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ANO XII • NÚMERO 35 • MAIO / AGOSTO • 2004 • D. Serafim, padre há 50 anos e Bispo há 25 | pág. 167 A proximidade do Pastor e a cordialidade do cidadão • Novo padre diocesano e dois diáconos | pág. 182 Ordenações - Diocese em festa • Linhas de orientação pastoral 2004/2005 | pág. 185 “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” em destaque • documentos pastorais • serviços e movimentos • notícias • reflexões • história • em

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Page 1: A proximidade do Pastor e a cordialidade do cidadão ... · A diocese de Leiria-Fátima festejou as bodas de ouro presbiterais e as bodas de prata episcopais de Dom Serafim de Sousa

ANO XII • NÚMERO 35 • MAIO / AGOSTO • 2004

• D. Serafim, padre há 50 anos e Bispo há 25 | pág. 167

A proximidade do Pastore a cordialidade do cidadão

• Novo padre diocesano e dois diáconos | pág. 182

Ordenações - Diocese em festa

• Linhas de orientação pastoral 2004/2005 | pág. 185

“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós”

em destaque • documentos pastorais • serviços e movimentos • notícias • reflexões • história • em

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Leiria-FátimaÓrgão Oficial da Diocese

ANO XII • NÚMERO 35 • MAIO / AGOSTO • 2004

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Ficha Técnica

DirectorLuís Inácio João

Chefe de RedacçãoLuís Miguel Ferraz

AdministradorHenrique Dias da Silva

Conselho de RedacçãoBelmira de SousaJorge GuardaLuciano CristinoManuel MelquíadesSaul Gomes

Capa, Grafismo e PaginaçãoLuís Miguel Ferraz

PropriedadeDiocese de Leiria-Fátima

SedeSeminário Diocesano de Leiria2414-011 LeiriaTel. 244 832 760Fax 244 821 102Mail: [email protected]

Periodicidade . QuadrimestralTiragem . 420 exemplares

Assinatura anual - 12 eurosNúmero avulso - 4 euros

Impressão - Gráfica de Leiria

Depósito Legal N.º 64587/93

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EditorialJuntos na corrida 165

Em DestaqueCongresso: Santo Agostinho – o homem, Deus e a cidade 166D. Serafim, padre há 50 anos e Bispo há 25 167Ordenações – Diocese em festa 182Cónego Manuel Rodrigues Pires faleceu 184

Documentos Pastorais“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” (cf Jo 15, 4) 185

Linhas de orientação pastoral para 2004/2005Nomeações Episcopais 193Nota Episcopal sobre o Euro 2004 194Comunicado – Conselho Pastoral Diocesano 195

Serviços e MovimentosSecretariado da Educação Cristã da Infância e Adolescência 197Pastoral do Povo Cigano 201Pastoral Carcerária – “Os Samaritanos” 202Movimento dos Convívios Fraternos 204Escola de Formação Teológica de Leigos 208

Ano Agostiniano“Tarde Te amei”, em Ourém 209Recital comemorativo da criação da diocese 209“Música em Leiria” evoca presença dos Agostinhos 209Festival de Teatro da Alta Estremadura 210Comemoração do baptismo de S. Agostinho 210A Diocese no dia do seu padroeiro 211Próximos eventos 212

Índice

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Notícias 1

Bispo de Leiria-Fátima envia mensagem ao Santo Padre... 213...Santa Sé responde ao Bispo de Leiria-Fátima 214Centros de Preparação para o Matrimónio 214D. Alberto Ricardo da Silva – novo Bispo de Dili 217“Jornal de Minde” – 50º aniversário 218Santuário de N.ª Sr.ª de Fátima em Maputo 218Igreja da Santíssima Trindade – Primeira Pedra 219Festa do Corpo de Deus 220Peregrinação das Crianças 220Encontro Nacional de Pastoral Juvenil 221Dominicanas do Rosário Perpétuo – 50 anos em Fátima 221Colóquio sobre a pobreza – Comissão Justiça e Paz 222Assembleia da Acção Católica 222Encontro de Sacerdotes Jubilários 223“Liturgia para o Terceiro Milénio” 223Missionários voluntários da Diocese 224Acampamento Regional do CNE 224Mosteiro de Monte Real em festa 225XXXII Semana Nacional das Migrações 225Curso de Missiologia no Centro Allamano 228Colégio de S. Miguel aposta na inovação 228

ReflexõesVisita Pascal 229A nova Concordata – Estado e Igreja em cooperação 235A busca de Deus – Intervenção na Recolecção do Clero de 02.08.2004 237

Índice

1 Esta secção pretende reflectir a vida da Diocese e das suas comunidades durante o quadrimes-tre correspondente a cada edição do Órgão Oficial. Os textos não assinados destas secções foram elaboradas pelo chefe-de-redacção da revista LEIRIA-FÁTIMA, tomando por base textos publicados nos jornais diocesanos A VOZ DO DOMINGO e O MENSAGEIRO. Agradecemos que as paróquias, serviços e movimentos nos enviem ecos das suas iniciativas e programação, para o e-mail [email protected] ou para o endereço Revista Leiria-Fátima - Seminário Diocesano - 2414-011 LEIRIA.

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Juntos na corridaCampeonatos, olimpíadas, medalhas... A sociedade tem realçado o

lúdico até à exaustão. Paulo, no seu tempo, não ficou insensível nem imune, pelo menos na linguagem, a semelhante paixão, ao ponto de se considerar também em “competição”.

Os atletas impõem a si mesmos toda a espécie de privações: eles, para ganhar uma coroa corruptível; nós, porém, para ganhar uma coroa incorruptível. Assim, também eu corro (...) (1Cor 9, 25-26).

Os leitores da primeira Carta aos Coríntios podem verificar que a “prova” do Apóstolo não era individual, mas de “equipa”, incluindo a todos, para que nenhum ficasse vencido: Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo (9, 22). E tudo faço por causa do Evangelho (...) (9, 23).

A diocese de Leiria-Fátima festejou as bodas de ouro presbiterais e as bodas de prata episcopais de Dom Serafim de Sousa Ferreira e Silva. Grata pelos cinquenta anos de disponibilidade ao serviço do Povo de Deus no Sacerdócio de Jesus Cristo, e sobretudo pelos 14 anos de episcopado em Leiria-Fátima, a Igreja diocesana reviu-se com o seu Bispo no mesmo “estádio” e contemplou o mesmo “pódio”, não o dos louros corruptíveis mas o da “coroa incorruptível” que esperam quantos correm por causa do Evangelho e para que todos sejam vencedores e nenhum eliminado.

O “Órgão Oficial da Diocese” associa-se a tão significativas celebrações e apresenta as suas felicitações ao Pastor e à Diocese. Ao referir o acontecido, junta-se à acção de graças e aos belos sentimentos de alegria e cordialidade. Sobretudo, procura não esquecer que é seu dever empenhar-se na “prova” comum. Para isso, desce à mesma “pista” em serviço humilde à Igreja, nos seus membros, comunidades, associações e serviços, de modo a contribuir para que todos tenham acesso à vitória e a uma coroa mais valiosa que a prata e o ouro.

O Director

Editorial

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Ano Agostiniano | CONGRESSO

SANTO AGOSTINHO – O HOMEM, DEUS E A CIDADEAuditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria

11 de Novembro de 2004 - O HOMEMO Homem em Santo Agostinho. Costa Freitas Santo Agostinho: Conversão a Deus/Conversão à Sabedoria. Cerqueira GonçalvesRelação entre natureza e graça em Santo Agostinho. Manuela CarvalhoDesafio de K. Rahner à antropologia cristã tradicional: o existencial sobrenatural.

João DuqueSerá o agostinianismo um pessimismo? A questão do peccatum originale.

Joaquim TeixeiraOs sacramentos como origem do homem novo na Igreja. Jacinto Farias[Concerto: Summa Augustiniana, de João Santos, na Sé de Leiria]

12 de Novembro - DEUSO homem Cristo Jesus, mediador entre Deus e os homens. Arnaldo de PinhoReflexão de Santo Agostinho sobre o mistério trinitário de Deus. Noronha GalvãoDeus como beatitudo e outras felicidades. Manuela Brito MartinsVero vides Trinitatem si caritatem vides: fragilidade e Trindade no pensamento

contemporâneo. José RosaSabedoria da fé e ideologias. Verdadeira e falsas transcendências. Michel RenaudSanto Agostinho: a Razão neoplatónica e a Fé cristã. Carlos Silva[Concerto: Servus Tuus Humilis, de Alberto Roque, na Igreja de São Francisco, Leiria]

13 de Novembro - A CIDADEDois amores fizeram duas cidades. Santiago CarvalhoDinamismo da história para a paz final de Deus. Santiago SierraRadicalismo e utopia na Cidade de Deus. Fernando Cristóvão As metamorfoses da Cidade de Deus. Igreja e Estado. Mendo de Castro HenriquesA Jerusalém celeste como mãe. Maria e a Igreja. Manuel Pereira de MatosSanto Agostinho, pastor. D. Manuel Clemente[Concerto: 13 Motetos Agostinianos, de Pedro Figueiredo][Recepção oferecida pela Região de Turismo de Leiria/Fátima]

Informações e Inscrições:Pólo de Leiria da UCP • Rua da Cooperativa, São Romão • 2414-018 LEIRIATel: 244 813 794 • Fax: 244 823 193 • E-mail: [email protected]

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Em Destaque

D. Serafim, padre há 50 anos e Bispo há 25

A proximidade do Pastore a cordialidade do cidadãoPor Luís Miguel Ferraz

“Quando entrei nesta Sé pela primeira vez, chamou-me a atenção o dístico “Gloria in Excelsis Deo”, no retábulo da capela-mor. Essa mensagem ficou gravada no meu coração. Hoje, quero dar glória a Deus pelos dons que me concedeu nestes anos, pedir perdão pelos momentos em que não fui fiel e pedir para que me ajude a ser um ministro mais coerente e mais eficaz desta Igreja”. >>>

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Felicitações e Bênção do Santo PadreAo Venerável Irmão SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVAPortugal é, sem dúvida, uma nação feliz, pois, no conhecido lugar de

Fátima, a Rainha do Santíssimo Rosário apareceu seis vezes, e entregou à Humanidade, com solicitude maternal, uma mensagem de Esperança e Paz.

Recordando esse lugar de graça, para o qual frequentemente Nos voltamos, alcançando indizível conforto espiritual, com a maior alegria Nos dirigimos a ti, Venerável Irmão, que és ilustre Bispo de Leiria-Fátima, sobretudo porque neste ano celebras o duplo jubileu sacerdotal e episcopal.

É de desejar que, na grande oportunidade destes dois acontecimentos, te lembres do tempo em que, chamado ao sacerdócio por um impulso divino, no Seminário da tua diocese, te dedicaste com diligência aos estudos eclesiásticos, mas principalmente o dia felicíssimo em que recebeste a ordenação presbiteral.

Como poderias não recordar, sem dúvida cheio de felicidade, quer os anos passados em Roma, onde, na Pontifícia Universidade Gregoriana, alcançaste a Licenciatura em Direito Canónico, quer os anos seguintes, em que, na tua diocese, desempenhaste com esmero a tua missão, pregando o Evangelho e explicando correctamente os preceitos divinos?

Por isso, a 30 de Abril de 1979, te nomeámos Bispo titular de Lemellefa e Auxiliar da Arquidiocese de Braga. Em 1981 transferimos-te para a ínclita sé patriarcal de Lisboa, com a mesma função de Auxiliar, e seis anos depois, nomeámos-te Coadjutor da diocese de Leiria-Fátima, da qual és o Bispo residencial há onze anos.

É particularmente grato sublinhar a geral simpatia que, onde quer que exerceste o ministério episcopal, alcançaste, tanto com as excelentes qualidades de espírito de que foste dotado, como com a solicitude pastoral que sempre usaste em favor daqueles que te foram confiados para os confirmares na fé.

Por ocasião destes solenes eventos da tua vida, recebe Venerável Irmão, os Nossos votos de felicidade, enquanto te confiamos à Senhora do Santíssimo Rosário, para que sempre te guarde como Mãe clementíssima.

De tudo isto seja sinal e testemunho da nossa mútua caridade, a Bênção Apostólica que de todo o coração enviamos, em primeiro lugar, para ti, Venerável Irmão, depois para o Venerável Irmão Alberto Cosme do Amaral, Bispo Emérito de Leiria-Fátima, e para toda a Diocese de Leiria-Fátima.

Do Palácio do Vaticano, aos 13 dias do mês de Maio do ano 2004

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>>>Este poderia ser o resumo das palavras de D. Serafim de Sousa Ferreira

e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, na celebração eucarística de comemoração do seu jubileu de 50 anos de vida sacerdotal e 25 de missão episcopal, no passado dia 19 de Junho.

Referindo os muitos momentos de alegria que tem vivido nesta Diocese, e também os momentos de provação, o prelado afirmou ter procurado sempre “ser pastor”, dando o melhor de si mesmo pelas ovelhas que o Senhor lhe confiou, “num tempo de corpolatrias e desportolatrias, que precisa mais que nunca de quem viva os valores do Espírito, de fiéis cada vez mais activos na expansão do Reino de Deus”. O balanço, garantiu D. Serafim, “é positivo”.

Para além dos muitos fiéis que encheram a Catedral, marcaram presença cerca de uma centena de sacerdotes, diocesanos e não só, e também mais de uma dezena de bispos de todo o País, entre os quais o Núncio Apostólico, representante da Santa Sé em Portugal, D. Alfio Rapisarda.

O momento final da eucaristia foi reservado para uma pequena sessão de homenagem ao jubilado, com intervenções de Isabel Damasceno, presidente da Câmara de Leiria, e José Leitão, governador Civil do Distrito, em nome da “sociedade civil”, de Eugénio Lucas, membro do Conselho Pastoral Diocesano, e cón. Luciano Cristino, do Cabido da Catedral, em nome dos leigos e padres da Diocese, e, por fim, do Núncio Apostólico, em representação da Igreja Universal.

Cidadão na cordialidadeOs valores humanos de D. Serafim foram enaltecidos, sobretudo, pelos

dois primeiros intervenientes. A sua relação fácil e directa com todos os sectores da sociedade, a sua abertura ao diálogo, a sua cordialidade e afabilidade, o seu “bom modo de receber e falar com toda a gente” não passam despercebidos aos que se cruzam com o nosso Bispo. “Sempre no respeito pela distinção entre o poder temporal e o eterno, D. Serafim não deixa de dar sábias e discretas sugestões, repletas de humanidade e de amor pelos filhos da Igreja, que sempre escuto com atenção”, confessou Isabel Damasceno. Considerando-o um “sábio do nosso tempo, que sabe estar comprometido com o mundo real, ser tolerante com todos, mas sempre iluminando o caminho para Deus”, a presidente da Câmara referiu estar convencida de que D. Serafim é “amigo de Leiria e dos leirienses”, ao mesmo tempo que também ele “está no coração dos leirienses”.

Em Destaque

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Também em tom informal e pessoal, o governador Civil partilhou com os presentes a “rica experiência” que foi o seu primeiro encontro com o Bispo, em 15 de Maio de 2002. “Sem pressas e de modo tranquilo e simples, falámos de muitos temas importantes, desde a política à cultura e à formação da sociedade, e logo ali me senti perante um amigo, um homem cuja simpatia provém da imediatez da sinceridade”, afirmou José Leitão.

Pastor na proximidadeFalando “em nome pessoal, mas certo do sentimento comum dos leigos

diocesanos”, Eugénio Lucas frisou também a cordialidade, afabilidade e capacidade de comunicação do prelado. Como pastor, salientou “a proximidade que procura manter em relação às pessoas, aos mais simples que o abordam e para os quais tem sempre um gesto de acolhimento, uma palavra amiga, uma presença sem pressas”. Exemplo disso, referiu, é “o seu papel em Fátima, de doação e amor aos peregrinos” e a sua preocupação numa “constante actualização, para acompanhar os problemas reais das pessoas que Deus colocou ao seu cuidado nesta Igreja particular”. É essa proximidade que leva os diocesanos a afirmar: “Pode contar connosco!”

O cónego Luciano Cristino, em nome dos padres da diocese, centrou a sua intervenção na relação do Bispo com o presbitério, também ela marcada pela “proximidade de pastor, que, nos momentos de festa e também nos de dor e de dificuldade, marca sempre uma presença amiga e atenciosa junto dos seus sacerdotes”.

A marcar a proximidade, agora, em relação à Igreja Universal, D. Alfio Rapisarda leu uma carta assinada pessoalmente pelo Santo Padre (publicámos na edição da semana passada), com votos de parabéns a D. Serafim pelas datas comemorativas celebradas.

Tríplice comemoraçãoEste foi o segundo momento comemorativo destas efemérides do nosso

Bispo. O primeiro foi na igreja de Santo Agostinho, três dias antes, dia em que D. Serafim celebrou o seu aniversário natalício e os 25 anos de ordenação episcopal. Foi apresentada a encenação “Santo Agostinho, um coração inquieto”, pelos alunos do Colégio de Nossa Senhora de Fátima, seguindo-se um momento de convívio, durante o qual a Diocese ofereceu ao seu Bispo um dos quadros que está patente em Fátima, na exposição sobre este Santo Padroeiro.

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O terceiro momento foi a 13 de Julho, dia da dedicação da Catedral, com a apresentação, na Sé, do Concerto da Orquestra de Sopros da EMOL, que integra uma composição original do seu maestro, Alberto Roque, dedicada a Santo Agostinho, chamada Servus Tuus Humilis, estreada no Festival de Música em Leiria deste ano.

Saudação de José António Leitão da Silva,

Governador Civil de LeiriaÉ com particular emoção e regozijo que me associo a esta Celebração

em honra do nosso Bispo de Leiria-Fátima, Dom Serafim de Sousa Ferreira e Silva. A celebração destas Bodas de Ouro Sacerdotais e Bodas de Ouro Episcopais mais que uma efeméride invulgar, constituem uma ocasião própria para reflexão e partilha.

Nesta data, e coincidindo com a celebração dos 1650 anos do nascimento de Santo Agostinho, Padroeiro da Diocese, antecipamos os 460 anos que a Diocese celebrará em 2005 com os festejos e recordação da Ordenação de D. Serafim em 1 de Agosto de 1954 e a sua consagração como Bispo em 16 de Junho de 1979, data em que completou 49 anos de idade.

Confesso-vos não ter conhecido o Senhor D. Serafim quando foi ordenado Padre em 1954. Apesar disso, e fruto de um relacionamento mais próximo cultivado nestes últimos dois anos, habituei-me a considerar as suas palavras, a estimar a sua sinceridade e a rir com a sua boa disposição e porque não dizê-lo, saudável irreverência.

Porque me marcou de forma extraordinária, com a autorização do Senhor D. Serafim, não resisto a deixar-vos um pequeno testemunho das circunstâncias que rodearam o nosso primeiro encontro.

Na sequência do início das minhas funções, em Abril de 2002, solicitei ao Senhor Bispo de Leiria/Fátima uma audiência para particularmente, apresentar cumprimentos e para institucionalmente disponibilizar a colaboração que me fosse procurada. Fruto de coincidência de Agenda não foi possível reunir, quando da primeira marcação. Perante esta pontual dessincronia marcámos nova data para que, nos encontrássemos no Paço Episcopal de Leiria no dia 15 de Maio de 2002. Iniciando com o formalismo próprio, ditado pelas sisudas regras protocolares, fui, inesperadamente

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confrontado com uma simples pergunta por parte do Senhor D. Serafim: “Senhor Governador, está com muita pressa?”

Não estava de facto com muita pressa mas, mesmo que estivesse não creio que tivesse alterado a minha resposta: - Não, Senhor Bispo, não estou com pressa. Estava quebrada a psicológica barreira do cronómetro para que, calma e serenamente pudéssemos conversar sobre os muitos temas que, a ambos, interessavam. Extravasando largamente os obrigatórios temas politíco-partidários, abordamos diversificados e importantes temas, quer na perspectiva diocesana quer, naturalmente na perspectiva política e social.

Foi durante esta primeira e original conversa que de modo tranquilo e simples me apercebi das qualidades humanas e apostólicas do Homem e Cidadão Serafim de Sousa Ferreira e Silva.

Fruto natural da sua experiência de 48 anos de sacerdócio e da sua passagem pela Universidade Gregoriana em Roma, pelo Seminário Maior do Porto, onde leccionou, pelo Tribunal Eclesiástico do Patriarcado, onde julgou, pela Diocese do Porto onde exerceu as funções de Vigário-Geral, deparei-me com um vulto de extraordinária cultura, formação e empenho na construção e modelação de Homens e Mulheres de excepção. Pensei, aliás, que na sua missão menos espiritual, as preocupações, interpretações, sensibilidade e auscultação de interesses e vontades que um Bispo diariamente desenvolverá, não seriam muito diferentes daquelas que, enquanto Governador Civil me esperavam. Para todos os efeitos, ambos representamos Governos que irremediavelmente estão determinados a encontrarem-se e a partilharem esforços e projectos, há cerca de 900 anos.

Este encontro, habitualmente de circunstância e de formalismo protocolar, tornou-se para mim, um importante momento para as minhas funções que completavam 15 dias. Para além do natural e esperado conforto espiritual que levava como expectativa para a audiência saí reforçado com as palavras que escutei e com a solidariedade e cordialidade deste destacado ministro da Igreja.

Não posso esquecer, nesta altura, as palavras escritas do padre Dr. Jorge Guarda, Vigário-Geral da Diocese, quando define, em Dom Serafim, o protagonismo da Cordialidade, escrevendo que “cordialidade é a relação que brota imediatamente do coração, pelo que se exprime na maneira simpática como a pessoa se exprime, na imediatez e sinceridade do contacto com os outros. Estes sentem-se compreendidos, estimados e amados”. Foi assim que saí do Paço Episcopal, trazendo ainda, o compromisso de apresentar a este

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novo amigo, permita-me que o trate desta forma, o que faltava da Família Leitão.

Desde então tenho tido a honra e privilégio de, com basta frequência, aprofundar o meu conhecimento e afecto por D. Serafim.

Seja nas suas Notas Pastorais ou Administração Diocesana, no seu empenho na construção da nova Igreja da Santíssima Trindade em Fátima ou na Ajuda que tem promovido à divulgação da mensagem cristã por via radiofónica nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, constato o sistemático e devotado empenho à nobre causa da entreajuda fraterna e à promoção do amor e sacrifício para com os outros.

Mas, quem o conhece sabe que, para além da predisposição sacerdotal para estas missões, Dom Serafim reserva tempo e espaço para devoções mais generalizadas.

Aprecio particularmente a sua boa disposição e alegria de viver não esquecendo algumas das suas habituais e oportunas observações que, granjeiam a simpatia de todos quanto o ouvem e, normalmente nos permitem saudáveis e audíveis gargalhadas.

Termino dizendo-vos e em particular ao Senhor D. Serafim que o convite que me foi endereçado para, enquanto Governador Civil de Leiria, assistir e participar nesta homenagem ao homem e Sacerdote, perdurará como uma das mais gratas recordações e memórias que reservarei da minha passagem por estas funções.

O mais generoso e profundo agradecimento por tudo quanto nos deu nestes 25 anos enquanto Bispo de Leiria/Fátima e nestes 50 anos enquanto Sacerdote, e muito particularmente pela amizade simpatia e cordialidade que sempre teve para comigo.

Obrigado e muitos parabéns Dom Serafim.

Saudação de Isabel Damasceno Campos,

Presidente da Câmara Municipal de LeiriaSinto-me particularmente feliz por me ser dada a oportunidade de usar da

palavra nesta cerimónia comemorativa dos 50 anos da ordenação sacerdotal e dos 25 anos de elevação a bispo do Sr. D. Serafim Ferreira e Silva. Feliz por ter oportunidade publicamente, de expressar os meus sinceros agradecimentos

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pessoais pelas atenções e gentilezas com que sempre me distinguiu, testemunho gratificante dos seus humanismo e sensibilidade cristã.

