a prÁtica off label e os riscos associados À terapia ... e... · 1 a prÁtica off label e os...

21
1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza Pereira 1 Carina Rau 2 RESUMO O medicamento off label é aquele utilizado, sem a aprovação da ANVISA, para doenças que não as indicadas em bula. Este artigo teve como objetivo orientar a prática off label e alertar quanto aos riscos associados que esta ação, comum entre os profissionais de saúde, apresentando o uso off label sem orientação médica como prejudicial à saúde, tendo em vista os danos imprevisíveis àquele que é prescrito. Além de compreender a prática off label perante o Conselho Federal de Medicina (CFM), ANVISA e o Ministério da Saúde (MS); como são definidas as indicações na bula do medicamento e a ação da Farmacovigilância. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica contemplando pesquisas em bases de dados. Os resultados encontrados confirmaram a prática do uso de medicamentos off label na medicina pediátrica, por não haver indicação de posologia ajustada às fases de desenvolvimento da criança, contribuindo para o aumento de reações adversas nesse público alvo. Confirmou-se que há substâncias indicadas, como a heparina, de ação anticoagulante do sangue, usada em acidentes de queimadura que provou ser eficaz nesse evento. Por fim, o estudo mostrou que há dois tipos de uso de medicamento off label, sendo que o primeiro revela que substâncias não específicas para determinadas doenças podem ser benéficas e sugere-se que a ANVISA autorize o uso, e o segundo, onde práticas não indicadas podem trazer danos à saúde do paciente, devendo haver maior controle da Vigilância Sanitária. Palavras-chave: Medicamentos Off Label, uso indevido de medicamentos, Farmacovigilância. OFF LABEL PRACTICE AND ASSOCIATED RISKS WITH DRUG THERAPY WITHOUT MEDICAL ADVICE ABSTRACT The off label drug is that used without the approval of ANVISA for diseases other than those indicated on label. This article aims to guide off label practice and warn about the risks associated with this common action among health professionals, with the off-label use without medical supervision as harmful to health, given the unpredictable damage to that which is prescribed. In addition to understanding the practice off label before the Federal Council of Medicine (CFM), ANVISA and the Ministry of Health (MS), are defined as the directions in the package leaflet and action of Pharmacovigilance. The methodology used was the literature review covering research databases. The results confirmed the practice of off- 1 Aluno de Especialização em Vigilância Sanitária IFAR/PUC-GO, 2013. Graduação em Farmácia, pela Universidade Unieuro, em 2011. E-mail: [email protected]. 2 Orientadora: Farmacêutica Industrial pela Universidade Federal do Paraná-UFPR. Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFPR. E-mail: [email protected].

Upload: others

Post on 08-Jul-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

1

A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA

MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA

Marcos de Souza Pereira1

Carina Rau2

RESUMO

O medicamento off label é aquele utilizado, sem a aprovação da ANVISA, para doenças que

não as indicadas em bula. Este artigo teve como objetivo orientar a prática off label e alertar

quanto aos riscos associados que esta ação, comum entre os profissionais de saúde,

apresentando o uso off label sem orientação médica como prejudicial à saúde, tendo em vista

os danos imprevisíveis àquele que é prescrito. Além de compreender a prática off label

perante o Conselho Federal de Medicina (CFM), ANVISA e o Ministério da Saúde (MS);

como são definidas as indicações na bula do medicamento e a ação da Farmacovigilância. A

metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica contemplando pesquisas em bases de dados.

Os resultados encontrados confirmaram a prática do uso de medicamentos off label na

medicina pediátrica, por não haver indicação de posologia ajustada às fases de

desenvolvimento da criança, contribuindo para o aumento de reações adversas nesse público

alvo. Confirmou-se que há substâncias indicadas, como a heparina, de ação anticoagulante do

sangue, usada em acidentes de queimadura que provou ser eficaz nesse evento. Por fim, o

estudo mostrou que há dois tipos de uso de medicamento off label, sendo que o primeiro

revela que substâncias não específicas para determinadas doenças podem ser benéficas e

sugere-se que a ANVISA autorize o uso, e o segundo, onde práticas não indicadas podem

trazer danos à saúde do paciente, devendo haver maior controle da Vigilância Sanitária.

Palavras-chave: Medicamentos Off Label, uso indevido de medicamentos,

Farmacovigilância.

OFF LABEL PRACTICE AND ASSOCIATED RISKS WITH DRUG

THERAPY WITHOUT MEDICAL ADVICE

ABSTRACT

The off label drug is that used without the approval of ANVISA for diseases other than those

indicated on label. This article aims to guide off label practice and warn about the risks

associated with this common action among health professionals, with the off-label use

without medical supervision as harmful to health, given the unpredictable damage to that

which is prescribed. In addition to understanding the practice off label before the Federal

Council of Medicine (CFM), ANVISA and the Ministry of Health (MS), are defined as the

directions in the package leaflet and action of Pharmacovigilance. The methodology used was

the literature review covering research databases. The results confirmed the practice of off-

1 Aluno de Especialização em Vigilância Sanitária IFAR/PUC-GO, 2013. Graduação em Farmácia, pela

Universidade Unieuro, em 2011. E-mail: [email protected]. 2 Orientadora: Farmacêutica Industrial pela Universidade Federal do Paraná-UFPR. Mestre em Ciências

Farmacêuticas pela UFPR. E-mail: [email protected].

Page 2: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

2

label drug use in pediatric medicine, as there is no indication dosage adjusted to the stages of

child development, contributing to the increase in adverse reactions that target audience. It

was confirmed that no substances indicated as heparin anticoagulant for blood, used in burn

injury that has proven effective in this event. Finally, the study showed that there are two

types of off-label use of medication, the first of which shows that non-specific substances may

be beneficial certain diseases and it is suggested that ANVISA authorizes the use and the

second, where the practices not listed may bring harm to the health of the patient, should be

more control of the Sanitary.

Keywords: Off Label Drugs. Misuse of drugs. Pharmacovigilance.

1 INTRODUÇÃO

Cada medicamento registrado no Brasil possui aprovação da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão regulador vinculado ao Ministério da Saúde. Dentre

suas atribuições indelegáveis estão o registro de medicamentos, visando o bem-estar físico,

mental e social da sociedade brasileira, promovendo seu bem estar e saúde. Para que sejam

aprovadas as suas indicações, são necessárias que sejam comprovadas a qualidade, eficácia e

segurança desse medicamento baseando-se em avaliações de estudos clínicos que

comprovem, mais especificamente, os dois últimos requisitos citados acima (ANVISA, 2005).

