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A QUÍMICA E A SAÚDE DO SER HUMANO, CONSIDERANDO A IMPORTÃNCIA DA EDUCAÇÃO E DA ADOLESCÊNCIA: ALIMENTAÇÃO, USO DE ÁLCOOL E CIGARRO Sônia Aparecida Brites Casatti¹ Maria Teresa Garcia Badoch² RESUMO Este artigo tem como objetivo principal levar à reflexão sobre a forma de ensinar a Química e as necessidades de mudanças. Contém fundamentação teórica para tal e explicita uma pesquisa-ação feita com alunos da terceira série do Ensino Médio, atendendo à formação continuada dos professores do Estado do Paraná através do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). Esta pesquisa teve início com um levantamento de dados sobre os hábitos alimentares e uso de cigarro e álcool entre os adolescentes envolvidos, e após o uso de metodologias embasadas em teorias progressistas foi feita análise das situações vivenciadas através de observações das dificuldades encontradas e dos êxitos obtidos. Houve também a participação e o acompanhamento de professores da rede pública através do GTR (Grupo de trabalho em rede). A pesquisa revelou que os adolescentes aprendem mais e conseguem relacionar os conteúdos da Química à sua vida quando passam a pesquisar sobre um determinado tema, fazer trabalhos em grupo e apresentar os resultados, além de debater sobre as questões propostas e que a interdisciplinaridade dos assuntos ajudam a entender melhor o contexto. Espera-se que as informações contidas neste artigo possam contribuir com os professores(as) que desejam tornar as suas aulas mais significativas para a vida de seus alunos. Palavras-chave: Ensino de Química. Teorias progressistas. Educação e Adolescência. Hábitos saudáveis. ¹Profª PDE licenciada em Química pela Faculdade de Ciências e Letras de Arapongas – Pr e com especialização em Interdisciplinaridade na Educação Básica IBPEX – Curitiba – Pr . Profª do Colégio Estadual do Paraná. Av. João Gualberto 250, Alto da Glória. Curitiba – Pr. E-mail: [email protected] 2 Prof a da Carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Engenheira Química pela UFPR, com especialização em Engenharia de Produção pela UFSC e Metodologia do Ensino Tecnológico pelo então CEFET-PR. Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Av. Sete de Setembro, 3165, Rebouças, Curitiba – PR. e-mail: [email protected] 1

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A QUÍMICA E A SAÚDE DO SER HUMANO, CONSIDERANDO A

IMPORTÃNCIA DA EDUCAÇÃO E DA ADOLESCÊNCIA: ALIMENTAÇÃO,

USO DE ÁLCOOL E CIGARRO

Sônia Aparecida Brites Casatti¹

Maria Teresa Garcia Badoch²

RESUMO

Este artigo tem como objetivo principal levar à reflexão sobre a forma de ensinar a Química e as necessidades de mudanças. Contém fundamentação teórica para tal e explicita uma pesquisa-ação feita com alunos da terceira série do Ensino Médio, atendendo à formação continuada dos professores do Estado do Paraná através do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). Esta pesquisa teve início com um levantamento de dados sobre os hábitos alimentares e uso de cigarro e álcool entre os adolescentes envolvidos, e após o uso de metodologias embasadas em teorias progressistas foi feita análise das situações vivenciadas através de observações das dificuldades encontradas e dos êxitos obtidos. Houve também a participação e o acompanhamento de professores da rede pública através do GTR (Grupo de trabalho em rede). A pesquisa revelou que os adolescentes aprendem mais e conseguem relacionar os conteúdos da Química à sua vida quando passam a pesquisar sobre um determinado tema, fazer trabalhos em grupo e apresentar os resultados, além de debater sobre as questões propostas e que a interdisciplinaridade dos assuntos ajudam a entender melhor o contexto.Espera-se que as informações contidas neste artigo possam contribuir com os professores(as) que desejam tornar as suas aulas mais significativas para a vida de seus alunos.

Palavras-chave: Ensino de Química. Teorias progressistas. Educação e Adolescência. Hábitos saudáveis.

¹Profª PDE licenciada em Química pela Faculdade de Ciências e Letras de Arapongas – Pr e com especialização em Interdisciplinaridade na Educação Básica IBPEX – Curitiba – Pr . Profª do Colégio Estadual do Paraná. Av. João Gualberto 250, Alto da Glória. Curitiba – Pr. E-mail: [email protected] da Carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Engenheira Química pela UFPR, com especialização em Engenharia de Produção pela UFSC e Metodologia do Ensino Tecnológico pelo então CEFET-PR. Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Av. Sete de Setembro, 3165, Rebouças, Curitiba – PR. e-mail: [email protected]

1

THE CHEMISTRY AND HUMAN HEALTH, CONSIDERING THE

IMPORTANCE OF EDUCATION AND ADOLESCENSE: NOURISHING,

CIGARRETTE AND ALCOHOL USE

ABSTRACT

This article has as main objective to lead to reflections about the teaching way of Chemistry and the need of modification. It presents the fundamental principles for the study and explains a “research-activity” made with students of the third grade from intermediary school, complying to a continuing formation of the Paraná State teachers through PDE (Educational Development Program). This research started with a data gathering about nutritious habits and the use of cigarettes and alcohol among the teenagers group of study. After using methodologies based on progressist theories, an analysis of the experimented situations was made using the successful and difficult results obtained. There was also the involvement and attendance the public teachers trough GTR (Network Group). The research revealed that teenagers learn more and are able to relate the Chemistry matter to their lives when they do researches about a theme, do work group and present the results, besides the arguing about the proposed questions. The matter interdisciplinary helps the context understanding.We hope that the information presented in this article can help teachers that want to make their classes more significant for their student’s life.

Key words: Chemistry teaching. Progressist theories. Education and Adolescence. Healthy habits.

2

INTRODUÇÃO

Pesquisas recentes mostram que os adolescentes brasileiros estão se

tornando obesos, com altos níveis de colesterol e glicose, apresentando ainda

desnutrição, mesmo comendo muito (fome oculta). Constata-se também que o

excessivo consumo de álcool e cigarro são fatores de riscos constantes na vida

dos adolescentes.

A falta ou o excesso de certas substâncias químicas, tais como, vitaminas, sais

minerais, proteínas, água, gorduras, fibras, entre outras e o uso indiscriminado

do álcool e de substâncias contidas no cigarro, poderá ter como conseqüência,

adultos com sérios problemas de saúde.

A adolescência é uma fase importante na formação do ser humano. Nela, o

conhecimento e a reflexão sobre estes temas poderão contribuir para a

incorporação de hábitos saudáveis e para a prevenção de doenças.

É fundamental que ao educar para a cidadania numa perspectiva progressista,

a abordagem do ensino de Química esteja voltada para a construção,

reconstrução e internalização do conhecimento. Que os educandos possam

perceber o quanto é importante para a sua vida, conhecer, relacionar e usar os

conhecimentos científicos na prevenção de doenças e cuidados com a saúde,

além de se imaginarem na velhice, podendo então escolher como gostariam de

chegar a ela.

Assim, levar o aluno a pesquisar, trabalhar em equipe, participar de debates e

reflexões sobre o tema, além de apresentar resultados, pode contribuir com o

efetivo aprendizado e incorporação de hábitos saudáveis. Esta afirmação se

fundamenta nos autores citados abaixo:

1. Educação para a Cidadania

“Concebendo-se a cidadania como um mecanismo de participação que se dá por meio de um processo de conquista, constata-se que a formação da cidadania pode ser auxiliada pela Educação sem, contudo, ser o único meio para tal”. (ARROYO, 1988. In: Santos et al 2003)

Segundo Santos et al (2003), a escola precisa possibilitar a participação do

educando, tornando-o ativo e envolvido no processo de ensino e

aprendizagem. A cidadania não é transmitida, por isso o aluno não pode

permanecer passivo, uma vez que a participação também é desenvolvida. Daí

3

a necessidade de se promover uma identidade com as questões colocadas em

discussão e levar em conta o contexto cultural no qual o aluno está inserido.

Para isso, é preciso fazer com que o ensino tenha significado para o estudante,

através da contextualização.

“A contextualização significa a vinculação do ensino com a vida do aluno, bem como as suas potencialidades”. (DEMO, 1988. In: Santos et al 2003)

Como retratam Santos et al (2003), levando-se em conta as idéias dos alunos e

oferecendo-se condições para que se criem soluções para os problemas

colocados é que, de fato, se pode propiciar a participação deles no processo

educacional em direção à construção de sua cidadania, uma vez que desta

forma, haverá uma identificação cultural e conseqüentemente a integração à

escola.

Os mesmos autores reforçam ser importante lembrar que o ensino para a

cidadania caracteriza-se por uma apresentação inicial de um tema social, a

partir do qual se introduzem os conceitos científicos que em seguida, são

utilizados para uma melhor compreensão da problemática envolvida. Assim, tal

abordagem propicia a contextualização do conteúdo, pela associação direta

com o cotidiano e desenvolve no aluno a capacidade de tomada de decisão,

uma vez que ele é estimulado a buscar informações antes de emitir um parecer

final a respeito do problema em estudo.

