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1 A QUALIDADE DOS PRODUTOS ORGÂNICOS E O NÍVEL DE CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO DE PALMAS SOBRE OS BENEFÍCIOS DE SEU USO NA ALIMENTAÇÃO DIÁRIA DEMELO Érica, AGUIAR José Mauro, SILVA Mayani, GUEDES Wilton Alves Orientador: Professor MS.c Flávio Pacheco RESUMO Todos desejam alimentos saudáveis e o Ministério da Agricultura procura através de suas normas, direcionarem a produção em conformidade com os métodos consagrados internacionalmente; tudo isso, visando à segurança e qualidade dos alimentos produzidos industrialmente e com avaliação isenta das instituições certificadoras. Para manter o corpo em equilíbrio e a saúde em dia é fundamental uma alimentação saudável. Torna-se necessário o conhecimento de que o termo orgânico se refere à maneira como produtores cultivam e processam produtos agrícolas, tais como frutas, verduras, cereais, laticínios e carnes. Sendo os solos a base do trabalho orgânico ao quais resíduos são reintegrados: esterco, restos de verduras, folhas, aparas, etc., e devolvidos aos canteiros para que sejam decompostos e transformados em nutrientes para as plantas. As técnicas de produção orgânica são destinadas a incentivar a conservação do solo e da água e reduzir a poluição visando o desenvolvimento sustentável. Tendo em vista o objetivo de identificar os hábitos de consumos de parte da população de Palmas, e seu grau de conhecimento em relação aos benefícios de uso de produtos orgânicos, mensurou-se tal informação, a partir dos dados relacionados na pesquisa quantitativa e abordagem feita através de um questionário de perguntas e respostas sugeridas com entrevistas pessoais. Compreenderam que existe a necessidade de sensibilizar, dentro dos parâmetros da educação ambiental, os consumidores através de ações eficazes, de tal forma que o poder público atue como parceiro na orientação aos produtores e na disseminação do conhecimento sobre os benefícios do consumo de produtos orgânicos garantindo a produção sustentável concernente ao meio ambiente. PALAVRAS-CHAVE: Produtos Orgânicos; Desenvolvimento Sustentável; Educação Ambiental.

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A QUALIDADE DOS PRODUTOS ORGÂNICOS E O NÍVEL DE CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO DE PALMAS SOBRE OS BENEFÍCIOS DE SEU USO NA

ALIMENTAÇÃO DIÁRIA

DEMELO Érica, AGUIAR José Mauro, SILVA Mayani, GUEDES Wilton Alves Orientador: Professor MS.c Flávio Pacheco

RESUMO

Todos desejam alimentos saudáveis e o Ministério da Agricultura procura através de suas normas, direcionarem a produção em conformidade com os métodos consagrados internacionalmente; tudo isso, visando à segurança e qualidade dos alimentos produzidos industrialmente e com avaliação isenta das instituições certificadoras. Para manter o corpo em equilíbrio e a saúde em dia é fundamental uma alimentação saudável. Torna-se necessário o conhecimento de que o termo orgânico se refere à maneira como produtores cultivam e processam produtos agrícolas, tais como frutas, verduras, cereais, laticínios e carnes. Sendo os solos a base do trabalho orgânico ao quais resíduos são reintegrados: esterco, restos de verduras, folhas, aparas, etc., e devolvidos aos canteiros para que sejam decompostos e transformados em nutrientes para as plantas. As técnicas de produção orgânica são destinadas a incentivar a conservação do solo e da água e reduzir a poluição visando o desenvolvimento sustentável. Tendo em vista o objetivo de identificar os hábitos de consumos de parte da população de Palmas, e seu grau de conhecimento em relação aos benefícios de uso de produtos orgânicos, mensurou-se tal informação, a partir dos dados relacionados na pesquisa quantitativa e abordagem feita através de um questionário de perguntas e respostas sugeridas com entrevistas pessoais. Compreenderam que existe a necessidade de sensibilizar, dentro dos parâmetros da educação ambiental, os consumidores através de ações eficazes, de tal forma que o poder público atue como parceiro na orientação aos produtores e na disseminação do conhecimento sobre os benefícios do consumo de produtos orgânicos garantindo a produção sustentável concernente ao meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Produtos Orgânicos; Desenvolvimento Sustentável; Educação Ambiental.

