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Rev. IG. São Paulo, 16(112), 21-31,jan./dez./1995 A QUESTÃO DA VARIABILIDADE CLIMÁTICA Uma reflexão crítica Lucí Hidalgo NUNES Magda Adelaide LOMBARDO RESUMO O artigo discute a questão da variabilidade climática através da consideração de diver- sos artigos que de alguma forma são voltados a essa temática. Tais estudos foram elaborados de maneira não sistemática, à luz de diferentes propósitos, técnicas e áreas de abrangência. Conclui-se não haver consenso quanto à questão, de modo que o grande número de trabalhos voltados ao tema não vem contribuindo para uma estruturà comum que leve a um conheci- mento amplo desse objeto. ABSTRACT The paper discusses the subject climatic variabilityas treated ln a number of papers ela- borated not systematically, which means they had different purposes, and used different techniques in different areas. Despite the number of papers, there is no consensus conceming climatic variability. INTRODUÇÃO Embora a variabilidade seja uma compo- nente conhecida da dinâmica climática, seu impacto, mesmo dentro de limites esperados, pode ter reflexos significativos nas mais diver- sas atividades humanas, como agropecuária, indústria e produção de energia. As sociedades e os recursos tecnológicos estão relativamente adaptados a um certo nível de variabilidade climática, além do qual as ano- malias podem provocar profunda desestrutura- ção no sistema ambiental e sócio-econômico. S~gundo muitos cientistas, mudanças globais - notadamente climáticas - já estariam em curso, devido ao. aumento da atividade industrial, que levou à maior concentração de gases de efeito estufa (dióxido de carbono, metano, óxido nitroso) ao mesmo tempo em que o sistema ambiental, que dá o suporte à manutenção da vida no planeta, encontra-se profundamente desestruturado; devido à explotação insustentá- vel dos recursos naturais. Como conseqüência, estariam ocorrendo mudanças no padrão de precipitação e ventos, esgotamento de vários ecossistemas, desaparecimento de inúmeras espécies, redução de disponibilidade de água fresca e aumento do nível dos oceanos (THE NAIROBI DECLARATION ON CLIMATE CHANGE, 1~90). Apesar do grande esforço empreendido por pesquisadores interessados na questão da varia- bilidade climática, deve-:sesalientar que o siste- ma climático é de tal. modo complexo em ter- mos de variáveis intervenientes, interações dinâmicas e processos interescalares, que até hoje é apenas parcialmente conhecido. Contribui para iss.o o fato de que as próprias ferramentas de análise utilizadas para a com- preensão da variabilida.de climática são clara- mente deficientes no tratamento de aspectos altamente dinâmic()s e fruto de interação de processos tão diferentes, como os que com- põem o clima, . O presente trabalho apresenta uma discus- são quanto às formas de tratamento que vêm sendo usadas para.essa questão. Longe de se propor a esgotar o tema, pretende-se apresentar um panorama parcial dos estudos voltados à análise da variabilidade climática, demonstran- do que o desenvolvimento dessa temática vem 21

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Rev. IG. São Paulo, 16(112), 21-31,jan./dez./1995

A QUESTÃO DA VARIABILIDADE CLIMÁTICAUma reflexão crítica

Lucí Hidalgo NUNESMagda Adelaide LOMBARDO

RESUMO

O artigo discute a questão da variabilidade climática através da consideração de diver-sos artigos que de alguma forma são voltados a essa temática. Tais estudos foram elaboradosde maneira não sistemática, à luz de diferentes propósitos, técnicas e áreas de abrangência.Conclui-se não haver consenso quanto à questão, de modo que o grande número de trabalhosvoltados ao tema não vem contribuindo para uma estruturà comum que leve a um conheci-mento amplo desse objeto.

ABSTRACT

The paper discusses the subject climatic variabilityas treated ln a number of papers ela-borated not systematically, which means they had different purposes, and used differenttechniques in different areas. Despite the number of papers, there is no consensus concemingclimatic variability.

INTRODUÇÃO

Embora a variabilidade seja uma compo-nente conhecida da dinâmica climática, seuimpacto, mesmo dentro de limites esperados,pode ter reflexos significativos nas mais diver-sas atividades humanas, como agropecuária,indústria e produção de energia.