Neste contexto, para desenvolver a faculdade de julgamento, o professor

necessita trazer problemas e estimular o debate, a fim de que os alunos

possam discutir os diferentes tipos de soluções. Senão, enquanto se produz

uma educação científica pura e neutra desvinculada dos aspectos sociais, a

contribuição da escola será muito pouca para reverter o atual quadro da

sociedade moderna.

2. A Educação e o aprendizado na abordagem progressista

Segundo Freire (1996), se os professores desejam ser progressistas, não

devem se considerar iguais ao aluno, desconhecendo a tarefa do professor,

nem tampouco se omitirem em ajudá-lo a fazer a sua própria formação.

“saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. (FREIRE, 1996, p. 47).

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Para Vygotsky, (In: DUARTE, 1997), a aprendizagem antecede, possibilita e

impulsiona o desenvolvimento e este fica impedido de ocorrer na falta de

situações que permitam o aprendizado. Para ele, o bom ensino é aquele que

garante a aprendizagem e impulsiona o desenvolvimento e neste sentido, o

bom ensino acontece num processo colaborativo entre o educador e o

educando, onde o educador atua como um parceiro mais experiente. Quando o

educando realiza tarefas com a ajuda de um educador, tarefas que superam

seu nível de desenvolvimento, ele se prepara para realizá-la sozinho, pois o

aprendizado cria processos de desenvolvimento que aos poucos, vão se

tornando parte de suas possibilidades reais.

O aprendizado supõe a ação conjunta de dois personagens, o aluno e o

professor e deve envolver permanentemente situações de reflexão. É desta

forma entre o que o aluno faz, como resultado de uma reflexão, e o que o

professor apresenta, explica, questiona e pondera sobre a produção desse

aluno, que se realiza o aprender.

Os conceitos ensinados na escola devem construir instrumentos de leitura da

realidade que permitirão decisões mais conscientes e ao invés de agregar

memórias mais memórias de dados isolados, devem possibilitar ao aluno usar

esse conhecimento como matéria prima para a reflexão, a qual está

condicionada à compreensão.

2.1 Educar pela pesquisa

Conforme retrata Silva (2007), a pesquisa deve ser instigada na escola como

facilitadora na prática do professor.

De acordo com Lakatos e Marconi (1996),

“Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos.” (In: SILVA, 2007)

A pesquisa não pode ser entendida apenas como um simples processo

investigativo, pois deve utilizar métodos acerca dos problemas estudados.

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O ato de pesquisar deve ser planejado e conter etapas, tais como: seleção do

tema de pesquisa, definição do problema a ser investigado, coleta, análise e

tratamento dos dados e apresentação dos resultados.

A pesquisa precisa ser vista como um processo, pois leva a conhecimentos que

serão capazes de contribuir para o desenvolvimento do aluno e a compreensão

do mundo em que ele se insere. Ela deve se um dos pontos de partida para

facilitar o ensino e aprendizagem.

Segundo pesquisadores em educação, o pesquisar e o aprender são

concomitantes e os resultados são melhores ainda, quando as aprendizagens

são consideradas numa perspectiva sócio-histórica-cultural, as quais ocorrem

no coletivo. Por meio de processos cooperativos, o aprender ocorre numa

mediação mútua entre todos os envolvidos.

Pensar em educar pela pesquisa, conforme Demo (1998), é ter a linguagem

como principal ferramenta diante do objeto de conhecimento e para estudiosos

como Moraes, Ramos e Galiazzi (1999), é uma forma de enriquecer e atingir

níveis de complexidade maiores para o conhecimento de todos os envolvidos

nas ações pedagógicas. (In: Silva, 2007)

Segundo os autores acima, educar pela pesquisa deve ser vista como princípio

pedagógico, entendendo o contexto educacional como uma abordagem sócio-

cultural que é essencial para o desenvolvimento de um cidadão crítico e

consciente. Considerar este princípio, significa apostar no diálogo, na leitura,

na escrita, na elaboração e negociação de argumentos fundamentados.

Os professores devem fazer questionamentos que desafiem e provoquem nos

alunos o envolvimento e a motivação para aprender através da busca de

soluções para as indagações e com isso levá-los a questionar também.

Neste contexto, ao se educar pela pesquisa, percebe-se o aprender como

capacidade de construção e reconstrução, que se realiza através do

questionamento, contribuindo assim para a formação de novos argumentos.

A argumentação destaca-se com um dos elementos fundamentais no processo

de aprendizagem, superando a simples transmissão passiva de uma

informação.

2.2 O aprender através de trabalhos em grupos

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Segundo pesquisadores em educação, os trabalhos em grupos são processos

de aprendizagem colaborativa que facilitam a construção do conhecimento, na

qual os alunos compartilham suas próprias compreensões e as negociam.

Sob essa perspectiva construtivista, a interação deve ser vista como um

recurso do qual o professor pode se beneficiar, para promover entre seus

alunos, a construção de significados. Para Fulford & Zhang (1993),

“Alunos com altos índices de interação possuem atitudes mais positivas e altos níveis de realização”. (In: INOCÊNCIO et al, 2005)

Por vários séculos predominou no meio educativo, a corrente teórica

condutista, na qual o processo de ensino-aprendizagem é marcado pela

transmissão de informações por parte do professor e pela memorização

passiva e repetitiva por parte do aluno. Mas em seus estudos, Vygotsky vem

afirmar que,

“....o verdadeiro curso do desenvolvimento do pensamento não vai do individual para o socializado, mas do social para o individual”.

Conceitos como o de Vygotsky, devem levar os educadores a compreender que

a maior parte da aprendizagem se dá a partir das relações sociais e que

mediante a conversa e o diálogo, os alunos chegam à sua própria

compreensão sobre os conhecimentos.

Segundo Flores (2001), a aprendizagem colaborativa é caracterizada pela

presença de grupos de alunos que se responsabilizam pela interação que os

levará a uma meta comum e para Coll & Marti (1999),

“As interações (entre alunos) propiciam o desenvolvimento, promovem uma evolução e mudam as pessoas”. (In: INOCÊNCIO et al, 2005)

Por meio da interação dos participantes do grupo, a elaboração dos saberes

existentes e de novos, vão se construindo na medida em que há uma

interpenetração dos conhecimentos, a partir das trocas estabelecidas.

O trabalho em grupo, além de valorizar a construção de novos saberes,

também oportuniza e destaca o pensamento e a elaboração individual.

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3. O Professor e o Aluno numa parceria de sucesso

Pedrosa et al (2004), dizem que na visão tradicional a escola é a instituição

social com a função primordial da transmissão do conhecimento acumulado

pela humanidade. O professor geralmente cumpre o conteúdo programático,

valorizando os aspectos cognitivos em detrimento dos afetivos. Ele privilegia o

desenvolvimento da inteligência e não reconhece as necessidades do

educando de se sentir amado, seguro, de descobrir e explorar o mundo, de

manifestar seus desejos e de encontrar prazer naquilo que faz.

Segundo Sudbrack et al (2004), os educadores devem considerar as

inquietações dos adolescentes e aceitar as diferenças individuais, devem

investir numa maior interação professor-aluno, sem que isso impeça o

estabelecimento de limites e normas. É necessário saber que o autoritarismo é

o predomínio de uma relação de violência baseada em ameaças, enquanto a

postura de autoridade é afetiva e assegura proteção.

Para Pedrosa et al (2004), é pelo diálogo e escuta que se desenvolve uma

relação de respeito ao adolescente. Ele precisa que o professor acredite nele e

nas suas competências. Precisa ter espaço para se colocar, ser ouvido e

pensar por si mesmo. O professor deve orientar a curiosidade para o

conhecimento dos fenômenos e dos objetos para que se desenvolva no

adolescente a capacidade de indagar. E para que isso ocorra:

“É importante que o professor esteja seguro da sua própria prática e de si mesmo, como educador e adulto, para que ao se sentir ameaçado, não ameace, ao se sentir agredido, não agrida e possa ocupar o lugar de autoridade, de detentor do conhecimento e, nessa condição, ser reconhecido pelo aluno”. (PEDROSA, 2004)

4. O ensino da Química na perspectiva crítica

Para Chassot, (In: SANTOS et al, 2003), deve-se ensinar Química para permitir

que o cidadão possa interagir melhor com o mundo. E ainda complementa:

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“...em fazer com que os professores e professoras de Química aproveitem esta ciência para fazer Educação.”

Fazer Educação, significa dar condições ao aluno para entender e resolver os

problemas que surgem em seu caminho, não somente para decorar fórmulas e

significados de Química. Para isso o objeto de estudo desta disciplina deve

superar as abordagens tradicionais.

Conforme Maldaner (2003), é necessário acreditar numa abordagem do ensino

de Química voltada à construção e reconstrução de significados dos conceitos

científicos nas atividades em sala de aula. (In: PARANÁ, 2006). Segundo as

Diretrizes curriculares do Paraná (2006), isso implica compreender o

conhecimento científico e tecnológico para além dos conceitos de Química e o

objetivo é formar um aluno que se aproprie dos conhecimentos químicos e seja

capaz de refletir criticamente sobre o período histórico atual.

Portanto, cabe ao professor dar ao aluno a oportunidade para que desenvolva

o conhecimento científico, aproprie-se dos conceitos da Química e seja

sensibilizado a um comprometimento com a sua vida e a do planeta, sendo

necessário então, criar situações e razões de aprendizagem, de modo que o

aluno pense mais criticamente sobre o mundo e sobre os seus problemas.

