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico ao

longo da história da psicologia como ciência, foi tratada de forma separada e que atualmente há o

reconhecimento de se superar essa divisão. A autora discute o papel da afetividade na visão de

Vygotsky que menciona explicitamente, que um dos principais problemas da psicologia tradicional

consiste na separação dos aspectos intelectuais de um lado e os afetivos de outro.

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Nota-se na literatura que são recentes as pesquisas que trazem para o cenário educacional a

importância do aspecto afetivo na escola. Tassoni (2006) destaca que a dimensão afetiva vem sendo

abordada de diferentes maneiras, muitas vezes de forma contraditória, no sentido de se compreender

o seu papel no desenvolvimento humano. Isso pode ser atribuído à dificuldade de se conceituar os

fenômenos de natureza afetiva que levam a usos indefinidos de termos tais como, emoção,

sentimento afeto, paixão, estados de ânimo etc.

As pesquisas desenvolvidas na área evidenciam que a afetividade está presente nas interações

sociais, além de influenciar os processos de desenvolvimento cognitivo. Sendo assim, as interações

que acontecem na escola são marcadas pela afetividade em todos os seus aspectos e não se

restringem somente às relações professor-aluno, mas também às decisões sobre as condições de

ensino assumidas pelo professor, ou seja, nas condições de mediação e planejamento desenvolvidas

por ele (FALCIN, 2003).

Para Martinelli e Sisto (2006, p.36) “as atitudes do professor oferecem ao aluno uma série de

informações que irá contribuir para a percepção que ele terá de si mesmo como estudante. Diante

disto é preciso refletir que tipo de contribuições estamos deixando para nossos educandos”.

O docente em sala de aula pode criar um clima de confiança, de cordialidade, aumentando a

auto-estima do aluno, encorajando-os, ajudando-os a encontrar soluções dos problemas por si

mesmos, desenvolvendo neles o hábito de trabalhar em grupo e respeitar o próximo.

Considerando esses aspectos este trabalho propõe como objetivo refletir sobre a importância

da afetividade no processo de ensino e aprendizagem e nas práticas pedagógicas assumidas pelos

professores.

Para isto será realizada uma pesquisa bibliográfica que trará estudos referentes a relações

interpessoais, afetividade na relação professor-aluno, o professor como mediador, práticas

pedagógicas, planejamento e avaliação.

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2. A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o

egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados

não pode educar. Não há educação imposta, como não há

amor imposto. Quem não ama, não compreende o

próximo, não o respeita (FREIRE, 1985, p.28).

Desde que nascemos estamos incluídos em um grupo social, e de certa forma somos obrigados a

conviver nele. Saber conviver é um grande desafio para todos os seres humanos, pois cada um de

nós temos a nossa bagagem de experiência, cultural, de vivências e ideologias, o que dificulta a

convivência com as outras pessoas. Macedo (2005, p. 125) considera que “o saber conviver é

fundamental em uma sociedade como a nossa. Saber conviver é querer incluir-se na relação com os

outros”.

Como descreve Sampaio (2004, p. 64) “Viver é um movimento de relação interior e exterior. É

relacionar-se com aquilo que está ao nosso redor e dentro de nós. A vida está contida no movimento

de relação e nós precisamos aprender como nos mover por meio dela, mantendo nossa própria

liberdade, iniciativa e equilíbrio”.

As relações interpessoais pressupõem o respeito mútuo e o respeito às diferenças. Sem esses

pressupostos elas se tornam difíceis. Todo ser humano tem a necessidade de sentir-se aceito, de

participar de grupos e atividades sociais, enfim necessidades de se relacionar. Segundo Sisto e

Martilnelli (2006), a qualidade das relações sociais, determina o papel de cada sujeito, sendo que

isso ocorre tanto na sala de aula como em grupos sociais.

O aspecto sócio afetivo é considerado, nos estudos sobre dificuldades de aprendizagem, um dos

grandes fatores que podem estar relacionados com os bloqueios de aprendizagem. Rangel (2006)

considera que o relacionamento entre o professor e o aluno deve ser permeado pelo afeto,

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solidariedade, respeito mútuo, pois é muito difícil desenvolver qualquer tipo de habilidade em um

ambiente hostil. Como destaca Peroggini (2006), A partir do momento em que se estabelece uma

relação afetiva entre educador e educando, considerando a diversidade étnica, cultural e pessoal,

também ocorre o encontro entre o educando e o conhecimento.

Leite (2006), pontua que a afetividade está envolvida em todas as principais decisões de ensino,

assumidas pelo professor, tornando-se assim um fator indispensável entre os alunos e os conteúdos

escolares.