As sociedades e os recursos tecnológicosestão relativamente adaptados a um certo nívelde variabilidade climática, além do qual as ano-malias podem provocar profunda desestrutura-ção no sistema ambiental e sócio-econômico.S~gundo muitos cientistas, mudanças globais -notadamente climáticas - já estariam em curso,devido ao.aumento da atividade industrial, quelevou à maior concentração de gases de efeitoestufa (dióxido de carbono, metano, óxidonitroso) ao mesmo tempo em que o sistemaambiental, que dá o suporte à manutenção davida no planeta, encontra-se profundamentedesestruturado; devido à explotação insustentá-vel dos recursos naturais. Como conseqüência,estariam ocorrendo mudanças no padrão deprecipitação e ventos, esgotamento de vários

ecossistemas, desaparecimento de inúmerasespécies, redução de disponibilidade de águafresca e aumento do nível dos oceanos (THENAIROBI DECLARATION ON CLIMATECHANGE, 1~90).

Apesar do grande esforço empreendido porpesquisadores interessados na questão da varia-bilidade climática, deve-:sesalientar que o siste-ma climático é de tal. modo complexo em ter-mos de variáveis intervenientes, interaçõesdinâmicas e processos interescalares, que atéhoje é apenas parcialmente conhecido.Contribui para iss.oo fato de que as própriasferramentas de análise utilizadas para a com-preensão da variabilida.de climática são clara-mente deficientes no tratamento de aspectosaltamente dinâmic()s e fruto de interação deprocessos tão diferentes, como os que com-põem o clima, .

O presente trabalho apresenta uma discus-são quanto às formas de tratamento que vêmsendo usadas para.essa questão. Longe de sepropor a esgotar o tema, pretende-se apresentarum panorama parcial dos estudos voltados àanálise da variabilidade climática, demonstran-do que o desenvolvimento dessa temática vem

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se dando de forma não sistemática, dificultandoa troca de informações entre os diversos estu-dos e, conseqüentemente, conclusões maisgerais que possibilítem uma apreensão globaldo tema.

20S TRATAMENTOS DADOS ÀTEMÁTICA

ContribuiçÔes isoladas têm sido dadas aotratamento da variabilidade climática.Geralmente, são estudos de casos desenvolvi-dos para atender propósitos específicos, elabo-rados à luz de técnicas e escalas têmporal eespacial condizentes com essas pesquisas.

A maior parte dos trabalhos selecionadosforam elaborados a partir do final da década de70, em diferentes continentes, porpesquisado-res com variadas formações e utilizando distin-tas formas de tratamento.

Os aspectos conflitantes entre os artigosanalisados serão apresentados por temas. Opri-meiro a se destacar é a diferença quanto ao tra-tamento escalar da variabilidade ,climática.Seguem discussões das técnicas utilizadas naelaboração .dos estudos, impactos da variabili-dade climática na sociedade e qualidade dosdados utilizados na elaboração daspesquisas~Observam-se não apenas pontos"de vista dife-rentes, mas também interesse menor ou até ine-xistência de discussão de aspectos de misterimportância, especialmente relacionado aosdois últimos temas.

HARE (1985) discute interações escalares,salientando a dificuldade em se detectar even-tuais mudanças.e como seria difícil que os 'pro-cessos globais fossem afetados "porfatos ocor-rentes em outras escalas. Essa'Ídéia já haviasido explorada por MONTEIRO (1978) ao tes-saltar que a ação modificadora do homem agi-ria em grau crescente da escala taxonômica(criando as menores unidades e alterando asmédias, ao agir sobre as propriedades extensi-vas do clima), aíndaque não dominando a dinâ"'-mica intrínseca da atmosfera; de onde emanamos mecanismos geradores da sucessão de seusestados; CLARK (1985), ao avaliar interaçõesentre clima, ecossistemas e sociedades, põe emevidência as diversas ordens de magnitudeespacial e temporal envolvidas nesses estudos eressalta a dificuldade em se combinar escalasde acordo cornos processos e modelos envolvi-dos. Em seu estudo de caráter'ambiental, IbOM-BARD0 (1985) atesta a significância da ativi'"dade urbana no processo de alteração climáticalocal, observando existência de ilha de calor nametrópole paulistana,. com maior temperaturano centro comercial e declíniono limite rural-

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urbano. Para a compreensão das mudanças glo-bais que vêm afetando o ambiente como umtodo, WOODMANSEE (1988) salienta que sãonecessárias avaliaçqes não apenas na escalalocal, mas no ambiente global. Esse autor clas-sifica os fenômenos' ambientais em dois tipos:fenômenos universais (universal phenomena),que seriam uniformes ao longo de todo o globo(ex., concentração de certos gases, comoCOz eNOz na atmosfera) e fenômenosdisjuntivos(disjunctive phenomena ), que seriam locais ouregionais, mas presentes ,de alguma forma emdiferentes partes 'do globo (ex. contaminação deágua subterrânea, erosão e sedimentação, etc.).