5. Currículos das Ciências da natureza com ênfase em C-T-S (Ciências-

Tecnologia -Sociedade)

“...Tais currículos apresentam como objetivo central preparar os alunos para o exercício da cidadania e caracterizam-se por uma abordagem dos conteúdos científicos no seu contexto social.” (SANTOS e MORTIMER, 2002)

Para LÓPEZ e CEREZO (1996),

“A proposta curricular de CTS corresponderia, portanto, a uma integração entre educação científica, tecnológica e social, em que os conteúdos científicos e tecnológicos são estudados juntamente com a discussão de seus aspectos históricos, éticos, políticos e sócio-econômicos.” (In: SANTOS e MORTIMER, 2002)

Percebe-se uma urgência na mudança do ensino das Ciências em nosso país.

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Existem problemas enormes para serem resolvidos e os currículos ainda estão

sendo feitos com base em conteúdos lineares, na maioria das vezes

direcionados somente para os vestibulares ou na seqüência dos livros

didáticos. Quando muito, promovendo alguns contextos, fazendo ligações para

explicar o cotidiano.

Mas um caminho pode ser apontado, segundo SANTOS e MORTIMER, 2002,

através da tradução:

“O processo da reforma na educação em ciências deverá ser elaborado de modo a criar condições para que os próprios praticantes reflitam criticamente, deliberem de maneira colaborativa e se engajem em pesquisa participante sobre os potenciais e os limites das propostas de reforma CTS para a educação em ciências. Assim como os alunos devem ser envolvidos na tomada de decisões sociais relacionadas à ciência e à tecnologia, também os professores devem ser envolvidos na tomada de decisões sobre a educação em ciências” (HART e ROBOTTOM, 1990: 585).

6. Adolescência; uma fase importante na formação do ser humano

Se o professor trabalha com adolescentes, ele precisa conhecer as

características especiais desta fase, para conseguir interagir melhor e obter

bons resultados do seu trabalho.

Segundo Alves (2006), a adolescência é uma fase natural no processo de

crescimento do ser humano, de transformação profunda, relacionada a

mudanças tanto físicas como psíquicas. Essa fase encantadora impõe ao

jovem grandes exigências de adaptação, relacionadas às novas funções

biológicas, novas formas de relação interpessoal e novas responsabilidades

familiares e sociais.

O termo adolescência vem do verbo latino adolescere, que significa crescer até

a maturidade, ou seja, é a fase de transformação da infância para a fase

adulta. Pode ser comparado à metamorfose vivenciada pela borboleta, que

precisou ser lagarta, ficar um tempo em seu casulo, para depois voar livre e

bela pelo mundo.

Essa fase de transformação tem algumas características:

- Tudo passa a ser questionado e observado;

- Instabilidade emocional;

- Identificação grupal;

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- Sentimento de insegurança;

- Busca por novas descobertas, emoções e desafios;

- Constante busca por si mesmo.

É na adolescência que se definem valores e a própria identidade, que decisões

importantes devem ser tomadas, como por exemplo, a opção por uma

profissão, questões referentes à sexualidade e a necessidade de assumir

responsabilidades.

Considera-se adolescente a pessoa entre doze e dezoito anos de idade,

segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 2º).

6.1 Alimentação na adolescência

Por ser um período de crescimento físico e intelectual acelerado e de muito

gasto energético, a adolescência requer nutrientes em porções maiores, com a

mesma qualidade necessária a outras fases da vida.

Dependendo do ritmo das atividades físicas e do metabolismo individual, o

adolescente chega a necessitar de 2700 Calorias diárias, que devem ser

obtidas por meio de uma alimentação que também contenha água, fibras,

proteínas, vitaminas e minerais.

Segundo Stürmer (2004), em geral, os adolescentes costumam preencher as

quantidades calóricas ao dia, mas nem sempre em qualidade e sim em

quantidade, principalmente açúcar e gordura, ficando carente de outras

substâncias importantes.

Durante este período, o adolescente está, com freqüência, sob estresse

emocional e ansiedade, que podem refletir no hábito alimentar, interferindo na

seleção de alimentos, horários irregulares e, até, omissão de refeições.

Estudos, trabalhos em grupo e compromissos escolares dificultam escolhas

alimentares saudáveis. As práticas alimentares dos adolescentes podem refletir

também “rebeldia” à dinâmica familiar e social. A falta de consciência sobre a

importância dos alimentos e sua relação com a saúde, o pouco conhecimento

sobre alternativas alimentares saudáveis, o não aprendizado escolar sobre este

tema e problemas relacionados ao peso (obesidade e magreza), são algumas

das causas que podem interferir negativamente na ingestão adequada de

nutrientes.

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É necessário que as refeições dos adolescentes sejam ricas em cálcio, ferro,

zinco e vitaminas do complexo B.

A autora coloca que por serem mais impacientes e imediatistas, muitos

adolescentes trocam pratos, nas mesas, por sanduíches ou comidas rápidas,

nas redes de fast-food. Muitas vezes esses alimentos contêm excesso de

calorias, gorduras saturadas, sal e quase nenhuma vitamina, mineral e fibra,

sendo que estes últimos são importantíssimos para o crescimento . Em longo

prazo, o cardápio do fast-food causa aumento de peso e uma nutrição

inadequada à vida saudável, pois possui calorias excessivas, grande

quantidade de colesterol, aditivos químicos e provocam má digestão.

Normalmente os refrigerantes acompanham os pratos e estes, além de não ter

nenhuma vitamina ou proteína, ainda contêm grandes quantidades de corantes

e cafeína. A cafeína diminui a absorção de ferro e cálcio pelo organismo e isto

já foi comprovado cientificamente.

Bull et al (In: STÜRMER, 2006), colocam que os adolescentes são muito mais

interessados nos efeitos imediatos da comida, do que em possíveis efeitos em

longo prazo no que diz respeito à sua saúde e bem-estar.

Por isso, o conhecimento sobre uma boa alimentação e suas conseqüências ou

mesmo o interesse em aprender pode tornar-se um importante diferencial no

estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis.

Segundo Póvoa et al (2005), precursores da Medicina Ortomolecular no Brasil,

descobertas recentes sobre o cérebro são capazes de mostrar uma estreita

ligação entre alimentação e casos de depressão, estresse, doenças

degenerativas e desvios de personalidade. Todas essas doenças, tão comuns

em nossa sociedade atual, podem derivar da falta de nutrientes no cérebro.

Segundo pesquisadores, a dieta do fast-food, gorduras processadas, alimentos

exageradamente açucarados e a falta de uma alimentação mais natural, vêm

ocasionando mudanças importantes, às quais o código genético humano ainda

não conseguiu se adaptar. Para os autores,

“a adolescência é uma fase maravilhosa e reveladora, quando a vida oferece a primeira grande oportunidade, para se direcionar o desenvolvimento rumo à felicidade”.

Mas para eles, a beleza da adolescência pode estar ameaçada, em boa parte

por causa da mudança dos padrões alimentares. Os adolescentes comem cada

12

vez menos gorduras saudáveis, frutas, legumes e verduras. Sua alimentação

básica é o hambúrguer e o refrigerante e alguns começam a beber e fumar

muito cedo. Isso tudo provoca um grande desvio no caminho da evolução da

humanidade.

Atualmente se sabe que a esquizofrenia e a depressão bipolar, distúrbios

psíquicos que mais acometem os adolescentes estão muito relacionados à

questão da dieta.

É preciso, portanto, fazer reflexão com os adolescentes e tentar fazê-los ver os

riscos a que estão se expondo quando comem mal.

A má alimentação poderá condenar os jovens a uma vida de sofrimento e falta

de inteligência.

A importância de se conhecer as características dos alimentos, assim como

sua funcionalidade, vai influenciar na escolha de uma alimentação mais

balanceada e saudável. Por isso, além da família,

“Aos professores cabe o ensino de hábitos alimentares saudáveis em disciplinas distintas e palestras promotoras de saúde”. (STÜRMER, 2004).

6.2 Álcool na adolescência

Segundo os psicólogos, a adolescência, por ser uma fase de inconstância e

vulnerabilidade, na qual os jovens se sentem incompreendidos e buscando

identificação com o grupo, acabam bebendo apenas porque os outros também

o fazem.

O grupo é um vínculo muito importante e sendo a insegurança parte da idade,

acontece a imitação dos amigos.

O problema é quando percebem que a bebida acaba com a timidez, pois

recorrem a ela em outras situações e como não estão acostumados,

desconhecem seus limites.

O outro fator importante, segundo Pechansky et al (2004), o que desencadeia o

uso de álcool é a estrutura familiar do adolescente. Separações, brigas e

agressões estão ligadas ao grupo de adolescentes com maior intensidade de

dependência, inclusive de outras drogas ilícitas. Eles ainda estão construindo a

sua identidade, por isso o uso de álcool pode prejudicá-los à medida que se

habituam a passar por situações apenas sob o efeito do álcool. Vários

13

adolescentes associam o lazer ao consumo de álcool ou só tomam iniciativas

afetivas ou sexuais se beberem e isso indica uma forma de dependência.

