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A PROPOSITO DO MOVIMENTO PARTICIP ACA01 TH E MO VIM ENTO PAR CIPA 9 AO("P ARTICIPATORY" MOVEMENT) APROP OSITO DEL MOVIMIENTO PARTICIPACION Maa Jose dos Santos RossI RESUMO: relata a trajet6ria do Movimento Participa ao(MP) n ascido na enfermagem brasileira em oposiao as pol lticas praticadas pe la Associa ao Brasileira de Enfermagem(ABEn). Artigo escrito pela primeira presidente eleita pe lo MP onde sao apresentadas as bases do movimento, sua organiza ao, a luta para a conquista do poder e 0 trabalho desenvolvido pela primeira gest ao. PALAVRAS-CHAVE : movimento participa ao, polit icas de enfermagem, ABEn , hist6ria da enfermagem Quero, neste artigo, relatar minha participa gao no c ampo profissional co mo Presidente Nacional daAssociag ao Brasileira de Enfermagem (ABEn), na primeira gest ao do Movimento Participagao 1 986/1989, depois de conturb ado processo que propiciou uma "virada " na orientagao geral e nas polfticas da ABEn para a En fermagem Brasileira. OS VENTOS DA MUDANCA: 1 979 COMO MARCO -0 CONGRESSO DO CEA o ana de 1 979 - ana do XI Congresso Br asileiro de Enfermagem (CBEn) rea lizado em Fortaleza no Ceara - explicitou um processo de ins atisfag ao n a categoria pelos rumos tomados pela nossa Associag ao, de clientelismo e de col aborag ao com 0 Governo, com uma disponibilidade de co laborag ao com as multinacionais de equipamentos hospitalares e de medicamentos, sem responder aos reclamos dos profissionais. Era presidente nacional da ABEn, a professora leda Barreira e Castro, (gest ao 76/80) que fez algumas udan gas na entidade trazendo a Secreta ria Executiva para Bras il ia, na nova sede. Embora a ABEn tivesse dado passos importantes no encaminhamento do ensino da profissao e mes mo na organiza gao d a profiss ao tendo del a saido 0 Conselho Federa l de Enfermagem, os Sindicatos e tendo apoiado as pr atic as organizadas em torno do indiv iduo e da doenga, n ao provocou a articulag ao com os movimentos soci a is que reclamavam naque la epoca por uma soci edade mais justa e, especificamente por um atendimento de sa ude de qualidade e me lhores condig6es de trabalho. Essa insatisfag ao m anifestava-se como oposigao de b ase, pois as diretorias ao n ivel central da nossa entidade se revezavam entre Rio e S ao P aulo, mas tinham as mesmas vis6es e os mes mos posiciona mentos. Apenas era uma luta pe la hegemonia baseada e m criterio territorial. Esta oposigao foi crescendo de forma ainda desorganizada. o movimento sindical da categoria tamb em estava todo 0 tempo descontente e 1 Aigo encomendado pela Presldente da A BEn Nacionalpara a re vista dos 75 anos da ABEn. 2 Professora A unta aposentada da Universl dade de Brasil ia. Ex-presidente da ABEn, primeira gestao d a Palpa9ao, gestao 86/89 Ex-presldente da Comissao de Especi alistas no Ensino da Enfermagem, MEC/SES mandato junho/1988 ajunho de 2000. Coordenadora do Neo de Estudos e Pesquisas da Ae de Cui dar da Wda (NEPA V do Cent de Estudos A van9ados Mult ldiscipnares CEAM/UnB R. Bras Enferm. , Brasil ia, v. 53, nA , p. 213-228 , abr.ljun. 2001 213

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A PROPOSITO DO MOVIMENTO PARTICIPACA01

TH E MO VIMENTO PARTICIPA 9AO ("PART I C I PATO RY" MOVEM ENT)

A PROPOS ITO DEL MOVI M I ENTO PART IC IPAC ION

Maria Jose dos Santos RossI

RESUMO: re lata a trajet6ria do Movimento Partici pac;:ao ( M P ) nascido na enfermagem brasi le i ra em oposic;:ao as pol lt icas prat icadas pe la Associac;:ao B ras i le i ra de E nfermagem(ABEn) . Artigo escrito pe la p r ime i ra p res idente e le ita pe lo MP onde sao a p resentadas as bases do mov imento , sua organ izac;:ao , a l u ta para a conqu ista do poder e 0 traba lho desenvolvido pe la prime i ra gestao .

PALAVRAS-CHAVE : movimento partici pac;:ao , pol it icas de enfermagem , ABE n , h ist6ria da enfermagem

Quero , neste a rt igo , relatar m i nha part ic ipagao no campo profiss iona l como Pres idente Nac iona l da Associagao B ras i l e i ra de E nfermagem (AB E n ) , na pr i me i ra gestao do Movi mento Part ic ipagao 1 986/1 989, depois de conturbado processo que propic iou uma "virada" na orientagao gera l e nas pol ft icas da ABEn para a Enfermagem Bras i l e i ra .

O S VENTOS DA MUDANCA: 1 979 COMO MARCO - 0 CONGRESSO DO CEARA

o ana de 1 979 - ana do XXXI Congresso Bras i le i ro de Enfermagem (CBEn) rea l izado em Forta leza no Ceara - exp l icitou u m processo de i nsat isfagao na categoria pelos rumos tomados pe la nossa Assoc iagao , de c l i e nte l i smo e de co la boragao com 0 Govern o , co m u m a d ispon i b i l i dade de colaboragao c o m as mu lt i nac iona is de eq u i pa mentos hospita lares e d e med ica mentos , s e m responder aos rec lamos d o s profiss iona i s . Era pres idente nac iona l da ABEn , a professora l eda Barre i ra e Castro , (gestao 76/80 ) q u e fez a lgu mas l'Iluda ngas na ent idade trazendo a Secreta r i a Execut iva para B ras i l i a , na nova sed e .

Embora a A B E n t ivesse d a d o passos i mporta ntes no encam inha mento do ens ino da profissao e mesmo na organ izagao da profissao tendo de la sa ido 0 Conse lho Federal de E nfermagem , os S i nd icatos e tendo a po iado as prat icas org a n izadas em torno do i nd iv id uo e da doenga , nao provocou a art icu lagao com os movi mentos soc ia is q u e rec lamavam naque la epoca por uma soc iedade ma is j usta e , especificamente por u m atend i mento de saude de qua l idade e me lhores cond ig6es de traba l ho .

Essa i nsat isfagao man ifestava-se como opos igao d e base , po i s as d i retor ias ao n ivel centra l da nossa ent idade se revezavam entre Rio e Sao Pau lo , mas t i nham as mesmas vis6es e os mesmos pos ic ionamentos . Apenas era u m a l u ta pela hegemon ia baseada em cr iter io territoria l . Esta oposigao fo i crescendo de forma a i nda desorgan izad a .

o mov imento s i nd i ca l da categor ia t a m b e m estava todo 0 tempo d escontente e

1 Artigo encomendado pela Presldente da ABEn Nacional para a revista dos 75 anos da ABEn. 2 Professora Adjunta aposentada da Universldade de Brasilia. Ex-presidente da ABEn, primeira

gestao da Partl'cipa9ao, gestao 86/89. Ex-presldente da Comissao de Especialistas no Ensino da Enfermagem, MEC/SESu, mandato junho/1988 ajunho de 2000. Coordenadora do NtJc/eo de Estudos e Pesquisas da Arte de Cuidar da Wda (NEPA V(,I do Centro de Estudos A van9ados Multldisciplinares CEAM/UnB.

R. Bras Enferm. , Brasi l ia , v. 53 , n A , p . 2 1 3-228 , abr. lj u n . 2001 2 1 3

A prop6sito do movimento . . .

reivindicando melhores condi<;oes de traba lho , adic ional de i nsalubridade, p lano de classifica<;ao de cargos e sa larios , d iss id io coletivo e outras reivi nd ica<;oes .

Estudantes de enfermagem de varias reg ioes do pais, a l i presentes demonstravam tambem i nsatisfa<;ao com a sua part ic i pa<;ao nos rumos da ent idade e da profissao .

A insatisfa<;ao fo i num crescendo ate que , mais tarde , se estrutura em u m apelo coletivo e em uma ind igna<;ao de toda a categoria que votava e nao t inha voz , a nao ser nas Assembleias de Delegados a cada real iza<;ao do Congresso Bras i le i ro de Enfermagem, mas, assim mesmo , somente para aque les q u e la pudessem i r. As pres identes de Se<;ao nao t i nham um forum de contato ofic ia l com a D i retor ia Centra l . E nfi m , a ABEn era uma ent idade mu ito fechada e nao havia d isposi<;ao de democratiza- I a .

A AGLUTINACAO DAS FORCAS DE OPOSICAO NO CONGRESSO DE sAo PAULO

Cinco anos depo is , no XXV C B E n , em 1 983 , rea l izado na c idade de Sao Pau lo , manifestaram-se tres grupos : 0 de Sao Pau lo , 0 do R io de Janeiro e um terceiro grupo empenhado na transforma<;ao da ABEn em um "orgao ma is atua nte e s i nton izado com 0 seu tempo" , que se i nt itu lou Movimento Participa�ao , do qua l partic ipe i de forma ativa .

N esse Congresso de S . Pau lo , so l ic i tamos a pres idente da Com issao de Temas , a Professora Victoria Secaf um espa<;o para real izarmos as nossas reun ioes e , d iante da negativa , em razao a legada dos a ltos custos das sa las no Centro de Conven<;oes Rebou<;as, reu n i mo­nos no estac ionamento , partic ipando um grande numero de enfermeiras e de enfermeiros para a organ iza<;ao de u m movimento de oposi<;ao a forma como a ent idade v inha sendo d i r ig ida .