Há autores que questionam em diferentesgralls a validade' de Jtabalhos elaborados naescala local.para a cÔmprêensãoda variabilida-de global, afirmandq.que variações locais eregionais do tempo',e clima não poderiam sercompreendidas sem a consideração do globotodo. PARKER& FObLAND (1988) manifes-tafu essa idéia, embora admitindo que a variabi-lidade climática édepêJ)dente não só da com-plex'l dinâmica atJ:Il()sféricae seus processos detroca com os oceanos e biosfera, mas tambémdeinfll1ências extêrnas, como mudanças sola-res, erupções vu1cânicase poluição produzidapelo homem.

COUGHLAN & NYENZI (1991), aosumarizarem os tipos de tendências e variabili-dades climáticas a/que uma área pode estarsujeita, enfatizama importância de se dirigirestudos para osriíveis local e regional, ondeseus impactos serão .mais sentidos. Ressaltam,ta.mbém, a existência de modelos de telecone-xão deanomaliasdimáticas sistemáticas e con-

temp9r~neas emdlfên~n'tes partes do gl?bo.Entretanto, RIEBSAME & MAGALHAES(1991)enfatizam áfato de que muitos.estudosde casos individu,~s de avaliação da variabili-dade climática, embora compondo rica base deconhecimento local; não têm contribuído paraumadh'utunl cbnceitual comum que s~ja maisdo que a"soma:ch:l.'spattes. Já GREGORY(f993 ),preocupa-sê com'a repercússão em dife-rentes"11íveísescala,rêsde processos apontadoscomoglobais,aosalienlarque essas alteraçõespodêmêstâr repercutindo de fôrma diferenciadaou até serem inexistentes a nível local, 6 quejustificadam estlldbs:nessaescala de maiordetalhe. Investiga dados históricos' de tempera-tuta e chuva de-ShefHeld, Inglaterra, nump~ríôdôde 100 anôs(l891-1990),a nível anuale;sazÓna.l,conc1uinClô,não'11averpara'essa áreaevidências ctemuganças, embora apareçamalgumas'.tendências,espeeialmente para a tem-peratura.,Ao encontro dessa idéia, PITTOCK jámanife,st'ara, em\1978, que algumas áreas

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seriam sensíveis às mudanças no padrão maisgeral da circulação atmosférica do que outras.

Vários outros autores, ao elaborarem estu-dos para escala de maior detalhe, associam asvariabilidades encontradas a processos atmos-féricos de escala global e controles locais.Entre estes, ALDAZ (1971) conclui que a dinâ-mica da atmosfera superior exerceria predomí-nio sobre o regime de chuvas no Brasil, sendoque fatores como topografia e insolação teriamtambém papel decisivo nas diferentes configu-rações. PITTOCK (1978) assinala que padrõesde flutuação climática em escala espacial etemporal de detalhe são em certa extensãoorganizados em escala global, ainda que feiçõesfisiográficas (ex. topográficas) influenciem aexpressão local desses padrões de flutuação delarga escala. MOTHA et ai.(1980) concluemque as variações espaciais da seca na ÁfricaOcidental se devem à posição da Zona deConvergência Intertropical (ITCZ), tambémvariável devido à influência de fatores zonais.TALBONY (1981) apresenta os padrões deanomalia de chuva mais importantes na Europa,que se' associariam tanto a fatores locais (oro-grafia) como a eventos de grande escala (gra-diente Norte-Sul). MOLTENI et aI. (1983)apontam a relação entre alguns tipos de circula-ção na baixa troposfera da Europa e evoluçãode tempo diário no Norte da Itália. GOMES(1984), analisando a variabilidade da chuva nabacia hidrográfica do Alto Tietê, associa siste-mas atmosféricos e fatores locais que produzemos tipos de tempo dominantes na área.NICHOLSON (1986) se apóia em estudos defenômenos de escala zonal para a compreensãodas anomalias de elementos do clima em . seto-res áridos da África.

