a psicologia da 4ª forÇa

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A PSICOLOGIA DA 4ª FORÇA Histórico A Psicologia é a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento. Entende-se por comportamento uma estrutura vivencial interna que se manifesta na conduta. A psicologia transpessoal é denominada de quarta força da psicologia. Antes de abordar a história da psicologia transpessoal, façamos um breve relato da história da psicologia no ocidente. A psicologia ocidental originou-se na Grécia por volta do ano 500 a.C. dentro da Filosofia, onde alguns filósofos iniciaram cogitações sobre a psique humana. Destacam-se Sócrates, Platão e Aristóleles como grandes filósofos que criaram a base da filosofia ocidental. No século XIX, no período de 1832 a 1860 na Universidade de Leipzig, Alemanha, é que a psicologia surgiu como ciência separada da filosofia através do estabelecimento de métodos e princípios teóricos aplicáveis ao estudo e de grande utilidade no estudo e tratamento de diversos aspectos da vida e da sociedade humana. A teoria psicológica tem caráter interdisciplinar por sua íntima conexão com as ciências biológicas e sociais e por recorrer, cada vez mais, a metodologias estatísticas, matemáticas e informáticas. Não existe, contudo, uma só teoria psicológica, mas sim uma multiplicidade de enfoques, correntes, escolas, paradigmas e metodologias concorrentes, muitas das quais apresentam profundas divergências entre si. Modernamente a psicologia é dividida em quatro grandes correntes denominadas forças: 1ª FORÇA: Behaviorismo ou Psicologia Comportamental - criada por John B. Watson. Reformulou os conceitos de consciência e imaginação, negando o valor da introspecção.

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A PSICOLOGIA DA 4ª FORÇA

Histórico

A Psicologia é a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento. Entende-se por comportamento uma estrutura vivencial interna que se manifesta na conduta.

A psicologia transpessoal é denominada de quarta força da psicologia.

Antes de abordar a história da psicologia transpessoal, façamos um breve relato da história da psicologia no ocidente.

A psicologia ocidental originou-se na Grécia por volta do ano 500 a.C. dentro da Filosofia, onde alguns filósofos iniciaram cogitações sobre a psique humana. Destacam-se Sócrates, Platão e Aristóleles como grandes filósofos que criaram a base da filosofia ocidental.

No século XIX, no período de 1832 a 1860 na Universidade de Leipzig, Alemanha, é que a psicologia surgiu como ciência separada da filosofia através do estabelecimento de métodos e princípios teóricos aplicáveis ao estudo e de grande utilidade no estudo e tratamento de diversos aspectos da vida e da sociedade humana.

A teoria psicológica tem caráter interdisciplinar por sua íntima conexão com as ciências biológicas e sociais e por recorrer, cada vez mais, a metodologias estatísticas, matemáticas e informáticas. Não existe, contudo, uma só teoria psicológica, mas sim uma multiplicidade de enfoques, correntes, escolas, paradigmas e metodologias concorrentes, muitas das quais apresentam profundas divergências entre si.

Modernamente a psicologia é dividida em quatro grandes correntes denominadas forças:

1ª FORÇA: Behaviorismo ou Psicologia Comportamental - criada por John B. Watson. Reformulou os conceitos de consciência e imaginação, negando o valor da introspecção. Watson rejeitou tudo o que não pudesse ser mensurável, replicável ou observável em laboratório. Segundo ele, somente o comportamento manifesto era possível de ser validado cientificamente. Os estudos posteriores demonstraram que essa postura não era correta em alguns aspectos, mesmo assim os estudos de Watson foram determinantes para a expansão da psicologia.

2ª FORÇA: Psicanálise - criada por Sigmund Freud, o estudo psicanalítico focaliza prioritariamente a patologia e o extremo sofrimento diante da própria impotência e da limitação humana. Freud teve inúmeros seguidores e muitos de seus postulados sobre a psique continuam válidos e dão suporte às outras escolas que se desenvolveram a partir da psicanálise. Freud também teve dissidentes que evidenciaram outros aspectos importantes da psique humana que ele não admitia. O principal discípulo de Freud foi Carl Gustav Jung que é

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considerado um dos precursores da Psicologia Transpessoal devido aos seus inúmeros estudos sobre o ocultismo.

