a psicomotricidade na produção acadêmica do curso de educação

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11 1. INTRODUÇÃO Ao estudarmos a psicomotricidade entendemos ser uma ciência complexa, sobretudo, do ponto de vista multidisciplinar; utilizando- se de várias áreas do conhecimento científico, como a biologia, psicologia, psicanálise e educação. O corpo em movimento, como instrumento de trabalho da Educação Física, é influenciado pelos estudos psicomotores, responsável pela amplitude dos conhecimentos nessas áreas. Os aspectos que o norteiam (pensamento, aprendizado, maturação e emoção) são interligados para o desenvolvimento do indivíduo e suas relações sociais. Especificamente, no ensino aprendizagem, a Educação Física não se restringe a simples prática corporal, mas em capacitar o aluno a aprender a movimentar-se promovendo o auto-conhecimento corpóreo. Nas séries iniciais, os indivíduos estão em processo de maturação psicomotora, e com o aumento das exigências escolares torna-se cada vez mais relevante o aperfeiçoamento motor das crianças. Nessa fase, a Educação Física necessita de mais eficiência, por se tratar do início de desenvolvimento psicomotor infantil. O desenvolvimento do potencial cognitivo, a mobilidade motora e a vivência social são fatores que influenciam na saúde, sendo através do gesto da expressividade corporal que o ser humano se comunica, e

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1. INTRODUÇÃO

Ao estudarmos a psicomotricidade entendemos ser uma ciência complexa,

sobretudo, do ponto de vista multidisciplinar; utilizando-se de várias áreas do conhecimento

científico, como a biologia, psicologia, psicanálise e educação.

O corpo em movimento, como instrumento de trabalho da Educação Física, é

influenciado pelos estudos psicomotores, responsável pela amplitude dos conhecimentos

nessas áreas. Os aspectos que o norteiam (pensamento, aprendizado, maturação e

emoção) são interligados para o desenvolvimento do indivíduo e suas relações sociais.

Especificamente, no ensino aprendizagem, a Educação Física não se restringe a

simples prática corporal, mas em capacitar o aluno a aprender a movimentar-se promovendo

o auto-conhecimento corpóreo. Nas séries iniciais, os indivíduos estão em processo de

maturação psicomotora, e com o aumento das exigências escolares torna-se cada vez mais

relevante o aperfeiçoamento motor das crianças. Nessa fase, a Educação Física necessita

de mais eficiência, por se tratar do início de desenvolvimento psicomotor infantil.

O desenvolvimento do potencial cognitivo, a mobilidade motora e a vivência social

são fatores que influenciam na saúde, sendo através do gesto da expressividade corporal

que o ser humano se comunica, e para que isto ocorra deve está totalmente integrado ao

seu ambiente social.

A psicomotricidade auxilia com possibilidades, o educador físico na sua prática

educacional de forma preventiva e de aprendizagem, capacitando o ser humano para que

ele consiga obter um melhor equilíbrio entre mente e corpo. Esta ciência, sendo uma área

que visa o processo evolutivo por meio do movimento, envolve o homem e seu corpo na

relação dos aspectos psicomotores cognitivos e sócio-afetivos. Assim o professor fará com

que o aluno não se fragmente, assumindo um papel fundamental neste processo, pois é ele

que planeja as aulas pertinentes para que esse desenvolvimento ocorra.

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Com enfoque nesta visão psicomotora e visualizando as possibilidades da Educação

Física foi feita uma pesquisa de campo pela pesquisadora em três faculdades da cidade de

Porto Velho, as quais oferecem o curso de Educação Física e foi constatado que não

existiam trabalhos voltados a essa área da psicomotricidade em duas dessas faculdades

pesquisadas, e tendo em vista um outro trabalho a ser pesquisado sobre a relação da

psicomotricidade e da dança, primeiro optou-se em realizar está pesquisa documental para

verificar como estavam sendo abordados temas sobre essa área.

Esta produção documental apresenta uma análise das monografias produzidas pelos

acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia, com temas

relacionados à psicomotricidade. De forma geral, o objetivo foi verificar a existência de tais

produções e de modo específico, traçar suas características e contribuição para o referido

curso.

Diante dos objetivos propostos, trabalharemos um referencial teórico que será

utilizado como base para a concretização desta pesquisa. Os temas tratados serão

discutidos nesta ordem: 1) aspectos históricos da psicomotricidade; 2) Importância da

psicomotricidade; 3) Fatores e funções psicomotoras e 4) Fundamentação e utilização da

psicomotricidade nas escolas.

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2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOMOTRICIDADE

Ao longo da história psicomotora, houve específicas mudanças relacionadas ao

desenvolvimento motor, ao corpo, e ao movimento. Os estudos ressaltam que a base da

psicomotricidade é a psicologia, mas com a evolução destes, a mesma hoje abrange várias

áreas, dentre elas a educação física. Vários autores ilustraram o surgimento da

psicomotricidade quanto ciência:

(...) historicamente o termo “psicomotricidade” aparece a partir do discurso médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no final do século XIX, nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões “motoras” (...) (LEVIN 1995, p.21).

Durante o século XX a psicomotricidade passou a desenvolver-se como uma prática

independente e, aos poucos, transformou-se em ciência, a partir daí o corpo deixou de ser

considerado como objeto isolado para transformar-se no corpo falado. Para Descartes “o

corpo era como objeto e fragmento do espaço visível separado do “sujeito conhecedor”. Para

Platão “... havia uma separação distinta entre corpo e alma, colocando o corpo apenas como

lugar de transição da existência no mundo de alma imortal” (apud LEVIN, 1995 p.22).

No século XIX, constatou-se que existiam disfunções graves evidenciadas no corpo

sem que o cérebro tivesse nenhuma lesão. Em 1909, a neurologia francesa deu atenção a

problemas que já eram conhecidos, porém ainda não explicados: a debilidade motora e

debilidade mental. Foi neste mesmo ano que Dupré, por meio de pesquisas sobre a

patologia infantil, ao observar nos hospitais que os mecanismos psicomotores afetam as

crianças com problemas de movimento, determinam o comportamento de toda criança

normal. Dupré ( apud LEVIN, 1995) definiu “a síndrome da debilidade motora, através das

relações entre corpo e inteligência, dando partida para o estudo dos transtornos

psicomotores, patologias não relacionadas a nenhum indício neurológico”.

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A debilidade motora é caracterizada por uma perturbação dos reflexos plantares, por

sincinesias, imperfeições dos movimentos voluntários e por uma hipertonia muscular, a qual

constitui um obstáculo à execução motora precisa e rápida. Porém algumas características

são encontradas em pessoas que não possui a debilidade motora. Nesse sentido Le Camus

(1986, p.21) considera que “a debilidade motora só existe nos débeis psíquicos. Seus

elementos (paratonia, sincinesias, inabilidade) podem ser encontrados em indivíduos

psiquicamente normais e até intelectualmente superior”.

2.1 As vertentes da Psicomotricidade

Os trabalhos de Henri Wallon foram, dentro do ponto de vista da psicologia, os mais

influentes nas concepções de psicomotricidade e da educação. Ele não continuou preso à

noção de paralelismo que predominava na psiquiatria infantil, foi além da verificação de

correlações psicomotoras.