Os autores colocam ainda, que o álcool é a substância mais consumida entre

os jovens, sendo que a idade do início de uso tem sido cada vez menor,

aumentando assim o risco de dependência futura. Diferentes estudos nacionais

e estrangeiros confirmam que o consumo precoce e disseminado do álcool seja

devido ao fato de ser obtido com facilidade e pelo grande poder das

propagandas sobre ele.

O uso de álcool na adolescência está associado a uma série de

comportamentos de riscos, que expressam características próprias desta

etapa, como o desafio às regras e à onipotência. Aumenta a chance de

envolvimento em acidentes, violência sexual e participação em gangues,

levando também à morte violenta, queda no desempenho escolar, dificuldades

de aprendizado, prejuízo no desenvolvimento e estruturação das habilidades

cognitivo-comportamentais e emocionais, além da perda do controle dos

impulsos.

Petta et al (2006), explicam que o adolescente acredita estar magicamente

protegido de acidentes e também se sente mais autônomo na transgressão,

envolvendo-se em situações de maior risco.

A bebida alcoólica é porta de entrada dos jovens para o uso de outras

substâncias psicoativas e por ser droga lícita presente nas festividades

familiares, ainda não se percebeu que provoca os mesmos problemas.

“O álcool como qualquer droga psicoativa legalizada, é o lobo em pele de cordeiro”. (ZAGO, 1996)

6.3 Cigarro e adolescência

Segundo Neto et al (2004), a influência para a iniciação do tabagismo na

adolescência ocorre pelos mesmos motivos ao início do consumo de álcool.

Além dos problemas característicos desta faixa etária, existem outras

influências importantes para o hábito de fumar dos adolescentes, sendo elas: o

tabagismo dos pais, da mídia, da escolaridade e a desinformação, redução da

auto-estima e auto-imagem, dos ídolos, do contexto social, da prevalência dos

fumantes no meio em que vivem, da experimentação e do próprio efeito da

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nicotina. Esta substância, sendo uma droga potente, causa dependência e

abstinência, mesmo produzindo relaxamento, pois atua no Sistema Nervoso

Central.

Os autores colocam, que os jovens estão apresentando algumas doenças que

antes só apareciam em adultos ou idosos.

O tabaco é responsável por grande parte dos problemas respiratórios entre

adolescentes e jovens (infecções, alergias, asma, tosse crônica e redução do

volume pulmonar), alterações da saúde bucal (halitose, doenças da gengiva e

lesões da cavidade oral) e redução da capacidade física. Além destas doenças,

os adultos podem desenvolver câncer, principalmente de pulmão, infarto agudo

do miocárdio e derrame cerebral.

O consumo de tabaco é considerado uma epidemia global.

A fumaça do cigarro contém alcatrão e monóxido de carbono e essas

substâncias também causam problemas de saúde para o ser humano.

Os autores enfatizam a necessidade da prevenção através de campanhas

eficazes nas escolas, pois apresentam dados de que o tabagismo diminuiu,

principalmente entre jovens. Citam como exemplo, uma pesquisa feita nas

escolas de Salvador (BA), onde a maioria dos adolescentes não achava

elegante fumar, mesmo entre fumantes, que não achava as campanhas contra

o fumo, eficazes e sugeria mais campanhas informativas nas escolas.

Dizem também, que há estudos mostrando a eficácia na prevenção do

tabagismo e do consumo de outras drogas quando os professores estão aptos

e informados para lidar com esse problema entre os adolescentes

Malcon et al (2002), deixam claro que o maior impacto que se pode ter, é

prevenir que crianças e adolescentes adquiram o hábito de fumar.

Para elas, a escola, juntamente com a família, deve desenvolver projetos

educacionais, que estimulem o pensamento crítico dos adolescentes e os

aproxime do contexto onde vivem. Professores, pais e jovens, devem estar

mobilizados a tornar a escola um ambiente livre da fumaça do cigarro.

Segundo dados da Coordenadoria Estadual Antidrogas (2008), cerca de 3

milhões de jovens entre 10 e 18 anos, estão completamente dependentes da

nicotina, mas estudos sobre o perfil e a ingestão de drogas no país dizem que

a incidência da experimentação vem diminuindo graças ao aumento de

informação por parte da população, maior inclusão escolar e o envolvimento

crescente das escolas na prevenção.

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O objetivo desta pesquisa-ação foi a partir do levantamento de dados sobre os

hábitos alimentares e uso de cigarro e álcool entre os adolescentes, promover

a metodologia de ensino proposta pelos autores que defendem o ensino da

Química na abordagem progressista e através de um tema, observar os seus

resultados, além de incentivar mudanças positivas de hábitos entre os

estudantes.

DESENVOLVIMENTO

Metodologia aplicada

A pesquisa foi realizada com quatro terceiras séries do turno da manhã do

Colégio Estadual do Paraná, com a participação média de 130 alunos de

ambos os sexos. Para o desenvolvimento da pesquisa foi elaborado

inicialmente um instrumento de coleta de dados com perguntas fechadas,

sobre os hábitos alimentares dos estudantes, o uso de cigarro e álcool entre

eles e a percepção dos conhecimentos químicos relacionados a este tema.

A seguir, houve a explanação do projeto, a formação das equipes com a

eleição dos coordenadores e a distribuição dos assuntos a serem pesquisados.

Durante o trabalho realizado foram observadas as vantagens e as dificuldades

encontradas, além das considerações feitas pelos alunos.

Resultados, implementação e discussão

O resultado da coleta de dados feita com os alunos revelou que a maioria

deles:

• acha interessante e importante discutir sobre o tema proposto;

• diz entender porque se alimenta, mas não conhece muito sobre o

assunto;

• reconhece os problemas causados pelo álcool e cigarro no organismo

humano e na sociedade, não fuma, mas sobre o álcool, já experimentou

ou faz uso dele;

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• quanto aos conteúdos de Química, consegue perceber mais ou menos

a sua relação com o tema e metade dos entrevistados não se preocupa

ou não pensa sobre como estará na velhice.

As respostas abaixo demonstram este resultado:

1- O que você pensa sobre este tema?

Importante - 88 Sem importância - 0 Interessante - 98 Desinteressante – 6

2- Ao estudar os conteúdos de Química consegue relacioná-los a este tema?

Sim - 49 Não - 11 mais ou menos - 71

3- Você conhece bem sobre esse assunto?

Sim - 30 Não - 18 mais ou menos - 83

4- Você se preocupa com o que come?

Sim - 58 Não - 16 mais ou menos- 54

5- Você sabe por que se alimenta?

Sim - 107 Não – 2 Mais ou menos – 19

6- Você se preocupa com sua saúde atual?

Sim - 68 Não - 8 mais ou menos- 52

7- Você já pensou em como estará sua saúde na velhice?

Sim - 51 Não - 56 mais ou menos - 24

8- Você acha que come muito, pouco ou mais ou menos?

Muito - 35 pouco - 13 Mais ou menos - 83

9- Você já fez ou faz regimes?

Sim - 35 Não - 96

10- Conhece alguma doença decorrente da má alimentação?

Sim - 117 Não - 11

11- Você faz ou fez uso de álcool?

17

Sim - 89 Não – 42

12- Você conhece os efeitos causados pelo álcool no organismo humano?

Sim - 102 Não - 29

13- Você faz uso de cigarro?

Sim - 20 Não - 111

14- Você conhece os efeitos causados pelo cigarro no corpo humano?

Sim - 120 Não - 10

Implementação, Êxitos e Dificuldades

Houve uma boa aceitação desta pesquisa-ação por parte dos estudantes. A

pesquisa inicial foi respondida e logo após foram dadas as informações

necessárias para o seu desenvolvimento. As equipes foram formadas, os

coordenadores eleitos, os nomes das equipes foram escolhidos pelos

integrantes das mesmas e o coordenador recebeu o primeiro cronograma com

os assuntos a serem pesquisados por eles. Enquanto isso o conteúdo da série

foi sendo dado e as avaliações foram acontecendo, isto porque todos os outros

professores de Química do colégio trabalham com conteúdos lineares e não

através de temas.

A maioria das equipes não teve problemas, principalmente quando o

coordenador fazia bem o seu papel e, além disso, se fortalecia na união. Das

vinte equipes formadas no máximo cinco equipes tiveram algum

desentendimento, isto porque os participantes não cumpriam as datas de

entregas do levantamento de dados ao coordenador e organizador para a

sistematização dos trabalhos, sendo que três dessas equipes eram de uma das

turmas mais complicadas em relação à disciplina, interesse e convivência entre

os alunos e também com os professores. Somente uma equipe precisou de

interferência mais séria inclusive com a troca do coordenador, mas foi

interessante porque depois disso fizeram um excelente trabalho e houve união

entre eles. Observa-se que o acompanhamento do professor nesses momentos

é importantíssimo porque como são adolescentes precisam de ajuda para

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resolver conflitos que surgem normalmente durante trabalhos em equipes e

isso mostra a necessidade do uso dessa metodologia para formar um aluno

mais preparado para viver em sociedade.

O prazo inicial para o término deste projeto seria de sete meses, a partir da

apresentação do mesmo, mas houve a necessidade de antecipação de quase

três meses devido ao término do GTR (Grupo de Trabalho em Rede), no qual,

trinta professores do Estado do Paraná, acompanhavam, discutiam e debatiam

sobre os assuntos tratados.