3ª FORÇA: Psicologia Humanista - surgiu nos Estados Unidos e na Europa, na década de 50, como reação explícita ao behaviorismo e a analogia entre o Ser Humano e a máquina e que colocava à margem do seu objeto de estudo os fatores afetivos e emocionais. Os humanistas reagiram a essa opção metodológica pela exclusão da emoção, que consideravam inerente e fundamental no ser humano. A visão do Ser Humano no humanismo é a de um ser criativo, com capacidades de auto-reflexão, decisões, escolhas e valores. Abraham Maslow é considerado fundador desse movimento. A respeito da psicanálise Maslow afirmou que Freud se deteve na doença e na miséria humana e que era necessário considerar os aspectos saudáveis, que dão sentido, riqueza e valor à vida. Uma das funções da forma humanista de se analisar a psicologia é resgatar o sentido da vida próprio da condição humana. Maslow afirmava que o homem seria um ser com poderes e capacidades inibidas. Adoecemos, não só por termos aspectos patológicos, mas, muitas vezes, por bloquearmos elementos saudáveis.

4ª FORÇA: Psicologia Transpessoal - a partir das idéias exaradas na psicologia humanista surgiu a 4ª força. Maslow acreditava que vivenciar o aspecto transcendente era importante e crucial em nossas vidas. Pensar de forma holística, transcendendo dualidades como certo, errado, bem ou mal, passado, presente e futuro é fundamental. Maslow declarava que sem o transcendente ficaríamos doentes, violentos e niilistas, vazios de esperança e apáticos. Na segunda edição do livro "Introdução a Psicologia do Ser" Maslow anuncia o aparecimento da quarta força em psicologia - para além dos interesses personalizados, mais elevada e centrada no cosmo. Em 1968, ele concluiu: "Considero a Psicologia Humanista, a Psicologia da Terceira Força, transitória, uma preparação para uma Quarta psicologia ainda "mais forte", transpessoal, transumana, centrada no cosmos e não em necessidades e nos interesses humanos, que vai além da condição humana, da identidade, da auto-realização, etc." Algo maior do que somos e que seja respeitado por nós, e ao qual nos entregamos num novo sentido não materialista. Vitor Frankl, Stanislav Grof, James Fadiman e Antony Sutich uniram-se a Maslow e oficializaram, em 1968, a Psicologia Transpessoal, enfocando o estudo da consciência e o reconhecimento dos significados das dimensões espirituais da psique. Esse evento foi anunciado por Antony Sutich, em seu artigo Transpersonal Psychology.

"A psicologia transpessoal surgiu nos anos sessenta em resposta ao fato de que os principais modelos precedentes, as três primeiras forças da psicologia ocidental, fossem limitados em seu reconhecimento dos níveis superiores de desenvolvimento psicológico. Crescente número de profissionais de saúde mental sentia que tanto o comportamentalismo como a psicanálise tinham como limitação o serem derivados em larga medida de estudos psicopatológicos, a tentativa de generalizarem sistemas mais complexos a partir de sistemas simples, a adoção de uma abordagem reducionista da natureza humana e o fato de ignorarem determinadas áreas e dados relevantes para um estudo completo da natureza humana - tais como os valores, a

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vontade, a consciência e a busca de auto-realização e da autotranscendência. Sentia-se ainda que essa negligência era por vezes acompanhada de interpretações reducionistas e patologizantes inadequadas.

"Na realidade, a perspectiva psicanalítica impossibilitou de fato a consideração ou detecção de qualquer comportamento orientado para a saúde ou por ela motivado, a não ser quando representasse uma defesa ou, na melhor das hipóteses, um compromisso com forças destrutivas básicas. Logo, motivações e comportamentos voltados para a auto-realização e a autotranscendência, e até a possibilidade de se atingirem esses objetivos, não podiam ter reconhecida a sua validade, muito embora as psicologias não-ocidentais contivessem detalhadas descrições deles. As obras completas de Freud contêm mais de quatrocentas referências à neurose e nenhuma à saúde. Por essas razões, alegava-se que os modelos comportamentalista e psicanalítico, embora tivessem dado grandes contribuições, também produziram certas limitações para a psicologia e para os nossos conceitos de natureza humana.