Por outro lado, BARRING (1987) aponta ointer-relacionamento entre fatores locais comoorografia ,e interações ar-mar, deabrangênciaespacial bem maior, para a compreensão dachuva no Quênia. BRANDÃO (1987) associa atendência da chuva e, principalmente, tempera-tura na região metropolitana do Rio de Janeiro,a fenômenos de grande escala (períodos demaior aquecimento correspondendo a períodode máximas manchas solares). EHRENDOR-FER (1987) atesta também a influência deeventos de grande abrangência espacial nacompreensão da variabilidade da pluviometriana Austria. Conforme WIGLEY & JONES(1987), a circulação atmosférica de grandeescala seria o principal controle da variabilida..,de da chuva em regiões da Inglaterra e País deGales. Em estudo voltado à compreensão davariabilidade da chuva na Europa mediterrânea,MAHERAS (1988) comprova a associação de

fatores causais ligados à circulação atmosféricade grande escala e efeitos regionaisllocais. Paraa compreensão das diferenças espaciais da plu-viosidade na Crdácia, PANDIZIC (1988) atestaa importância de aspectos ligados à circulaçãoatmosférica abrangendo grandes áreas (passa-gem de ciclones, anticiclones e frentes frias).

Em estudo da chuva por 30 anos nosPampasargentinos, KREPPER. et alo (1989)avaliam a variabilidade temporal (interanual,anual e intra-anual) e espacial pelo emprego,respectivamente, de .função'empírica ortogonale análise espectral. Notam tendência a aumentodas chuvas e picos máximos de 12-, 6- e 7-meses. Flutuações da chuva anual paraQueensland, Austrália, são detectadas por

'GREGORY (1991) relacionadas a temperaturasda superfície do oceano Pacífico TropicalOriental. Discorrendo sobre a grande variabili-dade natural do clima regional, SHUKLA(1991) ressalta que as anomalias climáticas decurto período seriam manifestações de intera'-ções entre atmosfera e biosfera e entre atmosfe-ra e oceano emescalãs regional e global.SUGAHARA (1991) atesta que a Oscilação Sulafetaria as chuvas no Estado de São Paulo,associando-se tanto a anomalias positivas comonegativas. WARD & NUNES (1993) sugeremque o padrão da temperatura da superfície domar, que influencia as chuvas na área tropicalnorte da África, interferem também nas chuvasdo período mais seco de São Paulo, CO:plclarosinal, portantO',de teleconexão. A influência deeventos fortes de EI'Nifio na organização espa-cial da chuva de outono no entorno da cidadede São Paulo é demonstrada por XAVIER et alo(1995).

Muitos estudos têm sido conduzidos tendopor propósito principal ou secundário identifi-car padrões de variaçãoc1imática que se confi-gurem como permanentes em anos mais recen-tes. Com base em valores de precipitação anualpara Barcelona entre 1866 e 1970, ALBENTO-SA (1975) assinala,que;,principalmente.a partirde 1911, têri.ase iniciadónessa área um períodobem mais ,chuvoso, não tendo sido possíveldemonstrar estatisticamente se estaria .ocon;:en'-do mudança climática'Ilo '.local. TYSON et ai.(1975), analisandO'tendências e .oscilações nachuva da Áfricà do Sul entre 1910-e 1972, con-cluemnão haver evidência de que a área estariapassando por processo de ressecamento, aindaque a' mesma apresente..O'scilações'fracas, de16 a 20 anos, 10 a 12 anos e quasi-biennal,que afetariam diferentes setores desse país;RATCLIFFE et ai. (1978),-analisando anoma-lias de pressãO'em superfície em boa parte doHemisfériO'.Norte, temperatura na parte central

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da Inglaterra e em três outras estações britâni-cas e chuvas na Inglaterra e País de Gales emperíodos de tempo reduzidos (de 5 a 1 ano),não encontram tendência significativa noaumento da variabilidade dos elementos anali-sados. Pelo estudo de MORAES (1979), não seregistra periodicidade para os valores anômalosda chuva no Estado de São Paulo.

TALBONY (1979) observa o predomíniode flutuações randômicas, em seu estudo sobrea chuva para a Inglaterra e País.de Gales identi-ficando, também, periodicidades regulares (2,1e 2,4, 3,9, 5 e 6 anos). Ainda esse autor(1981), interpretando dados de 182 estações dechuva no continente europeu no período de1861 a 1990 e período anterior; detecta existên-cia de ciclos. A análise.da temperatura e chuvaanuais e sazonais na área contígua dos EstadosUnidos permite a DIAZ & QUAYLE (1980)inferir que houve um decréscimo de temperatu-ra e aumento de chuva no lado oriental, compadrão de modificação de leste para oeste.KARL & RIEBSAME (1984) identificam flu-tuações de 10 e 20 anos tanto na temperaturacomo na precipitação pluviométricana áreacontígua dos Estados Unidos, a nível sazonal eanual. ELDREDGE et alo (1988) discutemmudanças no padrão da chuva no setorociden-tal do Sudão e, a nível de totaLpluviométricoanual, demonstram ter havido decréscimo dechuva nos últimos 20 anos, com período bemmais úmido entre 1931-1960.