Contudo, existe uma prática paralela ao uso desse medicamento. A Organização

Mundial da Saúde (OMS) conceitua medicamentos off label como todas as indicações usuais

que não foram descriminadas em bula ou que ainda não possuam sua indicação aprovada pela

agência reguladora para o fim no qual foi destinado. Nos EUA, o uso off label é uma prática

legal. Porém, o FDA (Food and Drugs Administration) regulamenta a comercialização de

medicamentos que ainda não possuam estudos aprovados para as indicações prescritas por

profissionais de saúde (DAL PAN, 2009).

Segundo a ANVISA, a prática off label é todo medicamento administrado sob

orientação médica fora da indicação prevista em bula, seja a administração de medicamentos

por vias diferentes da recomendada ou doses elaboradas por especialidade e práticas não

usuais de posologias (ANVISA, 2005). Para o Ministério da Saúde (2012), o uso off label

apenas se justifica quando as indicações estiverem apresentadas em estudos científicos com

perfis comparativos, apresentando custo-benefício além de eficácia, efetividade e segurança

na sua indicação.

Page 3: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

3

A prática off label pode elevar os riscos de danos à saúde, portanto, não tem aprovação

da agência reguladora brasileira. Embora a prática não seja incorreta, são necessários anos de

estudos e ensaios clínicos para então se concluir uma nova indicação de um medicamento. É

comum que possam existir novas indicações para os medicamentos existentes no mercado,

mas para sua aprovação, será obrigatória a sua comprovação científica por meio dos

resultados apresentados à ANVISA que, por sua vez, terá o poder de decisão no deferimento

ou no indeferimento dessa petição (ANVISA, 2005).

Portanto, este trabalho visa orientar a prática de indicações off label, além de alertar

sobre os riscos à sociedade quanto ao seu uso sem orientação médica. A prática off label tem

sido utilizada com muita frequência por médicos, principalmente da área pediátrica. Embora o

seu uso, mesmo que consciente, pelo profissional de saúde não seja totalmente aprovado, é

uma prática comum entre eles. A indicação que difere das posologias e vias de administração

de medicamentos que ainda não estão descriminados em bulas, não possuem estudos

científicos comprovados e aprovados pelo órgão regulatório responsável pelos registros dos

produtos da indústria farmacêutica.

Este estudo propõe orientar as pessoas que desconhecem a prática off label e alertar

quanto aos riscos associados a esta prática comum entre os profissionais de saúde,

apresentando o uso off label sem orientação médica como prejudicial à saúde, tendo em vista

os danos imprevisíveis àquele que é prescrito.

Já especificamente, o objetivo deste trabalho é compreender a prática off label perante

o Conselho Federal de Medicina (CFM), ANVISA e o Ministério da Saúde (MS); como são

definidas as indicações na bula do medicamento; Farmacovigilância; e o uso da prática off

label pela medicina e os riscos associados.

2 METODOLOGIA

É um estudo qualitativo, descritivo, documental e de caráter retrospectivo, por meio de

pesquisa bibliográfica, coleta de dados em base de dados da Biblioteca Virtual de saúde

(BVS), como Bireme (Biblioteca Regional de Medicina), Lilacs (Literatura Latino-Americana

e do Caribe em Ciência da Saúde), Scielo Brasil (Scientific Electronic Library Online).

Utilizaram-se os seguintes descritores constantes no DeCS (Descritores em Ciências da

Saúde): Off label; Medicamentos Off Label; Medicamentos reações adversas, que se

relacionavam à Farmacovigilância, Farmacoterapia, uso indevido de medicamento. Nos dois

Page 4: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

4

primeiros descritores, houve incidência de artigos publicados na língua inglesa, nenhum

achado em português.

Para o termo Off Label, realizou-se a pesquisa em ambiente livre da internet em

periódicos não categorizados na BVS. A pesquisa às bases de dados ocorreu entre os meses de

junho e julho de 2013.

Segundo Ferrão (2005), “a pesquisa bibliográfica é baseada na consulta de todas as

fontes secundárias relativas ao tema que foi escolhido para a realização do trabalho”. Esse

tipo de pesquisa, de acordo com o autor, busca explicar um problema, fundamentando-se

apenas nas contribuições secundárias, como materiais de apoio de diversos autores para

fundamentar o referencial teórico permitindo-se a análise, interpretação, confronto de

informações e elaboração de novas conclusões, a fim de buscarem-se mais contribuições

acerca do tema.

3 RESULTADOS

3.1 Leis e Diretrizes

A incorporação de medicamentos para tratamento de doenças em um determinado país

se dá por meio da existência de órgãos competentes para poder exercer a vigilância e o

controle desses a sua população. E para a introdução de novos medicamentos, existem as

comissões, criando-se uma rede multidisciplinar, como, no caso do Brasil.

3.1.1 Órgãos competentes

No país, em âmbito federal, existe o Sistema Único de Saúde (SUS), vinculado ao

Ministério da Saúde (MS), que compreende a Comissão Nacional de Incorporação de

Tecnologias no SUS (CONITEC), cuja atribuição é a de incluir, alterar ou excluir novos

medicamentos, produtos e procedimentos na saúde pública, além de promover a constituição

ou alteração de protocolos clínicos ou diretrizes terapêuticas. O Decreto nº 7.646, de 21 de

dezembro de 2011, dispõe sobre a composição, competências e funcionamento da CONITEC

(BRASIL, 2011).

Compõe também a rede multidisciplinar, instituída pela Portaria nº 2.915, de 12 de

dezembro de 2011, a Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS), a

Page 5: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

5

qual deve adotar os princípios da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em

Saúde (PNCTIS), além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que é o

órgão regulador de todo medicamento disponível no país para tratamento de doenças (SÃO

PAULO, 2013). Já em nível intersetorial, existem as Comissões de Farmácia e Terapêutica,

no âmbito hospitalar e que atendem aos Estados e Municípios (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2012).

3.1.2 Condutas profissionais e orientações dos conselhos na prática off label

Além de todo esse arcabouço legal, existe ainda a regulamentação por parte dos

Conselhos Federais de Medicina, Enfermagem e Farmácia, cujas atribuições dizem respeito às

condutas profissionais e éticas de cada classe dos prestadores de serviços de saúde quando da

prática e uso de medicamentos off label (SÃO PAULO, 2013).

O Código de Ética do Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Resolução

CFM nº 1.931/09, capítulo XII, autoriza a prática off label desde que os médicos observem o

que determinam o parágrafo abaixo:

Parágrafo único. A utilização de terapêutica experimental é permitida quando aceita

pelos órgãos competentes e com o consentimento do paciente ou de seu

representante legal, adequadamente esclarecidos da situação e das possíveis

consequências (CFM, 2009).