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos tempos, o uso indiscriminado de agrotóxicos na produção de

alimentos vem causando preocupação pelos danos causados ao meio ambiente e

a saúde das pessoas. Baseado nessa análise há uma preocupação crescente em

consumir produtos que não utilizem fertilizantes sintéticos solúveis, agrotóxicos e

transgênicos, em seu sistema de produção.

Observa-se que uma alimentação saudável baseia-se na qualidade dos

alimentos consumidos, buscando sempre colocar em seu cardápio produtos que

tragam benefícios para sua saúde. Um cardápio diário ao qual está incluso

produtos orgânicos possui a qualidade desejada de uma boa alimentação, desse

modo, torna-se necessário identificar o grau de conhecimento da população

palmense em relação aos benefícios do uso de produtos orgânicos.

Este trabalho teve por objetivo identificar os hábitos de consumos da

população palmense, e o grau de conhecimento sobre os benefícios do uso de

produtos orgânicos. Dentro de uma pesquisa quantitativa, a abordagem foi feita

através de um questionário de perguntas e respostas sugeridas com entrevistas

pessoais. A abordagem foi baseada em amostras de conveniência em empresas e

faculdade.

A entrevista foi direcionada para dar condições de mensuramento ao

assunto abordado. Os dados obtidos foram anotados em questionários pré-

estabelecidos e depois tabulados em gráficos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 História da agricultura orgânica

2.1.1 Do Século XIX à década de 1960

Segundo Planetaorganico (2010) a agricultura moderna tem sua origem

ligada às descobertas do século XIX, a partir de estudos dos cientistas Saussure

(1797-1845), Boussingault (1802-1887) e Liebig (1803-1873), que derrubaram a

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teoria do húmus, na qual as plantas obtinham seu carbono a partir da matéria-

orgânica do solo.

No início do século XX, Louis Pasteur (1822-1895), Serge Winogradsky (1856-1953) e Martinus Beijerinck (1851-1931), precursores da microbiologia dos solos, dentre outros, contribuíram com mais fundamentos científicos que fizeram uma contraposição às teorias de Liebig, ao provarem a importância da matéria orgânica nos processos produtivos agrícolas (Ehelrs apud PLANETAORGANICO, 1996, p.24-25).

Contudo, mesmo com o surgimento de comprovações científicas a

respeito dos equívocos de Liebig, os impactos de suas descobertas haviam

extrapolado o meio científico e ganhado força nos setores produtivo, industrial e

agrícola, abrindo um amplo e promissor mercado: o de fertilizantes "artificiais"

(Frade apud PLANETAORGANICO, 2000, p.17).

Entretanto, esse modelo de agricultura a partir da década de 60

começava a dar sinais de sua exaustão: desflorestamento, diminuição da

biodiversidade, erosão e perda da fertilidade dos solos, contaminação da água, dos

animais silvestres e dos agricultores por agrotóxicos passaram a serem

decorrências quase inerentes à produção agrícola (Ehelrs apud

PLANETAORGANICO, 1993).

Conforme os autores acima a agricultura tradicional que utilizava os

fertilizantes artificiais nos processos produtivos, a ciência e a tecnologia

desencadearam o uso irrefreado e irracional dos recursos naturais. Porém nos

anos 60 esses recursos começam a escassear.

Ao tratar do uso indiscriminado de substâncias tóxicas na agricultura, em

pouco tempo a obra de Carson tornou-se mais do que um "best seller" nos EUA: foi

também um dos principais alicerces do pensamento ambientalista naquele país e

no restante do mundo (Ehelrs apud PLANETAORGANICO, 1993).