Levin (1995) afirma que a partir de 1925 o trabalho de Henri Wallon começou a

relacionar a motricidade com os aspectos emocionais, explicando que chamou de “diálogo

tônico-emocional”, para ele isto foi o ponto de partida para o fim do dualismo cartesiano que

separa o corpo do desenvolvimento intelectual e emocional do indivíduo, realizando desta

forma um trabalho mais afetuoso, compreendendo o ser no seu total, e através da ação,

esse corpo instrumento, que age, ao expressar-se, e à medida que reage, evolui em sua

maturação neurológica, fomenta sua organização dos movimentos e gestos.

Neste contexto Henry Wallon (apud Le Camus 1986, p.22) colocou em evidência o

papel da atividade corporal no desenvolvimento das funções cognitivas, afirmando que “o

movimento é, antes de tudo, a única expressão e o primeiro instrumento do psiquismo”,

sendo através do movimento a comunicação do pensamento (desejo), com a ação.

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Le Camus (1986) evidencia em seus trabalhos a evolução da psicomotricidade

através dos estudos de Dupré e Wallon, mostrando claramente a divisão em

psicomotricidade e a psiquiatria infantil concebida à época.

“À diferença de Dupré, Wallon interessa-se mais pela correlação (no sentido de cor-ocorrência) entre motricidade e caráter, do que por aquela que existe entre motricidade e inteligência. O caráter designa então, para Wallon, as manifestações observáveis da atividade, afetiva, relações sociais, vontade e hábitos da criança” (LE CAMUS, 1986, p.22).

Inicialmente, a psicomotricidade era voltada para os estudos das debilidades

motoras. Crianças que apresentavam um déficit em seu funcionamento motor eram

submetidas, a princípio, à práticas terapêuticas, sem a preocupação do significado ou

diagnóstico de tais necessidades motoras.

Para inserção da origem clínico–pedagógico da prática psicomotora Guilman,

discípulo de Wallon sugeriu a execução de exercícios de treinamento motor para alcançar

um valor educativo para crianças que não governavam eficazmente seu corpo, o que

ocasionava uma série de problemas em seu meio social. Seus estudos tornaram–se

decisivos na orientação metodológica. Guilman ao estudar tipos de exames psicomotores

pelo esboço de métodos de educação e reeducação motora através da ginástica rítmica

desenvolveu um plano de exercícios com objetivo de reeducar a atividade tônica, melhorar a

atividade de relação e desenvolver o controle motor; surgindo desta maneira a reeducação

psicomotora. Este mesmo autor encerrou os debates sobre a habilidade motora, que

defendiam o ser comunicando-se com o mundo por meio do motor; que o limite corporal

surgia de fora do indivíduo, que apenas estímulos aferentes eram vistos e copiados,

sugerindo um novo método de reeducação psicomotora.

A reeducação psicomotora, responde a uma concepção de sujeito que traz consigo o

conceito de corpo como uma máquina de músculos que não funcionam e que, portanto,

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devem ser melhorados, corrigidos, coordenados, controlados. Assim podemos destacar que

esses serviços neuropsiquiátricos infantil, com nome de reeducação psicomotora, eram

estudos para o tratamento voltados ao retardo e a transtornos motores.

Os estudos evoluíram, e em 1948 Ajuriaguerra (apud LE CAMUS 1986, p.63)

redefiniu o conceito de debilidade motora e consolidou com clareza os transtornos

psicomotores, que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Definiu: “... as síndromes

psicomotoras como ao correspondente a uma lesão focal, mas ligada aos afetos, variáveis

em sua expressão, e principalmente, como não acompanhada de debilidade...” Com estas

novas contribuições, a psicomotricidade diferenciou-se de outras disciplinas, adquirindo sua

própria especificidade e autonomia.

No Campo educacional, a educação psicomotora é formada por uma base

indispensável a toda criança (limitadas ou não). Segundo Le Boulch (1982, p. 13), ela

“responde a duas finalidades: tem como objetivo assegurar o desenvolvimento funcional,

tendo em conta possibilidades da criança e também ajuda sua afetividade a expandir-se e a

equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano”.

As finalidades do planejamento das aulas de educação física devem conter uma

estrutura nos seus objetivos em torno do desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e do

motor da criança, tais objetivos devem ser alcançados através do movimento respeitando as

etapas de desenvolvimento que a criança possui. Desta forma a educação física pode

fundamentar-se também através dos estudos de Piaget, pois o mesmo nos mostra que cada

fase de processo evolutivo apresenta característica própria em sua maturação:

Chess (1982 p.30) relata que os estudos de Piaget foram voltados ao desenvolvimento cognitivo, tema central de suas investigações psicológicas.Relacionando a cognição à ação. Ele vê a criança como um organismo passivo, ainda que receptivo, que constrói uma noção da realidade externa através de sucessivos contatos com o ambiente

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e de experiências cumulativas. Sendo a inteligência resultado de uma adaptação ativa do organismo ao mundo externo. Ela pode ser vista como se originando de um substrato biológico e desenvolvendo-se, através de estágios sucessivos, mediante interações entre as características funcionais da criança e as propriedades invariantes do ambiente.

Portanto, como podemos perceber, a criança desenvolve-se através da inter-relação

da ação das vivências do seu contato com ambiente, que é necessário adaptar-se a este,

isto é, a adaptação do organismo com ambiente em seus estágios de desenvolvimento.

Os estudos de Wallon, Guilman, Ajuriaguerra, Le Boulch e Piaget trouxeram novos

rumos ao entendimento da interação da criança com o meio que a rodeia, sendo a partir

deste momento que a emoção começou a entrar no movimento. Os estudos desses autores

constataram um corpo que possuía afeto, pois o mesmo era visto como “mudo”, porém

recebia informações e movimentos e executava-os conforme entendidos, mas sem

expressão.

Após estes avanços iniciais, um outro período histórico é de grande importância na

evolução da ciência psicomotora. Passou a ser delimitada com uma diferença entre uma

postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e

ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando progressivamente, maior relevância à

relação, à afetividade e ao emocional. Este desenvolvimento da história da psicomotricidade

foi abrangido a época do final da Segunda Guerra Mundial até meados da década de 70.

2.2 Organização dos psicomotricistas no mundo e no Brasil

Bueno (1998), defende que a psicomotricidade começou a tomar um novo rumo, na

ao se aproximar de uma visão global do indivíduo e se organizar com a utilização de exame

psicomotor e da reeducação psicomotora aplicadas por profissionais como Ajuriaguerra,

entre outros. No final da década de 60, com descontentamento de alguns profissionais da

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área de educação física, dentre eles Jean Le Boulch conseguiu-se instituir na França o

decreto ministerial que inseriu a educação psicomotora na educação escolar:

(...) Jean Le Boulch descontente com a incompleta formação da mesma, defendia a educação psicomotora em todas as idades, e juntamente com outros precursores vinha lutando com a inserção dessa educação na prática escolar o qual pelo decreto ministerial 07/08/67 na França, a partir deste decreto foi inserido o horário semanal de 6 horas de educação psicomotora (...) (BUENO 1998, p. 22).