E necessario ressaltar que eu estivera fora do Bras i l com m inha fami l i a , na Belg ica , com o meu esposo, refug iado pol it ico de 1 973 a 1 980 . Logo ao chegarmos ao Bras i l , entretanto , me i nseri nesse movimento , ja que t ivera antes envolv ida com a ABEn e com as Associa<;oes Profiss iona is , q u e depois se transformaram em S ind icatos .

Desde fi na l d e 1 982 a 1 984 estive traba lhando com uma equ ipe , no CEPEn , como Coordenadora da Comissao de Documenta<;ao , a convite da Professora Doutora Mar ia Ceci l ia Puntel de Almeida , de Ribeirao Preto , que era a Coordenadora da entao Comissao de Atividades C ientfficas e Docu menta<;ao - CAC I D e D i retora do CEPEn . A Comissao de Documenta<;ao era composta de profiss ionais por mim convidados, como uma equ ipe de Bras i l ia , Ari lda de S .Sabas Pucu , Kazue Horigosh i Rodr igues , Lu izAfonso Rocha , Mar ia Aparecida G ussi e Wi lma Santos .

Em 1 984 , d u rante a movimenta<;ao pol it ica , cont i nuamos traba lhando nos cata logos de I nforma<;oes sobre Pesq u isas e Pesq u isadores . Certo d ia t ivemos a desagradavel surpresa de nao podermos mais entrar na sede d a ABEn Nac iona l para rea l izarmos 0 traba lho do CEPEn , traba lho que era fe ito a noite , po r ordem da entao Pres idente, Dra C i rce de Me lo Ribe i ro . Ordem essa que nos fo i ap resentada pe lo senhor Manue l , 0 v ig ia da sede . Apesar d isso a i nda , traba lhamos na pub l ica<;ao do n u mero do cata logo do C E PEn de 1 984 .

o movi mento d e OpOSi<;80 a pareceu fortemente sob a l i d eran<;a da ABE n , se<;80 Santa Catari n a , cujo pres idente - 0 jovem enferme i ro Jorge Lorenzetti - e seu grupo enfatizava m a preocupa<;ao com as cond i<;oes de trabalho do pessoal de enfermagem e com 0 tipo de assistencia de enfermagem prestada a popu la<;8o .

As d ecadas de setenta e oitenta foram de g rande combatividade dos traba lhadores por me lhores cond i<;oes de traba lho e de sa la rio e, em especia l , os traba lhadores da saude , const i tu i ndo-se 0 MOVI M E NTO SAN ITAR I O P E LA REFO RMA SAN ITARIN que se va i

3 Reforma Sanitaria rea/izada para as transforma(:oes no sistema de saude vigente. Apesar do grande engajamento dos traba/hadores, nao conseguiu mudar a /6gica do sistema de assistencia medica com base na industria farmaceutica e de equipamentos hosp/la/ares.

2 1 4 R Bras. Enferm. , Bras i l i a , v. 54 , n . 2 , p . 2 1 3-228, abr. /jun . 2001

ROSS I , M . J . dos S .

efetivamente rea l izar nos meados da decada de o itenta , tendo n o fi na l dos anos oitenta l i derado a Reforma San itar ia na 8a Conferenc ia Nac iona l de Saude que cu lm inou com a e labora<;ao do cap itu lo d a Saude e da Segur idade Soc ia l na Const itu i<;ao de 1 988 .

o movimento da enfermagem esteve mu ito envolvido com essas quest6es e a l i nhada as pa lavras de ordem emanadas d esse movi mento . A grande i nsat isfa<;ao estava l igada a var ios problemas como ba ixos sa larios , longas jornadas de traba lho , dupla m i l itancia em dois empregos para sobrevivenc ia , e, fi na lmente 0 veto do Sr Pres idente da Repub l ica ao Projeto n 3225C/ 1 980 que tomou 0 n u mero 1 05/82 no Senado Federa l , 0 projeto das 30 horas de jornada d e traba lho , depois d o mesmo ter s ide aprovado na Camara dos Deputados.

E ntre as pa lavras de ordem est i pu l ava-se uma re iv i nd i ca<;ao pe la valorizac;ao da enfermagem . Al i nhara m-se ta mbem na l ideran<;a dos protestos e na l uta pol lt ica , a lgu mas Se<;6es da ABEn, a lem de Santa Catari na , a da Bah ia , a do Rio Grande do Su i , a do Rio Grande do Norte , a do Ceara , a d e Alagoas , a do Rio de Jane i ro e a do Distrito Federa l , se<;ao a qua l eu pertenci a .

Ass i m , as enferme i ras e os enferme i ros part ic ipantes desse mov imento reso lvemos no Congresso do Rio Grande do Su i a presentar u m a chapa concorrente a d i re<;ao da ABEn , no n lvel naciona l . Depois de longas d iscuss6es, 0 meu nome foi i nd icado nao so pela combatividade demonstrada , mas, tambem, pelo fato de ter estado fora do Pais por a lgum tempo, nao estando , assim , envolv ida com os acontec imentos do perlodo anterior e , sobretudo , por ser negra , como uma forma de reafi rmar a efetiva opos i<;ao do movimento , uma vez que jamais se pensou em ter uma pres idente negra . As i nd ica<;6es para a forma<;ao da chapa ficara m a cargo das Se<;6es , embora fossem fi rmadas a lgu mas or ienta<;6es gera i s .

F izemos u m man ifesto onde j a enu nciavamos novas d i retrizes e nova or ienta<;ao para a nossa ent idade . Ne le afi rmavamos

"q ue a q uestao da prat ica da enfermagem e o fato de ela a inda nao ter estabe lec ido u m comprom isso propr io , c la ro e so l ido com a s necess idade da assistenc ia a popu la<;ao ; que a representat iv idade da Associa<;ao na categor ia e peq uena em fu n<;ao de u m a prat ica fechada e pouco part ic i pat iva o n d e n a o ha espa<;o para man i festa<;ao dos i nteressados; a necess idade de um traba l ho conj u nto e permanente com tod as es ent idades de enfermagem ; e q u e a po l ft ica cu l tura l e tecn ico-c ient ff ica da ABEn deve estar voltada para os i nteresses da enfermagem e da melhoria da assistencia prestada a popula<;ao" . 4

As d i ficu ldades fora m mu itas para reg istra r a nossa cha pa . Tivemos q u e nos mob i l izar para ta l , com cartas , ofic ios , so l ic ita<;ao de aud ienc ias para esclarec imento das regras e sempre t fnhamos como resposta 0 Estatuto e 0 Reg imento da ABEn que eram confusos e om issos sobre as regras e le itora i s . Tudo isso esta docu mentado na sede da nossa Associa<;ao .

AS LUTAS POUTICAS PARAAS ELEIc:;OES DE 1 984.

Este mov imento a utodenomi nou-se , ma is tard e , a part i r da denomi na<;ao da chapa q u e concorr ia as e le i<;6es como MOV I M E NTO PART I C I PA<;AO, com 0 objetivo de rom per c o m a trad i<;ao da ent id ade . A prod u<;ao i nte lectua l d e enferme i ros era baseada especia l mente e m com po n entes tec n i cos d a ass iste n c i a c u rat iva , nao conte m p l a n d o a compreensao d a determina<;ao soc ia l do processo saude doen<;a . ( O l ive i ra , 1 990)

Ass i m , ace ita ndo 0 d esafio , enca becei a chapa d e oposi<;ao , que pe la pri me i ra vez

4 Manifesto 'Participayao na ABEn - gestao 84/88

R. Bras. Enferm , Brasi l ia , v. 53 , n A , p . 2 1 3-228 , abr./j u n . 2001 2 1 5

A prop6sito do movimento . . .

apresentava tambem enfermeiros d o sexo mascu l ino , para a s ele i<;oes d e 1 984 para um mandato de q u atro anos , 84/88 , tendo como compa nhe i ros de chapa , para vice-pres idente , Mar ia Henriqueta Luce Kruse , do Rio Grande do S u i ; prime i ro-secretar io , Jorge Lorenzett i , de Sa nta Catari na ; segunda-secretaria , Ste l la Barros , da Bah ia ; prime i ro-tesou re i ro , Eduardo Kascher ­de saudosa memoria -, de M i nas Gera i s ; como segunda-tesou reira , I sabe l dos Santos , de Perna mbuco ; Com issao de Leg is la<;ao ; Joao Carlos Pedraza n n i , de Sao Pau lo , Comissao de Pub l ica<;ao e D ivu lga<;ao , Sandra Mendes , do Rio Grande do Su i ; para a Comissao d e Servi<;os de Enfermagem, Therezinha Nobrega da S i lva , do Rio de Jane i ro ; para a Comissao de Atividades Cientificas e Documenta<;ao, Maria da G loria Miotto Wright , do DF ; para a Comissao de Educa<;ao, Ra i m u nda Germano , do Rio Grande do Norte ; e para 0 Conse lho F isca l : M ar ia Rodr igues da Concei<;ao , do Ceara ; Alc ine ia Eustaqu ia Costa , de M inas Gera is e Creso Machado Lopes , do Acre.