Logo após a publicação de Primavera Silenciosa, trabalhos como o de

Paul Ehrlich, The Population Bomb (1966) e o de Garret Hardin, Tragedy of the

Commons (1968), reforçaram a teoria malthusiana, relacionando a degradação

ambiental e a degradação dos recursos naturais ao crescimento populacional.

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Já na década de 60 o surgimento de literaturas voltadas aos problemas

ambientais visa despertar a sociedade e provocar mudanças.

2.1.2 Décadas de 1970 e 1980

Segundo Planetaorganico (2010), no início dos anos 70 a oposição em

relação ao padrão produtivo agrícola convencional concentrava-se em torno de um

amplo conjunto de propostas "alternativas", movimento que ficou conhecido como

"agricultura alternativa".

Em 1972 é fundada em Versalhes, na França, a International Federation

on Organic Agriculture (IFOAM). Logo de início, a IFOAM reuniu cerca de 400

entidades "agroambientalistas" e foi a primeira organização internacional criada

para fortalecer a agricultura alternativa. Suas principais atribuições passaram a ser

a troca de informações entre as entidades associadas, a harmonização

internacional de normas técnicas e a certificação de produtos orgânicos (Ehlers

apud PLANETAORGANICO, 2000).

No Brasil, pesquisadores como Adilson Paschoal, Ana Maria Primavesi,

Luis Carlos Machado, José Lutzemberger, contribuíram para contestar o modelo

vigente e despertar para novos métodos de agricultura (PLANETAORGANICO,

2010)

Na década de 80, o interesse da opinião pública pelas questões

ambientais e a adesão de alguns pesquisadores ao movimento alternativo, tiveram

importantes evoluções no campo da ciência e da tecnologia.

2.1.3 De 1990 até os dias atuais

Em 1989, o Conselho Nacional de Pesquisa (NRC) - um órgão formado

por representantes da Academia Nacional de Ciências, da Academia Nacional de

Engenharia e do Instituto de Medicina, todos dos EUA, dedicou-se a um estudo

detalhado sobre a agricultura alternativa. Este trabalho culminou com a publicação

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do relatório intitulado "Alternative Agriculture" um dos principais reconhecimentos

da pesquisa oficial a esta tendência da produção agrícola (PLANETAORGANICO,

2010)

Em 1992, com a Conferência Mundial da ECO92, no Rio de Janeiro -

Brasil, surge o conceito de sustentabilidade, que manifestou uma nova ordem

mundial que expressa a vontade das nações de conciliar ou reconciliar o

desenvolvimento econômico e o meio ambiente, em integrar a problemática

ambiental ao campo da economia (PLANETAORGANICO, 2010)

Nos contextos acima, verifica-se que há a crescente preocupação com a

escassez dos recursos naturais e que todos os países entendem as consequências

e que só com a união global é possível reverter a problemática mundial. No Brasil a

ECO 92 foi um marco no entendimento da necessidade do uso sustentável dos

recursos naturais.

Por isso, no momento atual é importante ressaltar que a agroecologia

como um novo paradigma técnico-científico, ambiental e cultural está sendo

construída de forma progressiva e desigual, com base em uma grande

multiplicidade de práticas produtivas, de ecossistemas e de estratégias

diversificadas de sobrevivência econômica (Almeida apud PLANETAORGANICO,

2001; p.43).

No Brasil é sancionada a Lei 10.831/2003 que regulamenta a produção,

armazenamento, rotulagem, transporte, certificação comercialização e fiscalização

dos produtos orgânicos. E o Decreto 6323 de 29 de dezembro de 2009 passou a

ter os critérios para o funcionamento de todo sistema de produção, desde a

propriedade rural ao ponto de venda. Ambos visam dar impulso ao setor.

Segundo folder informativo Governo Federal (2010), para facilitar a

identificação e dar mais garantias da qualidade dos produtos orgânicos, a

legislação brasileira criou o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade

Orgânica – SISORG no qual o Ministério da Agricultura passou a ser responsável

por credenciar e fiscalizar as entidades que fazem verificação se os produtos

orgânicos que vão para o mercado estão de acordo com as normas oficiais.

