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A protecção da inovação estética pelo regime de desenhos e modelos Miguel Moura e Silva Assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

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Page 1: A protecção da inovação estética pelo regime de desenhos e modelos Miguel Moura e Silva Assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

A protecção da inovação estética pelo regime de desenhos e

modelos

Miguel Moura e Silva

Assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

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23-10-2002 Miguel Moura e Silva - Desenhos e Modelos Industriais - Universidade de Aveiro

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Cinco questões:

• O que proteger ?

• Porquê proteger ?

• Como proteger ?

• Quais as excepções à protecção?

• Onde proteger ?

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O que proteger?

Inovação estética: aparência dos produtos, design

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Porquê proteger ? (I)

• Contributo para a defesa da inovação estética: o investimento neste tipo de inovação aumenta o património comum composto pelo conjunto de formas e desenhos (complementaridade com o Direito de Autor);

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Porquê proteger ? (II)

• Defesa do investimento em design como estratégia legítima de diferenciação de produtos: o design é uma actividade económica que inova e cria valor acrescentado, aumentando o leque de opções à disposição do consumidor (complementaridade com a marca e outros sinais distintivos);

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Porquê proteger ? (III)

• Facilidade de apropriação por via da imitação: porque o design se manifesta na e pela aparência do produto, ele pode facilmente ser copiado por concorrentes que não suportaram os custos da inovação estética;

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Como proteger ?

• Desenhos ou modelos industriais (nacionais e comunitários);

• Marcas (nacionais e comunitárias);

• Direito de Autor (aplicação limitada);

• Concorrência desleal;

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Desenhos ou Modelos Industriais

• Nacionais: CPI de 1995, a ser substituído pelo novo CPI (Projecto apresentado em 1999); Regime será marcado pela transposição da Directiva nº 98/71;

• Comunitários: Regulamento nº 6/2002

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Desenhos ou Modelos IndustriaisDefinição

Desenho ou modelo: “aparência da totalidade ou de parte de um produto resultante das suas características, nomeadamente das linhas, contornos, cores, forma, textura e/ou materiais do próprio produto e/ou da sua ornamentação”;

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Desenhos ou Modelos IndustriaisRequisitos de protecção (I)

• Novidade: nenhum desenho ou modelo idêntico foi objecto de divulgação pública; pode ser respeitado em caso de combinações novas de elementos conhecidos ou disposições diferentes de elementos já usados, desde que dêem aos respectivos objectos carácter singular (esta possibilidade parece contrária à Directiva).

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Desenhos ou Modelos IndustriaisRequisitos de protecção (II)

• Carácter singular: a impressão global que suscita no utilizador informado difere da impressão global suscitada nesse utilizador por qualquer desenho ou modelo divulgado ao público;

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Desenhos ou Modelos IndustriaisProdutos Complexos

•Protecção da aparência do produto complexo;•Protecção da aparência dos componentes ou peças de substituição;

Esta dupla protecção confere um exclusivo sobre o mercado de peças de substituição e, eventualmente, sobre os serviços associados

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Desenhos ou Modelos IndustriaisProdutos Complexos

Solução da Directiva - Sujeição da protecção dos componentes a duas condições:

• O componente deve continuar visível durante a utilização normal do produto complexo;

• As próprias características visíveis do componente preenchem os requisitos de protecção.

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Desenhos ou Modelos IndustriaisObtenção da protecção

• Registo - Direitos nacionais;

• Registo - Desenhos ou modelos comunitários registados;

• Divulgação - Desenhos ou modelos comunitários não registados.

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Desenhos ou Modelos IndustriaisAlcance da protecção

“Abrange todos os desenhos e modelos que não suscitem uma impressão global diferente no utilizador informado”

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Desenhos ou Modelos IndustriaisDuração da protecção

• Direitos nacionais: 5 anos, prorrogáveis até 25 anos;

• Desenhos ou modelos comunitários registados: idem;

• Desenhos ou modelos comunitários não registados: 3 anos.

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Desenhos ou Modelos IndustriaisDireitos conferidos

• Desenhos e modelos nacionais e Desenhos ou modelos comunitários registados: direito exclusivo de o utilizar (e.g. pelo fabrico, oferta, colocação no mercado, importação ou exportação) e de proibir a terceiros a sua utilização sem o consentimento do titular.

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Desenhos ou Modelos IndustriaisDireitos conferidos

• Desenhos ou modelos comunitários não registados: direito de proibir a terceiros os actos de utilização sem o consentimento do titular, “se o uso em litígio resultar de uma cópia do desenho ou modelo protegido” (o que não será o caso se esse uso resultar de um trabalho de criação independente)

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Quais as excepções e limitações à protecção ?

• Limitações decorrentes do sistema de protecção;

• Exclusões decorrentes do sistema de protecção (excepções da funcionalidade e da adaptabilidade);

• Limites impostos pelo Direito da Concorrência;

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Limites dos direitos• Actos do domínio privado; actos com fins

experimentais, de referência ou didácticos;

• Esgotamento: não abrangem actos que incidam sobre um produto em que tenha sido incorporado ou aplicado um desenho ou modelo industrial protegido, quando esse produto tenha sido colocado no mercado, no EEE, pelo seu titular ou com o seu consentimento

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Excepção da funcionalidade

• Quando é possível dar diferentes aparências a um produto, a diferenciação, sendo um fenómeno de concorrência monopolística, não cria um verdadeiro monopólio em sentido económico;

• Quando a forma é ditada pela função, o direito exclusivo sobre aquela pode criar um monopólio sobre o produto em si.

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Excepção da adaptabilidade

• São excluídas as “características (...) que devam necessariamente ser reproduzidas na sua forma e dimensão exactas para permitir que o produto a que o desenho ou modelo se aplica seja ligado mecanicamente a outro produto, ou colocado dentro, à volta ou contra esse outro produto, de modo a que ambos possam desempenhar a sua função”.

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Excepção da adaptabilidade

• Trata-se de excluir características ditadas por uma função específica: a interoperabilidade;

• Excepção à excepção: estas características podem ser protegidas na medida em que a sua finalidade seja permitir uma montagem múltipla de produtos intermutáveis ou a sua ligação num sistema modular

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Onde proteger ? (I)

• A internacionalização das empresas (comércio e/ou Investimento Estrangeiro Directo) passa por uma estratégia internacional de protecção da propriedade industrial, hoje facilitada pelo ADPIC/TRIPS;

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Onde proteger ? (II)

• A protecção deve ser obtida utilizando todas as vias legais: a complementaridade entre direitos de propriedade intelectual (incluindo o Direito de Autor) deve ser convenientemente explorada;

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Onde proteger ? (III)

• Principal preocupação: obter protecção pelo menos nos mercados mais atractivos

• É necessário analisar o impacto do princípio do esgotamento (onde ele é reconhecido, como sucede no Espaço Único Europeu), pois este pode pôr em causa uma estratégia de segmentação de mercados;

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FIM DA APRESENTAÇÃO

Miguel Moura e Silva

[email protected]