É por meio dos conhecimentos prévios de cada pessoa que as relações sociais são

estabelecidas. Porém, para todo tipo de interação, é necessário habilidade para lidar com diversas

situações que possam ocorrer, pois as diferenças interpessoais acontecem, e é preciso aprender a

trabalhar com isso e com a diversidade. Desta forma Sampaio (2004) destaca que para o docente

trabalhar com as diferenças dos estudantes é preciso que ele conheça as necessidades, as diferentes

formas de aprender, as dimensões psicológicas, materiais e sócio culturais dos mesmos. Isso

permite ao professor reconhecer a diversidade e usar recursos diversificados na sala de aula, para

que todos os alunos vejam sentido nos conteúdos da aprendizagem.

Rossini (2004) considera que para o educando aceitar as diferenças dos outros colegas,

primeiro se faz necessário que ele aprenda a aceitar as suas próprias diferenças para que possa

aprender a conviver em grupo. Conforme o indivíduo assimila o conceito de alguém a seu respeito,

valores vão sendo formados e relações boas ou ruins são criadas.

Sobre isso Peroggini (2006) acrescenta que ao considerar as diferenças individuais, a escola

enxerga o educando como um ser racional e emocional. Assim, os sentimentos, os métodos de

ensino espontaneidade, os trabalhos em grupo passam a ser valorizados no âmbito escolar.

Nos dias atuais, é extremamente necessário aprendermos a respeitar as diferenças uns dos

outros para que as relações sócio-afetivas que estabelecemos não sejam tão conflituosas.

Segundo Araújo (2003, p.17)

O bom relacionamento entre o professor e o aluno pede: aceitar cada

estudante como ele é e acreditar no potencial dele, conhecer os alunos e as

necessidades de cada um, recorrer ao auto-conhecimento, questionando

sempre a qualidade da aula que acabou de dar e a resposta da turma, discutir

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sua postura em classe com outros professores e compartilhar possíveis

problemas, não esperar que o vínculo seja sempre positivo. Esteja ciente de

que conflitos existem e que é preciso administrá-los.

Na verdade toda a relação que estabelecemos, seja ela entre amigos, visinhos, parentes, com

professores e pais, se não houver o respeito, é muito difícil que haja uma relação harmoniosa entre

as partes. O respeito mútuo é o princípio de um bom relacionamento. Como destaca Tardeli (2007),

o primeiro passo para a construção do respeito é estabelecer vínculos, aceitando a pessoa como um

todo, aceitando e reconhecendo a diversidade.

Nota-se que a questão da afetividade é importante ao desenvolvimento das relações

interpessoais e amadurecimento do ser humano. Ela é apontada como um fator de importância no

âmbito das relações estabelecidas socialmente. Como destaca Wallon (1968), é a afetividade que

possibilita o avanço no campo intelectual “pois são os motivos, necessidades e desejos que dirigem

o interesse da criança para o conhecimento e conquista exterior” daí a importância de se utilizarem

os aspectos afetivos para promover o cognitivo.

A construção do conhecimento implica na interação entre as pessoas, por isso as relações

afetivas se evidenciam na relação professor aluno (ALMEIDA, 1999).

Dantas (1992) coloca a questão da afetividade de três formas: a afetividade emocional que se

caracteriza por meio de demonstrações de aspectos qualitativos; a afetividade categorial que refere-

se ao desenvolvimento de conceitos e exigências, e a afetividade simbólica, que é caracterizada por

atitudes sensíveis. Ainda Dantas pontua que a afetividade categorial refere-se a um momento de

desenvolvimento humano em que há manifestação do pensamento organizado por categorias, de

onde surge condutas como exigência de respeito mútuo, igualdade de direitos, que é evidenciado

nas atitudes dos alunos.

Leite (2006) chama a atenção para a questão da natureza afetiva na sala de aula, seja elas

aversiva ou prazerosa, isso irá depender da qualidade da mediação desenvolvida pelo professor. Os

efeitos dessa mediação, que são e cognitivos e afetivos determinam as relações que serão

estabelecidas.

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Sobre isto, é importante destacar que a questão afetiva entre o professor e o aluno, não se

restringe somente a atenção, toque, carinho; mas também à mediação e cuidados com o aluno e com

o seu aprendizado, para que o processo escolar se desenvolva da melhor forma.

Há muitos anos, a questão da afetividade e cognição na educação era vista de forma isolada,

acreditando que estes fatores se desenvolvem de forma individual. Atualmente, os autores acreditam

que a afetividade e a cognição estão ligadas e que um não se desenvolve sem o outro. Como

destaca Almeida (1999), a inteligência não se desenvolve sem a afetividade, e a emoção está ligada

à inteligência, pois são duas linhas do desenvolvimento que cruzam-se continuamente.

Colombo (2007) ressalta que a afetividade envolve uma gama de manifestações que estão

ligados diretamente às emoções.