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Os produtos orgânicos que são acompanhados e aprovados por essas

entidades credenciadas passam a utilizar o “Selo do SISORG”, que foi criado para

facilitar a identificação dos referidos produtos no mercado. Tal selo já começa a ser

utilizado esse ano e, a partir de 2011, só poderão ir para o mercado os produtos

orgânicos que tiverem esse selo (MAPA, 2010)

Em conformidade com os autores das fontes citadas, a sustentabilidade

e sua problemática de aspectos múltiplos (científico, político, ético), a emergência

dos problemas ambientais em escala planetária e principalmente a percepção do

risco subjacente, é latente a necessidade de mudança de hábitos na alimentação

diária da população e em seu respectivo cultivo. E para maior abrangência é

necessário a divulgação maciça dessa nova realidade.

2.2 Desenvolvimento sustentável

O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que garante a

satisfação das necessidades humanas atuais e futuras. Esta definição, proposta

em 1987 pela Comissão Internacional para o Ambiente e Desenvolvimento

(Relatório Brundtland), refletia a tomada de consciência, iniciada na década de

1970, das contradições e limites do desenvolvimento econômico. Pela primeira vez

distinguiu-se o desenvolvimento sustentável do desenvolvimento insustentável, que

põe em perigo as condições de existência das gerações futuras (BARSA, 2007).

Segundo RIBEIRO, Gustavo (Atitude Sustentável, 2010, p.03) a Lei da

Conservação das Massas, mundialmente conhecida como a Lei de Lavoisier, é

uma daquelas que aprendemos no colégio e dificilmente esquecemos ao longo da

vida. Talvez porque seja bastante fácil de entender e totalmente aplicável ao nosso

cotidiano. ”Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” é uma

frase que serve para diversas situações e que está intimamente ligada com a

sustentabilidade. O que provou Lavoisier no século 18 leva automaticamente ao

conceito recente dos três Rs, de reduzir, reutilizar e reciclar. Acho que os três Rs

são uma nova forma de entender e aplicar o que o cientista francês quis dizer há

mais de 200 anos, quando ele nem poderia imaginar que nos anos 2000 teríamos

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que redescobrir nossa relação com a natureza e que precisaríamos levar ao pé da

letra sua célere lei.

Os produtos orgânicos vêm ocupando espaços cada vez maiores nas

prateleiras dos mercados. As feiras locais também são uma boa opção para

conhecer mais sobre esse modo de produção.

Para um produto ser orgânico é proibido usar agrotóxico e outras

substâncias sintéticas que possam contaminar o meio ambiente.

Para ter o nome de “orgânico” ou “produto orgânico” no rótulo o produto deve conter, no máximo, 5% de ingredientes não-orgânicos – e estar escritos quais são esses ingredientes. Produtos que tem uma porção maior de ingredientes não-orgânicos só podem ser chamados de “produto com ingredientes orgânicos”. A parte orgânica deve ser no mínimo, 70% (MAPA 2010, p.16-17)

Os conceitos acima julgam a relação harmoniosa e consciente do

homem e o meio ambiente. Fato de extrema urgência e necessidade, a

redescoberta de usos adequados dos recursos sustentavelmente, visando à

melhoria da qualidade de vida do ser humano e sua integração com o meio em que

vive. O consumo de produtos orgânicos fortalece a grande rede de pessoas e

instituições que trabalham em prol de uma melhor qualidade de vida para as

gerações atuais e futuras.

Os hábitos de consumo influenciam diretamente sobre como serão

produzidos os alimentos. Cabe aos consumidores valorizar e, assim, garantir que

aumentem o número de produtores que têm responsabilidades sociais e

ambientais.