Quanto aos profissionais de enfermagem, esses estão regulamentados pela Lei nº

7.498/86, a qual trata sobre as competências do enfermeiro em exercer consulta de

enfermagem e prescrição de assistência de enfermagem (art.11) livre de riscos devidos à

imprudência, negligência e imperícia, além da conduta ética contida na Resolução COFEN nº

311/2007, a qual especifica, no art. 10, a recusa de execução de atividades que não ofereçam

segurança ao profissional, à família e à coletividade em práticas proibidas em “administrar

medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade de riscos”

(art. 30) e de “executar prescrição de qualquer natureza que comprometam a segurança da

pessoa” (art. 32) (COFEN, 2007).

Quanto ao profissional farmacêutico, também encontra-se a regulamentação da prática

profissional na Resolução 417/04, do Conselho Federal de Farmácia (CFF) ao qual diz que “o

farmacêutico deverá adotar postura científica perante as práticas terapêuticas alternativas, de

Page 6: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

6

modo que o usuário fique bem informado e possa melhor decidir sobre a sua saúde e bem-

estar” e quanto às proibições é vedado:

Art.13

III. praticar procedimento que não seja reconhecido pelo Conselho Federal de

Farmácia;

IV. praticar ato profissional que cause dano físico, moral ou psicológico ao usuário

do serviço, que possa ser caracterizado como imperícia, negligência ou imprudência;

[...]

VIII. produzir, fornecer, dispensar, ou permitir que seja dispensado meio,

instrumento, substância e/ou conhecimento, medicamento ou fórmula magistral, ou

especialidade farmacêutica, fracionada ou não, que não contenha sua identificação

clara e precisa sobre a(s) substância(s) ativa(s) contida(s), bem como suas

respectivas quantidades, contrariando as normas legais e técnicas, excetuando-se a

dispensação hospitalar interna, em que poderá haver a codificação do medicamento

que for fracionado, sem, contudo, omitir o seu nome ou fórmula;

[...]

XV. expor, dispensar, ou permitir que seja dispensado medicamento em

contrariedade à legislação vigente (CFF, 2004).

Encontra-se na Resolução RDC nº 47, de 08 de setembro de 2009, a determinação do

documento oficial que permite a utilização e características dos fármacos: “a bula é o

documento legal sanitário que contém informações técnico-científicas orientadoras sobre os

medicamentos para o seu uso racional” (BRASIL, 2009).

Portanto, havendo dissonâncias quanto à finalidade sobre o uso de um medicamento

divergentes das que constam na bula desse registrado junto à ANVISA é considerado off

label, não tendo o aval do órgão sanitário. Nesse caso, é de inteira responsabilidade do

médico assistente que utilizou ou prescreveu o medicamento, devendo esse estar em comum

acordo com o paciente, ou seu representante para utilizá-lo de forma experimental.

3.2 O Medicamento Off Label e suas Características

Todas as comissões analisam e dão seus pareceres, favoráveis ou não, em

conformidade com os critérios adotados pela ANVISA e do registro feito por essa como

requisito para a incorporação de determinado medicamento como nova tecnologia. Contudo,

muitas vezes, existem situações em que o medicamento apresenta evidências fortes e robustas,

com efeitos colaterais mínimos e custo vantajoso, porém não possui a aprovação da ANVISA.

Quando a indicação para determinado tratamento não consta em sua bula, esse medicamento é

chamado de off label. Este fato pode ocorrer pelo fato de o medicamento ser indicado e

utilizado em outra faixa etária que a não indicada, além de outra via de administração, dose e

frequência, ou devido ainda às contraindicações (RODRIGUES; PINHO, 2013).

Page 7: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

7

Dessa forma, há a necessidade de se incorporarem estudos e pesquisas que evidenciem

a eficácia e segurança para o uso desse medicamento em determinadas doenças, sendo que o

seu uso já é padronizado e regulamentado em outras indicações, além de se buscarem

alternativas viáveis ou considerar a gravidade da doença (PAULA et al., 2011).

Outro problema que se apresenta é quando não existe determinado medicamento

autorizado no país, devendo importá-lo, pois corre-se o risco de deixar de serem tratadas

doenças tais como a Doença de Wilson, cujo tratamento não está disponível no Brasil

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

Há também outra dificuldade para que tal situação aconteça ao não se incorporarem

determinados medicamentos por questões econômicas, haja vista que a solicitação da

autorização de registro se dá pelo interesse da empresa fabricante, tendo de comprovar

estudos randomizados e apresentar o custo-benefício, pode levar ao desinteresse comercial do

mercado ou acordarem entre empresas já incorporadas a tecnologia, reduzindo-se assim a

concorrência (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

Por isso, existe um entendimento pejorativo em relação ao termo off label, pois esse

deveria ser utilizado somente ao uso irrestrito e inseguro, sem evidências, de determinados

medicamentos. Enquanto que a prática de incorporar ou prescrever determinado medicamento

já cientificamente comprovado, que não tem registro ou por razões de mercado, deveria ser

aceita, segundo o Ministério da Saúde (2012).

3.2.1 Acontecimentos adversos por medicamentos

A associação de medicamentos off label estão sempre relacionadas ao tema sobre

reações adversas. Rodrigues e Pinho (2013) alertam sobre os acontecimentos adversos por

medicamento (AAM) serem um problema de saúde pública pelos vários problemas advindos

com o seu uso ou a falta desse. Classificam os acontecimentos como não preveníveis, como as

reações adversas a medicamentos (RAMs) e os preveníveis, causados por erro de medicação

ocorrido na cadeia terapêutica medicamentosa.

Outro fator importante a ser revelado trata-se de determinados fatores de riscos

encontrados na utilização de medicamento off label quanto à faixa etária. Segundo Noblat et

al. (2011), na maioria dos casos de RAMs há o uso de prescrições que atingem crianças e

adolescentes, além de idosos, devido às “[...] alterações fisiológicas que determinam

mudanças farmacocinéticas e farmacodinâmicas nesses grupos etários”.

Page 8: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

8

Rodrigues e Pinho (2013) realizaram um estudo em um hospital de ensino,

constatando-se o uso indevido de medicamentos não aprovados ou não autorizados para uso

pediátrico, cuja utilização pode levar a AAM evitáveis, como as interações medicamentosas,

pois os pacientes hospitalizados geralmente são submetidos à polifarmacoterapia e esse fator pode

predispor à ocorrência de interação medicamentosa indesejável.

As autoras revelam que isso acontece quando há “[...] diferentes métodos de

administração, posologia, preparação, armazenamento, agentes de diluição e tempo de

estabilidade de algumas preparações”, principalmente quando há a administração intravenosa

(IV) para crianças utilizando-se fármacos destinados a adultos (RODRIGUES; PINHO, 2013).