Agradeço-lhe também na qualidade de Presidente da Câmara de Leiria as sábias e discretas sugestões e conselhos sobre diversos actos e decisões emergentes da complexa gestão autárquica e que para mim sempre foram da mais valiosa utilidade. Sua Excelência Reverendíssima sempre entendeu que aconselhar e ajudar os filhos da Igreja e todos os filhos de Deus a realizarem o bem comum e a governarem na verdade e na justiça faz parte integrante do seu múnus episcopal.

Se agradecer é a primeira motivação desta minha modesta e despretensiosa intervenção, ela visa também pôr em evidência e exaltar a forma superior, repleta de humanidade, de perfeito equilíbrio entre poder temporal e espiritual com que o Sr. D. Serafim governa esta difícil Diocese.

O Sr. D. Serafim é um defensor da liberdade. Da liberdade na responsabilidade, daquela liberdade que constitui a essência do homem considerada na sabedoria cristã e que está na base da dignidade e dos direitos da pessoa humana.

O Sr. D. Serafim é um bispo tolerante, defensor da liberdade religiosa, considerada esta como o direito que todo o homem tem de perante o Estado, ou qualquer outro poder temporal, procurar a verdade e nela viver em sinceridade. Mas, concomitantemente pela palavra e pelo exemplo, inspirado por uma verdadeira fé, sempre iluminou com a mais clara luz os caminhos que levam o homem a Deus e à Santa Igreja.

O Sr. D. Serafim, com a sua cativante simplicidade, vive o seu episcopado com sadio comprometimento com o mundo real, interpretando este, com a lucidez de um sábio e influenciando com o mais puro amor cristão. Para sua Excelência Reverendíssima todo o homem é um irmão, todos os acontecimentos, políticos, culturais, desportivos e sociais são acontecimentos criados pelos filhos de Deus e por todos eles passa o espírito salvífico dos Santos Evangelhos.

O Sr. D. Serafim sempre respeitou o princípio da separação do poder espiritual do poder temporal, mas nunca esqueceu que só com o diálogo permanente entre estes poderes é possível a realização plena do homem e a defesa dos seus direitos fundamentais.

O Sr. D. Serafim é um grande homem, é um esclarecido, zeloso e devoto servidor da Igreja e de toda a comunidade diocesana, é um modelo de Bispo, é um modelo de cidadão, é um grande amigo de Leiria e dos Leirienses.

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Sr. D. Serafim, sei que tem Leiria no coração, mas, interpretando o sentir de todos os Leirienses, neste momento solene carregado de verdade nos sentimentos, lhe afirmo comovida, que Sua Excelência Reverendíssima está igualmente no coração de todos os Leirienses.

Saudação de Eugénio Lucas,

membro do Conselho Pastoral DiocesanoReúne-se hoje, a Diocese de Leiria-Fátima para homenagear o Pastor, que

há 11 anos, Deus colocou à frente desta Diocese e de que hoje celebramos os jubileus de ouro e de prata, respectivamente presbiteral e episcopal.

À nossa celebração litúrgica quiseram associar-se o Ex.mo e Rev.mo Senhor D. Alfio Rapizarda, Núncio Apostólico; os Rev.mos Senhores Arcebispos e Bispos presentes, dezenas de sacerdotes, bem como as mais altas autoridades civis da região, cuja presença muito nos honra. Entendemos este gesto como um sinal claro de estima pela pessoa do Sr. D. Serafim. Em nomes dos leigos da Diocese aqui fica o nosso agradecimento.

É para mim uma honra e um privilégio, poder em representação dos leigos da Diocese de Leiria-Fátima, dirigir a Vossa Ex.a Rev.ma umas singelas palavras de homenagem nesta celebração comemorativa. Não estou mandatado de uma forma oficial por quem venho representar, apresento por isso uma visão pessoal, mas que estou certo interpreta o sentimento de muitos dos que aqui me encontro hoje a representar.

Do muito que poderia aqui mencionar, é impossível referir numa breve intervenção mais do que apenas alguns aspectos que creio ajudam a caracterizar o Pastor que tem conduzido esta porção do Povo de Deus, que é a Diocese de Leiria-Fátima.

Num texto recente para a Agência Ecclesia, o Sr. Vigário Geral da Diocese, Padre Jorge Guarda, referia-se ao Sr. D. Serafim como o protagonista da cordialidade, realçando as suas qualidades humanas, a sua constante manifestação de amizade e de calor humano, a que se opõe a frieza, a distância e a reserva na relação interpessoal, e como esta maneira de ser de Vossa Ex.a Rev.ma, faz com que nos sintamos compreendidos, estimados e amados. Concordando inteiramente com esta caracterização, permito-me ir ainda mais longe e, além da cordialidade, refiro o dom da afabilidade e o

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dom da comunicação. Esta afabilidade revela-se nos gestos mais simples que podem ocorrer numa cerimónia litúrgica, como sucedeu na última celebração do sacramento do crisma na paróquia de Fátima, através de um cumprimento pessoal a um jovem tetraplégico que ia ser padrinho de um crismando, no facto de no final da celebração cumprimentar pessoalmente todos os jovens que receberam o sacramento do crisma, ou de, após a celebração, falar com uma senhora já idosa relativamente às respectivas idades e dizer como ela não aparentava a idade que já tinha, ou de falar com as pessoas que no final de celebração o pretenderam fazer. Mas não uma conversa formal, distanciada e rápida, mas pelo contrário uma conversa interessada, sem pressa e atenta. Esta afabilidade revela-se também na visita aos doentes que efectua com frequência, no querer saber o nome dos filhos das pessoas com quem está falar, e recordar-se desses nomes num futuro encontro. No dom da comunicação refiro a facilidade com que consegue alcançar diferentes tipos de audiência e transmitir sempre uma mensagem de base cristã.

As novas Directrizes para o ministério pastoral dos Bispos publicadas após a 10ª Assembleia-geral do Sínodo dos Bispos de Outubro de 2001, sobre “O Bispo, ministro do Evangelho para a esperança do mundo”, refere que “Característica do Bispo do nosso tempo, em relação aos séculos passados, é possuir um estilo de vida mais simples, e ser mais acessível a todos, mais próximo do povo, atento às necessidades da população”. Creio que todos concordamos, que já muito antes deste documento, estas eram preocupações que o Sr. D. Serafim considerava importantes e diariamente procurava e continua a procurar realizar.

Um outro aspecto que quero realçar é a preocupação constante de actualização não só em matéria religiosa, mas também sobre a sociedade em geral e da divulgação dessa informação, que constatamos nas intervenções do Sr. D. Serafim, nas entrevistas, nas suas cartas pastorais, nas suas exortações sinodais, e de que a Revista Síntese, que Vossa Ex.a Rev.ma fundou em 1968, há já 36 anos, e que desde essa data dirige, é um claro exemplo, revista que já encontrei em locais onde não imaginava deparar com uma publicação desta natureza, o que demonstra a amplitude de público que atinge.

Uma palavra para destacar a forte devoção a Nª Sª do Rosário de Fátima, o empenho colocado no processo de beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, na construção da nova basílica de Fátima, o amor aos peregrinos de Fátima.

Também em nome dos leigos quero realçar e agradecer a caminhada em

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Cristo que foi o Sínodo Diocesano, que nos proporcionou um participação mais activa na Igreja Diocesana.

O tríplice ministério dos Bispos definido no Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática sobre a Igreja “Lumen Gentium”: o ministério episcopal de ensinar, o ministério episcopal de santificar e o ministério episcopal de reger, a todos eles, no que nos é permito apreciar, Vossa Exa Rev.ma tem respondido com profundidade e dedicação.

Senhor D. Serafim, louvamos a Deus porque todos nós, de uma forma ou de outra, já pudemos beneficiar do seu múnus pastoral, do seu zelo apostólico, da sua sabedoria de mestre, da sua fidelidade ao serviço da Igreja, da sua sensibilidade aos sinais dos tempos, da sua abertura aos dons do Espírito, do seu amor à juventude, do seu diálogo pastoral com o mundo moderno.

Queremos dar graças a Deus pelo dom maravilhoso que concedeu à Igreja na pessoa do nosso Bispo, a quem nos sentimos profundamente unidos na fé. Ele é, para todos nós, o sinal visível da presença de Deus no meio do seu Povo. Ele nos guia e nos ensina a viver em conformidade com os critérios evangélicos.

Mas também lhe queremos dizer, com franqueza e sinceridade: pode contar connosco. Seguiremos consigo o caminho para a salvação em Cristo.

Termino com uma expressão bem portuguesa, que sei que é querida ao Sr. D. Serafim, uma expressão cujo significado Vossa Ex.a Rev.ma, inclusive, já explicou ao Santo Padre João Paulo II. “Bem-haja”.

Por toda a sua actividade sacerdotal e episcopal: Bem-haja.

Saudação do Cón. Luciano Coelho Cristino,

membro do Cabido da CatedralFui incumbido de fazer uma saudação a V. Excelência Reverendíssima,

em nome de toda a diocese e, particularmente, em nome do presbitério diocesano, nestas datas jubilares da sua vida. A resistência que apresentei durante algum tempo ao convite que me foi feito, tinha como principal dificuldade fazer uma síntese, em breves palavras, do muito que haveria a dizer acerca do Pastor que o Senhor nos concedeu, há quase onze anos e meio. Essa dificuldade foi aligeirada, quando me foi dito, pelo coordenador desta homenagem e celebração, que eu devia restringir as minhas palavras

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à saudação propriamente dita, e não fazer uma evocação do seu itinerário de vida até ao momento, uma vez que essa evocação teria o seu momento próprio.

Prescindo, portanto, de traçar esse itinerário, que cheguei a redigir, especialmente nos três ou quatro marcos que o pontuam, nestes 74 anos, e que são comuns à sua vida pessoal e à da diocese, especialmente no que se relaciona com a história e a mensagem de Nossa Senhora de Fátima. Por isso, para alívio de todos e também do Senhor Bispo, a minha saudação é muito simples e breve.

Principalmente a partir do “Decreto sobre o Ministério e Vida dos Sacerdotes”, está definida a relação do Bispo com o seu presbitério. Sendo o Bispo ordenado para o cumprimento de uma tripla missão pastoral que lhe foi conferida por Cristo (testemunho, vitalização divina e caridade), a ela corresponde, por parte de todo o povo fiel e do presbitério, em relação ao seu bispo, também uma tripla atitude: respeito filial, obediência e união espiritual.

V. Exª Revma, desde o momento em que assumiu o seu ministério episcopal na diocese de Leiria-Fátima, como bispo residencial, já ordenou 19 sacerdotes diocesanos e alguns religiosos, de alguma maneira ligados à mesma diocese. Viu partir para Deus 21 sacerdotes diocesanos e alguns religiosos. Tem-se mantido assim, sensivelmente inalterado, o número dos sacerdotes diocesanos ao serviço.

É principalmente em nome de todos os sacerdotes, que, há 11 anos, lhe foram particularmente confiados - os vivos e os defuntos -, que saudamos V. Exª Revma, pelos 74 anos de vida, 50 de sacerdócio, 25 de episcopado e 14 de ministério na diocese de Leiria-Fátima, e lhe agradecemos o testemunho de amizade exemplar que tem dado a todos, especialmente, nas horas de alegria e de festa, por ocasião dos aniversários sacerdotais, mas também nas horas difíceis da doença, da aposentação e da morte.

Na nossa oração, pedimos a Deus Pai para que, no exercício do seu ministério, animado pela força do Espírito Santo, V. Exª Revma possa manifestar sempre o rosto de Cristo, Bom Pastor, diante de todos os seus diocesanos e particularmente diante dos seus padres. Isto, durante o tempo em que, pelas prescrições canónicas ou por vontade do Papa, ainda estiver no serviço efectivo da Diocese, e também, depois de passar à sua condição de bispo emérito, pelo tempo que Deus dispuser e que auguramos seja por muitos anos.

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Para memória 1

Permita-me que trace o itinerário de V. Exª, no rumo para a Diocese de Leiria-Fátima. Esse itinerário é pontuado por três ou quatro marcos, pouco conhecidos, que, em coincidência feliz, também fazem parte da vida da diocese e do Santuário de que V. Exª Revma é guardião, desde há 11 anos.

Quando D. Serafim viu a luz do dia (é um modo de dizer), a 16 de Junho de 1930, em Santa Maria de Avioso, o Sr. D. José Alves Correia da Silva, também maiato, como o Sr. Bispo, e primeiro prelado da diocese restaurada de Leiria, preparava-se para traçar um novo rumo ao Santuário e à Mensagem da Senhora de Fátima, que acolheu no ano em que foi nomeado. Fê-lo a 13 de Outubro desse ano de 1930, ao declarar dignas de crédito as visões dos pastorinhos de Aljustrel e autorizar oficialmente o culto de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Tinham passado treze anos, depois que Ela se tinha manifestado pela última vez, na Cova da Iria; tinham passado dez anos, desde o momento em que a imagem de Nossa Senhora do Rosário fora colocada pela piedade mariana de um devoto de Torres Novas, na Capelinha das Aparições, depois de ter “nascido” das mãos do Sr. José Ferreira Thedim, em São Mamede do Coronado. Essa paróquia era servida, e continuou a sê-lo, ainda por muitos anos, por um sacerdote piedoso que eu e os meus colegas seminaristas de Leiria, nos habituámos a ver no Santuário de Fátima, nos grandes dias de peregrinação, muito acarinhado pelo Sr. D. José que fazia questão de lhe marcar pessoalmente alojamento gratuito, certamente por essa proximidade com aquela oficina de santeiro que se tornou famosa: o Padre Joaquim de Sousa Ferreira e Silva, seu tio.

Estou certo que foi no convívio com aquele sacerdote e no seu testemunho de fé que se foi cimentando a sua vocação sacerdotal e a devoção à Santíssima Virgem, sob o título do Rosário de Fátima.

Passados 24 anos, a 1 de Julho de 1954, recebia o seminarista Serafim a ordenação sacerdotal na Sé do Porto, um mês e meio depois de ter estado em Fátima com os cerca de 600 alunos dos seminários de Portugal, entre os quais 100 finalistas, a celebrar o motu proprio de S. Pio X sobre a música sacra e a consagrarem-se a Nossa Senhora, naquele Ano Santo mariano, primeiro centenário da proclamação dogmática da Imaculada Conceição. Não deixa de ser curioso que, nesse mesmo ano de 1954, fazia 50 anos

1 Esta parte não foi pronunciada.

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de idade, 25 de sacerdócio e era nomeado segundo bispo da diocese o seu venerando predecessor, D. João Pereira Venâncio, de quem estamos a celebrar o primeiro centenário do nascimento.

No ano de 1979, a 30 de Abril, era V. Exª Revma nomeado bispo auxiliar de Braga e ordenado a 16 de Junho na Cripta da basílica de Nossa Senhora da Conceição do Sameiro, dedicada ao Imaculado Coração de Maria, a devoção nuclear de Fátima.

Transferido, em Junho de 1981, para o patriarcado de Lisboa, V. Exª Revma teve a felicidade de estar presente num outro momento de grande importância para a história da mensagem de Fátima. Quando, em Março de 1984, a veneranda Imagem de Nossa Senhora, da Capelinha das Aparições, diante da qual o Papa João Paulo II tinha feito a consagração do mundo e da Rússia, que foi considerada definitiva, regressava de Roma, tinha a recebê-la no aeroporto de Lisboa, o Sr. D. Serafim. Um mês e meio depois, o Papa João Paulo II juntava o título de Fátima à velha diocese de Leiria.

A 7 de Maio de 1987 (outro ano mariano extraordinário), era V. Exª Revma nomeado bispo coadjutor de Leiria-Fátima, e, no dia 13 de Maio seguinte, esse facto foi revelado à multidão de peregrinos, reunidos na Cova da Iria.

Iniciando o seu ministério episcopal, em colaboração com o Senhor D. Alberto Cosme do Amaral, podia V. Exª Revma continuar, como ele e os seus imediatos antecessores, a dirigir o povo de Deus desta igreja particular que lhe foi confiada, a presidir aos mais variados actos realizados no Santuário de Fátima e a contactar, em tantos países do mundo, com o entusiasmo das multidões à volta da Senhora da Mensagem de Fátima.

Da sua acção pastoral, desde que assumiu o ministério como bispo residencial, ficaram apontados os tópicos principais no primeiro número e seguintes do órgão oficial da diocese “Leiria-Fátima”, restaurado, por decreto seu de 29 de Abril de 1993: promulgação do “Estatuto Económico do Clero”, do “Regulamento da Administração de Bens da Igreja na Diocese de Leiria”, restauração pastoral dos centros urbanos de Leiria e Marinha Grande, dinamização dos serviços diocesanos, educação cristã da juventude, comunicação social da diocese, pastoral de Fátima, diálogo e cooperação com as instituições sociais e culturais, inventariação do património cultural móvel da diocese, a constituição dos conselhos pastorais diocesano e paroquiais.

No dia 22 de Maio de 1995 presidiu à celebração solene do 450º aniversário da criação da diocese e da elevação da vila de Leiria a cidade,

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tendo como ponto principal a concelebração eucarística na Igreja de Nossa Senhora da Pena, no castelo de Leiria, primeira catedral leiriense.

Preparado desde o início de 1993, V. Exª Revma, convocou um Sínodo Diocesano, no encerramento da peregrinação diocesana ao Santuário de Fátima, a 2 de Abril de 1995, e veio a realizá-lo com toda a diocese, de 1996 a 2002.

Outro grande acontecimento, verificado durante o governo episcopal de D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, foi a beatificação de Francisco e Jacinta Marto, os pastorinhos de Fátima, feita pelo Papa João Paulo II, na Cova da Iria, no dia 13 de Maio de 2000, em pleno jubileu do Ano Santo.

A 10 de Dezembro de 1998, D. Serafim criou a paróquia de Ribeira do Fárrio, separando-a da Freixianda, e, a 26 de Dezembro de 2000, deu o estatuto de quase-paróquia, à comunidade da Cruz da Areia, um dos bairros mais populosos da cidade de Leiria.

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Pedro Viva Sérgio Fernandes Manuel Henrique

Ordenações – Diocese em festa

Novo padre diocesano e dois diáconos2 de Maio, 41º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Dia marcante para

a igreja diocesana que passou a contar com mais presbítero, padre Sérgio Jorge Lopes Fernandes, da paróquia de Urqueira, e dois diáconos, Pedro Miguel Ferreira Viva, da paróquia da Sé, e Manuel Henrique Gameiro de Jesus, da paróquia de São Simão de Litém.

As ordenações foram presididas por D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, e participadas por muitos padres e leigos que encheram a catedral.

“Quem permanece em Mim e Eu nele, esse dará muito fruto” (Jo 15, 5). D. Serafim assentou nesta frase a sua homilia e referiu que nela se funda a atitude cristã bem como a união dos ministros ordenados com o Bom Pastor no serviço ao seu povo. Num tempo de escassez de vocações, este acontecimento não pode deixar de ser “um momento de alegria e um sinal de esperança para esta Igreja particular”, frisou o prelado.

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Padre jesuíta natural do Alqueidão da SerraNo passado 10 de Julho, recebeu a ordenação

sacerdotal, na Sé Nova de Coimbra, com mais três companheiros jesuítas, o padre José Manuel Frazão de Jesus Correia, da paróquia de Alqueidão da Serra, diocese de Leiria-Fátima.

No dia 18 de Julho, 88 anos depois da ordenação de um seu tio avô, o novo padre celebrou a sua Missa-Nova, no adro da Igreja de Alqueidão da Serra. Foi uma festa simples e grande, com mais de 700 pessoas - familiares, amigos, a comunidade paroquial, Junta de Freguesia, Casa do Povo e outras instituições locais. O novo sacerdote

exprimiu a sua felicidade por celebrar a Eucaristia no velho adro da sua infância. O carinho e a solidariedade de todos manifestaram-se também nos presentes que lhe ofereceram e na festa de convívio, à volta de uma mesa cuidadosamente preparada.

O novo presbítero é o sétimo de nove filhos de Daniel de S. José Correia e de Celeste de Jesus Frazão, militantes da Acção Católica local. Nasceu 10 de Fevereiro de 1970 e passou a infância naquele meio rural. Aos doze anos, ingressou nos Missionários da Consolata. Em período de reflexão vocacional, leccionou Educação Religiosa e Moral Católica no ensino público, e participou na segunda comunidade neo-catecumenal dos Marrazes. Entretanto, ingressara na Companhia de Jesus.

A Bajouca festeja uma ordenação diaconalJoão Evangelista da Costa Paiva é diácono permanente ordenado pelo Cardeal

Patriarca, D. José da Cruz Policarpo, na Igreja de Santa Maria de Belém, no passado 27 de Junho. Embora residente na região de Lisboa, o novo diácono está ligado por casamento à paróquia da Bajouca, o que fez deslocar à capital uma considerável representação de bajouquenses, constituída por numerosos familiares e amigos, acompanhados pelo pároco, padre Abel José Silva Santos. Todos quiseram tomar parte na celebração e manifestar publicamente a amizade e a consideração com que é tido nesta comunidade leiriense o novo diácono do patriarcado.

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Cónego Manuel Rodrigues PiresNa tarde do passado dia 14 de Julho, no

Hospital de Santo André, faleceu com 91 anos o rev. cónego Pe. Manuel Rodrigues Pires.

Nascera na Fonte dos Marcos, Porto de Mós, a 18 de Maio de 1913 e foram seus pais José Pires e Maria da Piedade. Aos 15 anos entrou no Seminário e foi ordenado presbítero em 2 de Abril de 1938. Em Outubro desse ano era prefeito e professor do Seminário, e no ano seguinte, secretário da Câmara Eclesiástica. Em

1940 foi nomeado inspector-mordomo do Hospital de D. Manuel de Aguiar, onde realizou uma acção notável. Quando o hospital vivia quase só de cortejos de oferendas, pôs sempre a instituição ao serviço dos doentes. Culto e piedoso, era frequentemente solicitado para pregar nas paróquias e colaborou em diversas capelanias. Em 1983 deixou o hospital mas continuou com a mordomia da Misericórdia. Por essa altura geriu a Gráfica de Leiria. Em 10 de Abril de 1988, foi nomeado cónego honorário da Sé. Dispensado da gerência da Gráfica a 25 de Outubro de 1989, passou a membro do seu Conselho de Administração. Desde 12 de Outubro de 1993 foi membro do Conselho Económico da Diocese por cinco anos. Responsável eclesiástico pela Misericórdia, promoveu a construção do Lar de Nossa Senhora da Encarnação, de que foi administrador e onde viveu ultimamente.

As exéquias, a 15 de Julho, no Seminário, foram presididas por D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva e concelebradas pelo Presbitério diocesano. O seu corpo seguiu para Porto de Mós, onde se celebrou Missa de corpo presente e foi sepultado no cemitério da Fonte do Oleiro. Que o Senhor o tenha na Sua glória.

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“Permanecei em Mime Eu permanecerei em vós” (cf Jo 15, 4)

Linhas de orientação pastoral para 2004/2005

1. Motivo e finalidadeNeste ano pastoral, terminamos a sequência temática aprovada pelo

Conselho Pastoral Diocesano para 4 anos (2001-2004). Durante eles, sucessivamente, fomos tomando por referência para a acção pastoral diocesana uma das partes do Catecismo da Igreja Católica. Assim, nos anos passados, tivemos os temas: “Deus gosta de falar com os homens”, “Nas celebrações da fé vivemos as maravilhas de Deus” e “Como Eu vos fiz, fazei vós também”. No presente ano, fixamos a nossa atenção sobre a “oração na vida cristã” (IV parte do Catecismo).

As Orientações Sinodais (nº 67 e 108) apontam a necessidade de um plano diocesano de pastoral, que dê continuidade e aplicação metódica e sistematizada às conclusões da reflexão sinodal, defina e aponte as metas, o caminho e os passos; e constitua uma referência clara para a acção de todas as paróquias, serviços, movimentos e comunidades. Estas linhas de orientação pastoral são um passo, no caminho da experiência, em ordem ao projecto de pastoral para a Diocese, no qual já se trabalha.