2.3 Educação ambiental

“Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais” (DIAS, 1991)

Conforme Dias (2004) a preocupação com o ambiente, entretanto,

restringia-se ainda a um pequeno numero de estudiosos e apreciadores da

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natureza-espiritualista, naturalista e outros. Patrick Geddes, escocês, considerado o

“Pai da Educação Ambiental”, já expressando com os efeitos da revolução industrial.

A educação ambiental teria como finalidade promover a compreensão da

existência e das políticas sociais, econômicas, científicas, tecnológicas, culturais e

ecológicas (DIAS, 1991).

“A educação ambiental é um processo no qual todos nós somos

aprendizes e professores” (LEFF, 2003, p.57)

Segundo os autores acima a educação ambiental é processo pelo qual o

cidadão e a sociedade constroem os valores interagindo com meio. E deve-se

assim, colocar em prática princípios e estratégias do ecodesenvolvimento, mesmo

sendo algo complexo e difícil.

2.3.1 Histórico da Educação Ambiental

No Brasil, poucos intelectuais cuidavam do assunto sem referência na

Constituição Brasileira de 1891, devido a forte pressão extrativista européia sobre

nossos recursos (DIAS, 2003).

Segundo Dias (2003), as grandes catástrofes como a de Londres

(1952), que matou 1600 pessoas devido a poluição, desencadeou discussões em

vários países, inclusive EUA.

Em 1962, Rachel Carson, lançava seu livro Primavera Silenciosa, que se

tornou um clássico na história do movimento ambientalista mundial. E em 1968, o

Clube de Roma, formado por 30 especialistas de diversas áreas com o objetivo de

promover a discussão da crise atual e futura da humanidade então publica o

Relatório Os Limites Do Crescimento (DIAS, 2003).

A Conferência De Estocolmo, 1972, foi um marco histórico-político

internacional, que chamou a atenção do mundo para os problemas ambientais e

gerou A Recomendação numero 96 que reconhecia o desenvolvimento da E.A

como o elemento crítico para o combate à crise ambiental (DIAS, 2003).

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No Brasil criou-se o SEMA, devido pressões do Banco Mundial, com

apenas três funcionários. A Carta De Belgrado expressava a necessidade do

exercício de uma nova ética global. E no Brasil apenas protocolos de intenções

(DIAS, 2003).

De acordo com Dias, o mundo começa a despertar para a problemática

ambiental, infelizmente, apenas depois de acontecer grandes catástrofes em vários

países. E no Brasil mesmo assim a legislação “engatinha”

Em 1975, A Conferência De Tbilisi, a primeira conferência

intergovernamental sobre educação ambiental, definiu princípios, recomendações

e estratégias e ainda solicitou intercâmbio de pesquisas etc. enquanto que na

Constituição Brasileira de 1988 somente contemplava um capítulo sobre o

ambiente e artigos afins (DIAS, 2003).

Em 1989, criou-se o IBAMA, mas sem investimento em capacitação

profissional e somente a Rio – 92 corroborariam as premissas de Tbilisi e nos

Moscou acrescentando a necessidade de esforços de capacitação de recursos

humanos para a área. E com a formulação do Programa Nacional De Educação

Ambiental – PRONEA, em 1994, que a E.A viverá um período fértil a despeito das

dificuldades (DIAS, 2003).

No fundo o que EA pretende é desenvolver conhecimento, habilidades e

motivação para adquirir valores, mentalidades e atitudes necessários para lidar

com questões ambientais e encontrar soluções sustentáveis.

3. METODOLOGIA

3.1 Objeto de estudo

Este trabalho teve como objeto de estudo a aplicação de questionários,

com o registro das respostas dos estudantes e funcionários das empresas e a

posterior tabulação dos formulários de perguntas e respostas favorecendo a

análise dos resultados.

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3.2 Método

3.2.1 Pesquisa

Para realização deste trabalho foi utilizado o método de pesquisa

bibliográfica, pesquisa descritiva com abordagem quantitativa com aplicação de

questionário com perguntas fechadas a acadêmicos e funcionários das empresas

visitadas.

Na pesquisa bibliográfica foram utilizados periódicos, folhetos

informativos, livretos e sites da internet.