PARKER & FOLLAND (1988) apontamexemplos de variação climática para períodoslongos (long-term variations) como aqueci-mento global de terras e oceanos entre 1910 e1940, resfriamento no Hemisfério Norte entre1945'e 1970 para os continentes e entre 1955 e1975 para os oceanos e aquecimento globalmais recente, mais evidente no Hemisfério Sule trópicos. Avaliando a variação da temperaturado ar em quatro estações de Portugal,MACHADO (1988) encontra evidências devariações climáticas em período de 108 anos,sendo o mais notável uma tendência à subidada temperatura a partir de 1888, ligado tanto a

- causas globais como a crescimento urbano.Estimando a variação no tempo e espaço dovolume da chuva em Israel'aolongo de 54.anos-1931 a 1984-, STANHILL & RAPAPORT(1988) não encontram nenhuma periodicidadesignificativa, evidenciando a natureza randômi-.ca da distribuição da pluviometria. ROWLING(1989), ao-constatar maior freqüência de inun-dações nos anos mais recentes em,uma bacia naEscócia Central.(Allan CatchemeÚt), concluique o aumento nas chuvas no outono entre. operíodo de 1931 a 1985 teria influenciado o

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aumento das chuvas, ,anuais. No' período de1941 a 1987 teria' oêblrido aumento estatistica-mente significativo de até 20% no total anualda chuva no EsÚldo",de.SãÔ'Pauloem todos osmeses (exceção de,fêvereito), especialmente desetembro a dezembro (PINTOet al., 1989).WOOD (1989), ao examinar a variabilidadesazonal da pluviometria no período de 1921 a1987 em LondresePlymouth (Sul daInglaterra), conclui 'não haver tendência àmudança climática';,..Osresultados das. análisesde OTTERMAN ,et ai. (1990) para o Sul"deIsrael, entre 1942 e 1988, sugerem aumento nostotais de chuva em.toda estação chuvosa nessaárea (outubro a abril}; especialmente em seuinício. .

Estudo de ST@CKTQN (1990) baseadoem variação .do níveld'água em alguns lagosdos Estados Unidos indicam variabilidade cli-mática atingindo.nível regional, cbm tendênciaa maior umidade, emopôsi9ão a outras áreas doglobo, como o N()rte"da Africa. A análise deTASE & NAKAGÁ'WA (1990), a partir de 68estações com séries<acimade,70anos, no Japãoindica decréscimo na chuva nos últimos '20-30anos. OLANIRAN, é1991),analisa variação naintensidade da chuva'diária dia Nigéria.Identificatrês tipos,de variação: 1. no Sul, chu-vas moderadas, e fôrtes'relacionadasa oscila.,.ções de' alt'à.freqüência; 2. ,chuvas leves noNorte, ligadas à variaçãomultianual (decenal)que apresentaram, portanto, caráter de flutua-ção e 3. chuvas moderadas no Sahel;,apresen-tandô evidência de mudança climátlca. 'O autorrelaciona as secas prolon'gadas nessa últimaárea a uma grande'dinlinuiçãona incidência dechuvas moderadas, efortes."durarite a ~§taçãoúmida. TARDY & PROBST (1991) acreditamhaver um fenômenô,de/'compensação queregu-laria a evolução das"tem.petaturas e precipita-ções pluviométricasLe/,portanto; o débito dosrios. Observamsuperposições de flufuaçõescom períodos variaâos e que, ~os rios daEuropa e Ásia, as,bndas de seca se propagariamde Oeste para"Leste;"enqllanto que rios ameri-canos, de Norte a SuE

SANT'ANNA*NETO&,BARRIOS (1992)analisando 'as chuv;as 'na região de BresidentePrudente, Estadode:cSãoPaulo (1971-1990),verificam tendênci~vàdiminuição da chuva~especialmentenapriniavérae verão.Ao estudaro padrão da precipítãçãorpluviométrica no Sulde Israel, BENGA:het'ül. (1994) avaliam queessa.área passou ,aregistrar aumento da pluvio-sidade'e diminuiçãO noéoeficientedevariaçãonos. anos mais recentes~'devido ao aumento dairrigaçãb. Levantam~tamoêm',a hipótese de quea área estaria passando por um processo de

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antidesertificação, com mudança significativada temperatura da superfície do oceano noAtlântico, indicando que uma mudança globalpoderia estar afetando essa região.