Tratamos de red ig ir imediatamente outr� man ifest05 no qua l faziamos tambem a exorta<;ao aos profiss iona is com preocu pa<;oes e crit icas quanta a condu<;ao da ABEn e a assistenc ia a saude oferecida pe l os governantes e tam bem pelos profiss iona is de enfermagem. Afi rmamos que a l uta dos enfermeiros passava pela l uta de toda a enfermagem. F ina lmente , conclamamos a todos para uma atua<;ao na ABEn no sent ido de u n iao para ganharmos as e le i<;oes da ABEn em 1 984 , com u ma chapa q u e denom inamos PART IC IPAyAo .6

D u ra nte todo 0 periodo de campanha fizemos varios ofic ios a d i retor ia d a ent idade sol ic i ta ndo esc iareci mentos , ficando todos nos sem resposta . Fomos surpreend idos com uma not ic ia d e que a nossa chapa Part ic ipa<;ao nao poder ia concorrer as e le i<;oes , pois nao estava dentro das normas . Tomamos a de l i bera<;ao de ir a ABEn , eu e a Professora Maria da G lor ia M iotto Wright e, com a autoriza<;ao da Secretar ia Executiva consu ltamos as l i stas de socios q u ites dos estados t idos como nao esta ndo em ordem , Bah ia , R io de Ja ne i ro , Amazonas , Parana e Rio Grande do S u i e verifica mos que as d itas i rregu l a ridades avocadas a Chapa Part ic i pa<;ao ta mbem eram as da Chapa da s i tua<;ao , denominada Compromisso. Fa ltava m a lguns curricu los , a lguns componentes nao constavam da l ista de socios qu ites . Assim red igimos uma deciara<;ao em 1 8 de novembro de 1 983 comun icando a D i retoria da ABEn que la entramos com a aqu iescenc ia da Secreta r ia Executiva , e nao i nvad imos a sede como fo i la rgamente not ic iado , e verifica mos as d itas i rregu la ridades . D iante d isto press ionamos e a nossa chapa fo i i nscr i ta .

Ja haviamos red ig ido em 1 4 de novembro de 1 983 u m ofic io a d i retor ia da ABEn Centra l so l ic i ta ndo esclarec imentos sobre a composi<;ao das comissoes q u e i ri am or ientar, d i rig i r e contro lar 0 processo e le itora l ; sobre as regras q u e i r iam d isci p l i na r 0 mesmo em todo 0 pais qua is os proced i mentos , os mapas , a loca l iza<;ao e 0 t ipo das ca b i nes e das urnas e le itora is , a ind ica<;ao dos fisca is e sol ic itando, a inda , u ma reun iao para esses esciarec imentos . A res posta nos fo i dada pe lo ofic io n . 698/83 da AB E n , ass inado pe l a prime i ra v ice presidente , d . I zau ra Lopes de Godoy. : U( . . . ) cumpre-nos esc iarecer que todos os i tens q u estionados encontra m-se esclarecidos no Estatuto e/ou no Regu lamento Geral da ABE n , razao porque estamos enviando em anexo , copia dos refer idos docu mentos" .

AS ELEICOES, AANULACAO DOS VOTOS, AS LUTAS POLfTICAS NAS ASSEMBLEIAS DE DELEGADOS E AS LUTAS JUDICIAIS.

Em 20 de novembro de 1 983 encam inhamos nova correspondencia a D i retoria da ABEn

5 Mamfesto dos candldatos a diretoria nacional e das ser;6es, discutldo par toda a categoria que estava engajada.

6 Participar;eo, par si s6, ja denotava uma nova forma de conceber a ABEn, que era eltlista e que exercia suas funr;6es, autontariamente.

2 1 6 R. Bras. Enferm. , Brasi l ia , v. 54, n . 2 , p . 2 1 3-228, abr. /j un . 200 1

ROSSI , M . J . dos S .

Central reafi rmando os termos da carta anterior, estra nhando 0 fato de nao terem s ide dados os esc iarec i mentos das regras pe la Comissao de Prepar� de Chapas e tambem d e n u nc iando 0 fato de q u e colegas da atua l d i retor ia t i nham forte i nfl u E nc ia sobre a mesm a . Esta carta fo i ass i nada por m i m , por Mar ia H enr iq ueta Luce Kruse e por Mar ia da G lor ia M iotto Wrig ht , todas membros da chapa Part ic ipa<;ao.

F izemos materias para os jorna is denunc iando as manobras , 0 que me valeu uma que ixa cr i m e , um processo aberto pel a senhora C i rce de Me lo R ibe i ro em nome da d i retor ia , po is em momenta a lgum citavamos nomes , mas a d i retor ia como u m tod o .

Nao e d iffc i l entender e pensar n a s d ificu ldades p e l a s q u a is passamos todos , e em part icu lar eu - uma negra - com pretensoes ate entao i n imag inaveis de se r pres idente de u ma associa<;ao nac iona l de enferme i ras e enferme i ros .

Oliveira ( 1 99 1 , p . 38 ) afi rma q u e : "0 Movimento Part ic i pa<;ao e u m processo de l uta e in terven<;ao pol lt ica i nterna e externa , gerado pe la propr ia cr ise da E nfermagem Profiss iona l e da sociedade bras i le i ra , configurada como uma crise de identidade do enfermeiro , de sentimentos e ide ias , dos costumes e tradi<;oes , da ciencia da enfermagem, das praticas pol lticas (passividade , cola bora<;ao com 0 "status qud' ou combat iv idade ) , bem como em razao da desva lor iza<;ao econ6mica e socia l do traba lho da enfermage tn . "

C o m o podemos verif icar, a s enfermeiras e o s enferme i ros fa lavam em n o m e de toda a enfermagem embora nao fosse permit ida a fi l i a<;ao d e outros profiss iona is da enfermagem, como auxi l iares e , somente uma porcentagem de tecn icos de enfermagem naABEn , confund indo a profi ssao com 0 campo profiss iona l .

A se<;ao de Santa Catarina , t inha , como proposta , criar u m a (m ica entidade d a enfermagem, na qua l todos pudessem ter voz e voto . Mas essa perspect iva f icou iso lad a , embora t ivesse 0 apoio do Rio Grande do S u i , Rio Grande do Norte e parte da Bah i a , apenas para os Tecn icos de E nfermagem . A proposta mais amp la de fi l ia<;ao de todos os pertencentes ao campo profiss iona l nao fo i apoiada pela amp la maior ia dos profiss iona is enferme i ros l

A sessao de homologa<;ao das chapas se deu em reu n iao fechada du rante 8 horas e d a r s a i u uma comissao formada pelas enfermeiras Josefina de Melo , Sandra Mendes e Maria Ceci l ia Pu ntel de Almeida para prop�r-nos u m acordo de damas para 0 bom andamento do processo e le i tora l . Mas as propostas nao era m c laras e, nos presentes , e u , Mar ia Henri queta Luce Kruse , Ari lda de S . Sabas Pucu e Mar ia da G lor ia M iotto Wright re iv i nd icavamos d i re i tos igua is para as duas chapas sem a devida resposta . As reiv i nd ica<;oes de nossa parte se fizeram mais ins istentes e , ass im , a enfermei ra E leusa Gereba de Far ias da Comissao de Apura<;ao exped i u u m docu mento em 23 de dezembro , a i nda incomp leto e u m seg undo docu mento q u e nao exp l ic itava a i nda 0 q u e so l icitavamos . Ass im , red ig imos u m outr� documento esclarecendo as nossas preocu pa<;oes e j a prevendo 0 q u e aconteceria depo is .

A Comissao Especia l de Apura<;ao para a Consolidac;;ao dos Resultados e mapas das sec;;oes e apurac;;ao final dos resultados composta pe las enfermeiras C le l i a Marc ia Cordoba - pres idente , Maria Lucia M . P inha , secreta r ia e Maria do Socorro Nascimento , mesaria , estava assessorada pe las enfermeiras C i rce de Melo R ibe i ro , Izau ra Lopes de Godoy, Terezinha Urio do Patroc fn io , Maria Edna Fr ias Xavier e Jud ith Fe i toza , todas pertencentes a Diretoria da ABEn e , pe lo seu advogado, dr Jorge Vinhaes, que ti nham aces so a todos os documentos de apura<;ao, embora estivessem presentes os fisca is da chapa Part ic i pa<;ao que apresentaram var ios protestos . A reu n iao rea l izou-se d u rante os d i as 1 8 , em horar io comerc ia l e 1 9 d u ra nte todo 0 d ia ate as 6 horas do d i a 20/4 .

Fe ita a conso l ida<;ao dos dados , var ios estados t ivera m seus votos anu lados da ndo a

7 V Proposta de Reformuia9ao do Estuto da ABEn, no seu art 10 apresentado pe/a Se9ao Santa Catarina.

R. Bras. Enferm. , Bras i l i a , v. 53 , n A , p. 2 1 3-228 , abr. /j u n . 2001 2 1 7

A prop6s ito do movimento . . .

vitoria a chapa Compromisso , patrocinada pela d i retoria . Durante esse processo varios protestos foram reg istrados pelas nossas fisca is , para cada anu lat;ao anunciada : Ari lda de S .Sabas Pucu , apresentou sete protestos demonstrando, por exemplo que um membro da Comissao de Apurat;ao da ABEn Centra l fu nc ionou como fisca l credenc iado da chapa s i tuac ion ista no Hospi ta l Pres idente Med ici , em Bras i la e tambem como pres idente da Comissao d e Apurat;ao da mesma set;ao.

Outros motivos apresentados para as anu lat;6es, foram interrupt;ao de horario das eleit;6es mesmo com as atas apresentando os motivos ; encerramento da ata do prime i ro d ia de votat;ao q u e nao d everia ser i nterromp ida , etc . F ide l i a Vasconcelos de L ima apresentou outros tres protestos . A colega Maria Angel ica Gomes tambem estava presente como fiscal da Participat;ao.