A pesquisa descritiva foi efetuada através de questionário fechado

aplicado aos acadêmicos dos cursos ambientais no Campus II da FACTO e

funcionários das algumas empresas privadas visitadas, devido facilidade de coleta.

3.2.2 A população e a amostra

O universo de estudo do trabalho é a população de Palmas restringindo

aos acadêmicos do Campus Ambiental da Faculdade Católica do Tocantins e

funcionários de empresas do ramo de suporte em equipamento de informática. A

amostra foi escolhida por conveniência, na qual os dados foram coletados na

faculdade e nas empresas, citados acima, devido à facilidade de coleta.

3.2.3 Dados objetivos

A entrevista fechada permite que o próprio entrevistado seja direcionado

a responder dentro de um universo fixo de respostas, facilitando assim a tabulação

de resultado e análise gráfica.

Diante da aplicação do questionário fechado foi possível mensurar os

dados obtidos de forma gráfica facilitando a análise de resultados face ao objetivo

proposto.

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os dados obtidos durante a entrevista foram anotados e tabulados. Os

valores foram confrontados de forma a identificar as ocorrências das respostas de

forma a permitir a representação gráfica.

Figura 1: Conhecimento do entrevistado sobre a diferença entre produto orgânico e tradicional Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

Na figura 1 é possível notar que a maior parte dos entrevistados,

totalizando 69% sabe a diferença entre produtos orgânicos e não orgânicos

apresentando 1% de abstenção do total de entrevistados.

Figura 2: Preferência do entrevistado em relação ao consumo de Produtos Orgânico ou Tradicional Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

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Na figura 2 preferência pelo uso de produtos orgânicos na alimentação

dos entrevistados atinge a casa dos 75%. Sendo que 20% utilizam outras formas

de alimentação, incluindo a tradicional. Registra-se ainda o percentual de 6% de

entrevistado sem opinião formada.

Figura 3: Conhecimento do entrevistado sobre o hábito de consumir produtos orgânicos. Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

Na figura 3 o hábito praticado pelos entrevistados que consomem

produtos orgânicos atinge a casa dos 51% em contrapartida com os 46% daqueles

que não consomem. Registra-se ainda o percentual de 3% sem opinião formada.

Figura 4: Conhecimento da razão pela qual os entrevistados não consomem produtos orgânicos. Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

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Na figura 4 dentre as razões apresentadas aos entrevistados o preço

mostrou com percentual de escolha de 45% ser o principal motivo que limita ao

não consumo de produtos orgânicos, ficando com 44%, em segundo lugar, ser

indiferente o produto orgânico do tradicional. Ressaltando que apenas 8% referem-

se à qualidade do produto não ser fator relevante para o consumo. Registra-se

ainda o percentual de 3% sem opinião formada.

Figura 5: Conhecimento da razão pela qual os entrevistados consomem produtos orgânicos. Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

Na figura 5 dentre as razões apresentadas aos entrevistados a

qualidade mostrou com percentual de escolha de 42% ser o principal motivo que

incentiva ao consumo de produtos orgânicos, ficando empatado em 15%, os

motivos de preservação ambiental e não saber identificar a importância. Registra-

se ainda o percentual de 28% sem opinião formada.

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Figura 6: Conhecimento do entrevistado na identificação do produto orgânico. Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

Na figura 6 a maioria dos entrevistados, atingindo 56% não possui

conhecimentos para identificar as características que definem o produto orgânico,

enquanto que 40% conseguem definir e identificá-lo. Registra-se ainda o

percentual de 4% sem opinião formada.

Figura 7: Conhecimento do entrevistado sobre o órgão responsável pelo controle da qualidade do produto orgânico.

Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

Na figura 7 a maioria dos entrevistados, atingindo 59% (MAPA,

Secretaria de Agricultura), não possui conhecimentos dos responsáveis pelo

controle de qualidade, apenas 29% reconhecem que o papel de controle de

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qualidade cabe às empresas certificadoras. Registra-se ainda o percentual de 12%

sem opinião formada.