Pode-se notar que é impossível falar de inteligência, e afetividade sem pensar nestes

aspectos agrupados. Como aponta Bastos e Der (2000, p. 40), a relação entre a afetividade e a

inteligência só pode ser compreendida a partir de uma relação entre reciprocidade e

interdependência. As condições para a evolução da inteligência tem raízes no desenvolvimento da

afetividade e vice e versa.

Como destaca Rego (2002), são os desejos, as necessidades, emoções e motivações que dão

origem ao pensamento e este, exerce influências sobre o aspecto afetivo de cada indivíduo.

É necessário que o educador compreenda que a afetividade e a cognição caminham juntos,

para que sua postura em relação a eles seja diferente, a fim que o professor enxergue cada um de

seus educando não como seres fragmentados, mas como pontua Chalita (2001) não é possível

desenvolver a habilidade cognitiva e a social sem que a emoção seja trabalhada.

Sobre isto Beltrame (2005) acrescenta que a relação professor/aluno, precisa ser

constantemente revista. O aluno, como personagem principal no processo de ensino-aprendizagem,

deve ser visto como alguém que é capaz de aprender. Quando o aluno se sente motivado por

conhecer e fazer descobertas, quando o trabalho escolar tem sentido para ele, ele passa a

experimentar o prazer do conhecimento.

Araújo e Chadwick (2001) destacam que a atenção e o carinho são ferramentas poderosas de

reforço que estão ao alcance do professor. Nota-se que o docente pode dispensar atenção, interesse,

vontade de ensinar, entusiasmo, alegria pelo e que está fazendo e desta forma facilitar a relação

professor e aluno.

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Afonso (20006) coloca que ao se falar de afetividade na relação professor-aluno, é

falar de emoções, disciplina, postura, do conflito,uma constante na vida da criança em todo o meio

de qual ele esteja inserido. Sobre isto Cabe ressaltar que o conflito é um aspecto importante para o

crescimento não só dos alunos, mas das pessoas em geral, pois é por meio do conflito que são feitos

reflexões e atitudes são tomadas. Portanto é comum na sala de aula ter conflitos entre professor e

aluno, aluno e aluno, porém é preciso refleti-los e pensar em soluções adequadas a se tomar, para

que a relação professor e aluno não fique afetada e não haja futuros problemas mais pra frente.

Um fator muito importante quando nos referimos a relação professor e aluno, é a forma que

essa convivência é trabalhada em casa, com familiares, com os amigos e sem dúvida na escola, e

entre os professores.

É comum na sociedade atual, se atribuir “rótulo” às pessoas. Normalmente a apatia em

relação ao outro é marcada por esses rótulos. Muitas vezes quando o estudante percebe que o

professor não acredita nele, ele interioriza os rótulos e as desaprovações, sentindo-se culpado, e isso

pode interferir no seu processo de aprendizagem, fazendo com que ele se sinta inferiorizado, e não

se sinta bem em suas relações com o próprio docente e com o resto do grupo.

Se faz necessário também se atentar para não demonstrar falta de interesse pelos

aluno, ou até mesmo não acreditar na capacidade que ele tem e no que ele é capaz de realizar,

desvalorizando os trabalhos que são desenvolvidos e as suas participações. (MARTINELLI e

SISTO, 2006), destacam que quando o professor não acredita na capacidade intelectual do aluno,

ele acaba dispensando menos atenção, interagindo menos e até mesmo desistindo de ajudá-lo em

seu progresso escolar. Como destaca Beltrame (2005) ao dizer que a relação professor/aluno,

precisa ser constantemente revista. O aluno, como personagem principal no processo de ensino-

aprendizagem, deve ser visto como alguém que é capaz de aprender.

As pesquisas também mostram que o professor interage mais e melhor com os estudantes

que tem um melhor desempenho. Portanto é preciso ficar atento para não cometer erros que acabam

afetando a criança, ao ponto de motivá-lo a ir a escola, ou até mesmo de interagir com o grupo.

Como destaca Beltrame (2005), um professor preocupado em desenvolver uma prática

educativa significativa para o aluno, precisa acreditar em sua capacidade. Tem que considerar que

cada um traz uma riqueza de experiências, que se revela ao longo do processo, na construção do

saber.

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2.1 O Professor mediador

A mediação do professor no processo de aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento

do aluno. Barros (2004) destaca que o professor é o principal mediador na interação escolar. As

ações tanto do professor quanto do aluno, não são ações isoladas e dependem da qualidade de

mediação.

Colombo (apud VYGOSTSK, 1998), ressalta que a mediação está presente na relação do

homem com o mundo e tem papel fundamental, pois se caracteriza como elemento necessário para a

aquisição de novos conhecimentos.

O papel do professor é de mediar o processo de ensino-aprendizagem, criando possibilidades

para a sua própria construção do conhecimento (FREIRE, 2005).