O referido Conselho apontou também que, em cada ano pastoral, a partir da parte correspondente do Catecismo, os Serviços Diocesanos definam o tema e apresentem sugestões para que o mesmo seja desenvolvido. Cumprindo as indicações do dito Conselho, tendo auscultado e recolhido as observações e os contributos de párocos, serviços e movimentos da Diocese, propõem-se aqui o tema, os objectivos, as linhas de acção e algumas acções concretas de programação para o próximo ano pastoral.

Estas Linhas constituem referência para os projectos e programas de acção pastoral em toda a Diocese: nas paróquias, vigararias, movimentos, serviços e outras instituições. De igual forma, serão aplicadas nas acções diocesanas comuns.

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Nos anos passados, as linhas de orientação pastoral foram tidas em conta em actividades de diferentes comunidades e serviços. Permitiram unidade na acção e identificação em objectivos comuns. O tema foi estudado pelos sacerdotes nas reuniões vicariais e por outros grupos de fiéis em acções de formação. Também serviu de inspiração em iniciativas vicariais e outras. Há, no entanto, necessidade de maior esforço para que o documento orientador imprima maior dinamismo à acção pastoral na Diocese. Cabe aqui o empenho corresponsável e criativo dos diversos responsáveis, para que as linhas se orientação encontrem concretização em cada comunidade, serviço ou obra.

2. Tema: “Permanecei em Mim...”O bem-estar material e as experiências gratificantes que ele possibilita

seduzem as pessoas e parecem satisfazer os seus anseios. Neste contexto, há quem mantenha as tradições religiosas católicas e quem vá perdendo essas referências vitais. Outros, em número crescente, lançam-se na busca e adesão a novas propostas religiosas e espirituais, com frequência distantes da fé católica e mesmo cristã. Entretanto, nos nossos dias, muitos homens e mulheres começam a manifestar mal-estar pelo vazio e insatisfação que o simples bem-estar material lhes deixa. É assim que cresce o número dos que buscam o aprofundamento da espiritualidade, de sabedoria e de terapia para os males sentidos. De várias formas, procura-se fazer experiências de envolvimento emotivo que ajudem a pessoa a estar bem consigo mesma. A valorização da experiência e da componente emotiva é característica marcante desta busca espiritual.

Mesmo entre os católicos, muitos perderam o hábito de rezar ou reduzem-no a uma recitação mecânica de fórmulas ou expressões de súplica em momentos de aflição. E há os que nem sequer sabem fazer oração ou têm essa sensação, o que pode ser sintoma de que o seu modo de orar os não satisfaz. Necessitam então de aprender ou de evoluir. Há sinais de desejo bastante difuso e nem sempre manifesto de uma oração mais marcante para a vida das pessoas. Sintoma disso é o interesse crescente por certos grupos, movimentos ou iniciativas que fazem propostas de oração e de práticas espirituais, novas ou recuperação das existentes nas tradições da Igreja.

Perante esta situação, faz grande sentido escolher a oração como tema orientador para a vida pastoral da Diocese. Considerando que a oração é, antes de tudo, uma relação e comunicação vital entre os fiéis e Deus, na dimensão pessoal e comunitária, escolhemos como expressão do tema a palavra

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de Jesus:”Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4). Esta frase exortativa faz parte da alegoria da videira (cf Jo 15, 1-8). Jesus designa-se a si mesmo como a “videira verdadeira” e considera os seus discípulos como “as varas”. Como estas não podem dar fruto, se não estão ligadas à videira, assim os discípulos de Jesus não darão fruto, se não estiverem unidos a Ele. A vida de Deus comunica-se aos cristãos na medida em que eles, obedecendo ao impulso do Espírito Santo, permanecem intimamente em comunhão com Jesus. É a partir desta condição que despontam os frutos, nomeadamente o cumprimento dos mandamentos e especialmente o amor recíproco, de que se fala na sequência do evangelho (cf Jo 15, 9-17).

Aquela palavra de Jesus é citada por João Paulo II na carta apostólica “À Entrada do Novo Milénio” (Novo Millennio Ineunte), ao abordar a arte da oração, isto é, uma expressão da alma crente que precisa de ser aprendida, praticada e ensinada, e a sua ligação com a pastoral. Na oração – escreve o Santo Padre – realiza-se aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). Esta reciprocidade constitui precisamente a substância, a alma da vida cristã, e é condição de toda a vida pastoral autêntica. Obra do Espírito Santo em nós, a oração abre-nos, por Cristo e em Cristo, à contemplação do rosto do Pai. Aprender esta lógica trinitária da oração cristã, vivendo-a plenamente sobretudo na liturgia, meta e fonte da vida eclesial, mas também na experiência pessoal, é o segredo dum cristianismo verdadeiramente vital, sem motivos para temer o futuro porque volta continuamente às fontes e aí se regenera (NMI 32).

O anúncio pelo Santo Padre de um especial Ano da Eucaristia, a viver desde o Congresso Eucarístico Internacional, em Outubro de 2004, ao Sínodo dos Bispos, em Outubro de 2005, vem enriquecer as perspectivas para viver e promover a comunhão com o Senhor, já que a oração cristã é inseparável da celebração da Eucaristia e encontra, tanto na celebração litúrgica como na adoração eucarística, um meio eficaz de contemplar o rosto de Cristo, de entrar na sua intimidade e de colher n’Ele a força para se tornar instrumento vivo da Sua presença de amor, de misericórdia e de paz entre os outros homens (cf. Homilia do Santo Padre na solenidade do Corpo de Cristo, L’Osservatore Romano – ed. sem. em Port., 12 Jun. 2004, pp. 1 e 12). Aliás, na tradição da Igreja já se fala da Eucaristia como “escola de oração” a par da referência à “oração do Senhor”, o Pai-Nosso, como escola em que o Senhor no ensina a entrar na intimidade com o Pai.

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Refira-se, entretanto, que a mútua permanência entre Jesus e os seus fiéis não se esgota na oração. Ela implica também, da parte do cristão, a disponibilidade e empenho por fazer a vontade de Deus na sua vida quotidiana e viver o amor evangélico na relação com os outros. O cristão permanece em Jesus, tanto quando reza como quando conforma a sua vida com Ele, orientando-se pelo Evangelho no trabalho, na família, no convívio social e em todas as circunstâncias.

O tema deste ano liga-se facilmente aos dos anos passados: à mensagem de que “Deus gosta de falar com os homens”, correspondem estes mediante a escuta e a oração, entrando no diálogo com Ele; “nas celebrações da fé”, que são formas comunitárias de oração, “vivemos as maravilhas de Deus” e ficamos mais intimamente unidos a Ele e a Seu Filho; “como Eu vos fiz”, isto é, como vos amei e Me relacionei convosco, “fazei vós também”, diz Jesus; quer dizer, correspondei vós mesmos, com confiança e generosidade, a esta minha iniciativa, entrando na comunhão comigo: permanecei em Mim, para que Eu permaneça verdadeiramente em vós. É a presença do Senhor em nós que nos permite viver e agir como Ele e unir-nos ao Pai, no Espírito.

A oração e a educação para ela apresentam-se hoje como empenhos de grande actualidade e necessidade para a vida pastoral. Sem uma oração profunda, capaz de encher as suas vidas, perante as numerosas provas que o mundo actual põe à fé, os fiéis seriam não apenas cristãos medíocres, mas ‘cristãos em perigo’: com a sua fé cada vez mais debilitada, correriam o risco de acabar cedendo ao fascínio de ‘sucedâneos’, aceitando propostas religiosas alternativas e acomodando-se até às formas mais extravagantes de superstição (NMI 34). Porque é necessário aprender a rezar e dada a situação de risco de tantos cristãos que se contentam com uma oração superficial, é preciso – afirma o Papa – que a educação para a oração se torne, de um modo ou de outro, um aspecto qualificativo de toda a programação pastoral (NMI 34).

O Sínodo Diocesano, entre os meios para renovar a fé, menciona a oração pessoal e comunitária, afirmando: O crente, sob o impulso do Espírito, ouve e dialoga com Deus e experimenta a comunhão com o Pai celeste. Depois, cita João Paulo II, onde este refere ser necessário aprender a rezar e tornar as comunidades autênticas ‘escolas’ de oração (cf NMI 32.34), e sublinha que é preciso cultivar e aprofundar experiências de oração e de meditação da palavra de Deus (Orientações Sinodais, 34; sigla OS). Por fim, recomenda a vivência da espiritualidade da comunhão entre as pessoas e nas comunidades, a partir

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da ligação profunda com o mistério da Santíssima Trindade (OS 60). As celebrações da fé constituem espaços e instrumentos da comunhão (OS 61).

3. Objectivos1. Melhorar a prática da oração pessoal e comunitáriaCultivar, mediante a experiência prática e o aprofundamento doutrinal, a

“arte da oração”, tanto na vida de cada pessoa como nas variadas comunidades cristãs (religiosas, paroquiais e outras), de modo que dela brote a linfa vital para os compromissos pastorais e o testemunho no mundo (cf NMI 34).

2. Tornar as comunidades ‘escolas’ de oraçãoFazer da educação, teórica e prática, para a oração um aspecto

qualificativo de toda a programação pastoral (cf NMI 34), tomando como referências incontornáveis as “escolas de oração” que são a Eucaristia e o “Pai-Nosso”.

3. Proporcionar experiências e caminhos de crescimento espiritualCorresponder, mediante iniciativas pastorais oportunas e pedagogicamente

cuidadas, à generalizada exigência de espiritualidade, manifestada na necessidade crescente de oração em numerosas pessoas.

4. Linhas de acção pastoral:1. Promover o estudo e a catequese de jovens e adultos sobre a oração

com base na IV parte do Catecismo da Igreja Católica e noutros instrumentos adequados. No que se refere ao Ano da Eucaristia, será oportuna a reflexão sobre a encíclica A Igreja vive da Eucaristia, do Papa João Paulo II.

2. Na catequese da infância e adolescência cuidar da educação para a oração, também com experiências práticas, valorizando o que existe nos catecismos e aproveitando particularmente a preparação próxima para as celebrações previstas pelo itinerário catequético.

3. Os pastores, educadores e animadores de grupos e comunidades cultivem pessoalmente a arte da oração, de modo a que, tendo aprendido a rezar por experiência própria no diálogo com o Senhor Jesus, se tornem mais aptos a ensinar outros como o Mestre ensinou aos discípulos (cf Lc 11,2).

4. Promover acções de formação, retiros e outras iniciativas a nível paroquial, vicarial e diocesano, ou nos movimentos (sem prejuízo das temáticas e sensibilidades específicas), de modo a ensinar as pessoas a rezar, também com experiências práticas consistentes.

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5. Aproveitar o guião de formação em grupo, sobre a liturgia, a publicar pelo Centro de Formação e Cultura para constituir grupos de catequese de adultos.

6. Valorizar e aproveitar o contributo carismático que podem dar os grupos, movimentos e associações eclesiais, com as suas iniciativas e pedagogias, para o desenvolvimento da arte da oração nos fiéis. O mesmo se diga das comunidades religiosas, especialmente, as de vida contemplativa.

7. Tomar iniciativas em ordem a tornar as comunidades autênticas escolas de oração, onde esta permeia o ambiente comunitário e constitui o suporte espiritual tanto para os múltiplos compromissos pastorais como para o testemunho no mundo (cf NMI 33-34). A Bíblia e a Liturgia são meios pedagógicos insubstituíveis.

8. Com sabedoria e pedagogia, introduza-se a arte da oração em todas as iniciativas pastorais, desde os momentos de catequese aos de anúncio do evangelho, das reuniões administrativas à preparação das festas populares.

9. Cuide-se da harmonia e ambiente de silêncio nos espaços destinados à oração, tanto as igrejas como os pequenos oratórios, de modo a dotá-los das condições que favoreçam o diálogo e a união com Cristo.

10. Incentivem-se e ajudem-se as famílias a praticarem a oração e a serem para os seus membros, sobretudo em relação aos filhos, educadores na “arte da oração”. Recomende-se que, na sua casa, cada família tenha o seu espaço apropriado para que nele se reúna com frequência para a oração. A Bíblia, o crucifixo e uma bela imagem sagrada podem marcar esse espaço.

11. Exortem-se e ensinem-se os fiéis a prepararem-se pessoalmente para participar com mais proveito nas celebrações litúrgicas, incentivando-os a virem com alguma antecedência para a igreja e fazerem a sua oração pessoal na casa de Deus.

12. Revalorizem-se, com o devido discernimento, as formas populares de oração e eduquem-se os fiéis para as formas litúrgicas, nomeadamente celebrando, quando oportuno, a oração de Laudes e Vésperas (cf NMI 34).

13. Nas acções de formação, qualquer que seja o seu nível, dê-se particular relevo ao desenvolvimento de competências em ordem à educação para a oração.

14. As peregrinações aos santuários, especialmente a Fátima, são ocasiões propícias para a educação para a oração e para a sua prática.

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5. Acções concretas- A Diocese, o Santuário de Fátima, Serviços e Movimentos promovem

retiros e recolecções espirituais muito úteis para o cultivo da oração e crescimento espiritual; além das iniciativas para grupos específicos, há as que se destinam ao povo de Deus: a apresentação do evangelho do ano, as meditações sobre o mistério da encarnação (Advento), sobre a paixão de Cristo (Domingo de Ramos) e sobre o Espírito Santo (Pentecostes).

- A propósito do Ano da Eucaristia, a Diocese vai promover um retiro eucarístico destinado aos agentes pastorais, que antecederá a peregrinação diocesana a Fátima.

- A vigília de Pentecostes será preparada e realizada, em acto de significado diocesano presidido pelo Bispo, em colaboração com movimentos ou associações que também a costumam realizar.

- A peregrinação diocesana a Fátima e a celebração do Corpo e Sangue de Cristo, na cidade episcopal, serão ocasiões para a educação para a oração e a prática da mesma em várias das suas formas, das populares à litúrgica, da pessoal à do grupo e da comunidade diocesana.

- Na semana de preparação para o Corpo e Sangue de Cristo, no tempo de adoração já habitual na igreja do Espírito Santo, procurar-se-á a educação e a prática de várias formas de adoração, envolvendo vários serviços e destinatários.

- Nas reuniões vicariais, a reflexão pastoral dos sacerdotes incidirá sobre formas e expressões de oração (CIgC 2626-2646; 2700-2719), a partir de um plano anual que lhes será oportunamente apresentado.

- Durante o Congresso Eucarístico Internacional, de 10 a 17 de Outubro, e em sintonia com esse acontecimento da Igreja universal, deverão promover-se algumas iniciativas de meditação, celebração e adoração, nas comunidades e a nível diocesano. Iniciativas semelhantes deverão realizar-se ao longo deste Ano da Eucaristia.

- O Secretariado Diocesano da Educação Cristã da Infância e Adolescência toma a oração como tema central em várias das suas actividades de formação de catequistas: encontro diocesano, retiro, jornadas vicariais…

- Às acções mencionadas serão acrescentadas as iniciativas e projectos dos Serviços e Movimentos, que constarão dos respectivos programas.

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6. Exortação finalAprovamos, na nossa Diocese de Leiria-Fátima, as linhas de orientação

pastoral para o ano 2004-2005 sob o sugestivo tema que é palavra de ordem: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós”.

Louvamos quantos colaboraram na redacção do texto, que agora se divulga. Não precisaremos de sublinhar que o verbo “permanecer” (do latim per+manere) significa perseverar e manter-se, até ao fim, com diligência e esforço, com sacrifício e testemunho, com alegria e esperança. Permanecer em Cristo, que é Palavra e Pão, é compreender a vida e vencer todas as dificuldades, até à vitória. O cristão que é fiel vai-se transformando em outro Cristo, para si mesmo e para toda a humanidade.

Circunscrevendo-nos ao tema do grande mistério que é a Eucaristia, poderemos, mais concretamente, pedir e recomendar alguns gestos/programas, a saber:

1. Que a Câmara Eclesiástica proceda, quanto antes, ao inventário/relatório sobre a situação/vida das confrarias/irmandades do Santíssimo Sacramento na nossa Diocese;

2. Que a Comissão Diocesana de Arte e Património Cultural faça o estudo e dê instruções sobre o estado e o modo dos sacrários e capelas do Santíssimo nas igrejas da Diocese;

3. Que o Secretariado Diocesano de Pastoral Litúrgica e de Música Sacra difunda a encíclica “A Igreja vive da Eucaristia”, faça eco do Congresso Eucarístico Mundial e do Congresso Internacional para os Presbíteros (Malta, 18-23 de Outubro);

4. Que os párocos diligenciem melhor preparação das “primeiras comunhões”, dos ministros extraordinários da comunhão, da assistência sacramental aos doentes… e todas as acções/condições do culto eucarístico, sem esquecer a possibilidade da adoração, em particular ou em grupo, ao Santíssimo Sacramento;

5. Que a Vigararia Geral e a Vigararia de Leiria, em sintonia com a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, estudem e anunciem actos e tempos de “lausperene” nas igrejas mais adequadas;

6. Que os meios de comunicação social da Igreja não deixem de informar sobre as celebrações de adoração eucarística, por exemplo as procissões em Fátima, bem como os congressos, o Sínodo dos Bispos, e as publicações/realizações mais atinentes ao grande Mistério;

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7. Que todos os serviços (Pré-Seminário, Tempo Propedêutico e Seminário, a Comissão para a Formação Permanente do Clero, o Centro de Formação e Cultura, os Secretariados, Movimentos e Obras), as nossas comunidades e cada um de nós, em caminhada de renovação sinodal, vivamos mais intensamente este ano da Eucaristia, e que os mais responsáveis (re)leiam a “Instrução sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia”.

Finalmente, fazemos votos que o ano pastoral 2004-2005, ano da Eucaristia, seja tempo profético e sacramental de salvação e de graça.

Leiria, 5 de Agosto de 2004† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Bispo de Leiria-Fátima

Nomeações EpiscopaisTendo bem ponderado e tomado conselho, achamos por bem:1 - Proceder, nos termos do Direito Canónico, à incardinação do Rev.º P.

João Rodrigues, que pertence à Congregação dos Oblatos de Maria Virgem, nesta Diocese de Leiria-Fátima, onde reside e trabalha há 16 anos;

2 - Dispensar das funções de Vigário Paroquial da Maceira, por motivos de saúde e para se poder dedicar mais a outras tarefas pastorais, na Diocese, o Rev.º P. Diamantino da Silva Maurício;

3 - Nomear Vigário Paroquial da paróquia da Maceira o Rev.º P. João Rodrigues, que tem sido interinamente encarregado das paróquias de Arrimal, Mendiga e Serro Ventoso;

4 - Aceitar o pedido de dispensa da paroquialidade de Minde o Rev.º P. Dr. Manuel dos Santos José, que fará um breve tempo sabático de tratamento da saúde, especialização na área da Teologia Espiritual e dedicação mais efectiva aos objectivos da Fundação Maria Mãe da Esperança;

5 - Nomear Pároco de Minde o Rev.º P. Dr. Albino da Luz Carreira;6 - Nomear Pároco das paróquias de Arrimal, Mendiga e Serro Ventoso o

Rev.º P. Orlandino Barbeiro Bom, que até inícios de Outubro manterá as suas funções de Capelão Militar na BA5 e RA4;

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7 - Nomear Vigário Paroquial da Sé de Leiria o Rev.º P. Doutor Augusto Ascenso Pascoal, que tem sido Pároco dos Pousos;

8 - Nomear nos termos do c. 508 o Rev.º P. Doutor Augusto Ascenso Pascoal para Pró-Penitenciário da Diocese de Leiria-Fátima, em exercício na igreja da Sé;

9 - Nomear Pároco da paróquia dos Pousos o Rev.º P. Davide Vieira Gonçalves, que nesta data exerce funções de Pároco da Bidoeira de Cima e Boavista;

10 - Nomear Pároco da Bidoeira de Cima o Rev.º P. Manuel Vítor de Pina Pedro, Pároco de Carnide;

11 - Nomear Pároco da Boavista o Rev.º P. Nelson José Nunes Araújo, Pároco das Colmeias.

Agradecemos a colaboração e a compreensão de todos, e rezamos para que a pastoral de conjunto seja uma bênção salutar na nossa querida Diocese de Leiria-Fátima, em caminhada permanente de renovação conciliar e sinodal. A “tomada de posse” ou transferência de serviços deverá efectuar-se no prazo de sessenta dias, a não ser que seja eventualmente justificado e reconhecido de outra maneira.

Leiria, 27 de Julho 2004† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Bispo de Leiria-Fátima

Nota Episcopal sobre o Euro 2004Leiria vai acolher muitos milhares de atletas, dirigentes desportivos,

jornalistas e espectadores. A todos dizemos “bem-vindos”.Esperamos que o Euro 2004, que é um desafio para todos nós, portugueses,

seja também uma vitória, não só nos estádios e na restauração, mas sobretudo na amizade e na paz.

De há muito que nos estamos preparando para bem receber todos os visitantes. As três das dezasseis equipas desportivas e seus acompanhantes terão atendimento especial. E já temos recomendado que as outras dimensões de cultura e religião não sejam esquecidas. Mas também os demais jogos vão movimentar muita gente nesta região Centro com notáveis monumentos e o Santuário de Fátima. A todos vamos receber com fidalga cidadania.

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O Euro 2004 vai ser uma festa, em que todos queremos participar. Vai ser um encontro de pessoas e de culturas em que toda a gente tem algo a receber.

Tentaremos mostrar, e demonstrar, que somos uma comunidade aberta, sem fracturas e sem fronteiras. Queremos testemunhar a riqueza da amizade e da lucidez do serviço. Sobremaneira teremos múltiplas ocasiões de pôr em comum os valores maiores que as medidas “olímpicas”.

No final da festa, concluiremos que o grande vencedor foi o humanismo, entre os grupos rivais, e entre as respectivas nações, que são células ou corpos de uma Sociedade plural e solidária.

Sabemos que a competição gera e gere interesses. Também não ignoramos que os atletas e os dirigentes investem para o êxito. Mas a vitória não conta só os resultados do jogo. Para além do relacionamento e da criatividade o engenho da harmonia é que oferece a obra de arte, partilhada e aplaudida pelos espectadores.

Que o Euro 2004 seja um bom sinal do Portugal positivo, e seja uma bênção para toda a humanidade.

Leiria, 1 de Junho de 2004† D. Serafim Ferreira e Silva,

Bispo de Leiria-Fátima Comunicado

Comunicado

Conselho Pastoral DiocesanoSob a presidência do Bispo D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, no dia

5 de Junho de 2004, reuniu-se no Seminário Diocesano de Leiria o Conselho Pastoral da diocese de Leiria-Fátima, constituído por representantes das diversas instâncias da Diocese.

Na abertura dos trabalhos o Sr. Bispo elegeu a mensagem do Papa João Paulo II para a celebração do 38º dia das Comunicações Sociais como um desafio que não pode ser ignorado: “Os mass media na família: um risco e uma riqueza” – é um tema oportuno, dado que convida a uma reflexão sóbria sobre o uso que as famílias fazem dos meios de comunicação e,

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em contrapartida, do modo como os mass media tratam as famílias e as solicitudes familiares.

De seguida foram apresentadas em primeira-mão as Linhas de Orientação Pastoral para 2004/2005. Concluindo o percurso dos três anos anteriores, em que cada uma das partes do Catecismo da Igreja Católica é referência para a acção pastoral, este ano o tema é a “oração na vida cristã”.

“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós “ (Jo 15,4), será a mensagem de referência que permitirá a unidade e identidade na acção de toda a Diocese no próximo ano pastoral.