Devido a esta mudança, ocorreram algumas situações de estresse e desgaste.

Isso porque a terceira série só tem duas aulas de Química na semana e todos

os afazeres dos envolvidos se acumularam. Foi muito corrido para manter o

conteúdo da série em dia, fazer as avaliações, orientar e acompanhar as

equipes, apesar de tudo ter dado certo no final. Um dos motivos desse

desgaste pode ser porque não se trabalha a Química através de temas e o

sistema de avaliação exigido na escola ainda é muito engessado e burocrático,

diminuindo a autonomia do professor. O ensino ainda é conteudista e

tradicional e infelizmente está longe de se transformar em progressista. Prega-

se uma teoria e cobra-se outra prática deixando-se então de oferecer aos

professores e alunos, as condições necessárias para a mudança.

Conforme os dados iam sendo levantados os alunos percebiam a presença do

conteúdo da série em suas pesquisas, a aplicação e a importância do tema

estudado para as suas vidas, achando interessante o que estavam descobrindo

e as conversas em sala de aula, muitas vezes giravam em torno disso.

Um dos depoimentos foi dado por uma aluna que ao pesquisar sobre o cigarro,

mesmo já tendo ouvido tantas propagandas contra o mesmo, estava tentando

fazer a mãe parar de fumar através da leitura de seu trabalho e das suas

argumentações. Outros diziam que não tinham consciência da importância de

cuidar da sua alimentação e que através do conhecimento adquirido iriam

passar a fazê-lo.

A quantidade de álcool nas bebidas e o que ele provoca no organismo também

foi motivo de discussão em sala. Essa fase foi muito rica.

Os assuntos a serem pesquisados foram retirados da seqüência do caderno

temático, uma produção didático-pedagógica escrita pela autora deste artigo

durante o PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) e após o término

das pesquisas os alunos tiveram acesso à leitura do mesmo. O caderno

19

temático foi encaminhado por e-mail ao coordenador de equipe que repassou a

seus colegas e este foi usado então como complementação, após o término do

levantamento dos dados feito pelos grupos. Sob o título; “A falta e o excesso de

substâncias químicas para a saúde do ser humano: Alimentação, uso de álcool

e cigarro”, A leitura do caderno temático começa com uma pergunta aos

estudantes: Você é o que ingere? E através de uma conversa com os

adolescentes, são colocados questionamentos, reflexões e explicações

científicas sobre o tema abordado, além de fazer ligações com os conteúdos da

disciplina de Química estudados pelos alunos.

Quanto à organização das equipes alguns objetivos foram levados em

consideração:

• Realizar trabalho em grupo, promovendo troca, reflexão, debate e

organização.

• Incentivar as futuras profissões, dando ênfase às habilidades de cada

aluno(a).

• Usar as novas tecnologias para promover o aprendizado.

• Desenvolver a auto-avaliação, com a análise do trabalho executado por

cada membro do grupo e do desempenho da equipe como um todo.

Segundo Darcy Hitchcock,

“O primeiro passo é definir o que é um desempenho excelente, segundo os critérios formulados pela equipe. É preciso ter uma definição clara do que seja um desempenho bom ou ruim.”

Foram formados cinco grupos com oito alunos e eles escolheram um

coordenador(a) para fazer o gerenciamento dos trabalhos e se manter em

contato permanente com a professora, tanto em sala de aula quanto por e-mail.

Para despertar ou confirmar habilidades levando assim à escolha de algumas

profissões, houve orientação para que as equipes fossem formadas por

alunos(as) que pudessem:

• Organizar e sintetizar as pesquisas.

• Organizar os trabalhos, material e apresentações.

• Fazer contatos para as visitas e entrevistas.

• Acompanhar os momentos importantes dos trabalhos da equipe, através

de filmagens, fotos e outros, participando da edição dos resultados.

• Produzir artes gráficas, cartazes, etc.

20

• Fazer as apresentações orais dos resultados.

• Produzir peças teatrais para poucos minutos, mas que levassem os

expectadores à reflexão sobre o assunto tratado e também produzir

curta metragem, músicas e outras criações.

Esta fase foi muito interessante, pois os estudantes tiveram a oportunidade de

fazer uma análise sobre o que gostariam de fazer na equipe para que os

objetivos fossem alcançados e apresentaram-se muito motivados.

As questões colocadas para que eles buscassem as explicações estão abaixo

relacionadas:

• Por que nos alimentamos? O que são nutrientes?

• Defina as substâncias abaixo relacionadas, dê a função que elas

exercem no organismo, explique-as quimicamente se possível e cite os

principais alimentos que as contêm : Carboidratos, Lipídios (gorduras e

óleos de origem animal e vegetal), ácidos graxos (tipos), proteínas,

aminoácidos, vitaminas, sais minerais.

• Qual a função da água na alimentação?

• Quais são os elementos químicos que formam o organismo humano?

• Os que são os radicais livres de oxigênio e alimento antioxidante?

• Explique a pirâmide alimentar da USDA de 1992 e as mudanças

ocorridas na pirâmide atual.

• O que é e qual a fórmula química do Colesterol?

• O que é a obesidade, quais os problemas que ela causa para a saúde

do ser humano e como reconhecê-la através do IMC (índice de massa

corporal)?

• O que é anfetamina e como é a sua fórmula química?

• Como deve ser uma alimentação saudável?

• Como prevenir, através da alimentação doenças como o colesterol

elevado, diabetes, ataque cardíaco, câncer e outras?

• Como são feitas as margarinas e a gordura hidrogenada? Elas fazem

mal ou bem para a saúde?

• Explique as doenças Anorexia, Bulimia e Anemia.

• O que são alimentos orgânicos e transgênicos?

21

• Qual é a diferença entre alimento diet e light?

• Quais são os principais aditivos químicos, sua função, onde são

encontrados e o que podem causar para a saúde?

• O que é a adolescência e como é a alimentação nessa fase da vida?

• Qual é o álcool usado nas bebidas alcoólicas e a sua fórmula química?

• Cite a porcentagem de álcool das bebidas mais conhecidas e o que essa

quantidade pode causar no organismo humano.

• Quais as principais doenças causadas pelo uso abusivo de álcool?

• Como se dá a formação do vício e quais os principais problemas do

alcoolismo para a sociedade?

• Por que não se deve dirigir depois de beber? O que prevê a lei de

trânsito de 2008 (lei seca) para os motoristas embriagados?

• Por que o adolescente usa álcool e quais os principais riscos que ele

corre ao beber?

• Qual é a composição química do cigarro, e o que ele pode causar no

organismo?

• Cite dados sobre o tabagismo no Brasil e no mundo. Qual é o dia

nacional de combate ao fumo?

• Por que os adolescentes fumam? Quais as principais doenças que eles

podem ter ao fumar?

Na segunda fase do projeto, após a busca dos principais conhecimentos sobre

o tema estudado, as equipes receberam por sorteio, alguns grupos de

alimentos devendo apresentar a constituição química de cada um deles e a

quantidade de calorias por porção (mostrando qual seria mais calórico). Além

disso, deveriam apontar quais nutrientes estariam presentes em maiores

quantidades nesses alimentos, se possuíam aditivos químicos ou não e os

benefícios e malefícios que apresentavam para a saúde do ser humano.

Esses alimentos estão relacionados abaixo:

• grupo 1: banana, , alface, beterraba, grão-de-bico, chocolate, salgadinho

de pacote, suco artificial em pó, frango, arroz, yogurte, sorvete.

• Grupo 2: maçã, tomate, repolho, lentilha, carne vermelha, maionese,

batata frita, adoçante, limão, balas ou pirulitos, lanche do MacDonalds.

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• grupo 3: laranja, couve-flor, agrião, ovo, mel, salsicha, ketchup, bolacha

recheada, feijão, chicletes, comida pronta congelada (qualquer tipo).

• grupo 4: morango, cenoura, espinafre, aveia, leite, queijo mussarela,

castanha-do-Pará, margarina, pão integral, Nescau, embutidos (salame,

lingüiça,etc)

• grupo 5: abacaxi, brócolis, uva, peixe, pão branco, amendoim, bolacha

de água e sal, azeite de oliva, mamão, açúcar, presunto.

No término desta fase as equipes deveriam apresentar os resultados sobre os

alimentos pesquisados para a turma através de cartazes, TV pendrive ou

outros meios e promover uma confraternização alimentar trazendo pequenas

porções de cada alimento para a sala de aula. O objetivo seria verificar se os

alunos(as) percebiam as substâncias químicas ingeridas por eles através dos

alimentos e o que elas provocam em seu organismo e o material coletado seria

usado numa mostra para finalizar o projeto. Infelizmente por causa do tempo

essa etapa também foi abolida e as apresentações, inclusive com as amostras

dos alimentos, foram transferidas somente para a Mostra. Mas apesar disso, foi

um sucesso.