"No início dos anos 60, surgiu a psicologia humanista para atender a essas preocupações. Ela tomou como seu principal foco as áreas do especificamente humano, em particular os aspectos associados antes com a saúde do que com a patologia. Por exemplo, os psicólogos humanistas iniciaram estudos sobre a auto-realização e acerca de indivíduos que pareciam ter amadurecido mais nessas dimensões. Sua atenção à pessoa inteira tentava evitar concepções comportamentalistas que reduzissem a experiência humana a termos mecânicos, desprezando a essência da humanidade e da experiência. Os modelos humanistas reconheceram o impulso de auto-realização, tendo explorado maneiras pelas quais isso pudesse ser promovido em indivíduos, em grupos e em organizações. Daí surgiu o chamado movimento do potencial humano, com o seu interesse em realizar os potenciais recém-descobertos de desenvolvimento e de bem-estar. Muitas idéias humanistas foram incorporadas à parcela em evolução de uma significativa contracultura, alcançando uma ponderável aceitação popular.

"À medida que se tornaram disponíveis dados acerca dos limites mais amplos do bem-estar, foi se tornando ainda mais evidente a ausência de diretrizes relevantes na psicologia ocidental tradicional. Na verdade, o próprio modelo humanista começou a mostrar falhas e até o conceito de auto-realização mostrou-se incapaz de abarcar os limites mais amplos, recém-reconhecidos da experiência.

"Desse modo o modelo humanista também revelou suas limitações em termos do abranger o âmbito em contínua expansão da experiência e do potencial humano reconhecido. Deve-se observar que essa admissão de limitações nos modelos representa uma fase necessária e desejável da sua evolução, fase que envolve o contínuo reconhecimento dos limites e vícios dos modelos atuais e a sua substituição por modelos mais abrangentes. O modelo de ontem torna-se um componente do de hoje; o que era contexto passa a conteúdo e o que era todo o conjunto vem a ser um elemento ou subconjunto do conjunto mais amplo. Além disso, o novo modelo não abarca tudo, podendo-se esperar que seja um quadro mais preciso e amplo da realidade que tenta descrever. Por

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infelicidade, com o tempo costumamos acreditar em nossos próprios modelos em vez de nos lembrarmos de que eles não passam de mapas aproximados; apegamo-nos aos nossos modelos e resistimos à sua substituição, retardando assim o processo evolutivo.

O modelo transpessoal incorpora áreas que vão além das concepções comuns do comportamentalismo, da psicanálise e da psicologia humanista. Mas, não é toda "a verdade", e sim um quadro mais amplo do que os anteriores, devendo evoluir como todos os modelos anteriores.

Conceitos e Fundamentos

Podemos conceituar PSICOLOGIA TRANSPESSOAL como "o estudo e aplicação dos diferentes níveis de consciência em direção à unidade fundamental do ser. A visão de mundo, na transpessoal, é a de um todo integrado, em harmonia, onde tudo é energia, formando uma rede de inter-relações de todos os sistemas existentes no universo.

A Psicologia Transpessoal é uma ciência holística que estuda o ser humano em sua totalidade, abrangendo outros enfoques científicos, tais como: Medicina, Antropologia, Sociologia, Física, Química, Biologia e Metafísica. Tem como objeto de estudo os estados de consciência que transcendem a pessoa e o conceito de ego.

"A Psicologia Transpessoal estuda especialmente os estados de consciência e se interessa especialmente pelo estudo do estado de consciência transpessoal. É a Escola de Psicologia que pesquisa num nível científico a espiritualidade. Entretanto, é importante frisar que a Psicologia Transpessoal não é religião, nem parapsicologia, apesar de se interessar e investigar, quando necessário estes aspectos e contextos da mente humana.

"O termo transpessoal foi adotado depois de uma considerável deliberação para abranger os relatos de pessoas praticantes de várias disciplinas da consciência que falavam de experiências de uma extensão da identidade para além da individualidade e da personalidade. Desse modo, não se pode considerar a psicologia transpessoal um modelo de personalidade em termos estritos, porque a personalidade é tida como apenas um dos aspectos da nossa natureza psicológica; a psicologia transpessoal é, antes, um instrumento de pesquisa da natureza essencial do ser".

"A psicologia transpessoal está voltada para a expansão do campo de pesquisa psicológica a fim de incluir o estudo da saúde e do bem-estar psicológico ótimos. Ela reconhece o potencial da vivência de uma ampla gama de estados de consciência, em alguns dos quais a identidade pode estender-se para além dos limites usuais do ego e da personalidade.

A Psicologia Transpessoal como vimos é uma ciência holística que busca transcender os aspectos pessoais do ser, elevando-o a uma condição totalmente espiritual. Está baseada na física moderna subatômica, cujo modelo quantum-relativístico busca apresentar um ponto de vista integrado da teoria de

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quantum e relatividade, onde o Universo todo (matéria/energia) é uma entidade dinâmica em constante mudança num todo indivisível.