A reflexão que, em seguida, se desenvolveu, centrou-se no enriquecimento da Proposta para o Projecto Diocesano de Pastoral. As Orientações Sinodais do último Sínodo Diocesano, apontam a necessidade de um Plano de Pastoral, que dê continuidade e aplicação metódica e sistematizada às conclusões da reflexão sinodal. Constituído um grupo de trabalho e elaborada uma proposta, a primeira fase de desenvolvimento do Projecto está concluída, com a apresentação da Proposta para o Projecto Diocesano de Pastoral: “Orientações Fundamentais”, cuja qualidade e valor foi reconhecida pelo Conselho.

O Conselho reforça a importância do envolvimento de toda a Diocese nas fases seguintes de desenvolvimento do Projecto e sua implementação. Recomenda o acompanhamento de todas as paróquias, serviços, movimentos e comunidades no trabalho futuro.

Dada a importância para a acção da Igreja no futuro e a oportunidade, foi ainda efectuada uma breve análise da Concordata de 2004, assinada no passado dia 18 de Maio entre a Santa Sé e a República Portuguesa.

Como nota final, o Conselho deixa uma palavra a toda a Comunidade Diocesana, sobre a oportunidade que constitui o Euro 2004, evento de reconhecido relevo na sociedade Portuguesa, para que cada cristão e as comunidades locais possam dar testemunho com o exercício dos valores da tolerância, promoção da paz e efectivo acolhimento dos visitantes.

O Conselho faz votos de que as vidas de todos os que passem pela Diocese de Leiria-Fátima, por ocasião do Euro 2004, sejam tocadas por algo mais que o acontecimento desportivo.

Secretariado Permanente

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Secretariado Diocesano da EducaçãoCristã da Infância e AdolescênciaRelatório das actividades 2003/2004

I – APRESENTAÇÃO

No final do ano catequético, o Secretariado Diocesano da Educação Cristã da Infância e Adolescência da diocese de Leiria-Fátima, com este Relatório, torna pública a sua actividade catequética e avalia todo o trabalho realizado, para que melhor se possa planificar o próximo ano.

Este serviço diocesano reconhece que, com o efectivo que tem e com a falta de um director com mais disponibilidade, não conseguiu responder suficientemente aos desafios da Diocese. Apesar de tudo, é de louvar o empenho da equipa que, com poucos braços, imprimiu grande dinamismo.

A catequese continua com muitas fragilidades e pouca comunhão diocesana; e a maior dificuldade é a falta de catequistas suficientemente preparados e com testemunho cristão. Move-nos o Espírito, a Alma da Catequese na Igreja, que queremos servir, embora com todas as limitações. Desafiamos as vigararias a construirem mais comunhão e a acompanharem mais os catequistas e os pais. Que a catequese construa a comunhão eclesial e que essa comunhão nos comprometa nas comunidades.

II – ACÇÕES REALIZADAS NO ANO PASTORAL 2003 - 2004

1 - Encontro Diocesano de CatequistasRealizou-se a 28 de Setembro, com cerca de 250 catequistas. O tema

escolhido – Catequista que vive em relação faz comunhão – foi apresentado de forma viva e prática, pelo padre Rui Acácio Ribeiro.

Serviços e Movimentos

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2 - Escola Diocesana de Catequistas Funcionou quizenalmente, ao longo do ano, em 16 serões, incluindo

a abertura e o encerramento. O Secretariado Diocesano determinou que a escola se voltasse mais para formação específica dos catequistas, na área da catequese. Por isso, na sequência do ano passado, foram leccionados: o Curso de Iniciação Catequística “Mensageiros da Boa Nova”, o Curso de Iniciação Catequística, edição do Secretariado Nacional, a que chamamos “Curso Médio de Catequistas” e o “Curso Geral”. Este, para os catequistas que já tenham feito, com aproveitamento, os anteriores cursos. Os dois primeiros cursos foram orientados pela Equipa do Secretariado e o Curso Geral foi pela Irmã Raúla Margarida, Irmã Reparadora do Sagrado Coração de Jesus, que desenvolveu a área de psicologia. Participaram cerca de cento e oitenta catequistas.

3 - Cursos de Iniciação CatequísticaRealizaram-se dois Cursos de Iniciação, com 140 participantes:• Texto: “Mensageiros da Boa Nova”. (Curso realizado em dois lugares:

na Escola de Catequistas, com 80 catequistas mais ou menos assíduos; na Vigararia da Batalha, em Aljubarrota, com 23 catequistas). Dos 103 participantes, fizeram exame 94 (52 com aproveitamento, 10 com exame incompleto e 32 com avaliação insuficiente).

• Texto: “Edição do Secretariado Nacional” – curso de iniciação que o Secretariado Diocesano designou de Curso Médio. Funcionou na Escola de Catequistas com participação assídua de 37 catequistas. Fizeram exame 25, dos quais 22 com aproveitamento e 3 com avaliação insuficiente..

4 - Curso Geral de CatequistasFoi niciado o ano passado, na Escola de Catequistas, com as seguintes

áreas: Pedagogia, Psicologia, Catequética e Doutrina. Depois da Pedagogia no ano anterior, prosseguiu este ano com a Psicologia. Participaram assiduamente 58 catequistas, dos quais 28 fizeram exame - 26 com aproveitamento e 2 com avaliação insuficiente.

5 - Formação espiritual O retiro para catequistas, na Quaresma, teve 52 participantes.6 - Outros O Secretariado promoveu ainda uma acção de formação para catequistas

de adolescentes, no Seminário, a 10 de Janeiro, orientada por uma equipa do Secretariado do Porto. Dado o interesse despertado, a acção foi prolongada e continuada no dia 31 de Janeiro. Nela participaram 120 catequistas.

Serviços e Movimentos

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III – ENCONTRO COM AS EQUIPAS VICARIAIS PARA A CATEQUESE

O Secretariado Diocesano promoveu, no Seminário, dois encontros com as Equipas Vicariais de Catequese, em princípio compostas pelo sacerdote delegado e dois catequistas, um da infância e outro da adolescência. Um terceiro encontro foi anulado por falta de resposta e de envolvimento.

IV – A EQUIPA DIOCESANA

A equipa conta com dez elementos, incluindo o director, todos com muito trabalho, mas cheios de vontade. As reuniões são mensais, com agenda preparada: oração, avaliação, partilha e programação e preparação de acções de formação na Escola de Catequistas, nas vigararias e nas paróquias.

V – AVALIAÇÃO GLOBAL

A Equipa diocesana reuniu-se a 17 e 24 de Junho, para avaliação do ano findo e planificação do próximo. Globalmente, concluiu:

Aspectos positivos: há muito trabalho embora seja limitada a capacidade de resposta; a afluência à Escola de Catequistas foi boa; algumas Jornadas Vicariais corresponderam aos objectivos. De salientar: a coragem, a disponibilidade e o sentido eclesial de muitos catequistas.

Aspectos negativos: pouco empenho nas equipas vicariais, patente na falta de participação nos encontros; algumas paróquias não se empenham na formação de catequistas; os sacerdotes mostram dificuldades na pastoral catequética; há necessidade de mais diálogo entre as paróquias e o Secretariado; a Catequese precisa duma grande e imediata reestruturação.

VI – A CATEQUESE QUE TEMOS Há limitações que reclamam respostas atempadas e de qualidade:1. A equipa formadora tem poucos elementos.2. É notória a dificuldade em fazer da catequese uma escola de fé, vivida

no quotidiano.

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3. Predominar a preocupação pelo “saber” conteúdos sobre a vida cristã e a inserção e co-responsabilidade eclesiais.

4. A participação das crianças e adolescentes na vida das comunidades é reduzida e diminui na Eucaristia e outros Sacramentos.

5. A maior parte dos catequistas carece de formação e alguns dão pouco testemunho de vida.

6. Muitas paróquias não têm os dez anos de catequese, o que cria divisões e prejudica a comunhão, nomeadamente no que respeita ao Crisma.

VII – PROPOSTAS

1. Que os padres acompanhem mais os catequistas e promovam a colaboração dos pais e educadores na catequese.

2. Maior incentivo aos catequistas na formação específica e contínua.3. Continuaremos a responder aos pedidos das Vigararias na realização de

cursos de Iniciação e Médio.4. Às paróquias que não fazem os dez anos de catequese, o Secretariado

pede insistentemente que assumam o programa aprovado pela Conferência Episcopal Portuguesa.

5. No próximo ano, sobretudo nas acções de formação, o Secretariado terá em conta o tema pastoral proposto pela Diocese “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós”(Jo 15,4. )

Uma vez que a catequese é um serviço dos mais importantes na Igreja, continua a mover-nos a coragem de servir e a esperança duma Igreja acolhedora e mais próxima de todos os grupos etários.

Julho de 2004Pe. Augusto Gomes Gonçalves

Director do SDECIA

Serviços e Movimentos

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Pastoral do Povo CiganoPrograma de Actividades 2004-2005

1 – Espírito da equipa de trabalho com o Povo CiganoJesus optou pela unidade como mística de felicidade: “Permanecei em

Mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4); “Que todos sejam um, como Eu e Tu, ó Pai, somos um” (Jo 17, 11); “Haverá um só rebanho e um só Pastor” (Jo 10, 16); “Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15, 5).

O Povo Cigano faz parte da família de Deus: “O Povo de Deus no deserto andava; mas, à sua frente, alguém caminhava. Também sou teu povo, Senhor, e estou nesta estrada; somente a Tua graça me basta e mais nada”.

A equipa de voluntários da Pastoral dos Ciganos é constituída por oito elementos. A população cigana engloba à volta de sessenta famílias, sitas em Leiria, Porto de Mós e noutras localidades, de forma dispersa.

2 – Missão do grupo da Pastoral do Povo CiganoNo campo social: Estudo e análise das necessidades bio-psico-sociais das

famílias visitadas; completar o seu ficheiro biográfico, com as respectivas fotografias; procurar respostas concretas para as necessidades, segundo o grau de prioridades e os fundos possíveis.

No campo humanitário: Luta decisiva por habitações mais dignas, junto das autoridades do foro civil e religioso, da Caritas, das fábricas de materiais de construção e da comunicação social; procura de melhor sanidade, a todos os níveis; ajuda na obtenção ou actualização dos documentos pessoais; ser um pouco a sua voz junto das autoridades.

No campo cultural: Insistir para que as crianças frequentem a escola; procurar a alfabetização dos adultos; estimular actividades lúdicas, passeios e festas de convívio.

No campo religioso: Evangelização aquando da visita às famílias ciganas; catequese segundo o programa pastoral da Diocese; aquando da visita domiciliária, serão distribuídos igualitariamente alguns géneros alimentícios; inserir as crianças, na medida do possível, nos centros de catequese locais; preparação para o Baptismo e outros sacramentos; celebrações ocasionais nos tempos fortes da Liturgia, como Finados, Natal e Páscoa; acompanhar de

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perto os momentos mais fortes da vida familiar, na doença, na hospitalização, no casamento, na morte, na prisão, etc.; comemorar o dia do cigano; visitar os ciganos presos e aproveitar a ocasião para contactar com as suas famílias; passar pelo mercado de quando em vez, para assim ser possível maior contacto com o povo cigano; acompanhar mais de perto e com assiduidade os ciganos que frequentam Fátima na quadra do Verão; aproveitar o clima de bom relacionamento existente entre o nosso grupo e o povo cigano para fazer mais e melhor.

3 – Abertura oficial do Ano Pastoral 2004/2005 do Povo CiganoEsta abertura será estudada até ao pormenor e envolverá a nossa equipa,

bem como o poder local, a imprensa regional e a associação dos ciganos recém criada: “CIGLEI”.

Os objectivos são: Sensibilizar a opinião pública para a situação do Povo Cigano; angariar fundos para as suas carências; contribuir para a sua maior integração na sociedade.

Leiria, 5 de Julho de 2004

Pastoral Carcerária – “Os Samaritanos”Actividades para 2004-2005

Com o lema “Para uma vida com sentudo”, a Pastoral Carcerária e a Associação de Visitadores “Os Samaritanos” assumem uma tríplice missão: Interactuante (acção de entreajuda), Coactuante (acção de conjunto) e contractuante (gerir a rejeição quer construtiva quer destrutiva).

1 – Campo Social1.1 – “Os Samaritanos” estarão atentos às necessidades bio-psico-sociais

e estudarão a maneira de responder às carências detectadas.1.2 – Calendarização das respostas concretas às necessidades, segundo o

grau de prioridades e os fundos existentes.1.3 – As áreas de intervenção serão estudadas, distribuídas e apreciadas

na reunião mensal dos visitadores.

Serviços e Movimentos

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2 - Campo Humanitário2.1 – Motivar os reclusos para encontrarem resposta para as interrogações

fundamentais do ser humano: Viver porquê? Para quê? Como? Que valores cultivar para viver com dignidade?

2.2 – Como a melhor teoria é uma boa prática, criar acções concretas através de algumas actividades, como:

2.2.1 – Intercomunicação epistolar com grupos de jovens, de catequese, de cursistas e de noivos de diferentes paróquias da Diocese.

2.2.2 – Para melhor coordenação desta iniciativa: os visitadores serão a ponte entre os emissores e os receptores das cartas; haverá uma lista de voluntários e de possíveis destinatários da comunicação.

2.2.3 – Na capela existirá uma caixa de correio. Nela quem quiser pode apresentar questões, dúvidas, expectativas e desejos. Em tempo oportuno será dada a resposta por pessoa especializada no assunto.

2.2.4 – Intensificar o contacto com a família e melhorar o relacionamento com ela.

2.2.5 – Os não baptizados contactarão previamente os seus possíveis padrinhos.

3 – Campo Cultural3.1 – Continuar a privilegiar o teatro, os concursos de desenho, poesia,

prosa e outros trabalhos manuais.

4 – Campo Religioso4.1 – Animar a celebração da Eucaristia: participação de grupos de jovens

das paróquias; celebração da festa do perdão, da vida, da reconciliação, da luz, da liberdade, da palavra, da fé e do Pai-Nosso.

4.2 – Intensificar o amor à Eucaristia: adoração do Santíssimo Sacramento, ocasionalmente; retiro espiritual, como preparação para os sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Comunhão e Confirmação).

4.3 – Contribuir para a unidade nos estabelecimentos prisionais: abertura oficial do Ano Pastoral 2004/2005 com a participação das diversas áreas de intervenção nos respectivos estabelecimentos prisionais.

4.4 – Celebração comunitária do Natal e Páscoa, com visita aos pavilhões no dia dos Reis Magos e no domingo de Pascoela, abrangendo o pessoal de serviço e os senhores guardas. Nesta acção entram outros cristãos devidamente autorizados, além dos visitadores.

Serviços e Movimentos

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4.5 – Serviço de Evangelização: reuniões semanais de cariz doutrinal nos pavilhões; dois encontros anuais de formação, a fim de os visitadores se tornarem mais aptos para a sua missão.

4.6 - Serviço de apoio à evangelização: oferecer catecismos, bíblias, terços, postais com mensagens, etc.; dádiva de coisas de primeira necessidade (produtos de higiene, rádios, roupa, cartas, selos, etc.); colaboração no encaminhamento para comunidades terapêuticas, de hospedagem, integração profissional e social.

O programa apresentado será executado em estreita ligação com as direcções dos dois estabelecimentos e sempre que possível em cooperação com os serviços de educação e de reinserção.

O presente programa é extensivo a ambos os estabelecimentos prisionais e à zona feminina do EPRL, com as necessárias adaptações.

Leiria, 30 de Junho de 2004

Movimento dos Convívios Fraternos Relatório de Actividades

INTRODUÇÃOOs Convívios Fraternos (CF) que celebram 10 anos de existência na

Diocese de Leiria são um movimento de jovens católicos que, de acordo com a orientação e directrizes da Igreja, se propõem viver, anunciar e testemunhar a Boa-Nova de Jesus Cristo como oportunidade de realização individual, familiar e social.

Depois de participem num CF e aderirem livremente ao projecto, os jovens são auxiliados na caminhada por alguns meios de perseverança à sua disposição. O CF dura três dias e é liderado por uma equipa jovem e um director espiritual que procuram responder ao desafio de Paulo VI - que os jovens sejam apóstolos dos jovens.

Com o testemunho de vida, abertura e diálogo cria-se um ambiente de reflexão e partilha em grupo que proporciona uma experiência de vida cristã e comunitária. Em total liberdade e respeito de opinião, o jovem, de qualquer condição social, é convidado a participar na oração e a responder

Serviços e Movimentos

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ao apelo de Jesus Cristo como modelo na vida privada, familiar e social, com todas as exigências e consequências. Sobre a base da força de um ideal e do dinamismo da esperança, desenvolve-se a sensibilidade para a defesa da dignidade e direitos da vida humana e para o contributo generoso na eliminação dos factores de injustiça e de miséria. Ao mesmo tempo, cria-se a consciência da necessidade da vivência sacramental na comunidade eclesial, para atingir esses objectivos.

O presente Relatório de Actividades e Contas, dá a conhecer, de forma breve, a actividade dos Convívios Fraternos (CF) de Leiria em 2003/2004, e apresenta uma previsão do que virá a realizar-se em 2004/2005, em quatro partes fundamentais:

1) - Actividades realizadas no ano pastoral 2003/20042) - Constituição da equipa3) - Calendarização de actividades para 2004/20054) - Relatório de contas do ano 2003/2004 e previsão para 2004/2005 1

1) ACTIVIDADES REALIZADAS

13 e 14 de Setembro de 2003 - Convívio Nacional Foi o XXX Encontro Nacional e teve lugar em Fátima, subordinado ao

tema “Rosário, Força da Paz”. Participaram Jovens e Casais dos CF de todas as dioceses do País, incluindo a Madeira, e uma representação da Suíça. No Ano do Rosário (2003), deu-se realce à meditação dos Mistérios.

01 de Novembro de 2003 - 4º Pós-Convívio do CF 880Um ano depois do CF 880, dia por dia, realizou-se o 4º e último Pós-

Convívio para os jovens que nele participaram. Nas instalações do Seminário, o encontro desenvolveu-se à volta do que foi e se esperava viesse a ser o seu 4º dia, reforçando a necessidade de compromisso e envolvimento cristão.

08 e 09 de Novembro de 2003 - Formação para EquipaNas instalações da Cáritas, o encontro procurou reforçar o convívio e o

conhecimento dos membros da equipa, em momento de paragem e reflexão pessoal. Outro objectivo foi a preparação do próximo CF de Dezembro.

1 Não publicamos o ponto 4), por não ser relevante nesta revista.

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28 de Novembro a 01 de Dezembro de 2003 - CF 919Realizado no Seminário de Leiria, o CF 919 contou com 29 jovens: 6

jovens da paróquia de Santa Catarina da Serra; 5 jovens da paróquia de Milagres; 5 jovens da paróquia de Regueira de Pontes; 3 jovens da paróquia de Amor; 2 jovens da paróquia de Marrazes; 6 jovens das paróquias de Azoia, Caranguejeira, Juncal, Marinha Grande, Meirinhas e Leiria; 2 jovens de fora da Diocese, um de Pombal e outro da Maia.

07 de Março de 2004 - 1º Pós-Convívio de CF 919Três meses após o CF 919, os mais recentes Convivas tiveram o seu 1º

Pós-Convívio, no Seminário de Leiria, sobre o Sacramento do Baptismo.

09 de Maio de 2004 - 2º Pós-Convívio do CF 919O 2º Pós-Convívio do CF 919 teve por tema a Eucaristia. Por causa do

mau tempo a actividade prevista para o exterior foi adaptada para o interior do Seminário, com apresentação e discussão do tema, almoço, passagem de um filme e celebração da Eucaristia.

06 de Junho de 2004 - Convívio DiocesanoO VI Convívio Diocesano teve lugar neste dia, em São Pedro de Moel,

com o objectivo de proporcionar convívio, reflexão e descoberta. Merece destaque o intercâmbio com os 20 Convivas da Diocese de Aveiro convidados a juntar-se aos 40 de Leiria numa reflexão sobre a mensagem de João Paulo II aos jovens “Queremos ver Jesus”. As actividades iniciaram-se com uma pista como meio lúdico de intensificação do conhecimento mútuo e do despertar para a mensagem do Papa. A tarde foi preenchida com momentos de reflexão e com a celebração da Eucaristia na Igreja de São Pedro.

03 de Julho de 2004 - 3º Pós-Convívio do CF 919 Decorreu o 3º Pós-Convívio do CF 919 sobre a Penitência. Ao longo de

uma caminhada na serra, junto a Porto de Mós, viveu-se este sacramento, em cada um dos seus momentos.

2) CONSTITUIÇÃO DA EQUIPANeste ano pastoral, a equipa diocesana que conheceu novos rostos e viu

partir alguns elementos, é assim constituída: Pe. José Augusto P. Rodrigues

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(Marinha Grande); Pe. Vitor Mira (Regueira de Pontes); Amândio Santos (Santa Catarina da Serra); Carlos Santos (Golpilheira); Carolina Carvalho (Golpilheira); Elsa Inês (Gândara dos Olivais); Eulália Filipe (Vieira de Leiria); Ezequiel Gonçalves (Pousos); Filomena Rodrigues (Pousos); Guida Alexandre (Barreiros); Guida Brás (Parceiros); Helder Ribeiro (Loureira); Hugo Menino (Azoia); Humberto Santos (Barreiros); Leonel Lavos (Vieira de Leiria); Márcio Bom (Casal dos Claros); Maria Natal Gaspar (Barreiros); Mónica Baptista (Santa Catarina da Serra); Natália Manso (Caranguejeira); Paulo Adriano Santos (Calvaria de Cima); Sandra Caseiro (Marrazes); Sandra Jorge (Amor); Sónia Duarte (Amor).

3) CALENDARIZAÇÃO PARA ANO PASTORAL 2004/2005

Algumas actividades já têm dia marcado, outras apenas o mês.

11 e 12 de Setembro de 2004 – XXXI Convívio Nacional Em Fátima, sob o tema “Com Maria, Amor na Família”. Presidirá o Sr. Bispo de Bragança.

Outubro de 2004 - Formação Espiritual da Equipa Uma aposta na formação espiritual da Equipa Diocesana.

29 de Outubro a 1 de Novembro de 2004 - Convívio Fraterno O seu número só será conhecido na altura. Por ora designa-se CF-Novo.

28 de Novembro de 2004 - 4º Pós-Convívio do CF919Um ano depois do CF 919, realiza-se o seu 4º e último Pós-Convívio.

Janeiro de 2005 - 1º Pós-Convívio CF-NovoPara os jovens que participarem no CF de Novembro de 2004.

Abril de 2005 - 2º Pós-Convívio do CF-Nov.Para os jovens que participarem no CF de Novembro de 2004.

Maio ou Junho de 2005 - Convívio DiocesanoConvívio Diocesano, no desejo de unir os Convivas da Diocese.

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Escola de Formação Teológica de Leigos

Disciplinas do ano lectivo 2004/05

1. Curso Geral de Teologia (Seminário: 19h00-21h00)

- 1º Semestre: Segundas: Teologia Fundamental, Pe. Jorge Guarda - 1º Semestre: Quartas: Antropologia Teológica, Dra. Belmira Sousa

- 2º Semestre: Segundas: Mistério de Deus, Pe. António Samelo- 2º Semestre: Quartas: Introdução à Bíblia, Pe. Virgílio Antunes

2. Formação específica (Seminário, Quintas: 21h00-23h00)

- 1º Semestre: A educação como projecto antropológico, Dr. José Maria- 2º Semestre: O discurso da Fé, Pe. Augusto Pascoal

3. Curso Pensar a Fé (nas cidades, 21h00-23h00)

Marinha Grande (Segundas)- 1º Semestre: Introdução aos Sacramentos, Pe. Carlos Cabecinhas - 2º Semestre: Introdução ao Mistério de Cristo, Pe. Anacleto Oliveira

Leiria (Quartas)- 1º Semestre: Introdução ao Mistério de Cristo, Pe. Anacleto Oliveira - 2º Semestre: Introdução aos Sacramentos, Pe. Carlos Cabecinhas

Ourém (Sextas)- 1º Semestre: Introdução à leitura da Bíblia, Pe. Virgílio Antunes- 2º Semestre: Introdução à Doutrina Social da Igreja, Pe. Luís Inácio João

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“Tarde Te amei”, em OurémO Cine-Teatro de Ourém acolheu, no passado dia 28 de Maio, a peça

“Tarde te Amei” que traça o percurso de Santo Agostinho até à sua morte em 430. Assinada por Américo Frias, a obra foi representada com encenação de Mário Catarino e a participação dos grupos de teatro do Grupo Desportivo Sobralense, Grupo Desportivo e Cultural de Seiça, Grupo Cultural, Desportivo e Recreativo Bairrense e do Centro Cultural e Recreativo de Pêras Ruivas. “Tarde te Amei” entrou depois numa digressão que inclui Leiria, Fátima, Freixianda e Caxarias.

