a questao da epistemologia29052013-151335

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1 L U I Z C A RL OS D OS S A N T OS w w w.lc s a n t o s. p ro . b r A QUESTÃO DA EPISTEMOLOGIA NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Luiz Carlos dos Santos Ednalva Maria Marinho dos Santos Resumo Este artigo foi elaborado numa perspectiva exploratória, de natureza teórica, a partir da reflexão crítica, instigada no cabedal cultural por meio das pesquisas bibliográfica, documental e eletrônica. Objetiva-se expor ponto de vista sobre a questão da epistemologia na investigação científica, para levantar discussão no ambiente da academia, acerca da temática, considerada lastro fundamental na construção do saber, independente do ramo, seja na área das Ciências da Vida, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas, Letras, Artes e Tecnologias. Como resultado do estudo, pôde-se concluir que falar de epistemologia enquanto teoria do conhecimento é dar suporte ao fenômeno ou fato sob investigação, salientando, ainda, que metodologia e epistemologia caminham juntas no “produzir saber” estratégia aplicável às várias modalidades dos trabalhos acadêmicos como os de conclusão de curso - TCCs e outros de caráter técnico-científico. Palavras-chave: Teoria do conhecimento. Filosofia da ciência. Epistemologia crítica. Metodologia. Considerações Iniciais Neste artigo retoma-se a afirmação feita em outras matérias sobre metodologia da pesquisa a respeito das três dimensões que o pesquisador ou iniciante no processo de construção do conhecimento deve trilhar: a epistemologia, a metodologia e a normalização, nesta incluindo aspectos da língua culta e estética do trabalho acadêmico. Pretende-se verticalizar a atenção do leitor, principalmente dos alunos na fase de iniciação científica, quanto à vertente da epistemologia, cuja questão, segundo Houaiss (2001), está relacionada à reflexão em torno da natureza e limites do conhecimento humano. É, pois, teoria do conhecimento. O termo epistemologia não tem um sentido unívoco. Congrega um conceito muito flexível, dependendo dos pressupostos filosóficos e ideológicos dos críticos de Professor de Metodologia da Pesquisa Científica e Orientação Monográfica na Graduação e Pós-Graduação na Universidade do Estado da Bahia - Uneb/DCH, Campus I, na Fundação Visconde de Cairu - FACIC e CEPPEV e no Instituto de Educação Superior Unyahna de Salvador - IESUS. Mestra em Educação - UFBA. Licenciada em Letras com Inglês - UEFS. Professora de Metodologia da Pesquisa Científica e orientadora de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) em Cursos de Pós-Graduação - PGO/UNEB. Consultora para assuntos de graduação da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

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    A QUESTO DA EPISTEMOLOGIA NA INVESTIGAO CIENTFICA

    Luiz Carlos dos Santos Ednalva Maria Marinho dos Santos

    Resumo

    Este artigo foi elaborado numa perspectiva exploratria, de natureza terica, a partir da reflexo crtica, instigada no cabedal cultural por meio das pesquisas bibliogrfica, documental e eletrnica. Objetiva-se expor ponto de vista sobre a questo da epistemologia na investigao cientfica, para levantar discusso no ambiente da academia, acerca da temtica, considerada lastro fundamental na construo do saber, independente do ramo, seja na rea das Cincias da Vida, Cincias Exatas e da Terra, Cincias Humanas, Letras, Artes e Tecnologias. Como resultado do estudo, pde-se concluir que falar de epistemologia enquanto teoria do conhecimento dar suporte ao fenmeno ou fato sob investigao, salientando, ainda, que metodologia e epistemologia caminham juntas no produzir saber estratgia aplicvel s vrias modalidades dos trabalhos acadmicos como os de concluso de curso - TCCs e outros de carter tcnico-cientfico. Palavras-chave: Teoria do conhecimento. Filosofia da cincia. Epistemologia crtica. Metodologia.

    Consideraes Iniciais

    Neste artigo retoma-se a afirmao feita em outras matrias sobre metodologia da

    pesquisa a respeito das trs dimenses que o pesquisador ou iniciante no processo

    de construo do conhecimento deve trilhar: a epistemologia, a metodologia e a

    normalizao, nesta incluindo aspectos da lngua culta e esttica do trabalho

    acadmico.