Convem ressa l ta r que a mob i l izat;ao das apo iadoras da Chapa Compromisso se fazia tambem, mas, em geral eram ofic ia is , atraves i nformativos da ent idade , como por exemplo 0 da Dra Taka Ogu isso presidente da Set;ao/S P que enfatizava :

"E h�ra , po is , de repensarmos a Enfermagem , ana l isando quem e que grupos estao se candidatando as eleic;oes da ABEn-Central e se propondo a conduzir os destinos da classe; ana l isando como 0 grupo se organ izou para racional izar trabalhos e para melhor ut i l izar os poucos recursos existentes . E utop ia pensar que a D i retoria e le ita podera a todo instante consu ltar colegas de todo 0 B ras i l , n u m pa is de d imensoes conti nenta is como 0 nosso . Nunca havera recursos suficientes para financiar tantas viagens e reun ioes . " (grifo nosso) .

E mais ad iante : "Por que nao prest ig ia rmos quem ja mereceu ac lamat;ao nac iona l da propr ia c lasse , numa j usta e merec ida homenagem , prestada pe la propr ia Assemble ia de Delegados da ABEn , por decisao unan ime votada para outorgar 0 t i tu lo de Membro Honorario a Dra Ivete Ribeiro de Ol ive i ra , em 1 975?"

Como previamos, ganhamos as e le it;6es , segundo 0 nosso relator io com 2859 votos contra 2566 da chapa da s ituat;ao, mas a d i retor ia conduz iu 0 processo anu lando varias urnas de forma a nao poss ib i l i tar a nossa vitori a , a legando i rreg u lar idades . Dai em d iante , fo i uma gra nde l uta pol i t ica , j u r id ica e pol ic ia l mesmo, com grande mob i l i zat;ao - que nao e 0 caso de aprofundarmos aqu i - e em dois anos fomos convocadas a fazer um acordo, pela entao presidente, Maria Ivete Ribeiro de Ol ive i ra .

A mob i l izat;ao fo i mu ito grande em todo 0 pa is com d iscussao nas set;6es sobre 0 processo e le itora l , pub l ic idade em todo 0 Bras i l em n ivel loca l , te legramas enviados a d i retor ia questionando a s i tuat;ao, protestando sobre 0 re lator io da Comissao de Apurat;ao, repud iando as manobras rea l izadas e , fi na l mente q uestionando a a n u lat;ao dos estados apenas para a eleit;ao nacional e dando va l idade as ele it;6es regionais real izadas no mesmo ple ito. Consu ltamos a OAB para entrar com med ida caute la r contra a va l idade do resu ltado .

A Set;ao SC pub l icou uma CARTAABERTAA ENFERMEIRA MARIA IVETE RIBEIRO DE OLIVEIRA contestando afi rmac;6es por e la fe itas e desafiando-a "a provar suas acusac;6es e a tomar uma atitude d igna , aceitando a d ecisao da maior ia , recusando-se, assi m , a assum i r b ion icamente a ABE n , pe la d ign idade da profissao e da E nt idade . " (g r ifos no texto) .

A at;ao j ud ic ia l ord i na ria de Anu lat;ao d a s e le it;6es , impetrada pe la Chapa Part ic ipat;ao tambem foi arqu ivada uma vez que houve posterior negociat;ao .

Apos as anu lat;6es a mob i l izat;ao ocorreu em var ios estados do pa is de forma mu ito i n tensa , como ( BA, ES , PR , C E , D F, RS , R ibe i rao Preto/S P, R N , SC , S E , AL, M G , GO, MT, P B , PI , MA, e parte do RJ ) com 'cartas-abertas' para os enfermeiros nos estados em que os votos foram anu lados e em outros estados em so l idariedade ao movimento. Em j u l ho de 1 984 a pres idente da AB En , Dra Ci rce de Melo Ribeiro assina um comun icado ofic ia l aos enfermeiros , int i tu lado 'E l e it;6es da Associat;ao Brasi l e i ra de E nfermagem - 1 984/1 988 , q u e contem 0 i tem F LAS H ES DAS I RREG U LARI DADES Q U E C U L M I NARAM COM A AN U LA<;Ao DE VOTOS parc ia is ou tota is das set;6es PA, SC , RS , BA, DF, RJ , P B , ES , GO , MT e S E , a lem dos

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ROSSI , M . J . dos S .

Oistritos de U berland ia em MG) , N itero i , Petropo l i s , Vo lta Redonda , no RJ , Bauru e Sorocaba em SP, e Londr ina no PR .

A lem das raz6es apresentadas para as a n u la<;:6es 0 comun i cado ofic ia l afi rmava a i nda que : " ( . . . ) a O i retor ia da ABEn , por u n a n i m idad e , a provou a i nsta la<;:ao d e u m processo na j usti<;:a contra Maria Jose dos Santos Ross i , para q u e e la possa provar todas as suas a lega<;:6es reg istradas pela i mprensa e contidos em outros documentos d istri bu idos aos enferme i ros" .

o req uer imento para 0 processo d e Q U E IXA C R I M E d i r ig ido ao Mer i t iss imo J u iz da 7a vara Crim i na l de Bras i l i a , data de 1 1 d e ma io d e 1 984 e versa sobre Ca lun ia e Oifa ma<;:ao , fo i assinado pelo advogado da ent idade Dr Jorge Alberto V inhaes e afi rmava que "A u n ica of end ida por u ma questao d e economia p rocessua l e a O. C i rce d e Melo R ibe i ro , pois a ca l un i a fo i d i r ig ida a toda a d i retor ia da ABEn - Assoc ia<;:ao B ras i l e i ra d e Enfermagem , mas buscando s imp l ificar as coisas a Pres idente fica como u n ica of end id a ; ( . . . ) "

E m 26 d e j u n ho fu i c i tada como 'q uere lada ' e const i tu i como advogado a Ora Heri lda Ba ld u ino de Souza . Esse processo nao fo i a frente . F i na lmente fo i arq u ivado . Var ias cartas e te legramas de so l idar iedade me fora m env iados d e todos os estados do Bras i l , a lem d e uma campanha de levantamento de fundos para 0 pagamento de advogado .B

o CONGRESSO DE M INAS GERAIS - A POSSE NO CLUBE DOS OFICIAIS

o XXXVI Congresso Bras i l e i ro de Enfermagem real izou-se em Be lo Horizonte de 28 de j u l ho a 03 de agosto de 1 984 em u m c l ima pol i t ico mu ito d ific i l , d e an imos aci rrados onde se dar ia a posse da Chapa Compromisso d epois d e todo esse processo do lor ido e de ser ias d ificu ldades pol it icas e re lac iona i s , como em toda cr ise po l it ica . Teve como Temas Oficia is : Tema I , Oesenvolvimento e Saude compreendendo d iversos subtemas; Tema l l . Rela<;:6es de Tra ba lho e saude com varios su btemas ; e Tema I I I 0 papel social da mu l her e sua infl uenc ia na saude , tambem com var ios s u bte mas , no M I NASCENTRO de Be lo Horizonte .

AAssemble ia Extraord inar ia de Oelegados que va l idaria as e le i<;:6es estava prevista para o d i a 28 d e j u l ho , sabado , du rante todo 0 d ia e , no domingo , d i a 29 d u rante todo 0 d i a estava prevista a Assemble ia Ord i nar ia de Oe legados , no Campus da Saude da U PMG antes da sessao solene de abertura do mesmo, que ser ia as 2 1 horas do d ia 29 de j u l ho . A posse da nova d i retoria seria rea l izada no C lube dos Ofic ia is , em Assemble ia de Oelegados , apos nova AO das 14 as 1 8 horas no dia 03 de agosto .

No seu d iscurso de boas vindas aos part ic ipantes a Presidente da ABEn - MG, enfermeira Maria Jose da S i lva ( 1 984) , Presidente da Comissao Executiva do Congresso saudou os mesmos enfat izando q u e "M inas e tambem um centro de idea is democrat icos , de sent imentos d e nac iona l idade e de g randes mov imentos de l i berta<;:ao naciona l . Basta lembrar que daqu i part iu a primeira tentativa de l iberdade dos ideais dos I nconfidentes , que sonhavam com a independencia da patri a . " (S i lva , [ 1 984) )

Segu ida pela Presidente da ABEn Centra l , Ora C i rce de Melo Ribeiro afirmou , enfatizando a i m porta nc ia do E ncontro em M i nas G e ra i s : " ( . . . ) Estado onde brota ra m os i dea i s d e independencia que sempre nortearam 0 povo bras i le i ro" . Parec ia i ron ia do destino ! ! !

Segu i ram-se outros oradores , 0 Secretar io d e Saude Dr. Oario Far ia Tavares e 0 Min istro da Saude , Dr Va ld i r Arcoverde .

A segunda Assemble ia Ord i nar ia de Oe legados convocada pe la Pres idente da ABEn fo i i nsta lada no horar io previsto , mas a vota<;:ao da pa uta fo i m u ito q u est ionada , pois 0 assu nto a

8 Arquivos da ABEn Naeiona/

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A prop6sito do movi mento . . .

ser colocado em pauta ser ia 0 das e le igoes e a d i retoria res ist ia aos d iferentes pedidos e so l ic itagoes das segoes para q u e 0 assu nto e le igoes fosse colocado como pr ioridade para ser d i scut ido . D ia nte da ins istenc ia da AD para q u e se d iscut isse 0 assunto , e em fu ngao dos segu idos d iscursos sobre 0 mesmo tema , a Pres idente se ret i rou do p lenar io , acompan hada pe los membros da D i retori a , com excessao das enfermeiras Mar ia Ceci l ia Pu ntel de Almeida e Sandra Maria de Abreu Mendes e por a lguns de legados , sem consu lta aos membros da AD e mu ito menos de l i beragao da mesma , quando estava sendo d iscut ida a competenc ia da AD. com a lguns membros i nscritos para fazerem seus pronu nc iamentos .