Recital comemorativo da criação da dioceseNo passado 22 de Maio, o auditório Miguel Franco, no Mercado Santana,

em Leiria, acolheu o recital “Da poesia cantada à força das palavras agostinianas”. No Ano Agostiniano, o espectáculo evocou a criação da diocese de Leiria, no dia preciso em que se contavam 459 anos da sua fundação. Manuela Moniz, no canto, Lucian Luc, ao piano, e a companhia leiriense Te-ato, na dramatização, foram os intérpretes de um recital que teve o patrocínio do Cabido da Catedral e o apoio da Câmara de Leiria.

“Música em Leiria” evoca presença dos AgostinhosA igreja de São Pedro, em Porto de Mós, acolheu em 27 de Maio, um dos

concertos do Festival Música em Leiria. Executado pela Orquestra de Sopros da Escola de Música do Orfeão de Leiria, integrou uma obra original do seu maestro, Alberto Roque, intitulada Servus Tuus Humilis, dedicada a Santo Agostinho, no âmbito dos 1650 anos do seu nascimento. Deste modo, foi evocada a presença da Congregação dos Agostinhos Descalços Portugueses em Porto de Mós. Este concerto voltou a ser apresentado no dia da dedicação da Catedral, dia 13 de Julho, em Leiria.

Nota históricaEm Portugal, os Agostinhos agrupavam-se sob as designações de Cónegos

Regrantes de Santo Agostinho, Eremitas de Santo Agostinho e Agostinhos Descalços, com conventos masculinos e femininos. No território da diocese

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de Leiria estiveram os três ramos masculinos: os Cónegos Regrantes, em Leiria, desde meados do século XII até à criação da Diocese; os Eremitas em Leiria, desde 1576, no convento de Santo Agostinho; e os Descalços em Porto de Mós, desde 1676. Sobre estes deixamos algumas notas.

A Congregação dos Agostinhos Descalços, criada em 1664 pelo padre Manuel da Conceição, com o apoio da rainha D. Luísa de Gusmão, teve em Porto de Mós o Convento do Bom Jesus, fundado em 1676 na ermida do Bom Jesus que antes terá sido leprosaria dedicada a Santo André. A sua criação inseriu-se num conjunto assinalável de fundações de conventos, colégios e hospícios em Portugal e no Ultramar, entre 1665 a 1756. Exíguo, o convento logo foi acrescentado, incluindo a nova igreja de São Pedro, iniciada em 1691 e acabada em 1694. A lei geral que aboliu as ordens religiosas extinguiu o convento em 1834 mas não terminou a sua influência na região. Como a velha matriz de São Pedro ameaçava ruína, a paróquia transitou para o convento do Bom Jesus entretanto devolvido. Em 1875, a transição tornou-se definitiva por demolição da matriz situada na actual praça da República e noticiada desde o século XIII. Por sua vez, a igreja do convento que escapara ao incêndio que devorou quase totalmente o resto dos edifícios, permanecia e viria a conhecer grandes obras em 1976, sob a direcção do arquitecto Camilo Korrodi. (Pe. Armindo Janeiro)

Festival de Teatro da Alta Estremadura Até ao final de Maio, o VI Festival de Teatro da Alta Estremadura,

este ano inspirado na figura de Santo Agostinho, apresentou-se em vários palcos da região. O município da Batalha recebeu no dia 26, um destes espectáculos. A igreja do Mosteiro de Santa Maria da Vitória foi o local privilegiado para “Ao Encontro da Luz”, peça encenada pelo conhecido Norberto Barroca, do Teatro Experimental do Porto, e apresentada pelo Sport Operário Marinhense.

Comemoração do baptismo de S. AgostinhoNo passado dia 16 de Junho, na igreja de Santo Agostinho, em Leiria, os

alunos do 9º ano do Colégio de Nossa Senhora de Fátima levaram à cena “Agostinho: um coração inquieto”, evocação do baptismo de Agostinho, celebrado por Santo Ambrósio na catedral de Milão, na vigília pascal de 24

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para 25 de Abril 387. Com o santo foram também baptizados o seu amigo Alípio e o seu filho Adeodato.

Nota históricaO encontro de Agostinho com Ambrósio viria a influenciar a cultura dos

séculos futuros. Neles dialogam duas sensibilidades do Império Romano: a europeia (Ambrósio nasceu na actual Alemanha) e a africana. Em 384, Agostinho, influenciado pelos maniqueus, vai para Milão, sede da corte imperial e capital ocidental do Império, para ocupar o cargo oficial de professor de retórica. Uma das suas primeiras tarefas terá sido um discurso de homenagem a Ambrósio. Este acolheu-o com benevolência paternal e – admite – começou a amá-lo. Agostinho, tocado pela personalidade e carisma do bispo, seguia a sua pregação e dava passos em direcção à fé cristã. De Ambrósio aprende a interpretação do Antigo Testamento e a falsidade do maniqueismo. Depois da inteligência faltava a conversão da vontade. Em Julho de 386, ouvindo Simpliciano, padre milanês muito estimado nos círculos eruditos, relatar a conversão e a profissão de fé de um intelectual de Roma, de nome Vitorino, Agostinho faz uma escolha radical e decide-se a cortar com o passado.

Com Mónica, Alípio, o filho Adeodato e alguns amigos, Agostinho retira-se para Cassicíaco, nas proximidades da cidade, para uma casa disponibilizada por Verecundo, também mestre de retórica em Milão. Aí passa o tempo entre conversas, orações e meditações, num jeito monástico que o acompanhará até ao fim dos seus dias. No Inverno de 387 regressa a Milão para dar o nome e se juntar aos que se preparavam para o baptismo. A preparação próxima era conduzida pessoalmente por Ambrósio. Na noite pascal, de 24 para 25 de Abril, recebe o baptismo e confessa: “fomos baptizados, e abandonou-nos a preocupação pela vida passada”. (Conf IX, 14). (Pe. Armindo Janeiro)

A Diocese no dia do seu padroeiro27 e 28 de Agosto, festas de Santa Mónica e de seu filho, Santo Agostinho.

Datas importantes para a Diocese de Leiria-Fátima. A 27 foi inaugurada uma exposição de pintura sobre as Confissões, na igreja dedicada ao seu autor. No dia 28, na mesma igreja, o Sr. D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, presidiu à Eucaristia da festa do Padroeiro da Diocese.

A organização do Ano Agostiniano quis assinalar esta data com o dom

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de um conjunto de telas sobre as Confissões, que passam a valorizar aquele templo da cidade de Leiria. Neste sentido, pediu à pintora Irene Gomes que criasse um quadro sobre cada um dos treze livros das Confissões: doze para as capelas laterais e o um outro, de maiores dimensões, para a capela-mor onde terá já existido uma pintura que as vicissitudes os tempos fizeram desaparecer. Tudo se tornou possível graças à benemerência dos seguintes patrocinadores: o Millennium BCP que ofereceu o retábulo; Beatriz Godinho, Cabido da Sé de Leiria, Edifício Comercial o Paço, Farmácia Higiene, Farmácia Sanches, Fundação Arca da Aliança, Joaquim Fonseca da Silva, Junta de Freguesia de Leiria, Maria Hercília Zúquet, Montepio Geral, Santuário de Fátima e Verde Pino que ofereceram os restantes quadros, respectivamente.

De 28 de Agosto a 14 de Novembro é possível a visita guiada e a aquisição do catálogo das obras já colocadas no seu lugar.

Próximos eventos• 18 de Setembro - Concerto pela Banda Juvenil da Academia de Música

da Banda de Ourém (Claustros da Sé de Leiria, às 21h30)• 1 de Outubro - Teatro sobre Santo Agostinho: Tarde Te Amei, pelo

grupo de teatro de Ourém (Colégio Conciliar Maria Imaculada, Cruz da Areia, às 21h30)

• 2 de Outubro- 15h00: Abertura da Exposição de Arte Sacra sobre Iconografia Trinitária

na Igreja de São Pedro, Leiria. (Estará patente ao público, das 14h30 às 18h30, todos os dias até 10 de Novembro 2004, com entrada livre)

- 16h00: Apresentação do Congresso sobre Santo Agostinho: O Homem, Deus e a Cidade, na Sé de Leiria.

- 16h30: Concerto de Órgão por Domingo Losada, comemorativo do dia da Diocese de Leiria-Fátima, na Sé de Leiria.

• 11 a 13 de Novembro - Congresso: Santo Agostinho - O homem, Deus e a Cidade (Leiria)

• 14 de Novembro - Eucaristia de encerramento e cantata original para orquestra e coros (Sé de Leiria)

• 18, 20 e 21 de Novembro - Repetição da cantata (respectivamente, em Alcobaça, Pombal e Ourém)

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Notícias

Bispo de Leiria-Fátima envia mensagem ao Santo Padre...Santo Padre Estamos no Santuário de Fátima, cerca de 300.000 católicos, na

Peregrinação Aniversária Internacional, presidida pelo Sr. Cardeal Martino, do Conselho Pontifício Justiça e Paz, estando também presentes quase todos os Bispos Portugueses, alguns do estrangeiro, e centenas de Sacerdotes da Igreja Una.

No tríduo preparatório, e durante a celebração, pudemos reflectir, mais uma vez, sobre o tema da Família, à luz do mandamento de «honrar pai e mãe». Rezámos concretamente, num empenho de propósito e de promessa, pela nova evangelização, e pela paz em todo o mundo. Sabemos que há graves problemas e grandes alarmes. Todavia, a esperança é maior.

Não nos esquecemos da pessoa e das intenções do nosso querido Papa. Foi lembrado que há 23 anos João Paulo II foi vítima de um louco atentado, e que no próximo dia 18 comemora mais um aniversário de nascimento.

Santo Padre: Agradecemos o testemunho de Fidelidade e a força do Vosso Magistério.

Também estamos gratos pela gentil oferta de uma pedra extraída do túmulo de S. Pedro para a nova Igreja da Santíssima Trindade, já em construção, e que vai ser solenemente implantada no próximo dia 6 de Junho. Bem haja!

Invocamos as bênçãos maternais de Nossa Senhora para Vossa Santidade, para a Igreja de Jesus Cristo, e para o Mundo.

O Santuário de Fátima é sinal do mais além, é mensagem do Evangelho, é apelo à conversão, pode ser grito de alerta contra todas as formas de injustiça, violência e retaliação, mas sobretudo é oração profética e sacerdotal para que todas as pessoas e nações queiram a paz, e se empenhem, confiantemente, a construir a civilização da fraternidade, com o único Salvador, Jesus Cristo.

Vamos celebrar a Semana da Vida. Seguindo a Vossa exortação, faremos o possível para «suscitar nas consciências o sentido e o valor da vida humana, em todos os momentos e em todas as condições».

Que os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, aqui beatificados por Vossa Santidade no ano do Jubileu, sejam bandeiras de esperança e mediadores do amor de Cristo.

Fátima, 13 de Maio de 2004.† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

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...Santa Sé responde ao Bispo de Leiria-FátimaSenhor D. Serafim, O Sumo Pontífice tomou conhecimento da venturosa mensagem que Lhe

enviou do Santuário de Fátima no passado dia 13 de Maio, comprazendo-se ele sobretudo com os afirmados sentimentos de comunhão eclesial e de entrega sem reservas à causa da nova evangelização, que supõe uma visão ‘aberta’ sobre o futuro e, simultaneamente, um afectuoso respeito pelo passado que perdura nos corações humanos sob a forma de palavras e sinais, de memórias e usos herdados dos nossos pais.

Nas «múltiplas formas de piedade popular com um rico exemplo nas multidões de peregrinos de Fátima , se esconde a resposta à questão que por vezes se põe sobre o significado da tradição nas suas manifestações locais; tal resposta, no fundo, é simples: a sintonia dos corações constitui uma grande força. Radicar-se naquilo que é antigo, forte, profundo e, ao mesmo tempo, querido para o coração, dá uma energia interior extraordinária. Se tal enraizamento aparecer, depois, unido a uma audaciosa força de pensamento, não há razão para temer pelo futuro da fé e das relações humanas dentro duma Nação; no rico húmus da tradição, de facto, se alimenta a cultura, que sustenta a convivência dos cidadãos e cria neles a sensação de serem uma grande família, dando apoio e vigor as suas convicções» (do livro «Levantai-vos, vamos!» de João Paulo II, pp. 135-136). Implorando sobre essa amada Igreja local uma renovada efusão do Espírito Santo que venha cobrir de frutos tais propósitos para bem das famílias e da sociedade portuguesa, o Santo Padre concede ao Pastor e seu rebanho a implorada Bênção Apostólica.

Aproveito o ensejo para lhe testemunhar, Senhor Bispo, os meus sentimentos de cordial e fraterna estima em Jesus Cristo.

Vaticano, 8 de Junho de 2004Leonardo Sandri

Centros de Preparação para o Matrimónio“A fidelidade nas diferenças” – Jornadas Internacionais“A fidelidade nas diferenças” foi o tema das Jornadas Internacionais

da Federação Internacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio – FICPM –, Em Clervaux, Luxemburgo, de 29 de Abril a 2 de Maio. Entre 232 participantes de 14 países, Portugal foi a maior representação

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estrangeira com 44 pessoas de nove dioceses entre as quais Leiria-Fátima. Representou o Pontifício Conselho para a Família Karl-Josef Romer, Bispo da Suíça e antigo missionário no Brasil que, dominando a língua lusa, teve contacto privilegiado com o grupo português. Estiveram na abertura A Grã-Duquesa do Luxemburgo, a ministra da Família, da Solidariedade Social e da Juventude, o ministro da Cultura, Ensino Superior e Investigação, o presidente da Câmara de Clervaux e o Arcebispo de Luxemburgo.

Paul Dewandre, economista e mestre em gestão, que deixou a carreira empresarial para se dedicar aos problemas relacionados com a vida conjugal, abordou em 3 conferências “as diferenças entre o homem e a mulher” juntando o testemunho da sua vida em casal e concluiu que o desconhecimento da psicologia feminina e masculina é nocivo à relação estável e duradoura.

Quatro outras intervenções viriam a revelar-se de grande riqueza. O Vigário Geral do Luxemburgo e Presidente do Comité da Família, Mons. Mathias Schiltz, dissertou sobre “os fundamentos bíblicos da fidelidade”. O casal ex-Presidente da FICPM, Sim Majerus-Schmit e Mill Majerus, enfermeira e sexólogo, fizeram uma intervenção testemunhal sobre o modo de gerir as diferenças. O padre Nico Turmes, Assistente Nacional do CPM de Luxemburgo, tratou “da realidade teológica à espiritualidade vivida”. Por fim, Marianne Hubert, teóloga leiga, abordou “O lado moral da fidelidade e infidelidade conjugal”. Todas as conferências se encontram no site (www.cpm-portugal.pt).

A parte litúrgica foi especialmente cuidada. Presidiram às duas celebrações eucarísticas o Arcebispo de Luxemburgo e o representante do Vaticano, respectivamente. Teve especial significado o “A treze de Maio” solicitado ao grupo de Portugal para encerrar a oração de vésperas do 1 de Maio, início do mês de Maria.

As Jornadas houve incluíram Assembleia-geral da FICPM. Além da apresentação de contas, foram reconduzidos para novo mandato o Assistente Internacional, P. Raymond Heusghens, e o Casal Presidente Internacional, Maria Leonor e José Carlos Seabra Pereira, de Coimbra.

A representação portuguesa aproveitou o ensejo para uma incursão na região - Baviera, Alemanha romântica, Floresta Negra e Estrasburgo. Foram dias que irmanaram ainda mais os que se dedicam à preparação de novas famílias.

As próximas Jornadas serão em Tarragona, de 5 a 8 de Maio de 2005, sob o tema “Que fazer agora para continuar a amar”.

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“Diálogo e gestos de amor” – Conselho NacionalOcorreu no Porto, a 29 e 30 de Maio de 2004, o Conselho Nacional

da Primavera da Associação Portuguesa dos Centros de Preparação para o Matrimónio - CPM Portugal - com casais e assistentes vindos de treze dioceses de Portugal.

D. João Miranda, Bispo Auxiliar do Porto e vogal da Comissão Episcopal da Família, abriu os trabalhos apelando à exigência e à qualidade do serviço aos noivos, bem como à reflexão sobre algumas situações novas.

O espaço de formação centrou-se no 3º tema CPM – “Diálogo e gestos de amor” e contou com a colaboração de uma jovem universitária, de 21 anos, e de um teólogo e professor da Universidade Católica. A jovem referiu-se ao modo generalizado como os jovens entendem e vivem a sexualidade, sem projectos, dando pouca importância ao matrimónio e sem noção das consequências de tal mentalidade e procedimento. Afirmou ainda a falta de informação consistente, a divergência quanto ao aborto e o sentimento de conforto nas uniões de facto. Os presentes questionaram-se sobre as atitudes da Família, da Igreja e da Escola, como agentes informadores e formadores. Jorge Cunha apontou para uma mudança cultural de difícil comparação. Admitindo que hoje as crianças sentem mais os afectos, reconheceu o problema da desvalorização das instituições e a importância da afirmação da autonomia, da liberdade e da personalização num processo acelerado de mudança. Quanto à formação, pouco mais que falada, as famílias e os indivíduos embarcam no mito do bem-estar, do consumo, e mesmo da comunicação social sem critério. Referiu ainda a urgência da descoberta do sentido da sexualidade, a importância do sacramento que dá aos gestos humanos a dimensão do eterno e a necessidade de reflexão sobre o bem-estar e a autenticidade dos sentimentos nos contextos actuais. Entretanto sublinhou que todos deveriam estar de acordo em as áreas como a defesa da vida e a busca de soluções solidárias para aceitação da criança não desejada. Em síntese, afirmou que a vida sexual não pode ser arbitrária e anárquica e tem o seu valor moral inseparável do afecto e do amor. É papel da Igreja revelar o sentido do humano, educar para a verdadeira autonomia e para o afecto, formar a consciência moral, e apresentar o Sacramento do amor conjugal. O diálogo com a assembleia pôs em realce o lugar da fé e da esperança na atenção e interpretação destes sinais dos tempos à luz do Evangelho.

Os casais presentes partilharam aspectos práticos – sucessos, dificuldades, projectos – relacionados com as respectivas dioceses. Reconheceu-se que a

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dificuldade de renovar os casais e as equipas se deve sobretudo à falta de tempo e de disponibilidade interior. Antes que ceder à tentação de reduzir e simplificar a preparação dos noivos, há que olhar mais fundo. As equipas que começam por ser meio de formação e valorização dos próprios casais e depois serviço aos noivos na linha sobretudo testemunhal, têm sido apoiadas pela maioria das dioceses como uma forma de resposta aos apelos da “Familiaris Consortio” sobre a preparação para o matrimónio. Com a continuação desse apoio o CPM espera nunca ter que sacrificar o tempo e o espaço dado aos noivos e continuar fiel à sua metodologia e pedagogia.

Constituíram ainda pontos importantes a viabilidade da edição de dois opúsculos “O que é o CPM” e “Aspectos práticos do CPM”, a possibilidade de uma sondagem da Universidade Católica sobre aos benefícios do CPM nas famílias, informação sobre o site do CPM, a avaliação da “Formação Nacional” e do “Encontro-Peregrinação Nacional” recentemente realizados, e o anúncio e marcação de actividades, respectivos temas e distribuição de tarefas às dioceses.

A Eucaristia de encerramento foi de acção de graças pelo trabalho realizado e de esperança no Senhor a quem se confiam todos os projectos.

D. Alberto Ricardo da Silva – novo Bispo de DiliD. Alberto Ricardo da Silva foi ordenado a 2 de

Maio e passou a ser o primeiro bispo residencial de Dili, diocese criada em 1940 e até agora presidida por administradores apostólicos. A comunidade nacional viveu o acontecimento de forma notável. Na praça junto à casa episcopal concentraram-se cerca de vinte mil pessoas de todas as regiões do novo país e um coro de mais de mil jovens deu brilho à celebração presidida por D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau, ladeado por D.

Tomás Nunes, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa e pelo bispo da vizinha diocese de Kupang, em Timor Ocidental. Presentes também o Presidente da República, o Primeiro-Ministro e membros do Governo, outras autoridades civis e militares, o representante das Nações Unidas, e representantes dos bispos da Austrália, Indonésia, Japão, Macau e Portugal.

Representou a nossa diocese o reitor do Seminário diocesano onde o novo

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Bispo fez os seus estudos teológicos antes de ser ordenado presbítero na Sé de Leiria, a 15 de Agosto de 1972. O P. Virgílio Antunes foi portador de uma lembrança - um conjunto de dez cálices e patenas para em outras tantas igrejas de Dili - expressão da profunda ligação entre as duas dioceses.

“Jornal de Minde” – 50º aniversárioO Jornal de Minde completa 50 anos em Março de 2005 e assinala a data

com várias as iniciativas ao longo do ano. A 9 de Maio a missa dominical foi de acção de graças e, em romagem ao cemitério, foram lembrados os colaboradores e assinantes falecidos. Nessa tarde, no pavilhão Ana Sonça houve uma sessão comemorativa e a abertura de uma exposição alusiva ao jornal. Além dos testemunhos dos fundadores, padre Manuel A. Messias e Abílio Madeira Martins, foram lidos textos publicados ao longo dos anos.

O Jornal de Minde é propriedade da Fábrica da Igreja Paroquial e foi fundado em Março de 1955. Com uma periodicidade mensal, sai com 16 páginas, capas a cores. Tirado a mil exemplares, mais de metade é distribuído pelo correio na localidade e é enviado a cerca de uma centena de emigrantes espalhados pelo mundo.

Santuário de N.ª Sr.ª de Fátima em Maputo O Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, e o reitor do Santuário de Fátima

endereçaram felicitações pelos 60 anos do Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Namaacha, na diocese de Maputo, em Moçambique. D. Serafim saudou o Arcebispo de Maputo, bem como o pároco e a comunidade de Namaacha: “Diante da imagem da Senhora “mais brilhante que o sol”, na Capelinha das Aparições, Fátima, rezo por todos vós. Peço-Lhe uma bênção especial para as crianças e os idosos, sobretudo que dê mais coragem a quantos sofreram os horrores da guerra”. Dirigindo-se aos “queridos cristãos de Moçambique”, D. Serafim escreveu: “Sois um grande povo que sofreu a guerra e conquistou a paz. Sei que tendes alguns problemas, mas também sei que tendes grandes valores e muita Esperança”. A mensagem terminou com uma oração à “Mãe da reconciliação e da paz, para que vos ajude na caminhada democrática e cultural”.

Monsenhor Luciano Guerra, em carta ao reitor do Santuário de Namaacha, uniu-se “de todo o coração” às comemorações e fez votos para

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que elas marquem um novo princípio, “se possível ainda mais espiritual e pujante, na frequência e no fervor dos vossos peregrinos”. “De facto, os milhares de lugares de culto de Nossa Senhora de Fátima que existem já no mundo inteiro, outra coisas não querem que não seja acolher e difundir a mensagem que nos foi transmitida pela Mãe do Senhor e pelo Anjo da paz, nesta Serra de Aire, em Portugal”, escreveu Monsenhor Luciano Guerra. A mensagem de Fátima é “possivelmente a mais rica de quantas até hoje foram transmitidas em revelações particulares à Igreja Católica, e o seu conteúdo percorre praticamente todos os mistérios da nossa fé cristã. Além disso, pela sua referência clara aos acontecimentos recentes, a mensagem de Fátima é uma afirmação vigorosa e serena da providência de Deus, Criador e Salvador, sobre este mundo dos homens, que é o nosso”. A mensagem terminou com a invocação da bênção de Nossa Senhora.