    Pretende-se verticalizar a ateno do leitor, principalmente dos alunos na fase de

    iniciao cientfica, quanto vertente da epistemologia, cuja questo, segundo

    Houaiss (2001), est relacionada reflexo em torno da natureza e limites do

    conhecimento humano. , pois, teoria do conhecimento.

    O termo epistemologia no tem um sentido unvoco. Congrega um conceito muito

    flexvel, dependendo dos pressupostos filosficos e ideolgicos dos crticos de

    Professor de Metodologia da Pesquisa Cientfica e Orientao Monogrfica na Graduao e Ps-Graduao na

    Universidade do Estado da Bahia - Uneb/DCH, Campus I, na Fundao Visconde de Cairu - FACIC e CEPPEV

    e no Instituto de Educao Superior Unyahna de Salvador - IESUS. Mestra em Educao - UFBA. Licenciada em Letras com Ingls - UEFS. Professora de Metodologia da

    Pesquisa Cientfica e orientadora de Trabalhos de Concluso de Curso (TCC) em Cursos de Ps-Graduao -

    PGO/UNEB. Consultora para assuntos de graduao da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

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    diferentes pases e culturas. Tomem-se, por exemplo - Mariguela (1995); Digenes

    (1996); Japiassu (1977 e 1981); Mallmann (1996); Kant (1971); Bachelard (1971);

    Bombassaro (1992); Zilles (1994) e Fiorin (1992), dentre outros, de cuja literatura

    sobre a temtica extraem-se vrios sentidos, para epistemologia, a saber: teoria

    geral do conhecimento ou gnese e estrutura das cincias; estudo dos princpios,

    hipteses e aplicao das cincias; estudo metdico e reflexivo do saber, sua

    organizao, formao, desenvolvimento, funcionamento e seus produtos

    intelectuais; filosofia das cincias; teoria do conhecimento; lgica das cincias;

    metacincia; cincia cognitiva.

    Como se verifica, a epistemologia tem por objeto formal o estudo crtico-analtico da

    produo do conhecimento, tanto do ponto de vista lgico, como lingstico,

    sociolgico, filosfico, ideolgico, etc. , sem dvida, uma matria interdisciplinar,

    multirreferencial. Sabe-se que as cincias nascem e evoluem em circunstncias

    histricas bem delineadas, cabendo epistemologia questionar as relaes entre

    cincia e a sociedade, entre cincia e as instituies cientficas, bem assim entre as

    prprias cincias.

    Fazer a histria das cincias consiste em fazer a histria dos conceitos e das teorias

    cientficas. Nessa linha de raciocnio, para Japiassu (1977, p. 110), historicamente,

    foi Kant quem estabeleceu as primeiras bases ou os primeiros fundamentos

    epistemolgicos para a teoria cientificista do conhecimento.

    J Zilles (1994) assinala ter sido Aristteles (a. 384-322) o primeiro filsofo que

    construiu uma verdadeira teoria do conhecimento, ou seja, estabeleceu os primeiros

    fundamentos da epistemologia, com a anlise da linguagem, visto que o

    conhecimento se expressa por palavras. Nesse sentido, o filsofo classificou-as em

    vrias categorias segundo suas funes numa proposio; diferenciou as categorias

    de quantidade das de qualidade; classificou os vrios tipos de proposies em

    universais, singulares e particulares; gnero e espcie, etc.

    Ainda de acordo com Zilles (1994, p.62), Aristteles construiu um mtodo (caminho)

    para se chegar ao universal nas coisas singulares, poder exprimi-lo e assim fazer-se

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    cincia. Formulou duas teses fundamentais: a) a cincia como conhecimento

    verdadeiro e certo; b) a cincia como conhecimento universal.

    Ressalvando-se a citada observao de cunho histrico, que busca em Aristteles a

    gnese da epistemologia, a partir de Kant que o conhecimento elaborado por

    intermdio da atividade de uma razo instrumental, a qual opera segundo um projeto

    metodolgico. Corroborando nessa linha, Digenes (1996, p. 12) afirma: A cincia

    construiu para si um caminho prprio, onde a razo pde seguir um percurso lgico

    fundado na experincia. [...].

    Dos estudos empreendidos, observa-se que o conhecimento cientificamente

    elaborado tornou-se critrio de verdade e a atividade filosfica ficou reduzida

    elaborao de sntese dos conhecimentos produzidos pelas cincias.