Figura 8: Conhecimento do entrevistado sobre o valor de mercado dos produtos orgânicos Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

Na figura 8 dos entrevistados 48% manifestam-se desfavoráveis ao

preço final praticado contra os 46% que afirmam ser justo o valor de mercado.

Registra-se ainda o percentual de 6% sem opinião formada.

Figura 9: Conhecimento do entrevistado sobre sua relação ambiental e um futuro sustentável. Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

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Na figura 9 a maioria dos entrevistados entende ser de suma

importância ter consciência sobre seu papel social em prol de uma melhor

qualidade de vida para gerações atuais e futuras, com 91% confirmando que

pensam no futuro, em contrapartida 9% não demonstram se importar com o meio

ambiente.

Figura 10: Conhecimento do entrevistado sobre a contribuição do consumo produto orgânico para o preservação do meio ambiente de forma sustentável. Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

Na figura 10 a consciência ambiental dos entrevistados pode ser

confirmada com o percentual de 90% ratificando a contribuição do consumo de

produto orgânico para a preservação do meio ambiente sustentavelmente, em

contrapartida a 6% que acredita não contribuir. Registra-se ainda o percentual de

4% sem opinião formada.

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Figura 11: Conhecimento do entrevistado sobre a participação do poder público no processo de melhoria sobre a produção e consumo de produtos organicos . Fonte: Da pesquisa de campo (2010)

Na figura 11 a análise das respostas demonstra que metade dos

entrevistados entende que o poder público deve orientar o produtor no projucesso

de produção de orgânicos. 39% das pessoas entendem ser do governo a

responsabilidade de divulgar aos consumidores os benefícios dos orgânicos.

Ressalta-se 9% que confirmam não ser do público esse interesse e sim do próprio

usuário. Registra-se ainda o percentual de 2% sem opinião formada.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso trabalho, tendo em vista o objetivo de identificar os hábitos de

consumos da população palmense, e seu grau de conhecimento em relação aos

benefícios de uso de produtos orgânicos, avaliou a partir dos dados relacionados

na pesquisa quantitativa e abordagem feita através de um questionário de

perguntas e respostas sugeridas com entrevistas pessoais que o preço é o maior

empecilho no aumento do consumo de orgânicos.

Concluímos que existe a necessidade de sensibilizar os consumidores

através de ações eficazes, de tal forma que o poder público atue como parceiro na

orientação, principalmente ao pequeno produtor. Viabilizar o aumento da oferta

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desses produtos no comércio e na disseminação do conhecimento sobre os

benefícios do consumo de produtos orgânicos garantindo a produção sustentável

concernente ao meio ambiente.

6. PERSPECTIVAS

Este trabalho gerou a necessidade de verificar o grau de conhecimento

da população de Palmas sobre a diferença entre alimentação orgânica versus

natural.

7. REFERÊNCIAS

DIAS, G. Freire, Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 6º Ed. rev. São

Paulo: Gaia, 2004 p. 38-45.

ENCICLOPÉDIA BARSA. Espanha, 2007. Primeira edição: Outubro de 2007, v.5,

54.

LEFF Enrique, A Complexidade ambiental; (coord.); tradução de Eliete Wolff. São

Paulo: Cortez, 2003 p.57.

MAPA, Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento. O olho do

consumidor é importante para garantir a qualidade dos produtos orgânicos.

Folder informativo. Governo Federal, 2010.

PLANETAORGANICO, História da Agricultura Orgânica: algumas considerações.

Parte I: Do Século XIX à década de 1960. Disponível em

http://www.planetaorganico.com.br/histao rg1.htm. Acessado em 27 de maio de

2010.

RIBEIRO, Gustavo, Revista Atitude Sustentável. 2010. São Paulo, SP: [s.n]

Segunda edição.

TEXTO - DIAS, Genebaldo Freire. Princípios e práticas de educação ambiental.

São Paulo: Gaia, 2003 p.75-92.