O primeiro resultado desse trabalho foi apresentado em um Portifolio escolar

contendo capa, índice, introdução, desenvolvimento pessoal, social e

acadêmico, conclusão e anexos, ou seja, apresentação do trabalho com

justificativa, resultado do levantamento de dados sobre os assuntos propostos,

as etapas e como elas ocorreram (participação e desenvoltura da equipe),

conclusões do aprendizado e os anexos (materiais usados para a produção,

textos, fotos, figuras e outros). O uso do Portifolio tem o objetivo de despertar o

aluno para o planejamento, organização e acompanhamento do próprio

desempenho.

Nesse ponto foi observada certa dificuldade de entendimento, pois no Ensino

Médio não é muito comum o uso do recurso Portifolio, mas este pode se tornar

um excelente instrumento de avaliação no processo ensino-aprendizagem.

Enquanto isso os estudantes participaram de uma aula de laboratório sobre o

funcionamento do bafômetro e tiveram a oportunidade de discutir sobre a lei de

trânsito atual (lei seca) e os sobre os perigos e problemas de dirigir

alcoolizado. Esses momentos de reflexão precisam estar presentes

23

constantemente nas aulas das diversas disciplinas, pois podem ajudar a formar

a personalidade do adolescente com base no conhecimento.

A terceira fase desta pesquisa-ação envolveu entrevistas a cinco grupos de

idosos: de asilo, hospital, rua, família e geração saúde (que pratica exercícios e

tem alimentação saudável).

Os grupos foram sorteados e as questões para a entrevista foram preparadas

pelas equipes sob a orientação da professora e tinham como objetivos

principais:

• Analisar os hábitos de alimentação e uso de cigarro e álcool entre os

idosos desde a adolescência, além da prática ou não de atividades

físicas.

• Observar como os idosos estavam física e intelectualmente e se os seus

hábitos anteriores poderiam ter contribuído para o seu estado atual.

• Desenvolver o respeito às pessoas idosas e perceber que eles também

foram adolescentes e jovens.

• Promover a reflexão sobre o futuro de um ser humano jovem que é a

velhice.

O resultado das entrevistas foi apresentado na Mostra e os estudantes usaram

cartazes, fotos, vídeos e gostaram muito dessa atividade. Não paravam de

comentar sobre os idosos entrevistados e de fazer comparações em relação ao

seu estado físico e mental. Fizeram importante relação com os hábitos e a

saúde deles, além de se sentirem bem por ter-lhes oferecido respeito e atenção

tornando-os muito felizes.

A quarta fase contemplou a Mostra da Saúde, feita pelos estudantes envolvidos

neste projeto e demonstrou que quando o aluno pesquisa, elabora o

conhecimento e apresenta os resultados, a aprendizagem acontece de maneira

efetiva e ele sai da passividade para a ação. É muito gratificante para o

professor que orienta, conduz e participa dessa construção, pois percebe um

real crescimento do seu aluno e não somente a sua capacidade de

memorização de conteúdos que muitas vezes não irão ajudá-lo em nada em

sua vida.

A Mostra ocorreu no pátio do Colégio com a participação dos outros alunos e

seus professores, dos funcionários e toda a equipe pedagógica, além de alguns

24

pais. Apesar de todas as dificuldades encontradas, durante esse período, todos

perceberam a escola viva necessária ao mundo moderno e ao aluno atual e

real.

Pelas falas dos estudantes, tornou-se claro que eles estavam se sentindo parte

da escola e os agentes do próprio saber e felizes em poder explicar para as

outras pessoas o que haviam aprendido e a importância do conhecimento

adquirido para a vida deles. Foi maravilhoso e por um dia acreditou-se na

possibilidade de mudanças.

Alguns depoimentos de alunos sobre o trabalho desenvolvido e sobre o

caderno temático usado para a complementação das pesquisas:

“É um belo programa de conscientização principalmente para os jovens um tanto desorientados

em seus costumes e alimentação, além de abordar cientificamente o assunto falando em

proporções e conseqüências, mostrando quimicamente a gordura, o álcool e o cigarro. É um

conteúdo para ler e pensar em suas próprias ações e as de sua família.”...

”Com certeza temos a possibilidade de usar esse estudo com fonte de pesquisa para trabalhos e

de modo de vida, ou seja, começar a adequar a nossa alimentação de maneira saudável.”

”Nada melhor do quem ter consciência do que se come, tendo assim uma alimentação saudável

e com isso um maior desempenho físico e mental, sem contar com o prolongamento da vida e o

bem estar.”

”Acredito que esse trabalho sobre “A FALTA E O EXCESSO DE SUBSTÃNCIAS QUÍMICAS

PARA A SAÚDE” é uma forma de fusão dos conhecimentos adquiridos através de suas

pesquisas, sendo uma forma de quebrar uma barreira imposta pelos jovens que o excesso ou a

falta de substâncias não é prejudicial á saúde....”

“Foi muito bom ter participado deste projeto, porque além de aprender sobre saúde, pude

perceber os conteúdos de Química que já vimos ou estamos vendo e para que servem.”

“Após o término dessas pesquisas, podemos concluir que a nossa alimentação influi direta e

indiretamente em todas as áreas da nossa vida e por mais que não percebamos é apenas

através da alimentação que nos mantemos vivos. Tudo em nosso organismo depende da forma

como nos alimentamos e se temos hábitos alimentares saudáveis com certeza teremos uma vida

muito boa. Quanto ao nosso estudo sobre o álcool e o cigarro, podemos concluir o que já foi

evidenciado muitas vezes: não há saúde ou bem estar em meio ao consumo dessas

substâncias, pois estas não afetam apenas nossa saúde física mas também a psicológica, o

convívio social e emocional, sem os quais nenhum indivíduo consegue viver. Cremos que a partir

dos conhecimentos adquiridos nesse trabalho mudaremos alguns hábitos que nos prejudicavam

25

e melhoraremos aqueles que já nos faziam bem. Aprendemos a controlar alguns hábitos e a

entender as influências positivas e negativas desses hábitos e quais suas conseqüências. Foi

uma ótima experiência e com certeza irá influenciar positivamente as nossas vidas.”

”O caderno temático foi muito bom para mostrar o que as proteínas, lipídios, gorduras, etc...

fazem de bom e de mal ao nosso organismo. Mostra também como evitar doenças. Você

começa a perceber o que está comendo e identificar se está fazendo bem ou está fazendo mal.

Sobre o alcoolismo é muito explicativo, pois você sabe o quanto pode beber, o que tem maior

teor alcoólico e etc. Quando fala no cigarro, o caderno temático mostra o quanto ele faz mal, não

traz nenhum benefício para o seu organismo e o quanto esse produto é tóxico”.

“Após as pesquisas e a leitura do caderno temático, a análise que faço e concluo é que sim,

somos o que comemos, pois tudo o que comemos nos faz viver dando energia e força vital, além

do fato de sermos parte do que comemos a exemplo da água e do fato de termos em nosso

corpo tantas substâncias diferentes. Logo concluo e entendo, que se comemos coisas ruins

teremos em nosso corpo coisas ruins. Gostei muito do caderno temático, pois possui uma leitura

fácil e descontraída e aposto nesses métodos de estudo, pois assim compreendemos que a

nossa alimentação influi muito em nosso futuro. Depois desta comeremos com mais consciência

e inteligência” .

” Parece-me que um dos objetivos do caderno temático é servir como aprofundamento teórico e

reflexivo sobre a alimentação, uso de álcool e cigarro.

Professora fique certa que através da minha leitura esse objetivo foi alcançado. Primeiramente

porque o caderno é escrito em uma linguagem adequada ao nosso entendimento e não é de

uma maneira maçante. As figuras também são muito oportunas, mas o principal, admirado é o

CONTEÚDO; sabe que é parar para pesar no que estamos ingerindo? Todos sabemos que a

ingestão do álcool, do cigarro e o excesso de açúcares não são saudáveis, mas pensar em

proteínas, carboidratos, água, lipídios e HDL, é difícil enquanto estamos saboreando uma comida

gostosa.”

“O caderno é super explicativo e informativo, pois ali encontramos informações que sabemos

serem importantes, mas não procuramos aplicar em nosso cotidiano. Ele nos ajuda

pensarmos no que estamos ingerindo e vermos que muitos problemas que estamos passando

são resultados da ignorância de ontem, mas agora não mais.”

Para a apresentação dos resultados na Mostra, por sugestão dos alunos, foram

sorteados os tópicos que cada equipe apresentaria, pois ao invés de todos

apresentarem as pesquisas sobre alimentação, cigarro e álcool, a constituição

química de cada grupo de alimentos e a entrevista com cada tipo de idosos,

foram agrupados em : alimentação geral e constituição química dos grupos de

26

alimentos, com amostras dos mesmos, álcool, cigarro e entrevistas com todos

os tipos de idosos.

Os coordenadores deveriam repassar por e-mail tudo o que tinham sobre os

assuntos às equipes responsáveis por cada tema. Apesar de ter dado tudo

certo após alguns problemas, esse também foi um momento de dificuldades,

pois devido ao pouco tempo, as equipes não entregavam a suas pesquisas

como deveriam. Se houvesse mais tempo, com certeza tudo teria saído melhor,

mas esta forma de organização foi muito interessante e o mais importante é

que foi sugerido pelos estudantes. O adolescente por ser imediatista, deixa

quase tudo para a última hora, mas o empenho foi muito grande e o resultado

foi espetacular.