    Depreendem-se duas tendncias na esteira da historiografia da epistemologia

    hodierna: a) a tendncia analtica, conhecida tambm como teoria analtica da

    cincia ou filosofia analtica da cincia, ancorada no empirismo lgico, adotado

    pelo Crculo de Viena (1929); b) a tendncia histrica ou nova filosofia da cincia,

    emergente a partir da dcada de 50, com uma perspectiva crtica s concepes

    analticas.

    Ressalte-se a necessidade de reconhecer que um problema de metodologia uma

    questo de epistemologia, esta como teoria do conhecimento. Sustenta-se tal

    assertiva no entendimento de vrios autores, em especial, Bombassaro (1964),

    quando afirma:

    As teses defendidas pelo Crculo de Viena, centrada em torno da afirmao de que a filosofia consistia basicamente numa atividade que deveria tornar claras as idias, conceitos e mtodos mediante a anlise lgica da linguagem, contriburam de forma decisiva para estabelecer na epistemologia a exigncia de rigor metodolgico para a investigao.

    O problema de pesquisa deve ter bases epistemolgicas

    Nenhum trabalho acadmico de concluso de curso seja texto monogrfico de final

    da graduao, especializao, mestrado ou doutoramento pode ser elaborado sem a

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    ncora epistemolgica. A afirmativa vlida tambm para os artigos tcnico-

    cientficos, papers etc. O fenmeno ou fato a elucidar requer bases investigativas na

    literatura do ramo do saber sob anlise. As leis cientficas, teoremas, axiomas,

    princpios, doutrinas, correntes, convenes, postulados etc. do a sustentao

    necessria comprovao das hipteses ou das questes norteadoras da pesquisa.

    Dentre as mltiplas classificaes registradas na literatura pertinente, objetivando

    orientar o iniciante na investigao cientfica, ressaltam-se algumas formas de

    epistemologias incidentes sobre o conhecimento, a saber:

    Epistemologia lgica

    Utiliza mtodos formalizantes para o estudo da linguagem cientfica e estabelece as

    regras lgicas para as condies da certeza;

    Epistemologia histrica

    Prioriza os mtodos histrico-crticos para explicar a atividade cientfica, partindo de

    uma anlise da histria das cincias e da revoluo do conhecimento;

    Epistemologia gentica

    Tenta explicitar a atividade cientfica, a partir de uma psicologia da inteligncia.

    Como forma de juzo de valor, pode-se afirmar que a epistemologia de Piaget

    (epistemologia gentica) , de preferncia, uma metodologia da aquisio do

    conhecimento, uma vez que trata do desenvolvimento do pensamento e da

    linguagem da criana e, em fases posteriores, a formao de juzos e valores

    morais, sob determinadas condies (formais ou experimentais) revalidadoras do

    conhecimento.

    A cincia, fundamentada na epistemologia gentica de Piaget, est condicionada a

    trs variveis: elaborao de fatos, formalizao lgico-matemtica e controle

    experimental. O mtodo de anlise atua sobre a sciognese do conhecimento,

    envolvendo o processo de desenvolvimento histrico e transmisso cultural das

    sociedades e a psicognese das noes e estruturas operatrias elementares,

    construdas com o desenvolvimento dos indivduos. sobre a psicognese que

    Piaget tenta construir uma estrutura de conhecimento de relao interativa sujeito

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    cognoscente/objeto cognoscvel, como instrumento de anlise gentica, o que se

    torna vlido para todas as cincias humanas.

    Tambm explica Hessen (1964) que:

    no conhecimento encontram-se frente a frente a conscincia e o objeto, o sujeito e o objeto. O conhecimento apresenta-se como uma relao entre esses dois elementos, que nela permeiam, eternamente separados um do outro. O dualismo sujeito e objeto pertence essncia do conhecimento.

    Epistemologia crtica

    Alm de ter verdadeira significao de cincia como forma de poder, a epistemologia

    crtica assume tambm o carter de ideologia que caracteriza o cientificismo. Dessa

    forma, torna-se o resultado da reflexo dos prprios cientistas sobre a cincia em si

    mesma, seus pressupostos, seus resultados, sua utilizao e aplicaes, seu

    alcance, seus limites, sua significao dentre outros espaos no processo scio-

    cultural, poltico, econmico, tecnolgico ou industrial.

    Segundo Digenes (1996, p. 15), a epistemologia crtica tem por objetivo:

    interrogar-se sobre a responsabilidade social das cincias, das tcnicas, etc. [...]

    esta interrogao sobre a significao real da cincia que se pode chamar de

    epistemologia crtica.