Igreja da Santíssima Trindade – Primeira PedraO dia da celebração litúrgica da Santíssima Trindade, a 6 de Junho, era a

data mais apropriada. Após a habitual Eucaristia Internacional de Domingo, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi levada em procissão até junto das obras da Igreja da Santíssima Trindade. A primeira Pedra apresentada pelo Bispo diocesano, ficará como mais um selo da unidade de Fátima com a Cátedra de Pedro. O fragmento marmóreo foi retirado do sepulcro do Apóstolo S. Pedro em Roma. D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva implorou o auxílio divino para uma obra que, disse, “se destina a acolher os verdadeiros servidores de Deus”. “Pela intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, seja esta obra um convite permanente à oração e à penitência, na reconciliação e na paz, como pediu Nossa Senhora na Mensagem de Fátima; e uma conjugação de culto e cultura”, rezou. Na homilia, o prelado deixou uma palavra aos mais cépticos: “Apesar das críticas e das incompreensões, queremos uma obra digna que cresça sem fronteiras, ao serviço da evangelização, ao serviço da fé”.

Considerando que a oferta do Santo Padre João Paulo II cumprirá melhor a sua missão se à vista de todos, após a conclusão da Igreja, a primeira Pedra será colocada em lugar de grande destaque. Por isso, na raiz do edifício foi implantada outra tirada do maciço rochoso das escavações. D. Serafim pediu ao Senhor para que a nova construção “facilite às multidões que nela se reunirem o acolhimento da Mensagem de Fátima e, assim, dóceis ao Espírito

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Santo, unidos a Cristo, pedra angular, membros vivos de uma única Igreja, os peregrinos de Fátima proclamarão a esperança do reino eterno de Deus, no amor e na paz”.

No mesmo dia inaugurou-se na Casa de S. Miguel uma exposição sobre o futuro tempo. A mostra integra a descrição do projecto, as várias perspectivas do interior e do exterior da futura igreja, uma maqueta com enquadramento na zona envolvente do Santuário. Os visitantes poderão ainda contemplar uma cópia da Bênção Apostólica do Santo Padre para a nova igreja que se espera venha a ser inaugurada em Maio de 2007. Completa a exposição um curriculum do arquitecto Alexandros N. Tombazis que afirma tudo ter projectado para melhor servir as grandes multidões de peregrinos que visitam Fátima. A entrada será facultada, em horário a afixar, em princípio até à conclusão das obras.

Festa do Corpo de DeusA cidade e diocese de Leiria celebraram, uma vez mais, no passado dia

10 de Junho, a Solenidade do Santíssimo Sangue e Corpo de Cristo. Com grande tradição entre nós, a celebração tem dois momentos de destaque.

O primeiro deles é a Celebração Eucarística que este ano teve lugar em frente à Sé, às 15h30.

O segundo é a tradicional procissão do Santíssimo Sacramento pelas ruas da cidade. Como sempre, a participação foi muito numerosa. Fiéis provenientes de todas as paróquias, religiosos e clero, em torno do Bispo, deram uma imagem visível da Igreja diocesana.

Como preparação, foi elaborado um programa de adoração ao Santíssimo durante a semana antecedente. Todas as paróquias foram convidadas a definir tempos de oração e adoração. Em Leiria, na igreja do Espírito Santo, a preparação foi diária e contou com a organização e presença de diferentes grupos e intervenientes.

Peregrinação das Crianças Apesar de o dia 10 de Junho, este ano, coincidir com um dia litúrgico

do “Corpo de Deus”, a Peregrinação Nacional das Crianças ao Santuário de Fátima voltou a encher o recinto com vários milhares de miúdos e seus familiares. “Pelo pai e pela mãe, demos graças ao Senhor” foi a frase

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escolhida para despertar nas crianças a importância dos pais e do bom relacionamento com eles. Para ajudar os mais pequenos, a organização da Peregrinação, tendo enviado para as paróquias uma folha apropriada, convidou as crianças a fazerem uma oração pelos seus pais. Essas folhas foram levadas a Fátima, neste dia, e foram devidamente valorizadas no momento da celebração eucarística.

Encontro Nacional de Pastoral JuvenilDecorreu, nos passados dias 11 e 12 de Junho, o encontro dos

responsáveis de Pastoral Juvenil das dioceses, movimentos e obras. Após um jantar de abertura e uma breve introdução, houve uma hora de música de mensagem, “a capella”, pelo grupo DOMUS, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, momento de partilha entre comunidades cristãs reconhecem o mesmo Senhor Jesus Cristo. Seguiu-se um momento de oração dinamizado por um grupo de jovens de Leiria do Movimento da Mensagem de Fátima.

No sábado, os participantes tomaram contacto com os objectivos e o programa para o próximo ano. “Discernir, com o dinamismo de comunhão já constatado, o melhor caminho a fazer com os jovens, no encontro com Jesus Cristo, no amadurecimento da fé e compromisso com a Igreja” são os objectivos gerais. Como pontos concretos definiram-se “a estruturação do Conselho Nacional da Pastoral Juvenil e a participação nas actividades que podem deixar vislumbrar o protagonismo dos jovens na Igreja”. A ideia-chave será “Nova cultura vocacional” e o tema “Viemos adorá-Lo”.

Neste sentido, estão agendadas várias actividades a nível nacional: Fórum Ecuménico Jovem, em Santarém, com partilha e oração de jovens de várias confissões religiosas; 27º Encontro Europeu de Jovens dito Peregrinação da confiança; Fátima Jovem; e Jornada da Juventude em Colónia, Alemanha.

Dominicanas do Rosário Perpétuo – 50 anos em FátimaA 16 de Junho, no Mosteiro Pio XII, em Fátima, D. Serafim de Sousa

Ferreira e Silva presidiu à Eucaristia de acção de graças pelos 50 anos de presença das Monjas Dominicanas do Rosário Perpétuo.

O Rosário é uma herança preciosa da Ordem Dominicana. Segundo a tradição a Virgem Maria terá ordenado a São Domingos que pregasse o Rosário. Como a Igreja lembra que nasceu da oração contemplativa do

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Cenáculo, S. Domingos, antes de fundar a Ordem dos Frades Pregadores, fundou em 1206, em França, as Monjas Dominicanas contemplativas cuja missão é vivificar pela oração e pelo sacrifício, a acção dos Pregadores.

Esta presença onde a “Senhora do Rosário” pediu a recitação diária do terço para a paz do mundo, enche-se de sentido.

Colóquio sobre a pobreza – Comissão Justiça e Paz A Comissão Diocesana Justiça e Paz promoveu a 8 de Julho um colóquio

sobre “O problema da pobreza a nível nacional e a nível local”. Alfredo Bruto da Costa, da Comissão Nacional, e Mavíldia Frazão, assistente social, foram os oradores.

A ideia começou com a divulgação de alguns dados sobre a pobreza em Portugal na comunicação social. Também o Governo mandou elaborar um estudo sobre a situação nacional. Embora esta não seja suficientemente conhecida, estimam-se em 200.000 o número dos que passam fome e em 2 milhões os pobres, dos quais 1 milhão especialmente vulnerável. Não havia a noção pública destes números que, pior ainda, têm tendência a agravar-se com a crise económica e o aumento do desemprego. A Comissão Diocesana Justiça e Paz não podia ficar indiferente.

Numa perspectiva de co-responsabilidade e de solidariedade, procurou-se uma abordagem à escala nacional e à escala local. A preocupação maior serão novas formas de pobreza decorrentes do envelhecimento da população, do desemprego, da toxicodependência, da prostituição e outros vícios sociais, da imigração, da exclusão social...

Para a acção futura, sugeriu-se que deverão ser melhor alertados o poder político e as pessoas em geral. Depois, e independentemente dos estudos em curso, procurar intensificar tudo o que possa minorar a dimensão do problema, reforçando parcerias entre os sectores público e privado, e em especial instituições de carácter social, existentes ou a criar. Para além do Estado, poderão desempenhar importante papel instituições como as que estão ligadas à Igreja.

Assembleia da Acção Católica Os Delegados da Acção Católica Rural (ACR) tiveram a sua IV

Assembleia nacional, a 10 e 11 de Julho, em Viseu. Participaram, além

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da equipa nacional, os dirigentes diocesanos e respectivos assistentes, um representante de cada grupo de base e dois militantes da escolha das equipas diocesanas. Estes foram o colégio eleitoral que elegeu a nova equipa executiva nacional que vai dirigir a ACR nos próximos três anos. Foi a primeira vez que a equipa nacional foi eleita directamente pelas bases e em lista completa.

Além das eleições, a Assembleia teve como objectivos principais, avaliar os planos e programas realizados nos últimos três anos e determinar as linhas programáticas para o futuro triénio. Para o efeito foram consultados os bispos e todos os assistentes, e realizaram-se inquéritos junto dos militantes, dirigentes e estruturas do movimento, sobre as prioridades a estabelecer, com vista à solução dos problemas da sociedade portuguesa e da Igreja, sobretudo onde a ACR está implantada.

Encontro de Sacerdotes JubiláriosPor iniciativa de D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, reuniram-se no dia

12 de Julho de 2004, em Fátima, cerca de setenta padres jubilários (1954-2004), provenientes das dioceses e ordens religiosas de todo o país. Junto de Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições, todos recitaram o Rosário e renovaram a sua Consagração, aqui mesmo feita, há 50 anos, quando estudantes finalistas. Presidiu o Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho, também jubilário, como D. Serafim. Após a Consagração, os muitos fiéis presentes, num gesto de comunhão, irromperam com uma salva de palmas.

O ponto alto do encontro foi a Eucaristia, na Basílica, presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, que terminou a homilia citando as palavras de Nossa Senhora, confortantes para todas as tarefas pastorais: “por fim o Meu Imaculado Coração triunfará”. Seguiu-se um almoço de convívio e um encontro informal com apresentações e testemunhos. No final foi sugerida e aprovada a publicação de uns tantos testemunhos, para informação e incentivo aos jovens futuros sacerdotes.

“Liturgia para o Terceiro Milénio”Nos 40 anos do Vaticano II, O Secretariado Nacional de Liturgia realizou

o 30º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, de 26 a 30 de Julho, em Fátima. A “Liturgia para o Terceiro Milénio” foi o mote da realização que

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procurou melhorar a resposta às orientações conciliares, numa perspectiva de futuro. A Carta Apostólica do Santo Padre no XL aniversário da Constituição Sacrossantum Concilium desafia a Igreja a olhar para o futuro e a passar da renovação dos ritos ao aprofundamento da liturgia. A renovação litúrgica faz parte da fidelidade da Igreja a Cristo. O sentido da liturgia renovada carece de um aprofundamento espiritual que ponha em relevo a grandeza do Mistério da salvação. A liturgia é o primeiro ministério da Igreja e o seu rosto mais visível. As sua celebrações são a maior revelação do Mistério escondido. Entender a linguagem da liturgia é uma arte que se aprende na escola da Igreja em Oração. A formação teórica e prática dos agentes da pastoral litúrgica foi o grande objectivo do Encontro Nacional. As tardes foram dedicadas a sectores específicos da liturgia, as “Escolas de Ministérios”, destinada a presidentes, acólitos, leitores, ministros extraordinários da comunhão e cantores.

Missionários voluntários da Diocese “Fazer o bem… em Maputo” é o lema do Voluntariado Teresa de

Saldanha, das Dominicanas de Santa Catarina de Sena, dinamizado por três jovens da nossa Diocese: João Madruga (Leiria), João Rocha (Barreira) e Jorge Rocha (Barreira). Segundo eles, o projecto, implementado em duas cidades de Maputo e Xai-Xai, durante o mês de Agosto, pretendeu, “ir ao encontro das necessidades das comunidades locais; dar a conhecer o Cristo que cada um vive e sente diariamente; viver esse Cristo como é sentido pela comunidade; contactar um povo com uma cultura diferente e abrir caminho para potenciar novos intercâmbios a médio e longo prazo”. Os jovens missionários agradecem a todos os que apoiaram a iniciativa, nomeadamente, à comunidade cristã da Barreira.

Acampamento Regional do CNE“Para lá do Sonho” assim se intitulou o XVIII Acampamento Regional

(ACAREG) do Corpo Nacional de Escutas, que decorreu em Pataias, de 2 a 8 de Agosto. Viver o ideal escutista, partilhar experiências e saberes, e acreditar que é possível tornar o mundo melhor, foram os objectivos dos 1400 escuteiros acampados.

O Ambiente, o Escutismo, a Comunidade e a Fé foram os grandes temas das muitas actividades programadas e o KIM, personagem do livro “Em

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Busca do Rio da Flecha” de Rudyard Kiplling”, foi o herói do imaginário. A encerrar, D. Serafim Ferreira e Silva presidiu à Eucaristia e fez uma

visita guiada ao campo.As actividades decorreram como previsto e foram ultrapassadas todas as

expectativas quanto ao número de participantes e ao nível de interactividade e de unidade. A organização não deixou de lado nenhum pormenor, nem mesmo a previsão de um local onde pudesse prosseguir a Eucaristia iniciada com uma chuvada inclemente.

Mosteiro de Monte Real em festaNo passado dia 11 de Agosto, o Mosteiro de Santa Clara e do Santíssimo

Sacramento vestiu-se de festa na celebração de “dois jubileus”: 50 anos de sacerdócio e 25 de episcopado de D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, e 750 anos da entrada de Santa Clara de Assis na glória celeste e da aprovação da sua Regra.

Numa “celebração simples, mas festiva”, D. Serafim presidiu à solene Eucaristia, precedida pela oração de Vésperas e do Terço, na Igreja do Mosteiro.

Clara de Assis comprova que “O santo é um homem de todos os tempos”. A sua personalidade forte e sensível emerge do mundo medieval para o mundo de hoje, como verdadeiro “sinal de contradição”. Aos 18 anos, em 1210, enfrenta a nobre e guerreira família paterna, abandona as riquezas e abraça a mais alta pobreza, no Mosteiro de S. Damião onde viveu 42 anos de clausura absoluta, em penitência, oração e trabalho. Falecida a 11 de Agosto de 1253, deixou ao mundo uma herança que, 750 anos depois, continua cheia significado para a sociedade de hoje.

D. Serafim quis associar-se às Irmãs Clarissas de Monte Real, com a sua homenagem à “mulher nova” e original que é Santa Clara. Mas... também ela, Clara de Assis, canta os “parabéns” ao Bispo de Leiria-Fátima.

XXXII Semana Nacional das Migrações A XXXII Semana Nacional das Migrações, iniciativa da Obra Católica

Portuguesa de Migrações, culminou com a Peregrinação Internacional do Migrante a Fátima – 12 e 13 de Agosto – presidida pelo Cardeal japonês Stephen Fumio Hamao, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral

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dos Migrantes e Itinerantes. No enquadramento do tema “Consolidar a Paz para não ter que emigrar”

o Cardeal Hamao afirmou aos jornalistas que “o fenómeno da mobilidade humana esteve constantemente no centro dos cuidados da Santa Sé”, como comprovam intervenções e documentos onde transparece “quer a profundidade de leitura desta notável realidade social, quer a capacidade de propostas pastorais, em vista de uma plena aceitação do estrangeiro e do seu património cultural e religioso”.

Aos peregrinos, na sua maioria emigrantes, que encheram o Santuário, D. Hamao lembrou na sua homilia intitulada “guerra camuflada”, que as migrações são prioridade na acção da Igreja cujas linhas fundamentais são “a centralidade da pessoa, a defesa dos direitos fundamentais do homem, a tutela e a valorização das minorias na sociedade civil e eclesial, o valor das culturas na obra de evangelização, a contribuição das migrações para a pacificação universal, a dimensão eclesial e missionária do fenómeno migratório, a importância do diálogo e do confronto no interior da sociedade civil, da comunidade eclesial e entre as diversas confissões e religiões”. O cardeal japonês assinalou anda que “a Igreja está interessada e é solícita para com todas as categorias da mobilidade humana: além dos migrantes, económicos e políticos, refiro-me aos refugiados, aos turistas e peregrinos, aos marítimos, ao povo rom e sinti (ciganos), aos circenses e feirantes e aos estudantes estrangeiros”. “Ela olha para o mundo inteiro, ela tem diante de si todos os homens e mulheres, de cada cor, raça, nacionalidade e religião”. E pediu “a construção de um mundo de paz e de fraternidade”, para fazer face às ameaças que afligem o mundo. “Vivemos hoje sob o pesadelo de uma guerra camuflada, que nos esmaga num sentimento de medo. O terrorismo astucioso que pode ferir em toda parte e em cada instante; o problema não resolvido do Médio Oriente; as doenças que propagam o contágio e a morte; o grave problema da fome e outros tantos flagelos que ameaçam a sobrevivência da humanidade, a serenidade das pessoas e a segurança da sociedade” acrescentou. Defendendo a solução do diálogo entre as culturas, disse aos migrantes: “Sois portadores de um novo modo de dialogar: trata-se de um ‘diálogo de vida’, isto é, de um diálogo entre pessoas de diferentes culturas e religiões”. E vincou que o migrante, “com a sua humildade e simplicidade de vida e com o seu sacrifício no trabalho quotidiano”, tem um papel fundamental para “converter o mundo à paz, à fraternidade, à solidariedade”. Na sua intervenção abordou ainda perigos e dificuldades como “o problema da integração, cada vez mais difícil na nova sociedade; a

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relação cada vez mais problemática entre os pais e os filhos; a convivência entre os mesmos que se torna cada vez mais difícil e conflituosa, por causa da diferente cultura que os filhos recebem no novo ambiente; o problema da transmissão dos valores familiares na intervenção educativa; o problema da inserção dos filhos no processo escolar”.

Na referida conferência de imprensa o Cardeal Stephen Fumio Hamao considerou que “Os emigrantes são, para a Igreja Católica, os novos evangelizadores”. Segundo disse, eles criam situações que “obrigam ao diálogo ecuménico e inter-religioso”, e os emigrantes católicos “têm capacidade de dar testemunho” e “converter os outros”, enquanto os novos fluxos migratórios “podem ajudar a ultrapassar questões de racismo e xenofobia”. Quanto à postura da Igreja, disse que ela “tem criado estruturas pastorais para o serviço religioso dos migrantes, tem elaborado modelos operativos, em vista de uma presença mais incisiva no território e na construção de comunidades integradas e tem exposto uma dimensão universal e missionária à acção pastoral, no momento em que o pluralismo étnico e cultural se está tornando traço característico da sociedade moderna”.

O Pe. Ângelo Negrini, do mesmo Conselho Pontifício, defendeu que a pastoral da Igreja para o sector tem de assentar em dois planos: o religioso, com base no exemplo dos cristãos; e o social, económico e político, com a defesa de uma sociedade que sublinhe a igualdade entre as pessoas sem ignorar as diferenças culturais.

D. Januário Torgal Ferreira, presidente da Comissão Episcopal das Migrações, criticou, no passado dia 12, em Fátima, o facto de Portugal ainda não ter assinado a Convenção Internacional sobre a protecção dos direitos dos trabalhadores migrantes e suas famílias, questionando: “Por que razão o nosso país não assinou até hoje, por exemplo, a Convenção Internacional sobre a protecção dos trabalhadores migrantes e membros das suas famílias, convenção esta adoptada pela ONU em 1991 e que entrou em vigor no ano passado. Porquê?” Perante uma assembleia de milhares de fiéis, D. Januário disse ainda ser difícil entender que pessoas que vêm para Portugal apenas em busca de oportunidade “de ganhar o pão” não tenham “obtido bilhete de entrada”, enquanto “os mais responsáveis prosseguiram o seu discurso, proclamando o humanismo de maneiras e o sentido da responsabilidade, impedindo o avanço dos pobres”. E alertou para o facto de desde 1990, “em confronto com os cerca de quinhentos mil estrangeiros que entraram no nosso país, cerca de trezentos mil portugueses” terem saído de Portugal “em novos fluxos migratórios”.

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Curso de Missiologia no Centro Allamano Decorreu em Fátima, entre 23 e 28 de Agosto, um Curso de Missiologia,

promovido pelo Centro Missionário Allamano, dos Missionários da Consolata. Iniciativa dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) em Portugal, com o apoio das Obras Missionárias Pontifícias (OMP), o curso vem ao encontro de uma lacuna no estudo da missão “ad gentes” e destinou-se, essencialmente, aos membros dos Institutos Missionários, religiosos, sacerdotes diocesanos, missionários em férias, seminaristas e estudantes de Teologia, candidatos ao laicado missionário e a voluntários da missão. Foram abordados os temas básicos da Missiologia – Bíblia, História, Espiritualidade e Metodologia. O curso dura dois anos em sistema de ciclo, o que permite a inscrição e ingresso em qualquer um dos anos. Os temas deste ano correspondem ao 1º ano do ciclo bienal. No final de dois anos é entregue o diploma correspondente.

Colégio de S. Miguel aposta na inovaçãoO Colégio de S. Miguel antecipa-se no contexto das mudanças no

sistema educativo. A par dos cursos com currículo nacional estabelecido, apostou no desenvolvimento e actualização dos Cursos Tecnológicos já em funcionamento - Contabilidade/Administração e Design, Cerâmica e Escultura, este com um currículo único no país e a proporcionar formação polivalente nas áreas das Artes Plásticas – ajustando-os à nova estrutura do ensino e a adequando-os à procura do mercado. Estas medidas visam dar aos jovens uma formação adequada tanto ao trabalho imediato como ao prosseguimento no Ensino Superior.

Com o contributo de especialistas da Universidade de Aveiro, da Escola Superior de Enfermagem de Leiria e de outras instituições, o Colégio construiu um curso de cuidados à 3.ª idade, formação de nível III (12.º ano) com excelentes perspectivas de empregabilidade e continuidade de estudos.

A pensar na necessidade de Técnicos de Acção Educativa com forte preparação pedagógica, construiu-se um currículo, variante do Curso Tecnológico de Acção Social, capaz de proporcionar formação para acompanhamento, ocupação e orientação de crianças, adolescentes e jovens em contexto escolar, em centros de ocupação de tempos livres, em apoio ao estudo, etc.

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Reflexões

Visita PascalA. Pascoal

Li com muita atenção e interesse o estudo do caríssimo P. Carlos Cabecinhas sobre a Visita Pascal, publicado em Diocese de Leiria-Fátima, Ano XII, 34 (Janeiro/Abril), 2004, pg. 109-114.

Apreciei a erudição que documenta e realço o sentido pastoral do uso que dela faz.

Também aceito sem reservas o princípio segundo o qual “qualquer esforço de renovação da chamada ‘Visita Pascal’ não pode prescindir de procurar conhecer a origem histórica de tal prática”.

E todos devemos estar gratos ao P. Cabecinhas pelo seu trabalho de investigação, que é um óptimo contributo para a nossa busca de pistas por onde gostaríamos de renovar, não pura e simplesmente modificar, ou, o que seria pior, eliminar.

O texto que apresento a seguir e que, com pequenas alterações, coincide com o que tinha preparado há mais de um ano, muito antes de o assunto ser proposto à reflexão do Conselho Presbiteral, não é pois, senão uma tentativa de completar, se assim me posso exprimir, o trabalho do actual responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica, ao qual faria ainda o seguinte comentário:

E começaria por exprimir uma dúvida, de ignorante, bem entendido, mas real, que, por ser real, acaba necessariamente com um efeito redutor sobre o que queremos como pistas seguras de renovação:

Trata-se daquilo que é apontado, com carácter quase absoluto, como origem da Visita Pascal. Ou seja, a visita e bênção das famílias, por parte do pároco, tanto quanto possível anualmente.