A sessao fo i suspensa momentaneamente e varios de legados ficaram i nd ignados e conti nuaram a man ifestar a sua d iscordanc ia com a D i retor ia e propondo que fosse dado conti nu idade aos traba lhos , com base no Estatuto e no Regu lamento da AB E n ; tendo tambem respa ldo no parecer de u m advogado da U F M G , Dr. Nauro Borges de Rezende , que a l i compareceu sol ic i tado por membros da Chapa Part ic ipagao conforme sugestao da senhora Pres idente Ora C i rce de Melo R ibe i ro , quando a inda pres id ia os traba lhos .

E le afirmava que "Despacho jud ic ia l i ndefer indo a l im i nar de posse da chapa proc lamada e le ita pe la D i retor ia d a A B E n , nao constit u i imped it ivo lega l para que a AD . , i nstancias maxima de de l i beragao da ent idade , d iscuta e de l i bere sobre 0 assu nto . Tambem op i nou acerca da legal idade da continuagao dos trabalhos desde que este fosse 0 desejo dos delegados presentes" (AB E n , 1 984 ) . Foi ap rovado por acla magao do p lenar io a conti n u idade dos traba lhos e a consti tu igao de u ma M esa D i ret iva , composta pe las de legadas C le l i a Soares Bu rlamaq u e , Vice-Pres idente em exerc ic io da Pres idenc ia da Segao RS e D i lma N eto Menezes , Pres idente da Segao P E . Estavam presentes 91 de legados representando 1 9 Segoes .

Esses de legados votaram man ifesta ndo-se em desacordo com a decisao da D i retoria , propondo-se d iscussoes sobre d uas propostas : 1 . a proclama�ao d a vitoria d a Participa�ao ou 2. anula�ao das elei�6es. E m nome da Chapa Part ic ipagao eu e Maria H enr iq ueta Kruse haviamos procurado a Ora Maria Ivete para que ambas as chapas abrissem mao das cand idaturas para convocagao de novas e le igoes nao tendo s ido aceito tal acordo . A primeira pro posta colocada em votagao proclama�o da vitoria da Participa�ao foi rejeitada par quarenta e oito votos contra por q uarenta e um votos a favor, e duas abstengoes , estando a AD d iv id ida quanto a essa q uestao . (AB E n , 1 984 a )

A outra p ro posta votada fo i a de anula�ao das elei�6es com constitui�ao de uma Diretoria Provisoria, aprovada com oitenta e nove votos a favor e dois contra . Ass im fora m constitu idas as Com issoes D i ret ivas Provis6r ias em n ivel Nac iona l e nas Segoes .

Foi feita uma petigao por decisao da AD a Pres idente da ABEn para q u e e la convocasse uma AD para aprec ia r e a provar a ata da reu n iao do dia 29 em pr i me i ro de agosto do mesmo ano. Nao tendo side aceita pel a Presidente , foi convocada nova reun iao que teve como presidente e secreta ria , C le l i a Soares B u rlamaque do RS e Na i r Porte la Cout i nho do MA.

Apes a aprovagao da ata , passou-se aos outros assu ntos . Entreta nto i nformou-se que , preocu pados com a negat iva da senhora Pres idente , os Pres identes das Segoes RS , SC , R N , PE , M A , AM , BA, S E , E S e P I rea l izaram uma reu n iao com a pres idente da A B E n Centra l a s doze horas e tr i nta m inu tos do mesmo d ia para fazer ponderagoes , m a s e l a respondera q u e daria posse a Ora Ivete e s u a chapa Compromisso, proclamada e le i ta , no pr6ximo d ia tres de agosto e q u e a q u estao ja esta r ia na j ust iga . (AB E n , 1 984 b)

A de legada Den ise E lv i ra P i res d e P i res propos que se const itu isse Comissao D i retiva Provis6r ia em su bsti tu igao ao termo D i retor ia Provis6r ia e q u e essa fosse composta por sete membros , sendo tres do OF, um da BA, um do RS , um de MG e um de SC . , pro posta q u e fo i aprovada por unan imidade . Compuseram a Comissao Diretiva Provis6ria por ind icagao da Segoes as delegadas : por SC , E l iana Mari l ia de Far ia ; pelo OF, Ari lda de S .Sabas Pucu, Maria Aparecida Gussi e E rl ita Rodrigu es dos Sa ntos ; pe l a BA, Maria Jenny S i lva de Ara ujo ; pe lo RS, C le l i a Soares Burlamaque ; por MG , Maria Auxi l iadora C6rdoba Crist6foro . Os nomes foram aprovados

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ROSS I , M . J . dos S .

p o r u n a n i m idade . F o i enfat izado sempre p o r n o s (AB E n , 1 984 b ) a Unidade da ABEn e q u e a cr ia<;ao das Com issoes D i retivas Provisorias , como 0 nome ja i nd icava t i nha carater provisor io de enca m i n ha mento do processo j ud ic ia l e a imp lementa<;ao das med idas dele decorrentes e nao era para cr iar uma outra ent idade , como aconteceu com a cria<;ao da Associa<;ao Bras i le i ra de Educa<;ao em Enfermage m , AB E E .

A posse da Chapa Compromisso s e d e u no C l ube dos Ofic ia is em situa<;ao de tumu lto e persegu i<;ao po l ic ia l as l i deran<;as do M P. 0 H i no Nac iona l entoado por todos os enfermeiros que nao concordavam com a situa<;ao nos l ivrou de sermos presos , dentro do C l ube de Ofic ia is pela movimenta<;ao e imposs ib i l idade da cont inu idade do ritua l previsto para a posse . Em virtude das d ificu ldades e da i nsegu ran<;a houve uma reu n iao com 0 governador do Estado Tancredo Neves . Fo i , ta mbem, ma nt ido contato com Pres idente da OAB de M inas Gera i s , coordenador de D i re itos H u manos , 0 Dr Jose Alfredo Baracho para nossa orienta<;ao gera l , na sua res idencia , cujo contato fo i feito por m i m mesma e pe la Professora Ora Maria de Lourdes Souza de S C . Estavamos em s i tua<;ao de per igo .

Foram contatados tambem, por razoes de seguran<;a dos membros da Chapa Participa<;ao, o Comando de Greve dos professores da U F M G , 0 Pro Reitor de Pos-Gradua<;ao e Pesqu isa da U F M G , Dr. Evandro M i rra , hoje Presidente do C N Pq e o Deputado Federal pe la Bah ia , Haroldo L ima .

AS COMISSOES DIRETIVAS PROVISORIAS (CDP)

A denomina<;ao Comissao Di retiva Provisoria como ja afirmamos , foi proposta pala colega Den ise P i res da Se<;ao SC. 0 proced imento da Comissao Diretiva Provisoria Nacional foi repetido no n ivel reg iona l , constitu i ndo-se Comissoes D i retivas Provisorias nos estados onde 0 p le ito fo i a n u lado . E l as t i nham como fu n<;ao cont i nuar a mob i l iza<;ao , acompanhar os processos na j ust i<;a e encam inha r as at iv idades das Se<;oes . 0 ' pe r cap ita' das se<;oes cujos votos fora m anu lados foram depositados em ju izo , d ificu l tando as a<;oes e decisoes da D i retor ia empossada .

A N EGOCIACAo DA DIRETORIA DA ABEN E A M U DANCA DE ESTATUTOS - NOVAS ELEICOES PARA 1 986

Nos pr i me i ros d ias de setem bro de 1 985 , depo is de u m ana de gestao com mu itas d ificu ldades , a Pres idente da ABEn Centra l , Ora M aria I vete encarregou a Vice- Pres idente da mesma , Senhora C larice J u d ith R ibe i ro Cazo l l a para me contatar, propondo a pacif ica<;ao das enfermeiras e dos enfermei ros e da ABEn aos membros da Part ic ipa<;ao .

Tendo s ide convidada pe la Vice-Pres idente para uma reu n iao , contatei os mem bros da Comissao D i retiva Provisor ia Nac iona l e no d ia q uatorze de setembro rea l izamos uma reu n iao na sa la de reu n ioes do Departamento de Medic ina Gera l e Comun itar ia da U n ivers idade de Bras i l i a , com os seg u i ntes membros : Pela D i retoria da ABEn Centra l as enfermeiras : D . C larice J u d i th R ibe i ro Cazo l l a , Vice- Pres idente; D. Ne ide Maria Fre i re Ferraz, Coordenadora da Comissao d e Educa�ao ; D. N a lva Pere i ra Ca ldas , Coordenadora da Comissao de Serv i�o de Enfermagem ; D. Maria J ose Schmidt , da Comissao de Reformu la<;ao dos Estatutos d a AB E n . Pe la C h a p a Part ic ipa<;ao: Mar ia Jose d o s Santos Ross i , como representante do ' Movimento Part ic ipa<;ao' , e os Pres identes das Comissoes D i ret ivas Provisor ias seg u i ntes : V ictor H ugo De l la Va lent ina do RS; Jonas Sa lomao Spr ic igo de SC ; R i ta de Cass ia Duarte L ima do ES, e Loura l i na M ac ie l Menezes de S E .

A reu n iao fo i pres id ida pe la senhora Vice-pres idente q u e propos a pa uta e teve como decisoes u n a n i mes os pontos seg u i ntes : 1 . E le i<;oes nos q uatro estados que estavam com Comissoes D i ret ivas P rovisorias : RS , SC ,ES e S E ; 2 . Red u<;ao do mandato das D i retorias da ABEn Centra l das Se<;oes e dos Distritos ; 3 . Regu lariza<;ao do ' per capi ta ' proposto pela D iretoria

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A proposito do movimento . . .

d a ABEn Centra l e 4 . Real izac;ao d o XXXVI I I Congresso Bras i le i ro de Enfermagem n a cidade do Rio de Janeiro .