    Nessa dimenso, Japiassu (op. cit., p. 155), assevera:

    A cincia no existe. S existem cincias. Nenhuma delas constitui um sistema definitivo do saber [...] O valor da objetividade cientfica deve-se ao valor dos objetos construdos, ao poder dos modelos empregados relativamente aos dados da experincia, e no a uma produo fiel da realidade. [...] A objetividade cientfica no est isenta de erros, nem tampouco pode eximir-se de uma escolha. [...] S podemos falar de verdade cientfica no sentido de uma convenincia entre os modelos e as predies que eles podem autorizar e os fatos realmente pertinentes. Esta convenincia se define, formalmente, por uma no-contradio. [...] Nas cincias experimentais, a prova consiste em mostrar que as respostas da experincia s questes que lhe so colocadas, no contradizem uma hiptese num conjunto com excluso das demais. [...] A\ objetividade se define, em ltima anlise, por um respeito s regras relativas ao objeto construdo e, de forma alguma, por uma vaga adequao da Razo realidade.

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    Concluso

    No decorrer desse artigo, procurou-se firmar que a questo da epistemologia na

    investigao cientfica , talvez, o seu pilar maior de sustentao; isto sem

    desconsiderar a parte procedimental, ou seja, o caminho a trilhar - a metodologia,

    representada pelos mtodos e tcnicas, nem tampouco os aspectos de

    normalizao, to bem disciplinados pelas Normas da Associao Brasileira de

    Normas Tcnicas (ABNT); incluem-se outras exigncias de ordem vernacular, alm

    da coerncia e consistncia temtica, caractersticas j trabalhadas em outras

    matrias.

    Do exposto, extraem-se algumas consideraes:

    Um problema de metodologia uma questo de epistemologia. Situando-se a

    primeira no plano da instrumentalizao da produo cientfica, e a segunda, sem

    invaso do terreno da filosofia, no topo da crtica do conhecimento produzido. Dada

    a especificidade do objeto que diferencia cada categoria de conhecimento, qualquer

    uma tem necessidade de tematizao sem prescindir de um quadro terico de

    contextualizao, j que o carter emprico, por si mesmo, no assegura pesquisa

    um carter cientfico e/ou filosfico. Logo, refora-se, metodologia e epistemologia

    so indissociveis na produo cientfica;

    A formao embrionria da epistemologia, do ponto de vista histrico, como teoria

    crtica do conhecimento, embora remonte filosofia grega, seu uso corrente como

    teoria do conhecimento, deve-se a Kant que a colocou na dimenso da preparao

    crtica para a prpria metafsica. Este posicionamento contrrio ao de Hegel (1770-

    1831), que rejeitou a possibilidade de uma teoria do conhecimento, porque, segundo

    ele, o conhecimento no pode progredir para alm de si mesmo. A partir de Kant,

    passando por Comte e os neopositivistas, a prxis epistemolgica tem trabalhado na

    anlise crtica do discurso das cincias, envolvendo seus princpios lgicos e

    validao de seus critrios metodolgicos;

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    O termo epistemologia no tem um conceito unvoco, logo, um juzo sinttico; por

    extenso do significado corresponde ao que Kant, na Crtica da Razo Pura chama

    de juzos extensivos, isto pela falta de identidade do sujeito com o predicado.

    A expresso epistemologia, independentemente das vrias denominaes que lhe

    so atribudas, tem a mesma carga semntica, podendo pelo seu conceito genrico

    estender-se para uma forma especfica de conhecimento, como a matemtica, a

    fsica, a qumica, a antropologia, a administrao, a contabilidade, o direito etc.

    Noutras palavras, pode-se aplicar seu mtodo crtico-analtico a qualquer forma de

    conhecimento.

    A epistemologia assume, tambm, forma de poder e de ideologia.

    A epistemologia crtica a anlise do conhecimento cientfico como forma de

    poder, no mais um saber enquanto tal, mas, o poder que ele representa, pois,

    conhecer cientificamente, significa saber fazer. Assim, analisada por essa

    perspectiva, a cincia, no plano terico e prtico, justifica-se por seu poder. A

    epistemologia crtica pretende, na realidade, demonstrar que o poder do

    conhecimento cientfico j se transformou em conhecimento do poder.