Noblat et al. (2011) realizaram em quatro hospitais de Salvador/BA uma pesquisa sobre

internação de pacientes diagnosticados com RAMs sendo admitidos 212 pacientes, ocorrência de

316 tipos de reações e internação média de aproximadamente oito dias. A maioria dos tipos de

RAMs foi do tipo A, “[...] reações dose-dependentes de alta morbidade e baixa mortalidade,

portanto previsíveis, mas nem sempre evitáveis”, sendo uma das possíveis explicações para a

recuperação dos pacientes sendo que desses, um veio a óbito por acidente vascular cerebral

(AVC) quando do uso de warfarina (NOBLAT et al., 2011, p.43).

3.2.2 Vantagens e desvantagens da medicação off label

Paula et al. (2011) esclarecem que a medicação off label em pacientes infanto-juvenil tem

consequências, pois o médico prescreve uma medicação adulta para um paciente pediátrico,

baseando-se apenas na condição de peso, o que pode ser considerado pouco seguro quando não se

tem o suporte e informação concreta para a indicação. Isso leva à insegurança e dilema por parte

dos prescritores, haja vista que sem informações sobre a segurança e eficácia pode haver

complicações devido às RAMs, porém, deixar o paciente sem terapêutica também pode ser

prejudicial, sendo essa imprescindível em alguns casos.

Paula et al. (2011) explicam as vantagens e desvantagens do uso off label:

A liberdade de prescrição médica, bem como a opção pelo uso off label, pode

conduzir a vantagens importantes, como permitir inovação na prática clínica

(particularmente quando o tratamento aprovado não foi eficaz), fornecer aos

pacientes e médicos acesso precoce a medicamentos potencialmente valiosos e

permitir aos médicos a adoção de novas práticas baseadas em evidências emergentes

e, em alguns casos, pode ser a única opção disponível para certas condições. Ao

mesmo tempo, essa liberdade possui algumas desvantagens, como a falta de

avaliação completa sobre segurança e eficácia para determinada condição clínica e

os altos custos, além de não incentivar a realização de estudos mais rigorosos pelo

fabricante e expor o paciente aos riscos de eventos adversos.

Page 9: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

9

Pelo entendimento visto nos autores, é válido tentar um acerto haja vista os benefícios que

podem trazer, contudo, deve haver cautela e atenção redobrada para que o mal não seja maior do

que o benefício, mas não se deve ficar passível sabendo-se que, muitas vezes, o erro pode levar ao

acerto e na ciência é por meio dos experimentos que se conseguem realizar grandes feitos.

3.3 Fatores Externos que Levam ao Uso de Medicamentos Off Label

Paula et al. (2011) realizaram um estudo na Secretaria de Saúde do Estado do Paraná,

em pedidos advindos da justiça para o fornecimento de medicamentos por ordem judicial no

ano de 2008, sendo encontradas 934 solicitações. Foram analisados os pedidos em que havia

indicação prescrita diferente na faixa etária correspondente na população pediátrica, com

idade entre 0 e 18 anos, consultando-se as bases Drugex System (recomendações aprovadas

pela FDA) e a ANVISA (consulta a bulas de medicamentos registrados no Brasil).

Os autores copilaram os dados com base nessas fontes de pesquisa a fim de

identificarem se esses órgãos mantinham padronização das aprovações, e consideraram off

label as indicações divergentes das recomendadas. Foram encontrados nessas solicitações, o

percentual de 22,53% de uso off label considerado pela FDA e 26,79% considerados pela

ANVISA, havendo maior intercorrência na faixa etária de 0 a 5 anos, sendo um dado

preocupante e que também confirma a maior apreensão por saber que essa faixa é mais

vulnerável.

Como justificativa, os autores acreditam que, na maioria das vezes, este uso off label é

devido a muitos prescritores desconsiderarem as recomendações e advertências em bulas

sobre o uso indevido em crianças; além de existirem casos graves com risco de morte de

pacientes que se encontram hospitalizados sem resposta à terapia convencional ou sem opções

terapêuticas.

3.4 Usos de medicamentos Off Label

3.4.1 Toxina botulínica

Como exemplo, trata-se da análise e parecer da CONITEC sobre o uso da toxina

botulínica (TXB) em pacientes com síndrome da bexiga hiperativa. O uso da toxina botulínica

é autorizado pela ANVISA para tratamento das seguintes doenças: estrabismo e

blefarospasmo associado com distonia, incluindo blefarospasmo essencial benigno ou

distúrbios do VII par craniano em pacientes com idade acima de 12 anos; distonia cervical;

Page 10: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

10

espasmo hemifacial; espasticidade muscular; linhas faciais hipercinéticas; hiperidrose focal

palmar e axilar; incontinência urinária causada por hiperatividade neurogênica do músculo

detrusor da bexiga, não tratada adequadamente por anticolinérgicos; profilaxia em adultos de

migrânea crônica - enxaquecas crônicas e refratárias (CONITEC, 2012).

No parecer da CONITEC, o uso não foi aprovado porque a empresa fabricante do

medicamento apresentou quantitativo de estudos insuficientes para confirmação da eficácia no

tratamento da doença. As doses recomendadas na bula do medicamento de 200U de TXB

também não foram evidenciadas nos estudos, havendo divergências entre os estudos

apresentados pela empresa e da pesquisa realizada pela CONITEC, pois os resultados foram

melhores em dosagens mais baixas (100 a 150U), e nas doses de 300U, as reações causadas

foram mais relatadas, como infecção do trato urinário e dor no local da injeção, retenção

urinária, fraqueza muscular, dor pélvica e disúria. A não recomendação se deu por causa da

correlação das duas análises, onde não fica evidenciada a relação custo/benefício para o

paciente.

Nos estudos realizados houve a conclusão da eficácia da TXB em relação ao placebo,

e pacientes que receberam doses repetidas não se tornaram refratários ao medicamento,

havendo evidência de que seria efetivo o tratamento a pacientes não respondedores ou

intolerantes a tratamentos usuais, como anticolinérgicos, porém estes não estão disponíveis no

SUS. Para a aprovação da TXB em pacientes com bexiga hiperativa, há a recomendação da

comissão para que o MS investigue todas as tecnologias, inclusive a toxina botulínica.

3.4.2 Uso off label em pediatria

Paula et al. (2011), já citados acima, também relataram o uso de medicamentos não

aprovados em pediatria (23,33%). Trata-se da sildenafila que é indicada no tratamento da

disfunção erétil e hipertensão arterial pulmonar (HAP) em pacientes adultos, mas que são

utilizados em pacientes pediátricos com HAP por sua gravidade e possibilidade de

mortalidade elevada.

Tonello et al. (2013) realizaram uma pesquisa em uma unidade pediátrica hospitalar

entre 2006 e 2007, no RS, investigando 382 prontuários de crianças, com média de uso de até

quatro medicamentos por pacientes, observando-se a faixa etária entre 0 e 11 anos.