Que esta visita é urgida e regulamentada desde há muitos séculos, documenta-o suficientemente o trabalho do P. Cabecinhas; mas já não é tão claro, pelo menos para mim, que seja ela que tenha dado origem a uma prática que, afinal, nem sequer nos países latinos, é ou foi algumas vez geral, ao contrário do que parece insinuar o autor (cf. pg 109).

E não deixa de chamar a atenção o facto de em regiões como, por exemplo, o Limousin, centro-sul da França, onde, antes da implantação da reforma tridentina, o clero era excepcionalmente numeroso – diríamos mesmo, demasiado numeroso – não haver qualquer vestígio de tal prática.

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Salvaguardando a opinião de quem estudou melhor o assunto do que eu, acho que o aconteceu foi o seguinte:

Primeiramente o desiderato da visita e bênção anual das famílias por parte do pároco, de um modo geral, nunca passou disso: um desiderato.

Algumas comunidades, em circunstâncias especiais de cultura e piedade, terão ido um pouco mais longe, aproveitando as festas pascais, para realizarem essa visita e bênção com certa solenidade. Mas isso trouxe-lhe outras conotações, acabando por tornar secundário o que era fundamental.

Nas zonas rurais, o aspecto festivo foi-se desenvolvendo, com cruzes profusamente ornamentadas, música e foguetes, como se de um grande arraial se tratasse; a figura do pároco, como tal, passa a segundo plano, e a bênção reduz-se, na mente das pessoas, à aspersão com água benta.

Esta secundarização do padre justifica a utilização, iniciada há muitas décadas, pelo menos em Portugal, de outro tipo de ministros, sobretudo seminaristas, mesmo leigos, ainda que com vestes litúrgicas, como se fossem clérigos.

Na maior parte dos casos, estes seminaristas iam, ou continuam a ir, para comunidades que os não conhecem; mas o autor destas linhas fez esse trabalho algumas vezes, ainda que de modo excepcional, na sua terra, onde todos o conheciam como simples “estudante”... era assim que, nessa altura, as pessoas por lá designavam os seminaristas.

E, já agora, acrescento que foi então que no meu íntimo começaram a surgir dúvidas sobre o valor pastoral de tal prática, que me agradava, pois a achava muito divertida, mas pouco mais do que isso.

Algumas propostas em ordem à renovação da Visita PascalFalando da própria experiência

1. A não ser nas regiões do país com uma tradição de vida comunitária ainda muito forte, como é o caso do Minho, há várias décadas que daquilo que terá sido uma forma de levar para as ruas a alegria pascal, ficou apenas o hábito de uma visita às casas, sublinho, às casas, por parte do pároco ou seu representante, que, a troco de algumas orações pronunciadas à pressa e uma pouca de água benta, recebia, por esta altura, parte daquilo com que os paroquianos proviam à sua sustentação.

Quando eu era criança, mesmo no seio de famílias piedosas, como, graças a Deus, era a minha, esta prática designava-se, sem nenhuma conotação negativa, “tirar o folar”: o Senhor Prior andava a tirar o folar... Recordo-me apenas de um comentário negativo, que rezava mais ou menos assim: os padres são piores que os garotos. Logo que chega o Dia de Páscoa, vão a correr buscar o folar. Ficou-me na memória este comentário pelo que nele achei de estranho, vindo de quem vinha; mas agora, com a mediação do tempo e tendo presente o que essa prática significava para as pessoas, acho-o razoável.

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Na linguagem oficial falava-se de outra coisa, e chegou mesmo a preconizar-se que não se recebesse o “folar” por essa altura. Não era a supressão dessa oferta, mas a tentativa de deslocar a sua entrega para uma ocasião mais apropriada; tentativa que, salvo raras excepções, não surtiu efeito.

Por outro lado, com a diminuição de padres em condições físicas para aquilo que alguns queriam que fosse uma visita do pároco às famílias da sua paróquia, criou-se o hábito de encarregar seminaristas, ou equiparados, vestidos como o padre, de tal missão... iniciando-se assim uma forma de conivência pouco honesta com a visão clerical da Igreja por parte do povo, em vez de se aproveitar a oportunidade para lhe mostrar alguns dos aspectos mais fecundos, quer do sacerdócio baptismal de todos os cristãos, homens ou mulheres, quer da ecleseologia de comunhão.

2. Na paróquia de que fui encarregado, vai para dez anos,1 só na primeira Páscoa, dado que éramos dois e distribuímos as visitas pelos três primeiros fins de semana do tempo pascal, foi possível a Visita Pascal ser realizada por sacerdotes. No segundo ano já não foi possível, devido à impossibilidade física do vigário paroquial.

Além disso, os lugares da paróquia que eram visitados depois do segundo Domingo da Páscoa, nem sequer queriam que lhes falássemos de Boas Festas Pascais, porque achavam que a Páscoa já tinha passado.

Em Novembro de 1996, o Conselho Pastoral, que iniciara as suas actividades no começo do ano pastoral, depois de estudar várias hipóteses, adoptou a seguinte prática: a Visita Pascal, que nos Pousos se começou a chamar solene anúncio pascal, far-se-ia, caso se encontrassem padres ou “equiparados” suficientes, ao longo da primeira semana da Páscoa, aproveitando as últimas duas horas, antes do pôr do sol. No momento da visita convidavam-se as pessoas para um convívio, à noite, durante o qual se faria a entrega do “folar”.

3. Pode dizer-se que este programa teve, no primeiro ano, um êxito modesto, se nos atemos aos objectivos que estavam por detrás dele: ou seja, aproveitar a Páscoa para arrancar as famílias ao anonimato a que as conduz a progressiva urbanização da paróquia, ajudando, ao mesmo tempo, a criar uma certa consciência de pertença a uma comunidade humana que vai muito para além da comunidade crente. As pessoas não aderiram à ideia de entregar o “folar” no convívio, e as presenças, muito poucas já no primeiro ano, foram-se reduzindo progressivamente nos anos seguintes.

4. Uma sugestão romanaAgosto de 1995. Uma paróquia dos arredores da Cidade Eterna, enorme, em

número de habitantes, construída segundo as normas mais sofisticadas do urbanismo moderno: grandes edifícios, com centenas de apartamentos, voltados para o espaço circular, no centro do qual se erguem as estruturas adequadas a uma pastoral urbana o mais completa possível.

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O Pároco, sacerdote de meia-idade, fala das suas inquietações. E, a certa altura, vem à baila a questão da Visita Pascal, referida a propósito das dificuldades de contacto pessoal em áreas urbanas como era aquela:

Não levara muito tempo a encontrar solução, aquele pastor, que iniciara aí o seu ministério uns anos antes:

Em vez da visita pascal, procurava visitar cada família ao longo do ano, em dias e horas combinados, de modo a poder estar presente o maior número possível de membros. O conteúdo da visita variava consoante as circunstâncias, mas sempre se rezava em comum, e o pároco incluía, na altura oportuna, a bênção prevista no ritual para estes momentos.

Fiquei a pensar naquela visita anual e na referência a uma bênção prevista para essa visita.

Outras ideias me nasceram daquela conversa, em plena canícula romana, mas a que mais cresceu ao longo dos anos que se seguiram foi a necessidade de encontrar, para a Visita Pascal, uma alternativa que me permitisse estar, de facto, ao menos uma vez por ano, com as famílias que o desejassem.

Era uma necessidade sentida, mas para a qual não encontrava solução, por mais voltas que desse ao pensamento, sobretudo porque não me parecia pastoralmente correcto acabar com o que se fazia para começar depois com uma novidade.

5. Até que, no início do ano 2000, o Conselho Pastoral, agora em conjunto com o Conselho Económico, decide organizar uma reflexão mais demorada, procurando alargá-la a outras pessoas, que, já numa segunda fase, atingiram o número de cento e vinte.

As decisões que se tomaram partiam de alguns pressupostos que não podemos escamotear:

a) Necessidade de envolver na Visita Pascal um grande número de pessoas, dando-lhe um cariz festivo que não pode ter com o sistema actualmente em vigor.

b) Conveniência em mobilizar toda a paróquia ao mesmo tempo: o que exigiria que o solene anúncio pascal se fizesse no mesmo dia e à mesma hora, e durante pouco tempo.

c) Falta de sacerdotes suficientes para encabeçar as equipas que um tal programa exigiria.

6. Programou-se então para a tarde do segundo domingo da Páscoa o Solene Anúncio Pascal às Famílias da Paróquia, foi o nome que se lhe deu, com um número suficiente de equipas de leigos que tornasse possível este anúncio em apenas três ou quatro horas.

Rito de envio, na igreja paroquial, terminando tudo com festa de confraternização na sede da freguesia, que devia incluir especial homenagem aos casais de celebravam as Bodas de Prata ao longo do ano.

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7. Quanto à reacção da paróquia, é evidente que ninguém esperava que uma alteração tão profunda fosse bem acolhida pela maioria dos católicos, ditos praticantes, sobretudo numa paróquia como os Pousos, onde nunca terá havido uma verdadeira consciência de comunidade, e a maioria da população, ou abandonou a prática religiosa ou a mantém por razões puramente sociológicas, com muita superstição à mistura.

Mas, de facto, apesar de todas as resistências, a experiência do primeiro ano foi altamente positiva, e todos os componentes das equipas se mostraram satisfeitos, digamos que até agradavelmente surpreendidos pelo modo como tudo decorreu.

8. Acontece, porém, que, por variadíssimas razões, nas quais é necessário incluir o que se pode designar por contra-informação, além do facto de a Páscoa ter sido mais cedo e não ter havido tempo para se prepararem bem as coisas, a experiência, no segundo ano, pode considerar-se um fracasso. De tal modo que foi preciso muita persistência para se manter o sistema; o que se conseguiu com uma dupla argumentação, lançada pelos próprios membros dos Conselhos Pastoral e Económico: em primeiro lugar, seria pastoralmente errado voltar atrás em decisões que não haviam sido tomadas de ânimo leve, mas com a consciência de que nas actuais circunstâncias esse seria o melhor caminho. Além disso, às pessoas que queriam o padre em sua casa pela Páscoa haveria que dizer com toda a clareza que isso era impossível, tendo em conta a escassez de clero e a rapidez com que todos queriam ver realizada a Visita.

Corrigiram-se alguns pormenores e decidiu-se seguir o método adoptado dois anos antes. E a verdade é que se abriram mais portas do que na Páscoa anterior, e estamos convencidos de que, se continuarmos a cuidar os pormenores, incluindo a preparação dos componentes das equipas, as pessoas acabarão por aceitar, até porque, na sua maioria, preferem isso a acabar com tudo, o que, na paróquia dos Pousos, seria a única alternativa. A não ser que se encontrem pessoas dispostas a continuar a colaborar na mentira dos leigos a fingir de padres, como tem acontecido no esforço por manter o sistema tradicional.

9. A concluir, gostaria apenas de acrescentar duas observações. Em primeiro lugar, quanto à paróquia dos Pousos, a percentagem de casas abertas, após a adopção deste método, não desceu assim tanto, como se poderia pensar a partir dos números absolutos referentes aos três últimos anos. Em segundo lugar, relativamente ao futuro, não estou certo de que, pelo menos no que se refere à zona urbana de Leiria, possamos manter por muito tempo as chamadas Boas Festas, por altura da Páscoa.

Mas estou profundamente convencido de que, se queremos ser verdadeiros e tirar algum “rendimento” pastoral desta tradição, há que renová-la em todos os sentidos; e isso não será possível sem uma ampla colaboração dos leigos.

Pousos, 30 de Junho de 2003.

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10. Adenda: Bênção anual das famílias.Ainda com a lembrança de Roma a bailar-me na mente, fui imaginando como

seria tentar aquilo a que o Ritual das Bênçãos designa por Bênção Anual das Famílias; mas, claro, desligando-o da Páscoa, já que outra cosia seria pura fantasia.

No início do ano pastoral de 2003-2004, ao longo de vários domingos, foi-se avisando as pessoas de que, a partir do Advento seguinte, o Pároco e o Vigário Paroquial estavam disponíveis para visitar as famílias que o desejassem, ao longo do ano, a fim de celebrarem a chamada bênção anual das famílias.

Frisava-se a necessidade de se combinar bem o dia e a hora, para que fosse possível um encontro real com a família e não apenas com um ou dois representantes.

De facto foram poucas as famílias que, até agora, manifestaram o desejo dessa visita. Cremos que, ma maior parte dos casos, porque não entenderam bem o que se pretendia. Mas não temos dúvidas de que a razão fundamental está na rotina das nossas comunidades; e a prova temo-la no facto de as famílias que se mostraram mais sensíveis a esta prática não pertencerem, no geral, ao estrato mais tradicionalista da paróquia.

Por outro lado, aos que, a propósito das alterações referidas acima, reagiam negativamente como pretexto de que queriam a visita do padre, tirou-se-lhes o argumento principal.

Poderia assim incrementar-se esta visita anual, com a bênção reservada ao pároco, não como alternativa, mas como algo independente da Visita Pascal, cuja renovação, com a ajuda dos leigos, iria mais no sentido que se lhe tem dado ultimamente, de solene anúncio pascal, com os ingredientes de festa adequados a cada região.

Pousos, 15 de Julho de 2004

Notas1 O essencial deste texto foi escrito no Verão de 2003.

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A nova Concordata

Estado e Igreja em cooperaçãoPe. Jorge Guarda

A Igreja Católica e o Estado português têm uma nova Concordata. Trata-se de um acordo onde se estabelecem as relações entre ambas as partes sobre assuntos de interesse comum. A base do entendimento é o reconhecimento da autonomia e independência de cada uma das entidades nos objectivos que persegue. Ao mesmo tempo, no respeito mútuo, propõem-se a cooperação bilateral numa finalidade comum: a “promoção da dignidade da pessoa humana, da justiça e da paz”. As consequências do documento atingem não apenas as cúpulas mas também as bases, pois ele implica, da parte da Igreja, as paróquias, as associações e as múltiplas instituições; da parte do Estado, tem incidências sobre as autarquias, escolas, hospitais e outras instituições.

A nova Concordata garante a liberdade religiosa e cria condições para que a Igreja possa livremente exercer a sua missão espiritual em relação às pessoas e contribuir para o desenvolvimento social e cultural do país. Daí o reconhecimento jurídico do Estado à Igreja e suas instituições e o acordo sobre a assistência religiosa católica nas forças armadas e de segurança, nos estabelecimentos hospitalares, prisionais e de assistência; a liberdade de instituição de escolas e a possibilidade da educação religiosa e moral católica no ensino público; o cuidado dos bens culturais e a afectação de espaços para fins religiosos são igualmente contemplados bem como a garantia do respeito pelo Domingo e festividades católicas. Ao casamento católico são reconhecidos efeitos civis. O relevante serviço da Igreja às pessoas faz-lhe merecer isenções fiscais, mas apenas no que se refere às actividades religiosas.

Esta Concordata, quanto aos seus conteúdos, tem poucos aspectos novos relativamente à anterior, em vigor desde 1940: clarificam-se alguns assuntos, distinguem-se as finalidades religiosas de outras também presentes nas instituições católicas e institui-se uma comissão paritária para a resolução de dúvidas e promover a aplicação do acordo. A salvaguarda e valorização do património mereceram um maior destaque neste documento. Na relação entre as duas entidades, acentuam-se bastante os princípios da autonomia e da cooperação, mesmo a nível internacional. O diálogo é uma porta muito aberta, pelo que se menciona a possibilidade da consulta mútua e o estabelecimento de acordos sobre assuntos específicos entre o Estado e a Igreja, sempre que se veja necessário. A Conferência Episcopal é reconhecida como representante da Igreja em Portugal e interlocutora para acordos sobre algumas matérias.

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Novo é o clima que transparece do documento, na sequência das mudanças recentes quer na Igreja, com o Concílio Vaticano II, quer na sociedade portuguesa, com o 25 de Abril e a adesão à União Europeia. Por isso, as relações entre as duas partes reflectem também as mudanças. Nem a Igreja pretende ser o suporte moral do Estado e consequentemente condicionar a sua actividade, nem este visa manter aquela sob o seu controlo, para não se tornar incómoda nas suas actividades e ensino. As relações entre a Igreja e o Estado estabelecem-se no quadro do respeito pela liberdade das pessoas e instituições e do pluralismo. A missão de uma e do outro são diferentes e a sua actuação autónoma.

A assinatura desta Concordata tem os seus antecedentes históricos no papel relevante que a Igreja teve e continua a ter na sociedade portuguesa. O documento garante bases mais sólidas e claras para o seu agir. O Estado, por seu lado, pode contar com o contributo da Igreja para o crescimento espiritual dos cidadãos, que são seus membros, e para o enriquecimento social e cultural do país. Cada uma das partes sabe com maior clareza o que pode contar com a outra, dentro da especificidade que lhe é própria. Compreende-se, assim, que a assinatura do acordo tenha sido saudada como acontecimento de grande significado histórico. As comunidades religiosas não católicas deverão poder, também elas, ser respeitadas e reconhecidas nas suas características próprias, na base da liberdade e do pluralismo. Também com elas o Estado pode fazer acordos.

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Intervenção na Recolecção do Clero de 02.08.2004

A busca de DeusA. Pascoal

I

In lectulo meo, per noctes,Quaesivi quem diligit anima mea1. Tibi dixit cor meum, exquisivit te facies mea; Faciem tuam, Domine, requiram2.«Cognoscam» te, cognitor meus, «cognoscam, sicut et cognitus sum»3

Foi-me pedido que, no âmbito do Ano Agostiniano, desenvolvesse algumas ideias, que pudessem constituir uma proposta para a vossa oração desta manhã, caso as quisésseis aproveitar.

No intuito de responder a esse desiderato, aproveitei, antes de mais nada, o facto de estarmos num local especialmente marcado pela presença de Maria, num dia em que muitas terras celebram a memória de Nossa Senhora dos Anjos, no mês carregado de festas marianas e em que a liturgia celebra a morte, – o dies natalis – do santo bispo de Hipona.

Agostinho, figura incontornável da Igreja e do pensamento ocidental, cujo nascimento para a história dos homens aconteceu a 13 de Novembro de 354, vai, portanto, para 1650 anos.

Aquilo a que se deu o nome de Ano Agostiniano é, como sabeis, a série de eventos com que a diocese de Leiria-Fátima quis assinalar a passagem deste aniversário, já que Santo Agostinho é, com Nossa Senhora de Fátima, seu Padroeiro Principal.

A ideia que escolhi como centro destas reflexões foi-me sugerida pela liturgia, que, ao longo das últimas semanas, nos recordou, mais do que uma vez, que a busca de Deus é a atitude fundamental do homem, como ser inteligente e capaz de amar.

Ideia que marca a vida e o pensamento de Agostinho, como testemunharam todos os seus biógrafos, e ele próprio deixou expresso em muitos passos dos seus escritos, de modo especial nas Confissões e nos Comentários aos Salmos.

Vejamos este precioso comentário ao versículo oitavo do salmo 27 ( ou 26, segundo a numeração da Vulgata): «No segredo, onde só Tu podes escutá-lo, diz-Te o meu coração: buscarei, Senhor, o Teu rosto. Perseverarei nesta busca sem me cansar, a fim de amar-Te gratuitamente, pois nada encontro mais precioso do que isso»4. Isso é amar o Senhor de modo gratuito, unicamente porque é Ele.

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O que só aparentemente contradiz esta frase das Confissões: «Quando te procuro, meu Deus, procuro uma vida feliz. Que eu te procure, para que a minha alma viva. Pois o meu corpo vive da minha alma, e a minha alma vive de ti»5.

A frase, buscarei, Senhor, o Teu rosto, sobretudo na versão da Vulgata – vultum tuum, Domine, requiram – constituiu, ao longo dos séculos, uma jaculatória com que muitos homens e mulheres manifestavam ao próprio Deus o seu desejo de contemplá-lo face a face, na eternidade... O que, como é evidente, não exclui a perspectiva do salmista, ainda que, de facto, ele use uma expressão metafórica, para designar a acção protectora de Yavéh, tanto sobre ele como, de modo especial, sobre o Povo da Aliança.

Mas a perspectiva de Agostinho é, se assim me posso exprimir, a mais abrangente de todas: porque se dá conta de que o maior desejo do coração humano é a descoberta do outro. Ou seja, o encontro do tu, sem o qual não poderá nunca aperceber-se integralmente do seu próprio eu.

E todos sabemos que, dadas as limitações das criaturas, o que o homem procura, no fundo, é o Outro Absoluto, o único interlocutor em que o eu pessoal de cada um se pode fundir sem perder nada da sua identidade. Muito ao contrário, nela descobre o indivíduo a autêntica dimensão do seu ser pessoal, que o mesmo é dizer, da sua verdade.

Esta é a fusão de que os místicos fazem a experiência inefável e que podemos identificar com o objectivo último da busca de Deus de que se ocupa Agostinho. Porque é ela que nos põe no caminho da verdade de Deus e do homem.

Uma leitura possível das Confissões é a que vê nesse livro uma espécie de poema, cujo lirismo iguala a sua profundidade teológica e que atinge também tons épicos – quando Deus e o homem parecem descobrir-se um no outro –, poema da alma remirando-se no amor com que Deus cria, procura e salva.

Procura... como no relato da queda6, como em tantos outros episódios bíblicos, do Antigo e do Novo Testamento, como afirma o Doutor de Hipona, num texto tão conhecido, quão carregado de beleza:

«Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei. E eis que estavas dentro de mim e eu fora, e aí te procurava, e eu, sem beleza, precipitava-me nessas coisas belas que tu fizeste. Tu estavas comigo e eu não estava contigo. (...) Chamaste, e clamaste, e rompeste a minha surdez; cintilaste, e afastaste a minha cegueira; exalaste o teu perfume, e eu aspirei e suspiro por ti; saboreei-te, e tenho fome e sede de ti; tocaste-me, e abrasei-me no desejo da tua paz»7.

Citação talvez demasiado longa, mas, em meu entender, necessária para apreendermos, tanto a riqueza do pensamento de Agostinho, como a beleza do seu discurso; esta presente sobretudo no texto latino.

Repare-se no modo como o santo vai referindo a acção da graça utilizando metáforas tiradas da linguagem relativa aos sentidos do homem: o ouvido- «chamaste, e clamaste, e rompeste a minha surdez»-, a vista- «cintilaste, e afastaste

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a minha cegueira»-, o olfacto- «exalaste o teu perfume, e eu aspirei e suspiro por ti»-, o gosto - «saboreei-te, e tenho fome e sede de ti» -, e o tacto - «tocaste-me, e abrasei-me no desejo da tua paz» -,... do interior para o exterior, do físico para o espiritual.

Como escreve o Prof. Costa Freitas, “as Confissões representam (...) o esforço de Agostinho para se situar na verdade de Deus (X, I, 1)8.

Verdade de Deus que é também a verdade do homem.E a busca desta verdade é a única coisa que interessa.Por isso, depois de falar da ausência de tempo em Deus, com uma fórmula que

só o casamento do génio do artista com a profundidade do pensador tornou possível, acrescenta: «Não importa se houver alguém que não entenda. Esse mesmo rejubile dizendo: “que significa isto?”, rejubile ainda assim e goste mais de te encontrar, não encontrando, do que de não te encontrar, encontrando»9

E no capítulo VI, do livro III, § 11, onde se lamenta das consequências das falsas buscas, uma dos seus desabafos mais conhecidos: «Mas Tu eras mais interior do que o íntimo de mim mesmo e mais sublime do que o mais sublime de mim mesmo»

Um desabafo cuja expressividade só lendo-o na língua original de Agostinho somos capazes de perceber10.

Segundo o pensamento do grande Doutor Africano, a busca de Deus, a ânsia de encontrá-lo, é o único critério seguro que temos para certificar-nos de que é a fé e não outra coisa qualquer que nos movimenta na vida.

Para ele, Deus está na própria busca, e se o procuramos, é porque já O encontrámos.