O professor é o líder de um pequeno grupo social e, por isso mesmo, não deve esquecer que

suas atitudes pessoais terão influência direta no ambiente da sala de aula e no comportamento dos

alunos. Como ressalta Tognetta (apud Comte- Sponville , 1 995) “ Se a virtude pode ser ensinada,

como creio, é mais pelo exemplo do que pelos livros”. Diante do pensamento do autor, cabe

ressaltar a influência que o professor tem em sala de aula, como atitudes, gestos.

De acordo com Bardom (1975), o docente é a pessoa responsável pelas decisões que afetam

a aprendizagem e o comportamento das crianças. Todas as atitudes dos professores, afetam

diretamente ou indiretamente o aluno. Muitas atitudes aversivas são tomadas pelo professor e

deixam seus efeitos no educando durante anos.

Leite (2006, p. 149) coloca que

O que se diz, como se diz, em que momento e por quê- da mesma forma que

o que se faz, como se faz, em que momento e por quê- afetam

profundamente as relações professor e aluno e conseqüentemente,

influenciam diretamente o processo de ensino aprendizagem, ou seja, as

próprias relações entre sujeito e objeto.

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Nota-se como o processo educativo é delicado, e necessita de diversos cuidados para que

não se cometa erros difíceis de reparar.

Vasconcelos (1994, p. 45) dá dicas em relação à forma que o professor pode contribuir para

o amadurecimento emocional de seus alunos, são elas:

Criar um clima de cumplicidade e entendimento próprio das pessoas que se

amam, manter um relacionamento aberto, cooperativo, amigo, confiante e

permeado pelo afeto, mostrar-se bem humorado e realizado com o trabalho,

saber elogiar, escutar, compreender e saber ser firme e seguro nos

posicionamentos, criar tarefas possíveis de se realizar com prazer, aceitar as

suas próprias limitações e das crianças e tratar as crianças com

consideração, respeito e justiça.

Muitas vezes, um gesto um olhar, uma forma de expressão, é o suficiente para que o aluno

se envolva com o docente. É preciso que o educador seja cauteloso em suas atitudes para não ferir

ou interferir no processo de amadurecimento da criança. Como destaca Freire (2005), as vezes, mal

se imagina o que pode passar a representar, na vida de um aluno, um simples gesto do professor.

Outro aspecto muito importante é o respeito mútuo, que é manifestado quando o professor

entende o seu papel de mediador da aprendizagem e quando não usa de sua autoridade para

conseguir resultados dos alunos. Na sala de aula o respeito se manifesta a partir do momento que se

assume um papel que demonstre o verdadeiro interesse pelo aluno, baseado no uso de linguagem

adequada na sala de aula, sendo também cauteloso com a maneira que se refere a cada um. O prazer

do professor em ministrar as aulas se evidencia na sua prática pedagógica, e isso é percebido pelos

alunos.

Freire (2005) considera fundamental que a relação professor aluno seja pautada em uma

postura dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não passivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O

que importa é que o docente e o aluno se assumam como curiosos. Desenvolver na relação

professor e aluno a curiosidade, é dar abertura para novas hipóteses, criações, comparações e

atitudes que favoreçam a aprendizagem.

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Freire (2005, p. 98) considera que

O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente,

sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida

e das gentes, o professor mal amado, sempre com raiva do mundo e das

pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem

deixar sua marca.

Queluz (1999) ressalta que a relação dialética do professor transforma a sí mesmo,

oferecendo oportunidade de aprendizagem aos educandos.

Cabe colocar que um professor que reflete em sua ação e procura ser flexível em suas

atitudes contribuí ao processo de ensino e aprendizagem, assim como a sensibilidade do professor

em relação as dificuldades e necessidades de cada criança se faz extremamente necessário na

relação professor e aluno. Como menciona Mahoney (1993), dizendo que é a sensibilidade do

professor, sua experiência, sua vivência em cada encontro, o seu ouvir e sua atenção lúcida são

guias para abrir caminhos para a aprendizagem significativa, possibilitando a descobertas de idéias.

Kohl (1992) explica que, para Vygotsky, a aprendizagem significativa é o objetivo do

processo escolar e a intervenção é um processo pedagógico que se dá das mais diversas formas,

como por exemplo, mostrar, fazer junto, apontar, criticar, apoiar etc. Nesse processo, a interação

entre professor e aluno, é fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos envolvidos.

Considerando esses aspectos Grotta (2006) acrescenta que a atuação pedagógica precisa ser

planejada, organizada, transformada e refletida, buscando não somente o avanço cognitivo, mas

também propiciando condições afetivas que contribuam para o estabelecimento de vínculos

positivos entre os alunos e os conteúdos escolares.