Infelizmente muitas dificuldades foram enfrentadas, pois o colégio não está

preparado para “o fazer” dos alunos, pois eles precisam ter as portas abertas

para poder desenvolver a sua aprendizagem, tendo as suas necessidades

atendidas. É tudo muito difícil, principalmente onde existem muitos chefes e

muitas normas e a educação existente ainda é a tradicional. O discurso muitas

vezes não bate com a prática e isso dificulta o trabalho quando se quer aplicar

o que realmente funciona em relação à Educação.

A Mostra foi um sucesso, pois os alunos usaram de criatividade e não mediram

esforços para promover o visual de suas equipes, fazer as explicações e

atender aos visitantes. Usaram muitos notebooks, tv e dvd, baixaram vídeos da

Internet, trouxeram os alimentos pesquisados, fizeram pirâmides alimentares,

ampliaram as propagandas contra o cigarro (que estão nos maços), fizeram

cartazes explicativos, buners, fotos de acompanhamento das equipes durante o

projeto, fotos e vídeos sobre as entrevistas com os idosos, cartazes com

reportagens sobre os acidentes de trânsito por excesso de álcool, doenças

causadas pela má alimentação e outros.

A equipe que mais atendeu alunos foi a dos “Vitaminados” que usou algumas

partes do vídeo em que mostra um rapaz que só comeu no MacDonalds

durante algum tempo e além de engordar muito também passou mal. Eles

ficaram realizados em poder responder as perguntas e explicar como deve ser

uma alimentação saudável. Um dos alunos disse que mais de quinze pessoas

o havia adicionado no Orkut depois das suas explicações e que estava rouco

de tanto falar, mas feliz e que já estava mudando seus hábitos alimentares.

27

O interessante foi que os terceiros anos que normalmente não gostam de

participar de Feiras ou Mostras, pois estão sempre pensando no vestibular,

com esse tema , percebendo a ligação com os seus conteúdos e com uma

certa dose de motivação e orientação, se envolveram bastante.

A Mostra é uma maneira de fazer com que os dados levantados em pesquisas

sejam sistematizados e incorporados, pois precisam ser apreendidos para fazer

as apresentações. Desta forma todas as relações com o conhecimento

acontecem e são transformadas e transpostas didaticamente. Ao produzir uma

apresentação o aluno precisa construir e reconstruir os conceitos estudados e

isso ocasiona o aprendizado efetivo.

A avaliação foi feita por professores de Química, que observaram o conteúdo, a

exposição oral, a organização e o visual feito pelas equipes.

A comunidade escolar foi convidada a visitar a Mostra e os professores

percebendo a importância da mesma, pois se tratava de um momento

promovido pelos estudantes, levaram os seus alunos para a visita e o

interessante foram as cobranças feitas por esses alunos a seus professores,

querendo saber porque eles não estavam fazendo algo parecido.

Há três anos não se promove feira de ciências ou Mostra nesse formato no

Colégio.

A última etapa do projeto era a promoção da solidariedade, mas esse objetivo

quase não foi alcançado. Uma coleta de alimentos não-perecíveis seria feita

pelos envolvidos no projeto, para doação aos asilos visitados durante as

entrevistas e a uma clínica de recuperação de alcoólatras, indicada por eles.

Eles deveriam fazer a divulgação para recolher os alimentos na semana da

Mostra, mas somente uma equipe o fez. Isso demonstra que os jovens não

estão acostumados a praticar alguns valores e que é preciso trabalhar mais

essas questões com eles. Algumas universidades desenvolvem projetos

comunitários com seus alunos, inclusive contando como carga horária e talvez

seja o momento de se iniciar algo parecido no Ensino Médio. Os professores e

a equipe pedagógica estão sempre muito atentos aos afazeres burocráticos e

aos conteúdos, muitas vezes somente direcionados aos vestibulares, mas a

educação de um povo com todas as necessidades para que haja paz, amor,

saúde, comprometimento com a vida das pessoas e do planeta, exigem muito

mais que isso. E não adianta dizer que esse é dever somente da família, pois

essa, infelizmente, também está em declínio.

28

Educar significa, “cuidar de...”e repassar conteúdos somente, muitas vezes

desconectados de tudo, não consegue cumprir o princípio básico da Educação

e todos sofrem as conseqüências, através da violência, da destruição do

planeta, do sofrimento das pessoas, entre outras coisas.

A entrega dos alimentos, apesar de não serem muitos, foi feita a um asilo.

Após a Mostra , os alunos fizeram a auto-avaliação, conforme o seu

envolvimento nos afazeres da equipe e no aprendizado e participaram de um

debate final.

Após este trabalho, infelizmente, tudo voltou à normalidade da escola existente,

com o repasse de conteúdos e as cobranças dos mesmos, pois todos os

professores trabalham assim e então começam as cobranças dos alunos e da

equipe pedagógica quando esses conteúdos não são repassados da maneira

tradicional e linear e dentro do tempo estipulado.

É preciso ainda muita discussão e reflexão sobre todos esses assuntos, para

que as Ciências possam voltar a fazer parte do currículo, com o objetivo de

como diria ALBERT EINSTEIN,

“A Ciência não tem sentido senão quando serve aos interesses da humanidade”.

Considerações dos professores do GTR (Grupo de trabalho em rede)

Os professores(as) que acompanhavam e analisavam o projeto apresentado

neste artigo, via Internet, fizeram excelentes discussões e deixaram

contribuições importantes.

Percebeu-se que a maioria acredita que deve haver mudança na forma de

ensinar a Química e que as Diretrizes curriculares Paranaenses apontam para

isso. Comprovou-se também que o estudo, o debate e a troca de experiências

entre os professores(as) auxiliam nessa mudança.

Outra observação feita foi que muitos professores ainda não trabalham as

disciplinas de maneira progressista, continuando no repasse de conteúdos e na

cobrança da memorização dos mesmos.

Alguns comentários surpreenderam, pois os professores ficaram felizes em

poder refletir sobre a sua maneira de trabalhar a Química e se sentiram com

muitas idéias para as suas aulas.

Logo abaixo estão algumas das considerações feitas por esses professores

sobre o projeto e a produção didático-pedagógica:

29

“Quanto ao tema proposto no projeto, considero de grande importância, pois é uma forma de

tornar as aulas mais interessantes, despertar a curiosidade, o diálogo, a conscientização, e

esclarecer dúvidas que muitas vezes levam o adolescente ao uso inadequado de substâncias

tóxicas e mesmo a uma alimentação inadequada”.

“Os conteúdos da disciplina de química podem e devem ser abordados de forma significativa e

atender as necessidades do aluno e da sociedade, para que possam ser formados cidadãos

conscientes, responsáveis pelos seus atos e capazes de tomar decisões. Projetos como este nos

auxiliam no preparo das aulas e dinamizam nosso trabalho”.

“Na escola pública encontram-se algumas dificuldades ao realizar alguns trabalhos, mas não

julgo impossível. Apesar do tempo escasso e do grande número de alunos por turma já tive

ótimos resultados. Não podemos nos acomodar frente às dificuldades pois poderemos

enriquecer muito nosso trabalho se estivermos abertos às inovações e problemáticas atuais.

Considerando-se que são muitas as fontes de informação que o adolescente tem acesso,

precisamos tornar as aulas mais atraentes e significativas, promovendo a reflexão e o

discernimento e devolvendo o prazer em aprender ao educando”.

“O projeto atende um problema atual que preocupa a maioria dos educadores. O consumo de

álcool, cigarro e a má alimentação atingem os jovens e se faz necessário uma intervenção

educativa e a área de Química apresenta conteúdos que contemplam o tema. O projeto

relaciona o problema do cotidiano com os conteúdos de química de forma progressista, com

a aplicação do conhecimento para a qualidade de vida do educando, propõe pesquisa, debate,

atividade prática, contextualização, integração de áreas, solidariedade e contato com a

comunidade local. É a possibilidade de apropriação de conhecimento científico estimulando a

sensibilidade e compromisso com o bem estar do educando e do planeta, tornando as aulas de

Química muito mais interessantes”.

“A proposta de implementação pedagógica está perfeita, contemplando todos os itens de

maneira objetiva e de acordo com a realidade escolar. A proposta nos leva a refletir que a

adolescência é uma fase importante na formação do ser humano, e a falta e o excesso de

substancias químicas poderá acarretar problemas sérios de saúde. O texto aborda a

contextualização de forma objetiva, mostrando ao aluno a construção e reconstrução dos

conhecimentos científicos na prevenção e cuidados com sua saúde, relacionando os conteúdos

de química as atividades do seu cotidiano, fazendo com que o aluno reflita criticamente sobre os

efeitos do mau uso das substancias químicas em seu organismo. A estratégia de ação, faz com

que os alunos trabalhem e se ajudem, um aluno vai somar com outro e isto é muito importante

para sua vida futura. As referências citadas no texto foram de uma riqueza espetacular, não

podendo deixar de citar Freire: "Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

30

“Desde a primeira vez que li o resumo desse trabalho para que eu pudesse escolher qual GTR

iría me inscrever gostei muito do assunto , pois acho que todos nós seres humanos temos que

contribuir de alguma forma para ajudar pessoas com problemas seja ele qual for, ainda mais nós

da área de Química que conhecemos bem como as dependências seja álcool, drogas, ou

mesmo má alimentação podem estar prejudicando o desenvolvimento desses adolescentes que

tanto nos dão trabalho mas que é nossa missão levar um pouco de conhecimento para que eles

possam entender melhor o que poderá acontecer ao seu organismo. Em relação a este projeto

gostei muito e acho que está vindo de encontro aos anseios de muitos professores em relação

ao problema em sala de aula , acredito que seja possível interdisciplinar muito este assunto”.