Séculos mais tarde, santo Anselmo, comentando o mesmo salmo 127, escreve: «Ensina-me, Senhor, a buscar-te e mostra-te a quem te busca. Porque não posso ir em tua busca se Tu me não ensinas, nem posso encontrar-te se Tu não Te manifestas. Desejando Te buscarei, buscando Te desejarei, amando-te Te acharei, achando-te Te amarei» (Proslogion, I, 97-100).

Será, dito de outro modo, aquele preferir “encontrar não encontrando, a não encontrar encontrando”, de Agostinho, que citei antes.

Anselmo, referindo deste modo a procura de Deus, não está longe das afirmações que os historiadores da filosofia consideram fundadoras da Escolástica medieval: Creio para entender; entendo para crer11.

Serão, em meu entender, textos como este que nos ajudarão a compreender o episódio de Betânia, cuja leitura, na versão de São Lucas, a liturgia nos propôs, há pouco, por duas vezes, no espaço de duas semanas: XVI Domingo do Tempo Comum (18 de Julho) e memória litúrgica de Santa Marta (29).

Sem nos metermos em questões de exegese, que não vêm a propósito e para as quais não tenho competência, damo-nos bem conta de que quando Jesus diz a Marta que a irmã escolheu a melhor parte, não está a desvalorizar o trabalho; e, muito menos ainda, a elogiar a preguiça:

Que põe a contemplação acima da acção, é evidente. Mas não, penso eu, como

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alternativa.Nem acção nem contemplação valem nada separadas, se a opção por uma

significa a rejeição da outra.De facto, segundo a caracterização do quarto Evangelho, o discípulo amado é

aquele que está sempre pendente – digo pendente, não dependente – do olhar de Jesus: que acredita nele, que intui, como nenhum outro, os ardis do traidor, que escuta o pulsar do coração do Mestre, que O não abandona em nenhuma circunstância, que lhe fica com a Mãe... (e todos sabemos o que é, para o autor do quarto Evangelho, a Mãe de Jesus, na Sua hora.).

Reparando bem, não teremos grande dificuldade em descobrir como essa contemplação do discípulo amado é fecunda em gestos que os condiscípulos não souberam realizar,

Voltemos ao episódio das duas irmãs, em Betânia:Tudo leva a crer que Marta era quem governava aquela casa: de facto, é ela que

recebe Jesus, e o seu cuidado nas lides daquele momento tem todas as características de uma dona de casa dinâmica, briosa... verdadeiramente ocupada nas exigências do seu cargo.

Mas será que toda aquela agitação nascia da lembrança do Amigo? Não seria antes o desejo de ficar bem, de não haver nada a destoar, naquela casa que lhe estava confiada?

A atitude de Maria, ao contrário, tem muito do discípulo amado joanino: só o Mestre lhe interessa, o Mestre: contemplá-lo, escutar a Sua palavra.

Quer dizer: a melhor parte escolhida por Maria é esse estar pendente do olhar divino, que fará não só que o nosso trabalho seja contemplação, mas ainda que não se perca em coisas que, por importantes que pareçam, não pertencem às nossas tarefas; e, o que é mais importante, inspirar-nos-á, em cada momento, os gestos oportunos, precisamente aqueles que o Senhor quer fecundar com a Sua graça.

Quando eu era ainda jovem, falou-se muito de um livro, um pequeno grande livro que dava pelo nome de A Alma de Todo o Apostolado e que, em meu entender, merecia ser reeditado. Dele retive uma ideia que, na altura, me chocou e na qual tenho pensado muitas vezes, ao longo da minha vida sacerdotal, prestes a perfazer os quarenta e três anos: a ideia de que corremos o risco de perder a Deus por causa das coisas de Deus.

Será o que quer dizer Agostinho, quando fala daquele encontrar não encontrando, preferível a não encontrar encontrando.

Uma só coisa é necessária: estar com Deus, escutar a Sua palavra, entrar em diálogo permanente com Ele... de tal maneira que as coisas, o que fazemos e o que projectamos, tudo, incluindo a teia de relações que se criam à volta da nossa actividade, se vão progressivamente purificando da ganga das nossas paixões, daquilo que nasce da hipertrofia do eu... E a nossa vida torna-se cada vez mais rica de pormenores de carinho, de gestos gratuitos, que são a marca da finura do amor.

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Se, como é legítimo pensar, as figuras de Marta e Maria, apesar de históricas, pertencem à economia narrativa de Lucas, que pretende simbolizar aquilo que verdadeiramente Jesus espera dos Seus discípulos, diríamos que, apesar das aparências, Ele não quer propriamente que optemos entre a contemplação e a acção, mas que, escolhendo a melhor parte, tudo em nós seja viver em permanente busca d’Ele, que é, não só a luz, mas também a verdade do nosso ser e a resposta única aos anseios do nosso coração.

II

Neste segundo momento de oração, perante o olhar amoroso de Senhor, que nos contempla no mistério da Sua presença real, ainda que sacramental, e abusando mais um pouco da vossa paciência, gostaria de reflectir convosco sobre este tema da busca de Deus, agora na perspectiva do chamamento divino de que fomos objecto.

Abordaremos alguns assuntos polémicos, sobre os quais me limitarei a propor pistas de reflexão, já que não sou especialista de teologia espiritual nem de história da espiritualidade: trago apenas o resultado de leituras pessoais, feitas ao longo dos tempos e, a maior parte das vezes, no quadro de outros trabalhos.

1. Ficou, portanto, claro que, segundo Agostinho, o homem, com a sua capacidade de conhecer e amar, só buscando a Deus está no caminho da descoberta da verdade de si mesmo. Buscar a Deus, é, pois, para o ser humano, sinónimo de buscar a verdade, cujo encontro, como vimos, o santo bispo de Hipona identifica com a felicidade: «Quando eu te procuro, meu Deus, procuro uma vida feliz. Que eu te procure, para que a minha alma viva»12.

2. Mas não podemos esquecer que o nosso Deus é o Deus de Jesus Cristo; isto é, para nós têm um significado programático incontornável as palavras de João: Eu sou o caminho a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim13. Se a vocação do homem é buscar a Deus, a vocação do discípulo de Jesus é buscar o rosto de Cristo, no qual se espelha o amor de Deus pelos homens.

Jesus Cristo é Deus na história dos homens, a eternidade no tempo, o divino revelando o humano.

Significado programático incontornável, repito, porque a insistência com que por aí se diz que somos monoteístas, que acreditamos no mesmo Deus que judeus e muçulmanos – o que talvez não seja totalmente exacto - poderia criar-nos a tentação de truncar a nossa fé de cristãos, enveredando por uma ascese que ignorasse a dimensão trinitária dessa fé.

E já agora, convinha recordar que, enquanto o judaismo ortodoxo sempre considerou Jesus um herege, os muçulmanos consideram a fé cristã na Trindade a mais grosseira das blesfémias.

Buscar o rosto de Cristo é, portanto, a vocação de todo o discípulo, cada qual segundo a sua vocação concreta.

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Contemplemos Marta e Maria: se esta escolheu realmente a melhor parte, como afirma Jesus, quer dizer que Marta devia também escolher segundo o mesmo critério. Mas é evidente que, para ela, escolher a melhor parte não seria propriamente fazer como Maria: sentar-se aos pés do Mestre. Pois, se o fizesse, quem iria dar conta das tarefas da casa?

3. O grande equívoco de uma certa espiritualidade, desenvolvida no Ocidente, sobretudo durante o segundo milénio, e que ainda hoje encontramos em algumas interpretações do episódio de Betânia, foi considerar Marta e Maria como símbolos de atitudes de fundo, inconciliáveis: a primeira simbolizaria a vida activa, enquanto a segunda seria o símbolo da vida contemplativa14.

Ou, acentuando ainda mais a dicotomia, Maria apresenta-se como símbolo da vida religiosa, contemplativa ou não, e Marta, como símbolo da vida secular, laical ou não.

Perante tais leituras, é inevitável que pensemos numa dupla distorção de toda a espiritualidade: primeiramente, a ideia implícita de que nem todas as formas de existência cristã são, de facto, verdadeiramente cristãs; depois, a conclusão necessária de que Jesus afirma expressamente a Sua preferência pela vida contemplativa, em oposição à vida activa.

Esta distorção, ainda que nunca avalizada pelo magistério oficial da Igreja, agravou-se, como vimos já, ao longo do segundo milénio e deixou marcas profundas na linguagem teológica e canónica do cristianismo ocidental.

É o que acontece, por exemplo, com a tendência a confundir a vocação à santidade com a vocação religiosa; e nesta, a apontar as ordens contemplativas como o quadro das mais perfeitas formas de existência cristã.

5. Para não gastarmos demasiado tempo com questões teóricas, apesar da sua importância, e para enquadrarmos correctamente as nossas reflexões, acho que, tratando-se de vocação cristã, seria útil considerar o seguinte:

O Baptismo não foi apenas o passo essencial da nossa história: ele introduziu-nos também definitivamente na família dos chamados; poderíamos mesmo dizer que a nossa vocação é essencialmente a vocação baptismal. Foi no Baptismo que tudo começou, incluindo o nosso sacerdócio.

É por isso que não gosto do termo “vocacionado”, importado do Brasil e usado para designar as pessoas chamadas ao sacerdócio ou à vida religiosa.

Por razões idênticas me parece equívoco o termo “consagrado”, que nas últimas décadas, pelo menos nos meios clericais portugueses, se foi especializando na designação das pessoas que optaram pelo celibato apostólico, mesmo que não estejam integradas em nenhum “instituto de vida consagrada”, segundo a linguagem actual do Código de Direito Canónico, que depende muito deste conceito de consagração.

Afinal, em termos teológicos correctos, para além do Baptismo e do Crisma, só a Ordenação sacerdotal implica uma verdadeira consagração, quer dizer uma nova

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configuração de alguém que já fora configurado naqueles sacramentos.Sabemos que o termo consagrar-se, no português corrente, até à década de

sessenta, significava apenas dedicar-se a alguém ou a alguma tarefa; ou então, na terminologia religiosa, confiar-se, pôr-se sob a protecção de..., como, por exemplo, consagrar-se ao Coração Imaculado de Maria.

O uso que actualmente se está a fazer dos termos consagrar e consagrado, incluindo o seu emprego pelo Código de Direito Canónico, está a provocar uma alteração profunda dos seus conteúdos semânticos; alteração que só não arrastará consigo graves imprecisões de ordem teológica se os esvaziarmos por completo das suas conotações religiosas.

6. Mas deixemos estas questões, que, embora não sejam puramente teóricas, não correspondem propriamente à finalidade primeira da nossa presença aqui.

Deixemos estas questões e voltemos à nossa configuração baptismal:Esta configuração, nos escritos paulinos, que são os que se ocupam mais

dos efeitos do Baptismo na vida de cada um de nós, implica um chamamento a reproduzirmos em nós a imagem de Cristo, a vivermos segundo as exigências do homem novo, de que fomos revestidos15. Nisto consiste a vocação à santidade; ou, na linguagem agostiniana, que repete a do justo do Antigo Testamento, a permanente busca do rosto de Deus.

Portanto, baptizados, consagrados, todos chamados à santidade.Todos chamados a “escolher a melhor parte”, mas segundo o modo de existência

cristã específico de cada um.E quanto a estes modos de existência cristã, a teologia distingue, por instituição

divina, fiéis leigos e fiéis sacerdotes; mas a estes dois modos, de instituição divina, há que acrescentar outro, de instituição eclesiástica, ainda que de tal modo unido à tradição da Igreja, que não vemos como se poderia prescindir dele. Falo, como é bom de ver, da vida religiosa, que é condição de muitos fiéis, quer leigos, quer sacerdotes.

Sumariando, poderíamos dizer que, no que se refere à vocação cristã – esta permanente busca do rosto de Deus no rosto de Cristo – e empregando imagens frequentes na linguagem actual, há o plano global, que inclui todos os baptizados, independentemente da sua condição.

Quanto a esta, poderíamos, por exemplo, falar de dois círculos concêntricos em que o mais interno englobaria os fiéis em situação especial, como seriam os religiosos, e o mais externo, estes e os outros fiéis: tanto num círculo como no outro há sacerdotes e leigos.

7. Durante muitos séculos, os autores espirituais, confundindo os modos de existência cristã com o quadro jurídico que lhes dava protecção, acabaram despersonalizando os chamamentos, em favor das instituições, às quais atribuíam o que só faz sentido em relação às pessoas.

Foi desta espécie de metonímia16 que nasceu o termo Estados de Perfeição,

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felizmente desaparecido da última versão do Código de Direito Canónico, ainda que o seu substituto, Institutos de Vida Consagrada, segundo o que se disse já, a respeito da consagração baptismal, não esteja isento de equívocos.

Em todo o caso, é absolutamente necessário ter presente que leigos e sacerdotes, religiosos ou não, têm todos em comum, o facto de, graças ao Baptismo, serem discípulos de Jesus, chamados a contemplar no Seu rosto, o rosto de Deus; a viverem a radicalidade do Evangelho, na realização daquela parte da história humana que lhes compete, no tempo e no espaço em que foram chamados à existência e à Igreja.

8. Em meu entender, só existe uma espiritualidade comum a todos os fiéis, leigos ou sacerdotes, religiosos ou não: a espiritualidade baptismal.

E quais são as características fundamentais desta espiritualidade? Ou, dito de outro modo, que significará para o discípulo de Jesus, escolher a melhor parte?

Não será por acaso que a tradição que recolheu o episódio de Betânia é a mesma que nos fala do envio dos setenta e dois, dos quais se não dá qualquer nome, mas cuja missão, no essencial, não se distingue da dos Doze.

Uma tradição por vezes apresentada como complementar a esta é a tradição joanina, onde aparece, com uma frequência notável, a figura do discípulo amado (ou, o discípulo que Jesus amava).

Costuma dizer-se que o discípulo amado, é um criptónimo, uma espécie de pseudónimo de João, que seria o autor humano do quarto Evangelho.

Não se contesta essa identificação; mas, dado o carácter preferentemente simbólico deste Evangelho, alguns autores vêem na figura do Discípulo Amado, mais do que uma assinatura velada de João: Ele seria o discípulo, por antonomásia, aquele que se define unicamente pela sua condição de discípulo.

O mariólogo Cândido Pozo, sintetiza assim as características do Discípulo, segundo o autor do quarto Evangelho:

O discípulo do Senhor, para sê-lo verdadeiramente, a) tem de guardar os Seus mandamentos (Jo 14, 14.21 e 23), partindo do amor a Deus (1Jo 15,2); b) amar os seus irmãos (Jo 13, 35); c) crer no carácter divino da missão de Jesus (Jo 17, 8); d) adoptar uma atitude de humildade e serviço, como Jesus (Jo 13, 13-17); e) acolher Maria (Jo 19, 27)17.

A par isto, o discípulo é também aquele que reclina a cabeça no peito do Mestre, que intui a profundidade das horas que vive a Seu lado.

João escolhe de tal modo a melhor parte, que, mesmo quando se lança na faina da pesca com Simão, é o primeiro a dar-se conta da presença do Senhor (Jo 21, 7), como fora o único a perceber a trágica grandeza do momento em que Judas saiu para entregar o Mestre (Jo 13, 30). Para o nosso objectivo, não importa o pormenor da informação prévia de Jesus.

9. Perdoar-me-eis se insisto: todos os discípulos de Jesus, qualquer que seja a sua condição – no mundo e na Igreja – têm uma espiritualidade comum, que poderíamos com propriedade designar de baptismal e cujo modelo nos é dado pelos escritos

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joaninos.Esta espiritualidade comum serve de base a inúmeros grupos e movimentos,

geralmente correspondendo a outras tantas espiritualidades, resultado da acção do Espírito Santo, que permanentemente fecunda a Igreja de Cristo, inspirando sempre novos caminhos de realização da vocação baptismal de cada um.

Uma nota comum e fundamental a todas estas espiritualidades é o seu carácter facultativo. Isto é: em meu entender, tirando as exigências da sua vocação baptismal, ninguém está a obrigado a aderir a uma espiritualidade concreta, pelo simples facto de adquirir uma nova função no seio do Povo de Deus.

Assim como ninguém pensa que dois jovens cristãos, ao unirem-se em matrimónio, ficam inseridos num qualquer movimento de espiritualidade conjugal, também não seria lógico afirmar que um leigo, não religioso, cuja característica fundamental é a secularidade18, perca essa característica pelo simples facto de receber o sacramento da Ordem. O deixar de ser leigo não arrasta consigo a perda da condição secular.

É evidente que o sacerdote terá de se santificar como sacerdote, através do exercício do seu ministério; de modo semelhante ao que acontece, por exemplo, com os leigos casados, que, sem deixarem de ser leigos, terão de se santificar vivendo as exigências da sua condição matrimonial.

10. Recentemente apareceu, em alguns estudos de espiritualidade sacerdotal, o conceito de diocesaneidade, que designaria a condição específica do sacerdote diocesano como raiz de uma espiritualidade própria19.

Não vamos agora discutir esse conceito, mas gostaria de apresentar duas objecções fundamentais:

Primeiramente, se um sacerdote diocesano, só pelo facto de o ser, tivesse de aderir a uma espiritualidade concreta, a sua condição no seio do Povo de Deus seria inferior á de qualquer outro fiel. E nós sabemos que, ao longo dos séculos, muitos sacerdotes diocesanos se santificaram, por exemplo, como membros do que antigamente se designava por ordens terceiras e hoje, creio que com mais rigor teológico, leva o nome de ordens seculares. Em qualquer dos casos, uma espiritualidade religiosa, que pode ser adoptada, sem que por isso se perca o carácter secular.

Por outro lado, e esta é a segunda objecção, quando reparamos no que estes autores apontam como características dessa diocesaneidade, não descobrimos nada de específico, pois tudo o que se aponta como tal pertence ao exercício normal do ministério, seja qual for a condição do sacerdote, secular ou não.

11. Em conclusão: O sacerdote secular, entenda-se, não religioso, pode optar por qualquer espiritualidade que, na sua perspectiva, constitua a melhor ajuda para realizar a sua vocação à santidade, tal como o pode fazer qualquer leigo não religioso.

Agora do que nem o sacerdote nem o leigo podem considerar-se dispensados é de fazer da sua vida uma busca contínua de Deus, que terá de encontrar na fidelidade

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à sua condição concreta.O Vaticano II recomenda aos sacerdotes, que entre outras formas de ajuda mútua,

promovam a constituição de grupos e associações no seio das quais essa ajuda se torna um objectivo comum20.

Recomenda, não impõe. Como qualquer outro fiel não religioso, o sacerdote diocesano, enquanto tal, não

está obrigado aderir a nenhuma espiritualidade concreta. Não está obrigado, mas também não está proibido.

Mais uma vez, como qualquer outro fiel não religioso, o sacerdote diocesano é totalmente livre de aderir a qualquer espiritualidade, mesmo religiosa, que, no seu ponto de vista, o ajude a santificar-se no exercício do seu ministério.

Mas, associado ou não, o sacerdote, como qualquer discípulo de Cristo, é chamado à perfeição da caridade, que está precisamente na escolha da melhor parte, como a irmã de Marta, como o Discípulo Amado, como a Mãe do Senhor.

E, para terminar, recordemos essa característica do discípulo, segundo João:Acolhe a Mãe de Jesus, tem-na presente em tudo aquilo que lhe diz respeito, in

sua, eis ta idia, é muito mais do que para sua casa, como habitualmente se traduz por aí.

Maria, que junto à cruz, na economia narrativa de João, é a Mãe de Jesus, evidentemente; mas é também a Igreja, no seio da qual Cristo nos gerou para a vida divina e nos consagrou no sacerdócio.

Dois pensamentos muito apropriados, no lugar em que nos encontramos.

Notas1 Cântico dos cânticos, 3, 1: No meu leito, no meio da noite, procurei o amado da minha

alma. Início do texto que a liturgia propõe para primeira leitura, na festa de Santa Marta, ou seja Cant. 3, 1-4.

2 Ps 27 (26) 8-9. Disse-te o meu coração: busco a tua face, Senhor.3 Confissões, X, I, 1: Que eu te conheça, ó conhecedor de mim, “que eu te conheça, tal como

sou conhecido por ti” (1C 13,12).4 Enarrationes in Psalmos, 26, 8.5 X, XX, 29: Cum enim te, Deum meum, quaero, vitam beatam quaero. Quaeram te, ut vivat

anima mea (Ps 68, 33). Vivit enim corpus meum de anima mea et vivit anima mea de te.6 Cf Gen 3, 8-10. Aqui se mostra, de modo poético, como Deus não Se resigna com o afasta-

mento do homem.7 X, XXVII, 38. Sero te amavi, pulchritudo tam antiqua et tam nova, sero te amavi. Et ecce

intus eras et ego foris et ibi te quaerebam et in ista formosa, quae fecisti, deformis inrue-bam. Mecum eras, et tecum non eram. (...) Vocasti et clamasti et rupisti surditatem meam, coruscasti, splenduisti et fugasti caecitatem meam, flagrasti, et duxi spiritum et anhelo tibi, gustavi et esurio et sitio, tetigisti me, et axarsi in pacem tuam.

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8 Santo Agostinho: Confissões. Tradução de Arnaldo Espírito Santo, João Beato e Maria Cristina de Castro-Maia de Sousa Pimentel. Introdução de Manuel Barbosa da Costa Freitas. Edição da INCM. Novembro 2000. Introdução, XIII.

9 Confissões, I, VI, 10: Quid ad me, si quis non intellegat? Gaudeat et ipse dicens: “quid est hoc?”. Gaudeat etiam sic et amet non inveniendo invenire potius quam inveniendo non invenire Te.

10 Tu autem eras interior intimo meo et superior summo meo.11 Credo ut intellegam; intellego ut credam.12 Confissões, X, XX,29: Cum enim te, Deum, meum, quaero, vitam beatam quaero. Quaeram

te, ut vivat anima mea( Ps 68, 33).13 Jo 14, 6.14 Comentário típico daquela mentalidade, apesar das aparências: “As duas irmãs, Maria e

Marta, representam a vida activa e a vida contemplativa. Em geral, a perfeição consiste em saber unir estas duas vidas, como o fez Jesus, que, de noite, Se entregava à oração e, de dia, às obras de caridade, ao apostolado, a curar enfermos, etc.” (Bíblia Sagrada, edição da Província Portuguesa dos Padres Missionários Capuchinhos, Lisboa 1986). No fundo o autor deste comentário imagina dois tipos de vida diferentes que só externamente se podem unir, ou, melhor dito, justapor. Comentário menos dependente dessa mentalidade parece o da Bíblia Sagrada, Edições PAULUS, 3ª edição, 1993: “Mais importante do que fazer as coisas, é fazê-las de modo novo. Para isso, é preciso ouvir a Palavra de Jesus, que mostra o que fazer e como fazê-lo”.

15 Ver, por exemplo, Ef 4, 21-24.16 Também se poderia chamar-lhe hipálage, já que se atribuem a coisas conceitos que, em sentido

próprio, só se podem dizer de pessoas. No entanto, o que verdadeiramente se passa aqui é a contaminação de conceitos por contiguidade, tipo conteúdo - continente/parte – todo como aconteceu, por exemplo, com a palavra igreja, que, a princípio, designava a comunidade crente, e mais tarde passou a designar o espaço onde ela se reunia.

17 Cândido Pozo: Maria en la Escritura en la Fe de la Iglesia. BAC popular, Tercera Edicion, Madrid, MCMLXXXV, p. 169.

18 “É própria e peculiar dos leigos a característica secular”. LG 32 b. 19 Cf. AZEVEDO; Carlos A. Moreira: Ser padre. Lisboa; Universidade Católica Editora, 2004.

Pp. 87 e sgs.20 “Devem Ter-se em especial apreço e promover diligentemente as associações que, com

estatutos aprovados pela competente autoridade eclesiástica, promovem a santidade dos sacerdotes no exercício do ministério, por uma apropriada regra de vida e ajuda fraterna, e assim estão ao serviço de toda a ordem do presbiterado” (PO, 8 c).

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