Durante este período surgiram, além dos sindicatos, várias instituições, destacando–

se o “Instituto Superior de Reeducação Psicomotora”, fundado por Gisele Soubiran, que

impulsionaram o avanço da psicomotricidade, tanto na França quanto no resto do mundo.

Para Bueno (1998) a evolução mundial da psicomotricidade aconteceu de forma semelhante

no Brasil. Como exemplo ilustrativo podemos citar:

...São Paulo o professor Lefèvre com trabalho terapêutico a avaliação neurológica do indivíduo, vindo da ginástica infantil, exercícios naturais e da rítmica, campos que eram exclusivos da educação física. No Rio de Janeiro os trabalhos da psicomotricidade começaram em hospitais, instituições e com deficientes físicos. (BUENO 1998, p.22)

Na década de 60 com o surgimento da técnica reeducativa, a psicomotricidade era

vista de forma diferente em cada região. Surgiu dessa maneira o questionamento sobre qual

era área do profissional da psicomotricidade; a psicologia, educação física, ensino especial,

ou fonoaudiologia. Na década posterior houve um maior avanço no desenvolvimento com

duas correntes diferentes, a dos profissionais que aplicavam os métodos vindos do exterior,

ou pelas bibliografias estrangeiras existentes, e a dos profissionais que, por meio da prática

corporal na reeducação e educação, generalizavam tudo como psicomotricidade. Aos

poucos foram surgindo profissionais que mesclavam as contribuições de vários métodos com

a prática corporal, visando estabelecer uma linha de trabalho mais aplicável à realidade.

Mesmo assim continuava a tendência de ligação entre psicomotricidade e os distúrbios

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neurológicos. Com essa evolução as escolas começaram a perceber que precisavam inserir

esta aplicabilidade e a abrir espaço para o movimento, usando este trabalho em pessoas

consideradas normais.

A partir da década de 80 surgiu a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade. Essa

ciência multiplicou-se em vários pontos do país e surgiram vários trabalhos, palestras, e

seminários sobre o assunto. Na década de 90 surgiram as faculdades na área de educação

e saúde.

Como foram relatados, nos parágrafos anteriores os primeiros passos da

psicomotricidade foram estimulados dentro de uma proposta reeducativa, como uma forma

de estimular na criança suas funções psicomotoras. No início, a patologia era seu foco de

estudo. Wallon, Piaget e Ajuriaguerra tiveram a preocupação de aprofundar esses estudos

mais voltados para o campo do desenvolvimento. Lapierre, Le Boulch, lutaram juntamente

com outros para inserirem a psicomotricidade para pessoas “normais”. Atualmente os

avanços dos estudos psicomotores beneficiam varias áreas, principalmente no âmbito psico-

pedagógico.

2.3 Conceituação de Psicomotricidade

Os conceitos de psicomotricidade são muitos e variados, porém, literalmente as

abordagens, do ponto de vista focalizado: da psicologia, da neurologia ou da psiquiatria

infantil.

Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2000), uma das definições

desta é:

... a ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo e de suas possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.

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Esse conceito nos mostra que a psicomotricidade tem por objetivo analisar o corpo

na sua comunicação, ação, sua relação com o meio para fins de desenvolvimento através do

seu movimento. Para Damasceno (1997, p.17) a “psicomotricidade, por sua vez, é o

movimento encarado na sua realização como atividade do organismo total, expressando a

personalidade no seu todo. A ação é vivida no seu desenvolvimento para uma meta”. Desta

maneira, psicomotricidade compreende o estudo da ligação entre o psiquismo e a

motricidade, para desenvolver o indivíduo global e harmoniosamente, envolvendo a

afetividade, o social e cognição através do movimento organizado e integrado às

experiências motoras.

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3. IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE

Como relatado no capítulo anterior, há a necessidade de conhecermos os fatores

psicomotores na criança, verificando a relevância que possuem, em especial para os

profissionais da educação física na sua regência educativa. Este profissional sentirá

necessidade de intervir na conduta de alunos portadores de limitação psicomotora,

reorganizando suas ações, tentando “(...) localizar os erros e oferecer informações

relevantes para que os erros de desempenho sejam superados” (Darido 2003, p.5).

As atividades motoras contribuem para a estruturação psicomotora. Pode-se afirmar

que nas séries iniciais, o educador deve abranger a ênfase na evolução das crianças, pois o

corpo humano na infância está disponível, com suas características em organização para as

novas adaptações, programações a serem processadas para ficarem aptas à aprendizagem.

Quanto mais cedo diagnosticada a falha no desenvolvimento nas estruturas psicomotoras

melhor e mais eficaz será a correção.

Com relação à relevância da educação psicomotora, para Pick e Vayer (apud

Damasceno, 1997) deve fazer uso de uma ação psicopedagógica, utilizando os meios da

Educação Física, com a finalidade de normalizar ou de melhorar o comportamento. Assim o

ambiente escolar torna-se importante para a criança, onde ela começará a ter suas primeiras

experiências motoras dirigidas pelo professor (“brincadeiras”), na qual algumas dessas já

vivenciam e; adquiridas, ficando sob responsabilidade dele o aprimoramento de correções e

estímulo. Para Meinel (1984 p.84) “O desenvolvimento humano implica transformações

contínuas que ocorrem através da interação dos indivíduos entre si e entre os indivíduos e o

meio em que vivem”. Desta forma não só importante será a ação dos profissionais, como

também o histórico de experiências cotidianas vivenciadas, sobretudo as experiências

emocionais.

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A criança é estimulada a reagir com o meio para adaptar-se mediante as imposições

que lhe são colocadas. Ela reage primeiramente por movimentos incontrolados que através

das sucessivas experiências e ações psicomotoras vão ajustando-se, e com base nessas

explorações vão somando-se a outras formando a consciência corporal, dentro do processo

de maturação e autoconhecimento. Desta forma, se ela cresce e vive em um ambiente

despojado de estímulos pode apresentar dificuldade em seu desenvolvimento motor e

cognitivo.

Damasceno (1997, p.33) considera que “os objetivos da psicomotricidade deverão

conduzir a criança ao descobrimento do próprio corpo, de suas capacidades na ordenação

de movimentos, ao descobrimento dos outros e do mundo que a rodeia”. Muitas vezes os

professores no processo de ensino/aprendizagem acabam por encontrar alunos que não

conseguem vencer alguns distúrbios psicomotores, o que influenciarão no seu aprendizado.

Para isso é necessária a integração total da criança ao seu ambiente sócio-emocional. O

profissional de educação física deve fazer uma análise das variáveis biológicas, sócio-

psicológicas e maturacionais para dar suporte à execução do objetivo no avanço motor do

aluno. Barreto (1998, p.21) descreve que:

“as atividades desenvolvidas na educação psicomotora as quais visam propiciar a ativação dos seguintes processos: vivenciar estímulos sensoriais para discriminar partes do corpo como todo, pois este é o referencial primeiro em nossa relação conosco, com os outros, com os objetos, a organização espaço–temporal; vivenciar situações que levem à aquisição dos pré–requisitos básicos necessários a uma boa iniciação ao cálculo, à leitura e à escrita (noções de espaço e tempo, boa linguagem oral, bom controle da respiração, um bom ajuste de tônus, boa coordenação motora, etc.); vivenciar a tensão/relaxamento, visando à aquisição de um melhor ajuste tônico; etc.”