O cálculo para diluição dos medicamentos foi feito com base em prescrições acima e

abaixo das recomendadas pelas bulas e pelo cálculo do peso da criança, à exceção da

penicilina potássica que se calcula pela idade da criança, e 117 prontuários não registraram o

Page 11: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

11

peso da criança. As autoras analisaram as condições de diluição e as características físico-

químicas do fármaco, comparando-as ao que recomenda-se em manuais, observando o

volume, tipo, reconstituição e/ou diluição e estabilidade da preparação e concluíram que “[...]

o procedimento de diluição é realizado com volume fixo e um único tipo de diluente para

todos os fármacos, sendo que o volume dos pós não é considerado no ajuste do volume final

de reconstituição.” (TONELLO et al., 2013).

Nesse estudo, os achados foram contundentes e houve a preocupação dos autores em

divulgar os resultados para a direção sugerindo mudanças para a prevenção e o controle da

prescrição e diluição, haja vista cada medicamento ter características próprias e não

padronizações quando há indicação de uso profilático na clínica pediátrica. Houve a sugestão

de maior atuação do farmacêutico e treinamento para a equipe de saúde.

Entre 2005 e 2006, Rodrigues e Pinho (2013), já citadas anteriormente, realizaram

uma pesquisa em uma unidade pediátrica de um hospital de ensino, no DF, com 110

prescrições a pacientes pediátricos entre um e 12 anos de idade. As autoras também analisaram

as indicações dos medicamentos e houve maior prevalência para os do sistema nervoso

(analgésicos, antipiréticos e antipiléticos); dos anti-infecciosos para uso sistêmico; do aparelho

digestivo e metabolismo; sistema musculoesquelético; sistema cardiovascular e preparados

hormonais sistêmicos e hormônios sexuais. Foram encontrados nos estudos das 110 prescrições, o

uso de medicamentos não aprovados no total de 101 (91,8%), com maior incidência de

dipirona em 58 pacientes e ranitidina em 16, e não padronizados ou off label no total de 57

(51,8%) prescrições com maior incidência de paracetamol em 54 pacientes e nistatina em 3

desses.

Ao finalizarem o estudo, as autoras destacam o grande problema havido quando da

medicação na clínica pediátrica sobre “o sério dilema da padronização de medicamentos em

pediatria é reconhecido desde 1968 referindo-se como “órfão da terapêutica medicamentosa”

devido à utilização de medicamentos cuja informação procede de estudos realizados em adultos.”

(RODRIGUES; PINHO, 2013, p.1625).

Fato esse, segundo as autoras, que levou à indicação de maior aprofundamento por parte

dos experimentos pelas agências financiadoras e dos laboratórios para que se alcancem a

prescrição correta a partir da análise do perfil do paciente, além do envolvimento do farmacêutico

com a equipe de saúde, destacando-se a necessidade de haver, nas unidades de tratamento, o

programa de farmacovigilância e, quando houver AAM, que seja notificada aos órgãos

competentes, para que sirva como fonte de investigação a fim de buscar soluções eficazes

prevenindo riscos ou danos não intencionais.

Page 12: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

12

3.4.3 Uso off label em adultos com anuência médica

Barreto et al. (2010) apresentaram um estudo randomizado em 58 pacientes vítimas de

queimaduras e houve o tratamento convencional e o com heparina tópica. Os autores

revelaram que a prática desse tratamento é bem antiga, porém não é oficializada e pouco

divulgada, haja vista que a heparina tem efeitos e indicações para ações anticoagulantes.

Segundo os autores, provavelmente sua ação sobre queimaduras se dá por propriedades anti-

inflamatórias e angiogênicas além de sua ação liquidificante do sangue. Em estudo com

animais provou-se a sua eficácia no tratamento.

Sendo assim, conduziram esse estudo em três centros especializados, no Brasil, em

pacientes vítimas de “[...] queimaduras de 2º grau em 10% a 30% da superfície corpórea

causadas por fogo ou escaldo e atendidos até 48 horas após o acidente”. A análise foi feita em

um grupo de 38 pacientes que atenderam os requesitos e procedimentos especificados.

Estabeleceu-se que em um grupo de cada 4 pacientes, 2 receberiam tratamento convencional

(C) (receberam balneoterapia e curativos com sulfadiazina de prata trocados sob analgesia

com periodicidade definida por cada centro conforme autorizado pelo protocolo) e 2

receberiam tratamento com heparina tópica (HT) (ferimentos deixados abertos e

administração de 4.200 UI de heparina em spray para cada 1% de superfície corpórea afetada

três vezes ao dia, até a formação das crostas).

Os resultados apontados por Barreto et al. (2010) comprovaram a eficácia de

superioridade analgésica e cicatrização com o tratamento da heparina nos pacientes tratados e,

como benefícios, redução no custo no tratamento, além dos benefícios à saúde do paciente.

Evocam ainda, que se façam mais estudos para vir a ser aprovada definitivamente no

tratamento estudado, melhorando a qualidade de vida e oficializando a prática.

Outro estudo interessante foi visto em Carlini et al. (2009) sobre o uso de fármacos

como a fluoxetina associada a processos de emagrecimento, evidenciando-se a prática off

label perigosa para a saúde. Nesse estudo, os autores apontam que a fluoxetina é eficaz para o

tratamento dos sintomas da depressão humana e pode ocasionar diversas reações no

organismo. Essa droga tem associação com 62 reações adversas constantes em sua bula, e

muitas são graves, inclusive, em estudos comprovados, podendo levar ao suicídio.

Os autores ainda enumeram onde a droga pode agir causando algumas reações em

sistemas do organismo, destacando-se o cardiovascular; respiratório; digestório;

hematológico; endócrino/metabólico; neurológico; hepático; renal/urogenital e distúrbios

Page 13: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

13

psiquiátricos. Como observado, essa substância é muito perigosa, ainda mais quando estudos

demonstram que sua associação com outras 94 substâncias, dentre elas, alprazolam,

amoxapina, acido acetilsalicílico, carbamazepina, desipramina, diazepam, diclofenaco,

dipirona, Ginkgo biloba, fenitoína, sibutramina, zolpidem podem causar danos ao organismo

e destacam que uma das reações adversas é a perda de peso, por isso, essa droga tem sido

usada no tratamento da obesidade indiscriminadamente.

Para a confirmação do uso indevido, Carlini et al. (2009) realizaram uma pesquisa de

campo entre os meses de agosto de 2005 a julho de 2006, numa cidade do interior de São

Paulo, com 73 farmácias (magistrais ou de manipulação em fórmulas criadas pelo médico)

das quais, 28 manipulavam substâncias controladas, e 135 drogarias (medicamentos

acabados) das quais, 53 dispensam medicamentos controlados, por meio das receitas aviadas

considerando as características de prescrição e dispensação da fluoxetina.