Muitos cientistas têm relacionado fenôme-nos da interação ar-mar a alterações temporá-rias. do sistema climático, que afetariam emdiferentes graus, formas e períodos várias par-tes do globo. ROPELEWSKI & HALPERT(1987, 1989) procuram descrever a extensãogeográfica, magnitude, fase e duração do even-to EI Nino-Oscilação Sul (ENOS), em diferen-tes locais do globo. CAVIEDES (1988), assina-lando que o ENOS é uma anomalia da circula-ção tropical, analisa os efeitos de algumas ocor-rências em' setores da América do Sul obser-vando a influência diferenciada segundo a áreae o evento. NICHOLS (1988) confirma que avariabilidade pluviométrica é maior em áreasde atuação da ENOS. CHU (1991) assinala cor-relação entre a atuação da ENOS e alteração dapluvjometria no Norte, Nordeste e Sul doBrasil. . '

Assim como o fenômeno ENOS, querepercute fortemente nos oceanos Pacífico eÍndico, o Atlântico Tropical apresenta, também,um fenômeno que se caracteriza por alteraçãonos parâmetros oceânicos e atmosféricos sendo,entretanto, bem mais raro e menos documenta-do. Suas ocorrências mais recentes foram veri-ficadas em 1963 e 1984. As manifestações ecaracterísticas deste último foram estudadas porvários pesquisadores. HISARD et ai. (1986)notam grande diferença entre o ciclo anual doAtlântico Tropical de 1983 e 1984 no campo devariação termal e correntes, com maior aqueci-mento na caniada mais superficial do oceano nosetor Leste e aparecimento de uma corrente emsuperfície de Leste em 1984, o que,poderia seratribuído ao decréscimo dos ventos em superfí-cie nesse período. HOREL et ai. (1986) consta-tam que na segunda metade de 1983 verificou-se notável mudança na circulação atmosféricasobre o Atlântico Equàtorial, com redução dosalísios de superfície, 'decréscimo de pressãosuperficial e aumento da nebulosidade e chuvano oceano e Nordeste do Brasil. Essas mudan-ças regionais coincidiriam com um ajuste pla-netário na atmosfera tropical.

KATZ et ai. (1986) atestam que no períodocorrespondente ao inverno no Hemisfério Nortede 1983-1984 registrou-se um grande aumentono nível domar na costa africana, com nivela-mento da superfície do mar para Oeste e umrelaxamento dos ventos de Leste no Equador.LAMB .et ai.' (1986) apontam que as condiçõesmeteorológicás no Atlântico Tropical de 1983 e1984 foram anômalas, mas constituem-se em

padrão importante na compreensão da variaçãoda temperatura da superfície do mar noAtlântico Tropical. Comparam situações ocorri-das nesse período na África subsaariana eNordeste do Brasil. Ainda, WEISBERG &COLIN (1986) observam grande distanciamen-to dos anos de 1983 e 1984 quanto ao padrãousual de temperatura e ventos no AtlânticoTropical e equatorial, com desaparecimento dogradiente zonal de temperatura da superfície dooceano ao longo do equador entre junho e agos-to de 1984, período em que normalmente eledeveria apresentar seu valor máximo.Alterações diversas na circulação atmosféricacomo mudança nos ventos e diferenCiaçõesimportantes na pluviometria em setores como oNordeste do Brasil são atribuídas por MECHO-SO & LYONS (1988) ,a anomalias registradasna temperatura da superfície do mar.

Quanto às técnicas utilizadas para análiseda variabilidade climática, observa-se nos anosmais recentes um uso mais intensivo de estatís-tica multivariada (análises de cluster e de com-ponentes principais - ACP) e análise de sérietemporal. Elas apareceH},de, certa forma, emsubstituição a técnicas de medida de variabili-dade a partir da tendência central. Nesse últimocaso, pode-se citar paraexemplificar os estúdosde SHARON (1965) que mapeou a variabilida-de da chuva em Israel por meio de coeficientede variação e SILVA (1981) que utilizou omesmo processo para o Estado da Bahia. Noprimeiro caso, são exemplos os estudos de:GREGORY (1975, 1991) ambos usando ACPpara regionalização respectivamente da Grã-Bretanha e Austiália, TALBONY (1981) apre-sentando padrões de anomalia na Europa pelouso de ACP, AOUAD (1983) elaborando clas-sificação climática para a Bahiapelo uso deanálise de c1uster e ACP, MOL TENI et ai.(1983) que avaliaram a distribuição espacial dachuva a nível diário (evolução de tempo ciclô-nico) com uso de ACP, MARTÍN &FEYT(1984) que, igualmente utilizando ACP, estu-dam a variabilidade da chuva na Europa,BÃRRING (1987) que' avalia â chuva na, áreacentral do .Quênia com uso de análise de fato-res, EHRENDORFER (1987) classificando aÁustria em regiões homogêneas utilizando paraissoACP; MAHERAS (1988)cujas conclusõesquanto à variabilidade da chuva' na Europamediterrânea baseiam-se em. estudos elabora-dos com o uso de ACP,PANDIZIC (1988) quetambém usa ACP para estudos da pluviometriana Croácia, KREPPER et aL (1989) que utili-zam análise espectral paraavalíar a variabilida-de temporal e funçãoempírica ortogonal paraanálise da variabilidade espacial da chuva nos