Sendo assim, se faz necessário que o professor constantemente reveja as suas práticas, é

preciso estar atento para perceber as diversidades da turma, as dificuldades, as frustrações, aos

anseios, para assim buscar novas alternativas e estratégias para trabalhar com os problemas que

surgem no dia a dia da sala de aula. Levando em conta esses aspectos, optou-se, neste trabalho, por

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discutir duas práticas consideradas essenciais no processo de ensino e aprendizagem, o

planejamento e a avaliação.

2.2 O Planejamento

Um outro fator muito importante no contexto escolar é a forma com que o docente planeja

suas atividades. Uma aula mal preparada gera insegurança aos alunos, fazendo com que eles se

dispersem. Sendo assim, Leite (2002), aponta que todas as decisões pedagógica que o professor

assume no planejamento e desenvolvimento de seu trabalho, tem implicações diretas no aluno, tanto

no nível cognitivo quanto no afetivo.

Sabe-se que o planejamento é importante não somente para preparar aula, mas o ato de

planejar é necessário para o dia a dia das pessoas. Cabe destacar que no nosso dia a dia, tomamos

várias atitudes em diversas áreas de nossa vida, e todas as decisões precisam ser planejadas e

analisadas cuidadosamente. Pensar sobre o fazer e o que fazer é tomar decisões, ser capaz de

antecipar conseqüências e atitudes que deverão ocorrer. Ao planejar as suas atividades o professor

garante uma seqüência de ações, passa segurança aos educandos.

O planejamento indica que direção tomar a respeito de conteúdo, estratégias de avaliação,

previsão de tarefas, atendimento aos alunos. Araújo e Chadwick, (2001).

Conforme o Caderno de Educação (1995) planejar é pensar antes de fazer. É antecipar no

pensamento os passos de uma ação. É refletir sobre cada passo e preparar o seguinte. Somente os

seres humanos são capazes de antecipar, analisar e refletir em uma ação.

Sabe-se que muitos problemas que ocorrem dentro da sala de aula entre o professor e o

aluno, é causado pela falta de planejamento. Muitos educadores acham que o planejamento não é

necessário, e não compreendem o seu objetivo. Sobre isso o caderno de Educação (1995, p. 32)

aponta que “ o objetivo de planejar é garantir que os resultados da ação sejam esperados. E que o

processo seja de máxima qualidade.

Ao utilizar o planejamento como um recurso, o professor garante uma aula sistematizada. É

importante destacar que mesmo com o planejamento, situações fora do esperado podem ocorrer

devido ao tempo e a necessidade de cada aluno. Portanto o planejamento possibilita ao o educador

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um maior preparo, e desta forma ele não fica despreparado a possíveis eventualidades que possam

ocorrer.

Sabe-se que para tudo o que se pretende fazer tanto na área educacional quanto em outras

circunstâncias, é necessário haver um planejamento, sistematização de ações para que haja a

possibilidade de se alcançar o objetivo determinado. Sobre isto LucKesi (1996) destaca que o

planejamento é o momento em que decisões são tomadas. É o filtro por onde devem passar todos os

elementos pedagógicos que admitimos criticamente.

Considerando estes aspectos Haidt (1995), coloca que o professor ao planejar organiza as

ações do trabalho escolar, cuidadosamente identifica os objetivos que pretende atingir, indica os

conteúdos que serão desenvolvidos, seleciona os procedimentos que utilizará como estratégia de

ação.

Contudo, percebe-se que o ato de planejar facilita as atividades do docente em sala de aula,

orientando em suas ações, além de ser essencial para a prática pedagógica, pois é um dos fatores

que influem na relação do professor e aluno.

A avaliação é também uma outra prática pedagógica, que influi muito na relação professor e

aluno, e que se não for feita corretamente pode acabar traumatizando os educandos, sobre isto será

discutido a seguir.

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2.3 Avaliação

Sabe-se que, durante muito tempo a avaliação foi um instrumento ameaçador e autoritário.

Os docentes usavam seu poder e autoridade, castigando o aluno durante a avaliação. Vale ressaltar

que a avaliação da aprendizagem é uma questão que gera muita polêmica entre pesquisadores, já

que ao longo da história da educação, transformou-se como instrumento de punição, exclusão,

classificação, gerando vários traumas. Como aponta Libâneo (1994) e Gadotti (1984) ao considerar

que a avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, a fim de que se

avalie a prática educativa, no sentido investigativo do termo, abertos sempre a alterações, a fim de

que a prática educativa não seja pautada em verdades absolutas, pré moldadas e terminais.

Atualmente a preocupação na verdade é a maneira que o docente utilizar-se do seu poder na

sala de aula para avaliar, disciplinar ou corrigir o aluno.

Leite e Tassoni (2002) apontam que:

A questão da avaliação escolar tem sido apontada como um dos grandes

problemas do ensino, ou seja, como um dos principais fatores responsáveis

pelo fracasso escolar de grande parcela da população, em especial as

crianças pobres . A avaliação torna-se profundamente aversiva quando o

professor utiliza-se de seu poder para amedrontar o aluno.