O estudo pesquisou estabelecimentos nas diversas regiões da cidade e, das 28

farmácias autorizadas, foram analisadas 13 (46%), com um total de 16.124 receitas especiais

e, das 53 drogarias, foram analisadas 27 (51%), com um total de 23.658 receitas, também

especiais, perfazendo o total de 39.782 documentos identificados.

A análise compreendeu a presença da fluoxetina, associação a outros princípios ativos

e o sexo do adquirente, extraindo-se os resultados das farmácias, e o uso da fluoxetina chegou

a 27,4%. Quanto ao perfil do paciente, Carlini et al. (2009) afirmaram que nas farmácias,

87,2% das receitas foram fornecidas por mulheres, já nas drogarias, o percentual encontrado

de prescrições por mulheres foram 79,8%, comprovando a alta incidência de uso dessa droga

para as mulheres, num total de 86% contra 14% em relação aos homens.

Quanto à associação da fluoxetina com outras substâncias, o estudo revelou que, nas

drogarias, essa não ocorreu, sendo consideradas prescrições monodrogas. Já nas farmácias,

encontrou-se entre 4 e 7 diferentes associações, inclusive, em uma prescrição encontrou-se o

absurdo de 22 substâncias e as mais psicoativas utilizadas foram benzodiazepínicos (em

62,5% das prescrições), anoréticos anfetamínicos (femproporex, amfepramona e mazindol em

45,8%), além de substâncias como extratos de plantas medicinais, hormônios, diuréticos,

laxantes, vitaminas, metais, sais minerais, entre outros.

Os autores concluíram, após estudos, que essas associações e o uso da fluoxetina estão

interligados com o objetivo de redução de peso, haja vista que para o tratamento da depressão,

essas drogas não terem efeito e nem indicação, e a proporção de mulheres com depressão não

justifica o número de prescrições. Não há, tanto na legislação brasileira, quanto pela FDA

autorização para essa interação medicamentosa denominada, por muitos, como fórmulas de

Page 14: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

14

emagrecimento, o que pressupõe-se que, por contas das reações adversas causadas já

analisadas como ideação suicida, bruxismo, elevação das enzimas hepáticas, hiperglicemia,

alucinação, metrorragia, sintomas extrapiramidais, amenorreia, tremores, além do consumo

ser maior para mulheres, que fórmulas disfarçadas podem causar mais efeitos indesejáveis e

perigosos à saúde.

Guimarães et al. (2006) realizaram um estudo randomizado em 35 pacientes

categorizados com obesidade mórbida

(associado a comorbidades como dislipidemia,

hipertensão, diabetes, osteoartrite e apneia do sono) não reagentes a outros tratamentos e que

participaram de um programa de reeducação alimentar por 6 meses, mas que não obtiveram

resultados satisfatórios. Estes pacientes tinham idade entre 18 e 51 anos, divididos em quatro

grupos, utilizando substâncias como a metformina, fluoxetina, sibutramina e placebo.

As três substâncias utilizadas foram a sibutramina, que é uma drogra

simpaticomimética, inibe a recaptação de serotonina e norepinefrina, é indicada no tratamento

da obesidade e para o grupo indicou-se a dose de 15mg/dia. A fluoxetina, indicada para

tratamento da depressão, atua especificamente por intermédio do bloqueio na recaptação da

serotonina, que acredita-se atuar na capacidade de reduzir a ingestão de alimentos por inibir a

ação do neuropeptídeo Y, por isso sua utilização em dietas de emagrecimento, e no grupo

específico foi administrado 60mg/dia.

A metformina, cuja indicação é para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2, age na

diminuição da produção de glicose pelo fígado e aumento da absorção periférica dessa,

elevando o número de receptores da insulina. Não se conhece o porquê da ação da metformina

na redução de peso, mas acredita-se que a redução da resistência à insulina promove algumas

mudanças no equilíbrio de energia que poderia reduzir a necessidade calórica diária do

indivíduo e, consequentemente, um menor consumo de alimentos. No grupo tratado com essa

substância administrou-se dose diária de 1700mg/dia. No quarto grupo, foi administrado

placebo com dose diária de 3 comprimidos.

Guimarães et al. (2006) monitoraram os pacientes em entrevistas durante 90 dias,

realizando avaliações antropométricas, metabólicas e dinâmicas, analisando proporções de

peso, altura, circunferência abdominal e pressão arterial. Os resultados encontrados sobre a

ação da fluoxetina comprovou maior redução no IMC (11%), peso (10%), circunferência

abdominal (11%) e tecido adiposo (13%). Houve elevação de HDL-colesterol (25,8%) e uma

redução nos níveis de triglicérides (28,3%). No caso da sibutramina, os resultados

apresentaram redução da circunferência abdominal (8%) e redução de 10% em tecido adiposo.

A metformina reduziu o IMC (4%), circunferência da cintura (7%), HOMA (23,5%) e pressão

Page 15: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

15

arterial. Quanto ao grupo que recebeu placebo os resultados mostraram um aumento

significativo nos níveis de insulina (95%).

Quanto aos efeitos colaterais do grupo da sibutramina, foram relatados secura da boca

(79%), constipação (42%), sudorese (46%), insônia (21%) e dor de cabeça (17%). No grupo

metformina, os principais efeitos colaterais relatados foram diarréia (46%), secura da boca

(38%), sudorese (29%), vertigem (29%), náusea (25%) e alterações no paladar (21%). No

grupo de fluoxetina, as reações adversas mais relatadas foram anorexia (93%), insônia (30%),

sonolência (30%), náusea (15%) e disfunção sexual (11%), enquanto que no grupo placebo, as

reações adversas mais comumente relatadas foram anorexia (13%), sede (7%) e diarréia (7%).

O resultado final, na análise dos autores, indicou que a fluoxetina foi mais eficaz na

redução do IMC no grupo que a recebeu, mudando a classificação do IMC de moderadamente

obeso para ligeiramente obeso, houve redução no grupo da sibutramina, mas não tão

significativa, e na média geral, o índice IMC foi de 29,8% kg/m2, passando os pacientes do

estado de obesos para pacientes com excesso de peso, promovendo uma melhora geral no

quadro. As reduções nos grupos metformina e placebo foram poucas, não alterando o IMC.