A importância desse estudo da psicomotricidade nas séries iniciais dará suporte

para os procedimentos durante a atuação profissional, ajudando a criança através de

observações das diferentes reações, para poder auxiliá-la conforme suas necessidades. A

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proposta será organizar ações investigativas para direcionar a atuação profissional durante a

intervenção no auxílio das patologias psicomotoras. A relevância desse estudo para quem

trabalha com as crianças é fundamental. Segundo Lapierre e Aucouturier (1985, p.10),

“quando a aquisição de conhecimento, inclusive dito psicomotores, não se integra numa

dinâmica de afirmação da pessoa, eles acabam se tornando memorizações superficiais, não

transponíveis e por fim inúteis”.

Desta maneira o professor fará intervenções nas ações da criança para o seu

desenvolvimento psicomotor. Promovendo o amadurecimento do psiquismo, obtém maior

facilidade nos movimentos e nas reações motoras. Essa atuação melhora a seleção das

habilidades mínimas necessárias, fazendo com que a criança facilite a exploração do seu

universo e possa aumentar seu autoconhecimento, contribuindo assim para o controle e

orientação espacial, a manusear um objeto, por exemplo, um aro, o que determinará melhor

sua lateralidade. Analisando essa concepção, pode–se afirmar que a intervenção profissional

é uma importante ferramenta de prevenção dos problemas de adaptação escolar, com

tendência para solucionar as dificuldades encontradas no aprendizado, através da utilização

cada vez maior do movimento como meio de promover e facilitar o processo educativo.

Encontramos na literatura, que a psicomotricidade juntamente com o trabalho do

professor transforma o corpo, tornando-o integrado, que a ação de forma estruturada, de

forma organizada no mundo, que idéias e sentimentos se relacionam. Não se pretende com

isto, afirmar que o trabalho psicomotor seja a solução de todos os problemas, a educação

psicomotora é, na verdade, mais uma grande ferramenta que o professor dispõe.

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4. FATORES E FUNÇÕES PSICOMOTORAS

O desenvolvimento psicomotor abrange o acréscimo funcional de todo o corpo e

suas partes. Geralmente este desenvolvimento está dividido em vários fatores psicomotores.

Segundo Fonseca (1995), são 7 fatores os quais: a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a

noção corporal, a estruturação espaço-temporal e praxias fina e global.

4.1Tonicidade

Segundo Fonseca (1995) a tonicidade indica o tônus muscular e tem um papel

fundamental no desenvolvimento motor. Para ele, pela tonicidade, garante-se atitudes,

posturas, mímicas, emoções e de onde emergem todas as atividades motoras humanas.

Toda motricidade parte de uma tonicidade, que segue como uma sombra, preparando-se e

inibindo-se, isto é, auto regulando-se, como fator de suporte essencial ao movimento

humano.

4.2 Equilíbrio

O equilíbrio corresponde ao conjunto de experiências motoras vivenciadas pelo

corpo, onde cada área é responsável pela ação do movimento (dinâmica), e ausência do

mesmo (estática), buscando o controle da postura durante o processo de locomoção ou não

da massa corpórea, determinando sucessivas alterações da base de sustentação. .

Fonseca (1995, p. 144) descreve que “o equilíbrio reúne um conjunto de aptidões

estáticas e dinâmicas, abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições

de locomoção”. Desta forma para Fonseca apud Gribenski e Caston, (1973) o equilíbrio ou a

“equilibração” correspondem à harmonia entre as musculaturas agonista e antagonista

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através das funções de vigilância, de alerta e atenção, buscando o mínimo gasto calórico na

manutenção da postura ereta.

4.3 Lateralidade

A lateralidade é organizada por dois hemisférios cerebrais e influenciada pela

cultura social. O resultado disso é a dominância lateral (canhoto ou destro), determinada

através da genética e experiências externa sensório-motora. Como exemplo, na maioria das

vezes que cumprimentamos alguém ou ao fazer ultrapassagem no trânsito, já existe uma

determinação por qual lado será usado (socialmente). O conceito de lateralidade também se

refere ao domínio do espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo

com maior desembaraço. As características acima descritas dão suporte para realização de

movimentos como: ficar em pé, girar, deslocar-se para esquerda, direita, diagonal, frente,

atrás, etc.

O que geralmente acontece é uma confusão entre a noção de lateralidade (que está

envolvida com o esquema corporal), com a de direita e esquerda (esquema de dominação e

referência de um hemisfério sobre o outro), ocasionando confusão e problemas de

orientação espacial tanto na criança quanto no adulto. A criança por ter a lateralidade

adquirida e não definida, pode não saber qual lado utilizar, entretanto, estas referências

estão intimamente ligadas, e quando a lateralidade não está bem definida, é comum ocorrer

desorientação sobre qual atitude tomar para determinar a direção escolhida, (sobretudo na

escola), obscurecendo a diferenciação entre os lados do corpo e causando a incapacidade

de seguir a direção gráfica durante a leitura e escrita.

Fonseca (1995) afirma que a lateralidade manual surge no fim do primeiro ano de

vida, mas só se estabelece por volta dos 4 e 5 anos. Nessa visão aumenta a importância do

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profissional de educação física conhecer e aplicar os fundamentos psicomotores, que darão

base para todo desenvolvimento intelecto-emocional da criança.

4.4 Noção Corporal

Consciência do corpo se dá através de experiências motoras por intermédio da

convivência social, afetiva e cognitiva, como as demais características psicomotoras. É

através do carinho, da comunicação e da representação visual, que a criança vai adquirindo

conhecimento de cada parte do seu corpo, aprendendo identificar-se, localizar-se e a usá-lo

por meio do tátil e da visualização.

Fonseca apud Ajuriaguerra, (1995, p.181), relata que “a evolução da criança é

sinônimo de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo, a

criança é o seu corpo, pois é através dele que a criança elabora todas as experiências vitais

e organiza toda a sua personalidade”.

4.5 Estruturação espaço-temporal

Fonseca (1995, p. 203) descreve que este fator “emerge da motricidade, da relação

com os objetivo localizados no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo...”. Desta

maneira, é necessário desenvolver a conscientização da criança e de seu corpo, para que

este saiba situa-se (no lugar ou meio que a rodeia), orientando-se com relação aos objetos e

pessoas (primeiramente a criança deve saber onde o seu corpo está no espaço (onde

encontra-se situada) para depois saber localizar os objetos no espaço.

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4.6 Praxia Global

A precisão da ação que é realizada nas atividades lúdicas, jogos, dança, como

exemplo, na coordenação de braços e pernas, que combinam–se para execução de

movimentos, é pré-definido, de maneira a alcançar esse objetivo. Assim exige uma ação

conjunta de vários grupos musculares, que necessitam de definição, direção e tempo, para

tornar a execução automática. Fonseca apud Ayres (1995, p.237) afirma que a praxia “é a

capacidade para planificar ou levar a efeito uma atividade pouco habitual, que implica a

realização de uma seqüência de ações para atingir um fim ou um resultado”.

4.7 Praxia Fina

Crianças que apresentam dificuldade na coordenação dinâmica manual, como, por

exemplo, ao desenhar, recortar, escrever (todos os movimentos que exijam precisão na

coordenação olho/mão), podem ter problemas motricidade e visão, relacionados com

manejo, palpação, manipulação de objetos, analisando que é um fator relevante para o

aprendizado da criança, especialmente na escrita.