É possível perceber, que os procedimentos utilizados pelo educador influencia nos aspectos

relacionais do professor e aluno, pois uma avaliação má planejada pode afastar o educador do

educando.

A avaliação tem se mostrado de grande importância em todos os aspectos da vida humana,

em especial na educação. Avaliar é indispensável em toda atividade humana e portanto, em

qualquer projeto educativo. Segundo Laetus Veit (1986, p. 38), avaliar é julgar algo ou alguém

quanto ao seu valor, segundo um padrão que pode ter diferentes posições científicas.

Cada ser humano, todos os dias avalia algo ou alguém. Avaliamos a nossa roupa, as atitudes

de nossos amigos, familiares, a forma com que nos tratam, emfim vivemos julgamos e avaliando. É

válido destacar que atualmente na maioria das escolas Brasileiras, ainda se utiliza do autoritarismo

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na prática da avaliação. Sobre isto Luckesi (1984), pontua que a atual prática de avaliação é

classificatória. Dessa forma o julgamento de valor, que teria a função de ajudar nas tomadas de

decisões passa a ser estática, e classificar um ser humano histórico em um padrão determinado.

Sobre o ponto de vista de Hadji (1995) percebe-se que a avaliação é um meio de avaliar, de

julgar, classificar. Se o educador não estiver com seus conceitos bem definidos, pode ameaçar o

aluno sobre a avaliação e possivelmente causar transtornos para o educando.

Sobre isto, Arnoldi (1997), destaca que os alunos ao conhecer seus professores, ao invés de

se preocuparem se ele é competente, tem didática ou se domina a matéria, se preocupa em saber se

o professor “gosta de ferrar”, ou se ele é bonzinho. Portanto é importante que os educadores se

preocupem com este aspecto tão importante que é avaliação, sendo que o modo com que a avaliação

é executada, pode ajudar o educando a superar suas dificuldades ou até mesmo desistimulá-lo

continuar.

Segundo Ceccon, Oliveira e Oliveira (2003), o modo como a escola avalia não ajuda o aluno

a aprender a aprender, ela não ensina o que fazer para reconhecer a existência de um problema ou

até mesmo como solucioná-los.

A avaliação deve ter o objetivo de detectar o que está certo e mantê-lo e corrigir o que

estiver errado, de forma alguma punir, como ressalta Lukesi (1984), à necessidade de resgatar a

função diagnóstica da avaliação, ou seja, compreender que a avaliação só tem sentido se os

resultados forem sempre usados a favor do aluno, buscando aprimorar as condições de ensino e

possibilitar um crescimento efetivo.

Sabe-se que o educador é formador de opiniões, portanto todas ações autoritárias e abusivas

durante a avaliação, podem gerar uma outra visão de mundo para o aluno. É importante destacar

que o professor é espelho para os alunos. Constantemente somos observados e analisados por eles.

Portanto se faz necessário refletir sobre os objetivos da avaliação. Sobre isto Haidt (1995) coloca

que os principais propósitos da avaliação são: conhecer os alunos, identificar as dificuldades de

aprendizagem, determinar os objetivos, aperfeiçoar o ensino- aprendizagem , estabelecer vínculos

com os educandos.

Basicamente a avaliação serve para pensar e planejar a prática didática do professor, e uma

forma de acompanhar as dificuldades e avanços dos alunos. É um recurso para melhorar os

procedimentos pedagógicos e de forma alguma meio de punição. No entanto atualmente a prática da

avaliação não consiste só na prova formativa, mas sim no conjunto de ações que envolvem o

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processo do dia a dia do aluno. Como pontua Hoffman (2005), ao dizer que a avaliação é reflexão

transformada em ação, reflexão esta que deve ser permanente no educador, acompanhando todo o

processo de desenvolvimento do educando até chegar a construção do conhecimento.

Sabe-se que muitas escolas utilizam-se de instrumentos classificatórios na avaliação do

aluno. Instrumentos estes que acabam tirando o sentido do ato de avaliar. Considerando estes

aspectos, é importante destacar que um recurso válido de ser utilizado é a avaliação contínua, que se

dá por meio do acompanhamento cotidiano do aluno, observando sempre seus avanços, suas

dificuldades, o interesse pelas aulas e as atividades que são realizadas diariamente dentro ou fora da

sala de aula. Como destaca Hoffmann (2005), colocando que os melhores caminhos para a

realização da avaliação, é por meio de registros, anotações sobre o desempenho de cada aluno

diariamente, a forma com que participa ou não das atividades, emfim, além das provas e trabalhos a

avaliação contínua é uma excelente opção.