A Vice-pres idente se comprometeu a l evar essa decisao como pro posta para a AD de Recife , em 16 de novembro de 1 985 "comprometendo-se a reformular 0 Estatuto vigente , i nc iu indo no ca p itu lo das D isposic;6es Trans itorias , a red uc;ao do mandato das atua is d i retor ias ( . . . )" (AB En , 1 985)

e as e leic;6es deveriam ser rea l izadas com base no novo Estatuto que deveria ser aprovado na AD convocada para esse fi m . A posse dos e le i tos dever ia se dar no Rio de Jane i ro , em outubro de 1 986 , no XXXVI I I CBEn .

AAD, entreta nto decid i u q u e AS E L E I <;OES D EVER IAM S E R G E RAIS E M TODAS AS SE<;OES E D I STRITOS , red uz indo ass im 0 mandato de todas as d i retor ias .

Fe itos os reparos no estatuto , formamos nova chapa para novas e le ic;6es , com a mesma base : e u , como Pres idente ; Ste l l a Barros , da Ba h i a , como Vice; Rita de Cass ia Duarte L ima , do Esp i rito Santo , como Pri me i ra Secreta ria ; Terez inha Fra nc isca More i ra , de M inas Gera is , como Segunda-Secretaria ; Madge L ima Leite , de Go ias , como Prime i ra-Tesoureira; Vitor Hugo de l la Va lent i na , do Rio Grande do S u i , como Segu ndo-Tesoure i ro ; na Comissao de Educac;ao, Abiga i l Moura Rodrigues , do Rio Grande do Norte ; na de Legis lac;ao , Jorge Lorenzetti de Santa Catarina ; na de Pub l icac;6es e Divulgac;ao, C le l ia Soares Burlamaq ue , do Rio Grande do Su i ; na de Servic;o de E nfermagem, l ara de Moraes Xavier, do Rio de Jane i ro ; no Centro de Estudos e Pesq u isa em Enfermagem , Sem iramis Me lan i Melo Rocha , de S . Pau lo . E , no Conselho Fisca l : Mari l ene de Andrade Uchoa , do Para ; Ede l ita Coe lho de Ara ujo , da Bah ia e Jonas Sa lomao Spric igo, de Santa Catarina .

Cha madas as e le ic;6es hav iam duas cha pas e sa imos vencedores com a Chapa Part icipac;ao. Nao houve problema , po is as regras t inham side abertas e negociadas. 0 processo fo i c laro e sem d ificu ldades , fora aque las comuns em campanha e le itora l .

AS ELEICOES NEGOCIADAS E A POSSE DA PARTICIPACAo N O RIO D E JANEIRO

A nossa posse no Rio de Jane i ro se deu no XXXVI I I C B E n ; este aconteceu entre 20 a 24 d e outu bro de 1 986 . Teve como Tema Ofic ia l - Os 60 a nos da ABEn e a Enfermagem Bras i l e i ra , constando tres temas : 1 - A contr i bu ic;ao da ABEn na Educac;ao , na Construc;ao do Sber e na Pratica da Enfermagem; Tema 1 1 - A questao da Mu l her e a Profissao de Enfermagem; I I I - AAssistencia de Enfermagem nos Progra mas de Saude. Real izou-se no Hotel Naciona l , em meio a uma grande expectativa da categoria e uma g rande ansiedade d iante das pergu ntas que nos mesmos nos faziamos de como ser ia 0 evento . Fo i um momenta de grande emoc;ao para mim e para os combativos profissionais de todo 0 pais . Representou aABEn nessa oportunidade, a Vice- pres idente D . C larice Cazo l la que nos passou a pres idenc ia sem ma iores d if icu ldades e , depois , no i n ic io da gestao mu ito nos aj udou na sede .

AS MUDANCAS ESTRUTURAIS PROPOSTAS - NO NOVO DESENHO DA ENTIDADE

Procu ramos compreender a ent idade do ponto de v ista gerenc ia l para in terv i r na sua estrutu ra e na sua organ izac;ao, nas suas relac;6es de poder, na sua capac idade de mobi l izac;ao para a part ic i pac;ao das assoc iadas , nas re lac;6es com outras ent idades de enfermagem e da saude , nas re lac;6es com 0 governo e com as industr ias farmaceut icas e de eq u i pamentos , e a q uestao do seu financiamento, visto que a fi l iac;ao nao e obrigatoria . Nessa oportunidade in iciava o meu doutorado em ' I t i nerar ios I nte lectua is e Etnografia do Saber ' no departamento de Antropolog ia da U N I CAM P, afastada das m inhas at iv idades docentes .

Dos membros da D i retori a , apenas eu morava em Bras i l i a . Para responder aos desafios do d i a a d ia da sede e do Bras i l , t ive q u e , mu itas vezes de ixar m inha at iv idades academ icas

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ROSS I , M . J . dos S .

para responder as q uest6es colocadas pe lo cargo e pe l a categori a , embora traba lhassemos em uma especie de coleg iado onde as dec is6es e ra m colet ivas . 0 te lefone era 0 nosso instru mento de traba lho .

Dentre as muda n�as estrutura is que confer imos fo i a mudan�a de Estatuto cr ia ndo 0 Conselho Nac iona l da AB E n , 0 CONAB E N , composto pe las pres identes de Se�ao que agora t i nham um f6rum de d iscussao e de decisao como instanc ia i ntermed iar ia entre a Assemble ia N ac iona l de Delegados , a AN D e a D i retor ia Nac iona l da ABE n . I sso nos ajudava nas decis6es porq u e eram mais cabe�as pensa ntes e representat ivas para a tomada de decisao e fac i l itava a tomada de temperatu ra da categoria , a lem do q u e nos a l iv iava de mu itas v iagens , pois as pres identes das Se�6es pod iam nos representar nos eventos pelo Bras i l afora .

Mudamos a estru tura dos C B E n , (Rossi, 1 98 7 , p . 1 2 ) os temas e as re la�6es com a s m u lt inac iona is de eq u i pamentos e de med ica mentos , 0 q u e n o s va leu mu itos aborrec imentos na categoria . "Consideramos 0 CONAB E n , 0 meio pe lo qua l faremos e (fazemos) a i ntegra�ao da ent idade na medida em que as se�6es estao i ntegradas no processo de decisao da entidade . Os prob lemas das categor ias que comp6em a A B E n e m cada estado , sao refl et idos e traba lhados em conju nto com vistas a compreensao d e q u e somos uma u n ica ent idade , que a d i retoria nacional ou centra l , como chamamos, e apenas u m '6rgao executive da pol ftica formulada pelas i nstanc ias ; ( . . . ) . " (Ross/; 1 98 7 , p . 1 2 )

OS EIXOS NORTEADORES DA GESTAO -AS RELACOES COM AS MULTINACIONAIS DE EQUIPAMENTOS HOSPITALARES E DE MEDICAMENTOS

A chapa manteve 0 mesmo progra ma com os c inco e ixos norteadores :

1 . Refletir sobre 0 processo de trabalho de enfermagem na organizac;ao dos servic;os de saude numa sociedade capital ista ; 2. Construir um projeto de enfermagem para assistencia e organizac;ao dos servic;os de saude; 3. Prop�r em conjunto com as demais ent idades de enfermagem a defi n i c;ao de uma p latafo rma nacional de desenvolvimento da categoria com formas de lutas unitarias; 4. Desenvolver um programa nacional de profissional izac;ao (enfermeiros, tecn icos e atendentes de enfermagem) e sua absorc;ao no mercado de trabalho; 5. Implantar uma campanha nacional de socios atraves de atividades concretas de organizac;ao da categoria. (ABE n , 1 989)

o Movi mento Part ic ipa�ao , em sua pr ime i ra g estao (86/89 ) , sob a m inha pres idenc ia , refleti u as contrad i�6es pol ft icas e ideol6g icas do momenta bras i le i ro e da categoria e i ntroduziu nova visao da enfermagem do seu processo d e traba lho e nova d i na m ica de traba lho para a enfermagem.

Okve/ra ( 1 990 , p . 1 33) afi rma que :

" P a ra 0 M o v i m e nto P a rt i c i pay80 ( M P ) e fu n d a m e n ta l 0 p rocesso d e g e ray80 de u m conhecimento novo q u e s e orig ine da exp l icitay80 d a s ra izes da crise d a E nfermagem , 0 que se da atraves do pr6prio desvendamento do processo de traba lho , passando a ser este 0 fio condutor do movimento i ntelectua l que se amp l ia nos 39°, 40Q e 4 1 Q Congressos Brasi le i ros de Enfermagem ( C B E n ) , no 5Q S e m i nar io de Pesq u i sas em E nfermagem ( S E N P E ) , nas defi n iyoes de pol ft icas da categoria e na pratica de enfermagem profiss ional neste momento '"

Enfrentamos contrad it6r ias postu ras i deo l6g icas e pol i t icas e l i t istas , entre as q u a is a res istenc ia dos s6cios- a f i l ia�ao de outros atores do campo na sua associa�ao (aux i l i a res , tecn icos de enfermagem e enferme i ros praticos ) .

H av ia e ha a i nda na profissao , uma cren�a de q u e a enfermagem e u m a c ienci a . Na verdade e la e uma prat ica soc ia l como acentua Foucault ( 1 995 ) ; hav ia a cren�a de q u e as

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A proposito do movimento . . .

agoes de enfermagem sao apo l ft icas ; esta postu ra apresenta ser ias i ncoerenc ias te6ricas e praticas , e um d iscurso que nao se sustenta na pratica rea l izada . 0 M P nao consegu i u reverter e transformar essas posturas , mas p lantou a semente .