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pampas argentinos, e SÁ et ai.. (1989) eZULLO et ai. (1989) que, trabalhando comoequipe, estudam a distribuição da chuva emSão Paulo para reavaliar o cronograma agrícolaatravés do emprego de ACP.

Sistemas de Informação Geográfica(SIG's) oferecem grande potencial para estudosvoltados para a compreensão da variabilidadede fenômenos no tempo e espaço e vêm sendoutilizados em ciências atmosféricas de.modo adesenvolver modelos que retratem a evoluçãodos elementos climáticos para uma determinadaárea, influências na variabilidade climática epredição de alterações no meio ambiente. LEE& PIELKE (1993) expressam a importânciados SIG's para acoplar de forma comparativavários modelos que possam atestar' alt~raçõesno clima em suas variações no tempo e espaço.DALY & TAYLOR (1993) utilizam-se do pro-grama PRISM (precipitation-elevationRegressions on Independent Slopes Model)para a construção de mapas de variabilidade dachuva em áreas montanhosas. EASTMAN &FULK empregam ACP para avaliação das ano-malias e tendências da pluviosidade na África,com uso de SIG. A fim de investigar os efeitosem escala espacial sobre a precipitação numabaciahidrográfica no Estado do Colorado(Gunnison River Basin) HAY et aI. (1993) uti~lizam um sistema com quatro componentes,entre os quais um SIG.

Outra preocupação que aparece em traba;.lhos que analisam a variabilidade climática éaquela voltada aos impactos que ocorrênciasextremas e eventuais mudança1),permanentesdoclima teriam na sociedade. MONTEIRO (1978)assinala a necessidade de se produzir estudosvoltados às relações entre os aspectos naturais,econômicos e sociais (modelos d~ aVêlliação).HEATHCOTE (1985) faz um exaustivo estudode análise de eventos extremos, considerandosua natureza, seus impactos, possíveis ajustes eadaptações. Para HARE (1985), o aumento dapopulação faz com que a sociedade e os recur-sos naturais necessários a sua manutenção setomem mais vulneráveis a impactos climáticos.A escala das atividades humanas envolvidas e onível de desenvolvimento econÔmico de umaregião/nação seriam, para MAUNDER &AUSUBEL (1985), entraves para se identificara sensipilidade dessas áreas com relação àvariabilidade da chuva. Já RIEBSAME &MAGALHÃES (1991) ressaltam que a maiorintegração econômica e desenvolvimento redu-zem a vulnerabilidade a impactos climáticos.Segundo CLARK (1985), certos padrões 'docomportamento humano levam à degradaçãoambientalenquanto outros resultam em desen-

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volvimento sustentável. Seria necessário, por-tanto, estabeleper como' são moldados os com-portamentos humanos relev..antese como Qutrosdevem ser alterados a fim de gerenciar as alte-rações erngrandeescala e rio longo prazo entreas pessoas e seus ambientes;

Por fim, KARL et aI:(1993) discutem pro-blemas relacionados à acurácia das tnedidas,que levam aconclusõés errôneas quanto àvatiabilidadeeinÜdanças climáticas (ex.,mudança dê postos; calibração de instrumentos;métodos usados parâavaliação de mudanças,etc.). A própria Orgánização MeteorológicaMundiaLjá discorrêrêliquantoa problemas' rela;.tivosà hôtnogeneidade de dados, atribuindocoinopriIicipais causas mudanças de loCaliza-ção das est,\ções oúrlãexposição dos aparelhos(1966). HUTCHINS@N(1993) apresentamodelo para avaliação da ,variabilidade espacialda chuva nessa área cdm' dâdos falhos a partirde modelo corrigidó!por funções estatísticas.