“O currículo proposto pelas DCEs nos diz que a fundamentação teórica é extremamente

importante para uma aprendizagem significativa, desta maneira esta proposta está totalmente de

acordo com o que nos foi pedido, precisamos partir do conhecimento prévio do aluno para

conseguirmos transformá-lo em científico e assim formamos cidadãos conscientes e

participativos dentro da sociedade”.

“Um dos grandes desafios mostrado nos PCNs é que não basta transmitir conteúdos de

Química, mas que é preciso formar um cidadão pleno. É importante conhecer os conteúdos de

Química, porém mais que isto se deve saber que há muitos compostos que nos tiram a saúde e

corroem nosso corpo e mente.

Os conteúdos abordados neste projeto estão totalmente direcionados à educação básica em

minha opinião e de encontro com as DCEs , pois leva o aluno a compreender e entender melhor

sobre o que ele pode estar consumindo e ainda mais, detendo o conhecimento o aluno poderá

ser mais crítico passando a ser sujeito de sua história e não um mero telespectador guiado pelos

caminhos que outros o podem levar”.

“O material apresentado tem uma relevância impar, pois nele são encontradas algumas das

respostas que nossos alunos desejam saber e mesmo nós professores não conseguimos ou não

estamos prontos para responder de pronto.

Aponta a preocupação com os valores perdidos com o tempo, e principalmente que a teoria de

que nada me faz mal, eu bebo e como de tudo e nada me atinge, vem por terra, pois temos que

reaprender a nos alimentar de maneira mais simples e com qualidade, para que possamos viver

mais e muito melhor. Ocorrem desmistificações durante a leitura, em relação a alguns costumes

e as substancias aditivas em produtos alimentares. Outro item interessante a importância dos

elementos químicos que constituem nosso corpo. Com o material apresentado temos muitos

meios para abordar com os alunos e intermináveis possibilidades de interagir a Química com o

dia a dia de nossos alunos e colegas de profissão”.

“A palavra do professor tem muito peso para o aluno. Acredito que quando o professor trabalha

seus conteúdos com responsabilidade, leva em conta a humanidade de seus alunos; este

professor também tem 'moral' diante dos alunos para tratar de assuntos tão importantes como

31

este. E quando falo que os acho importantes, não estou com demagogia, pois, sei que se trata

de assuntos de saúde publica. Trata-se de assuntos urgentes, pois, estamos falando de vida

humana. O caderno temático foi uma escolha muito interessante e me deu algumas idéias para

organizar o modo como preparo minhas anotações para as aulas”...

“Fiquei emocionada com tantas informações juntas, poderei me associar com o professor de

Biologia para trabalharmos em conjunto. Já decidi que neste ano irei trabalhar o álcool na

terceira série não apenas como uma função química a mais, mas integrando o álcool na

prevenção do alcoolismo. Para isso incentivarei os alunos em discussões e faremos grupos para

apresentação de suas idéias e descobertas, através de pesquisas, vídeos e cartazes, os quais

deverão ser mostrados para a escola. Nossa!, na primeira série eu posso trabalhar aquele texto

do livro do Governo do Paraná sobre os elementos químicos, acho muito importante pois mostra

a eles onde podemos encontrar os elementos químicos e como agem em nosso organismo. Este

ano, farei com que cada dupla defenda a importância de cada elemento que faz parte no nosso

organismo. Para a alimentação poderei trabalhar com a segunda série em quantidades calóricas

na termoquímica. Quando li esta proposta fiquei com a cabeça a mil e nem sei se consegui me

expressar contidamente, mas valeu com certeza, pois esta proposta será bem vinda tanto para

aumentar a informação do professor quanto do aluno. Basta usar e abusar”.

“Cara colega, ao realizar a leitura da sua proposta pude constatar a importância de se trabalhar

temas motivadores em sala de aula, porque através deles podemos aplicar os conceitos

científicos sem ter que ouvir, como você mesma diz: Professora porque temos que estudar

Química? Acredito que esse é o caminho. Você preparou um caderno bastante atrativo, pois a

todo momento você conversa com os estudantes, mantendo uma interação bem próxima. Gostei

também do modo em que você distribui os temas, começando com a alimentação e depois com

as drogas, assim nossos estudantes percebem que uma má alimentação também pode ser

prejudicial à saúde. Os textos estão muito bem escritos, com uma linguagem bastante acessível

e de fácil compreensão. Esta iniciativa do governo em colocar nós professores para elaborarmos

cadernos, livros entre outros materiais, tem contribuído muito para uma gestão democrática,

onde todos nós fazemos parte. Parabéns professora pela sua iniciativa, agora é nossa vez de

colaborar transmitindo aos nossos alunos esses materiais”.

“A falta ou o excesso de certas substâncias químicas para a saúde do ser humano, bem como a

sua prevenção é um tema bastante propício para se trabalhar com adolescentes. Portanto, é

fundamental que o ensino de Química, assim como o de Biologia e o de Ciências, abordem o

relacionamento entre o uso dos conhecimentos científicos com os cuidados de sua saúde.

Após a leitura do Caderno Temático, fiquei sem palavras para dizer o quanto foi benéfico este

estudo. Assustei-me quando vi que era um texto de 56 pg., já imaginei que seria aquele texto

"tedioso”, mas comecei a ler e não parei até chegar o fim.

Essa produção está rica em muitos detalhes, mostra o que uma pessoa, "adolescente", faz com

sua vida e que realmente a saúde está em nossas mãos.

Todos os itens estão bem formulados pedagogicamente através da informação científica e com

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nível adequado ao entendimento dos alunos, assim faz com que os alunos compreendam e

reflitam sobre os efeitos causados devido ao mal uso dos alimentos, álcool e cigarro.

Sem dúvida é uma proposta que vou colocar no meu planejamento e pretendo trabalhar em sala

de aula, uma boa oportunidade será na feira de ciências - feira multidisciplinar.

Esta produção nos faz motivar as expectativas de uma Escola Pública de qualidade”.

”Parabéns professora. Eu adorei a sua produção. Suas informações me estimularam a trabalhar

alimentos com os alunos, pois álcool e cigarro eu sempre exploro em minhas aulas, mas

alimentação nunca me interessa, pois sempre penso que alimento é assunto de biologia , mas

depois da leitura dessa produção eu com certeza irei trabalhar, aliás já estou trabalhando

alimentos nos conteúdos de termoquímica, cinética química, já citei muitas informações sobre as

calorias dos alimentos, foi feita a prática para determinar as calorias do pão, toucinho e

amendoim (experiência do livro didático público) e trabalhei as calorias de alguns alimentos e

suas possíveis substituições (baseado em sua produção), houve grande interesse pelos alunos,

fizeram pesquisas sobre as calorias de outros alimentos e na última aula preparamos o iogurte

com leite desnatado, insisto sempre em valorizar a qualidade dos alimentos. Os alunos gostaram

tanto que querem continuar as experiências com alimentos. Agora vou trabalhar os aditivos

químicos nos alimentos e não sei onde vou parar. Obrigada professora, sua produção me ajudou

muito em meu trabalho”.

“Achei inteligente você destacar a importância de viver com saúde na terceira idade, e

principalmente fazer com que o aluno tenha esse conhecimento para poder ajudar essas

pessoas”.

CONCLUSÃO

Este artigo visou apresentar os resultados e observações feitas durante a

implementação de um projeto fundamentado em autores que defendem o

ensino da Química através do uso de temas e embasados em teorias

progressistas.

Ficou evidente que tanto os estudantes que participaram, quanto os

professores que acompanharam o projeto, aprovaram a sua execução e

perceberam a necessidade de mudanças no ensino da Química.

É preciso que os envolvidos na Educação reflitam, discutam e implementem

ações para promover as mudanças necessárias que possibilitem tornar as

Ciências a serviço do ser humano e não somente para que os seus conteúdos

sejam memorizados ou no máximo contextualizados. A interdisciplinaridade

precisa acontecer entre os conteúdos e entre os professores das diversas

disciplinas.

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Os professores(as) necessitam de cursos e momentos de debates direcionados

para esta finalidade e os currículos devem ser adaptados a fim de que as

metodologias abranjam os conteúdos de maneira integrada, envolvendo

Ciências, Tecnologia e Sociedade.

Reconheceu-se também a importância da adolescência para a reformulação ou

incorporação de hábitos e valores, por isso a Educação não pode desperdiçar

essa fase do estudante.

O formato do projeto apresentado neste artigo foi desenvolvido para uma

pesquisa-ação (PDE), mas pode ser adaptado conforme as necessidades e

objetivos dos professores que percebem a importância de relacionar os

conteúdos químicos à vida dos seus alunos, não somente mostrando a sua

aplicação no cotidiano, mas colocando-os para refletir sobre os mesmos para

que possam tomar decisões conscientes sobre o seu uso.

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