Nos grupos que receberam fluoxetina e sibutramina não houve redução significativa

no peso corporal (entre 5 a 15%), mas que devem ser considerados como benefício para o

controle de desenvolvimento de outras complicações em relação à obesidade, como diabetes

tipo 2, hipertensão e dislipidemias. Em relação à pressão alta, verificou-se no grupo dos que

receberam sibutramina, um aumento não significativo da pressão arterial diastólica, mas que

necessita ser observada e controlada e, se indicada indiscriminadamente, pode comprometer e

trazer riscos à saúde.

Ao compararem-se os estudos realizados por Carlini et al. (2009) com os de

Guimarães et al. (2006) sobre as vantagens e desvantagens do uso da fluoxetina em

tratamentos para emagrecimento pode-se inferir que, desde que não haja interação

medicamentosa e mantendo-se estudos controlados e avaliação constantes dos efeitos da

fluoxetina por meio de exames e condutas; essa poderá ser uma opção benéfica no controle da

obsidade mórbida, melhorando significativamente a qualidade de vida daqueles que sofrem

dessa doença.

3.4.4 Uso recreativo ou não convencional de medicamento pela população

Mota et al. (2010) realizaram um estudo, entre julho e agosto de 2005, sobre o uso

abusivo do cloridrato de benzidamina no Brasil. Os autores informam que as indicações dessa

Page 16: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

16

substância são para o tratamento de “[...] estados inflamatórios, tumefações edematosas de

origem cirúrgica, traumática ou inflamatória e adjuvante no tratamento de dores musculares e

articulares”, além de possíveis indicações para ações antimicrobianas. No caso de reações

adversas ou uso abusivo do medicamento podem “[...] causar agitação, ansiedade, alterações

visuais, alucinação e convulsão. Casos de falência renal, associados à superdosagem com

medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais, [...] bem como agranulocitose, pancitopenia

e coagulopatia.”, seu uso não deve ser prolongado e deve ser controlado devido aos elevados

efeitos colaterais, não se recomenda seu uso para pacientes com problemas de epilepsia e

psiquiátricos.

Os autores relataram que em 11 farmácias pesquisadas a venda do medicamento

aparentou normalidade e, em 2, houve demanda maior. Os autores também correlacionaram

na revisão bibliográfica realizada em jornais e revistas da internet, relatos sobre o uso da

substância para efeitos alucinógenos, como uso recreativo, por jovens, dos remédios

Flogoral®, Benflogim® e Benzitrat® associados às bebidas alcoólicas. Quanto às pesquisas

realizadas nos centros de toxicologia, no período entre 2002 a 2005, houve o registro de

intoxicação por cloridrato de benzidamina em três dos sete existentes em São Paulo,

perfazendo um total de 105 casos.

Os efeitos alucinógenos causados no organismo pela utilização da benzidamina de

modo recreativo e em altas doses, segundo Guimarães et al. (2010), são:

[...] aumento da produção de dopamina no cérebro. Esse neurotransmissor acelera a

atividade do sistema límbico, que controla funções como memória e emoções. Como

consequências, as experiências armazenadas na memória afetiva vêm à tona de

maneira deformada, o que provoca a percepção alterada da realidade. O usuário

sofre alucinações visuais e fala coisas absurdas. Esgotado o estoque de dopamina, o

indivíduo deixa de sentir euforia e prazer, ficando cansado, sonolento e irritadiço.

No dia seguinte, sente tonturas, fortes dores de estômago e falta de apetite.

Os autores advertiram sobre a necessidade de maior controle sobre essa substância,

haja vista que se trata de medicação de tarja vermelha, devendo ser dispensada somente com

prescrição médica. Seus efeitos são danosos à saúde, e com associação de bebidas alcoólicas,

podem por em risco a saúde, não só física como mental dos usuários dessa interação

medicamentosa, por causar dependência química.

Page 17: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

17

4 DISCUSSÃO

Foram observados que os problemas sérios encontrados referentes às alterações vistas

nas prescrições de medicamentos às crianças poderiam ser sanados ou minimizados por meio

da atuação de farmacêuticos a fim de disponibilizar mais informações acerca das dosagens e

diluições corretas para toda a equipe de saúde envolvida, possibilitando a cura e não a

complicação ou morte.

Quanto à atuação da equipe de saúde, cabe destacar que, na maioria dos trabalhos

analisados, ficou evidente a importância da atuação do profissional farmacêutico no

acompanhamento e controle tanto nas ações para evitar erros de medicação, como nos AAMs

preveníveis, sugerindo-se que sejam implantadas e planejadas ações para educação

continuada, boas condições de trabalho, uma assistência farmacêutica planejada e a

otimização da comunicação interdisciplinar.

Na pesquisa apresentada sobre alguns estudos, identificou-se quatro variações de uso

off label: 1) na medicina pediátrica, confirmando-se o uso inapropriado, sugerindo falta de

informação na diluição e fracionamento; 2) na utilização de substância fluoxetina em

associação com outros medicamentos para inclui-la em fórmulas de emagrecimento não

autorizadas ou contraindicadas. Em contrapartida, outro estudo identificou que essa

substância, se bem utilizada e com orientação, traz benefícios à doença da obesidade. 3)

benefícios da heparina para tratar queimaduras; 4) uso recreacional de medicamentos, cujas

autoridades e profissionais da saúde não têm conhecimento, associando substâncias

medicamentosas com álcool, trazendo não só problemas à saúde física como mental.

5 CONCLUSÃO

O estudo realizado sobre a utilização de medicamentos registrados e com usos não

autorizados (uso off label) contribui para a disseminação da informação sobre como e quando

pode-se fazer uso de sua prática a fim de minimizar os riscos que podem advir da

administração terapêutica e medicamentosa de substâncias para usos diferentes dos

comprovadamente indicados.

Mostrou-se que os órgãos controladores, vinculados ao Ministério da Saúde e ao SUS,

como a ANVISA e a CONITEC, entre outros, que compõem a Vigilância Sanitária, possuem

atribuições de farmacovigilância, como ações de fiscalização, autorização, inclusão ou

exclusão dos medicamentos após os procedimentos de certificação sobre a eficácia e

Page 18: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

18

eficiência desses, sendo os responsáveis pela legislação que regulamenta a obrigatoriedade de

acompanhamento da bula para qualquer tipo de medicação como documento oficial sanitário.

No Brasil, a prática off label não é proibida desde que seja justificada por meio de

estudos comprovados sobre a segurança, eficácia e efetividade na indicação e com o controle

da Vigilância Sanitária, o que demanda anos de estudos até a certificação ou não, podendo

também trazer desvantagens quando não há no país medicamentos que possam substituir ou

tratar doenças raras.