OS CONGRESSOS DE 87 NA BAHIA, DE 88 NO PARA E 89 EM S.CATARINA

o primeiro Congresso da nossa gestao foi rea l izado na Bah ia entre 23 e 27 de novembro de 1 987 . Teve como tema 0 trabalho na Enfermagem "temas que nos i nstru mental izara m para a compreensao da l uta da enfermage m . " ( RossI; 1 989 , p . 25 .28)

Mod ificamos a estrutura dos C B E n s , criando u m momenta d e 'ana l ise da conju ntura bras i le i ra ' com 0 objetivo de se conhecer 0 ' estado da a rte' da sociedade bras i l e i ra no q u e d iz respeito aos seus aspectos pol it icos , econ6micos e socia i s .

Foram mod ificadas as nossas re lagoes com as mu l t inac iona is de medica mentos e de eq u ipamentos farmaceuticos que antes davam op in iao e ate defin iam as bancas examinadoras dos premios c ient fficos . Ass i m nos expressamos naque la oportu n idade : " N ao negociamos e nem negociaremos a nos sa independenc ia enquanto ent idade . Nao aceitamos vender a nossa autonomia por nenhum prego . Oeseja mos apenas q u e as nossas re lagoes sejam respeitadas sem, entreta nto , fer i r 0 pr i nc fp io que nos e caro de autonomia . Autonomia para a ent idad e , autonomia para 0 setor (saude) e a utonom ia para 0 B rasi l . " ( Ross i , 1 989 , p . 1 1 - 1 3 )

Naque la oportu n idade tambem nos man ifestamos sobre as d iferengas existentes na categoria e na O i retor ia afi rmando q u e

" A nossa d i retoria constitu i-se em u m a u n idade d e i nteresses n a diversidade . ( . . . ) Aproveitamos os mom entos de contrad ig80 para aprender, pa ra crescer, e, ma i s a i n d a , para j u ntos exercitarmos as nossas capacidades na construg80 de uma democracia i nterna . Se lutamos pela democracia na sociedade e importante consegu i rmos viver democraticamente . Vivemos a r iqueza da d iferenga de pontos de v ista sem sermos red uc ion istas ! E e por isso que crescemos ju ntos. 0 mesmo processo estamos experi mentando com os nossos colegas presidentes das Segoes atraves da i nstancia chamada Conselho Nacional da ABEn ." (RossI;

1 989 , p . 1 2)

Manifestamo-nos a inda sobre a nossa part ic ipagao enquanto pessoa e enquanto ent idade nos " movi mentos soc i a i s de m u d a nga , como Reforma S a n i tar i a , Const i tu i nte e 0 dos Previdenc iarios e esta mos preocu pados com 0 estabe lec imento do S istema U n ico de Saude , tanto do ponto de vista tecn ico d e competenc ia das nossas categorias , como do ponto de vista da part ici pagao popu lar da sociedade civ i l organ izada , dos trabalhadores e tambem dos usuarios desse sistema . " (Rossl; 1 989 , p. 1 2 ) .

.

Ste l l a Barros a Pres idente da seg u nda gestao do Movi mento Part ic i pagao ass im se expressa ;

"Reconstru i r a pratica de enfermagem passa por rever, repensar e refazer esta pratica ( . . . ) . Se ontem era necessario , hoje se torna imprescind ivel a part ic ipag80 da tota l idade da enfermagem nesse processo , em que cada ator tem sua especific idade nas agoes a serem desenvolv idas. o modelo de ateng80 a saude que propugnamos, deve responder a um projeto de assistencia que garanta a i ntegra l idade das agoes , aqui entendida como a problematica de saude da popu lag80 , e portanto , refer ida a ag ravos a saude , fatores de r isco e determ inantes dos problemas de saude. Como ta l , deve produzir impacto na qua l idade de vida da populag80 . " (Barros, 1 990)

o segu ndo C B E n , XL Congresso da prime i ra gestao do MP rea l izou-se em Be lem do Para , em 1 988 , dentro da mesma or ientagao . Apresentou como tema A Forga de Traba lho na

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ROSS I , M . J . dos S

Enfermagem , cujo p re-cong resso se deu na Semana de Enfermagem teve como tema �nfermagem e Constitu i nte .

N esse Congresso fo i apresentado 0 resu ltado dos "Su bsid ios para a formu la<;ao de uma Poi ft ica de Profiss iona l iza<;ao sem qua l if ica<;ao especffica empregada no setor saude" , para a e labora<;ao do "P lano Nac iona l d e Profiss iona l iza<;ao dos Atendentes" conj u nta mente pe las duas Comissoes de Legis la<;ao (Jorge Lorenzett i ) e de Servi<;o de Enfermagem ( l a ra de Moraes Xavier) com as propostas e nviadas pelas Se<;oes .

Tambem fo i aprovado 0 docu mento " Subs id ios para e la bora<;ao de u ma proposta de Cu rr icu lo M i n i mo para a forma<;ao d e Enferme i ros" formu lado pe la Comissao de Educa<;:ao (Ab iga i l Mou ra Rod r ig ues ) assessorada pel a Com issao de Espec ia l i stas no Ens i no d e Enfermagem d a SESu ,/MEC (Vi lma d e Carva lho) com vistas a elabora<;:ao d a proposta d e Curriculo para a forma<;:ao do Enfermei ro .

Ainda estudamos a q uestao da Residencia em Enfermagem , rea l izamos 0 5° Seminario Nac iona l de Pesq u isa , pub l icamos 0 VI I I vol ume do Catalogo de I nforma<;:oes sobre Pesqu isas e pesquisadores em enfermagem , programamos 0 Guia de Literatura em enfermagem, traduzimos o l ivro de F lorence 'Notes on N u rs ing" e ed itamos j u nto com a Ed i tora Cortez, tres cadernos d e E nfermagem - Normas e cr iter ios d e atua<;:ao d o s enferme i ros , 0 caderno sobre 0 ens ino d e Pas grad ua<;:ao e reed itamos 0 caderno d e V i rg in ia Henderson . (ABEn , 1 988 )

F i na l mente em 1 989 no 41 ° CBEn , e m F lor ianopol is cujo tema fo i Os desafios da Enfermagem para os anos 90 , t ivemos como su b-temas : Rea l idade socio econ6m ica no Bras i l na decada de 80 e perspect ivas para os a nos 90; A s itua<;:ao da enfermagem na d ecada de 80; A saude no Bras i l na d ecada d e 80 e perspectivas para os anos 90 e 0 conhec imento tecn ico c ient ifico da Enfermagem e a prob lematica atual da gestao. Foi uma ava l ia<;:ao do nos so traba lho e propostas de l i n has de or ienta<;:ao para 0 futuro .

A INSTITUCIONALIZACAo DO MOVIM ENTO PARTICIPACAo E A ELEICAo DA MINHA SUCESSORA

E ntendo q u e 0 MP e espa<;:o pr iv i leg iado de d i scussao , de reflexao , de estabe lec imento de novos conceitos , proporc ionando a forma<;:ao de novas op<;:oes de educa<;:ao com seminarios para a mudan<;:a de cu rricu lo para a enfermagem e de uma prat ica hosp ita lar e com u n itar ia engajada no respe ito ao outro , concebendo que 0 i n ter locutor tem ta mbem a lgo a d izer sobre sua vida , sua saude e seu estado de doen<;:a e, ate , sobre sua morte .

U m aspecto que defend iamos ardorosamente e que foi levado a contento foi a p lu ra l idade de concep<;:oes na enfermagem , cons idera ndo-as como uma matriz d isci p l i na r ( Kuhn, 1 975) relativizando as d iferentes concep<;:oes fi losoficas e metodolog icas na enfermagem, entendendo que todas e las poderi am , e podem dar, contr i bu i<;:ao ao conhecimento espec ffico da area , pois nenh u ma das trad i<;:oes tem a v isao g loba l do conhec imento, e , pensando que a Associa<;:ao com essa or ienta<;:ao poderia crescer e dar efet ivamente nova d i re<;:ao a nossa profissao (AB E n , 1 989 ) , entendendo , a i n d a , q u e a "democratiza<;:ao" se da tambem no n ivel d a s ide ias .

Ass i m tambem, ace i te i part ic i par da Comissao Nac iona l da Reforma San itar ia ,9 como representante das enfermei ras e dos enferme i ros . Por estarmos naque le momento ma is mobi l izadas , term ina mos por representar os outros profiss iona is da saude a exce<;:ao dos med icos , enfrentando os i nteresses do setor pr ivado .

Redefi n imos as re la<;:oes da ent idade com as empresas tecnologicas do Setor da Saude , poss ib i l i tando a part ic i pa<;:ao de las com conteudos tecnologicos relevantes para a enfermagem ,

9 A Comissao Nacional de Reforma Samfaria (CNRS) foi responsavel pelo capitulo Saude. l7a Const!luiyao de 1988.

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A prop6sito do movimento . . ,

o que nos causou mu itos problemas com estas empresas , a lgumas delas chegaram , ate mesmo , ao bo icote de suas contr i bu i<;:6es , na compra de "stands" , nos congressos e a espa lhar boatos sobre nos no seio da categori a , evidentemente com 0 a po io da nossa opos i<;:ao .

E las part ic i pava m "dando as cartas" , oferecendo s.orte ios , v iagens e hospedagens para enfermeiras em hoteis de luxe para fins pessoais durante os congressos e , nao, para a participa<;:ao efet iva nas at iv idades c ientif icas e cu l tu ra i s ; se aventuravam tambem a fazer i nd ica<;:ao de conferenc istas e part ic i pa<;:ao ostens iva nas Bancas de J u lgamento de Premios .