A praxia fina por compreender todas as tarefas motoras finas... onde associa a função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e durante a fixação da atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual, além de abranger as funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas”. (FONSECA 1995, p. 244)

Diante do exposto verifica-se quanto aspecto podem envolver os objetivos das aulas

dos professores, necessárias para o trabalho psicomotor, ressaltando que a criança irá

executá-la sem perceber, pelo prazer que a aula de educação física lhe proporciona,

atingindo assim os objetivos.

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5. FUNDAMENTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NAS ESCOLAS

A Psicomotricidade tem papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem,

como ferramenta essencial da educação física, sobretudo nas séries iniciais do ensino

infantil e fundamental. É na ciência do movimento humano que a educação física apóia-se

durante a correção de anomalias motoras objetivando o desenvolvimento pleno e

fundamentado dos indivíduos, dentro da proposta do princípio da educação básica brasileira.

5.1 Parâmetros Curriculares Nacionais

A educação física tem a função de promover a socialização, possibilitando o

desenvolvimento pleno da criança, diminuindo as limitações, além de proporcionar a

satisfação pessoal e a descoberta de novos conhecimentos. São através dessas bases e

através desses benefícios, que acontecem durante o processo de ensino/aprendizagem, que

ocorrem a melhora da percepção, o alívio de tensões e ansiedades, responsáveis pelas

dificuldades de aprendizagem na criança. Especialmente na década de 80, a educação física

escolar era voltada principalmente para quinta à oitavas séries, com enfoque esportivo e com

objetivo de influenciar o aumento de pessoas para prática de atividades esportivas. Foi a

partir deste momento que se começou também a priorizar também as séries iniciais

enfocando o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando da escola a função de promover

os esportes de alto rendimento. Para Darido(2003,p.22) “a inserção da psicomotricidade na

educação infantil “possibilitou uma maior integração com a proposta pedagógica ampla e

integrada da educação física nos primeiros anos de educação formal”.

A partir de 1996 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

modificou-se o foco da educação física escolar, colocando-a integrada a proposta

pedagógica da escola, e tornando-a componente curricular da educação básica, (ajustando-

se às faixas etárias e às condições da população escolar), sendo facultativa nos cursos

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noturnos. Esta legalidade serviu como atitude de legitimidade da prática da educação física

escolar.

Encontramos nos parâmetros curriculares nacionais a proposta de conteúdos da

educação a serem desenvolvidos nas séries iniciais como:

“o trabalho de educação física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções”. (PCN´S 2001, p.15).

Perceber a contribuição que a psicomotricidade visa, vai além da proposta de

transformação do indivíduo através do esporte, não objetivando o esporte apenas para a

competição, mas a interação com relação à afetividade e à emoção, refletidos através da

conexão entre os aspectos corporais e mentais da criança. A inserção da educação

psicomotora no ensino infantil determinou mudanças na maneira das aulas serem

planejadas, passando a ser proposta de acordo com as etapas evolutivas do

desenvolvimento infantil.

A educação física na escola é, na sua vivência exercida pelas práticas corporais e

como tais são desenvolvidas e fundamentadas dentro da ciência do movimento humano,

com o objetivo de perceber o corpo, como um corpo que fala, um corpo que expressa e se

comunica, embasado no equilíbrio entre corpo e mente:

“Embora numa aula de educação física os aspectos corporais sejam mais evidentes, mais facilmente observáveis, e a aprendizagem esteja vinculada à experiência prática, o aluno precisa ser considerado como um todo no qual aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em todas as situações” (PCN´S, 2001, p.33).

Esta citação reafirma o processo entre a criança e sua interação durante a prática e a

vivência de experiências na aprendizagem cognitiva, interligada às emoções que o educador

deve ter. Assim, perceber o quanto à educação física e seus conteúdos, dentre eles a

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psicomotricidade, são importantes na escola desde o seu início até a formação plena do

aluno, é fundamental para o desenvolvimento do indivíduo e a formulação dos conteúdos

propostos para a educação através do corpo.

5.2 Matriz Curricular do Sistema Educacional do Estado de Rondônia.

É fundamental conhecer a realidade como pré-requisito para selecionar métodos e estilos

de ensino na prática de educação física é um requisito para o professor ao elaborar um

projeto de ensino e exercer a docência no ciclo em que atua, a importância que ele

representa para o ensino sabendo escolher a melhor maneira de ensinar e avaliar a sua

atuação para verificar o desempenho com relação ao ensino.

A Secretaria de Estado da Educação iniciou um projeto de reformulação da Proposta

Pedagógica da Educação Física, procurando desenvolver um trabalho de Problematização e

atualização da Educação Física Escolar. Os técnicos da SEDUC juntamente com

professores do Estado, refletiram, trocaram idéias e finalizaram com uma organização e

estruturação sistematizada de conteúdos da Educação Física do Estado das ações dos

professores, tanto ao planejarem, quanto ao ministrar suas aulas, respeitando as

diversidades de condições, conforme as realidades do Estado.

O componente Curricular tem como objetivo geral para o Ensino Fundamental; Explorar e

analisar o mundo motor por meio das manifestações da cultura corporal visando o

entendimento social e a estimulação ao desenvolvimento das potencialidades motoras.

Foi elaborada uma divisão dos conteúdos por núcleo:

Núcleo I; organizar situações de vivências corporais e estudos que possibilitem a

compreensão em ser um corpo em movimento e em constantes interações com objetos e

pessoas.

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Núcleo II: Favorecer o estudo e a vivência de manifestações lúdicas e esportivas

como integrantes da cultura motora contribuindo com o processo de construção da

motricidade;

Núcleo III: Promover a compreensão do movimento ritmo como forma de expressão

corporal e de representação social valorizando – o em diversas manifestações culturais;

Núcleo IV: Possibilitar o entendimento e envolvimento da interação entre a ação

motora e a saúde destacando os benefícios que esses conhecimentos possam trazer para a

melhoria da qualidade de vida;

A divisão desses núcleos é proposta para serem desenvolvidos um a cada bimestre,

todos conforme as diversidades e condições do meio e maturação da criança. E inseridos a

estes núcleos há os núcleos de conteúdos que são propostas à serem desenvolvidas de

maneira gradual, considerando série, idade em que a criança se encontra. Para todas as

séries no primeiro bimestre é proposto a compreensão do corpo em movimento interando-se

com objetos e pessoas. Os quais são encontrados os aspectos a ser desenvolvida como

esquema corporal, lateralidade, equilíbrio corporal, habilidades motoras de base, estrutura

espaço-temporal coordenação motora, ginástica geral, capacidades físicas. Os quais esses

aspectos serão relacionados com complexidades posteriormente com as atividades

propostas por demais conteúdos do núcleo II, com manifestações lúdicas e esportivas como

os jogos populares, amarelinha, queimadas, futebol, etc, conteúdo do núcleo III, expressão

corporal e representação social, como a dança (folclórica e populares), ritmo entre outras.

Conteúdos do núcleo IV, ação motora e saúde, atividade física e meio ambiente, postura e

atividade física, etc.