Quanto aos conselhos profissionais que regulamentam as práticas de médicos,

enfermeiros e farmacêuticos, estes prevêem a prática off label, desde que haja a

responsabilização por parte do profissional, a autorização por parte do paciente, no

consentimento e ciência de fazer parte do experimento, com as possibilidades de sucesso ou

não, e quando o paciente for considerado incapaz, deve-se ter o consentimento e autorização

do responsável desse. Quanto à ética desses profissionais, as leis e resoluções definem que,

caso percebam o uso indevido ou não autorizado, são obrigados a denunciarem às autoridades

competentes.

Percebe-se a necessidade de realizar-se pesquisas científicas e estudos controlados

para o grupo específico de crianças, adolescentes e idosos, por suas características

biofisiológicas, precisando que a indústria farmacêutica conduza ensaios clínicos e submeta

informações para uso de novos medicamentos. Essa necessidade foi observada principalmente

em pacientes pediátricos, rotulados como “órfãos terapêuticos”, os quais são mais suscetíveis

à interação medicamentosa e administração de medicamentos fracionados e padronizados,

deixando-se de observar constituições individuais, como visto nas pesquisas realizadas para

esse público, percebendo-se como uma prática recorrente desenvolvida por médicos em que

não há a recomendação e nem autorização para o uso em crianças,

Cabem ainda ações por partes das instituições da saúde, bem como do governo, de

promoção a disseminação e divulgação do que é o uso off label, haja vista em alguns trabalhos

poder ter-se observado a falta de informação pelos agentes da saúde e pela população, o que

compromete seriamente a efetividade e eficácia de medicamentos que podem ser benéficos,

ou podem complicar mais ainda o quadro da doença, inclusive, levando a óbito.

Page 19: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

19

REFERÊNCIAS

ANVISA. Registro de Medicamentos: Como a ANVISA vê o uso off label de

medicamentos. Elaborado por Gerência de Medicamentos Novos, Pesquisa e Ensaios

Clínicos. 23 mai. 2005. Disponível em:

<http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/registro_offlabel.htm>. Acesso em: 17

mai. 2013.

BARRETTO, M. G. P. et al. Estudo comparativo entre tratamento convencional e tratamento

com heparina tópica para a analgesia de queimaduras. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo,

v. 56, n. 1, 2010. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

42302010000100016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 jul. 2013.

BRASIL, Ministério da Saúde. Decreto Nº 7.646, de 21 de dezembro de 2011. Dispõe sobre

a composição, competências e funcionamento da Comissão Nacional de Incorporação de

Tecnologias no SUS – CONITEC. Disponível em:

<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=1611>. Acesso em: 28 jun.

2013.

______. Resolução RDC nº 47, de 08 de setembro de 2009. Estabelece regras para

elaboração, harmonização, atualização, publicação e disponibilização de bulas de

medicamentos para pacientes e para profissionais de saúde. Disponível em:

<http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/bulas/rdc_47.pdf>. Acesso em 25 jul. 2013.

CARLINI, E. A. et al . Fluoxetina: indícios de uso inadequado. J. bras. psiquiatr., Rio de

Janeiro, v. 58, n. 2, 2009. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-

20852009000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 jul. 2013.

CONITEC - Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Toxina Botulínica

do tipo A para o tratamento da bexiga hiperativa. Relatório de Recomendação da

Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec - 15. Julho de 2012.

Disponível em:

<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Relatorio_ToxinaBotulinica_Bexigahiperativa

_CP.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2013.

COFEN - Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN 311, de 08 de fevereiro de

2007. Aprova a Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.

Disponível em: <http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-3112007_4345.html>. Acesso

em 25 jul. 2013.

CFF - Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 417, de 29 de setembro de 2004.

Aprova o Código de Ética da Profissão Farmacêutica. Disponivel em:

<http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/76/08-codigodeetica.pdf>. Acesso em 21

jun. 2013.

CFM - Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de

2009. Aprova o Código de Ética Médica. Disponível em:

<http://www.cremers.org.br/pdf/novocodigoeticamedico.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2013.

Page 20: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

20

DAL PAN. G.J. Pharmacovigilance Focus: Monitoring the safety of off-label medicine use.

WHO Drug Information, v. 23, n. 1, 2009. Disponível em:

<http://www.who.int/medicines/publications/druginformation/issues/DrugInfo09vol23-

1.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2013.

FERRÃO, R. G. Metodologia científica para iniciantes em pesquisa. 2 ed. Vitória:

Unilinhares Incaper, 2005.

GUIMARAES, Camila et al . Tolerability and effectiveness of fluoxetine, metformin and

sibutramine in reducing anthropometric and metabolic parameters in obese patients. Arq Bras

Endocrinol Metab, São Paulo, v. 50, n. 6, Dec. 2006. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-

27302006000600007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 jul. 2013.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS –

CONITEC (Org.). Uso off label: erro ou necessidade? Revista de Saúde Pública, v.46, n.2,

p. 398-9, 2012. Disponível em:

<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/CONITECARTIGOHELAINEECLARICE.pdf

>. Acesso em: 25 mai. 2013.

MOTA, Daniel Marques et al . Uso abusivo de benzidamina no Brasil: uma abordagem em

farmacovigilância. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 3, maio, 2010 .

disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

81232010000300014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 jul. 2013.

NOBLAT, A. C. B. et al . Prevalência de admissão hospitalar por reação adversa a

medicamentos em Salvador, BA. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 57, n. 1, 2011.

Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

42302011000100014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 jul. 2013.

PAULA, C.S.; SOUZA, M.N.; MIGUEL, M.D.; MIGUEL, O.G. Uso off label de

medicamentos em crianças e adolescentes. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 32, n.2, p. 217-

223, 2011. Disponível em: <http://serv-

bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/view/1214/1105>. Acesso em: 21 jul.

2013

RODRIGUES, M. C. S.; PINHO, D. L. M. Polifarmacoterapia e interações medicamentosas:

perfil de prescrições pediátricas de um hospital de ensino. Revista Eletrônica Gestão &

Saúde, v. 4, n. 1, p.1616-30, 2013. Disponível em:

<http://gestaoesaude.unb.br/index.php/gestaoesaude/article/view/215/pdf>. Acesso em: 25 jul.

2013.

SÃO PAULO. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria da Saúde. Incorporação de

tecnologias do SUS. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/instituto-de-

saude/homepage/acesso-rapido/ats/incorporacao-de-tecnologias-no-sus>. Acesso em: 11 jul.

2013.

TONELLO, P.; ANDRIGUETTI L H.; PERASSOLO, M. S.; ZIULKOSKI, A. L. Avaliação

do uso de medicamentos em uma unidade pediátrica de um hospital privado do sul do Brasil.

Page 21: A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA ... E... · 1 A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIA MEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA Marcos de Souza

21

Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v.34, n. 1, p. 101-108, 2013. Disponível em: <http://serv-

bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/viewFile/2150/1369>. Acesso em: 12

jun. 2013.