Fritjof Capra em seu livro o "Tao da Física" nos diz que: "Na física moderna, o universo é então experimentado como um todo dinâmico e inseparável que sempre inclui o observado de uma maneira essencial. Nessa experiência, os conceitos tradicionais de espaço e tempo, de objetos isolados e causa e efeito, perdem o seu sentido".

Existem sistemas energéticos inacessíveis aos nossos cinco sentidos, mas registráveis por outros sentidos.

Tudo na natureza se transforma e a energia que a compõe é eterna.

A vida começa antes no nascimento e continua depois da morte física.

A vida mental e espiritual forma um sistema suscetível de se desligar do corpo físico.

A vida individual é inteiramente integrada e forma um todo com a vida cósmica.

A evolução obtida durante a existência individual continua depois da morte física.

A consciência é energia, que é vida, no sentido mais amplo: não apenas a vida biológica, física, mas também a da natureza, do Espírito, a vida-energia, infinita na suas mais diferentes expressões.

Fonte: As Fronteiras da Evolução e da Morte - Pierre Weil - 4ª Ed. Editora vozes - Petrópolis – 1990

O Ser Humano e a Psicologia Transpessoal

A psicologia transpessoal leva em consideração todo Ser Humano como um ser único, que jamais pode ser comparado com outro Ser Humano. Ela considera o indivíduo e os grupos a que ele pertence. Devido à sua atitude abrangente e à sua natureza transpessoal, ela não nos leva a pensar que estejamos em condição de superioridade ou acima das outras pessoas. Podemos respeitar nossos desejos e empregar nossos poderes, mas não à custa dos outros. A psicologia transpessoal não avalia com rigidez nem rotula as pessoas, e espera-se que nenhum de nós venha a agir dessa forma.

No mundo moderno, muitas pessoas sofrem de uma ou de ambas as principais crises atuais. Primeiramente, existe a "crise do sentido da vida". Em especial no Ocidente mas se proliferando por todo o planeta, muitos vivem num vazio existencial, a vida não apresenta um sentido (além do puramente material). A psicologia e a educação transpessoal contribuem para a cura dessa enfermidade. A segunda crise é a da dualidade - não nos percebemos como entidades completas e únicas, estamos constantemente divididos entre diversos desejos e vontades. Vivemos nos comparando com outras pessoas ou situações numa atitude dualista. A psicoterapia e a educação transpessoal atuam na cura desta crise ao nos direcionar à harmonia e ao equilíbrio essenciais.

A psicologia transpessoal reconhece o fato de que estamos em constante crescimento. Essa perspectiva auxilia-nos a restituir sentido e valor à vida, e

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ajuda-nos a determinar o que somos e o que desejamos. Também pode contribuir para a percepção de nossas responsabilidades pessoais e para com o mundo como um todo. Pode acrescentar um sentido de personalidade dinâmico ao momento presente e a sensação de sentido à nossa existência e ao nosso futuro.

A psicologia transpessoal pode nos auxiliar a nos autoconhecermos no sentido mais amplo dessa palavra. Na atual situação do mundo moderno existem muitas discórdias individuais e coletivas. A degradação ecológica do nosso planeta é conseqüência da ganância de algumas pessoas e da ignorância de outras. Parece sempre existir uma espantosa falta de consideração e compreensão e muita desigualdade, especialmente nas relações humanas. Qualquer coisa que promova o conhecimento mais profundo do que apresentamos como indivíduos e como parte integrante da vida coletiva, tem que ser proveitosa.

Um meio que possibilita o crescimento e um maior conhecimento de nossa própria natureza pessoal;

Maior capacidade de consecução da nossa vontade, desenvolvendo atitudes que favorecem nossa situação, tanto em termos interiores como exteriores;

Uma conexão com os domínios transpessoais do espírito; Uma relação mais lúcida entre os processos da vida

consciente e os domínios do inconsciente; Maior capacidade criativa; Um meio de consolidar as energias criativas e de manifestar

nos verdadeiro propósito de vida; O desenvolvimento de nossa vida interior; Melhores relações interpessoais.

Texto extraído do site: http://www.psicologiatranspessoal.com.br/history.htm

http://papaumbu.vilabol.uol.com.br/psique/psicotransp.htm 17/06/2011.