Percebemos que os conteúdos propõem atividades simples, como primeiro

reconhecimento do corpo, para depois uma apropriação deste de uma maneira diretiva

conforme suas características e necessidades maturacionais.

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6. MÉTODO E PROCEDIMENTOS

Neste capítulo abordaremos os procedimentos metodológicos utilizados durante esta

pesquisa.

6.1 Delineamento da pesquisa

Esta pesquisa foi realizada no Campus da Fundação Universidade Federal de

Rondônia da cidade de Porto Velho, aonde se encontra a biblioteca central “Prof. Roberto

Duarte Pires” na qual estão catalogadas as monografias do curso de educação física.

O procedimento desta pesquisa foi de caráter documental, utilizando como

ferramentas de coleta dos dados documentos monográficos de graduação do curso de

educação física da Faculdade Federal de Rondônia – UNIR, defendidas entre os anos de

2000 a 2006. Realizou-se um estudo documental, de caráter exploratório.

Segundo Gil (1995), “a coleta de dados tendo como fonte “papéis” caracteriza a pesquisa como documental, onde os documentos utilizados podem ser de primeira mão, ou seja, aqueles que não receberam nenhum tratamento analítico tais como os documentos conservados em órgãos públicos e instituições privadas, ou com os documentos de segunda mão que de alguma forma já foram analisados tais como: relatórios de pesquisa; relatório de empresas; tabelas estatísticas e outros, diferenciando-se da pesquisa bibliográfica, que também os utiliza”.

6.2 Amostragem

Foram analisados 07(sete) documentos monográficos com enfoque ao

desenvolvimento psicomotor nas séries iniciais (educação infantil e fundamental) através da

educação física, dentre 100(cem) monografias catalogadas pela biblioteca do campus da

Universidade Federal de Rondônia no período de 2000 a 2006.

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6.3 Coleta de dados e critérios de análise;

Para a seleção geral dos documentos, foram considerados os trabalhos que já

demonstravam em seu título uma preocupação central com o desenvolvimento motor nas

séries iniciais do ensino infantil e fundamental. O primeiro passo para o desenvolvimento da

pesquisa foi a exploração das fontes documentais monográficas do curso de educação física

encontradas na biblioteca central da Fundação Universidade Federal de Rondônia.

Posteriormente foi realizada uma primeira leitura a fim de identificar quais as

monografias constituiriam efetivamente às informações da pesquisa. As produções

encontradas relacionadas a psicomotricidade e o ensino infantil e fundamental foram

07(sete); dentro das 100 (cem) monografias catalogadas na biblioteca do campus da UNIR.

Esses dados quantitativos foram fornecidos por uma funcionária auxiliar da biblioteca, que

realizou um levantamento no Setor de Coleções Especiais, mecanicamente, considerando

que o SINGU ainda encontra-se em fase de reestruturação não permitindo a emissão de

relatórios.

Os critérios utilizados para a análise foram divididos nas seguintes categorias: título,

objetivo geral (do trabalho analisado), aspectos gerais (breve resumo metodológico), relação

da pesquisa analisada com a psicomotricidade, análise parcial.

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7. Análises dos Dados:

Documento-01

Fonte: Monografia de Graduação em Educação Física, Porto Velho–RO, 2000.

Título: Educação física infantil em Porto Velho: Constatação de uma realidade.

Objetivo Geral: Analisar a importância que a Educação Física possui no contexto do

ensino infantil para o desenvolvimento psicomotor da criança.

Aspectos Gerais: Fala da utilização do lúdico na educação física para ajudar a

criança no seu aprendizado e também da importância da organização dos conteúdos

para o trabalho com movimento. Teoricamente utilizou Tolkmitt(1996) para

caracterização da ação na educação física infantil, colocou fatores psicomotores mais

não os definiu e nem descreveu sua função. Para abordar a necessidade do

movimento utilizou Santos (1998) e para falar do movimento em cada experiência

adquirida e sua atuação em cada estágio, Piaget (1989). Sua metodologia usou como

instrumento para coleta de dados um questionário composto de 04(quatro) questões

fechadas, aplicado em 30 escolas de ensino infantil da rede privada do Município de

Porto Velho, dirigido a supervisores da escola e também entrevista junto a Secretaria

Municipal de Educação de Porto Velho/Departamento de Educação Física.

Conclusão: Constataram uma valorização da ludicidade por parte dos educadores e a

situação desta disciplina ainda é muito precária no Município de Porto Velho. Há

legalidade, mas não há efetividade quanto à prática. Enfocam um descaso para

educação física por parte das instituições de ensino infantil, onde ainda vigora a

premissa que “escola é lugar de estudar e não para brincar”.

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Análise parcial relacionado com a psicomotricidade: não analisou a importância

que a Educação Física possui no contexto do ensino infantil para o desenvolvimento

psicomotor para criança.

Documento - 02

Fonte: Monografia de Graduação em Educação Física, Ji-Paraná – RO, 2004.

Título: A contribuição da educação física no processo de desenvolvimento motor em

crianças do 1º e 2º ciclos do ensino fundamental.

Objetivo Geral: Demonstrar a contribuição da Educação Física para o

desenvolvimento motor das crianças do 1º e 2º ciclo do ensino fundamental.

Aspectos Gerais: A introdução mostra preocupação com o conhecimento que o

educador físico deve ter sobre o desenvolvimento motor da criança. Na parte central

de referencial teórico, utilizou como pressuposto os estudos de Piaget. Na conclusão

procurou demonstrar o processo de desenvolvimento em crianças de 7 a 12 anos

numa concepção piagetiana, comparando com a proposta Curricular Educacional do

Estado de Rondônia. Verificou sua aplicabilidade e a adequação dos conteúdos para

cada faixa etária. Concluiu de forma objetiva que a mesma é coerente na relação

desenvolvimento motor e conteúdos propostos. De acordo com as descrições

metodológicas do trabalho, esta pesquisa é de caráter bibliográfico.

Análise parcial relacionado com a psicomotricidade: O autor somente apresentou

os estudos de Piaget como foco do desenvolvimento cognitivo, não demonstrou as

contribuições da psicomotricidade. Autores como Le Boulch e Fonseca teriam

enriquecido as relações entre a educação física e a motricidade, e ainda, a

participação neurológica (funções psicomotoras) no processo evolutivo infantil. O

autor da pesquisa também poderia ter acrescentado a influência do meio social como

fator determinante no desenvolvimento motor.

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Documento -03Fonte: Monografia de Graduação em Educação física, Ariquemes-RO, 2004.

Título: Benefícios da educação física para o desenvolvimento motor nas séries

iniciais, segundo a opinião dos professores de educação física do município de Ji-

Paraná.

Objetivo Geral: Verificar os benefícios da Educação Física para o desenvolvimento

motor nas séries iniciais, segundo a opinião dos professores de educação física do

município de Ji-Paraná.