Fora m tambem redefi n idos os cr iter ios para as rel a<;:6es i nternaciona is com nossas congeneres no mundo e tambem foi cr iado 0 Forum Nacional de Ent idades . Apesar dos avan<;:os e das propostas a cond u<;:ao desse movi mento , enfrentara m-se mu itas d ificu ldades como 0 corporat iv ismo , a part ic i pa<;:ao de ma ior cont ingente de associados , a presen<;:a de at i tudes rad ica is e at itudes med iadoras e negociadoras entre os membros da propr ia d i retor ia e entre os associados , enfim de i nte lectua is que conduz iam 0 M P, a lem das d ificu ldades nas p rat icas ad m i n istrat ivas , com a pub l ica<;:ao e a democratizar,;ao do saber p rod uz ido . Com todos esses perca l<;:os , fo i i nstaurada a nova situa<;:ao e foram lan<;:adas as bases para uma nova concep<;:ao dessa a rte de cu idar.

A Comissao de Leg is la<;:ao , sob a coordena<;:ao do colega Jorge Lorenzetti rea l izou u m excelente estudo sobre a entao nova L e i do Exerc ic io Profiss iona l , de forma crit ica e bem atua l izada .

Po r motivos fi nance i ros tivemos problemas com a pub l ica<;:ao da REBEn , du rante a nossa gestao cuja coordenadora da Comissao de Pub l ica<;:ao e Documenta<;:ao a colega C le l ia Soares Burlamaque nao deixou de envidar esfor<;:os para ta l , tendo consegu ido publ icar poucos numeros da nossa ReBE n embora os nu meros estivessem prontos para a pub l ica<;:ao .

E de bom tom ass i na la r que , como traba l hamos em conj u nto , 0 traba l ho do Conse lho F isca l m u ito nos ajudou , i nc lus ive com os va rios prob lemas que t ivemos com a nossa sede em B ras i l i a , as reformas que t ivemos que fazer para rac iona l iza- Ia e , ta mbem, com a manuten<;:ao da mesma .

Todas essas i nformar,;6es podem ser encontradas nos documentos existentes nos arqu ivos da nossa sede .

o fi na l do mandato se deu no 4 1 0 CEBEN , em Sa nta Catar ina onde duas cand idatas se apresenta ra m i nternamente , na d i retori a : as co legas Ste l l a Barros , Vice-pres idente e Abiga i l Moura Rodr igues , entao Coordenadora da Comissao de Educa<;:ao . Ambas t i nham votos n a d i retor ia e Ste l l a Barros s a i u como cand idata a s prox imas e le i<;:6es .

Cons ideramos q u e ambas eram excelentes ca nd idatas com uma i mportante ficha de traba lhos prestados a categoria . Mas a colega Ste l la foi vencedora desse momento . Apresentou­se uma outra chapa l iderada pelo enfermeira Lourdes Torres de Cerque i ra de SP, mas a cand idata da Part ic i pa<;:ao fo i a vencedora do p le i to .

Cons iderando ter dado a m inha contr i bu ir,;ao a ABEn , afaste i -me da m i l ita nc ia , d u rante mu ito tempo , para trata r da m inha v ida parti cu la r. Em 1 998 fu i su rpreend ida com a m inha ind i ca<;:ao pe la U n ivers idade de B ras i l i a , apos te r s i de Pro-re itora de Extensao de 93/97 , para compor a Comissao de Especia l i stas do Ens ino de Enfermagem da S ESu/M EC , tendo aceito.

Pe la Portar ia n . 1 46/98 da SESu , de 1 0 de mar<;:o , fu i des ignada membro da Com issao de Especia l istas de Ensino de Enfermagem , com mandato de dois anos com mais tres co legas : Magu ida Costa Stefane l l i , de Sao Pau lo , que dec l i nou i med iatamente , sendo su bst itu ida pel a col ega Mat i lde Me i re M i randa Cadette , de M i nas Gera is ; Maria Jenny S i lva Ara ujo , da Bah i a , que tambem nao aceito u , sendo su bst itu ida pe l a co lega Em i l i a Campos de Carva l ho , de Sao Pau lo ; e C i lene Aparec ida Costard i I de , de Sao Pa u lo .

N ecessar io se faz notar que 0 membro da Comissao res idente em B ras i l i a nao recebe nen h u m jeto n , ou coisa que 0 va l ha , ded icando-se ao traba lho com suas despesas de a l mo<;:o , de tra nsporte , pagas do seu bolso .

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ROSS I , M . J . dos S .

A g rande tarefa dessa Comissao de Especia l istas fo i a pr imorar a proposta de Cr iter ios de Qua l idade para a Ava l iac;ao e Reconhecimento dos Cursos de G rad uac;ao em Enfermagem e esta belecer as O i retrizes C u rr icu la res para 0 Ens ino de G rad uac;ao em Enfermagem , com a nova or ientac;ao do Conse lho Nac iona l de Educac;ao e da nova LOB ( Le i 9394/96) .

A Comissao anterior, p res id ida pela colega Maria Auxi l i adora Cordoba Christofaro i n ic iou , depo is de u m longo tempo de h i bernac;ao das refer idas com iss6es , fez u m tra ba l ho de garimpagem e produc;ao de documentos estabelecendo os Criterios de Qua l idade acima referidos . Tratamos de atua l iza-Ios e de dar uma nova forma . F izemos u m grande esforc;o para a elaborac;ao da proposta q u e , se nao me engano , esta a i nda na i nternet na pag ina da S ESu/M E C .

Sempre c o m as perspectivas de traba lho defend idas d u ra nte a nossa passagem pe lo Movimento Part ic i pac;ao procuramos a Pres idente da AB E n , a co lega Euclea Gomes Va le para u m traba l ho em conj u nto . AAB E n , entreta nto , por mot ivos q u e desconhecemos demorou u m tempo para d a r res posta a nossa so l i ci tac;ao . Ass i m premidas pe lo tempo dado pe la S E S u , so l i c i tamos p e l a i nternet a contr ibu ic;ao d a s escolas de enfermagem pub l icas , pr ivadas e com u n i tar ias 0 mais rap ido possivel e confecc ionamos uma pro posta .

F i n a l mente rea l izamos u m Semi nar io em B ra s i l i a , na sede da A B E n , cujas despesas dos membros que habi tam fora do OF da Comissao foram pagas pela SESu/MEC para a d i scussao do docu mento proposto pe la Comissao sobre as O i retr izes C u rr icu l a res . A reu n iao fo i mu ito tensa e demonstrou pontos de v ista contrad itor ios , de resto como todas as outras reu n i6es que part ic ipe i na ABEn sobre 0 tema . Mas mesmo ass i m aprove itamos dentro do esp i rito do que existe de avanc;o na nova LOB as contri bu ic;6es al i coletadas e em maio de 1 999 produzimos aque le documento que a i nda se encontra na pag ina da SESu na i nternet, estando atua lmente no Conselho Nacional de Ed ucac;ao .

o texto fo i mu ito quest ionado pe la categor ia das enferme i ras l i deradas pe la Com issao de Educac;ao d a AB E n , mas parte dele fo i ap resentado e m uma seg u nda proposta na qua l foram ret i radas as term ina l idades propostas , com a j ustifi cativa de que seri am especia l izac;6es precoces . A outra grande contestac;ao fora em re lac;ao aos C u rsos Seq l.ienc ia is entend ido como u m per igo para as enfermeiras no mercado de traba l ho , ass i m como a d im i nu ic;ao do n u mero tota l de horas do curso de 4 . 000 para 3 . 500 horas .

PALAVRAS FINAlS

F i n a l mente q ueremos afi rmar que todo esse traba lho na ABEn d u rante 0 Mov imento Part ic i pac;ao que hoje esta na sua q u i nta gestao , fo i executado com m u ito a mor e mu ita ded icac;ao . Achamos que a lgu mas pr ioridades devem ser retomadas , mas afina l de contas todo movi mento po l it ico ou associat ivo tem suas d if icu ldades e seus momentos de ascensao. Esperamos que a categor ia cont i nue a prestig i a r e a contr i b u i r com as abnegadas que se d isp6em a traba lha r a frente da ent idade que e mu ito pesado e mot ivo de ren u nc ias seg u idas , de vid a , de conforto e de vivencia com a fam i l i a .

Queremos ta mbem agradecer a co lega Pres idente da AB E n , Euc lea Gomes Va le que n u m gesto democratico e de mu ita sens ib i l idade sol ic i tou-me esse re lato . Quero agradecer as colegas q u e t iveram acesso ao texto pe l a pac ienc ia e ta mbem d izer q u e se om it i mu ita co isa , e , por certo isso aconteceu , fo i por d ificu ldades m inhas em ver os fatos de forma ma is g loba l , em bora tenha mos fe ito u m esforc;o de memor ia e de objet iv idade .

ABSTRACT: Th is study reports the trajectory o f t he Part ic i patory Movement ( M P ) , which was created i n opposit ion to the po l icies carried ou t by the Brazi l i an Associat ion of N u rs ing (AB E n ) . Th is art ic le , written by the fi rst president e lected of the "part ic i patory" movement , presents the pri nci p les of the move m e n t , its o rg a n i zat i o n , the stru g g l e for l eadersh i p , a n d the work deve l o ped i n the f i rst

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A prop6sito do movimento . . .

a d m i n istrat io n .

KEYWORDS: partici pation movement, n u rs ing pol ic ies , ABE n , h istory of nu rs ing

RESUM E N : Relata la trayectoria del Movim iento Part ic ipaci6n ( M P ) nac ido en la enfermeria brasi lefia en oposici6n a las pol ft icas practicadas por la Asociaci6n Bras i lefia de E nfermeria (ABEn ) . Articulo escrito por l a pr imera p res identa del MP e n e l que se presentan las bases del movim iento , su organ izaci6n , la lucha para la conqu ista de l poder y e l trabajo desarro l lado por la pr imera gesti6n .

PALABRAS CLAVE: movimiento part ic ipaci6n , pol ft icas de enfermeria , ABEn , h istoria de la enfermeria

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