Um outro aspecto muito importante na prática da avaliação, e que normalmente facilitam a

avaliação e a relação professor e aluno são os registros de avaliação. Nos registros realizados pelo

professor, deve constar todo o empenho e desenvolvimento da criança diariamente. Este é um

recurso que auxilia o docente na prática da avaliação.

Sendo assim Sousa (2000, p. 66), aponta que as funções da avaliação da aprendizagem

precisam ser bem esclarecidas porque o professor precisa determinar o nível de aprendizagem dos

alunos em função dos objetivos da educação.

Há vários estudos que enfocam as dimensões afetivas na relação professor e aluno e no

processo de ensino-aprendizagem, a seguir serão apresentados alguns deles.

2.4 Pesquisas sobre afetividade e cognição

Pesquisa realizado por Kager (2004) buscou identificar e analisar as possíveis relações entre

as decisões pedagógicas que o professor toma em relação as práticas de avaliação. A pesquisa foi

realizada com cinco alunos do 3º ano do Ensino médio. O processo de coleta dos dados se deu por

meio de questionário, no qual os alunos expressavam os efeitos aversivos da prática de avaliação

que vivenciaram. Contudo, os principais resultados obtidos, foram a ansiedade durante a prova;

medo; um sentimento horrível por parte dos alunos, ruim atém de lembrar; sentimento de

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incapacidade, chegando a se sentir um burro; completa aversão, a ponto de perder o gosto pela

geometria; momentos humilhantes; por causa deste professor e de seus métodos de avaliação nunca

mais gostei de inglês e até hoje sinto dificuldades; medo de terminar a prova antes de 50 minutos e

ter que ficar trancado dentro de uma outra sala de aula até todos terminarem a prova; parecida uma

ditadura; sem contar que os exercícios da prova eram os mais difíceis, dada até raiva. O autor

destaca que por meio dos relatos observados, é possível notar que o modelo de avaliação empregado

atualmente, em grande parte das escolas, contempla dimensões como a avaliação punitiva, provas

com armadilhas, entre outros, que acabam produzindo efeitos negativos na vida dos alunos.

Estudo feito por Barros (2004), buscou analisar as relações de mediação desenvolvidas por

professores por meio das práticas pedagógicas. O estudo foi realizado com dois alunos que já

terminaram o Ensino médio e que contaram experiências aversivas que vivenciaram durante o

ensino médio. Para tanto utilizou-se como instrumento de pesquisa entrevistas com os alunos. Os

principais resultados evidenciados na análise foi sobre aulas desmotivadoras; julgamento do tipo:

vocês só escrevem bobagens, ou perdem tempo vindo a escola; professores autoritários e aulas

monótonas. Contudo, o autor destaca que as condições de ensino, planejadas e desenvolvidas pelo

professor, tem implicações no comportamento do aluno, em especial na relação professor e aluno.

Estudo realizado por Tassoni (2006) buscou identificar as diferentes formas de manifestação

de afetividade no contexto de sala de aula. A pesquisa foi realizada em três classes de uma escola

particular, envolvendo alunos de seis anos, em média. O processo de coleta dos dados se deu a

partir de quatro conjunto de dados: 1) gravações em vídeo realizadas em sala de aula, que

registraram as interações entre professoras e alunos, em atividades que envolviam a linguagem

escrita; 2) relatos verbais dos alunos coletados em sessões de autoscopia (recurso metodológico que

consiste na apreciação do sujeito de imagens videografadas de si mesmo); 3) relatos verbais das

professoras coletados por entrevistas; 4) registros escritos de eventos ocorridos nas três atividades

anteriores em diário de campo. Os principais resultados apresentados citados pelo autor se referiam

a incentivos recebidos por parte dos professores, abertura para que os alunos pudessem se expressar

e atenção, gerando vontade de ficar perto da professora e não medo. De acordo com os resultados

da pesquisa, Tassoni (2006) ressalta que as interações em sala de aula são constituídas por diversas

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formas de atuação que se estabelecem entre professor e aluno e está intimamente ligada a

comportamentos e ações.

Pesquisa de Tagliferro (2003) e Falcin (2003), buscou caracterizar detalhadamente as

práticas pedagógicas desenvolvidas por professores que tiveram influência positiva na vida de

alunos que participaram desta pesquisa. Os participantes deste estudo foram alunos da 4º série do

Ensino Fundamental de uma escola particular. O instrumento utilizado para a efetiva análise foi por

meio de entrevistas, na qual os principais resultados destacados pelos alunos são: O

desenvolvimento de um trabalho sério; professor que domina os conteúdos a serem trabalhados;

educadores que demonstram uma relação afetiva com os alunos a ponto de contagiá-los de emoção.

Foi possível constatar que as dimensões afetivas e pedagógicas desenvolvidas pelo professor, gera

efeitos no processo de aprendizagem do aluno.