Aspectos Gerais: O autor se compromete em buscar a resposta dos educadores

físicos a respeito dos efeitos benéficos para o desenvolvimento motor nas séries

iniciais. A característica desse estudo foi desenvolvida numa abordagem qualitativa

descritiva, de campo, com fundamentação teórica enfocada no desenvolvimento

infantil. A população pesquisada caracterizou-se por 15 professores de educação

física. Foi realizada uma entrevista estruturada para atingir o objetivo proposto com o

embasamento teórico. O referencial ajudou a fortalecer a pesquisa, mas não ajudou a

responder toda a proposta do autor. A partir dos conteúdos abordados, tornou-se

possível tirar algumas conclusões. De acordo com os professores entrevistados do

município de Ji-Paraná, afirmaram que a educação física é importante, pois através

das atividades lúdicas é que a criança melhora seu convívio social e o raciocínio

lógico de forma cooperativa e, também onde constrói suas características diante dos

problemas concretos; onde os processos pedagógicos contribuem para uma iniciação

desportiva e, que trabalham de forma aprofundada dentro da metodologia. As aulas

de educação física auxiliam no crescimento e na maturação da criança. Concluíram

também que: a formação profissional em educação física se baseia em conteúdos

teóricos e práticos, abrangendo os aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais, é

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neste conjunto de disciplina que o futuro professor irá contribuir para o

desenvolvimento da criança.

Análise parcial relacionado com a psicomotricidade: Utilizou autores

diversificados para trabalhar a evolução motora sob diversos ângulos: obtendo um

bom embasamento teórico, mas durante a análise das respostas manteve-se

superficial em seu posicionamento, não respondeu os benefícios da

psicomotricidade. Além disso, lançou outros focos como a ludicidade, e a

desportização que não foram abordados na bibliografia.

Documento -04

Fonte: Monografia de Graduação em Educação Física, Ji-Paraná–RO, 2004.

Título: Contribuição da educação física no processo ensino/aprendizagem de 1ª à 4ª

série.

Objetivo Geral: Identificar através de estudos, análise literária e aplicação de

questionário a importância e contribuição da educação física para no processo

ensino/aprendizagem, em alunos de 1ª a 4ª séries.

Aspectos Gerais: Os autores relatam a importância da educação física para a

ampliação cognitiva da criança na escola, descrevendo aspectos sociais, culturais,

relacionando-os com o movimento como fonte de formação integral do ser. Sua

referência bibliográfica é muito semelhante às analisadas anteriormente; os autores

que ele embasou-se são: Piaget (1989), Tani et al (1988), Meinel (1984), Bee (1981),

Papalia & Old’s (1981). Este trabalho é descrito como pesquisa de campo de

abordagem descritiva e análise qualitativa. O autor usou questionário misto, a

amostragem composta por foi 191 pessoas (28 pais, 156alunos e 17 professores da

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rede estadual de ensino) na qual, cada grupo respondeu um questionário específico.

Apartir dos conteúdos abordados nesse estudo, tornou-se claro que é de fundamental

importância a conscientização do profissional de Educação Física. Buscando assim

desenvolver três aspectos básicos como: Educação física e sua relevância no

processo ensino-aprendizagem; educação física e o desenvolvimento psicomotor; a

atuação do profissional frente à disciplina. O presente estudo vem oportunizar ao

profissional da área uma reflexão profunda sobre suas ações, respeitando as

características individuais e culturais. Constatou-se que a educação física apropria-se

de grande responsabilidade no processo ensino/aprendizagem, por possuir em sua

essência caráter de formação humana em sua totalidade.

Análise parcial relacionado com a psicomotricidade: Mais uma vez o resultado

não foi obtido em verificar a contribuição da Educação Física na formação integral do

aluno relacionada a psicomotricidade. Esta pesquisa apresentou-se de maneira

sucinta e muito semelhante ao abordar autores que nortearam a psicomotricidade e

defenderam a mesma na educação física. Faltou relacionar com melhor clareza,

caracteres da psicomotricidade que repercutem no processo da aprendizagem, por

exemplo, uma analogia entre a leitura, a escrita e a lateralidade. Seu questionário se

mostrou um pouco aquém ao desafio proposto.

Documento -05

Fonte: Monografia de Graduação em Educação Física, Ariquemes–RO, 2004.

Título: Os benefícios dos jogos recreativos para a coordenação motora geral em

alunos da 3ª séries da rede pública dos municípios de Ariquemes, Cujubim e

Machadinho D´Oeste.

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Objetivo Geral: Verificar se os jogos recreativos podem trazer benefícios para o

desenvolvimento da coordenação motora geral dos alunos da 3ª série do ensino

fundamental.

Aspectos Gerais: Os autores da pesquisa enfocam muito na importância do

desenvolvimento integral da criança através do jogo recreativo, aborda (assim como

todos os outros trabalhos descritos antes) características e necessidades das

mesmas na fase dos 9 e 10 (anos) de idade , baseando-se na evolução das

estruturas classificadas por Piaget. Sobre motricidade embasar-se em Freire e

Passserino. A metodologia do trabalho caracterizada por uma pesquisa de campo

experimental, envolvendo 3 (três cidades distintas), com amostra de 120 alunos da 3ª

série do ensino fundamental, sendo 60 do grupo experimental e 60 do grupo controle,

foi realizado um teste para mensurar a coordenação motora geral dos alunos,

utilizando o teste da EUROFIT. Para o grupo experimental usaram jogos recreativos

nas aulas de educação física, o grupo controle continuou as aulas de educação física

sem foco na recreação. Concluiu-se que a coordenação motora geral dos alunos no

início da pesquisa não estava bem desenvolvida, pois o teste era composto por uma

seqüência de seis movimentos e a média de movimentos realizados corretamente

não chegou a 50% de acertos: - grupo controle: cada aluno executou em média 2,8

movimentos de forma correta; - grupo experimental: cada aluno executou em média

2,6 movimentos de forma correta. O resultado após aplicação do programa de

atividades recreativas foi o aprimoramento da coordenação motora em alunos do

grupo experimental. Agrupando os resultados obtidos nos três municípios, constatou-

se que após o programa de atividades recreativas o grupo experimental apresentou

melhora na coordenação motora geral de aproximadamente 88,5%, enquanto o grupo

controle apresentou uma melhora de 21,4%.

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40

Análise parcial relacionado com a psicomotricidade: Novamente, este outro

trabalho poderia ter ampliado seu esboço teórico, para poder sustentar de forma mais

concreta os resultados obtidos. Mesmo tendo verificado que os jogos recreativos

aprimoram a coordenação motora geral, não levantou claramente outros benefícios

que poderiam ser verificados. A proposta de comparar os efeitos de um programa

recreativo na coordenação motora em três cidades distintas favorece o

enriquecimento dos estudos psicomotores e fomenta o conhecimento das diferenças

regionais (fator que pode ser influenciante na prática psicomotora). Positivamente

pode ser citado o uso do protocolo da EUROFIT para sua análise (tornando a

comparação dos resultados mais eficaz).

Documento-06

Fonte: Monografia de Graduação em Educação Física, Porto Velho–RO, ano não informado.

Título: A influência da prática motora no desenvolvimento das habilidades motoras

básicas de crianças de idade pré-escolar.

Objetivo Geral: Investigar a influência da organização da prática motora nas aulas

de educação física sobre o desenvolvimento das habilidades motoras básicas em

crianças na idade pré-escolar.