3 CONCLUSÕES

A b,reve revisão do tratamento que vemsendo dado à questão da variabilidade climáticaatesta não haver.consens0entre cientistas 'Volta-dos às ciências atmÔsféricas. De umlàdo, háaqueles que acreditam'que;ápenas a considera-çãodb ambiente g!9bal poderia levara umacompreensão geral do tema. Esses"estudos sebaseiam em modelosdé circulação geral quetêm sido construí<lps.a fim de prever cenáriosfuturos. Os críticosd~sseSêstudos alegam que,graças à escala em que são elaborados, essesmodelos negligenci~unf~ições locais, dificul-tando .atelação'~htt~;(~lÍJ:jl~sglobais,regionais elocais. Colocam., também.,que é a nível local eregional que o efeito dos' impactos, devido àvariabilidade climática,~erâ!sentido. Estes, por-tant0, seriam osllíveÍs de estudo mais impor-tantes. "

Críticas. t~mbémsãodirigidas a estudosdecasos .individl1.ai1),apontados como menos apli-cáveis ao complexo n~tu.ra1.

Pesquisas elaboradas por diferentes cientis-tas/equipes, utilizandQ,âiferentes técnicas, mascom o propósito de detectar se localmente esta~ria se efetuandoâlgu~a'alteração no comporta-mento climátiçb,ap~~s~Qt(lIll.,conforme.assina-lado, conclusões"diversas.. Evidencia-se aquique, pelos.resu~tadosobtidospor estudos locaispara. váriaspartesdoeglob(), não parece estarocorrend9 nenhu1Ilafortna.:demqdança;climáti~ca nes~'as áreêls, aindaque'modelos glqbaisapontem nítidafendê,nciá global. êl aumento detemperatura e cpuva.

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Parece claro também que alguns temas defundamental importância ligados à variabilida-de climática não têm sido explorados com aintensidade necessária, como aqueles ligados àconfiabilidade da rede de dados climáticos anível internacional, mecanismos de troca entrea atmosfera e a sociedade, envolvendo abran-gência espacial, velocidade de resposta, nívelde sensibilidade dos diferentes grupos sociais aessa variabilidade, etc.

Ressalta-se aqui o problema da qualidadedos dados, que pode comprometer seriamenteresultados de muitos trabalhos baseados empressupostos corretos e elaborados com grandesofisticação matemática. São comuns proble-mas como descontinuidade espacial e temporaldos dados, má distribuição dos postos de coleta,dificuldade em se manter equipamentos emáreas inóspitas ou perigosas, mudança dos mes-mos' para sítios bem diferenciados das condi-ções iniciais, leituras comprometidas (desco-nhecimento técnico, instrumentos com proble-mas), falta de verba para instalação e/ou manu-tenção de equipamentos, etc.

Apesar de tantos desencontros, dúvidas enecessidades a serem providas, a comunidadecientífica parece estar de acordo com algumasquestões: se dados e análise existentes são

incompletos, dificultando uma análise maisampla da questão, o atual conhecimento cien-tífico, ainda que falho.,justifica preocupaçõesque levam a elaborar estudos de variabilidadeclimática, dadas as possíveis implicaçõessociais e econômicas das mudanças ambien-tais do globo, que ante vêem, entre outrosaspectos, aumeIítos da variabilidade climática.Deve-se ter em mente'que a pressão da popu-lação crescente do planeta, associada à formacomo se dáo pretensoprocesso de desenvolvi-mento econômico, quase que totalmente desar-ticulado dos custos ambientais, tem geradoprofundas alterações, num ritmo muito maisacelerado que as mudanças naturais que afeta-ram o gloho até então. Esforços têm sidodevotados para que haja um denominadorcomum entre os pesquisadores. Com isso,espera-se que em futuro próximo haja maiorcolaboração mútua e ferramental comum demodo a promover uma compreensão maisgeral da questão relativa à variabilidade climá-tica e suas conseqüências.

4 AGRADECIMENTO

Aos revisores anônimos, que enriqueceramo trabalho comsuàs sugestões e comentários.

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Endereço das autoras:Lucí Hidalgo Nunes - Secretaria do Meio Ambiente - Instituto Geológico - Avenida Miguel Estéfan.o,3.900 - Água Funda - 04301-903 -São Paulo, SP - Brasil (E-mail: [email protected].)Magda Adelaide Lombardo - Departamento de Geografia - Universidade de São Paulo - Caixa Postal 8105- São Paulo, SP - Brasil.

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