Estudo realizado por Silva (2001), buscou investigar a relação professor e aluno em uma

sala de quinta série, durante as aulas de língua portuguesa. O processo de coleta de dados se deu por

meio de observações em classes e de entrevistas individuais e coletivas com os alunos. Os

principais resultados citados no estudo foram: à maneira de ser da professora; surgindo também

comentários como: você é gentil; ela não grita; é divertida; tem senso de humor; ensina bem; briga

mas com motivo; dispensa atenção aos alunos. A partir dos dados obtidos, o autor considera que a

mediação feita pelos professores constitui-se como um fator fundamental para determinar a natureza

da relação do aluno com o objeto do conhecimento.

Pesquisa realizado por Tagliferro (2003), buscou analisar as relações entre as decisões

pedagógicas assumidas por um professor de Português e seus possíveis efeitos. Para tanto contou-se

com a participação de seis ex-alunos da disciplina de Português de uma escola particular. O

processo de coleta dos dados aconteceu por meio de carta e entrevista em que os alunos relatavam

suas experiências enquanto alunos deste professor. Os principais resultados indicados pelo autor

foram que este professor que foi analisado deixou várias marcas nos alunos, resultando em

comentários como : ele conseguiu despertar em mim o gosto pela leitura que estava adormecido; ele

fazia com que cada aluno entrasse dentro da história; ele nos ajudava a interpretar os livros, ele era

cuidadoso e nos incentivava; além de que a sua didática era muito boa, e ele era muito dinâmico; o

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engraçado é que este professor de Português conseguia dentro de sua aula trazer fatos de violência,

droga, amor, política, de forma tão interessante que elaborávamos questões a respeito do assunto,

foi muito marcante. O autor destaca a repercussão das práticas pedagógicas desenvolvidas pelo

professor. Por meio dos dados foi possível observar que os alunos estabeleceram uma relação

positiva com a Língua portuguesa, apontando os diversos fatores que contribuíram com esse

processo.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste trabalho buscou-se evidenciar que a relação professor e aluno não se

restringe somente aos aspectos cognitivos, mas ao afetivo também, tendo em vista que estes dois

aspectos caminham juntos, e que a relação professor e aluno depende de vários fatores como

respeito, a afetividade, o planejamento, avaliação, a mediação do professor entre outros aspectos.

Para a pesquisa foram utilizados recursos bibliográficos , que contribuíram para a elaboração do

trabalho.

Sabe-se que cada ser humano tem a necessidade de se sentir aceito pelo grupo, pelos pais,

familiares e professores. E na escola esta relação não é diferente, os alunos precisam se sentir

amados e queridos por seus educadores. Portanto, a relação professor e aluno deve ser permeada

pelo respeito, para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra da forma mais efetiva.

Um outro aspecto muito importante é a qualidade da mediação estabelecida pelo professor.

As ações tanto do professor quanto do aluno, não são ações isoladas e dependem da qualidade de

mediação. É importante ressaltar que a mediação do professor é base para os alunos, pois serve

como direção na aquisição de novos conhecimentos.

Durante o processo de ensino-aprendizagem diversos aspectos são importantes para a

relação professor e aluno, porém a questão do planejamento das atividades requer uma atenção

especial, pois uma aula mal planejada pode interferir no processo de ensino e aprendizagem dos

alunos. O ato de planejar na verdade garante uma seqüência de ações, é um momento organizado e

sistematizado no qual o educador reflete as propostas de ensino que serão desenvolvidos ao longo

de sua aula, a fim de que ele tenha conhecimento da rotina do dia e não esteja despreparado ao

iniciar suas atividades.

Cabe destacar que todos os procedimentos destacados anteriormente tem sua importância na

relação professor e aluno e no processo de ensino e aprendizagem, porém é importante lembrar que

a avaliação atualmente tem repercutido de forma aversiva para muitos alunos, devido a sua má

utilização. O objetivo da avaliação é detectar os avanços e dificuldades do aluno, ela também

funciona como um instrumento de reflexão e mudanças por parte do professor. Cabe colocar que a

avaliação não é um instrumento punitivo ou amedrontador, embora seja utilizado desta forma em

diversas escolas, o seu papel na verdade não é punitivo.

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Sobre tudo esta pesquisa foi muito prazerosa de ser realizada, pois o assunto é bastante real e

interessante e embora o tema seja novo, já existe diversas referências sobre assunto. É importante

pontuar que a pesquisa bibliográfica pode contribuir bastante com este estudo, entretanto a pesquisa

de campo poderia oferecer registros de crianças e adolescentes a cerca de sua relação com seus

professores e as marcas que ficaram para eles. Espera-se que novos pesquisadores dêem

continuidade a este tema a fim de que o estudo sirva como referência para conduzir a ações relativas

a relação professor e aluno.

Espera-se que a leitura deste trabalho possa proporcionar contribuições em relação às

práticas educativas que interferem na relação professor e aluno.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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