Aspectos Gerais: Os autores demonstram em sua pesquisa uma consciência sobre

a importância do desenvolvimento motriz na criança, para a mesma em suas demais

fase da vida como adolescência, adulta, quando for exigida a realizações de tarefas

complexas e a sua eficiência em executar. Colocam ainda, sendo este fator que cabe

aos educadores físicos torná-los eficazes, os mesmos enfocam sua preocupação em

qual a melhor forma de planejar uma aula para o desenvolvimento motor das

crianças. No seu referencial para abordar a seqüência do desenvolvimento motor,

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41

foram utilizados autores como Tani et al (1988), Gallahue & Ozmun (2001). Sua

pesquisa foi experimental, com uma amostra de 13 crianças na faixa etária de 6 e

7anos, que foram divididos em dois grupos; um experimental que fizeram aula de

educação física centralizada (método que trabalha uma só habilidade), e outro

controle que foram submetidos a aula de educação física distribuída (método que

trabalha varias habilidades ao mesmo tempo). Foi utilizados um pré-teste e pós-teste

para análise dos dados. Para avaliação do desenvolvimento motor da criança foi

utilizada a observação dos seus padrões básicos, com base no protocolo proposto

por Gallahue & Ozmun (2001); que destaca quatro padrões motores: o salto, a

corrida, o chute e o arremesso. Esta pesquisa analisou duas formas de se estruturar

a aula (as quais denominam de prática centrada e prática distribuída) e chegaram as

seguintes conclusões: a forma de organização da prática é um fator importante no

processo de desenvolvimento motor do indivíduo, produzindo diferenças significativas

nos resultados; a forma de estruturar a aula apresentada pela prática centrada

resultou em melhores efeitos sobre o desenvolvimento motor das crianças

pesquisadas.

Análise parcial relacionado com a psicomotricidade: Esta pesquisa

juntamente com as outras foi em sua fundamentação teórica concisa ao apresentar

somente os estudos de Gallahue & Ozmun (2001). E o uso do protocolo de Gallahue &

Ozmun (2001) para análise.

Documento -07Fonte: Monografia de Graduação em Educação Física, Porto Velho–RO, 2005.

Título: Os benefícios dos jogos recreativos para a coordenação motora geral em

alunos da 2ª série de uma escola da rede particular do município de Porto Velho.

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Objetivo Geral: Comprovar que os jogos recreativos podem trazer benefícios para o

desenvolvimento da coordenação motora geral dos alunos da 2ª série do ensino

fundamental de uma escola da rede particular do município de Porto Velho-RO.

Aspectos Gerais: A introdução mostra a importância de uma coordenação motora

bem desenvolvida e sua relação com o lúdico e o jogo. Embasou-se nos estudos de

Vygotsky para dissertar sobre a aprendizagem através da ação, desenvolvimento da

criança fundamentou-se em Piaget e motricidade embasou-se em Freire. Para

descrever as características e necessidades das crianças de 8 e 9 anos fez uso de

autores como Almeida e Debesse. Sua metodologia foi de caráter experimental,

como amostra utilizou 40 (quarenta) alunos da 2ª séries do ensino fundamental de

ambos os sexos, com idade entre 8 e 9 anos, não praticantes de outras atividades

recreativas coordenadas fora do ambiente escolar. O instrumento empregado para a

coleta de dados foi o protocolo da EUROFIT, para mensurar a coordenação motora

geral; empregou ainda um programa de atividades e jogos recreativos ao grupo

experimental. O resultado da pesquisa comprovou que os jogos recreativos podem

melhorar a coordenação motora geral dos alunos, pois o grupo experimental

apresentou uma melhora no desempenho de 89,6%, enquanto o grupo de controle foi

de apenas 23,1%.

Análise parcial relacionado com a psicomotricidade: A coordenação motora geral

é um dos focos de estudo da Psicomotricidade. Ao promover este estudo

experimental, em uma escola particular da capital, a autora promoveu um novo olhar

a respeito deste tema. Propôs um debate, em que poderia surgir uma nova variável

(um benefício ainda não conhecido) ou consolidar as melhorias já citadas em

literatura específica.

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43

Em seu referencial teórico, apresentou as características motoras de forma sucinta

(baseou-se principalmente na visão de Freire), podendo aprofundar-se em outros

autores. A autora verificou os benefícios dos jogos recreativos em alunos de 8 a 9

anos, (não deixando claro quais seriam esses benefícios em sua análise). Um dos

pontos fundamentais foi o uso do teste cineantropométrico que avalia a coordenação

motora geral: protocolo da EUROFIT (ou seja, deu um caráter fidedigno à pesquisa),

para verificar com mais precisão a evolução de cada grupo. Também poderia ter usado

a bateria psicomotora proposta por Fonseca que, além das melhorias da coordenação

motora geral, poderia ter diagnosticado outros benefícios das atividades lúdicas e

jogos.

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44

8. Conclusão

Os documentos monográficos analisados demonstram que as produções expressam

em seus títulos uma análise sobre a recreação desenvolvida nessas primeiras séries iniciais,

mas sem descrever sobre os benefícios da psicomotricidade.

O resultado da análise do documento 5, 6 e 7 fortalecem ainda mais sobre a questão

de análise motora através de protocolo, mesmo sendo um fator positivo o uso deste

protocolo, existem protocolos da própria psicomotricidade que analisam e com mais eficácia

e precisão cada fator psicomotor de cada faixa etária.

Um foco comum é a influência da obra piagetiana, na produção acadêmica que

aborda a psicomotricidade ou temática da psicomotricidade, nas monografias produzidas nos

anos de 2000 a 2006. Sendo este autor o qual descreve o desenvolvimento das fases

cognitivas e não motoras. Constatou-se muita semelhança entre as monografias.

Um ponto crucial do estudo refere-se ao número de monografias que investigaram a

prática pedagógica do professor sobre a temática em questão. Das 07(sete) monografias

apenas 03(Três) foram realizadas na cidade de Porto Velho. O que indica a necessidade de

um aprofundamento à reflexão sobre no que tange à Educação Física, pois, caso não se

compreenda isso, dificilmente se poderá falar de contribuições da psicomotricidade aos

escolares de Porto Velho.

Especificamente pode–se dizer, que para o trabalho do professor se tornar mais

eficaz nessas séries iniciais para a melhora dos seus alunos, o educador possuindo uma

identidade psicomotora, feita de conteúdos teóricos e competência para analisá-los, ele

visará uma reconstrução de suas aulas, tornando-as mais criativas.

O desenvolvimento dos aspectos motores, cognitivos, afetivos, a aquisição das

habilidades constitui como um importante processo para a efetivação das aulas de Educação

Física. Faz-se necessário, que os educadores físicos se conscientizem de que o ensino

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fundamental é importante para cuidar e desenvolver as crianças, para o sucesso dos

mesmos nesta fase e no futuro, onde as exigências serão ainda mais complexas.

A importância desta pesquisa vem somar com as outras produções acadêmicas, sob

o aspecto em verificar se quais pesquisas relacionadas à psicomotricidade realizadas por

acadêmicos do curso e constatamos que existem poucos trabalhos. O que desperta uma

questão a ser investigada por trabalhos sucessores: por que há a escassez em pesquisas

sob o ponto de vista psicomotor?

E ainda sugerir que abordem pesquisas envolvendo os fatores psicomotores ou

outros conteúdos pertinentes a esta temática.

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46

9. Referência:

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