    Pelo exposto, a contempornea atividade epistemolgica tem por objeto de anlise

    e crtica, no somente conhecimentos cientificamente produzidos, mas tambm

    outras tipologias morfoepistmicas, assentadas nos processos da intersubjetividade.

    Mas, apesar de sua nfase e prioridades recarem sobre o dilogo com as cincias,

    aquela atividade por sua estrutura, seus fundamentos, seus pressupostos, seus

    limites, seus critrios metodolgicos, seus princpios lgico-matemticos, seus

    resultados e efeitos de aplicao, dentre outros aspectos, seus postulados no se

    confundem com os princpios da filosofia tradicional, ainda que a utilize como

    ferramenta de seu discurso. Como afirma Japiassu (1983): a processualidade do

    saber, quer cientfico quer filosfico, de forma alguma vem denegrir a cincia e a

    filosofia. Pelo contrrio, vem reconhecer seu verdadeiro estatuto.

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    Finalmente, urge salientar que o artigo no teve a pretenso de esgotar matria to

    polmica, considerando-se ser a verdade transitria e no absoluta, uma vez que o

    nico definitivo possvel o provisrio, ou, nas palavras de Japiassu (1983): do

    ponto de vista epistemolgico, nem um ramo do poder possui a verdade. Esta no

    se deixa aprisionar por nenhuma construo intelectual. Reafirma-se tambm que

    no h modelo, por mais coerente que seja, que no traia sua ideologia e no torne

    o homem um mero acidente do discurso. Deixa-se ao leitor, como destruidor e

    reconstrutor do texto, a complementao do que a percepo do autor no foi capaz

    de alcanar.

    THE THEME EPISTHEMOLOGY IN SCIENTIFIC RESEARCH

    Abstract

    This article was written under an exploratory theoretical perspective starting from a critical reflection induced by cultural wealth and going through the bibliographic, documental and electronic researches. The work aims to expose some points of view about questions related with epistemology in scientific research. From this point, discussion can be put in the university about this theme that is considered the base for the construction of knowledge, no matter the field: Sciences of Life, Exact and Earth Sciences, as well as Letters, Arts and Technologies. The result of this study can lead to the conclusion that talking about epistemology as a theory of knowledge is to give support to the phenomenon or fact under investigation. It must also be pointed out that methodology and epistemology go together in the production of knowledge applied to several modalities of works written for conclusion of the courses

    Key words: Theory of the knowledge. Philosophy of the Science. Critical Epistemology. Methodology.

    Referncias

    ABRANTES, Paulo. Epistemologia e cognio. Braslia: UnB, 1994. BACHELARD, Gaston. A epistemologia. Lisboa: Edies 70, 1971. BOMBASSARO, Lus Carlos. As fronteiras da epistemologia: como se produz conhecimento. Petrpolis: Vozes, 1994. BUZZI, Arcngelo R. Introduo ao pensar: o ser, o conhecimento, a linguagem. 22. ed. Petrpolis: Vozes, 1994. CARMO-NETO, Dionsio. Teoria do metadiscurso. Braslia, CNPq, 1998. DIGENES, Eliseu. Metodologia e epistemologia. Rio Grande: UMSA, 1996.

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    FIORIN, Jos Luiz. Elementos de anlise do discurso. 3. ed. So Paulo: Contexto, 1992. HESSEN, J. O fenmeno do conhecimento e os problemas nele contidos. Coimbra: Amado, 1964. HUHNE, L.M. (org.) Metodologia Cientfica: cadernos de textos e tcnicas. Rio de Janeiro: Agir, 1989. JAPIASSU, Hilton. Introduo ao pensamento epistemolgico. 2 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977. ______. Questes epistemolgicas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983. JOLIVET, Rgis. Curso de Filosofia. 12 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1976. KANT, Emmanuel. Crtica da razo pura. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1971. MALLMANN, Carlos Alberto. Generacin e intersubjetivacin de conocimientos. Buenos Aires: CEA, 1996. MARCUSE, Hebert. Razo e revoluo. 3 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. MARIGUELA, Mrcio. Epistemologia da psicologia. Piracicaba, Unimep, 1995. STUBBS, Roy. Administrao da cincia. Porto Alegre: UFRG, 1978. ZILLES, Urbano. Teoria do Conhecimento. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1994. Artigo publicado na Revista: TECBAHIA - Revista Baiana de Tecnologia, Camaari-BA,

    vol. 19, n. 2-3, maio/dez 2004. ISSN 0104-3285.