a promoção de ambientes educativos favoráveis ao...

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Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti Mestrado em Educação Pré-Escolar A promoção de ambientes educativos favoráveis ao desenvolvimento do potencial criativo das crianças Relatório de estágio desenvolvido para obtenção do grau de mestre em Educação Pré-Escolar Concebido por Liliana Marisa Pinto Gomes Silva, sob a orientação da Doutora Brigite Carvalho da Silva Porto, 2019

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Page 1: A promoção de ambientes educativos favoráveis ao ...repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.11796/2851/1/Relatório Final.pdfAnexo 35 – Criança a exibir as suas mãos com cor de

Escola Superior de Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti

Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

A promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao

desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas

Relatoacuterio de estaacutegio desenvolvido para obtenccedilatildeo do grau de

mestre em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

Concebido por Liliana Marisa Pinto Gomes Silva sob a orientaccedilatildeo da

Doutora Brigite Carvalho da Silva

Porto 2019

Agradecimentos

ldquoAqueles que passam por noacutes natildeo vatildeo soacutes

natildeo nos deixam soacutes Deixam um pouco de si

levam um pouco de noacutesrdquo

Antoine de Saint-Exupeacutery

Concretizada mais uma etapa da minha vida o desejo de me tornar profissional

de educaccedilatildeo de infacircncia pretendo expressar o meu agradecimento agravequeles que me

acompanharam neste percurso e permitiram o seu desenvolvimento

Agradeccedilo assim

- Agrave minha famiacutelia por todo o apoio fornecido ao longo desta etapa e pela

possibilidade da sua concretizaccedilatildeo

- Agrave minha orientadora de relatoacuterio de estaacutegio Doutora Brigite Carvalho da Silva

pelos saberes partilhados e cuidado com o desenvolvimento do presente relatoacuterio visando

a sua excelecircncia e rigor

- Agraves minhas supervisoras de estaacutegio Profordf Maria Ivone Couto Monforte das

Neves e Profordf Irene Zuzarte Cortesatildeo Melo da Costa pela promoccedilatildeo de aprendizagens

assim como aos restantes docentes da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti

- Agrave educadora cooperante e auxiliar de accedilatildeo educativa pelo apoio prestado no

desenvolvimento do estaacutegio e nomeadamente ao grupo de crianccedilas jaacute que sem o seu

contributo a concretizaccedilatildeo do mesmo natildeo teria sido possibilitada

A todos vocecircs muito obrigado

II

ldquoSuponho que todos noacutes jaacute nos

questionaacutemos quantas crianccedilas

assim como quanto alunos se

tornaram no que natildeo pretendiam

caso noacutes tiveacutessemos e eles tivessem

reconhecido o seu potencial e

potencializado as suas

realizaccedilotildeesrdquo1

MacKinnon (1964)

1 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoI suppose all of us have often wondered how many of our

children as well as our students would have become what they didnacutet had only we and they recognized

their potential talents and nourished their realizationrdquo (MacKinnon 1964 p1)

III

Resumo

O presente relatoacuterio de estaacutegio respeitante agrave Praacutetica de Ensino Supervisionada

desenvolvida no acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar tem como principal

finalidade a elucidaccedilatildeo da importacircncia de ambientes educativos favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila potenciando desse modo a sua expressatildeo

criativa

A elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio apresenta como principais objetivos a compreensatildeo

do conceito de criatividade a relevacircncia que assume em contexto educativo e no respetivo

desenvolvimento do educando a perceccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o seu

fomento e o reconhecimento de fatores que promovam ou ao inveacutes inibam o

desenvolvimento da criatividade no acircmbito educacional

Eacute feita tambeacutem uma anaacutelise a documentaccedilatildeo legislativa do Sistema Educativo

Portuguecircs e da Creche no que concerne ao enquadramento da criatividade enquanto

intencionalidade pedagoacutegica e objetivo de ensino-aprendizagem assim como uma

perceccedilatildeo relativamente ao desenvolvimento de praacuteticas apoiantes ao fomento da

criatividade no acircmbito educativo destinadas aos profissionais de educaccedilatildeo Tambeacutem foi

efetuada uma investigaccedilatildeo a associaccedilotildees de acircmbito educativo com o intuito de se

percecionar o reconhecimento da criatividade na educaccedilatildeo

Para a concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio foi efetuada uma pesquisa bibliograacutefica

atraveacutes da qual fosse possiacutevel reunir documentaccedilatildeo que desse respostas aos objetivos

elencados agrave qual se une uma metodologia de trabalho pedagoacutegico respeitante ao

desenvolvimento de um trabalho de projeto que fora desenvolvido em contexto de

educaccedilatildeo de infacircncia e ao qual se une como teacutecnica de recolha de dados registos de

observaccedilatildeo com a finalidade de contribuir para a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

efetuada Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais resultantes de um processo de

anaacutelise criacutetica e reflexiva face ao trabalho concretizado

Palavras-Chave Criatividade Potencial criativo Expressatildeo criativa Educaccedilatildeo

IV

Abstract

The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice

developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose

the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion

of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression

The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding

of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and

in the respective development of the student the perception of possible strategies that

allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the

development of creativity in education

An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese

Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical

intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding

the development of practices that support the fostering of creativity in the educational

field aimed at education professionals An investigation was also conducted to

educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education

For the realization of this report a bibliographic research was carried out through

which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives

to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a

project work that was developed in the context of childhood education and to which as

a data collection technique observation records are added in order to contribute to the

analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations

resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done

Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education

V

Iacutendice

Introduccedilatildeo 13

1 Enquadramento teoacuterico 16

11 Criatividade 16

111 Definiccedilatildeo do conceito 16

112 Capacidade inata ou adquirida 21

12 Educaccedilatildeo e criatividade 23

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos

de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47

132 Papel do educador 49

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65

2311 Espaccedilo 66

2312 Materiais 68

2313 Tempo 69

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71

23141 Crianccedila-crianccedila 71

23142 Crianccedila-adulto 72

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77

251 Definiccedilatildeo do problema 80

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83

253 Execuccedilatildeo 90

2531 Jogo da memoacuteria 92

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96

2535 Montagem da casa da Lili 97

VI

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107

2541 Avaliaccedilatildeo 107

25411 Crianccedilas 107

25412 Famiacutelias 108

2542 Divulgaccedilatildeo 111

3 Consideraccedilotildees finais 113

Bibliografia 117

VII

Iacutendice de Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e

o Lobo Maurdquo

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da

Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila

VIII

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

IX

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa

da Lili e ao bolo de chocolate

Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro

Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)

Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)

Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da

memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da

execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre

recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que

constituem a casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees

X

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de

servir de telhado para a casa da Lili

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas

Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da

pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de

tintas de cores distintas

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de

farinha

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XI

Iacutendice de Tabelas

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XII

Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos

AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade

APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia

CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico

DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

MPCC - Manual de Processos Chave da Creche

NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs

13

Introduccedilatildeo

No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de

Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja

temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento

do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia

Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi

definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles

- Compreender o conceito de criatividade

- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo

considerando o desenvolvimento da crianccedila

- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da

infacircncia

- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da

criatividade no acircmbito educacional

As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante

uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em

contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada

Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho

pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no

acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do

estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo

educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita

eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo

da praacutetica concretizada

O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16

crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa

da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche

decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019

14

Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho

levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da

estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que

suportam o mesmo

Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a

estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram

de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor

do desenvolvimento deste trabalho

A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de

investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica

da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia

e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)

Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao

desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta

Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas

tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem

desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes

1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)

Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)

Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra

maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)

O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser

humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade

eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada

e promovida

Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e

promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)

Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp

Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)

15

A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e

concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo3

MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade

o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente

educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis

Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o

reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos

assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo

No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto

educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior

(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino

Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia

Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela

estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na

crianccedila

Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver

corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft

(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo

um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia

estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi

referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio

para a formaccedilatildeo plena da crianccedila

2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21

16

1 Enquadramento teoacuterico

11 Criatividade

111 Definiccedilatildeo do conceito

A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil

de definir (McLintic 2018)

Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como

tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua

complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo

atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes

autores

Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por

Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do

conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo

Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)

refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao

conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem

sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias

antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante

a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua

amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme

referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio

Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve

referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde

a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)

4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino

tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten

Araya 2011 p2)

17

Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num

dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar

de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado

apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave

perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade

como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo

Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo

Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos

aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa

De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados

por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos

significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade

Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave

criatividade mediante perspetivas de diferentes autores

- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que

criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade

a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves

pessoas consideradas criadoras [pessoa]

- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)

criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto

produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se

igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]

- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana

que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua

novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para

o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]

5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa

18

- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo

uacutenico e original [produto]

- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira

2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a

produccedilatildeo de algo novo [produto]

- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade

que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo

padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]

- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker

Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma

habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo

de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]

- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum

comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou

realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]

- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo

atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo

formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e

posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]

- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de

originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda

uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]

- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude

que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo

caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]

19

- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a

capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-

produto]

- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de

capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se

caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se

desenvolvam [pessoa-produto]

- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que

permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de

personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]

- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual

se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]

Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para

o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-

se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo

apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel

histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)

caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)

Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e

Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido

consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld

amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo

(p62)

Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman

amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo

e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes

leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes

tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma

20

caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um

processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular

(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)

ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto

consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode

traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e

originalidade

Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou

diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de

complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se

verifica (Braumann 2009 Morais 2015)

Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)

defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a

originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo

implicam obrigatoriamente criatividade

Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute

frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos

o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um

processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais

mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para

se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante

Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o

recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson

2011)

Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e

em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por

Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade

eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees

objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a

laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo

Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma

competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os

21

estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)

permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias

suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da

novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao

meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo

Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da

trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem

simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo

uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de

complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais

112 Capacidade inata ou adquirida

Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel

deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por

sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por

conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um

sentido criativo

Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta

como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser

adquirida

Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a

criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da

caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento

perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow

1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar

1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009

Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave

semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De

La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem

de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu

contexto sociocultural por exemplo

22

Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal

natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp

Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992

1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco

(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo

o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial

Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte

desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e

contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de

forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo

Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do

ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar

(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o

ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o

desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees

oferecidas

Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave

emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois

aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no

seu desenvolvimento

Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e

consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por

Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo

apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que

circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio

necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem

obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo

Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos

internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente

dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)

23

Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica

intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo

o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as

caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo

se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto

ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980

p117)

12 Educaccedilatildeo e criatividade

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo

A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto

eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e

Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003

citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada

pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas

do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta

a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar

necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais

adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)

Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no

mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os

criamosrdquo6

Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece

ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na

sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos

6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by

the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)

24

educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no

desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)

Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono

(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais

importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a

repetir os mesmos padrotildeesrdquo7

Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas

pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se

caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de

adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas

E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade

em contexto educativo

Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do

estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator

fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma

educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8

Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a

afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse

modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo

Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade

poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos

que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma

constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que

7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human

resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the

same patternsrdquo (Edward de Bono sd)

8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a

existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo

Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a

criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que

promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo

25

uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-

atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)

Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta

a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual

em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma

abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha

de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA

educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um

futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta

anosrdquo (p19)

Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas

encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social

cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e

repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver

competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta

realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)

responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e

rapidamente (hellip)rdquo

Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela

que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela

crianccedilardquo (p21)

Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp

Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por

parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao

indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo

baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do

indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo

combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social

Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute

absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as

26

quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma

educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)

Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma

educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do

indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas

rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)

predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)

Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem

indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do

desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que

lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal

Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por

Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo

de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo

daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo

As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para

a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas

que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que

concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus

proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas

e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar

Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como

uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma

espeacutecie de know-how

Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a

criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos

resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo

ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de

percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo

de ideiasrdquo (p18)

27

A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par

com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo

humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas

possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve

passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas

ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)

Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma

perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas

educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e

aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se

em agentes sociais significativosrdquo (p123)

Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a

criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo

associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia

permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se

deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de

perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais

Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft

(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano

deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos

e natildeo prejudiciais

Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante

desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando

o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja

capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em

questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter

conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua

adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave

unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia

diferenciando-o dos demais

Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia

se pode denominar como uma atitude de e perante a vida

28

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de

referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas

Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no

desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras

competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por

Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco

2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)

Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a

criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-

aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp

Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema

educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e

superior

Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa

a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda

alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar)

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE

2016)

No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste

relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais

especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a

documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]

29

Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do

contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse

motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho

(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda

e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume

Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com

crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma

profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade

acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso

para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)

Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)

defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees

estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a

valecircncia em questatildeo apresenta

A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo

preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar

uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos

cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve

ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto

indiviacuteduordquo (p1)

Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias

integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o

desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico

defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)

30

educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que

ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila

Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de

anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder

ao registo dos resultados obtidos

Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP

mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo

respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da

Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)

estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)

Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir

para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos

indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis

autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I

Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico

e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre

troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de

julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se

empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)

No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-

aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave

EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila

assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I

Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)

Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade

tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art

7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)

Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a

descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio

31

memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica

promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade

socialrdquo

De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino

averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos

elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino

Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne

ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III

constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo

de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma

Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades

especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II

Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como

principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem

necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo

anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma

o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga

e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se

necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar

o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se

verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e

econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar

de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios

e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra

Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute

caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e

atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos

responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas

32

as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao

niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino

e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de

competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a

elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida

no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as

crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de

uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em

que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade

Obrigatoacuteria p10)

Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo

se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees

relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas

disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do

documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de

Competecircncias

A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os

jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a

criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma

vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da

escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente

criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo

(p15)

Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais

determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e

desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o

pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser

fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento

incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma

relaccedilatildeo processo-produto se tratasse

Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees

complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo

33

humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute

tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se

assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e

aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de

diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos

cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de

competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-

produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo

causa-efeito

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na

sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-

Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap

IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam

quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute

defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo

essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo

preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]

homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como

sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-

escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)

As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios

sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e

Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo

Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da

conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo

assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa

desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de

conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de

infacircnciardquo (p34)

34

No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas

crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se

colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a

participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de

agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se

com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9

Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea

incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)

aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu

processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo

A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as

OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes

Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e

Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)

formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os

seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o

mundo que a rodeiardquo (p43)

Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma

grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade

encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como

uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas

e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)

No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se

como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)

tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial

criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de

competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas

9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60

35

criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de

jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar

movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de

situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou

ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e

criticando-as13

Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo

em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO

desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas

de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o

desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e

maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da

Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e

Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo

Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim

como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo

e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da

Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave

criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente

desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado

Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de

modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito

maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o

desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios

respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo

11 Consultar OCEPE p 52

12 Consultar OCEPE p 57

13 Consultar OCEPE p 83

36

Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens

a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais

subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma

considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves

possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento

considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de

conteuacutedo que integram as OCEPE

Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de

aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute

promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que

a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos

sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias

proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees

que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas

emocionais e criativasrdquo (p105)

Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema

Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua

documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto

agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado

Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras

experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute

ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias

e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem

ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36

meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu

desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)

Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no

desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a

criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e

37

explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de

estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se

encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo

Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de

Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam

um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute

que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e

capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados

ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo

A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser

assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada

como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da

crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado

ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)

expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)

Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e

Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se

constatam Veja-se

Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o

Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que

ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas

no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos

tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que

lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo

contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos

requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se

semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias

14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25

38

A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo

educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino

termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta

somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e

Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos

Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia

que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a

subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do

pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto

de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino

citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo

O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a

Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de

ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por

se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a

Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel

No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei

nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas

baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de

estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o

fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias

sejam em nuacutemero reduzido

Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se

presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como

na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo

Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do

Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo

ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes

39

formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em

todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger

o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a

transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute

que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente

agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila

verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade

no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas

Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e

inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se

verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes

(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento

da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a

determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas

aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral

No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se

assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos

educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um

processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma

continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e

cidadatildeo

Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp

Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria

igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez

que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo

acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente

relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar

atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto

que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas

simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria

40

Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a

criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer

que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da

criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar

referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e

praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem

adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os

educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades

e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo

A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e

Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na

educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que

permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo

existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando

a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que

aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem

ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das

suas potencialidades criativas

Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de

documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a

desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que

por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche

(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do

Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas

promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops

seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora

relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de

competecircncias criativas

No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume

foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator

Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos

serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet

praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que

41

podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais

praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo

assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa

De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na

documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da

mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa

natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos

face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que

permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa

Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar

um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas

desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de

educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo

obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias

Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias

Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria

em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em

oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que

estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a

incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos

documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP

se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que

permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto

Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha

existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos

educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade

educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a

importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade

das crianccedilasrdquo (p76)

Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e

informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que

poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

42

Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida

aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas

dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se

relacionam e se inserem

Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo

destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de

incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode

assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)

Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores

preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles

ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando

os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que

ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser

preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se

tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo

(Novaes 1980 p121)

Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes

torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por

conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas

distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso

comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem

simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e

nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis

Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao

desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se

vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que

natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem

omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas

necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica

Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes

na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e

43

praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de

autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo

(p9)

Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso

Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto

educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade

(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores

em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o

neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender

com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)

Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de

orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto

educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal

aspeto

Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com

o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi

possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo

mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o

Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo

de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo

uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC

Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)

uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e

interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos

principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo

de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo

nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo

a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando

valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo

contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes

ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da

APEI)

44

Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no

desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que

permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e

propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias

coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave

periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador

que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas

as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa

Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade

trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente

denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa

sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de

reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua

Qualidaderdquo

Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar

artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)

sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-

line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem

ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um

entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados

em papel apresentam um custo monetaacuterio

Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de

caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela

promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas

muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o

intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover

atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que

podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo

contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que

correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo

de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de

cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos

da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)

45

Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas

promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia

Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um

conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como

ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas

aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)

No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram

disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para

consulta on-line

Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da

APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que

concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da

Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas

que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a

finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber

Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo

enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo

de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino

Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar

ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da

Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua

desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores

dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)

Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado

pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos

se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees

neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme

referido

Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino

Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da

docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-

46

se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas

uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o

seu maacuteximo potencial

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes

educativos

A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel

afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo

somente em etapas da vida numa fase posterior

Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente

pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda

2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por

Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a

importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd

citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do

potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o

(Alencar 1992 Novaes 1980)

A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe

a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que

possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave

acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)

Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo

sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica

que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute

afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo

positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade

(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)

Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na

infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram

mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute

47

porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)

apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar

as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da

criatividade na infacircncia

Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo

criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo

da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser

desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)

Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas

visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia

uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar

no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-

se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes

2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco

2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma

atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora

contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila

Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades

fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas

pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras

estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as

suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu

potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e

proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante

o decorrer dos momentos de brincadeira

48

Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o

fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo

desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7

Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)

atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos

1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira

2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)

ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave

busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada

situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar

1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do

potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de

Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar

(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que

aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto

de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem

ser adotadas

Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do

desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se

tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA

criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta

a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo

conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)

No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha

da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades

competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de

aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo

se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa

2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem

estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)

49

132 Papel do educador

O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento

responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico

que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada

apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como

aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu

desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser

planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo

do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades

devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e

Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade

pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e

consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)

Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e

desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila

considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e

ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado

com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as

suas aprendizagens e progressos

Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp

Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais

ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores

Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade

e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo

normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias

que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto

dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam

50

o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas

face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa

Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos

professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)

os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos

contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos

e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma

relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo

Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes

desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer

mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do

educando e seus comportamentos

De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente

face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo

condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como

o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley

1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)

Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente

ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando

Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento

da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees

estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico

de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes

1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)

Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da

criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo

e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar

1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)

51

Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola

avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto

favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)

Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel

do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como

favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial

criativo da crianccedila

Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as

causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)

Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar

traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e

inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo

mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar

acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente

encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas

de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do

potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a

tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a

relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo

acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea

2008)

Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem

favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e

influecircncia exercida no educando e ambiente educativo

Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores

favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes

- Atitudes e valores

- Interaccedilatildeo educador-crianccedila

- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

- Conhecimento e formaccedilatildeo

52

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

Papel do

educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Atitudes e

valores

Conceccedilatildeo da criatividade como elemento

essencial ao processo educativo

(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-

Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp

Alencar 2018 p7)

Conformaccedilatildeo com entraves surgidas

face agrave promoccedilatildeo da criatividade

(Alencar 1992 Sternberg amp

Williams 2003)

Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da

criatividade

(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Desvalorizaccedilatildeo das suas

competecircncias

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Falta de confianccedila e inseguranccedila em

agir com receio de errar ou atentar

contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do

sistema educativo

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Interaccedilatildeo

educador-

crianccedila

Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista

ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo

educando

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley

1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten

2005)

Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do

educando

(Torrance 1977)

Elogio e criacuteticas construtivas

(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith

2001)

Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de

cada crianccedila assim como do seu

potencial criativo

(Alencar 1992 2007 Sternberg amp

Williams 2003)

Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada

educando

(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar

2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira

amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005)

Supervisatildeo e controlo excessivo

(Torrance 1977 Sternberg amp

Williams 2003)

Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens

desenvolvidas pelo educando

(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por

Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten

2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)

Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de

valor eou comentaacuterios depreciativos

(Alencar 1992 Torrance 1977)

53

Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no

que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de

seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no

caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente

Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no

educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)

Papel do educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Organizaccedilatildeo do

ambiente

educativo

Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no

processo educativo

(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar

2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)

Dependecircncia exclusiva do

curriacuteculo

(Alencar 1992 2007 Torrance

1977)

Aprovisionamento de tempo e oportunidades que

permitam ao educando efetuar descobertas e

aprendizagens mediante o seu ritmo

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997

Fleith 2001 Aragoacuten 2005)

Ensino Tradicional

(Alencar 1992 2007 Morejoacuten

2000 Alencar Fleith amp Pereira

2017)

Fornecimento de recursos materiais adequados

aos interesses competecircncias e necessidades dos

educandos

(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)

Oferta excessiva de recursos

materiais

(Torrance 1977)

Clima democraacutetico

(Torrance 1977 Cropley 1997)

Tempo destinado exclusivamente agrave

promoccedilatildeo de aprendizagens

curriculares

(Alencar 1992 Cachia Ferrari

Ala-Mutka amp Punie 2010)

Conhecimento e

Formaccedilatildeo

Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade

Carecircncia de saberes acerca do tema

(criatividade)

(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010

Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

54

ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e

reprimidas

Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da

criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave

perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao

indiviacuteduo assim como de naturezas diversas

55

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas

Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)

um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as

hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)

Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo

de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho

Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao

desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo

revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute

meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e

necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho

pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo

de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no

qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede

privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo

A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente

necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no

qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada

de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto

mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora

No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee

de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o

funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a

56

crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades

compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)

No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm

CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de

escolaridade)

Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas

polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as

suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos

aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)

Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo

educativa estes satildeo

- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo

Pedagoacutegica

- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de

Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas

Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma

Conselho de turma

- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas

Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos

administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza

- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais

Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito

agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de

accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as

salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala

verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36

meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma

sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade

57

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional

Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a

perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em

questatildeo

Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento

face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao

desenvolvimento do educando17

Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade

os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras

finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e

competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de

interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para

desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo

progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania

a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que

concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila

Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na

qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser

fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento

integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees

surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e

inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18

No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade

natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa

dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo

16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz

educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da

inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

58

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se

desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu

e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o

grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e

sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel

Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32

meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das

crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do

sexo feminino

No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo

em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar

que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante

aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e

informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)

desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo

Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria

mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte

da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas

durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para

as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e

registado

Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria

esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste

em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e

19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os

sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para

efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)

59

descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o

desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)

Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de

informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua

Portuguesa)

Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o

conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao

desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia

considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente

agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas

(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)

Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao

desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do

desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que

somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes

encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo

ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas

ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e

atitudes perante um contexto natildeo-familiar

Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e

comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as

crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21

visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e

correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo

grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)

Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp

Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada

20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores

60

vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo

(p162)

Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem

acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi

possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman

(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e

subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo

alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)

Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio

das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa

Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas

matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus

com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos

Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom

desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees

A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de

pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas

das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24

encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por

duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida

pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras

finas)

Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa

etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo

elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo

22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos

61

O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e

caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento

do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais

especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds

amp Feldman 2009)

No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um

bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos

sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo

Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta

nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo

grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha

na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem

do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta

constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias

das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades

de expressatildeo plaacutestica

Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o

desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando

e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode

constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila

(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)

O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma

atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky

1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via

27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em

diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e

diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio

62

atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016

Oliveira 2018) 32

Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo

o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de

categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda

se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o

nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)

Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a

maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena

minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)

Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste

fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e

compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada

considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em

questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo

ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos

manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a

aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados

Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem

oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se

registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever

aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo

educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a

musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha

verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem

a sua frequecircncia em terapia da fala

32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

63

Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira

recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos

necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees

As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave

comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais

constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)

elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar

o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)

Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses

estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na

formaccedilatildeo de frases (simples)33

Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um

discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente

No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento

face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do

seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso

instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo

Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia

esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para

avaliaccedilatildeo da autonomia)

Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as

autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto

Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para

eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem

usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas

apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade

33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do

desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)

34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo

64

Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave

partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35

O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver

a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos

Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves

crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)

No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou

acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste

tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila

envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou

soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No

entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se

primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim

de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees

sociais e desenvolvimento integral

Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em

situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas

compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma

soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador

incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas

exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si

proacuteprias e nos outros

Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da

sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre

si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente

aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a

35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para

consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de

uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na

procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila

36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais

(Eisenberg 2005)

65

desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a

interagir seja com outras crianccedilas ou adultos

Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade

e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a

estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um

facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre

as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo

da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada

Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade

o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila

conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento

Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a

caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito

(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain

1977)38

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das

intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo

promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e

apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas

necessidades e interesses

Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo

materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas

entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades

37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

38 Ver 132 Papel do educador

66

2311 Espaccedilo

Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves

oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-

se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o

intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas

Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute

espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos

pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode

ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)

As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas

pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para

o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve

assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39

Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas

criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a

possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas

Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem

de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo

ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse

modo perigo

No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito

tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico

permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis

quedas

39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a

serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel

superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se

encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis

de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas

67

Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post

2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento

visual da crianccedilardquo

Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que

permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior

Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o

mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel

obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante

luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso

a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos

presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem

favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas

cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas

No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para

a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do

espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para

as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)

Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves

crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e

consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees

Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se

encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua

abertura por parte das mesmas

No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas

dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e

ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos

As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter

perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo

bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas

68

O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e

respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al

2016)

A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam

aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de

papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)

2312 Materiais

Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis

diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila

condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu

desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)

Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e

considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

por parte das crianccedilas estes apresentam-se

- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)

- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia

condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das

crianccedilas)

- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo

pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que

facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos

materiais disponibilizados

- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de

inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)

- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo

(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de

69

feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores

do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para

realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo

dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e

dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros

puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)

Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores

agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se

encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas

Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees

(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos

quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em

contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas

podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente

seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza

2313 Tempo

O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador

e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser

somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais

necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo

permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo

(Cardona 1999 Silva et al 2016)

A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua

sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta

conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al

1996 Niza 2012)

Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu

esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas

realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)

higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a

70

ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por

todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas

ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)

Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a

educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em

questatildeo Silva et al (2016) afirmam que

ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser

responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se

traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e

dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve

assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em

que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)

O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por

norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles

dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para

o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para

efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas

pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas

podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado

agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham

feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)

No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita

atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de

atender agraves suas necessidades

Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez

numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel

seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora

dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo

do conhecimento da mesma pelo grupo

71

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees

23141 Crianccedila-crianccedila

Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos

de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas

(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e

intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)

Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem

em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando

conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem

O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes

momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em

pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente

Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e

relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para

serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando

mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila

Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as

crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim

consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras

Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de

conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como

mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser

simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho

e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)

Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira

1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai

sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas

Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se

estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si

72

23142 Crianccedila-adulto

No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente

educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees

distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria

personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e

valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)

O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de

aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas

educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como

apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)

Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora

cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas

satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo

havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees

planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo

adequadas a cada crianccedila

Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas

tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas

como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no

denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)

o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse

modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na

mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com

a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas

solicitaccedilotildees

Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram

os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas

conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho

40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)

73

Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se

expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo

relativamente agrave privacidade

Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam

fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave

intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas

natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela

positividade

No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas

participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo

educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute

concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no

momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses

As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam

desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela

equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente

educativo no qual se encontram inseridas

Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto

que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um

balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente

enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras

na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na

creche

Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-

se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se

41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo

74

baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do

interesse do grupo envolvido

Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)

abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)

Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em

qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos

(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva

1998)

Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise

esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado

tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)

Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto

de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de

competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de

informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da

tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e

criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da

autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo

de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)

A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila

e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um

ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes

em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)

Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve

proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio

processo de aprendizagem

No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem

de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de

projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-

educador

75

Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais

experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)

Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a

metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o

estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3

anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da

crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais

se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)

Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma

metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada

a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por

Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se

relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais

razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo

sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)

Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de

respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e

conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim

como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as

crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees

descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de

ambos os sujeitos

Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar

na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases

- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)

- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando

e quem)

- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)

- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e

partilha com outros elementos da comunidade educativa)

76

No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas

de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida

enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente

capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve

ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar

Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do

ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima

democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir

autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de

interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos

e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo

de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo

dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)

Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado

ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as

crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses

das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto

agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo

educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)

Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche

uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente

educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto

educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de

ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho

2013 p58)

A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo

das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao

ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as

77

ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao

contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)

Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto

Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas

aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a

crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e

construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado

por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto

desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades

compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes

do mesmo

Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo

de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja

principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente

relatoacuterio

Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos

promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de

brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso

a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e

consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a

educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem

ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas

42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

78

Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi

afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo

(p75)

Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um

projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses

das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte

a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo

Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do

educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as

intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito

pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva

(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas

no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as

quais se enquadra o trabalho de projeto)

Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves

caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que

embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas

proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento

singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais

se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva

potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente

educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial

criativo do educando

Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se

conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade

43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se

encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

79

No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se

torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e

esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante

No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como

meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas

relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47

Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de

ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que

possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor

preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes

criadoras

Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-

Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de

fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias

que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)

No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem

foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila

Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo

implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades

individuais (hellip)rdquo (p119)

Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo

da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das

intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma

educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que

cria laccedilos sociaisrdquo (p21)

46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo

47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

80

Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas

etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos

(1998)48

Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e

prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este

Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que

as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a

asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute

que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute

apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja

confrontada

Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam

responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou

crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e

psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)

251 Definiccedilatildeo do problema

Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada

durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto

Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo

se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o

qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta

No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o

haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade

que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees

com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era

48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

81

constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o

grupo acabava por aderir

Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o

desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas

Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos

interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir

uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)

indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas

Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser

aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do

projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo

Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs

Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a

destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)

afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se

pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo

sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo

(p64)

Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual

o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os

por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo

Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate

necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA

Lili e o Lobo Maurdquo)

A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo

desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo

Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o

objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos

representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de

chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos

materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)

82

Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que

fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver

as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi

posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a

dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos

fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse

podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo

(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)

No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de

dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante

satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar

desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando

compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma

Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas

crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas

em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se

encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-

se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face

agraves suas intencionalidades

Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode

oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da

motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais

O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa

prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser

levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas

questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo

para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida

49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial

criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel

pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)

83

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do

projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por

elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem

na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as

crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse

A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste

projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar

por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as

famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo

escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria

para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de

tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das

crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees

dos meninos e meninas

No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)

referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador

deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo

Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o

ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de

diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse

Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora

do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que

levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento

sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem

tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em

casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias

jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais

84

Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de

crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem

vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)

Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo

deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da

refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a

alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas)

Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta

foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute

natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos

elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito

de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles

Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos

motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e

dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua

casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente

promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da

linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da

relaccedilatildeo causa-efeito

No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-

se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo

ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima

democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51

Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al

(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o

seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo

51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a

promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade

(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)

85

processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da

autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo

Acrescentam ainda que

Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai

mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos

atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os

problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a

criatividade (Silva et al 2016 p34)

Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico

A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e

aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se

exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo

pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)

Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo

das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de

tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma

funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo

e descoberta agrave crianccedila

As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de

conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo

chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao

niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais

especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser

desenvolvida pela maioria do grupo

Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando

em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da

qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si

proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)

86

A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente

A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto

o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A

criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada

para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)

Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas

planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do

projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o

decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante

a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio

Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute

condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para

o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)

Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela

accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando

saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia

(Dewey amp Dewey 1915)

Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma

constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a

experimentaccedilatildeordquo52

Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como

meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes

dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava

um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto

ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a

criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto

52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma

construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo

(Freinet sd)

87

A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de

integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo

tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem

o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais

Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo

Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma

ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a

comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)

A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar

1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-

Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky

1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)

Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a

situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem

desenvolvendo possiacuteveis ideias

Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao

fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo

da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e

protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave

distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a

expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao

grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)

que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo

Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a

expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era

53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao

estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz

imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando

ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das

crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)

88

questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso

negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas

A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo

influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente

agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo

considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que

estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a

pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo

o que natildeo era possiacutevel

Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face

ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves

crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve

explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas

referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da

Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente

para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser

reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados

pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a

manipulaccedilatildeo dos mesmos

As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com

as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses

Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem

se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998

Rodrigues 2004)

No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo

exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do

ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis

agrave prossecuccedilatildeo das atividades

Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em

aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na

mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a

89

ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora

cooperante

Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado

ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que

antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo

Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta

natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e

considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo

Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava

a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto

sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo

se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela

instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a

atividades livres

Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os

interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos

mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis

custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que

estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade

Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas

materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes

despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e

observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das

crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como

materiais de expressatildeo plaacutestica

No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido

desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o

meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde

constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste

relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia

das artes no desenvolvimento da crianccedila

90

Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais

apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o

egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em

questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez

constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo

e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro

Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de

opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de

negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo

(p39)

Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e

negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila

Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em

seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam

realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e

como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados

jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a

conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse

conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar

253 Execuccedilatildeo

No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto

cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das

quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo

visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum

No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as

atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares

e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e

disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de

crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se

iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos

91

Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi

o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar

uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade

Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando

que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos

permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais

individualizados e inclusivosrdquo (p8)

Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar

mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o

desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)

Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor

coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave

realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite

que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)

Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade

de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um

tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de

todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)

Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava

convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo

jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o

educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar

Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio

se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras

atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto

com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse

Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia

todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo

(p105)

Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas

considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a

92

par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de

transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em

grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente

expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas

participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo

Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes

construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de

todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados

e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)

Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute

desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma

partilha de saberes coletiva

2531 Jogo da memoacuteria

No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se

proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por

introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo

de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o

intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel

de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas

ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili

A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de

processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e

concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo

Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade

do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel

deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a

maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que

55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas

imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e

concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes

93

apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos

consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma

crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando

caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)

Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos

colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual

estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo

da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)

Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de

algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na

concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de

implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas

mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente

desenvolvimento de competecircncias

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)

Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das

atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao

desenvolvimento da casa da Lili

No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa

da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que

mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham

indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos

jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56

Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que

concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os

materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as

56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

94

principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as

suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto

Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher

aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de

expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal

facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas

Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na

instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo

plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder

agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo

o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua

que se encontravam presentes no espaccedilo educativo

O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o

intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as

dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das

paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da

colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas

possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar

os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver

Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57

desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo

Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2

anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando

espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash

Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)

Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas

revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo

parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador

57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain

1977)

95

fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila

do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento

As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem

significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento

do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma

que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona

bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo

desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho

colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico

partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores

Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o

reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash

Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas

Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas

crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na

concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem

observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa

da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das

atividades sem interferir nas mesmas

Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes

no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili

como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as

dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa

da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a

executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo

impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de

realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a

assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir

96

questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do

seu agrado e como deveria continuar a proceder

Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma

vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa

parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes

Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do

desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros

e quantidades formas e noccedilotildees espaciais

Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada

dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado

espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o

fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira

livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)

A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar

fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem

posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo

estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo

Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)

Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em

desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da

Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa

que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a

educadora cooperante

No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio

disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de

58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da

criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

97

tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo

da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa

atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou

Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na

instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material

por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o

efeito pretendido

As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a

diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua

liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu

para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na

casa da Lili)

Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no

manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem

dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por

uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas

natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola

disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola

natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos

Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido

o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as

habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o

desenvolvimento do sentido esteacutetico

2535 Montagem da casa da Lili

Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua

montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras

na tatildeo aguardada casa

No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio

definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com

98

o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da

casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas

que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante

pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos

de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo

semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo

Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como

a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim

como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no

qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia

ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham

apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela

crianccedila

Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma

vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo

natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material

A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os

tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das

crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao

teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem

que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas

No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo

vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo

que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia

o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e

possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes

crianccedilas

Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo

estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a

afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na

instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o

espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar

99

No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os

movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves

dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os

recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas

brincadeiras

No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela

educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva

conclusatildeo da casa da Lili

A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as

mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a

material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse

motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa

Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha

conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus

interesses

Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave

mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde

as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser

realizadas atraveacutes das janelas

Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional

nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar

a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a

questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave

porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal

era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida

Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e

assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili

algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio

agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash

Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de

crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas

100

em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao

usufruto da casa

Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se

constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo

oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico

(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros

merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si

responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e

valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado

A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto

de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os

tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59

Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas

igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o

mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim

de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse

momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute

mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados

que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo

natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo

Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili

com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as

crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo

A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde

em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram

59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18

101

tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas

de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo

com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez

que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das

habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica

Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo

podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide

exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa

inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem

ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas

segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel

telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua

configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com

mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado

No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam

ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a

interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas

duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam

afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no

entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado

Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como

o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da

tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando

o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de

um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo

A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e

estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente

afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e

salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar

61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos

das mesas

102

o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas

em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa

Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas

(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder

de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas

todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim

colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram

disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)

pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no

papel de cenaacuterio

As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e

estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria

assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas

explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como

se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos

peacutes das crianccedilas)

Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era

o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-

se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas

caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da

atividade

Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do

aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da

coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex

estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili

Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de

se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter

utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de

103

decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma

das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa

A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido

que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62

Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material

do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas

a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute

que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia

crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade

Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a

formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou

com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse

concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser

possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com

os outros momentos da rotina consequentes

No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas

pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria

procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade

que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado

o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios

Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade

agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade

de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo

se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso

agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por

pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo

do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura

do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)

62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila

104

Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e

fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades

posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas

pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas

com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas

e texturas

Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas

e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se

espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao

percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as

suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)

Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a

mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas

face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65

fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36

ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)

Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada

uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a

realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores

efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66

Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de

significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais

cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo

63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila

65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila

66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o

desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias

face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com

cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as

crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas

105

para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas

tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada

Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do

aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes

do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho

colaborativo e trabalho cooperativo

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili

levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que

fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de

realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam

ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades

considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles

destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode

condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades

de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens

Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de

tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a

concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68

a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das

crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes

disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no

67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili

68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos

riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que

natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de

verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes

alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas

apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova

atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse

sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas

106

que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades

anteriormente realizadas69

Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que

concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo

esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando

as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura

Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e

misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas

Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de

utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos

e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na

promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo

de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos

para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)

Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente

cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos

desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada

crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto

estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das

criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que

durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto

que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia

Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas

em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende

que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das

69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou

bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas

71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias

entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)

107

realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do

desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens

Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas

usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo

um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por

conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor

procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas

da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo

estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo

Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma

teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas

relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das

cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e

conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da

massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo

2541 Avaliaccedilatildeo

Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para

a accedilatildeordquo (p15)

Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida

com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo

para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004

Silva et al 2016)

25411 Crianccedilas

A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma

sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e

considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser

108

modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento

das aprendizagens

Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo

permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o

desenvolvimento cognitivo e da linguagem

Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas

mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila

Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais

momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute

nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves

crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham

realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo

mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas

caso as fossem efetuar futuramente

Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente

acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador

constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base

de desenvolvimento dessa

Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa

educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que

foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este

questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)

Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo

indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a

avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento

sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo

avaliativo que seja processado de modo persistente

25412 Famiacutelias

Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que

estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem

109

Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no

desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais

responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo

Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo

de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas

conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)

Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois

dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a

cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o

trabalho de projeto desenvolvido

Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma

explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento

concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)

Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como

referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes

que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo

uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais

adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios

progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo

necessaacuterios

Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias

caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de

famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista

No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento

redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora

sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo

limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias

72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio

110

Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e

anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias

Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas

revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da

ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia

Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores

da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou

na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia

alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute

mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo

ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo

projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73

No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a

importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis

pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis

Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um

terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de

desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)

Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham

conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo

e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam

por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva

face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa

amp Sarmento 2010 p149)

Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento

das crianccedilas as famiacutelias indicaram

73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia

pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)

111

- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam

de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades

- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e

ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas

famiacutelias

- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado

- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar

ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das

famiacutelias

- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas

vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas

Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de

um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico

Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute

proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)

2542 Divulgaccedilatildeo

Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi

desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas

maneiras (Vasconcelos 1998)

A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir

acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-

os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)

No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas

educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua

jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo

sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo

de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o

que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas

112

e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em

horaacuterios poacutes letivo

As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo

aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das

atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os

pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o

fomento da sua auto-estima e confianccedila

Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e

valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)

Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)

assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo

projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar

tal projeto avante

Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo

efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo

concretizadas pelas crianccedilas

Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias

durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto

com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o

que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa

Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o

projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite

soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade

de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante

a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo

ocorresse

Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas

ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo

a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente

educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas

responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros

113

3 Consideraccedilotildees finais

Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido

percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a

qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia

Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave

concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos

definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse

fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de

objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma

metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um

trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa

integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um

ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade

A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a

potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila

considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se

um desenvolvimento integrado

Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial

criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico

desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de

aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo

criativa da crianccedila eacute condicionada por esse

Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os

fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas

tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias

necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a

promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o

cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo

114

Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de

oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi

fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta

perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a

Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o

educar

Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das

crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem

juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila

assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-

se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos

inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo

do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno

Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a

cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do

presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das

famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua

vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das

suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das

famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa

derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa

Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de

Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da

crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias

aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro

2011 p100)

Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal

(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao

processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu

papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para

explorar intervir decidir e agir

115

Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche

jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das

experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de

ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem

para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se

inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas

crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de

crianccedilas

Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral

considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel

pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila

Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo

das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New

Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)

Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da

criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz

respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs

Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente

relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o

reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores

do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar

ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a

criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo

Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao

desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da

associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como

destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a

associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso

Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito

de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo

legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do

116

potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute

igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens

Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida

continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da

criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem

perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal

Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente

educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma

competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida

permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como

a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees

considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam

117

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Projeto Educativo (2018-2021)

Regulamento Interno (20172018)

133

Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

0

1

2

3

4

26 27 28 29 30 31 32

Nuacute

mer

o d

e cr

ian

ccedilas

Idade (em meses)

Idade das crianccedilas (em meses)

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora

cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve

(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer

um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute

como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo

No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem

em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham

No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida

e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais

implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em

posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as

dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois

natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem

realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo

Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta

um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras

grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora

ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo

das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao

jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse

espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio

dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo

educativa e estagiaacuteria

Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e

constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute

procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo

alternando entre estes

Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda

prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na

mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se

dirigirem para a sala

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel

afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do

seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de

descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a

desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto

para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e

subida de degraus

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Indicadores

Crianccedilas

Apanha objetos com facilidade

Segura objetos com facilidade

Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual

Preensatildeo de pinccedila

Observaccedilotildees

PD MD GD PD MD GD

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

PD ndash Pequenas Dimensotildees

MD ndash Meacutedias Dimensotildees

GD ndash Grandes Dimensotildees

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o

criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores

azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo

foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido

associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores

correspondentes

Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com

alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e

reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel

deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de

objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes

cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das

crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir

conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre

essas

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de

forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado

retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e

agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a

maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo

de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e

distinccedilatildeo entre as mesmas

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo

Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Indicadores

Crianccedilas

Compreende mensagens

orais

Compreende um discurso instrucional

Elabora frases

simples

Efetua associaccedilatildeo

entre nome e objeto

Refere o seu nome

Usa a linguagem

oral para expressar desejos

necessidades informaccedilotildees responder ou

realizar questotildees

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Avaliaccedilatildeo da autonomia

Revela autonomia quanto agrave

Indicadores

Crianccedilas

Realizaccedilatildeo da higiene

Realizaccedilatildeo das

refeiccedilotildees

Escolha das

atividades

que pretende

desenvolver

Escolha dos

materiais que pretende usufruir

Resoluccedilatildeo de

conflitos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Efetua interaccedilotildees com

Indicadores

Crianccedilas

Crianccedilas

Adultos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem

Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)

Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar

o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo

mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que

andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili

Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili

e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da

Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo

Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao

ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo

Mau

(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres

(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo

que cheira muito bem

(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho

do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau

(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer

(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu

vou dar-te uma trinca

(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me

dares um bocadinho do teu bolo

(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para

o trincar)

(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro

Aaaahhhh

(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que

nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar

flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de

casa saindo de cena temporariamente)

O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado

por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili

para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo

Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili

(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)

mas natildeo conseguiu

Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a

casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e

retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)

O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e

quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse

(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)

A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha

conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava

destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar

porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu

o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um

bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de

uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda

casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar

E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes

da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da

Lili e ao bolo de chocolate

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca

Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de

higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento

da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo

com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias

face ao projeto

Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente

tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo

Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas

crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso

a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades

apresentadas pelas crianccedilas

A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela

estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo

essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na

destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus

amigos na construccedilatildeo de uma nova casa

Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa

para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas

aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo

As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual

atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo

simboacutelico

Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos

a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a

importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas

Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo

relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do

mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas

respetivas famiacutelias se assim o pretenderem

Questotildees

bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto

bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o

desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que

modo

Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como

as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas

vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo

Grata pela atenccedilatildeo

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave

execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de

desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FS e V

Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com

outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares

correspondentes agraves imagens fornecidas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V

efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as

suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila V

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a

observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das

mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela

pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem

uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante

observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e

mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FN e MB

Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a

realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par

estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par

como se procedia o desenvolvimento do jogo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB

apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num

dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda

(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila P

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica

fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo

pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa

forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica

materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione

somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila L

Idade 2 anos e 6 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que

manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo

ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador

das cores anteriormente mencionadas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e

identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas

para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos

constituintes da casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos

tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a

casa da Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos

e respetivos padrotildees

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de

tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da

casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma

crianccedila

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a

desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de

brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com

jogos em momento de brincadeira

na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas

crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila C

Idade 2 anos e 5 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 07122018

Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados

pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as

suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e

identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais

colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado

pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila

revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o

seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros

para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da

mistura de outras cores

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo

de tintas de cores distintas

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila L P

Idade 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21122018

Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais

especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave

estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo

A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens

penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha

sido concretizada a pintura

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo

que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante

interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa

da Lili

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a

massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com

massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos

utilizando massa de farinha

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila

Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Crianccedila Objeto (s) criado (s)

C Televisatildeo

CC Bola

FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

FN Carro de brincar

FS Mala

G Caixa

L Chapeacuteu

LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

MA Bolachas

MB Bolo de chocolate

MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

N Bola de futebol

P Vaso

S Rebuccedilado grande

T Almofada

V Telefone

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Page 2: A promoção de ambientes educativos favoráveis ao ...repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.11796/2851/1/Relatório Final.pdfAnexo 35 – Criança a exibir as suas mãos com cor de

Agradecimentos

ldquoAqueles que passam por noacutes natildeo vatildeo soacutes

natildeo nos deixam soacutes Deixam um pouco de si

levam um pouco de noacutesrdquo

Antoine de Saint-Exupeacutery

Concretizada mais uma etapa da minha vida o desejo de me tornar profissional

de educaccedilatildeo de infacircncia pretendo expressar o meu agradecimento agravequeles que me

acompanharam neste percurso e permitiram o seu desenvolvimento

Agradeccedilo assim

- Agrave minha famiacutelia por todo o apoio fornecido ao longo desta etapa e pela

possibilidade da sua concretizaccedilatildeo

- Agrave minha orientadora de relatoacuterio de estaacutegio Doutora Brigite Carvalho da Silva

pelos saberes partilhados e cuidado com o desenvolvimento do presente relatoacuterio visando

a sua excelecircncia e rigor

- Agraves minhas supervisoras de estaacutegio Profordf Maria Ivone Couto Monforte das

Neves e Profordf Irene Zuzarte Cortesatildeo Melo da Costa pela promoccedilatildeo de aprendizagens

assim como aos restantes docentes da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti

- Agrave educadora cooperante e auxiliar de accedilatildeo educativa pelo apoio prestado no

desenvolvimento do estaacutegio e nomeadamente ao grupo de crianccedilas jaacute que sem o seu

contributo a concretizaccedilatildeo do mesmo natildeo teria sido possibilitada

A todos vocecircs muito obrigado

II

ldquoSuponho que todos noacutes jaacute nos

questionaacutemos quantas crianccedilas

assim como quanto alunos se

tornaram no que natildeo pretendiam

caso noacutes tiveacutessemos e eles tivessem

reconhecido o seu potencial e

potencializado as suas

realizaccedilotildeesrdquo1

MacKinnon (1964)

1 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoI suppose all of us have often wondered how many of our

children as well as our students would have become what they didnacutet had only we and they recognized

their potential talents and nourished their realizationrdquo (MacKinnon 1964 p1)

III

Resumo

O presente relatoacuterio de estaacutegio respeitante agrave Praacutetica de Ensino Supervisionada

desenvolvida no acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar tem como principal

finalidade a elucidaccedilatildeo da importacircncia de ambientes educativos favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila potenciando desse modo a sua expressatildeo

criativa

A elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio apresenta como principais objetivos a compreensatildeo

do conceito de criatividade a relevacircncia que assume em contexto educativo e no respetivo

desenvolvimento do educando a perceccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o seu

fomento e o reconhecimento de fatores que promovam ou ao inveacutes inibam o

desenvolvimento da criatividade no acircmbito educacional

Eacute feita tambeacutem uma anaacutelise a documentaccedilatildeo legislativa do Sistema Educativo

Portuguecircs e da Creche no que concerne ao enquadramento da criatividade enquanto

intencionalidade pedagoacutegica e objetivo de ensino-aprendizagem assim como uma

perceccedilatildeo relativamente ao desenvolvimento de praacuteticas apoiantes ao fomento da

criatividade no acircmbito educativo destinadas aos profissionais de educaccedilatildeo Tambeacutem foi

efetuada uma investigaccedilatildeo a associaccedilotildees de acircmbito educativo com o intuito de se

percecionar o reconhecimento da criatividade na educaccedilatildeo

Para a concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio foi efetuada uma pesquisa bibliograacutefica

atraveacutes da qual fosse possiacutevel reunir documentaccedilatildeo que desse respostas aos objetivos

elencados agrave qual se une uma metodologia de trabalho pedagoacutegico respeitante ao

desenvolvimento de um trabalho de projeto que fora desenvolvido em contexto de

educaccedilatildeo de infacircncia e ao qual se une como teacutecnica de recolha de dados registos de

observaccedilatildeo com a finalidade de contribuir para a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

efetuada Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais resultantes de um processo de

anaacutelise criacutetica e reflexiva face ao trabalho concretizado

Palavras-Chave Criatividade Potencial criativo Expressatildeo criativa Educaccedilatildeo

IV

Abstract

The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice

developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose

the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion

of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression

The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding

of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and

in the respective development of the student the perception of possible strategies that

allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the

development of creativity in education

An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese

Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical

intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding

the development of practices that support the fostering of creativity in the educational

field aimed at education professionals An investigation was also conducted to

educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education

For the realization of this report a bibliographic research was carried out through

which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives

to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a

project work that was developed in the context of childhood education and to which as

a data collection technique observation records are added in order to contribute to the

analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations

resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done

Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education

V

Iacutendice

Introduccedilatildeo 13

1 Enquadramento teoacuterico 16

11 Criatividade 16

111 Definiccedilatildeo do conceito 16

112 Capacidade inata ou adquirida 21

12 Educaccedilatildeo e criatividade 23

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos

de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47

132 Papel do educador 49

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65

2311 Espaccedilo 66

2312 Materiais 68

2313 Tempo 69

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71

23141 Crianccedila-crianccedila 71

23142 Crianccedila-adulto 72

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77

251 Definiccedilatildeo do problema 80

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83

253 Execuccedilatildeo 90

2531 Jogo da memoacuteria 92

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96

2535 Montagem da casa da Lili 97

VI

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107

2541 Avaliaccedilatildeo 107

25411 Crianccedilas 107

25412 Famiacutelias 108

2542 Divulgaccedilatildeo 111

3 Consideraccedilotildees finais 113

Bibliografia 117

VII

Iacutendice de Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e

o Lobo Maurdquo

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da

Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila

VIII

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

IX

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa

da Lili e ao bolo de chocolate

Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro

Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)

Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)

Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da

memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da

execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre

recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que

constituem a casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees

X

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de

servir de telhado para a casa da Lili

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas

Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da

pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de

tintas de cores distintas

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de

farinha

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XI

Iacutendice de Tabelas

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XII

Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos

AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade

APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia

CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico

DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

MPCC - Manual de Processos Chave da Creche

NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs

13

Introduccedilatildeo

No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de

Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja

temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento

do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia

Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi

definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles

- Compreender o conceito de criatividade

- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo

considerando o desenvolvimento da crianccedila

- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da

infacircncia

- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da

criatividade no acircmbito educacional

As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante

uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em

contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada

Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho

pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no

acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do

estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo

educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita

eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo

da praacutetica concretizada

O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16

crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa

da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche

decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019

14

Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho

levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da

estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que

suportam o mesmo

Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a

estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram

de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor

do desenvolvimento deste trabalho

A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de

investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica

da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia

e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)

Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao

desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta

Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas

tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem

desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes

1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)

Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)

Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra

maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)

O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser

humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade

eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada

e promovida

Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e

promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)

Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp

Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)

15

A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e

concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo3

MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade

o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente

educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis

Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o

reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos

assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo

No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto

educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior

(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino

Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia

Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela

estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na

crianccedila

Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver

corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft

(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo

um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia

estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi

referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio

para a formaccedilatildeo plena da crianccedila

2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21

16

1 Enquadramento teoacuterico

11 Criatividade

111 Definiccedilatildeo do conceito

A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil

de definir (McLintic 2018)

Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como

tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua

complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo

atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes

autores

Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por

Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do

conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo

Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)

refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao

conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem

sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias

antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante

a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua

amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme

referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio

Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve

referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde

a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)

4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino

tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten

Araya 2011 p2)

17

Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num

dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar

de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado

apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave

perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade

como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo

Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo

Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos

aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa

De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados

por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos

significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade

Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave

criatividade mediante perspetivas de diferentes autores

- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que

criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade

a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves

pessoas consideradas criadoras [pessoa]

- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)

criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto

produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se

igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]

- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana

que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua

novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para

o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]

5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa

18

- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo

uacutenico e original [produto]

- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira

2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a

produccedilatildeo de algo novo [produto]

- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade

que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo

padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]

- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker

Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma

habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo

de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]

- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum

comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou

realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]

- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo

atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo

formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e

posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]

- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de

originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda

uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]

- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude

que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo

caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]

19

- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a

capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-

produto]

- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de

capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se

caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se

desenvolvam [pessoa-produto]

- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que

permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de

personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]

- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual

se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]

Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para

o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-

se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo

apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel

histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)

caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)

Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e

Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido

consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld

amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo

(p62)

Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman

amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo

e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes

leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes

tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma

20

caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um

processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular

(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)

ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto

consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode

traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e

originalidade

Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou

diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de

complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se

verifica (Braumann 2009 Morais 2015)

Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)

defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a

originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo

implicam obrigatoriamente criatividade

Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute

frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos

o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um

processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais

mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para

se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante

Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o

recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson

2011)

Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e

em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por

Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade

eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees

objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a

laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo

Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma

competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os

21

estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)

permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias

suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da

novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao

meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo

Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da

trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem

simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo

uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de

complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais

112 Capacidade inata ou adquirida

Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel

deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por

sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por

conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um

sentido criativo

Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta

como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser

adquirida

Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a

criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da

caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento

perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow

1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar

1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009

Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave

semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De

La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem

de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu

contexto sociocultural por exemplo

22

Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal

natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp

Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992

1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco

(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo

o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial

Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte

desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e

contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de

forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo

Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do

ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar

(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o

ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o

desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees

oferecidas

Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave

emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois

aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no

seu desenvolvimento

Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e

consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por

Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo

apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que

circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio

necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem

obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo

Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos

internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente

dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)

23

Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica

intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo

o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as

caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo

se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto

ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980

p117)

12 Educaccedilatildeo e criatividade

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo

A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto

eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e

Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003

citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada

pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas

do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta

a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar

necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais

adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)

Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no

mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os

criamosrdquo6

Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece

ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na

sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos

6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by

the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)

24

educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no

desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)

Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono

(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais

importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a

repetir os mesmos padrotildeesrdquo7

Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas

pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se

caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de

adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas

E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade

em contexto educativo

Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do

estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator

fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma

educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8

Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a

afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse

modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo

Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade

poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos

que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma

constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que

7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human

resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the

same patternsrdquo (Edward de Bono sd)

8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a

existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo

Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a

criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que

promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo

25

uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-

atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)

Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta

a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual

em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma

abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha

de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA

educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um

futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta

anosrdquo (p19)

Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas

encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social

cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e

repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver

competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta

realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)

responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e

rapidamente (hellip)rdquo

Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela

que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela

crianccedilardquo (p21)

Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp

Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por

parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao

indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo

baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do

indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo

combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social

Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute

absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as

26

quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma

educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)

Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma

educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do

indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas

rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)

predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)

Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem

indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do

desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que

lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal

Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por

Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo

de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo

daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo

As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para

a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas

que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que

concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus

proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas

e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar

Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como

uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma

espeacutecie de know-how

Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a

criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos

resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo

ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de

percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo

de ideiasrdquo (p18)

27

A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par

com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo

humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas

possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve

passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas

ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)

Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma

perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas

educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e

aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se

em agentes sociais significativosrdquo (p123)

Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a

criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo

associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia

permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se

deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de

perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais

Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft

(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano

deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos

e natildeo prejudiciais

Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante

desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando

o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja

capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em

questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter

conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua

adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave

unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia

diferenciando-o dos demais

Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia

se pode denominar como uma atitude de e perante a vida

28

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de

referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas

Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no

desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras

competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por

Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco

2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)

Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a

criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-

aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp

Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema

educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e

superior

Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa

a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda

alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar)

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE

2016)

No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste

relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais

especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a

documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]

29

Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do

contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse

motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho

(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda

e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume

Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com

crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma

profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade

acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso

para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)

Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)

defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees

estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a

valecircncia em questatildeo apresenta

A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo

preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar

uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos

cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve

ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto

indiviacuteduordquo (p1)

Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias

integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o

desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico

defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)

30

educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que

ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila

Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de

anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder

ao registo dos resultados obtidos

Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP

mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo

respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da

Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)

estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)

Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir

para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos

indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis

autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I

Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico

e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre

troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de

julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se

empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)

No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-

aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave

EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila

assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I

Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)

Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade

tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art

7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)

Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a

descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio

31

memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica

promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade

socialrdquo

De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino

averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos

elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino

Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne

ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III

constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo

de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma

Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades

especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II

Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como

principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem

necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo

anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma

o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga

e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se

necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar

o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se

verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e

econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar

de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios

e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra

Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute

caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e

atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos

responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas

32

as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao

niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino

e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de

competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a

elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida

no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as

crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de

uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em

que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade

Obrigatoacuteria p10)

Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo

se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees

relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas

disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do

documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de

Competecircncias

A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os

jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a

criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma

vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da

escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente

criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo

(p15)

Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais

determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e

desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o

pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser

fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento

incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma

relaccedilatildeo processo-produto se tratasse

Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees

complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo

33

humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute

tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se

assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e

aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de

diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos

cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de

competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-

produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo

causa-efeito

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na

sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-

Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap

IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam

quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute

defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo

essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo

preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]

homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como

sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-

escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)

As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios

sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e

Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo

Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da

conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo

assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa

desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de

conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de

infacircnciardquo (p34)

34

No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas

crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se

colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a

participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de

agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se

com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9

Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea

incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)

aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu

processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo

A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as

OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes

Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e

Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)

formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os

seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o

mundo que a rodeiardquo (p43)

Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma

grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade

encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como

uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas

e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)

No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se

como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)

tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial

criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de

competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas

9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60

35

criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de

jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar

movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de

situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou

ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e

criticando-as13

Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo

em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO

desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas

de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o

desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e

maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da

Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e

Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo

Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim

como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo

e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da

Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave

criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente

desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado

Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de

modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito

maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o

desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios

respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo

11 Consultar OCEPE p 52

12 Consultar OCEPE p 57

13 Consultar OCEPE p 83

36

Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens

a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais

subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma

considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves

possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento

considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de

conteuacutedo que integram as OCEPE

Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de

aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute

promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que

a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos

sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias

proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees

que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas

emocionais e criativasrdquo (p105)

Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema

Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua

documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto

agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado

Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras

experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute

ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias

e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem

ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36

meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu

desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)

Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no

desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a

criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e

37

explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de

estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se

encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo

Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de

Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam

um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute

que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e

capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados

ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo

A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser

assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada

como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da

crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado

ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)

expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)

Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e

Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se

constatam Veja-se

Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o

Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que

ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas

no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos

tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que

lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo

contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos

requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se

semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias

14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25

38

A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo

educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino

termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta

somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e

Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos

Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia

que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a

subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do

pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto

de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino

citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo

O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a

Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de

ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por

se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a

Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel

No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei

nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas

baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de

estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o

fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias

sejam em nuacutemero reduzido

Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se

presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como

na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo

Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do

Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo

ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes

39

formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em

todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger

o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a

transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute

que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente

agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila

verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade

no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas

Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e

inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se

verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes

(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento

da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a

determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas

aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral

No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se

assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos

educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um

processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma

continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e

cidadatildeo

Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp

Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria

igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez

que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo

acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente

relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar

atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto

que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas

simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria

40

Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a

criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer

que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da

criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar

referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e

praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem

adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os

educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades

e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo

A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e

Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na

educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que

permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo

existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando

a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que

aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem

ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das

suas potencialidades criativas

Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de

documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a

desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que

por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche

(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do

Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas

promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops

seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora

relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de

competecircncias criativas

No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume

foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator

Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos

serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet

praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que

41

podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais

praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo

assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa

De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na

documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da

mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa

natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos

face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que

permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa

Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar

um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas

desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de

educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo

obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias

Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias

Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria

em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em

oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que

estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a

incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos

documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP

se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que

permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto

Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha

existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos

educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade

educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a

importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade

das crianccedilasrdquo (p76)

Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e

informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que

poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

42

Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida

aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas

dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se

relacionam e se inserem

Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo

destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de

incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode

assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)

Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores

preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles

ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando

os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que

ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser

preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se

tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo

(Novaes 1980 p121)

Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes

torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por

conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas

distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso

comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem

simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e

nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis

Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao

desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se

vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que

natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem

omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas

necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica

Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes

na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e

43

praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de

autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo

(p9)

Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso

Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto

educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade

(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores

em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o

neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender

com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)

Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de

orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto

educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal

aspeto

Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com

o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi

possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo

mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o

Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo

de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo

uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC

Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)

uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e

interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos

principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo

de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo

nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo

a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando

valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo

contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes

ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da

APEI)

44

Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no

desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que

permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e

propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias

coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave

periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador

que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas

as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa

Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade

trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente

denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa

sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de

reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua

Qualidaderdquo

Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar

artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)

sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-

line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem

ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um

entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados

em papel apresentam um custo monetaacuterio

Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de

caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela

promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas

muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o

intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover

atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que

podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo

contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que

correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo

de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de

cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos

da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)

45

Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas

promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia

Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um

conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como

ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas

aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)

No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram

disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para

consulta on-line

Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da

APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que

concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da

Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas

que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a

finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber

Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo

enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo

de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino

Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar

ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da

Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua

desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores

dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)

Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado

pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos

se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees

neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme

referido

Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino

Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da

docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-

46

se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas

uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o

seu maacuteximo potencial

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes

educativos

A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel

afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo

somente em etapas da vida numa fase posterior

Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente

pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda

2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por

Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a

importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd

citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do

potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o

(Alencar 1992 Novaes 1980)

A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe

a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que

possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave

acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)

Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo

sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica

que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute

afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo

positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade

(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)

Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na

infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram

mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute

47

porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)

apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar

as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da

criatividade na infacircncia

Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo

criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo

da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser

desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)

Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas

visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia

uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar

no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-

se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes

2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco

2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma

atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora

contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila

Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades

fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas

pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras

estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as

suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu

potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e

proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante

o decorrer dos momentos de brincadeira

48

Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o

fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo

desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7

Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)

atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos

1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira

2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)

ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave

busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada

situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar

1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do

potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de

Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar

(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que

aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto

de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem

ser adotadas

Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do

desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se

tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA

criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta

a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo

conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)

No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha

da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades

competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de

aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo

se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa

2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem

estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)

49

132 Papel do educador

O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento

responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico

que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada

apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como

aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu

desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser

planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo

do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades

devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e

Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade

pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e

consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)

Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e

desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila

considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e

ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado

com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as

suas aprendizagens e progressos

Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp

Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais

ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores

Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade

e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo

normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias

que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto

dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam

50

o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas

face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa

Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos

professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)

os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos

contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos

e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma

relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo

Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes

desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer

mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do

educando e seus comportamentos

De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente

face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo

condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como

o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley

1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)

Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente

ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando

Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento

da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees

estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico

de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes

1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)

Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da

criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo

e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar

1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)

51

Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola

avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto

favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)

Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel

do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como

favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial

criativo da crianccedila

Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as

causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)

Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar

traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e

inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo

mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar

acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente

encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas

de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do

potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a

tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a

relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo

acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea

2008)

Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem

favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e

influecircncia exercida no educando e ambiente educativo

Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores

favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes

- Atitudes e valores

- Interaccedilatildeo educador-crianccedila

- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

- Conhecimento e formaccedilatildeo

52

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

Papel do

educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Atitudes e

valores

Conceccedilatildeo da criatividade como elemento

essencial ao processo educativo

(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-

Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp

Alencar 2018 p7)

Conformaccedilatildeo com entraves surgidas

face agrave promoccedilatildeo da criatividade

(Alencar 1992 Sternberg amp

Williams 2003)

Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da

criatividade

(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Desvalorizaccedilatildeo das suas

competecircncias

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Falta de confianccedila e inseguranccedila em

agir com receio de errar ou atentar

contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do

sistema educativo

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Interaccedilatildeo

educador-

crianccedila

Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista

ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo

educando

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley

1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten

2005)

Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do

educando

(Torrance 1977)

Elogio e criacuteticas construtivas

(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith

2001)

Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de

cada crianccedila assim como do seu

potencial criativo

(Alencar 1992 2007 Sternberg amp

Williams 2003)

Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada

educando

(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar

2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira

amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005)

Supervisatildeo e controlo excessivo

(Torrance 1977 Sternberg amp

Williams 2003)

Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens

desenvolvidas pelo educando

(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por

Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten

2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)

Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de

valor eou comentaacuterios depreciativos

(Alencar 1992 Torrance 1977)

53

Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no

que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de

seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no

caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente

Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no

educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)

Papel do educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Organizaccedilatildeo do

ambiente

educativo

Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no

processo educativo

(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar

2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)

Dependecircncia exclusiva do

curriacuteculo

(Alencar 1992 2007 Torrance

1977)

Aprovisionamento de tempo e oportunidades que

permitam ao educando efetuar descobertas e

aprendizagens mediante o seu ritmo

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997

Fleith 2001 Aragoacuten 2005)

Ensino Tradicional

(Alencar 1992 2007 Morejoacuten

2000 Alencar Fleith amp Pereira

2017)

Fornecimento de recursos materiais adequados

aos interesses competecircncias e necessidades dos

educandos

(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)

Oferta excessiva de recursos

materiais

(Torrance 1977)

Clima democraacutetico

(Torrance 1977 Cropley 1997)

Tempo destinado exclusivamente agrave

promoccedilatildeo de aprendizagens

curriculares

(Alencar 1992 Cachia Ferrari

Ala-Mutka amp Punie 2010)

Conhecimento e

Formaccedilatildeo

Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade

Carecircncia de saberes acerca do tema

(criatividade)

(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010

Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

54

ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e

reprimidas

Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da

criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave

perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao

indiviacuteduo assim como de naturezas diversas

55

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas

Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)

um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as

hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)

Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo

de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho

Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao

desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo

revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute

meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e

necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho

pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo

de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no

qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede

privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo

A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente

necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no

qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada

de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto

mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora

No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee

de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o

funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a

56

crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades

compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)

No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm

CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de

escolaridade)

Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas

polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as

suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos

aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)

Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo

educativa estes satildeo

- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo

Pedagoacutegica

- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de

Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas

Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma

Conselho de turma

- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas

Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos

administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza

- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais

Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito

agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de

accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as

salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala

verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36

meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma

sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade

57

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional

Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a

perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em

questatildeo

Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento

face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao

desenvolvimento do educando17

Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade

os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras

finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e

competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de

interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para

desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo

progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania

a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que

concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila

Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na

qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser

fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento

integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees

surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e

inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18

No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade

natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa

dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo

16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz

educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da

inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

58

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se

desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu

e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o

grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e

sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel

Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32

meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das

crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do

sexo feminino

No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo

em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar

que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante

aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e

informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)

desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo

Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria

mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte

da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas

durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para

as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e

registado

Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria

esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste

em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e

19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os

sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para

efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)

59

descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o

desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)

Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de

informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua

Portuguesa)

Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o

conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao

desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia

considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente

agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas

(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)

Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao

desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do

desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que

somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes

encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo

ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas

ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e

atitudes perante um contexto natildeo-familiar

Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e

comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as

crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21

visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e

correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo

grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)

Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp

Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada

20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores

60

vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo

(p162)

Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem

acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi

possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman

(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e

subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo

alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)

Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio

das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa

Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas

matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus

com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos

Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom

desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees

A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de

pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas

das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24

encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por

duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida

pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras

finas)

Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa

etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo

elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo

22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos

61

O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e

caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento

do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais

especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds

amp Feldman 2009)

No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um

bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos

sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo

Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta

nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo

grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha

na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem

do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta

constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias

das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades

de expressatildeo plaacutestica

Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o

desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando

e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode

constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila

(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)

O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma

atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky

1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via

27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em

diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e

diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio

62

atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016

Oliveira 2018) 32

Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo

o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de

categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda

se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o

nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)

Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a

maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena

minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)

Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste

fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e

compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada

considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em

questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo

ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos

manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a

aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados

Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem

oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se

registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever

aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo

educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a

musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha

verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem

a sua frequecircncia em terapia da fala

32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

63

Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira

recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos

necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees

As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave

comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais

constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)

elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar

o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)

Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses

estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na

formaccedilatildeo de frases (simples)33

Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um

discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente

No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento

face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do

seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso

instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo

Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia

esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para

avaliaccedilatildeo da autonomia)

Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as

autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto

Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para

eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem

usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas

apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade

33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do

desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)

34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo

64

Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave

partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35

O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver

a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos

Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves

crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)

No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou

acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste

tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila

envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou

soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No

entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se

primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim

de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees

sociais e desenvolvimento integral

Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em

situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas

compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma

soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador

incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas

exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si

proacuteprias e nos outros

Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da

sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre

si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente

aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a

35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para

consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de

uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na

procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila

36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais

(Eisenberg 2005)

65

desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a

interagir seja com outras crianccedilas ou adultos

Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade

e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a

estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um

facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre

as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo

da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada

Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade

o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila

conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento

Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a

caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito

(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain

1977)38

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das

intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo

promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e

apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas

necessidades e interesses

Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo

materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas

entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades

37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

38 Ver 132 Papel do educador

66

2311 Espaccedilo

Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves

oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-

se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o

intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas

Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute

espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos

pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode

ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)

As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas

pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para

o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve

assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39

Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas

criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a

possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas

Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem

de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo

ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse

modo perigo

No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito

tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico

permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis

quedas

39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a

serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel

superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se

encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis

de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas

67

Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post

2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento

visual da crianccedilardquo

Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que

permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior

Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o

mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel

obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante

luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso

a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos

presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem

favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas

cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas

No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para

a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do

espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para

as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)

Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves

crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e

consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees

Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se

encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua

abertura por parte das mesmas

No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas

dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e

ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos

As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter

perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo

bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas

68

O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e

respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al

2016)

A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam

aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de

papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)

2312 Materiais

Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis

diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila

condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu

desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)

Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e

considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

por parte das crianccedilas estes apresentam-se

- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)

- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia

condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das

crianccedilas)

- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo

pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que

facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos

materiais disponibilizados

- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de

inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)

- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo

(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de

69

feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores

do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para

realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo

dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e

dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros

puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)

Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores

agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se

encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas

Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees

(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos

quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em

contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas

podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente

seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza

2313 Tempo

O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador

e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser

somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais

necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo

permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo

(Cardona 1999 Silva et al 2016)

A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua

sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta

conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al

1996 Niza 2012)

Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu

esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas

realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)

higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a

70

ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por

todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas

ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)

Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a

educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em

questatildeo Silva et al (2016) afirmam que

ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser

responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se

traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e

dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve

assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em

que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)

O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por

norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles

dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para

o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para

efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas

pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas

podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado

agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham

feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)

No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita

atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de

atender agraves suas necessidades

Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez

numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel

seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora

dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo

do conhecimento da mesma pelo grupo

71

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees

23141 Crianccedila-crianccedila

Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos

de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas

(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e

intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)

Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem

em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando

conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem

O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes

momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em

pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente

Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e

relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para

serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando

mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila

Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as

crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim

consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras

Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de

conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como

mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser

simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho

e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)

Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira

1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai

sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas

Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se

estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si

72

23142 Crianccedila-adulto

No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente

educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees

distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria

personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e

valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)

O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de

aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas

educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como

apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)

Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora

cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas

satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo

havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees

planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo

adequadas a cada crianccedila

Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas

tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas

como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no

denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)

o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse

modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na

mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com

a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas

solicitaccedilotildees

Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram

os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas

conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho

40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)

73

Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se

expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo

relativamente agrave privacidade

Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam

fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave

intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas

natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela

positividade

No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas

participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo

educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute

concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no

momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses

As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam

desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela

equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente

educativo no qual se encontram inseridas

Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto

que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um

balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente

enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras

na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na

creche

Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-

se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se

41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo

74

baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do

interesse do grupo envolvido

Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)

abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)

Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em

qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos

(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva

1998)

Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise

esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado

tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)

Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto

de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de

competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de

informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da

tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e

criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da

autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo

de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)

A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila

e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um

ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes

em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)

Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve

proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio

processo de aprendizagem

No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem

de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de

projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-

educador

75

Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais

experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)

Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a

metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o

estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3

anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da

crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais

se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)

Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma

metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada

a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por

Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se

relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais

razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo

sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)

Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de

respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e

conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim

como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as

crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees

descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de

ambos os sujeitos

Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar

na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases

- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)

- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando

e quem)

- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)

- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e

partilha com outros elementos da comunidade educativa)

76

No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas

de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida

enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente

capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve

ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar

Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do

ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima

democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir

autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de

interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos

e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo

de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo

dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)

Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado

ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as

crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses

das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto

agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo

educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)

Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche

uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente

educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto

educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de

ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho

2013 p58)

A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo

das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao

ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as

77

ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao

contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)

Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto

Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas

aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a

crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e

construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado

por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto

desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades

compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes

do mesmo

Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo

de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja

principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente

relatoacuterio

Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos

promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de

brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso

a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e

consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a

educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem

ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas

42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

78

Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi

afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo

(p75)

Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um

projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses

das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte

a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo

Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do

educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as

intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito

pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva

(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas

no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as

quais se enquadra o trabalho de projeto)

Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves

caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que

embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas

proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento

singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais

se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva

potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente

educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial

criativo do educando

Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se

conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade

43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se

encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

79

No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se

torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e

esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante

No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como

meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas

relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47

Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de

ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que

possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor

preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes

criadoras

Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-

Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de

fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias

que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)

No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem

foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila

Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo

implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades

individuais (hellip)rdquo (p119)

Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo

da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das

intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma

educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que

cria laccedilos sociaisrdquo (p21)

46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo

47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

80

Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas

etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos

(1998)48

Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e

prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este

Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que

as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a

asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute

que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute

apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja

confrontada

Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam

responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou

crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e

psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)

251 Definiccedilatildeo do problema

Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada

durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto

Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo

se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o

qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta

No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o

haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade

que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees

com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era

48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

81

constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o

grupo acabava por aderir

Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o

desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas

Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos

interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir

uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)

indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas

Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser

aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do

projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo

Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs

Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a

destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)

afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se

pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo

sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo

(p64)

Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual

o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os

por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo

Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate

necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA

Lili e o Lobo Maurdquo)

A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo

desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo

Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o

objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos

representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de

chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos

materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)

82

Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que

fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver

as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi

posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a

dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos

fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse

podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo

(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)

No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de

dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante

satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar

desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando

compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma

Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas

crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas

em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se

encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-

se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face

agraves suas intencionalidades

Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode

oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da

motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais

O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa

prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser

levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas

questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo

para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida

49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial

criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel

pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)

83

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do

projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por

elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem

na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as

crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse

A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste

projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar

por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as

famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo

escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria

para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de

tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das

crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees

dos meninos e meninas

No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)

referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador

deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo

Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o

ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de

diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse

Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora

do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que

levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento

sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem

tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em

casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias

jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais

84

Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de

crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem

vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)

Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo

deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da

refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a

alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas)

Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta

foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute

natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos

elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito

de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles

Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos

motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e

dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua

casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente

promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da

linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da

relaccedilatildeo causa-efeito

No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-

se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo

ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima

democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51

Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al

(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o

seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo

51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a

promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade

(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)

85

processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da

autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo

Acrescentam ainda que

Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai

mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos

atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os

problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a

criatividade (Silva et al 2016 p34)

Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico

A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e

aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se

exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo

pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)

Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo

das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de

tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma

funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo

e descoberta agrave crianccedila

As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de

conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo

chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao

niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais

especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser

desenvolvida pela maioria do grupo

Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando

em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da

qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si

proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)

86

A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente

A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto

o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A

criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada

para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)

Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas

planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do

projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o

decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante

a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio

Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute

condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para

o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)

Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela

accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando

saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia

(Dewey amp Dewey 1915)

Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma

constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a

experimentaccedilatildeordquo52

Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como

meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes

dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava

um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto

ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a

criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto

52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma

construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo

(Freinet sd)

87

A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de

integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo

tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem

o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais

Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo

Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma

ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a

comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)

A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar

1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-

Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky

1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)

Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a

situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem

desenvolvendo possiacuteveis ideias

Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao

fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo

da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e

protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave

distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a

expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao

grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)

que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo

Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a

expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era

53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao

estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz

imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando

ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das

crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)

88

questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso

negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas

A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo

influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente

agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo

considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que

estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a

pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo

o que natildeo era possiacutevel

Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face

ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves

crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve

explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas

referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da

Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente

para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser

reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados

pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a

manipulaccedilatildeo dos mesmos

As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com

as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses

Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem

se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998

Rodrigues 2004)

No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo

exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do

ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis

agrave prossecuccedilatildeo das atividades

Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em

aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na

mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a

89

ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora

cooperante

Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado

ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que

antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo

Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta

natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e

considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo

Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava

a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto

sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo

se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela

instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a

atividades livres

Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os

interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos

mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis

custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que

estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade

Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas

materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes

despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e

observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das

crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como

materiais de expressatildeo plaacutestica

No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido

desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o

meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde

constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste

relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia

das artes no desenvolvimento da crianccedila

90

Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais

apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o

egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em

questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez

constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo

e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro

Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de

opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de

negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo

(p39)

Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e

negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila

Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em

seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam

realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e

como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados

jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a

conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse

conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar

253 Execuccedilatildeo

No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto

cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das

quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo

visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum

No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as

atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares

e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e

disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de

crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se

iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos

91

Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi

o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar

uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade

Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando

que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos

permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais

individualizados e inclusivosrdquo (p8)

Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar

mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o

desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)

Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor

coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave

realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite

que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)

Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade

de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um

tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de

todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)

Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava

convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo

jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o

educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar

Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio

se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras

atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto

com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse

Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia

todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo

(p105)

Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas

considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a

92

par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de

transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em

grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente

expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas

participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo

Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes

construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de

todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados

e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)

Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute

desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma

partilha de saberes coletiva

2531 Jogo da memoacuteria

No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se

proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por

introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo

de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o

intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel

de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas

ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili

A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de

processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e

concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo

Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade

do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel

deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a

maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que

55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas

imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e

concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes

93

apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos

consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma

crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando

caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)

Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos

colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual

estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo

da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)

Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de

algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na

concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de

implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas

mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente

desenvolvimento de competecircncias

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)

Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das

atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao

desenvolvimento da casa da Lili

No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa

da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que

mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham

indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos

jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56

Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que

concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os

materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as

56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

94

principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as

suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto

Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher

aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de

expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal

facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas

Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na

instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo

plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder

agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo

o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua

que se encontravam presentes no espaccedilo educativo

O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o

intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as

dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das

paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da

colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas

possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar

os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver

Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57

desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo

Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2

anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando

espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash

Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)

Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas

revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo

parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador

57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain

1977)

95

fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila

do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento

As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem

significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento

do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma

que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona

bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo

desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho

colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico

partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores

Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o

reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash

Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas

Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas

crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na

concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem

observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa

da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das

atividades sem interferir nas mesmas

Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes

no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili

como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as

dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa

da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a

executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo

impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de

realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a

assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir

96

questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do

seu agrado e como deveria continuar a proceder

Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma

vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa

parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes

Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do

desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros

e quantidades formas e noccedilotildees espaciais

Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada

dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado

espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o

fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira

livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)

A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar

fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem

posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo

estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo

Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)

Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em

desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da

Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa

que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a

educadora cooperante

No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio

disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de

58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da

criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

97

tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo

da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa

atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou

Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na

instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material

por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o

efeito pretendido

As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a

diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua

liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu

para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na

casa da Lili)

Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no

manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem

dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por

uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas

natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola

disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola

natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos

Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido

o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as

habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o

desenvolvimento do sentido esteacutetico

2535 Montagem da casa da Lili

Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua

montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras

na tatildeo aguardada casa

No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio

definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com

98

o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da

casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas

que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante

pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos

de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo

semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo

Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como

a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim

como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no

qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia

ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham

apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela

crianccedila

Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma

vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo

natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material

A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os

tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das

crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao

teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem

que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas

No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo

vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo

que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia

o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e

possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes

crianccedilas

Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo

estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a

afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na

instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o

espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar

99

No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os

movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves

dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os

recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas

brincadeiras

No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela

educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva

conclusatildeo da casa da Lili

A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as

mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a

material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse

motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa

Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha

conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus

interesses

Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave

mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde

as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser

realizadas atraveacutes das janelas

Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional

nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar

a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a

questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave

porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal

era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida

Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e

assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili

algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio

agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash

Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de

crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas

100

em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao

usufruto da casa

Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se

constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo

oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico

(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros

merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si

responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e

valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado

A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto

de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os

tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59

Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas

igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o

mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim

de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse

momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute

mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados

que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo

natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo

Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili

com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as

crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo

A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde

em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram

59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18

101

tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas

de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo

com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez

que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das

habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica

Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo

podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide

exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa

inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem

ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas

segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel

telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua

configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com

mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado

No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam

ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a

interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas

duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam

afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no

entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado

Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como

o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da

tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando

o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de

um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo

A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e

estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente

afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e

salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar

61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos

das mesas

102

o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas

em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa

Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas

(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder

de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas

todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim

colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram

disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)

pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no

papel de cenaacuterio

As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e

estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria

assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas

explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como

se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos

peacutes das crianccedilas)

Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era

o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-

se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas

caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da

atividade

Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do

aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da

coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex

estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili

Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de

se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter

utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de

103

decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma

das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa

A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido

que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62

Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material

do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas

a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute

que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia

crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade

Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a

formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou

com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse

concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser

possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com

os outros momentos da rotina consequentes

No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas

pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria

procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade

que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado

o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios

Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade

agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade

de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo

se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso

agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por

pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo

do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura

do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)

62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila

104

Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e

fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades

posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas

pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas

com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas

e texturas

Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas

e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se

espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao

percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as

suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)

Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a

mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas

face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65

fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36

ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)

Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada

uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a

realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores

efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66

Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de

significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais

cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo

63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila

65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila

66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o

desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias

face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com

cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as

crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas

105

para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas

tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada

Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do

aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes

do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho

colaborativo e trabalho cooperativo

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili

levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que

fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de

realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam

ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades

considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles

destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode

condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades

de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens

Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de

tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a

concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68

a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das

crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes

disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no

67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili

68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos

riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que

natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de

verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes

alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas

apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova

atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse

sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas

106

que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades

anteriormente realizadas69

Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que

concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo

esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando

as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura

Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e

misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas

Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de

utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos

e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na

promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo

de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos

para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)

Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente

cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos

desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada

crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto

estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das

criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que

durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto

que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia

Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas

em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende

que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das

69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou

bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas

71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias

entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)

107

realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do

desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens

Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas

usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo

um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por

conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor

procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas

da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo

estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo

Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma

teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas

relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das

cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e

conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da

massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo

2541 Avaliaccedilatildeo

Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para

a accedilatildeordquo (p15)

Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida

com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo

para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004

Silva et al 2016)

25411 Crianccedilas

A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma

sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e

considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser

108

modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento

das aprendizagens

Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo

permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o

desenvolvimento cognitivo e da linguagem

Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas

mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila

Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais

momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute

nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves

crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham

realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo

mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas

caso as fossem efetuar futuramente

Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente

acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador

constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base

de desenvolvimento dessa

Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa

educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que

foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este

questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)

Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo

indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a

avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento

sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo

avaliativo que seja processado de modo persistente

25412 Famiacutelias

Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que

estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem

109

Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no

desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais

responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo

Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo

de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas

conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)

Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois

dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a

cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o

trabalho de projeto desenvolvido

Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma

explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento

concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)

Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como

referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes

que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo

uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais

adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios

progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo

necessaacuterios

Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias

caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de

famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista

No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento

redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora

sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo

limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias

72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio

110

Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e

anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias

Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas

revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da

ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia

Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores

da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou

na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia

alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute

mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo

ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo

projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73

No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a

importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis

pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis

Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um

terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de

desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)

Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham

conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo

e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam

por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva

face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa

amp Sarmento 2010 p149)

Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento

das crianccedilas as famiacutelias indicaram

73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia

pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)

111

- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam

de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades

- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e

ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas

famiacutelias

- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado

- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar

ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das

famiacutelias

- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas

vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas

Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de

um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico

Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute

proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)

2542 Divulgaccedilatildeo

Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi

desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas

maneiras (Vasconcelos 1998)

A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir

acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-

os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)

No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas

educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua

jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo

sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo

de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o

que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas

112

e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em

horaacuterios poacutes letivo

As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo

aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das

atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os

pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o

fomento da sua auto-estima e confianccedila

Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e

valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)

Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)

assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo

projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar

tal projeto avante

Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo

efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo

concretizadas pelas crianccedilas

Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias

durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto

com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o

que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa

Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o

projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite

soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade

de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante

a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo

ocorresse

Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas

ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo

a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente

educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas

responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros

113

3 Consideraccedilotildees finais

Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido

percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a

qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia

Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave

concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos

definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse

fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de

objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma

metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um

trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa

integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um

ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade

A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a

potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila

considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se

um desenvolvimento integrado

Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial

criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico

desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de

aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo

criativa da crianccedila eacute condicionada por esse

Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os

fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas

tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias

necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a

promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o

cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo

114

Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de

oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi

fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta

perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a

Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o

educar

Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das

crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem

juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila

assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-

se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos

inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo

do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno

Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a

cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do

presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das

famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua

vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das

suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das

famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa

derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa

Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de

Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da

crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias

aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro

2011 p100)

Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal

(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao

processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu

papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para

explorar intervir decidir e agir

115

Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche

jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das

experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de

ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem

para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se

inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas

crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de

crianccedilas

Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral

considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel

pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila

Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo

das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New

Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)

Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da

criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz

respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs

Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente

relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o

reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores

do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar

ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a

criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo

Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao

desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da

associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como

destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a

associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso

Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito

de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo

legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do

116

potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute

igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens

Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida

continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da

criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem

perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal

Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente

educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma

competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida

permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como

a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees

considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam

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Projeto Educativo (2018-2021)

Regulamento Interno (20172018)

133

Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

0

1

2

3

4

26 27 28 29 30 31 32

Nuacute

mer

o d

e cr

ian

ccedilas

Idade (em meses)

Idade das crianccedilas (em meses)

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora

cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve

(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer

um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute

como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo

No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem

em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham

No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida

e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais

implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em

posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as

dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois

natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem

realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo

Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta

um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras

grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora

ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo

das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao

jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse

espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio

dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo

educativa e estagiaacuteria

Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e

constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute

procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo

alternando entre estes

Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda

prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na

mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se

dirigirem para a sala

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel

afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do

seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de

descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a

desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto

para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e

subida de degraus

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Indicadores

Crianccedilas

Apanha objetos com facilidade

Segura objetos com facilidade

Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual

Preensatildeo de pinccedila

Observaccedilotildees

PD MD GD PD MD GD

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

PD ndash Pequenas Dimensotildees

MD ndash Meacutedias Dimensotildees

GD ndash Grandes Dimensotildees

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o

criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores

azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo

foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido

associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores

correspondentes

Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com

alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e

reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel

deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de

objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes

cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das

crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir

conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre

essas

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de

forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado

retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e

agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a

maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo

de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e

distinccedilatildeo entre as mesmas

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo

Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Indicadores

Crianccedilas

Compreende mensagens

orais

Compreende um discurso instrucional

Elabora frases

simples

Efetua associaccedilatildeo

entre nome e objeto

Refere o seu nome

Usa a linguagem

oral para expressar desejos

necessidades informaccedilotildees responder ou

realizar questotildees

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Avaliaccedilatildeo da autonomia

Revela autonomia quanto agrave

Indicadores

Crianccedilas

Realizaccedilatildeo da higiene

Realizaccedilatildeo das

refeiccedilotildees

Escolha das

atividades

que pretende

desenvolver

Escolha dos

materiais que pretende usufruir

Resoluccedilatildeo de

conflitos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Efetua interaccedilotildees com

Indicadores

Crianccedilas

Crianccedilas

Adultos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem

Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)

Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar

o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo

mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que

andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili

Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili

e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da

Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo

Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao

ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo

Mau

(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres

(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo

que cheira muito bem

(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho

do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau

(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer

(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu

vou dar-te uma trinca

(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me

dares um bocadinho do teu bolo

(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para

o trincar)

(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro

Aaaahhhh

(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que

nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar

flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de

casa saindo de cena temporariamente)

O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado

por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili

para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo

Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili

(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)

mas natildeo conseguiu

Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a

casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e

retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)

O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e

quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse

(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)

A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha

conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava

destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar

porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu

o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um

bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de

uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda

casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar

E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes

da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da

Lili e ao bolo de chocolate

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca

Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de

higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento

da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo

com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias

face ao projeto

Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente

tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo

Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas

crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso

a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades

apresentadas pelas crianccedilas

A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela

estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo

essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na

destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus

amigos na construccedilatildeo de uma nova casa

Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa

para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas

aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo

As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual

atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo

simboacutelico

Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos

a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a

importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas

Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo

relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do

mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas

respetivas famiacutelias se assim o pretenderem

Questotildees

bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto

bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o

desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que

modo

Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como

as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas

vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo

Grata pela atenccedilatildeo

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave

execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de

desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FS e V

Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com

outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares

correspondentes agraves imagens fornecidas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V

efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as

suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila V

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a

observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das

mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela

pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem

uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante

observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e

mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FN e MB

Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a

realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par

estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par

como se procedia o desenvolvimento do jogo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB

apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num

dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda

(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila P

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica

fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo

pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa

forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica

materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione

somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila L

Idade 2 anos e 6 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que

manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo

ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador

das cores anteriormente mencionadas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e

identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas

para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos

constituintes da casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos

tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a

casa da Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos

e respetivos padrotildees

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de

tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da

casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma

crianccedila

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a

desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de

brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com

jogos em momento de brincadeira

na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas

crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila C

Idade 2 anos e 5 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 07122018

Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados

pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as

suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e

identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais

colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado

pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila

revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o

seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros

para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da

mistura de outras cores

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo

de tintas de cores distintas

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila L P

Idade 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21122018

Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais

especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave

estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo

A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens

penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha

sido concretizada a pintura

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo

que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante

interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa

da Lili

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a

massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com

massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos

utilizando massa de farinha

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila

Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Crianccedila Objeto (s) criado (s)

C Televisatildeo

CC Bola

FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

FN Carro de brincar

FS Mala

G Caixa

L Chapeacuteu

LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

MA Bolachas

MB Bolo de chocolate

MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

N Bola de futebol

P Vaso

S Rebuccedilado grande

T Almofada

V Telefone

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Page 3: A promoção de ambientes educativos favoráveis ao ...repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.11796/2851/1/Relatório Final.pdfAnexo 35 – Criança a exibir as suas mãos com cor de

II

ldquoSuponho que todos noacutes jaacute nos

questionaacutemos quantas crianccedilas

assim como quanto alunos se

tornaram no que natildeo pretendiam

caso noacutes tiveacutessemos e eles tivessem

reconhecido o seu potencial e

potencializado as suas

realizaccedilotildeesrdquo1

MacKinnon (1964)

1 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoI suppose all of us have often wondered how many of our

children as well as our students would have become what they didnacutet had only we and they recognized

their potential talents and nourished their realizationrdquo (MacKinnon 1964 p1)

III

Resumo

O presente relatoacuterio de estaacutegio respeitante agrave Praacutetica de Ensino Supervisionada

desenvolvida no acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar tem como principal

finalidade a elucidaccedilatildeo da importacircncia de ambientes educativos favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila potenciando desse modo a sua expressatildeo

criativa

A elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio apresenta como principais objetivos a compreensatildeo

do conceito de criatividade a relevacircncia que assume em contexto educativo e no respetivo

desenvolvimento do educando a perceccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o seu

fomento e o reconhecimento de fatores que promovam ou ao inveacutes inibam o

desenvolvimento da criatividade no acircmbito educacional

Eacute feita tambeacutem uma anaacutelise a documentaccedilatildeo legislativa do Sistema Educativo

Portuguecircs e da Creche no que concerne ao enquadramento da criatividade enquanto

intencionalidade pedagoacutegica e objetivo de ensino-aprendizagem assim como uma

perceccedilatildeo relativamente ao desenvolvimento de praacuteticas apoiantes ao fomento da

criatividade no acircmbito educativo destinadas aos profissionais de educaccedilatildeo Tambeacutem foi

efetuada uma investigaccedilatildeo a associaccedilotildees de acircmbito educativo com o intuito de se

percecionar o reconhecimento da criatividade na educaccedilatildeo

Para a concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio foi efetuada uma pesquisa bibliograacutefica

atraveacutes da qual fosse possiacutevel reunir documentaccedilatildeo que desse respostas aos objetivos

elencados agrave qual se une uma metodologia de trabalho pedagoacutegico respeitante ao

desenvolvimento de um trabalho de projeto que fora desenvolvido em contexto de

educaccedilatildeo de infacircncia e ao qual se une como teacutecnica de recolha de dados registos de

observaccedilatildeo com a finalidade de contribuir para a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

efetuada Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais resultantes de um processo de

anaacutelise criacutetica e reflexiva face ao trabalho concretizado

Palavras-Chave Criatividade Potencial criativo Expressatildeo criativa Educaccedilatildeo

IV

Abstract

The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice

developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose

the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion

of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression

The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding

of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and

in the respective development of the student the perception of possible strategies that

allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the

development of creativity in education

An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese

Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical

intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding

the development of practices that support the fostering of creativity in the educational

field aimed at education professionals An investigation was also conducted to

educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education

For the realization of this report a bibliographic research was carried out through

which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives

to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a

project work that was developed in the context of childhood education and to which as

a data collection technique observation records are added in order to contribute to the

analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations

resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done

Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education

V

Iacutendice

Introduccedilatildeo 13

1 Enquadramento teoacuterico 16

11 Criatividade 16

111 Definiccedilatildeo do conceito 16

112 Capacidade inata ou adquirida 21

12 Educaccedilatildeo e criatividade 23

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos

de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47

132 Papel do educador 49

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65

2311 Espaccedilo 66

2312 Materiais 68

2313 Tempo 69

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71

23141 Crianccedila-crianccedila 71

23142 Crianccedila-adulto 72

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77

251 Definiccedilatildeo do problema 80

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83

253 Execuccedilatildeo 90

2531 Jogo da memoacuteria 92

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96

2535 Montagem da casa da Lili 97

VI

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107

2541 Avaliaccedilatildeo 107

25411 Crianccedilas 107

25412 Famiacutelias 108

2542 Divulgaccedilatildeo 111

3 Consideraccedilotildees finais 113

Bibliografia 117

VII

Iacutendice de Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e

o Lobo Maurdquo

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da

Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila

VIII

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

IX

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa

da Lili e ao bolo de chocolate

Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro

Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)

Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)

Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da

memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da

execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre

recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que

constituem a casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees

X

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de

servir de telhado para a casa da Lili

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas

Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da

pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de

tintas de cores distintas

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de

farinha

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XI

Iacutendice de Tabelas

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XII

Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos

AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade

APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia

CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico

DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

MPCC - Manual de Processos Chave da Creche

NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs

13

Introduccedilatildeo

No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de

Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja

temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento

do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia

Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi

definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles

- Compreender o conceito de criatividade

- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo

considerando o desenvolvimento da crianccedila

- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da

infacircncia

- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da

criatividade no acircmbito educacional

As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante

uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em

contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada

Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho

pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no

acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do

estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo

educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita

eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo

da praacutetica concretizada

O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16

crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa

da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche

decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019

14

Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho

levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da

estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que

suportam o mesmo

Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a

estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram

de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor

do desenvolvimento deste trabalho

A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de

investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica

da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia

e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)

Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao

desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta

Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas

tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem

desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes

1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)

Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)

Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra

maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)

O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser

humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade

eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada

e promovida

Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e

promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)

Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp

Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)

15

A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e

concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo3

MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade

o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente

educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis

Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o

reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos

assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo

No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto

educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior

(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino

Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia

Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela

estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na

crianccedila

Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver

corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft

(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo

um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia

estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi

referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio

para a formaccedilatildeo plena da crianccedila

2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21

16

1 Enquadramento teoacuterico

11 Criatividade

111 Definiccedilatildeo do conceito

A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil

de definir (McLintic 2018)

Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como

tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua

complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo

atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes

autores

Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por

Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do

conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo

Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)

refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao

conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem

sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias

antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante

a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua

amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme

referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio

Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve

referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde

a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)

4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino

tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten

Araya 2011 p2)

17

Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num

dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar

de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado

apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave

perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade

como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo

Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo

Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos

aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa

De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados

por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos

significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade

Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave

criatividade mediante perspetivas de diferentes autores

- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que

criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade

a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves

pessoas consideradas criadoras [pessoa]

- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)

criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto

produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se

igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]

- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana

que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua

novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para

o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]

5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa

18

- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo

uacutenico e original [produto]

- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira

2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a

produccedilatildeo de algo novo [produto]

- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade

que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo

padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]

- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker

Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma

habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo

de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]

- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum

comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou

realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]

- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo

atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo

formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e

posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]

- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de

originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda

uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]

- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude

que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo

caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]

19

- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a

capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-

produto]

- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de

capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se

caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se

desenvolvam [pessoa-produto]

- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que

permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de

personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]

- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual

se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]

Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para

o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-

se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo

apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel

histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)

caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)

Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e

Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido

consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld

amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo

(p62)

Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman

amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo

e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes

leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes

tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma

20

caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um

processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular

(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)

ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto

consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode

traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e

originalidade

Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou

diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de

complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se

verifica (Braumann 2009 Morais 2015)

Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)

defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a

originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo

implicam obrigatoriamente criatividade

Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute

frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos

o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um

processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais

mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para

se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante

Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o

recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson

2011)

Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e

em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por

Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade

eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees

objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a

laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo

Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma

competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os

21

estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)

permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias

suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da

novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao

meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo

Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da

trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem

simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo

uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de

complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais

112 Capacidade inata ou adquirida

Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel

deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por

sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por

conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um

sentido criativo

Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta

como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser

adquirida

Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a

criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da

caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento

perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow

1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar

1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009

Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave

semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De

La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem

de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu

contexto sociocultural por exemplo

22

Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal

natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp

Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992

1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco

(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo

o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial

Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte

desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e

contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de

forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo

Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do

ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar

(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o

ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o

desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees

oferecidas

Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave

emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois

aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no

seu desenvolvimento

Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e

consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por

Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo

apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que

circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio

necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem

obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo

Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos

internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente

dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)

23

Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica

intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo

o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as

caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo

se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto

ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980

p117)

12 Educaccedilatildeo e criatividade

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo

A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto

eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e

Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003

citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada

pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas

do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta

a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar

necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais

adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)

Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no

mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os

criamosrdquo6

Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece

ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na

sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos

6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by

the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)

24

educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no

desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)

Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono

(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais

importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a

repetir os mesmos padrotildeesrdquo7

Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas

pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se

caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de

adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas

E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade

em contexto educativo

Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do

estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator

fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma

educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8

Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a

afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse

modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo

Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade

poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos

que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma

constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que

7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human

resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the

same patternsrdquo (Edward de Bono sd)

8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a

existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo

Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a

criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que

promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo

25

uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-

atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)

Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta

a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual

em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma

abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha

de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA

educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um

futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta

anosrdquo (p19)

Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas

encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social

cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e

repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver

competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta

realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)

responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e

rapidamente (hellip)rdquo

Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela

que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela

crianccedilardquo (p21)

Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp

Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por

parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao

indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo

baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do

indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo

combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social

Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute

absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as

26

quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma

educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)

Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma

educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do

indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas

rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)

predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)

Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem

indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do

desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que

lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal

Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por

Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo

de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo

daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo

As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para

a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas

que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que

concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus

proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas

e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar

Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como

uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma

espeacutecie de know-how

Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a

criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos

resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo

ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de

percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo

de ideiasrdquo (p18)

27

A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par

com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo

humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas

possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve

passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas

ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)

Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma

perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas

educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e

aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se

em agentes sociais significativosrdquo (p123)

Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a

criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo

associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia

permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se

deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de

perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais

Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft

(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano

deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos

e natildeo prejudiciais

Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante

desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando

o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja

capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em

questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter

conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua

adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave

unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia

diferenciando-o dos demais

Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia

se pode denominar como uma atitude de e perante a vida

28

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de

referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas

Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no

desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras

competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por

Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco

2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)

Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a

criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-

aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp

Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema

educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e

superior

Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa

a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda

alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar)

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE

2016)

No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste

relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais

especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a

documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]

29

Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do

contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse

motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho

(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda

e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume

Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com

crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma

profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade

acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso

para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)

Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)

defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees

estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a

valecircncia em questatildeo apresenta

A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo

preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar

uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos

cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve

ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto

indiviacuteduordquo (p1)

Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias

integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o

desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico

defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)

30

educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que

ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila

Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de

anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder

ao registo dos resultados obtidos

Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP

mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo

respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da

Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)

estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)

Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir

para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos

indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis

autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I

Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico

e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre

troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de

julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se

empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)

No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-

aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave

EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila

assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I

Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)

Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade

tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art

7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)

Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a

descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio

31

memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica

promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade

socialrdquo

De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino

averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos

elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino

Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne

ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III

constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo

de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma

Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades

especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II

Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como

principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem

necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo

anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma

o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga

e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se

necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar

o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se

verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e

econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar

de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios

e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra

Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute

caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e

atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos

responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas

32

as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao

niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino

e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de

competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a

elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida

no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as

crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de

uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em

que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade

Obrigatoacuteria p10)

Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo

se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees

relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas

disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do

documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de

Competecircncias

A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os

jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a

criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma

vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da

escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente

criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo

(p15)

Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais

determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e

desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o

pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser

fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento

incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma

relaccedilatildeo processo-produto se tratasse

Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees

complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo

33

humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute

tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se

assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e

aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de

diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos

cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de

competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-

produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo

causa-efeito

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na

sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-

Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap

IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam

quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute

defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo

essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo

preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]

homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como

sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-

escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)

As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios

sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e

Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo

Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da

conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo

assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa

desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de

conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de

infacircnciardquo (p34)

34

No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas

crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se

colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a

participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de

agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se

com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9

Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea

incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)

aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu

processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo

A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as

OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes

Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e

Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)

formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os

seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o

mundo que a rodeiardquo (p43)

Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma

grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade

encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como

uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas

e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)

No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se

como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)

tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial

criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de

competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas

9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60

35

criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de

jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar

movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de

situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou

ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e

criticando-as13

Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo

em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO

desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas

de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o

desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e

maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da

Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e

Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo

Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim

como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo

e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da

Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave

criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente

desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado

Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de

modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito

maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o

desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios

respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo

11 Consultar OCEPE p 52

12 Consultar OCEPE p 57

13 Consultar OCEPE p 83

36

Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens

a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais

subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma

considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves

possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento

considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de

conteuacutedo que integram as OCEPE

Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de

aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute

promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que

a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos

sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias

proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees

que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas

emocionais e criativasrdquo (p105)

Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema

Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua

documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto

agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado

Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras

experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute

ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias

e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem

ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36

meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu

desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)

Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no

desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a

criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e

37

explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de

estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se

encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo

Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de

Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam

um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute

que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e

capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados

ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo

A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser

assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada

como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da

crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado

ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)

expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)

Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e

Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se

constatam Veja-se

Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o

Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que

ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas

no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos

tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que

lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo

contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos

requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se

semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias

14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25

38

A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo

educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino

termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta

somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e

Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos

Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia

que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a

subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do

pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto

de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino

citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo

O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a

Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de

ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por

se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a

Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel

No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei

nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas

baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de

estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o

fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias

sejam em nuacutemero reduzido

Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se

presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como

na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo

Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do

Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo

ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes

39

formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em

todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger

o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a

transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute

que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente

agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila

verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade

no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas

Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e

inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se

verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes

(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento

da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a

determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas

aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral

No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se

assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos

educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um

processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma

continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e

cidadatildeo

Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp

Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria

igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez

que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo

acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente

relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar

atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto

que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas

simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria

40

Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a

criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer

que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da

criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar

referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e

praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem

adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os

educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades

e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo

A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e

Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na

educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que

permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo

existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando

a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que

aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem

ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das

suas potencialidades criativas

Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de

documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a

desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que

por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche

(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do

Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas

promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops

seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora

relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de

competecircncias criativas

No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume

foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator

Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos

serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet

praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que

41

podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais

praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo

assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa

De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na

documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da

mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa

natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos

face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que

permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa

Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar

um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas

desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de

educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo

obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias

Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias

Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria

em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em

oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que

estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a

incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos

documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP

se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que

permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto

Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha

existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos

educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade

educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a

importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade

das crianccedilasrdquo (p76)

Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e

informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que

poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

42

Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida

aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas

dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se

relacionam e se inserem

Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo

destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de

incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode

assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)

Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores

preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles

ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando

os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que

ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser

preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se

tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo

(Novaes 1980 p121)

Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes

torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por

conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas

distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso

comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem

simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e

nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis

Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao

desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se

vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que

natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem

omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas

necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica

Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes

na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e

43

praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de

autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo

(p9)

Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso

Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto

educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade

(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores

em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o

neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender

com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)

Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de

orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto

educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal

aspeto

Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com

o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi

possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo

mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o

Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo

de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo

uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC

Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)

uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e

interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos

principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo

de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo

nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo

a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando

valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo

contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes

ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da

APEI)

44

Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no

desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que

permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e

propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias

coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave

periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador

que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas

as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa

Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade

trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente

denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa

sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de

reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua

Qualidaderdquo

Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar

artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)

sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-

line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem

ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um

entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados

em papel apresentam um custo monetaacuterio

Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de

caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela

promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas

muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o

intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover

atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que

podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo

contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que

correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo

de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de

cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos

da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)

45

Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas

promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia

Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um

conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como

ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas

aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)

No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram

disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para

consulta on-line

Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da

APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que

concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da

Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas

que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a

finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber

Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo

enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo

de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino

Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar

ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da

Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua

desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores

dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)

Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado

pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos

se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees

neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme

referido

Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino

Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da

docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-

46

se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas

uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o

seu maacuteximo potencial

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes

educativos

A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel

afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo

somente em etapas da vida numa fase posterior

Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente

pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda

2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por

Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a

importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd

citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do

potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o

(Alencar 1992 Novaes 1980)

A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe

a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que

possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave

acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)

Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo

sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica

que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute

afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo

positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade

(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)

Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na

infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram

mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute

47

porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)

apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar

as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da

criatividade na infacircncia

Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo

criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo

da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser

desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)

Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas

visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia

uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar

no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-

se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes

2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco

2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma

atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora

contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila

Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades

fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas

pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras

estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as

suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu

potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e

proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante

o decorrer dos momentos de brincadeira

48

Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o

fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo

desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7

Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)

atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos

1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira

2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)

ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave

busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada

situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar

1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do

potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de

Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar

(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que

aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto

de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem

ser adotadas

Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do

desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se

tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA

criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta

a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo

conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)

No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha

da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades

competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de

aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo

se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa

2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem

estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)

49

132 Papel do educador

O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento

responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico

que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada

apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como

aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu

desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser

planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo

do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades

devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e

Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade

pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e

consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)

Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e

desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila

considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e

ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado

com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as

suas aprendizagens e progressos

Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp

Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais

ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores

Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade

e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo

normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias

que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto

dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam

50

o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas

face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa

Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos

professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)

os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos

contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos

e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma

relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo

Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes

desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer

mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do

educando e seus comportamentos

De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente

face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo

condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como

o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley

1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)

Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente

ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando

Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento

da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees

estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico

de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes

1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)

Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da

criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo

e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar

1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)

51

Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola

avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto

favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)

Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel

do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como

favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial

criativo da crianccedila

Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as

causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)

Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar

traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e

inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo

mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar

acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente

encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas

de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do

potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a

tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a

relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo

acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea

2008)

Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem

favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e

influecircncia exercida no educando e ambiente educativo

Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores

favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes

- Atitudes e valores

- Interaccedilatildeo educador-crianccedila

- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

- Conhecimento e formaccedilatildeo

52

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

Papel do

educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Atitudes e

valores

Conceccedilatildeo da criatividade como elemento

essencial ao processo educativo

(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-

Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp

Alencar 2018 p7)

Conformaccedilatildeo com entraves surgidas

face agrave promoccedilatildeo da criatividade

(Alencar 1992 Sternberg amp

Williams 2003)

Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da

criatividade

(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Desvalorizaccedilatildeo das suas

competecircncias

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Falta de confianccedila e inseguranccedila em

agir com receio de errar ou atentar

contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do

sistema educativo

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Interaccedilatildeo

educador-

crianccedila

Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista

ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo

educando

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley

1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten

2005)

Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do

educando

(Torrance 1977)

Elogio e criacuteticas construtivas

(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith

2001)

Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de

cada crianccedila assim como do seu

potencial criativo

(Alencar 1992 2007 Sternberg amp

Williams 2003)

Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada

educando

(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar

2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira

amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005)

Supervisatildeo e controlo excessivo

(Torrance 1977 Sternberg amp

Williams 2003)

Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens

desenvolvidas pelo educando

(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por

Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten

2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)

Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de

valor eou comentaacuterios depreciativos

(Alencar 1992 Torrance 1977)

53

Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no

que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de

seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no

caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente

Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no

educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)

Papel do educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Organizaccedilatildeo do

ambiente

educativo

Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no

processo educativo

(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar

2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)

Dependecircncia exclusiva do

curriacuteculo

(Alencar 1992 2007 Torrance

1977)

Aprovisionamento de tempo e oportunidades que

permitam ao educando efetuar descobertas e

aprendizagens mediante o seu ritmo

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997

Fleith 2001 Aragoacuten 2005)

Ensino Tradicional

(Alencar 1992 2007 Morejoacuten

2000 Alencar Fleith amp Pereira

2017)

Fornecimento de recursos materiais adequados

aos interesses competecircncias e necessidades dos

educandos

(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)

Oferta excessiva de recursos

materiais

(Torrance 1977)

Clima democraacutetico

(Torrance 1977 Cropley 1997)

Tempo destinado exclusivamente agrave

promoccedilatildeo de aprendizagens

curriculares

(Alencar 1992 Cachia Ferrari

Ala-Mutka amp Punie 2010)

Conhecimento e

Formaccedilatildeo

Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade

Carecircncia de saberes acerca do tema

(criatividade)

(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010

Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

54

ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e

reprimidas

Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da

criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave

perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao

indiviacuteduo assim como de naturezas diversas

55

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas

Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)

um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as

hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)

Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo

de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho

Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao

desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo

revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute

meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e

necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho

pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo

de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no

qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede

privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo

A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente

necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no

qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada

de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto

mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora

No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee

de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o

funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a

56

crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades

compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)

No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm

CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de

escolaridade)

Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas

polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as

suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos

aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)

Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo

educativa estes satildeo

- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo

Pedagoacutegica

- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de

Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas

Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma

Conselho de turma

- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas

Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos

administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza

- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais

Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito

agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de

accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as

salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala

verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36

meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma

sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade

57

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional

Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a

perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em

questatildeo

Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento

face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao

desenvolvimento do educando17

Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade

os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras

finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e

competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de

interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para

desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo

progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania

a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que

concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila

Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na

qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser

fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento

integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees

surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e

inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18

No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade

natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa

dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo

16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz

educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da

inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

58

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se

desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu

e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o

grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e

sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel

Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32

meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das

crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do

sexo feminino

No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo

em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar

que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante

aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e

informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)

desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo

Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria

mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte

da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas

durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para

as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e

registado

Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria

esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste

em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e

19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os

sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para

efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)

59

descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o

desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)

Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de

informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua

Portuguesa)

Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o

conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao

desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia

considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente

agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas

(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)

Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao

desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do

desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que

somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes

encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo

ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas

ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e

atitudes perante um contexto natildeo-familiar

Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e

comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as

crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21

visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e

correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo

grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)

Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp

Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada

20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores

60

vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo

(p162)

Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem

acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi

possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman

(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e

subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo

alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)

Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio

das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa

Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas

matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus

com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos

Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom

desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees

A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de

pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas

das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24

encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por

duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida

pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras

finas)

Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa

etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo

elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo

22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos

61

O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e

caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento

do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais

especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds

amp Feldman 2009)

No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um

bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos

sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo

Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta

nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo

grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha

na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem

do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta

constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias

das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades

de expressatildeo plaacutestica

Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o

desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando

e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode

constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila

(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)

O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma

atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky

1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via

27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em

diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e

diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio

62

atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016

Oliveira 2018) 32

Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo

o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de

categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda

se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o

nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)

Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a

maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena

minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)

Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste

fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e

compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada

considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em

questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo

ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos

manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a

aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados

Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem

oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se

registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever

aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo

educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a

musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha

verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem

a sua frequecircncia em terapia da fala

32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

63

Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira

recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos

necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees

As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave

comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais

constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)

elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar

o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)

Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses

estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na

formaccedilatildeo de frases (simples)33

Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um

discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente

No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento

face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do

seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso

instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo

Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia

esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para

avaliaccedilatildeo da autonomia)

Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as

autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto

Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para

eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem

usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas

apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade

33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do

desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)

34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo

64

Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave

partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35

O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver

a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos

Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves

crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)

No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou

acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste

tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila

envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou

soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No

entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se

primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim

de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees

sociais e desenvolvimento integral

Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em

situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas

compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma

soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador

incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas

exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si

proacuteprias e nos outros

Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da

sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre

si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente

aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a

35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para

consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de

uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na

procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila

36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais

(Eisenberg 2005)

65

desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a

interagir seja com outras crianccedilas ou adultos

Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade

e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a

estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um

facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre

as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo

da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada

Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade

o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila

conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento

Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a

caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito

(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain

1977)38

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das

intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo

promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e

apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas

necessidades e interesses

Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo

materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas

entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades

37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

38 Ver 132 Papel do educador

66

2311 Espaccedilo

Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves

oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-

se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o

intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas

Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute

espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos

pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode

ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)

As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas

pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para

o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve

assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39

Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas

criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a

possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas

Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem

de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo

ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse

modo perigo

No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito

tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico

permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis

quedas

39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a

serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel

superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se

encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis

de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas

67

Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post

2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento

visual da crianccedilardquo

Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que

permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior

Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o

mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel

obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante

luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso

a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos

presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem

favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas

cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas

No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para

a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do

espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para

as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)

Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves

crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e

consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees

Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se

encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua

abertura por parte das mesmas

No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas

dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e

ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos

As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter

perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo

bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas

68

O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e

respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al

2016)

A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam

aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de

papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)

2312 Materiais

Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis

diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila

condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu

desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)

Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e

considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

por parte das crianccedilas estes apresentam-se

- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)

- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia

condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das

crianccedilas)

- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo

pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que

facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos

materiais disponibilizados

- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de

inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)

- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo

(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de

69

feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores

do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para

realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo

dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e

dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros

puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)

Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores

agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se

encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas

Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees

(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos

quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em

contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas

podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente

seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza

2313 Tempo

O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador

e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser

somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais

necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo

permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo

(Cardona 1999 Silva et al 2016)

A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua

sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta

conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al

1996 Niza 2012)

Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu

esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas

realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)

higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a

70

ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por

todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas

ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)

Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a

educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em

questatildeo Silva et al (2016) afirmam que

ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser

responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se

traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e

dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve

assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em

que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)

O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por

norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles

dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para

o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para

efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas

pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas

podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado

agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham

feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)

No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita

atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de

atender agraves suas necessidades

Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez

numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel

seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora

dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo

do conhecimento da mesma pelo grupo

71

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees

23141 Crianccedila-crianccedila

Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos

de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas

(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e

intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)

Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem

em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando

conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem

O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes

momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em

pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente

Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e

relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para

serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando

mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila

Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as

crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim

consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras

Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de

conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como

mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser

simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho

e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)

Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira

1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai

sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas

Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se

estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si

72

23142 Crianccedila-adulto

No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente

educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees

distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria

personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e

valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)

O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de

aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas

educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como

apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)

Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora

cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas

satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo

havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees

planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo

adequadas a cada crianccedila

Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas

tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas

como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no

denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)

o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse

modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na

mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com

a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas

solicitaccedilotildees

Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram

os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas

conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho

40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)

73

Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se

expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo

relativamente agrave privacidade

Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam

fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave

intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas

natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela

positividade

No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas

participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo

educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute

concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no

momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses

As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam

desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela

equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente

educativo no qual se encontram inseridas

Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto

que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um

balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente

enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras

na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na

creche

Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-

se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se

41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo

74

baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do

interesse do grupo envolvido

Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)

abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)

Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em

qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos

(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva

1998)

Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise

esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado

tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)

Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto

de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de

competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de

informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da

tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e

criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da

autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo

de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)

A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila

e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um

ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes

em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)

Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve

proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio

processo de aprendizagem

No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem

de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de

projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-

educador

75

Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais

experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)

Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a

metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o

estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3

anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da

crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais

se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)

Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma

metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada

a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por

Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se

relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais

razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo

sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)

Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de

respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e

conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim

como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as

crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees

descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de

ambos os sujeitos

Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar

na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases

- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)

- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando

e quem)

- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)

- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e

partilha com outros elementos da comunidade educativa)

76

No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas

de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida

enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente

capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve

ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar

Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do

ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima

democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir

autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de

interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos

e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo

de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo

dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)

Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado

ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as

crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses

das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto

agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo

educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)

Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche

uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente

educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto

educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de

ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho

2013 p58)

A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo

das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao

ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as

77

ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao

contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)

Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto

Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas

aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a

crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e

construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado

por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto

desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades

compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes

do mesmo

Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo

de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja

principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente

relatoacuterio

Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos

promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de

brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso

a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e

consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a

educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem

ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas

42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

78

Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi

afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo

(p75)

Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um

projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses

das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte

a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo

Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do

educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as

intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito

pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva

(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas

no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as

quais se enquadra o trabalho de projeto)

Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves

caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que

embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas

proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento

singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais

se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva

potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente

educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial

criativo do educando

Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se

conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade

43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se

encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

79

No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se

torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e

esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante

No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como

meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas

relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47

Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de

ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que

possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor

preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes

criadoras

Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-

Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de

fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias

que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)

No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem

foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila

Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo

implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades

individuais (hellip)rdquo (p119)

Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo

da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das

intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma

educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que

cria laccedilos sociaisrdquo (p21)

46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo

47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

80

Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas

etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos

(1998)48

Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e

prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este

Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que

as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a

asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute

que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute

apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja

confrontada

Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam

responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou

crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e

psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)

251 Definiccedilatildeo do problema

Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada

durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto

Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo

se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o

qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta

No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o

haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade

que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees

com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era

48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

81

constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o

grupo acabava por aderir

Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o

desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas

Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos

interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir

uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)

indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas

Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser

aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do

projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo

Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs

Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a

destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)

afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se

pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo

sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo

(p64)

Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual

o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os

por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo

Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate

necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA

Lili e o Lobo Maurdquo)

A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo

desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo

Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o

objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos

representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de

chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos

materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)

82

Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que

fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver

as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi

posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a

dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos

fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse

podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo

(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)

No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de

dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante

satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar

desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando

compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma

Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas

crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas

em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se

encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-

se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face

agraves suas intencionalidades

Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode

oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da

motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais

O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa

prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser

levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas

questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo

para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida

49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial

criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel

pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)

83

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do

projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por

elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem

na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as

crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse

A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste

projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar

por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as

famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo

escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria

para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de

tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das

crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees

dos meninos e meninas

No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)

referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador

deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo

Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o

ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de

diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse

Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora

do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que

levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento

sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem

tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em

casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias

jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais

84

Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de

crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem

vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)

Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo

deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da

refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a

alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas)

Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta

foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute

natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos

elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito

de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles

Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos

motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e

dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua

casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente

promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da

linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da

relaccedilatildeo causa-efeito

No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-

se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo

ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima

democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51

Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al

(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o

seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo

51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a

promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade

(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)

85

processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da

autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo

Acrescentam ainda que

Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai

mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos

atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os

problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a

criatividade (Silva et al 2016 p34)

Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico

A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e

aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se

exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo

pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)

Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo

das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de

tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma

funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo

e descoberta agrave crianccedila

As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de

conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo

chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao

niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais

especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser

desenvolvida pela maioria do grupo

Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando

em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da

qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si

proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)

86

A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente

A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto

o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A

criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada

para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)

Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas

planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do

projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o

decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante

a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio

Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute

condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para

o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)

Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela

accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando

saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia

(Dewey amp Dewey 1915)

Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma

constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a

experimentaccedilatildeordquo52

Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como

meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes

dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava

um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto

ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a

criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto

52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma

construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo

(Freinet sd)

87

A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de

integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo

tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem

o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais

Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo

Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma

ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a

comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)

A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar

1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-

Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky

1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)

Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a

situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem

desenvolvendo possiacuteveis ideias

Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao

fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo

da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e

protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave

distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a

expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao

grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)

que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo

Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a

expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era

53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao

estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz

imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando

ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das

crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)

88

questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso

negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas

A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo

influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente

agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo

considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que

estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a

pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo

o que natildeo era possiacutevel

Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face

ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves

crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve

explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas

referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da

Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente

para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser

reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados

pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a

manipulaccedilatildeo dos mesmos

As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com

as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses

Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem

se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998

Rodrigues 2004)

No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo

exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do

ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis

agrave prossecuccedilatildeo das atividades

Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em

aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na

mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a

89

ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora

cooperante

Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado

ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que

antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo

Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta

natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e

considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo

Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava

a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto

sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo

se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela

instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a

atividades livres

Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os

interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos

mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis

custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que

estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade

Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas

materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes

despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e

observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das

crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como

materiais de expressatildeo plaacutestica

No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido

desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o

meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde

constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste

relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia

das artes no desenvolvimento da crianccedila

90

Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais

apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o

egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em

questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez

constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo

e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro

Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de

opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de

negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo

(p39)

Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e

negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila

Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em

seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam

realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e

como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados

jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a

conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse

conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar

253 Execuccedilatildeo

No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto

cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das

quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo

visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum

No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as

atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares

e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e

disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de

crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se

iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos

91

Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi

o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar

uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade

Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando

que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos

permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais

individualizados e inclusivosrdquo (p8)

Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar

mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o

desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)

Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor

coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave

realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite

que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)

Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade

de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um

tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de

todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)

Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava

convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo

jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o

educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar

Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio

se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras

atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto

com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse

Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia

todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo

(p105)

Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas

considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a

92

par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de

transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em

grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente

expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas

participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo

Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes

construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de

todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados

e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)

Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute

desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma

partilha de saberes coletiva

2531 Jogo da memoacuteria

No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se

proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por

introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo

de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o

intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel

de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas

ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili

A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de

processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e

concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo

Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade

do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel

deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a

maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que

55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas

imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e

concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes

93

apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos

consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma

crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando

caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)

Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos

colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual

estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo

da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)

Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de

algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na

concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de

implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas

mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente

desenvolvimento de competecircncias

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)

Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das

atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao

desenvolvimento da casa da Lili

No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa

da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que

mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham

indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos

jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56

Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que

concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os

materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as

56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

94

principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as

suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto

Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher

aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de

expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal

facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas

Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na

instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo

plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder

agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo

o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua

que se encontravam presentes no espaccedilo educativo

O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o

intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as

dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das

paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da

colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas

possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar

os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver

Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57

desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo

Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2

anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando

espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash

Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)

Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas

revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo

parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador

57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain

1977)

95

fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila

do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento

As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem

significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento

do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma

que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona

bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo

desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho

colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico

partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores

Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o

reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash

Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas

Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas

crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na

concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem

observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa

da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das

atividades sem interferir nas mesmas

Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes

no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili

como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as

dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa

da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a

executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo

impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de

realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a

assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir

96

questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do

seu agrado e como deveria continuar a proceder

Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma

vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa

parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes

Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do

desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros

e quantidades formas e noccedilotildees espaciais

Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada

dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado

espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o

fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira

livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)

A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar

fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem

posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo

estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo

Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)

Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em

desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da

Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa

que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a

educadora cooperante

No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio

disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de

58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da

criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

97

tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo

da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa

atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou

Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na

instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material

por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o

efeito pretendido

As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a

diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua

liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu

para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na

casa da Lili)

Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no

manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem

dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por

uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas

natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola

disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola

natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos

Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido

o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as

habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o

desenvolvimento do sentido esteacutetico

2535 Montagem da casa da Lili

Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua

montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras

na tatildeo aguardada casa

No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio

definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com

98

o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da

casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas

que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante

pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos

de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo

semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo

Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como

a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim

como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no

qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia

ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham

apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela

crianccedila

Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma

vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo

natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material

A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os

tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das

crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao

teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem

que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas

No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo

vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo

que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia

o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e

possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes

crianccedilas

Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo

estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a

afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na

instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o

espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar

99

No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os

movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves

dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os

recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas

brincadeiras

No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela

educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva

conclusatildeo da casa da Lili

A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as

mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a

material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse

motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa

Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha

conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus

interesses

Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave

mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde

as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser

realizadas atraveacutes das janelas

Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional

nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar

a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a

questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave

porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal

era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida

Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e

assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili

algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio

agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash

Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de

crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas

100

em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao

usufruto da casa

Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se

constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo

oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico

(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros

merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si

responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e

valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado

A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto

de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os

tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59

Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas

igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o

mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim

de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse

momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute

mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados

que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo

natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo

Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili

com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as

crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo

A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde

em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram

59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18

101

tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas

de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo

com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez

que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das

habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica

Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo

podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide

exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa

inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem

ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas

segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel

telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua

configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com

mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado

No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam

ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a

interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas

duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam

afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no

entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado

Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como

o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da

tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando

o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de

um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo

A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e

estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente

afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e

salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar

61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos

das mesas

102

o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas

em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa

Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas

(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder

de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas

todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim

colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram

disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)

pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no

papel de cenaacuterio

As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e

estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria

assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas

explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como

se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos

peacutes das crianccedilas)

Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era

o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-

se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas

caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da

atividade

Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do

aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da

coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex

estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili

Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de

se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter

utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de

103

decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma

das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa

A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido

que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62

Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material

do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas

a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute

que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia

crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade

Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a

formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou

com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse

concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser

possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com

os outros momentos da rotina consequentes

No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas

pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria

procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade

que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado

o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios

Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade

agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade

de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo

se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso

agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por

pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo

do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura

do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)

62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila

104

Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e

fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades

posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas

pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas

com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas

e texturas

Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas

e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se

espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao

percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as

suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)

Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a

mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas

face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65

fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36

ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)

Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada

uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a

realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores

efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66

Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de

significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais

cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo

63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila

65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila

66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o

desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias

face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com

cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as

crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas

105

para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas

tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada

Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do

aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes

do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho

colaborativo e trabalho cooperativo

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili

levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que

fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de

realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam

ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades

considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles

destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode

condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades

de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens

Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de

tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a

concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68

a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das

crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes

disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no

67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili

68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos

riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que

natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de

verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes

alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas

apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova

atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse

sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas

106

que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades

anteriormente realizadas69

Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que

concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo

esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando

as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura

Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e

misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas

Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de

utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos

e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na

promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo

de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos

para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)

Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente

cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos

desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada

crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto

estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das

criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que

durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto

que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia

Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas

em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende

que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das

69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou

bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas

71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias

entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)

107

realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do

desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens

Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas

usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo

um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por

conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor

procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas

da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo

estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo

Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma

teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas

relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das

cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e

conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da

massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo

2541 Avaliaccedilatildeo

Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para

a accedilatildeordquo (p15)

Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida

com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo

para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004

Silva et al 2016)

25411 Crianccedilas

A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma

sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e

considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser

108

modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento

das aprendizagens

Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo

permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o

desenvolvimento cognitivo e da linguagem

Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas

mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila

Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais

momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute

nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves

crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham

realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo

mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas

caso as fossem efetuar futuramente

Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente

acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador

constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base

de desenvolvimento dessa

Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa

educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que

foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este

questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)

Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo

indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a

avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento

sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo

avaliativo que seja processado de modo persistente

25412 Famiacutelias

Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que

estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem

109

Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no

desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais

responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo

Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo

de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas

conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)

Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois

dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a

cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o

trabalho de projeto desenvolvido

Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma

explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento

concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)

Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como

referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes

que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo

uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais

adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios

progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo

necessaacuterios

Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias

caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de

famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista

No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento

redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora

sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo

limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias

72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio

110

Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e

anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias

Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas

revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da

ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia

Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores

da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou

na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia

alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute

mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo

ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo

projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73

No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a

importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis

pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis

Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um

terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de

desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)

Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham

conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo

e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam

por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva

face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa

amp Sarmento 2010 p149)

Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento

das crianccedilas as famiacutelias indicaram

73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia

pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)

111

- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam

de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades

- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e

ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas

famiacutelias

- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado

- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar

ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das

famiacutelias

- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas

vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas

Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de

um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico

Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute

proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)

2542 Divulgaccedilatildeo

Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi

desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas

maneiras (Vasconcelos 1998)

A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir

acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-

os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)

No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas

educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua

jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo

sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo

de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o

que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas

112

e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em

horaacuterios poacutes letivo

As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo

aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das

atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os

pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o

fomento da sua auto-estima e confianccedila

Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e

valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)

Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)

assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo

projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar

tal projeto avante

Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo

efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo

concretizadas pelas crianccedilas

Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias

durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto

com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o

que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa

Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o

projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite

soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade

de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante

a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo

ocorresse

Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas

ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo

a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente

educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas

responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros

113

3 Consideraccedilotildees finais

Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido

percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a

qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia

Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave

concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos

definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse

fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de

objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma

metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um

trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa

integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um

ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade

A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a

potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila

considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se

um desenvolvimento integrado

Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial

criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico

desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de

aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo

criativa da crianccedila eacute condicionada por esse

Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os

fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas

tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias

necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a

promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o

cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo

114

Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de

oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi

fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta

perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a

Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o

educar

Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das

crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem

juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila

assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-

se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos

inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo

do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno

Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a

cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do

presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das

famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua

vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das

suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das

famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa

derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa

Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de

Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da

crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias

aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro

2011 p100)

Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal

(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao

processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu

papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para

explorar intervir decidir e agir

115

Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche

jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das

experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de

ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem

para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se

inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas

crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de

crianccedilas

Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral

considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel

pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila

Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo

das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New

Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)

Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da

criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz

respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs

Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente

relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o

reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores

do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar

ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a

criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo

Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao

desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da

associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como

destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a

associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso

Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito

de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo

legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do

116

potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute

igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens

Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida

continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da

criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem

perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal

Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente

educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma

competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida

permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como

a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees

considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam

117

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1662005 Seacuterie I-A de 2005-08-30

Manual de Processos Chave da Creche (2ordf ed 2010) Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade

Social

Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Despacho nordm 91802016 Publicado em

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Parecer nordm 32001 ndash Aprendizagem ao longo da vida Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Publicado

em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1622001 Seacuterie II de 2001-07-14

Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos professores dos ensinos

baacutesico e secundaacuterio Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto Publicado em Diaacuterio da

Repuacuteblica nordm 2012001 Seacuterie I-A de 2001-08-30

Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria Despacho nordm 64782017 26 de julho

Publicado em iaacuterio da Repuacuteblica nordm 1432017 Seacuterie II de 2017-07-26

Recomendaccedilatildeo nordm 32011 - A educaccedilatildeo dos 0 aos 3 anos Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica 2ordf Seacuterie nordm 79 de 21 de abril de 2011

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httpwwwcitadorptfrasescitacoesaantoine-de-saintexupery

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Documentaccedilatildeo fornecida pela instituiccedilatildeo educativa

Projeto Educativo (2018-2021)

Regulamento Interno (20172018)

133

Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

0

1

2

3

4

26 27 28 29 30 31 32

Nuacute

mer

o d

e cr

ian

ccedilas

Idade (em meses)

Idade das crianccedilas (em meses)

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora

cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve

(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer

um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute

como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo

No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem

em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham

No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida

e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais

implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em

posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as

dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois

natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem

realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo

Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta

um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras

grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora

ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo

das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao

jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse

espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio

dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo

educativa e estagiaacuteria

Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e

constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute

procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo

alternando entre estes

Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda

prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na

mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se

dirigirem para a sala

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel

afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do

seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de

descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a

desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto

para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e

subida de degraus

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Indicadores

Crianccedilas

Apanha objetos com facilidade

Segura objetos com facilidade

Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual

Preensatildeo de pinccedila

Observaccedilotildees

PD MD GD PD MD GD

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

PD ndash Pequenas Dimensotildees

MD ndash Meacutedias Dimensotildees

GD ndash Grandes Dimensotildees

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o

criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores

azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo

foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido

associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores

correspondentes

Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com

alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e

reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel

deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de

objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes

cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das

crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir

conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre

essas

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de

forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado

retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e

agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a

maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo

de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e

distinccedilatildeo entre as mesmas

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo

Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Indicadores

Crianccedilas

Compreende mensagens

orais

Compreende um discurso instrucional

Elabora frases

simples

Efetua associaccedilatildeo

entre nome e objeto

Refere o seu nome

Usa a linguagem

oral para expressar desejos

necessidades informaccedilotildees responder ou

realizar questotildees

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Avaliaccedilatildeo da autonomia

Revela autonomia quanto agrave

Indicadores

Crianccedilas

Realizaccedilatildeo da higiene

Realizaccedilatildeo das

refeiccedilotildees

Escolha das

atividades

que pretende

desenvolver

Escolha dos

materiais que pretende usufruir

Resoluccedilatildeo de

conflitos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Efetua interaccedilotildees com

Indicadores

Crianccedilas

Crianccedilas

Adultos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem

Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)

Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar

o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo

mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que

andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili

Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili

e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da

Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo

Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao

ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo

Mau

(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres

(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo

que cheira muito bem

(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho

do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau

(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer

(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu

vou dar-te uma trinca

(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me

dares um bocadinho do teu bolo

(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para

o trincar)

(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro

Aaaahhhh

(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que

nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar

flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de

casa saindo de cena temporariamente)

O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado

por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili

para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo

Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili

(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)

mas natildeo conseguiu

Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a

casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e

retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)

O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e

quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse

(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)

A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha

conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava

destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar

porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu

o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um

bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de

uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda

casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar

E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes

da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da

Lili e ao bolo de chocolate

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca

Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de

higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento

da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo

com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias

face ao projeto

Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente

tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo

Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas

crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso

a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades

apresentadas pelas crianccedilas

A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela

estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo

essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na

destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus

amigos na construccedilatildeo de uma nova casa

Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa

para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas

aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo

As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual

atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo

simboacutelico

Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos

a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a

importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas

Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo

relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do

mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas

respetivas famiacutelias se assim o pretenderem

Questotildees

bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto

bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o

desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que

modo

Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como

as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas

vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo

Grata pela atenccedilatildeo

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave

execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de

desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FS e V

Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com

outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares

correspondentes agraves imagens fornecidas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V

efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as

suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila V

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a

observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das

mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela

pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem

uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante

observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e

mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FN e MB

Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a

realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par

estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par

como se procedia o desenvolvimento do jogo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB

apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num

dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda

(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila P

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica

fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo

pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa

forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica

materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione

somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila L

Idade 2 anos e 6 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que

manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo

ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador

das cores anteriormente mencionadas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e

identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas

para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos

constituintes da casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos

tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a

casa da Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos

e respetivos padrotildees

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de

tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da

casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma

crianccedila

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a

desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de

brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com

jogos em momento de brincadeira

na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas

crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila C

Idade 2 anos e 5 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 07122018

Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados

pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as

suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e

identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais

colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado

pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila

revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o

seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros

para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da

mistura de outras cores

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo

de tintas de cores distintas

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila L P

Idade 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21122018

Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais

especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave

estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo

A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens

penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha

sido concretizada a pintura

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo

que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante

interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa

da Lili

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a

massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com

massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos

utilizando massa de farinha

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila

Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Crianccedila Objeto (s) criado (s)

C Televisatildeo

CC Bola

FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

FN Carro de brincar

FS Mala

G Caixa

L Chapeacuteu

LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

MA Bolachas

MB Bolo de chocolate

MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

N Bola de futebol

P Vaso

S Rebuccedilado grande

T Almofada

V Telefone

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Page 4: A promoção de ambientes educativos favoráveis ao ...repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.11796/2851/1/Relatório Final.pdfAnexo 35 – Criança a exibir as suas mãos com cor de

III

Resumo

O presente relatoacuterio de estaacutegio respeitante agrave Praacutetica de Ensino Supervisionada

desenvolvida no acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar tem como principal

finalidade a elucidaccedilatildeo da importacircncia de ambientes educativos favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila potenciando desse modo a sua expressatildeo

criativa

A elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio apresenta como principais objetivos a compreensatildeo

do conceito de criatividade a relevacircncia que assume em contexto educativo e no respetivo

desenvolvimento do educando a perceccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o seu

fomento e o reconhecimento de fatores que promovam ou ao inveacutes inibam o

desenvolvimento da criatividade no acircmbito educacional

Eacute feita tambeacutem uma anaacutelise a documentaccedilatildeo legislativa do Sistema Educativo

Portuguecircs e da Creche no que concerne ao enquadramento da criatividade enquanto

intencionalidade pedagoacutegica e objetivo de ensino-aprendizagem assim como uma

perceccedilatildeo relativamente ao desenvolvimento de praacuteticas apoiantes ao fomento da

criatividade no acircmbito educativo destinadas aos profissionais de educaccedilatildeo Tambeacutem foi

efetuada uma investigaccedilatildeo a associaccedilotildees de acircmbito educativo com o intuito de se

percecionar o reconhecimento da criatividade na educaccedilatildeo

Para a concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio foi efetuada uma pesquisa bibliograacutefica

atraveacutes da qual fosse possiacutevel reunir documentaccedilatildeo que desse respostas aos objetivos

elencados agrave qual se une uma metodologia de trabalho pedagoacutegico respeitante ao

desenvolvimento de um trabalho de projeto que fora desenvolvido em contexto de

educaccedilatildeo de infacircncia e ao qual se une como teacutecnica de recolha de dados registos de

observaccedilatildeo com a finalidade de contribuir para a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

efetuada Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais resultantes de um processo de

anaacutelise criacutetica e reflexiva face ao trabalho concretizado

Palavras-Chave Criatividade Potencial criativo Expressatildeo criativa Educaccedilatildeo

IV

Abstract

The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice

developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose

the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion

of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression

The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding

of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and

in the respective development of the student the perception of possible strategies that

allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the

development of creativity in education

An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese

Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical

intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding

the development of practices that support the fostering of creativity in the educational

field aimed at education professionals An investigation was also conducted to

educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education

For the realization of this report a bibliographic research was carried out through

which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives

to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a

project work that was developed in the context of childhood education and to which as

a data collection technique observation records are added in order to contribute to the

analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations

resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done

Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education

V

Iacutendice

Introduccedilatildeo 13

1 Enquadramento teoacuterico 16

11 Criatividade 16

111 Definiccedilatildeo do conceito 16

112 Capacidade inata ou adquirida 21

12 Educaccedilatildeo e criatividade 23

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos

de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47

132 Papel do educador 49

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65

2311 Espaccedilo 66

2312 Materiais 68

2313 Tempo 69

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71

23141 Crianccedila-crianccedila 71

23142 Crianccedila-adulto 72

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77

251 Definiccedilatildeo do problema 80

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83

253 Execuccedilatildeo 90

2531 Jogo da memoacuteria 92

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96

2535 Montagem da casa da Lili 97

VI

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107

2541 Avaliaccedilatildeo 107

25411 Crianccedilas 107

25412 Famiacutelias 108

2542 Divulgaccedilatildeo 111

3 Consideraccedilotildees finais 113

Bibliografia 117

VII

Iacutendice de Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e

o Lobo Maurdquo

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da

Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila

VIII

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

IX

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa

da Lili e ao bolo de chocolate

Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro

Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)

Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)

Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da

memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da

execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre

recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que

constituem a casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees

X

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de

servir de telhado para a casa da Lili

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas

Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da

pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de

tintas de cores distintas

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de

farinha

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XI

Iacutendice de Tabelas

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XII

Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos

AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade

APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia

CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico

DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

MPCC - Manual de Processos Chave da Creche

NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs

13

Introduccedilatildeo

No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de

Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja

temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento

do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia

Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi

definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles

- Compreender o conceito de criatividade

- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo

considerando o desenvolvimento da crianccedila

- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da

infacircncia

- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da

criatividade no acircmbito educacional

As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante

uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em

contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada

Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho

pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no

acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do

estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo

educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita

eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo

da praacutetica concretizada

O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16

crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa

da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche

decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019

14

Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho

levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da

estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que

suportam o mesmo

Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a

estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram

de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor

do desenvolvimento deste trabalho

A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de

investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica

da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia

e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)

Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao

desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta

Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas

tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem

desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes

1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)

Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)

Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra

maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)

O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser

humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade

eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada

e promovida

Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e

promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)

Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp

Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)

15

A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e

concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo3

MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade

o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente

educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis

Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o

reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos

assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo

No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto

educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior

(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino

Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia

Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela

estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na

crianccedila

Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver

corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft

(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo

um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia

estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi

referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio

para a formaccedilatildeo plena da crianccedila

2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21

16

1 Enquadramento teoacuterico

11 Criatividade

111 Definiccedilatildeo do conceito

A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil

de definir (McLintic 2018)

Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como

tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua

complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo

atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes

autores

Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por

Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do

conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo

Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)

refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao

conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem

sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias

antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante

a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua

amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme

referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio

Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve

referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde

a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)

4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino

tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten

Araya 2011 p2)

17

Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num

dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar

de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado

apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave

perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade

como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo

Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo

Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos

aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa

De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados

por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos

significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade

Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave

criatividade mediante perspetivas de diferentes autores

- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que

criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade

a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves

pessoas consideradas criadoras [pessoa]

- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)

criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto

produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se

igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]

- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana

que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua

novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para

o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]

5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa

18

- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo

uacutenico e original [produto]

- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira

2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a

produccedilatildeo de algo novo [produto]

- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade

que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo

padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]

- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker

Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma

habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo

de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]

- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum

comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou

realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]

- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo

atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo

formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e

posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]

- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de

originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda

uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]

- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude

que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo

caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]

19

- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a

capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-

produto]

- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de

capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se

caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se

desenvolvam [pessoa-produto]

- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que

permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de

personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]

- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual

se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]

Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para

o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-

se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo

apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel

histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)

caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)

Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e

Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido

consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld

amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo

(p62)

Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman

amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo

e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes

leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes

tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma

20

caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um

processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular

(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)

ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto

consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode

traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e

originalidade

Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou

diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de

complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se

verifica (Braumann 2009 Morais 2015)

Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)

defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a

originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo

implicam obrigatoriamente criatividade

Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute

frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos

o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um

processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais

mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para

se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante

Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o

recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson

2011)

Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e

em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por

Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade

eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees

objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a

laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo

Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma

competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os

21

estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)

permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias

suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da

novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao

meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo

Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da

trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem

simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo

uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de

complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais

112 Capacidade inata ou adquirida

Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel

deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por

sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por

conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um

sentido criativo

Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta

como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser

adquirida

Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a

criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da

caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento

perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow

1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar

1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009

Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave

semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De

La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem

de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu

contexto sociocultural por exemplo

22

Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal

natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp

Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992

1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco

(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo

o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial

Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte

desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e

contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de

forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo

Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do

ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar

(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o

ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o

desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees

oferecidas

Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave

emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois

aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no

seu desenvolvimento

Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e

consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por

Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo

apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que

circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio

necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem

obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo

Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos

internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente

dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)

23

Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica

intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo

o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as

caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo

se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto

ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980

p117)

12 Educaccedilatildeo e criatividade

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo

A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto

eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e

Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003

citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada

pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas

do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta

a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar

necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais

adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)

Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no

mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os

criamosrdquo6

Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece

ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na

sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos

6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by

the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)

24

educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no

desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)

Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono

(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais

importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a

repetir os mesmos padrotildeesrdquo7

Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas

pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se

caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de

adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas

E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade

em contexto educativo

Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do

estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator

fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma

educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8

Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a

afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse

modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo

Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade

poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos

que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma

constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que

7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human

resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the

same patternsrdquo (Edward de Bono sd)

8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a

existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo

Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a

criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que

promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo

25

uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-

atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)

Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta

a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual

em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma

abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha

de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA

educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um

futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta

anosrdquo (p19)

Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas

encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social

cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e

repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver

competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta

realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)

responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e

rapidamente (hellip)rdquo

Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela

que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela

crianccedilardquo (p21)

Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp

Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por

parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao

indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo

baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do

indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo

combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social

Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute

absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as

26

quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma

educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)

Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma

educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do

indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas

rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)

predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)

Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem

indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do

desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que

lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal

Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por

Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo

de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo

daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo

As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para

a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas

que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que

concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus

proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas

e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar

Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como

uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma

espeacutecie de know-how

Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a

criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos

resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo

ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de

percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo

de ideiasrdquo (p18)

27

A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par

com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo

humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas

possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve

passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas

ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)

Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma

perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas

educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e

aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se

em agentes sociais significativosrdquo (p123)

Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a

criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo

associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia

permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se

deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de

perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais

Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft

(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano

deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos

e natildeo prejudiciais

Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante

desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando

o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja

capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em

questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter

conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua

adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave

unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia

diferenciando-o dos demais

Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia

se pode denominar como uma atitude de e perante a vida

28

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de

referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas

Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no

desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras

competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por

Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco

2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)

Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a

criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-

aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp

Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema

educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e

superior

Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa

a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda

alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar)

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE

2016)

No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste

relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais

especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a

documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]

29

Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do

contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse

motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho

(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda

e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume

Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com

crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma

profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade

acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso

para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)

Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)

defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees

estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a

valecircncia em questatildeo apresenta

A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo

preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar

uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos

cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve

ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto

indiviacuteduordquo (p1)

Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias

integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o

desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico

defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)

30

educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que

ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila

Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de

anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder

ao registo dos resultados obtidos

Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP

mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo

respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da

Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)

estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)

Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir

para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos

indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis

autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I

Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico

e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre

troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de

julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se

empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)

No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-

aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave

EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila

assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I

Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)

Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade

tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art

7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)

Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a

descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio

31

memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica

promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade

socialrdquo

De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino

averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos

elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino

Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne

ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III

constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo

de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma

Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades

especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II

Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como

principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem

necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo

anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma

o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga

e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se

necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar

o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se

verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e

econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar

de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios

e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra

Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute

caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e

atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos

responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas

32

as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao

niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino

e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de

competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a

elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida

no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as

crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de

uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em

que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade

Obrigatoacuteria p10)

Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo

se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees

relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas

disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do

documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de

Competecircncias

A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os

jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a

criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma

vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da

escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente

criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo

(p15)

Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais

determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e

desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o

pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser

fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento

incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma

relaccedilatildeo processo-produto se tratasse

Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees

complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo

33

humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute

tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se

assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e

aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de

diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos

cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de

competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-

produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo

causa-efeito

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na

sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-

Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap

IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam

quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute

defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo

essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo

preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]

homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como

sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-

escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)

As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios

sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e

Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo

Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da

conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo

assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa

desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de

conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de

infacircnciardquo (p34)

34

No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas

crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se

colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a

participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de

agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se

com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9

Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea

incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)

aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu

processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo

A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as

OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes

Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e

Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)

formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os

seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o

mundo que a rodeiardquo (p43)

Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma

grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade

encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como

uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas

e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)

No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se

como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)

tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial

criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de

competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas

9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60

35

criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de

jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar

movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de

situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou

ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e

criticando-as13

Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo

em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO

desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas

de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o

desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e

maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da

Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e

Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo

Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim

como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo

e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da

Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave

criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente

desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado

Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de

modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito

maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o

desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios

respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo

11 Consultar OCEPE p 52

12 Consultar OCEPE p 57

13 Consultar OCEPE p 83

36

Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens

a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais

subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma

considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves

possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento

considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de

conteuacutedo que integram as OCEPE

Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de

aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute

promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que

a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos

sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias

proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees

que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas

emocionais e criativasrdquo (p105)

Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema

Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua

documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto

agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado

Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras

experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute

ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias

e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem

ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36

meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu

desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)

Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no

desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a

criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e

37

explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de

estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se

encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo

Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de

Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam

um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute

que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e

capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados

ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo

A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser

assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada

como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da

crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado

ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)

expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)

Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e

Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se

constatam Veja-se

Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o

Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que

ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas

no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos

tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que

lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo

contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos

requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se

semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias

14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25

38

A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo

educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino

termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta

somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e

Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos

Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia

que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a

subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do

pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto

de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino

citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo

O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a

Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de

ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por

se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a

Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel

No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei

nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas

baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de

estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o

fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias

sejam em nuacutemero reduzido

Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se

presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como

na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo

Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do

Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo

ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes

39

formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em

todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger

o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a

transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute

que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente

agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila

verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade

no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas

Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e

inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se

verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes

(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento

da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a

determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas

aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral

No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se

assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos

educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um

processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma

continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e

cidadatildeo

Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp

Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria

igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez

que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo

acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente

relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar

atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto

que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas

simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria

40

Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a

criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer

que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da

criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar

referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e

praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem

adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os

educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades

e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo

A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e

Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na

educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que

permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo

existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando

a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que

aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem

ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das

suas potencialidades criativas

Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de

documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a

desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que

por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche

(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do

Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas

promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops

seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora

relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de

competecircncias criativas

No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume

foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator

Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos

serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet

praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que

41

podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais

praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo

assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa

De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na

documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da

mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa

natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos

face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que

permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa

Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar

um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas

desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de

educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo

obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias

Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias

Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria

em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em

oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que

estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a

incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos

documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP

se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que

permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto

Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha

existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos

educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade

educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a

importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade

das crianccedilasrdquo (p76)

Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e

informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que

poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

42

Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida

aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas

dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se

relacionam e se inserem

Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo

destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de

incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode

assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)

Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores

preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles

ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando

os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que

ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser

preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se

tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo

(Novaes 1980 p121)

Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes

torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por

conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas

distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso

comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem

simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e

nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis

Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao

desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se

vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que

natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem

omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas

necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica

Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes

na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e

43

praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de

autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo

(p9)

Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso

Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto

educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade

(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores

em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o

neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender

com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)

Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de

orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto

educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal

aspeto

Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com

o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi

possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo

mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o

Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo

de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo

uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC

Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)

uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e

interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos

principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo

de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo

nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo

a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando

valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo

contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes

ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da

APEI)

44

Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no

desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que

permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e

propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias

coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave

periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador

que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas

as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa

Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade

trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente

denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa

sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de

reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua

Qualidaderdquo

Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar

artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)

sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-

line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem

ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um

entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados

em papel apresentam um custo monetaacuterio

Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de

caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela

promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas

muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o

intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover

atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que

podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo

contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que

correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo

de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de

cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos

da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)

45

Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas

promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia

Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um

conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como

ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas

aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)

No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram

disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para

consulta on-line

Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da

APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que

concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da

Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas

que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a

finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber

Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo

enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo

de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino

Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar

ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da

Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua

desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores

dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)

Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado

pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos

se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees

neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme

referido

Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino

Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da

docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-

46

se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas

uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o

seu maacuteximo potencial

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes

educativos

A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel

afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo

somente em etapas da vida numa fase posterior

Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente

pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda

2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por

Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a

importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd

citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do

potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o

(Alencar 1992 Novaes 1980)

A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe

a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que

possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave

acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)

Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo

sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica

que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute

afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo

positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade

(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)

Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na

infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram

mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute

47

porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)

apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar

as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da

criatividade na infacircncia

Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo

criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo

da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser

desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)

Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas

visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia

uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar

no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-

se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes

2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco

2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma

atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora

contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila

Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades

fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas

pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras

estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as

suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu

potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e

proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante

o decorrer dos momentos de brincadeira

48

Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o

fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo

desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7

Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)

atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos

1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira

2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)

ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave

busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada

situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar

1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do

potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de

Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar

(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que

aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto

de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem

ser adotadas

Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do

desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se

tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA

criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta

a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo

conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)

No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha

da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades

competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de

aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo

se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa

2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem

estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)

49

132 Papel do educador

O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento

responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico

que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada

apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como

aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu

desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser

planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo

do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades

devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e

Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade

pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e

consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)

Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e

desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila

considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e

ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado

com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as

suas aprendizagens e progressos

Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp

Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais

ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores

Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade

e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo

normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias

que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto

dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam

50

o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas

face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa

Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos

professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)

os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos

contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos

e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma

relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo

Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes

desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer

mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do

educando e seus comportamentos

De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente

face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo

condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como

o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley

1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)

Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente

ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando

Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento

da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees

estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico

de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes

1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)

Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da

criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo

e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar

1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)

51

Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola

avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto

favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)

Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel

do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como

favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial

criativo da crianccedila

Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as

causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)

Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar

traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e

inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo

mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar

acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente

encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas

de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do

potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a

tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a

relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo

acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea

2008)

Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem

favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e

influecircncia exercida no educando e ambiente educativo

Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores

favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes

- Atitudes e valores

- Interaccedilatildeo educador-crianccedila

- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

- Conhecimento e formaccedilatildeo

52

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

Papel do

educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Atitudes e

valores

Conceccedilatildeo da criatividade como elemento

essencial ao processo educativo

(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-

Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp

Alencar 2018 p7)

Conformaccedilatildeo com entraves surgidas

face agrave promoccedilatildeo da criatividade

(Alencar 1992 Sternberg amp

Williams 2003)

Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da

criatividade

(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Desvalorizaccedilatildeo das suas

competecircncias

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Falta de confianccedila e inseguranccedila em

agir com receio de errar ou atentar

contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do

sistema educativo

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Interaccedilatildeo

educador-

crianccedila

Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista

ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo

educando

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley

1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten

2005)

Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do

educando

(Torrance 1977)

Elogio e criacuteticas construtivas

(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith

2001)

Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de

cada crianccedila assim como do seu

potencial criativo

(Alencar 1992 2007 Sternberg amp

Williams 2003)

Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada

educando

(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar

2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira

amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005)

Supervisatildeo e controlo excessivo

(Torrance 1977 Sternberg amp

Williams 2003)

Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens

desenvolvidas pelo educando

(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por

Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten

2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)

Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de

valor eou comentaacuterios depreciativos

(Alencar 1992 Torrance 1977)

53

Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no

que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de

seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no

caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente

Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no

educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)

Papel do educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Organizaccedilatildeo do

ambiente

educativo

Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no

processo educativo

(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar

2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)

Dependecircncia exclusiva do

curriacuteculo

(Alencar 1992 2007 Torrance

1977)

Aprovisionamento de tempo e oportunidades que

permitam ao educando efetuar descobertas e

aprendizagens mediante o seu ritmo

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997

Fleith 2001 Aragoacuten 2005)

Ensino Tradicional

(Alencar 1992 2007 Morejoacuten

2000 Alencar Fleith amp Pereira

2017)

Fornecimento de recursos materiais adequados

aos interesses competecircncias e necessidades dos

educandos

(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)

Oferta excessiva de recursos

materiais

(Torrance 1977)

Clima democraacutetico

(Torrance 1977 Cropley 1997)

Tempo destinado exclusivamente agrave

promoccedilatildeo de aprendizagens

curriculares

(Alencar 1992 Cachia Ferrari

Ala-Mutka amp Punie 2010)

Conhecimento e

Formaccedilatildeo

Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade

Carecircncia de saberes acerca do tema

(criatividade)

(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010

Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

54

ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e

reprimidas

Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da

criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave

perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao

indiviacuteduo assim como de naturezas diversas

55

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas

Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)

um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as

hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)

Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo

de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho

Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao

desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo

revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute

meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e

necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho

pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo

de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no

qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede

privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo

A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente

necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no

qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada

de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto

mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora

No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee

de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o

funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a

56

crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades

compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)

No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm

CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de

escolaridade)

Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas

polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as

suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos

aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)

Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo

educativa estes satildeo

- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo

Pedagoacutegica

- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de

Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas

Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma

Conselho de turma

- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas

Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos

administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza

- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais

Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito

agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de

accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as

salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala

verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36

meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma

sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade

57

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional

Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a

perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em

questatildeo

Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento

face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao

desenvolvimento do educando17

Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade

os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras

finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e

competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de

interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para

desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo

progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania

a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que

concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila

Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na

qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser

fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento

integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees

surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e

inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18

No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade

natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa

dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo

16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz

educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da

inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

58

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se

desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu

e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o

grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e

sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel

Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32

meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das

crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do

sexo feminino

No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo

em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar

que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante

aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e

informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)

desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo

Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria

mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte

da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas

durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para

as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e

registado

Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria

esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste

em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e

19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os

sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para

efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)

59

descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o

desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)

Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de

informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua

Portuguesa)

Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o

conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao

desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia

considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente

agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas

(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)

Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao

desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do

desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que

somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes

encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo

ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas

ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e

atitudes perante um contexto natildeo-familiar

Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e

comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as

crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21

visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e

correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo

grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)

Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp

Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada

20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores

60

vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo

(p162)

Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem

acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi

possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman

(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e

subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo

alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)

Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio

das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa

Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas

matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus

com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos

Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom

desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees

A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de

pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas

das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24

encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por

duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida

pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras

finas)

Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa

etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo

elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo

22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos

61

O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e

caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento

do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais

especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds

amp Feldman 2009)

No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um

bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos

sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo

Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta

nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo

grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha

na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem

do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta

constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias

das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades

de expressatildeo plaacutestica

Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o

desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando

e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode

constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila

(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)

O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma

atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky

1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via

27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em

diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e

diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio

62

atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016

Oliveira 2018) 32

Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo

o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de

categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda

se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o

nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)

Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a

maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena

minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)

Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste

fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e

compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada

considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em

questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo

ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos

manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a

aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados

Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem

oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se

registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever

aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo

educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a

musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha

verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem

a sua frequecircncia em terapia da fala

32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

63

Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira

recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos

necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees

As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave

comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais

constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)

elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar

o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)

Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses

estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na

formaccedilatildeo de frases (simples)33

Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um

discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente

No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento

face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do

seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso

instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo

Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia

esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para

avaliaccedilatildeo da autonomia)

Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as

autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto

Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para

eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem

usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas

apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade

33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do

desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)

34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo

64

Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave

partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35

O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver

a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos

Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves

crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)

No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou

acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste

tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila

envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou

soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No

entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se

primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim

de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees

sociais e desenvolvimento integral

Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em

situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas

compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma

soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador

incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas

exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si

proacuteprias e nos outros

Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da

sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre

si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente

aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a

35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para

consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de

uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na

procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila

36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais

(Eisenberg 2005)

65

desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a

interagir seja com outras crianccedilas ou adultos

Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade

e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a

estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um

facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre

as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo

da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada

Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade

o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila

conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento

Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a

caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito

(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain

1977)38

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das

intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo

promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e

apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas

necessidades e interesses

Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo

materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas

entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades

37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

38 Ver 132 Papel do educador

66

2311 Espaccedilo

Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves

oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-

se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o

intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas

Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute

espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos

pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode

ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)

As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas

pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para

o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve

assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39

Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas

criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a

possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas

Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem

de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo

ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse

modo perigo

No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito

tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico

permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis

quedas

39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a

serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel

superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se

encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis

de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas

67

Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post

2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento

visual da crianccedilardquo

Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que

permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior

Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o

mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel

obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante

luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso

a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos

presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem

favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas

cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas

No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para

a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do

espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para

as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)

Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves

crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e

consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees

Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se

encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua

abertura por parte das mesmas

No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas

dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e

ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos

As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter

perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo

bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas

68

O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e

respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al

2016)

A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam

aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de

papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)

2312 Materiais

Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis

diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila

condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu

desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)

Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e

considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

por parte das crianccedilas estes apresentam-se

- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)

- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia

condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das

crianccedilas)

- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo

pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que

facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos

materiais disponibilizados

- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de

inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)

- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo

(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de

69

feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores

do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para

realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo

dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e

dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros

puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)

Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores

agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se

encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas

Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees

(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos

quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em

contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas

podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente

seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza

2313 Tempo

O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador

e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser

somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais

necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo

permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo

(Cardona 1999 Silva et al 2016)

A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua

sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta

conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al

1996 Niza 2012)

Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu

esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas

realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)

higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a

70

ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por

todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas

ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)

Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a

educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em

questatildeo Silva et al (2016) afirmam que

ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser

responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se

traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e

dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve

assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em

que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)

O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por

norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles

dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para

o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para

efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas

pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas

podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado

agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham

feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)

No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita

atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de

atender agraves suas necessidades

Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez

numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel

seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora

dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo

do conhecimento da mesma pelo grupo

71

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees

23141 Crianccedila-crianccedila

Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos

de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas

(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e

intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)

Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem

em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando

conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem

O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes

momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em

pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente

Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e

relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para

serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando

mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila

Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as

crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim

consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras

Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de

conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como

mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser

simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho

e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)

Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira

1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai

sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas

Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se

estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si

72

23142 Crianccedila-adulto

No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente

educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees

distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria

personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e

valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)

O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de

aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas

educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como

apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)

Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora

cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas

satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo

havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees

planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo

adequadas a cada crianccedila

Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas

tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas

como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no

denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)

o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse

modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na

mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com

a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas

solicitaccedilotildees

Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram

os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas

conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho

40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)

73

Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se

expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo

relativamente agrave privacidade

Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam

fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave

intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas

natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela

positividade

No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas

participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo

educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute

concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no

momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses

As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam

desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela

equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente

educativo no qual se encontram inseridas

Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto

que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um

balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente

enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras

na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na

creche

Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-

se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se

41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo

74

baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do

interesse do grupo envolvido

Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)

abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)

Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em

qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos

(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva

1998)

Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise

esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado

tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)

Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto

de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de

competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de

informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da

tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e

criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da

autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo

de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)

A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila

e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um

ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes

em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)

Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve

proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio

processo de aprendizagem

No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem

de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de

projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-

educador

75

Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais

experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)

Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a

metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o

estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3

anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da

crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais

se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)

Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma

metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada

a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por

Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se

relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais

razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo

sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)

Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de

respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e

conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim

como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as

crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees

descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de

ambos os sujeitos

Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar

na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases

- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)

- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando

e quem)

- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)

- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e

partilha com outros elementos da comunidade educativa)

76

No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas

de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida

enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente

capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve

ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar

Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do

ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima

democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir

autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de

interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos

e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo

de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo

dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)

Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado

ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as

crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses

das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto

agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo

educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)

Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche

uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente

educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto

educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de

ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho

2013 p58)

A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo

das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao

ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as

77

ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao

contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)

Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto

Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas

aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a

crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e

construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado

por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto

desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades

compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes

do mesmo

Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo

de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja

principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente

relatoacuterio

Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos

promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de

brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso

a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e

consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a

educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem

ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas

42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

78

Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi

afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo

(p75)

Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um

projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses

das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte

a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo

Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do

educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as

intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito

pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva

(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas

no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as

quais se enquadra o trabalho de projeto)

Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves

caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que

embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas

proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento

singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais

se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva

potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente

educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial

criativo do educando

Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se

conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade

43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se

encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

79

No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se

torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e

esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante

No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como

meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas

relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47

Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de

ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que

possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor

preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes

criadoras

Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-

Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de

fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias

que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)

No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem

foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila

Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo

implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades

individuais (hellip)rdquo (p119)

Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo

da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das

intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma

educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que

cria laccedilos sociaisrdquo (p21)

46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo

47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

80

Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas

etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos

(1998)48

Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e

prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este

Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que

as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a

asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute

que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute

apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja

confrontada

Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam

responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou

crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e

psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)

251 Definiccedilatildeo do problema

Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada

durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto

Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo

se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o

qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta

No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o

haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade

que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees

com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era

48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

81

constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o

grupo acabava por aderir

Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o

desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas

Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos

interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir

uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)

indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas

Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser

aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do

projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo

Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs

Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a

destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)

afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se

pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo

sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo

(p64)

Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual

o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os

por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo

Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate

necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA

Lili e o Lobo Maurdquo)

A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo

desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo

Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o

objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos

representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de

chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos

materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)

82

Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que

fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver

as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi

posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a

dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos

fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse

podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo

(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)

No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de

dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante

satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar

desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando

compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma

Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas

crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas

em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se

encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-

se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face

agraves suas intencionalidades

Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode

oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da

motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais

O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa

prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser

levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas

questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo

para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida

49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial

criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel

pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)

83

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do

projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por

elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem

na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as

crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse

A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste

projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar

por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as

famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo

escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria

para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de

tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das

crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees

dos meninos e meninas

No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)

referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador

deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo

Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o

ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de

diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse

Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora

do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que

levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento

sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem

tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em

casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias

jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais

84

Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de

crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem

vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)

Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo

deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da

refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a

alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas)

Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta

foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute

natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos

elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito

de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles

Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos

motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e

dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua

casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente

promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da

linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da

relaccedilatildeo causa-efeito

No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-

se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo

ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima

democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51

Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al

(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o

seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo

51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a

promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade

(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)

85

processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da

autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo

Acrescentam ainda que

Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai

mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos

atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os

problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a

criatividade (Silva et al 2016 p34)

Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico

A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e

aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se

exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo

pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)

Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo

das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de

tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma

funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo

e descoberta agrave crianccedila

As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de

conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo

chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao

niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais

especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser

desenvolvida pela maioria do grupo

Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando

em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da

qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si

proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)

86

A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente

A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto

o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A

criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada

para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)

Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas

planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do

projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o

decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante

a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio

Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute

condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para

o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)

Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela

accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando

saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia

(Dewey amp Dewey 1915)

Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma

constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a

experimentaccedilatildeordquo52

Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como

meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes

dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava

um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto

ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a

criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto

52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma

construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo

(Freinet sd)

87

A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de

integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo

tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem

o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais

Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo

Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma

ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a

comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)

A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar

1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-

Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky

1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)

Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a

situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem

desenvolvendo possiacuteveis ideias

Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao

fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo

da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e

protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave

distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a

expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao

grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)

que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo

Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a

expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era

53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao

estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz

imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando

ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das

crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)

88

questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso

negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas

A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo

influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente

agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo

considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que

estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a

pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo

o que natildeo era possiacutevel

Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face

ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves

crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve

explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas

referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da

Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente

para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser

reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados

pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a

manipulaccedilatildeo dos mesmos

As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com

as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses

Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem

se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998

Rodrigues 2004)

No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo

exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do

ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis

agrave prossecuccedilatildeo das atividades

Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em

aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na

mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a

89

ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora

cooperante

Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado

ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que

antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo

Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta

natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e

considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo

Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava

a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto

sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo

se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela

instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a

atividades livres

Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os

interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos

mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis

custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que

estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade

Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas

materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes

despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e

observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das

crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como

materiais de expressatildeo plaacutestica

No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido

desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o

meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde

constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste

relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia

das artes no desenvolvimento da crianccedila

90

Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais

apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o

egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em

questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez

constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo

e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro

Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de

opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de

negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo

(p39)

Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e

negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila

Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em

seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam

realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e

como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados

jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a

conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse

conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar

253 Execuccedilatildeo

No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto

cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das

quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo

visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum

No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as

atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares

e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e

disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de

crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se

iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos

91

Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi

o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar

uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade

Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando

que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos

permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais

individualizados e inclusivosrdquo (p8)

Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar

mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o

desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)

Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor

coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave

realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite

que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)

Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade

de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um

tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de

todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)

Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava

convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo

jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o

educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar

Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio

se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras

atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto

com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse

Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia

todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo

(p105)

Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas

considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a

92

par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de

transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em

grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente

expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas

participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo

Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes

construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de

todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados

e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)

Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute

desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma

partilha de saberes coletiva

2531 Jogo da memoacuteria

No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se

proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por

introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo

de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o

intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel

de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas

ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili

A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de

processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e

concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo

Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade

do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel

deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a

maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que

55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas

imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e

concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes

93

apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos

consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma

crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando

caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)

Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos

colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual

estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo

da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)

Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de

algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na

concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de

implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas

mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente

desenvolvimento de competecircncias

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)

Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das

atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao

desenvolvimento da casa da Lili

No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa

da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que

mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham

indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos

jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56

Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que

concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os

materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as

56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

94

principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as

suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto

Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher

aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de

expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal

facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas

Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na

instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo

plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder

agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo

o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua

que se encontravam presentes no espaccedilo educativo

O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o

intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as

dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das

paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da

colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas

possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar

os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver

Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57

desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo

Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2

anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando

espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash

Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)

Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas

revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo

parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador

57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain

1977)

95

fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila

do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento

As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem

significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento

do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma

que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona

bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo

desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho

colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico

partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores

Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o

reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash

Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas

Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas

crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na

concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem

observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa

da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das

atividades sem interferir nas mesmas

Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes

no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili

como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as

dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa

da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a

executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo

impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de

realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a

assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir

96

questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do

seu agrado e como deveria continuar a proceder

Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma

vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa

parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes

Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do

desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros

e quantidades formas e noccedilotildees espaciais

Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada

dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado

espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o

fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira

livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)

A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar

fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem

posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo

estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo

Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)

Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em

desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da

Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa

que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a

educadora cooperante

No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio

disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de

58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da

criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

97

tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo

da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa

atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou

Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na

instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material

por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o

efeito pretendido

As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a

diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua

liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu

para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na

casa da Lili)

Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no

manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem

dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por

uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas

natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola

disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola

natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos

Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido

o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as

habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o

desenvolvimento do sentido esteacutetico

2535 Montagem da casa da Lili

Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua

montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras

na tatildeo aguardada casa

No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio

definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com

98

o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da

casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas

que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante

pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos

de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo

semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo

Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como

a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim

como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no

qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia

ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham

apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela

crianccedila

Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma

vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo

natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material

A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os

tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das

crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao

teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem

que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas

No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo

vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo

que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia

o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e

possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes

crianccedilas

Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo

estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a

afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na

instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o

espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar

99

No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os

movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves

dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os

recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas

brincadeiras

No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela

educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva

conclusatildeo da casa da Lili

A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as

mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a

material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse

motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa

Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha

conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus

interesses

Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave

mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde

as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser

realizadas atraveacutes das janelas

Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional

nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar

a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a

questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave

porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal

era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida

Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e

assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili

algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio

agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash

Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de

crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas

100

em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao

usufruto da casa

Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se

constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo

oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico

(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros

merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si

responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e

valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado

A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto

de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os

tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59

Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas

igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o

mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim

de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse

momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute

mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados

que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo

natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo

Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili

com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as

crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo

A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde

em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram

59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18

101

tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas

de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo

com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez

que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das

habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica

Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo

podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide

exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa

inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem

ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas

segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel

telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua

configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com

mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado

No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam

ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a

interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas

duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam

afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no

entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado

Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como

o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da

tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando

o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de

um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo

A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e

estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente

afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e

salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar

61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos

das mesas

102

o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas

em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa

Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas

(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder

de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas

todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim

colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram

disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)

pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no

papel de cenaacuterio

As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e

estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria

assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas

explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como

se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos

peacutes das crianccedilas)

Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era

o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-

se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas

caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da

atividade

Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do

aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da

coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex

estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili

Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de

se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter

utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de

103

decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma

das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa

A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido

que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62

Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material

do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas

a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute

que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia

crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade

Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a

formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou

com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse

concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser

possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com

os outros momentos da rotina consequentes

No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas

pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria

procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade

que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado

o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios

Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade

agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade

de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo

se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso

agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por

pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo

do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura

do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)

62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila

104

Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e

fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades

posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas

pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas

com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas

e texturas

Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas

e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se

espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao

percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as

suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)

Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a

mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas

face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65

fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36

ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)

Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada

uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a

realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores

efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66

Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de

significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais

cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo

63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila

65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila

66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o

desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias

face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com

cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as

crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas

105

para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas

tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada

Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do

aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes

do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho

colaborativo e trabalho cooperativo

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili

levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que

fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de

realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam

ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades

considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles

destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode

condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades

de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens

Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de

tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a

concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68

a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das

crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes

disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no

67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili

68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos

riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que

natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de

verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes

alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas

apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova

atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse

sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas

106

que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades

anteriormente realizadas69

Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que

concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo

esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando

as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura

Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e

misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas

Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de

utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos

e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na

promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo

de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos

para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)

Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente

cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos

desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada

crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto

estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das

criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que

durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto

que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia

Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas

em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende

que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das

69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou

bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas

71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias

entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)

107

realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do

desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens

Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas

usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo

um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por

conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor

procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas

da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo

estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo

Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma

teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas

relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das

cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e

conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da

massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo

2541 Avaliaccedilatildeo

Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para

a accedilatildeordquo (p15)

Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida

com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo

para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004

Silva et al 2016)

25411 Crianccedilas

A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma

sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e

considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser

108

modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento

das aprendizagens

Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo

permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o

desenvolvimento cognitivo e da linguagem

Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas

mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila

Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais

momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute

nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves

crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham

realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo

mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas

caso as fossem efetuar futuramente

Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente

acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador

constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base

de desenvolvimento dessa

Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa

educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que

foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este

questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)

Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo

indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a

avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento

sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo

avaliativo que seja processado de modo persistente

25412 Famiacutelias

Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que

estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem

109

Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no

desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais

responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo

Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo

de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas

conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)

Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois

dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a

cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o

trabalho de projeto desenvolvido

Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma

explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento

concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)

Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como

referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes

que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo

uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais

adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios

progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo

necessaacuterios

Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias

caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de

famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista

No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento

redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora

sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo

limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias

72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio

110

Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e

anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias

Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas

revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da

ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia

Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores

da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou

na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia

alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute

mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo

ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo

projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73

No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a

importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis

pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis

Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um

terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de

desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)

Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham

conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo

e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam

por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva

face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa

amp Sarmento 2010 p149)

Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento

das crianccedilas as famiacutelias indicaram

73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia

pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)

111

- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam

de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades

- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e

ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas

famiacutelias

- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado

- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar

ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das

famiacutelias

- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas

vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas

Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de

um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico

Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute

proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)

2542 Divulgaccedilatildeo

Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi

desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas

maneiras (Vasconcelos 1998)

A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir

acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-

os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)

No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas

educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua

jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo

sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo

de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o

que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas

112

e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em

horaacuterios poacutes letivo

As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo

aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das

atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os

pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o

fomento da sua auto-estima e confianccedila

Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e

valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)

Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)

assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo

projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar

tal projeto avante

Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo

efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo

concretizadas pelas crianccedilas

Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias

durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto

com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o

que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa

Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o

projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite

soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade

de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante

a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo

ocorresse

Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas

ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo

a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente

educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas

responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros

113

3 Consideraccedilotildees finais

Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido

percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a

qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia

Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave

concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos

definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse

fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de

objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma

metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um

trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa

integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um

ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade

A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a

potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila

considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se

um desenvolvimento integrado

Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial

criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico

desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de

aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo

criativa da crianccedila eacute condicionada por esse

Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os

fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas

tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias

necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a

promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o

cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo

114

Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de

oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi

fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta

perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a

Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o

educar

Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das

crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem

juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila

assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-

se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos

inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo

do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno

Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a

cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do

presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das

famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua

vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das

suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das

famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa

derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa

Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de

Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da

crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias

aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro

2011 p100)

Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal

(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao

processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu

papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para

explorar intervir decidir e agir

115

Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche

jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das

experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de

ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem

para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se

inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas

crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de

crianccedilas

Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral

considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel

pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila

Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo

das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New

Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)

Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da

criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz

respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs

Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente

relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o

reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores

do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar

ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a

criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo

Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao

desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da

associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como

destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a

associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso

Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito

de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo

legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do

116

potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute

igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens

Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida

continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da

criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem

perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal

Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente

educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma

competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida

permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como

a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees

considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam

117

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Regulamento Interno (20172018)

133

Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

0

1

2

3

4

26 27 28 29 30 31 32

Nuacute

mer

o d

e cr

ian

ccedilas

Idade (em meses)

Idade das crianccedilas (em meses)

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora

cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve

(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer

um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute

como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo

No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem

em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham

No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida

e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais

implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em

posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as

dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois

natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem

realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo

Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta

um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras

grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora

ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo

das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao

jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse

espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio

dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo

educativa e estagiaacuteria

Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e

constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute

procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo

alternando entre estes

Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda

prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na

mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se

dirigirem para a sala

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel

afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do

seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de

descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a

desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto

para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e

subida de degraus

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Indicadores

Crianccedilas

Apanha objetos com facilidade

Segura objetos com facilidade

Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual

Preensatildeo de pinccedila

Observaccedilotildees

PD MD GD PD MD GD

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

PD ndash Pequenas Dimensotildees

MD ndash Meacutedias Dimensotildees

GD ndash Grandes Dimensotildees

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o

criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores

azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo

foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido

associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores

correspondentes

Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com

alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e

reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel

deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de

objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes

cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das

crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir

conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre

essas

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de

forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado

retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e

agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a

maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo

de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e

distinccedilatildeo entre as mesmas

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo

Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Indicadores

Crianccedilas

Compreende mensagens

orais

Compreende um discurso instrucional

Elabora frases

simples

Efetua associaccedilatildeo

entre nome e objeto

Refere o seu nome

Usa a linguagem

oral para expressar desejos

necessidades informaccedilotildees responder ou

realizar questotildees

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Avaliaccedilatildeo da autonomia

Revela autonomia quanto agrave

Indicadores

Crianccedilas

Realizaccedilatildeo da higiene

Realizaccedilatildeo das

refeiccedilotildees

Escolha das

atividades

que pretende

desenvolver

Escolha dos

materiais que pretende usufruir

Resoluccedilatildeo de

conflitos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Efetua interaccedilotildees com

Indicadores

Crianccedilas

Crianccedilas

Adultos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem

Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)

Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar

o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo

mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que

andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili

Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili

e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da

Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo

Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao

ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo

Mau

(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres

(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo

que cheira muito bem

(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho

do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau

(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer

(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu

vou dar-te uma trinca

(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me

dares um bocadinho do teu bolo

(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para

o trincar)

(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro

Aaaahhhh

(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que

nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar

flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de

casa saindo de cena temporariamente)

O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado

por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili

para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo

Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili

(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)

mas natildeo conseguiu

Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a

casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e

retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)

O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e

quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse

(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)

A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha

conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava

destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar

porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu

o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um

bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de

uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda

casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar

E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes

da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da

Lili e ao bolo de chocolate

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca

Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de

higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento

da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo

com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias

face ao projeto

Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente

tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo

Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas

crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso

a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades

apresentadas pelas crianccedilas

A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela

estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo

essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na

destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus

amigos na construccedilatildeo de uma nova casa

Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa

para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas

aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo

As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual

atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo

simboacutelico

Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos

a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a

importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas

Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo

relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do

mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas

respetivas famiacutelias se assim o pretenderem

Questotildees

bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto

bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o

desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que

modo

Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como

as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas

vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo

Grata pela atenccedilatildeo

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave

execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de

desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FS e V

Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com

outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares

correspondentes agraves imagens fornecidas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V

efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as

suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila V

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a

observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das

mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela

pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem

uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante

observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e

mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FN e MB

Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a

realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par

estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par

como se procedia o desenvolvimento do jogo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB

apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num

dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda

(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila P

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica

fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo

pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa

forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica

materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione

somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila L

Idade 2 anos e 6 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que

manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo

ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador

das cores anteriormente mencionadas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e

identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas

para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos

constituintes da casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos

tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a

casa da Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos

e respetivos padrotildees

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de

tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da

casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma

crianccedila

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a

desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de

brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com

jogos em momento de brincadeira

na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas

crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila C

Idade 2 anos e 5 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 07122018

Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados

pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as

suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e

identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais

colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado

pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila

revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o

seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros

para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da

mistura de outras cores

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo

de tintas de cores distintas

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila L P

Idade 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21122018

Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais

especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave

estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo

A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens

penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha

sido concretizada a pintura

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo

que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante

interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa

da Lili

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a

massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com

massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos

utilizando massa de farinha

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila

Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Crianccedila Objeto (s) criado (s)

C Televisatildeo

CC Bola

FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

FN Carro de brincar

FS Mala

G Caixa

L Chapeacuteu

LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

MA Bolachas

MB Bolo de chocolate

MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

N Bola de futebol

P Vaso

S Rebuccedilado grande

T Almofada

V Telefone

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Page 5: A promoção de ambientes educativos favoráveis ao ...repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.11796/2851/1/Relatório Final.pdfAnexo 35 – Criança a exibir as suas mãos com cor de

IV

Abstract

The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice

developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose

the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion

of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression

The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding

of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and

in the respective development of the student the perception of possible strategies that

allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the

development of creativity in education

An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese

Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical

intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding

the development of practices that support the fostering of creativity in the educational

field aimed at education professionals An investigation was also conducted to

educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education

For the realization of this report a bibliographic research was carried out through

which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives

to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a

project work that was developed in the context of childhood education and to which as

a data collection technique observation records are added in order to contribute to the

analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations

resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done

Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education

V

Iacutendice

Introduccedilatildeo 13

1 Enquadramento teoacuterico 16

11 Criatividade 16

111 Definiccedilatildeo do conceito 16

112 Capacidade inata ou adquirida 21

12 Educaccedilatildeo e criatividade 23

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos

de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47

132 Papel do educador 49

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65

2311 Espaccedilo 66

2312 Materiais 68

2313 Tempo 69

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71

23141 Crianccedila-crianccedila 71

23142 Crianccedila-adulto 72

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77

251 Definiccedilatildeo do problema 80

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83

253 Execuccedilatildeo 90

2531 Jogo da memoacuteria 92

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96

2535 Montagem da casa da Lili 97

VI

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107

2541 Avaliaccedilatildeo 107

25411 Crianccedilas 107

25412 Famiacutelias 108

2542 Divulgaccedilatildeo 111

3 Consideraccedilotildees finais 113

Bibliografia 117

VII

Iacutendice de Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e

o Lobo Maurdquo

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da

Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila

VIII

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

IX

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa

da Lili e ao bolo de chocolate

Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro

Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)

Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)

Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da

memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da

execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre

recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que

constituem a casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees

X

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de

servir de telhado para a casa da Lili

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas

Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da

pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de

tintas de cores distintas

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de

farinha

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XI

Iacutendice de Tabelas

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XII

Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos

AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade

APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia

CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico

DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

MPCC - Manual de Processos Chave da Creche

NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs

13

Introduccedilatildeo

No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de

Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja

temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento

do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia

Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi

definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles

- Compreender o conceito de criatividade

- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo

considerando o desenvolvimento da crianccedila

- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da

infacircncia

- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da

criatividade no acircmbito educacional

As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante

uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em

contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada

Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho

pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no

acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do

estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo

educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita

eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo

da praacutetica concretizada

O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16

crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa

da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche

decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019

14

Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho

levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da

estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que

suportam o mesmo

Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a

estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram

de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor

do desenvolvimento deste trabalho

A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de

investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica

da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia

e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)

Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao

desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta

Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas

tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem

desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes

1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)

Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)

Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra

maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)

O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser

humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade

eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada

e promovida

Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e

promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)

Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp

Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)

15

A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e

concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo3

MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade

o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente

educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis

Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o

reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos

assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo

No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto

educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior

(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino

Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia

Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela

estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na

crianccedila

Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver

corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft

(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo

um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia

estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi

referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio

para a formaccedilatildeo plena da crianccedila

2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21

16

1 Enquadramento teoacuterico

11 Criatividade

111 Definiccedilatildeo do conceito

A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil

de definir (McLintic 2018)

Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como

tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua

complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo

atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes

autores

Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por

Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do

conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo

Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)

refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao

conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem

sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias

antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante

a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua

amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme

referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio

Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve

referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde

a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)

4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino

tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten

Araya 2011 p2)

17

Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num

dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar

de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado

apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave

perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade

como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo

Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo

Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos

aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa

De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados

por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos

significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade

Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave

criatividade mediante perspetivas de diferentes autores

- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que

criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade

a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves

pessoas consideradas criadoras [pessoa]

- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)

criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto

produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se

igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]

- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana

que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua

novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para

o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]

5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa

18

- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo

uacutenico e original [produto]

- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira

2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a

produccedilatildeo de algo novo [produto]

- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade

que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo

padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]

- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker

Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma

habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo

de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]

- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum

comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou

realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]

- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo

atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo

formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e

posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]

- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de

originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda

uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]

- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude

que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo

caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]

19

- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a

capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-

produto]

- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de

capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se

caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se

desenvolvam [pessoa-produto]

- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que

permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de

personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]

- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual

se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]

Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para

o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-

se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo

apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel

histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)

caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)

Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e

Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido

consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld

amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo

(p62)

Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman

amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo

e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes

leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes

tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma

20

caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um

processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular

(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)

ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto

consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode

traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e

originalidade

Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou

diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de

complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se

verifica (Braumann 2009 Morais 2015)

Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)

defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a

originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo

implicam obrigatoriamente criatividade

Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute

frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos

o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um

processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais

mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para

se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante

Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o

recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson

2011)

Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e

em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por

Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade

eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees

objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a

laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo

Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma

competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os

21

estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)

permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias

suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da

novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao

meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo

Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da

trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem

simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo

uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de

complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais

112 Capacidade inata ou adquirida

Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel

deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por

sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por

conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um

sentido criativo

Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta

como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser

adquirida

Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a

criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da

caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento

perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow

1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar

1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009

Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave

semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De

La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem

de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu

contexto sociocultural por exemplo

22

Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal

natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp

Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992

1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco

(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo

o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial

Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte

desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e

contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de

forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo

Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do

ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar

(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o

ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o

desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees

oferecidas

Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave

emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois

aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no

seu desenvolvimento

Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e

consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por

Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo

apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que

circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio

necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem

obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo

Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos

internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente

dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)

23

Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica

intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo

o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as

caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo

se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto

ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980

p117)

12 Educaccedilatildeo e criatividade

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo

A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto

eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e

Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003

citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada

pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas

do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta

a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar

necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais

adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)

Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no

mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os

criamosrdquo6

Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece

ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na

sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos

6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by

the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)

24

educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no

desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)

Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono

(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais

importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a

repetir os mesmos padrotildeesrdquo7

Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas

pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se

caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de

adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas

E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade

em contexto educativo

Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do

estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator

fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma

educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8

Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a

afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse

modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo

Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade

poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos

que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma

constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que

7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human

resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the

same patternsrdquo (Edward de Bono sd)

8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a

existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo

Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a

criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que

promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo

25

uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-

atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)

Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta

a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual

em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma

abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha

de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA

educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um

futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta

anosrdquo (p19)

Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas

encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social

cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e

repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver

competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta

realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)

responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e

rapidamente (hellip)rdquo

Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela

que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela

crianccedilardquo (p21)

Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp

Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por

parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao

indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo

baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do

indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo

combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social

Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute

absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as

26

quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma

educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)

Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma

educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do

indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas

rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)

predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)

Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem

indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do

desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que

lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal

Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por

Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo

de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo

daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo

As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para

a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas

que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que

concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus

proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas

e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar

Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como

uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma

espeacutecie de know-how

Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a

criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos

resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo

ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de

percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo

de ideiasrdquo (p18)

27

A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par

com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo

humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas

possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve

passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas

ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)

Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma

perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas

educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e

aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se

em agentes sociais significativosrdquo (p123)

Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a

criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo

associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia

permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se

deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de

perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais

Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft

(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano

deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos

e natildeo prejudiciais

Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante

desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando

o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja

capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em

questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter

conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua

adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave

unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia

diferenciando-o dos demais

Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia

se pode denominar como uma atitude de e perante a vida

28

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de

referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas

Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no

desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras

competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por

Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco

2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)

Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a

criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-

aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp

Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema

educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e

superior

Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa

a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda

alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar)

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE

2016)

No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste

relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais

especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a

documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]

29

Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do

contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse

motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho

(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda

e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume

Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com

crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma

profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade

acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso

para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)

Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)

defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees

estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a

valecircncia em questatildeo apresenta

A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo

preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar

uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos

cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve

ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto

indiviacuteduordquo (p1)

Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias

integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o

desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico

defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)

30

educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que

ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila

Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de

anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder

ao registo dos resultados obtidos

Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP

mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo

respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da

Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)

estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)

Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir

para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos

indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis

autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I

Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico

e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre

troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de

julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se

empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)

No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-

aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave

EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila

assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I

Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)

Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade

tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art

7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)

Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a

descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio

31

memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica

promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade

socialrdquo

De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino

averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos

elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino

Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne

ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III

constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo

de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma

Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades

especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II

Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como

principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem

necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo

anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma

o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga

e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se

necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar

o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se

verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e

econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar

de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios

e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra

Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute

caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e

atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos

responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas

32

as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao

niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino

e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de

competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a

elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida

no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as

crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de

uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em

que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade

Obrigatoacuteria p10)

Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo

se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees

relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas

disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do

documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de

Competecircncias

A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os

jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a

criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma

vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da

escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente

criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo

(p15)

Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais

determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e

desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o

pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser

fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento

incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma

relaccedilatildeo processo-produto se tratasse

Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees

complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo

33

humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute

tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se

assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e

aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de

diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos

cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de

competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-

produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo

causa-efeito

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na

sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-

Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap

IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam

quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute

defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo

essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo

preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]

homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como

sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-

escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)

As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios

sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e

Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo

Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da

conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo

assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa

desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de

conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de

infacircnciardquo (p34)

34

No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas

crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se

colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a

participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de

agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se

com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9

Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea

incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)

aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu

processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo

A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as

OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes

Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e

Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)

formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os

seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o

mundo que a rodeiardquo (p43)

Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma

grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade

encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como

uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas

e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)

No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se

como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)

tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial

criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de

competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas

9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60

35

criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de

jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar

movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de

situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou

ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e

criticando-as13

Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo

em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO

desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas

de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o

desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e

maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da

Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e

Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo

Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim

como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo

e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da

Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave

criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente

desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado

Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de

modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito

maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o

desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios

respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo

11 Consultar OCEPE p 52

12 Consultar OCEPE p 57

13 Consultar OCEPE p 83

36

Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens

a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais

subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma

considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves

possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento

considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de

conteuacutedo que integram as OCEPE

Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de

aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute

promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que

a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos

sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias

proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees

que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas

emocionais e criativasrdquo (p105)

Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema

Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua

documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto

agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado

Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras

experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute

ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias

e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem

ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36

meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu

desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)

Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no

desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a

criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e

37

explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de

estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se

encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo

Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de

Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam

um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute

que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e

capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados

ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo

A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser

assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada

como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da

crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado

ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)

expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)

Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e

Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se

constatam Veja-se

Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o

Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que

ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas

no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos

tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que

lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo

contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos

requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se

semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias

14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25

38

A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo

educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino

termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta

somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e

Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos

Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia

que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a

subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do

pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto

de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino

citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo

O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a

Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de

ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por

se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a

Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel

No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei

nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas

baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de

estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o

fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias

sejam em nuacutemero reduzido

Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se

presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como

na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo

Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do

Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo

ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes

39

formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em

todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger

o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a

transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute

que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente

agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila

verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade

no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas

Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e

inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se

verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes

(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento

da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a

determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas

aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral

No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se

assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos

educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um

processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma

continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e

cidadatildeo

Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp

Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria

igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez

que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo

acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente

relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar

atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto

que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas

simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria

40

Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a

criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer

que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da

criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar

referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e

praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem

adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os

educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades

e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo

A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e

Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na

educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que

permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo

existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando

a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que

aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem

ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das

suas potencialidades criativas

Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de

documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a

desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que

por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche

(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do

Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas

promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops

seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora

relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de

competecircncias criativas

No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume

foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator

Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos

serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet

praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que

41

podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais

praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo

assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa

De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na

documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da

mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa

natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos

face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que

permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa

Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar

um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas

desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de

educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo

obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias

Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias

Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria

em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em

oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que

estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a

incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos

documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP

se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que

permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto

Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha

existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos

educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade

educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a

importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade

das crianccedilasrdquo (p76)

Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e

informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que

poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

42

Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida

aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas

dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se

relacionam e se inserem

Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo

destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de

incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode

assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)

Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores

preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles

ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando

os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que

ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser

preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se

tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo

(Novaes 1980 p121)

Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes

torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por

conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas

distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso

comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem

simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e

nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis

Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao

desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se

vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que

natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem

omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas

necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica

Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes

na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e

43

praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de

autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo

(p9)

Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso

Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto

educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade

(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores

em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o

neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender

com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)

Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de

orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto

educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal

aspeto

Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com

o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi

possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo

mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o

Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo

de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo

uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC

Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)

uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e

interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos

principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo

de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo

nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo

a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando

valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo

contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes

ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da

APEI)

44

Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no

desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que

permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e

propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias

coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave

periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador

que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas

as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa

Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade

trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente

denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa

sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de

reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua

Qualidaderdquo

Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar

artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)

sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-

line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem

ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um

entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados

em papel apresentam um custo monetaacuterio

Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de

caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela

promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas

muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o

intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover

atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que

podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo

contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que

correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo

de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de

cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos

da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)

45

Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas

promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia

Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um

conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como

ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas

aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)

No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram

disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para

consulta on-line

Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da

APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que

concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da

Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas

que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a

finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber

Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo

enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo

de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino

Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar

ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da

Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua

desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores

dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)

Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado

pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos

se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees

neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme

referido

Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino

Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da

docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-

46

se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas

uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o

seu maacuteximo potencial

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes

educativos

A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel

afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo

somente em etapas da vida numa fase posterior

Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente

pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda

2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por

Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a

importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd

citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do

potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o

(Alencar 1992 Novaes 1980)

A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe

a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que

possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave

acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)

Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo

sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica

que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute

afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo

positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade

(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)

Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na

infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram

mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute

47

porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)

apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar

as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da

criatividade na infacircncia

Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo

criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo

da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser

desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)

Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas

visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia

uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar

no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-

se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes

2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco

2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma

atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora

contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila

Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades

fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas

pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras

estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as

suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu

potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e

proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante

o decorrer dos momentos de brincadeira

48

Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o

fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo

desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7

Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)

atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos

1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira

2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)

ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave

busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada

situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar

1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do

potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de

Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar

(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que

aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto

de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem

ser adotadas

Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do

desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se

tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA

criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta

a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo

conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)

No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha

da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades

competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de

aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo

se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa

2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem

estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)

49

132 Papel do educador

O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento

responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico

que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada

apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como

aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu

desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser

planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo

do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades

devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e

Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade

pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e

consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)

Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e

desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila

considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e

ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado

com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as

suas aprendizagens e progressos

Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp

Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais

ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores

Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade

e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo

normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias

que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto

dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam

50

o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas

face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa

Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos

professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)

os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos

contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos

e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma

relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo

Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes

desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer

mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do

educando e seus comportamentos

De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente

face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo

condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como

o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley

1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)

Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente

ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando

Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento

da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees

estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico

de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes

1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)

Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da

criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo

e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar

1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)

51

Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola

avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto

favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)

Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel

do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como

favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial

criativo da crianccedila

Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as

causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)

Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar

traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e

inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo

mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar

acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente

encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas

de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do

potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a

tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a

relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo

acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea

2008)

Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem

favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e

influecircncia exercida no educando e ambiente educativo

Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores

favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes

- Atitudes e valores

- Interaccedilatildeo educador-crianccedila

- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

- Conhecimento e formaccedilatildeo

52

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

Papel do

educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Atitudes e

valores

Conceccedilatildeo da criatividade como elemento

essencial ao processo educativo

(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-

Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp

Alencar 2018 p7)

Conformaccedilatildeo com entraves surgidas

face agrave promoccedilatildeo da criatividade

(Alencar 1992 Sternberg amp

Williams 2003)

Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da

criatividade

(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Desvalorizaccedilatildeo das suas

competecircncias

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Falta de confianccedila e inseguranccedila em

agir com receio de errar ou atentar

contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do

sistema educativo

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Interaccedilatildeo

educador-

crianccedila

Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista

ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo

educando

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley

1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten

2005)

Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do

educando

(Torrance 1977)

Elogio e criacuteticas construtivas

(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith

2001)

Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de

cada crianccedila assim como do seu

potencial criativo

(Alencar 1992 2007 Sternberg amp

Williams 2003)

Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada

educando

(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar

2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira

amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005)

Supervisatildeo e controlo excessivo

(Torrance 1977 Sternberg amp

Williams 2003)

Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens

desenvolvidas pelo educando

(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por

Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten

2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)

Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de

valor eou comentaacuterios depreciativos

(Alencar 1992 Torrance 1977)

53

Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no

que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de

seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no

caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente

Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no

educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)

Papel do educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Organizaccedilatildeo do

ambiente

educativo

Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no

processo educativo

(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar

2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)

Dependecircncia exclusiva do

curriacuteculo

(Alencar 1992 2007 Torrance

1977)

Aprovisionamento de tempo e oportunidades que

permitam ao educando efetuar descobertas e

aprendizagens mediante o seu ritmo

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997

Fleith 2001 Aragoacuten 2005)

Ensino Tradicional

(Alencar 1992 2007 Morejoacuten

2000 Alencar Fleith amp Pereira

2017)

Fornecimento de recursos materiais adequados

aos interesses competecircncias e necessidades dos

educandos

(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)

Oferta excessiva de recursos

materiais

(Torrance 1977)

Clima democraacutetico

(Torrance 1977 Cropley 1997)

Tempo destinado exclusivamente agrave

promoccedilatildeo de aprendizagens

curriculares

(Alencar 1992 Cachia Ferrari

Ala-Mutka amp Punie 2010)

Conhecimento e

Formaccedilatildeo

Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade

Carecircncia de saberes acerca do tema

(criatividade)

(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010

Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

54

ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e

reprimidas

Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da

criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave

perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao

indiviacuteduo assim como de naturezas diversas

55

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas

Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)

um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as

hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)

Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo

de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho

Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao

desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo

revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute

meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e

necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho

pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo

de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no

qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede

privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo

A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente

necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no

qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada

de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto

mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora

No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee

de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o

funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a

56

crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades

compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)

No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm

CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de

escolaridade)

Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas

polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as

suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos

aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)

Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo

educativa estes satildeo

- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo

Pedagoacutegica

- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de

Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas

Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma

Conselho de turma

- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas

Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos

administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza

- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais

Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito

agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de

accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as

salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala

verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36

meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma

sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade

57

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional

Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a

perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em

questatildeo

Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento

face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao

desenvolvimento do educando17

Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade

os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras

finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e

competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de

interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para

desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo

progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania

a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que

concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila

Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na

qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser

fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento

integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees

surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e

inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18

No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade

natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa

dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo

16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz

educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da

inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

58

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se

desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu

e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o

grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e

sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel

Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32

meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das

crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do

sexo feminino

No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo

em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar

que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante

aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e

informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)

desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo

Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria

mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte

da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas

durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para

as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e

registado

Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria

esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste

em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e

19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os

sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para

efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)

59

descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o

desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)

Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de

informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua

Portuguesa)

Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o

conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao

desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia

considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente

agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas

(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)

Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao

desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do

desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que

somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes

encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo

ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas

ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e

atitudes perante um contexto natildeo-familiar

Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e

comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as

crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21

visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e

correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo

grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)

Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp

Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada

20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores

60

vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo

(p162)

Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem

acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi

possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman

(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e

subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo

alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)

Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio

das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa

Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas

matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus

com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos

Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom

desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees

A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de

pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas

das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24

encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por

duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida

pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras

finas)

Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa

etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo

elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo

22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos

61

O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e

caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento

do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais

especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds

amp Feldman 2009)

No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um

bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos

sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo

Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta

nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo

grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha

na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem

do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta

constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias

das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades

de expressatildeo plaacutestica

Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o

desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando

e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode

constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila

(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)

O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma

atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky

1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via

27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em

diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e

diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio

62

atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016

Oliveira 2018) 32

Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo

o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de

categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda

se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o

nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)

Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a

maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena

minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)

Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste

fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e

compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada

considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em

questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo

ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos

manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a

aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados

Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem

oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se

registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever

aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo

educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a

musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha

verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem

a sua frequecircncia em terapia da fala

32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

63

Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira

recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos

necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees

As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave

comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais

constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)

elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar

o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)

Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses

estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na

formaccedilatildeo de frases (simples)33

Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um

discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente

No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento

face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do

seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso

instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo

Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia

esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para

avaliaccedilatildeo da autonomia)

Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as

autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto

Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para

eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem

usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas

apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade

33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do

desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)

34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo

64

Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave

partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35

O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver

a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos

Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves

crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)

No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou

acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste

tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila

envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou

soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No

entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se

primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim

de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees

sociais e desenvolvimento integral

Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em

situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas

compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma

soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador

incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas

exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si

proacuteprias e nos outros

Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da

sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre

si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente

aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a

35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para

consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de

uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na

procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila

36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais

(Eisenberg 2005)

65

desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a

interagir seja com outras crianccedilas ou adultos

Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade

e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a

estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um

facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre

as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo

da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada

Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade

o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila

conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento

Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a

caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito

(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain

1977)38

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das

intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo

promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e

apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas

necessidades e interesses

Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo

materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas

entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades

37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

38 Ver 132 Papel do educador

66

2311 Espaccedilo

Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves

oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-

se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o

intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas

Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute

espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos

pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode

ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)

As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas

pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para

o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve

assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39

Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas

criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a

possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas

Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem

de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo

ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse

modo perigo

No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito

tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico

permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis

quedas

39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a

serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel

superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se

encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis

de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas

67

Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post

2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento

visual da crianccedilardquo

Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que

permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior

Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o

mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel

obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante

luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso

a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos

presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem

favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas

cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas

No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para

a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do

espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para

as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)

Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves

crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e

consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees

Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se

encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua

abertura por parte das mesmas

No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas

dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e

ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos

As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter

perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo

bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas

68

O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e

respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al

2016)

A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam

aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de

papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)

2312 Materiais

Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis

diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila

condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu

desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)

Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e

considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

por parte das crianccedilas estes apresentam-se

- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)

- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia

condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das

crianccedilas)

- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo

pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que

facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos

materiais disponibilizados

- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de

inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)

- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo

(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de

69

feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores

do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para

realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo

dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e

dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros

puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)

Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores

agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se

encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas

Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees

(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos

quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em

contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas

podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente

seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza

2313 Tempo

O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador

e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser

somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais

necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo

permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo

(Cardona 1999 Silva et al 2016)

A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua

sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta

conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al

1996 Niza 2012)

Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu

esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas

realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)

higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a

70

ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por

todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas

ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)

Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a

educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em

questatildeo Silva et al (2016) afirmam que

ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser

responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se

traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e

dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve

assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em

que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)

O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por

norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles

dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para

o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para

efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas

pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas

podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado

agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham

feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)

No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita

atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de

atender agraves suas necessidades

Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez

numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel

seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora

dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo

do conhecimento da mesma pelo grupo

71

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees

23141 Crianccedila-crianccedila

Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos

de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas

(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e

intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)

Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem

em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando

conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem

O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes

momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em

pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente

Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e

relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para

serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando

mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila

Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as

crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim

consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras

Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de

conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como

mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser

simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho

e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)

Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira

1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai

sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas

Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se

estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si

72

23142 Crianccedila-adulto

No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente

educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees

distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria

personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e

valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)

O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de

aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas

educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como

apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)

Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora

cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas

satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo

havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees

planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo

adequadas a cada crianccedila

Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas

tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas

como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no

denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)

o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse

modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na

mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com

a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas

solicitaccedilotildees

Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram

os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas

conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho

40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)

73

Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se

expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo

relativamente agrave privacidade

Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam

fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave

intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas

natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela

positividade

No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas

participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo

educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute

concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no

momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses

As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam

desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela

equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente

educativo no qual se encontram inseridas

Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto

que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um

balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente

enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras

na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na

creche

Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-

se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se

41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo

74

baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do

interesse do grupo envolvido

Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)

abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)

Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em

qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos

(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva

1998)

Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise

esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado

tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)

Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto

de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de

competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de

informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da

tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e

criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da

autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo

de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)

A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila

e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um

ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes

em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)

Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve

proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio

processo de aprendizagem

No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem

de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de

projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-

educador

75

Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais

experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)

Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a

metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o

estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3

anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da

crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais

se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)

Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma

metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada

a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por

Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se

relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais

razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo

sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)

Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de

respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e

conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim

como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as

crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees

descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de

ambos os sujeitos

Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar

na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases

- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)

- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando

e quem)

- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)

- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e

partilha com outros elementos da comunidade educativa)

76

No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas

de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida

enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente

capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve

ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar

Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do

ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima

democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir

autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de

interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos

e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo

de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo

dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)

Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado

ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as

crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses

das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto

agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo

educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)

Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche

uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente

educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto

educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de

ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho

2013 p58)

A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo

das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao

ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as

77

ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao

contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)

Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto

Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas

aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a

crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e

construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado

por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto

desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades

compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes

do mesmo

Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo

de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja

principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente

relatoacuterio

Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos

promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de

brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso

a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e

consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a

educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem

ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas

42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

78

Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi

afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo

(p75)

Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um

projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses

das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte

a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo

Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do

educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as

intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito

pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva

(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas

no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as

quais se enquadra o trabalho de projeto)

Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves

caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que

embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas

proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento

singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais

se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva

potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente

educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial

criativo do educando

Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se

conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade

43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se

encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

79

No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se

torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e

esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante

No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como

meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas

relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47

Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de

ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que

possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor

preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes

criadoras

Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-

Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de

fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias

que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)

No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem

foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila

Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo

implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades

individuais (hellip)rdquo (p119)

Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo

da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das

intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma

educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que

cria laccedilos sociaisrdquo (p21)

46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo

47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

80

Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas

etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos

(1998)48

Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e

prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este

Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que

as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a

asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute

que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute

apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja

confrontada

Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam

responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou

crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e

psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)

251 Definiccedilatildeo do problema

Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada

durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto

Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo

se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o

qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta

No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o

haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade

que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees

com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era

48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

81

constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o

grupo acabava por aderir

Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o

desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas

Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos

interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir

uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)

indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas

Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser

aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do

projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo

Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs

Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a

destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)

afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se

pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo

sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo

(p64)

Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual

o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os

por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo

Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate

necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA

Lili e o Lobo Maurdquo)

A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo

desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo

Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o

objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos

representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de

chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos

materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)

82

Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que

fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver

as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi

posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a

dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos

fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse

podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo

(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)

No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de

dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante

satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar

desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando

compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma

Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas

crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas

em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se

encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-

se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face

agraves suas intencionalidades

Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode

oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da

motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais

O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa

prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser

levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas

questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo

para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida

49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial

criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel

pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)

83

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do

projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por

elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem

na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as

crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse

A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste

projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar

por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as

famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo

escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria

para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de

tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das

crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees

dos meninos e meninas

No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)

referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador

deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo

Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o

ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de

diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse

Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora

do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que

levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento

sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem

tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em

casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias

jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais

84

Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de

crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem

vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)

Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo

deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da

refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a

alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas)

Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta

foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute

natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos

elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito

de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles

Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos

motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e

dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua

casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente

promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da

linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da

relaccedilatildeo causa-efeito

No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-

se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo

ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima

democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51

Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al

(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o

seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo

51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a

promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade

(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)

85

processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da

autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo

Acrescentam ainda que

Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai

mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos

atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os

problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a

criatividade (Silva et al 2016 p34)

Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico

A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e

aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se

exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo

pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)

Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo

das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de

tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma

funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo

e descoberta agrave crianccedila

As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de

conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo

chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao

niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais

especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser

desenvolvida pela maioria do grupo

Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando

em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da

qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si

proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)

86

A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente

A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto

o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A

criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada

para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)

Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas

planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do

projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o

decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante

a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio

Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute

condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para

o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)

Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela

accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando

saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia

(Dewey amp Dewey 1915)

Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma

constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a

experimentaccedilatildeordquo52

Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como

meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes

dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava

um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto

ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a

criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto

52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma

construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo

(Freinet sd)

87

A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de

integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo

tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem

o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais

Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo

Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma

ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a

comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)

A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar

1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-

Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky

1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)

Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a

situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem

desenvolvendo possiacuteveis ideias

Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao

fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo

da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e

protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave

distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a

expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao

grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)

que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo

Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a

expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era

53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao

estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz

imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando

ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das

crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)

88

questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso

negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas

A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo

influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente

agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo

considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que

estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a

pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo

o que natildeo era possiacutevel

Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face

ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves

crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve

explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas

referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da

Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente

para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser

reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados

pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a

manipulaccedilatildeo dos mesmos

As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com

as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses

Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem

se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998

Rodrigues 2004)

No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo

exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do

ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis

agrave prossecuccedilatildeo das atividades

Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em

aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na

mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a

89

ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora

cooperante

Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado

ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que

antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo

Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta

natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e

considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo

Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava

a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto

sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo

se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela

instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a

atividades livres

Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os

interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos

mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis

custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que

estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade

Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas

materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes

despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e

observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das

crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como

materiais de expressatildeo plaacutestica

No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido

desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o

meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde

constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste

relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia

das artes no desenvolvimento da crianccedila

90

Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais

apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o

egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em

questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez

constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo

e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro

Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de

opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de

negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo

(p39)

Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e

negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila

Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em

seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam

realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e

como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados

jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a

conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse

conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar

253 Execuccedilatildeo

No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto

cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das

quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo

visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum

No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as

atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares

e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e

disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de

crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se

iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos

91

Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi

o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar

uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade

Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando

que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos

permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais

individualizados e inclusivosrdquo (p8)

Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar

mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o

desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)

Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor

coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave

realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite

que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)

Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade

de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um

tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de

todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)

Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava

convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo

jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o

educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar

Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio

se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras

atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto

com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse

Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia

todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo

(p105)

Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas

considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a

92

par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de

transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em

grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente

expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas

participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo

Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes

construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de

todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados

e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)

Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute

desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma

partilha de saberes coletiva

2531 Jogo da memoacuteria

No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se

proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por

introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo

de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o

intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel

de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas

ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili

A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de

processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e

concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo

Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade

do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel

deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a

maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que

55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas

imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e

concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes

93

apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos

consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma

crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando

caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)

Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos

colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual

estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo

da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)

Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de

algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na

concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de

implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas

mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente

desenvolvimento de competecircncias

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)

Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das

atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao

desenvolvimento da casa da Lili

No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa

da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que

mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham

indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos

jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56

Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que

concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os

materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as

56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

94

principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as

suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto

Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher

aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de

expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal

facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas

Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na

instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo

plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder

agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo

o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua

que se encontravam presentes no espaccedilo educativo

O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o

intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as

dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das

paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da

colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas

possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar

os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver

Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57

desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo

Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2

anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando

espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash

Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)

Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas

revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo

parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador

57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain

1977)

95

fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila

do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento

As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem

significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento

do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma

que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona

bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo

desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho

colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico

partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores

Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o

reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash

Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas

Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas

crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na

concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem

observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa

da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das

atividades sem interferir nas mesmas

Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes

no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili

como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as

dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa

da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a

executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo

impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de

realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a

assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir

96

questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do

seu agrado e como deveria continuar a proceder

Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma

vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa

parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes

Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do

desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros

e quantidades formas e noccedilotildees espaciais

Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada

dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado

espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o

fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira

livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)

A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar

fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem

posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo

estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo

Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)

Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em

desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da

Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa

que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a

educadora cooperante

No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio

disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de

58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da

criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

97

tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo

da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa

atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou

Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na

instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material

por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o

efeito pretendido

As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a

diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua

liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu

para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na

casa da Lili)

Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no

manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem

dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por

uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas

natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola

disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola

natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos

Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido

o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as

habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o

desenvolvimento do sentido esteacutetico

2535 Montagem da casa da Lili

Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua

montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras

na tatildeo aguardada casa

No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio

definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com

98

o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da

casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas

que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante

pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos

de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo

semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo

Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como

a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim

como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no

qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia

ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham

apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela

crianccedila

Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma

vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo

natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material

A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os

tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das

crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao

teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem

que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas

No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo

vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo

que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia

o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e

possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes

crianccedilas

Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo

estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a

afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na

instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o

espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar

99

No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os

movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves

dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os

recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas

brincadeiras

No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela

educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva

conclusatildeo da casa da Lili

A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as

mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a

material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse

motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa

Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha

conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus

interesses

Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave

mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde

as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser

realizadas atraveacutes das janelas

Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional

nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar

a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a

questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave

porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal

era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida

Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e

assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili

algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio

agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash

Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de

crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas

100

em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao

usufruto da casa

Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se

constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo

oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico

(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros

merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si

responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e

valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado

A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto

de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os

tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59

Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas

igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o

mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim

de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse

momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute

mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados

que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo

natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo

Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili

com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as

crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo

A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde

em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram

59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18

101

tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas

de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo

com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez

que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das

habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica

Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo

podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide

exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa

inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem

ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas

segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel

telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua

configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com

mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado

No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam

ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a

interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas

duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam

afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no

entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado

Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como

o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da

tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando

o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de

um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo

A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e

estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente

afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e

salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar

61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos

das mesas

102

o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas

em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa

Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas

(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder

de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas

todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim

colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram

disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)

pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no

papel de cenaacuterio

As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e

estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria

assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas

explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como

se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos

peacutes das crianccedilas)

Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era

o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-

se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas

caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da

atividade

Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do

aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da

coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex

estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili

Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de

se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter

utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de

103

decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma

das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa

A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido

que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62

Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material

do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas

a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute

que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia

crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade

Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a

formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou

com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse

concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser

possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com

os outros momentos da rotina consequentes

No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas

pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria

procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade

que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado

o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios

Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade

agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade

de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo

se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso

agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por

pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo

do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura

do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)

62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila

104

Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e

fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades

posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas

pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas

com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas

e texturas

Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas

e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se

espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao

percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as

suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)

Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a

mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas

face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65

fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36

ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)

Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada

uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a

realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores

efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66

Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de

significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais

cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo

63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila

65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila

66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o

desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias

face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com

cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as

crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas

105

para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas

tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada

Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do

aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes

do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho

colaborativo e trabalho cooperativo

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili

levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que

fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de

realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam

ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades

considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles

destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode

condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades

de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens

Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de

tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a

concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68

a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das

crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes

disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no

67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili

68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos

riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que

natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de

verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes

alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas

apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova

atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse

sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas

106

que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades

anteriormente realizadas69

Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que

concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo

esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando

as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura

Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e

misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas

Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de

utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos

e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na

promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo

de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos

para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)

Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente

cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos

desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada

crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto

estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das

criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que

durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto

que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia

Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas

em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende

que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das

69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou

bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas

71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias

entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)

107

realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do

desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens

Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas

usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo

um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por

conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor

procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas

da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo

estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo

Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma

teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas

relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das

cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e

conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da

massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo

2541 Avaliaccedilatildeo

Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para

a accedilatildeordquo (p15)

Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida

com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo

para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004

Silva et al 2016)

25411 Crianccedilas

A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma

sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e

considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser

108

modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento

das aprendizagens

Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo

permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o

desenvolvimento cognitivo e da linguagem

Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas

mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila

Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais

momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute

nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves

crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham

realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo

mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas

caso as fossem efetuar futuramente

Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente

acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador

constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base

de desenvolvimento dessa

Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa

educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que

foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este

questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)

Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo

indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a

avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento

sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo

avaliativo que seja processado de modo persistente

25412 Famiacutelias

Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que

estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem

109

Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no

desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais

responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo

Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo

de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas

conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)

Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois

dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a

cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o

trabalho de projeto desenvolvido

Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma

explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento

concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)

Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como

referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes

que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo

uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais

adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios

progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo

necessaacuterios

Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias

caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de

famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista

No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento

redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora

sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo

limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias

72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio

110

Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e

anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias

Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas

revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da

ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia

Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores

da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou

na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia

alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute

mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo

ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo

projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73

No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a

importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis

pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis

Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um

terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de

desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)

Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham

conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo

e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam

por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva

face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa

amp Sarmento 2010 p149)

Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento

das crianccedilas as famiacutelias indicaram

73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia

pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)

111

- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam

de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades

- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e

ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas

famiacutelias

- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado

- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar

ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das

famiacutelias

- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas

vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas

Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de

um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico

Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute

proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)

2542 Divulgaccedilatildeo

Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi

desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas

maneiras (Vasconcelos 1998)

A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir

acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-

os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)

No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas

educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua

jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo

sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo

de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o

que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas

112

e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em

horaacuterios poacutes letivo

As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo

aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das

atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os

pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o

fomento da sua auto-estima e confianccedila

Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e

valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)

Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)

assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo

projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar

tal projeto avante

Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo

efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo

concretizadas pelas crianccedilas

Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias

durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto

com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o

que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa

Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o

projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite

soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade

de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante

a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo

ocorresse

Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas

ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo

a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente

educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas

responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros

113

3 Consideraccedilotildees finais

Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido

percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a

qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia

Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave

concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos

definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse

fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de

objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma

metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um

trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa

integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um

ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade

A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a

potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila

considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se

um desenvolvimento integrado

Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial

criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico

desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de

aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo

criativa da crianccedila eacute condicionada por esse

Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os

fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas

tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias

necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a

promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o

cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo

114

Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de

oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi

fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta

perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a

Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o

educar

Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das

crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem

juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila

assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-

se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos

inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo

do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno

Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a

cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do

presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das

famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua

vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das

suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das

famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa

derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa

Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de

Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da

crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias

aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro

2011 p100)

Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal

(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao

processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu

papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para

explorar intervir decidir e agir

115

Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche

jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das

experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de

ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem

para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se

inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas

crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de

crianccedilas

Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral

considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel

pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila

Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo

das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New

Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)

Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da

criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz

respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs

Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente

relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o

reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores

do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar

ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a

criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo

Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao

desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da

associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como

destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a

associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso

Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito

de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo

legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do

116

potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute

igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens

Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida

continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da

criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem

perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal

Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente

educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma

competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida

permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como

a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees

considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam

117

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Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria Despacho nordm 64782017 26 de julho

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Projeto Educativo (2018-2021)

Regulamento Interno (20172018)

133

Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

0

1

2

3

4

26 27 28 29 30 31 32

Nuacute

mer

o d

e cr

ian

ccedilas

Idade (em meses)

Idade das crianccedilas (em meses)

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora

cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve

(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer

um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute

como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo

No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem

em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham

No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida

e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais

implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em

posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as

dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois

natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem

realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo

Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta

um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras

grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora

ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo

das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao

jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse

espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio

dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo

educativa e estagiaacuteria

Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e

constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute

procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo

alternando entre estes

Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda

prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na

mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se

dirigirem para a sala

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel

afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do

seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de

descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a

desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto

para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e

subida de degraus

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Indicadores

Crianccedilas

Apanha objetos com facilidade

Segura objetos com facilidade

Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual

Preensatildeo de pinccedila

Observaccedilotildees

PD MD GD PD MD GD

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

PD ndash Pequenas Dimensotildees

MD ndash Meacutedias Dimensotildees

GD ndash Grandes Dimensotildees

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o

criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores

azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo

foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido

associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores

correspondentes

Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com

alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e

reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel

deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de

objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes

cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das

crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir

conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre

essas

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de

forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado

retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e

agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a

maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo

de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e

distinccedilatildeo entre as mesmas

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo

Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Indicadores

Crianccedilas

Compreende mensagens

orais

Compreende um discurso instrucional

Elabora frases

simples

Efetua associaccedilatildeo

entre nome e objeto

Refere o seu nome

Usa a linguagem

oral para expressar desejos

necessidades informaccedilotildees responder ou

realizar questotildees

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Avaliaccedilatildeo da autonomia

Revela autonomia quanto agrave

Indicadores

Crianccedilas

Realizaccedilatildeo da higiene

Realizaccedilatildeo das

refeiccedilotildees

Escolha das

atividades

que pretende

desenvolver

Escolha dos

materiais que pretende usufruir

Resoluccedilatildeo de

conflitos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Efetua interaccedilotildees com

Indicadores

Crianccedilas

Crianccedilas

Adultos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem

Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)

Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar

o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo

mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que

andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili

Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili

e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da

Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo

Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao

ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo

Mau

(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres

(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo

que cheira muito bem

(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho

do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau

(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer

(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu

vou dar-te uma trinca

(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me

dares um bocadinho do teu bolo

(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para

o trincar)

(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro

Aaaahhhh

(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que

nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar

flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de

casa saindo de cena temporariamente)

O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado

por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili

para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo

Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili

(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)

mas natildeo conseguiu

Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a

casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e

retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)

O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e

quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse

(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)

A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha

conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava

destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar

porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu

o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um

bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de

uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda

casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar

E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes

da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da

Lili e ao bolo de chocolate

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca

Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de

higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento

da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo

com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias

face ao projeto

Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente

tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo

Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas

crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso

a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades

apresentadas pelas crianccedilas

A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela

estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo

essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na

destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus

amigos na construccedilatildeo de uma nova casa

Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa

para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas

aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo

As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual

atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo

simboacutelico

Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos

a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a

importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas

Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo

relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do

mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas

respetivas famiacutelias se assim o pretenderem

Questotildees

bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto

bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o

desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que

modo

Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como

as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas

vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo

Grata pela atenccedilatildeo

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave

execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de

desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FS e V

Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com

outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares

correspondentes agraves imagens fornecidas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V

efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as

suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila V

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a

observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das

mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela

pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem

uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante

observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e

mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FN e MB

Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a

realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par

estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par

como se procedia o desenvolvimento do jogo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB

apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num

dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda

(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila P

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica

fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo

pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa

forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica

materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione

somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila L

Idade 2 anos e 6 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que

manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo

ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador

das cores anteriormente mencionadas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e

identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas

para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos

constituintes da casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos

tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a

casa da Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos

e respetivos padrotildees

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de

tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da

casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma

crianccedila

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a

desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de

brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com

jogos em momento de brincadeira

na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas

crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila C

Idade 2 anos e 5 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 07122018

Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados

pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as

suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e

identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais

colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado

pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila

revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o

seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros

para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da

mistura de outras cores

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo

de tintas de cores distintas

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila L P

Idade 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21122018

Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais

especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave

estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo

A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens

penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha

sido concretizada a pintura

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo

que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante

interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa

da Lili

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a

massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com

massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos

utilizando massa de farinha

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila

Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Crianccedila Objeto (s) criado (s)

C Televisatildeo

CC Bola

FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

FN Carro de brincar

FS Mala

G Caixa

L Chapeacuteu

LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

MA Bolachas

MB Bolo de chocolate

MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

N Bola de futebol

P Vaso

S Rebuccedilado grande

T Almofada

V Telefone

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Page 6: A promoção de ambientes educativos favoráveis ao ...repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.11796/2851/1/Relatório Final.pdfAnexo 35 – Criança a exibir as suas mãos com cor de

V

Iacutendice

Introduccedilatildeo 13

1 Enquadramento teoacuterico 16

11 Criatividade 16

111 Definiccedilatildeo do conceito 16

112 Capacidade inata ou adquirida 21

12 Educaccedilatildeo e criatividade 23

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos

de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47

132 Papel do educador 49

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65

2311 Espaccedilo 66

2312 Materiais 68

2313 Tempo 69

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71

23141 Crianccedila-crianccedila 71

23142 Crianccedila-adulto 72

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77

251 Definiccedilatildeo do problema 80

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83

253 Execuccedilatildeo 90

2531 Jogo da memoacuteria 92

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96

2535 Montagem da casa da Lili 97

VI

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107

2541 Avaliaccedilatildeo 107

25411 Crianccedilas 107

25412 Famiacutelias 108

2542 Divulgaccedilatildeo 111

3 Consideraccedilotildees finais 113

Bibliografia 117

VII

Iacutendice de Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e

o Lobo Maurdquo

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da

Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila

VIII

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

IX

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa

da Lili e ao bolo de chocolate

Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro

Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)

Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)

Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da

memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da

execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre

recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que

constituem a casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees

X

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de

servir de telhado para a casa da Lili

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas

Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da

pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de

tintas de cores distintas

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de

farinha

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XI

Iacutendice de Tabelas

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

XII

Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos

AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade

APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia

CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico

DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

MPCC - Manual de Processos Chave da Creche

NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico

OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs

13

Introduccedilatildeo

No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de

Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja

temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento

do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia

Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi

definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles

- Compreender o conceito de criatividade

- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo

considerando o desenvolvimento da crianccedila

- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da

infacircncia

- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da

criatividade no acircmbito educacional

As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante

uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em

contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada

Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho

pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no

acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do

estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo

educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita

eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo

da praacutetica concretizada

O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16

crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa

da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche

decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019

14

Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho

levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da

estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que

suportam o mesmo

Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a

estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram

de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor

do desenvolvimento deste trabalho

A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de

investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica

da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia

e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)

Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao

desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta

Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas

tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem

desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes

1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)

Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)

Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra

maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)

O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser

humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade

eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada

e promovida

Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e

promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)

Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp

Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)

15

A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e

concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education

(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo3

MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade

o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente

educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis

Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o

reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos

assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo

No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto

educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior

(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino

Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia

Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela

estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na

crianccedila

Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver

corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft

(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo

um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia

estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi

referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio

para a formaccedilatildeo plena da crianccedila

2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21

16

1 Enquadramento teoacuterico

11 Criatividade

111 Definiccedilatildeo do conceito

A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil

de definir (McLintic 2018)

Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como

tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua

complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo

atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes

autores

Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por

Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do

conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo

Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)

refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao

conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem

sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias

antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante

a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua

amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme

referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio

Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve

referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde

a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)

4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino

tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten

Araya 2011 p2)

17

Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num

dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar

de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado

apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave

perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade

como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo

Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo

Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos

aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa

De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados

por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos

significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade

Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave

criatividade mediante perspetivas de diferentes autores

- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que

criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade

a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves

pessoas consideradas criadoras [pessoa]

- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)

criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto

produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se

igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]

- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana

que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua

novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para

o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]

5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa

18

- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo

uacutenico e original [produto]

- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira

2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a

produccedilatildeo de algo novo [produto]

- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade

que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo

padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]

- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker

Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma

habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo

de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]

- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum

comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou

realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]

- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo

atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo

formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e

posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]

- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de

originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda

uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]

- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude

que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo

caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]

19

- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a

capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-

produto]

- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de

capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se

caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se

desenvolvam [pessoa-produto]

- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que

permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de

personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]

- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual

se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]

Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para

o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-

se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo

apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel

histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)

caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)

Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e

Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido

consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld

amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo

(p62)

Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman

amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo

e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes

leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes

tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma

20

caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um

processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular

(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)

ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto

consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode

traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e

originalidade

Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou

diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de

complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se

verifica (Braumann 2009 Morais 2015)

Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)

defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a

originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo

implicam obrigatoriamente criatividade

Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute

frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos

o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um

processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais

mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para

se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante

Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o

recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson

2011)

Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e

em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por

Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade

eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees

objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a

laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo

Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma

competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os

21

estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)

permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias

suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da

novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao

meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo

Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da

trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem

simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo

uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de

complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais

112 Capacidade inata ou adquirida

Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel

deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por

sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por

conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um

sentido criativo

Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta

como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser

adquirida

Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a

criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da

caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento

perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow

1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar

1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009

Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave

semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De

La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem

de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu

contexto sociocultural por exemplo

22

Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal

natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp

Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992

1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco

(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo

o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial

Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte

desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e

contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de

forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo

Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do

ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar

(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o

ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o

desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees

oferecidas

Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave

emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois

aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no

seu desenvolvimento

Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e

consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por

Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo

apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que

circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio

necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem

obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo

Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos

internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente

dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)

23

Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica

intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo

o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as

caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo

se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto

ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980

p117)

12 Educaccedilatildeo e criatividade

121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo

A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto

eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e

Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003

citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada

pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas

do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta

a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar

necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais

adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)

Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no

mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os

criamosrdquo6

Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece

ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na

sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos

6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by

the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)

24

educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no

desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)

Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono

(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais

importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a

repetir os mesmos padrotildeesrdquo7

Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas

pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se

caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de

adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas

E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade

em contexto educativo

Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do

estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator

fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma

educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8

Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a

afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse

modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo

Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade

poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos

que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma

constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que

7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human

resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the

same patternsrdquo (Edward de Bono sd)

8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a

existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo

Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a

criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que

promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo

25

uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-

atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)

Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta

a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual

em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma

abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha

de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA

educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um

futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta

anosrdquo (p19)

Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas

encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social

cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e

repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver

competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta

realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)

responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e

rapidamente (hellip)rdquo

Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela

que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela

crianccedilardquo (p21)

Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp

Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por

parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao

indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo

baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do

indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo

combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social

Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute

absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as

26

quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma

educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)

Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma

educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do

indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas

rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)

predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)

Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem

indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do

desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que

lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal

Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por

Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo

de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo

daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo

As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para

a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas

que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que

concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus

proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas

e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp

Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar

Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como

uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma

espeacutecie de know-how

Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a

criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos

resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo

ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de

percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo

de ideiasrdquo (p18)

27

A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par

com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo

humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas

possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve

passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas

ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)

Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma

perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas

educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e

aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se

em agentes sociais significativosrdquo (p123)

Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a

criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo

associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia

permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se

deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de

perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais

Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft

(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano

deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos

e natildeo prejudiciais

Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante

desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando

o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja

capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em

questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter

conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua

adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave

unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia

diferenciando-o dos demais

Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia

se pode denominar como uma atitude de e perante a vida

28

122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de

referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas

Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no

desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras

competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por

Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco

2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)

Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a

criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-

aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp

Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema

educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e

superior

Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa

a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda

alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar)

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE

2016)

No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste

relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais

especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a

documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]

29

Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do

contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse

motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho

(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda

e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume

Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com

crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma

profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade

acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso

para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)

Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a

Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)

defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees

estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho

Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a

valecircncia em questatildeo apresenta

A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo

preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar

uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos

cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve

ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto

indiviacuteduordquo (p1)

Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias

integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o

desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico

defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)

30

educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que

ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila

Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de

anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder

ao registo dos resultados obtidos

Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP

mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo

respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da

Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio

da Educaccedilatildeo

a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)

estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)

Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir

para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos

indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis

autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I

Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico

e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre

troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de

julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se

empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)

No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-

aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave

EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila

assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I

Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)

Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade

tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art

7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)

Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a

descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio

31

memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica

promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade

socialrdquo

De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino

averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos

elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino

Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne

ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III

constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo

de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma

Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades

especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II

Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como

principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem

necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo

anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm

b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria

homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma

o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga

e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se

necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar

o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se

verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e

econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar

de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios

e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra

Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute

caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e

atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos

responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas

32

as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao

niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino

e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de

competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a

elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida

no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as

crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de

uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em

que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade

Obrigatoacuteria p10)

Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo

se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees

relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas

disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do

documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de

Competecircncias

A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os

jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a

criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma

vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da

escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente

criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo

(p15)

Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais

determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e

desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o

pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser

fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento

incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma

relaccedilatildeo processo-produto se tratasse

Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees

complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo

33

humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute

tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se

assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e

aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de

diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos

cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de

competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-

produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo

causa-efeito

c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-

Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na

sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-

Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap

IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam

quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute

defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo

essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo

preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia

d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]

homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como

sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-

escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)

As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios

sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e

Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo

Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da

conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo

assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa

desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de

conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de

infacircnciardquo (p34)

34

No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas

crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se

colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a

participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de

agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se

com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9

Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea

incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)

aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu

processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo

A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as

OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes

Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e

Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)

formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os

seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o

mundo que a rodeiardquo (p43)

Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma

grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade

encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como

uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas

e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)

No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se

como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)

tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial

criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de

competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas

9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60

35

criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de

jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar

movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de

situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou

ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e

criticando-as13

Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo

em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO

desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas

de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o

desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e

maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da

Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e

Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo

Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim

como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo

e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da

Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave

criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente

desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado

Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de

modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito

maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o

desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios

respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo

11 Consultar OCEPE p 52

12 Consultar OCEPE p 57

13 Consultar OCEPE p 83

36

Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens

a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais

subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma

considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves

possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento

considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de

conteuacutedo que integram as OCEPE

Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de

aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute

promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que

a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos

sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias

proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees

que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas

emocionais e criativasrdquo (p105)

Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema

Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua

documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto

agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de

Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado

Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras

experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute

ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias

e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem

ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36

meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu

desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)

Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no

desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a

criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e

37

explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de

estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se

encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo

Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de

Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam

um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute

que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e

capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados

ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo

A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser

assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada

como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da

crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado

ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)

expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)

Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e

Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se

constatam Veja-se

Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o

Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que

ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas

no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos

tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que

lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo

contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos

requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se

semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias

14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25

38

A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo

educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino

termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta

somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e

Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos

Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia

que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a

subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do

pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto

de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino

citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo

O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a

Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de

ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por

se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a

Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel

No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro

da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei

nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade

As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas

baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de

estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o

fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias

sejam em nuacutemero reduzido

Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se

presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da

Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como

na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo

Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do

Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo

ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes

39

formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em

todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)

Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger

o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a

transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute

que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente

agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila

verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade

no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas

Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e

inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se

verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes

(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento

da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a

determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas

aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral

No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se

assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos

educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um

processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma

continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e

cidadatildeo

Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp

Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria

igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez

que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo

acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente

relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar

atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto

que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas

simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria

40

Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a

criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer

que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da

criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar

referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e

praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem

adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os

educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades

e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo

A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e

Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na

educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que

permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo

existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando

a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que

aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem

ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das

suas potencialidades criativas

Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de

documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a

desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que

por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche

(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do

Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas

promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops

seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora

relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de

competecircncias criativas

No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume

foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator

Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos

serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet

praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que

41

podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais

praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo

assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa

De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na

documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da

mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa

natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos

face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que

permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa

Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar

um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas

desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de

educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo

obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias

Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias

Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria

em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em

oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que

estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a

incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos

documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP

se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que

permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto

Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha

existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos

educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade

educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a

importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade

das crianccedilasrdquo (p76)

Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e

informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que

poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

42

Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida

aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas

dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de

atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se

relacionam e se inserem

Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo

destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de

incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode

assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)

Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores

preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles

ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando

os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que

ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser

preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se

tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo

(Novaes 1980 p121)

Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes

torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por

conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas

distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso

comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem

simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e

nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis

Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao

desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se

vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que

natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem

omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas

necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica

Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes

na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e

43

praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de

autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo

(p9)

Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso

Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto

educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade

(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores

em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o

neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender

com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)

Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de

orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto

educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal

aspeto

Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com

o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi

possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo

mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o

Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo

de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo

uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC

Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)

uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e

interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos

principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo

de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo

nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo

a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando

valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo

contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes

ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da

APEI)

44

Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no

desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que

permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e

propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias

coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave

periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador

que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas

as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa

Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade

trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente

denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa

sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de

reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua

Qualidaderdquo

Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar

artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)

sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-

line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem

ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um

entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados

em papel apresentam um custo monetaacuterio

Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de

caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela

promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas

muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o

intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover

atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que

podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo

contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que

correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo

de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de

cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos

da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)

45

Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas

promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia

Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um

conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como

ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas

aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)

No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram

disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para

consulta on-line

Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da

APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que

concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da

Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas

que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a

finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber

Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo

enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo

de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino

Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar

ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da

Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua

desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores

dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)

Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado

pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos

se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees

neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme

referido

Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino

Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da

docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-

46

se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas

uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o

seu maacuteximo potencial

13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes

educativos

A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel

afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo

somente em etapas da vida numa fase posterior

Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente

pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda

2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por

Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a

importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd

citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do

potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o

(Alencar 1992 Novaes 1980)

A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe

a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que

possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave

acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)

Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo

sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica

que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute

afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo

positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade

(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)

Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na

infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram

mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute

47

porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)

apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar

as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da

criatividade na infacircncia

Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo

criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo

da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser

desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)

Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas

visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia

uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)

131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar

no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-

se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes

2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco

2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma

atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora

contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila

Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades

fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas

pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras

estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as

suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu

potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e

proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante

o decorrer dos momentos de brincadeira

48

Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o

fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo

desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7

Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)

atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos

1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira

2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)

ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave

busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada

situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar

1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do

potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de

Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar

(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que

aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto

de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem

ser adotadas

Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do

desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se

tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA

criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta

a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo

conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)

No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha

da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades

competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de

aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo

se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa

2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem

estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)

49

132 Papel do educador

O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento

responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico

que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada

apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como

aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu

desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser

planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo

do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades

devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e

Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade

pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e

consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)

Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e

desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila

considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e

ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado

com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as

suas aprendizagens e progressos

Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp

Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais

ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores

Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade

e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo

normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias

que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto

dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam

50

o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas

face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa

Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos

professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)

os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos

contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos

e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma

relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo

Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes

desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer

mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do

educando e seus comportamentos

De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente

face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo

condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como

o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley

1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)

Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente

ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando

Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento

da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees

estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico

de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes

1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)

Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de

educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da

criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo

e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar

1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)

51

Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola

avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto

favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)

Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel

do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como

favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial

criativo da crianccedila

Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as

causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)

Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar

traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e

inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo

mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar

acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente

encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas

de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do

potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a

tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a

relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo

acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea

2008)

Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem

favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e

influecircncia exercida no educando e ambiente educativo

Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores

favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes

- Atitudes e valores

- Interaccedilatildeo educador-crianccedila

- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

- Conhecimento e formaccedilatildeo

52

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

Papel do

educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Atitudes e

valores

Conceccedilatildeo da criatividade como elemento

essencial ao processo educativo

(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-

Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp

Alencar 2018 p7)

Conformaccedilatildeo com entraves surgidas

face agrave promoccedilatildeo da criatividade

(Alencar 1992 Sternberg amp

Williams 2003)

Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da

criatividade

(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)

Desvalorizaccedilatildeo das suas

competecircncias

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Falta de confianccedila e inseguranccedila em

agir com receio de errar ou atentar

contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do

sistema educativo

(Alencar 1992 2001 Alencar amp

Fleith 2004)

Interaccedilatildeo

educador-

crianccedila

Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista

ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo

educando

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley

1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten

2005)

Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do

educando

(Torrance 1977)

Elogio e criacuteticas construtivas

(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith

2001)

Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de

cada crianccedila assim como do seu

potencial criativo

(Alencar 1992 2007 Sternberg amp

Williams 2003)

Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada

educando

(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar

2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira

amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten

2005 Ocantildea 2005)

Supervisatildeo e controlo excessivo

(Torrance 1977 Sternberg amp

Williams 2003)

Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens

desenvolvidas pelo educando

(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por

Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten

2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)

Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de

valor eou comentaacuterios depreciativos

(Alencar 1992 Torrance 1977)

53

Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no

que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de

seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no

caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente

Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no

educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila

Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)

Papel do educador

Favoraacuteveis

Inibidores

Organizaccedilatildeo do

ambiente

educativo

Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no

processo educativo

(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar

2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)

Dependecircncia exclusiva do

curriacuteculo

(Alencar 1992 2007 Torrance

1977)

Aprovisionamento de tempo e oportunidades que

permitam ao educando efetuar descobertas e

aprendizagens mediante o seu ritmo

(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997

Fleith 2001 Aragoacuten 2005)

Ensino Tradicional

(Alencar 1992 2007 Morejoacuten

2000 Alencar Fleith amp Pereira

2017)

Fornecimento de recursos materiais adequados

aos interesses competecircncias e necessidades dos

educandos

(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)

Oferta excessiva de recursos

materiais

(Torrance 1977)

Clima democraacutetico

(Torrance 1977 Cropley 1997)

Tempo destinado exclusivamente agrave

promoccedilatildeo de aprendizagens

curriculares

(Alencar 1992 Cachia Ferrari

Ala-Mutka amp Punie 2010)

Conhecimento e

Formaccedilatildeo

Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade

Carecircncia de saberes acerca do tema

(criatividade)

(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010

Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar

2018)

Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo

54

ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e

reprimidas

Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da

criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave

perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao

indiviacuteduo assim como de naturezas diversas

55

2 Opccedilotildees metodoloacutegicas

Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)

um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as

hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)

Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo

de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho

Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao

desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo

revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute

meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e

necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho

pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo

de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no

qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede

privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo

A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente

necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no

qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)

21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada

de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto

mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora

No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee

de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o

funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a

56

crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades

compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)

No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm

CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de

escolaridade)

Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas

polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as

suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos

aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)

Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo

educativa estes satildeo

- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo

Pedagoacutegica

- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de

Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas

Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma

Conselho de turma

- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas

Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos

administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza

- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais

Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito

agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de

accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as

salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala

verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36

meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma

sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade

57

211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional

Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a

perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em

questatildeo

Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento

face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao

desenvolvimento do educando17

Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade

os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras

finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e

competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de

interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para

desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo

progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania

a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que

concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila

Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na

qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser

fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento

integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees

surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e

inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18

No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade

natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa

dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo

16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz

educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da

inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo

58

22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se

desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu

e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o

grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e

sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel

Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32

meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das

crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do

sexo feminino

No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo

em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar

que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante

aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e

informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)

desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo

Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria

mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte

da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas

durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para

as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e

registado

Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria

esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste

em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e

19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os

sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para

efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)

59

descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o

desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)

Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de

informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua

Portuguesa)

Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o

conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao

desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia

considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente

agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas

(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)

Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao

desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do

desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que

somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes

encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo

ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas

ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e

atitudes perante um contexto natildeo-familiar

Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e

comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as

crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21

visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e

correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo

grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)

Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp

Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada

20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores

60

vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo

(p162)

Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem

acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi

possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman

(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e

subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo

alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)

Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio

das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa

Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas

matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus

com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos

Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom

desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees

A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de

pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas

das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24

encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por

duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida

pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras

finas)

Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa

etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo

elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo

22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos

61

O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e

caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento

do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais

especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds

amp Feldman 2009)

No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um

bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos

sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo

Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta

nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo

grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha

na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem

do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta

constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias

das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades

de expressatildeo plaacutestica

Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o

desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando

e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode

constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila

(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)

O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma

atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky

1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via

27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em

diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e

diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio

62

atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016

Oliveira 2018) 32

Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo

o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de

categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda

se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o

nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)

Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a

maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena

minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)

Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste

fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e

compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada

considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em

questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo

ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos

manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a

aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados

Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem

oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se

registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever

aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo

educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a

musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha

verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem

a sua frequecircncia em terapia da fala

32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem

63

Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira

recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos

necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees

As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave

comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais

constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)

elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar

o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)

Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses

estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na

formaccedilatildeo de frases (simples)33

Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um

discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente

No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento

face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do

seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso

instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo

Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia

esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para

avaliaccedilatildeo da autonomia)

Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as

autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto

Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para

eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem

usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas

apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade

33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do

desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)

34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo

64

Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave

partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35

O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver

a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos

Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves

crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)

No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou

acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste

tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila

envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou

soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No

entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se

primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim

de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees

sociais e desenvolvimento integral

Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em

situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas

compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma

soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador

incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas

exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si

proacuteprias e nos outros

Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da

sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre

si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente

aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a

35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para

consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de

uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na

procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila

36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais

(Eisenberg 2005)

65

desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a

interagir seja com outras crianccedilas ou adultos

Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade

e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a

estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um

facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre

as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo

da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada

Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade

o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila

conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento

Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a

caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito

(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain

1977)38

23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das

intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo

promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e

apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas

necessidades e interesses

Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo

materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas

entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades

37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

38 Ver 132 Papel do educador

66

2311 Espaccedilo

Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves

oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-

se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o

intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas

Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute

espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos

pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode

ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)

As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas

pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para

o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve

assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39

Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas

criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a

possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas

Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem

de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo

ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse

modo perigo

No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito

tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico

permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis

quedas

39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a

serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel

superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se

encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis

de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas

67

Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post

2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento

visual da crianccedilardquo

Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que

permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior

Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o

mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel

obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante

luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso

a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos

presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem

favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas

cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas

No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para

a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do

espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para

as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)

Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves

crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e

consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees

Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se

encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua

abertura por parte das mesmas

No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas

dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e

ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos

As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter

perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo

bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas

68

O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e

respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al

2016)

A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam

aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de

papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)

2312 Materiais

Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis

diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila

condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu

desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)

Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e

considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades

por parte das crianccedilas estes apresentam-se

- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)

- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia

condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das

crianccedilas)

- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo

pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que

facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos

materiais disponibilizados

- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de

inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)

- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo

(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de

69

feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores

do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para

realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo

dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e

dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros

puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)

Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores

agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se

encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas

Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees

(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos

quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em

contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas

podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente

seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza

2313 Tempo

O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador

e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser

somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais

necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo

permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo

(Cardona 1999 Silva et al 2016)

A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua

sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta

conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al

1996 Niza 2012)

Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu

esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas

realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)

higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a

70

ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por

todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas

ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)

Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a

educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em

questatildeo Silva et al (2016) afirmam que

ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser

responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se

traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e

dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve

assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em

que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)

O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por

norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles

dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para

o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para

efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas

pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas

podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado

agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham

feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)

No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita

atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de

atender agraves suas necessidades

Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez

numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel

seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora

dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo

do conhecimento da mesma pelo grupo

71

2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees

23141 Crianccedila-crianccedila

Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos

de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas

(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e

intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)

Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem

em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando

conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem

O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes

momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em

pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente

Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e

relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para

serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando

mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila

Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as

crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim

consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras

Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de

conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como

mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser

simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho

e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)

Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira

1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai

sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas

Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se

estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si

72

23142 Crianccedila-adulto

No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente

educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees

distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria

personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e

valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)

O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de

aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas

educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como

apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)

Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora

cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas

satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo

havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees

planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo

adequadas a cada crianccedila

Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas

tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas

como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no

denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)

o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse

modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na

mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com

a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas

solicitaccedilotildees

Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram

os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas

conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho

40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver

133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)

73

Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se

expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo

relativamente agrave privacidade

Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam

fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave

intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas

natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela

positividade

No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas

participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo

educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute

concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no

momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses

As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam

desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela

equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente

educativo no qual se encontram inseridas

Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto

que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um

balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente

enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras

na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)

24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na

creche

Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-

se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se

41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo

74

baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do

interesse do grupo envolvido

Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)

abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)

Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em

qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos

(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva

1998)

Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise

esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado

tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)

Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto

de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de

competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de

informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da

tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e

criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da

autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo

de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)

A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila

e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um

ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes

em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)

Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve

proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio

processo de aprendizagem

No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem

de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de

projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-

educador

75

Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais

experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)

Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a

metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o

estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3

anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da

crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais

se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)

Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma

metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada

a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por

Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se

relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais

razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo

sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)

Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de

respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e

conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim

como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as

crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees

descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de

ambos os sujeitos

Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar

na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases

- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)

- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando

e quem)

- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)

- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e

partilha com outros elementos da comunidade educativa)

76

No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas

de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida

enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente

capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve

ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar

Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do

ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima

democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir

autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de

interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos

e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp

Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo

de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo

dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)

Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado

ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as

crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses

das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto

agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo

educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)

Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche

uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo

(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente

educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto

educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de

ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho

2013 p58)

A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo

das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao

ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as

77

ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao

contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)

Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto

Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas

aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a

crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e

construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado

por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)

25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto

desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades

compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes

do mesmo

Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo

de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja

principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente

relatoacuterio

Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos

promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila

O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de

brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso

a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e

consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a

educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem

ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas

42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

78

Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi

afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo

(p75)

Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um

projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses

das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte

a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo

Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do

educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as

intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito

pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva

(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas

no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as

quais se enquadra o trabalho de projeto)

Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves

caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que

embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas

proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento

singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais

se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva

potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente

educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial

criativo do educando

Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se

conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade

43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se

encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo

79

No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se

torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e

esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante

No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como

meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas

relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47

Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de

ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que

possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor

preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes

criadoras

Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-

Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de

fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias

que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)

No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem

foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila

Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo

implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades

individuais (hellip)rdquo (p119)

Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo

da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das

intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma

educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que

cria laccedilos sociaisrdquo (p21)

46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo

47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida

80

Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas

etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos

(1998)48

Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e

prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este

Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que

as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a

asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute

que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute

apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja

confrontada

Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam

responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou

crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e

psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)

251 Definiccedilatildeo do problema

Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada

durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto

Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo

se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o

qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta

No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o

haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade

que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees

com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era

48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche

81

constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o

grupo acabava por aderir

Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o

desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas

Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos

interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir

uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)

indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas

Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser

aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do

projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo

Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs

Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a

destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)

afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se

pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo

sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo

(p64)

Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual

o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os

por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo

Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate

necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA

Lili e o Lobo Maurdquo)

A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo

desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo

Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o

objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos

representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de

chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos

materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)

82

Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que

fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver

as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi

posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a

dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos

fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse

podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo

(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)

No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de

dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante

satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar

desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando

compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma

Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas

crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas

em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se

encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-

se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face

agraves suas intencionalidades

Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode

oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da

motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais

O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa

prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser

levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas

questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo

para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida

49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial

criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel

pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)

83

252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do

projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por

elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem

na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as

crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse

A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste

projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar

por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as

famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo

escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria

para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de

tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das

crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees

dos meninos e meninas

No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)

referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador

deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de

estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo

Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o

ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de

diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse

Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora

do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que

levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento

sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem

tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em

casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias

jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais

84

Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de

crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem

vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)

Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo

deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da

refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a

alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas)

Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta

foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute

natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos

elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito

de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles

Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos

motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e

dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua

casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente

promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da

linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da

relaccedilatildeo causa-efeito

No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-

se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo

ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima

democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51

Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al

(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o

seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo

51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a

promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade

(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)

85

processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da

autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo

Acrescentam ainda que

Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai

mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos

atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os

problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a

criatividade (Silva et al 2016 p34)

Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico

A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e

aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se

exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo

pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)

Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo

das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de

tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma

funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo

e descoberta agrave crianccedila

As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de

conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo

chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao

niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais

especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser

desenvolvida pela maioria do grupo

Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando

em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da

qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si

proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)

86

A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente

A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto

o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A

criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada

para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)

Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas

planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do

projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o

decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante

a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio

Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute

condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para

o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)

Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela

accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando

saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia

(Dewey amp Dewey 1915)

Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma

constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a

experimentaccedilatildeordquo52

Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como

meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes

dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava

um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto

ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a

criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto

52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma

construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo

(Freinet sd)

87

A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de

integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo

tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem

o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais

Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo

Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma

ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a

comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)

A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar

1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-

Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky

1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)

Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a

situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem

desenvolvendo possiacuteveis ideias

Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao

fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo

da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e

protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave

distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a

expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao

grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)

que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo

Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a

expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era

53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao

estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz

imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando

ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das

crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)

88

questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso

negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas

A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo

influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente

agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo

considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que

estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a

pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo

o que natildeo era possiacutevel

Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face

ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves

crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve

explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas

referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da

Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente

para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser

reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados

pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a

manipulaccedilatildeo dos mesmos

As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com

as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses

Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem

se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998

Rodrigues 2004)

No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo

exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do

ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis

agrave prossecuccedilatildeo das atividades

Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em

aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na

mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a

89

ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora

cooperante

Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado

ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que

antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo

Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta

natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e

considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo

Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava

a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto

sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo

se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela

instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a

atividades livres

Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os

interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos

mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis

custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que

estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade

Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas

materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes

despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e

observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das

crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como

materiais de expressatildeo plaacutestica

No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido

desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o

meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde

constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste

relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia

das artes no desenvolvimento da crianccedila

90

Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais

apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o

egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em

questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez

constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo

e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro

Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de

opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de

negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo

(p39)

Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e

negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila

Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em

seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam

realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e

como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados

jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a

conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse

conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar

253 Execuccedilatildeo

No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto

cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das

quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo

visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum

No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as

atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares

e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e

disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de

crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se

iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos

91

Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi

o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar

uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade

Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando

que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos

permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais

individualizados e inclusivosrdquo (p8)

Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar

mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o

desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)

Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor

coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave

realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite

que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)

Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade

de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um

tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de

todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)

Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava

convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo

jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o

educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar

Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio

se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras

atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto

com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse

Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia

todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo

(p105)

Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas

considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a

92

par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de

transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em

grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente

expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas

participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo

Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes

construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de

todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados

e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)

Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute

desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma

partilha de saberes coletiva

2531 Jogo da memoacuteria

No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se

proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por

introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo

de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o

intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel

de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas

ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili

A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de

processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e

concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo

Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade

do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel

deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a

maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que

55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas

imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e

concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes

93

apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos

consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma

crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando

caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)

Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos

colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual

estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo

da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)

Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de

algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na

concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de

implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas

mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente

desenvolvimento de competecircncias

2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)

Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das

atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao

desenvolvimento da casa da Lili

No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa

da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que

mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham

indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos

jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56

Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que

concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os

materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as

56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho

94

principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as

suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto

Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher

aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de

expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal

facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas

Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na

instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo

plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder

agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo

o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua

que se encontravam presentes no espaccedilo educativo

O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o

intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as

dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das

paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da

colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas

possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar

os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver

Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57

desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo

Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2

anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando

espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash

Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)

Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas

revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo

parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador

57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain

1977)

95

fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila

do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento

As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem

significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento

do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma

que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona

bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo

desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)

Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho

colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico

partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores

Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o

reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash

Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)

2533 Concretizaccedilatildeo de janelas

Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas

crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na

concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem

observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa

da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das

atividades sem interferir nas mesmas

Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes

no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili

como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as

dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa

da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a

executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo

impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de

realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a

assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir

96

questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do

seu agrado e como deveria continuar a proceder

Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma

vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa

parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes

Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do

desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros

e quantidades formas e noccedilotildees espaciais

Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada

dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado

espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o

fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira

livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)

A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar

fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem

posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo

estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo

Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila

2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)

Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em

desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da

Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa

que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a

educadora cooperante

No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio

disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de

58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da

criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)

97

tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo

da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa

atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou

Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na

instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material

por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o

efeito pretendido

As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a

diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua

liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu

para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na

casa da Lili)

Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no

manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem

dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por

uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas

natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola

disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola

natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos

Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido

o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as

habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o

desenvolvimento do sentido esteacutetico

2535 Montagem da casa da Lili

Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua

montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras

na tatildeo aguardada casa

No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio

definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com

98

o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da

casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas

que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante

pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos

de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo

semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo

Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como

a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim

como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no

qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia

ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham

apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela

crianccedila

Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma

vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo

natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material

A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os

tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das

crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao

teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem

que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas

No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo

vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo

que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia

o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e

possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes

crianccedilas

Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo

estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a

afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na

instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o

espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar

99

No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os

movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves

dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os

recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas

brincadeiras

No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela

educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva

conclusatildeo da casa da Lili

A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as

mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a

material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse

motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa

Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha

conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus

interesses

Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave

mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde

as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser

realizadas atraveacutes das janelas

Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional

nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar

a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a

questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave

porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal

era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida

Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e

assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili

algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio

agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash

Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de

crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas

100

em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao

usufruto da casa

Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se

constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo

oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico

(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros

merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si

responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e

valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima

2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado

A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto

de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os

tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59

Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas

igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o

mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim

de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse

momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute

mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados

que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo

natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo

Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili

com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as

crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo

A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde

em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram

59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18

101

tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas

de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo

com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez

que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das

habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica

Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo

podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide

exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa

inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem

ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas

segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel

telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua

configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com

mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado

No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam

ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a

interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas

duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam

afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no

entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado

Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como

o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da

tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando

o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de

um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo

A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e

estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente

afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e

salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar

61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos

das mesas

102

o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas

em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa

Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas

(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder

de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas

todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim

colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram

disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)

pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no

papel de cenaacuterio

As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e

estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria

assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas

explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como

se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos

peacutes das crianccedilas)

Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era

o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-

se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas

caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da

atividade

Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do

aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da

coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex

estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili

Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de

se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter

utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de

103

decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma

das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa

A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido

que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62

Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material

do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas

a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute

que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia

crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade

Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a

formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou

com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse

concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser

possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com

os outros momentos da rotina consequentes

No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas

pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria

procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade

que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado

o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios

Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade

agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade

de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo

se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso

agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por

pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo

do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura

do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)

62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila

104

Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e

fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades

posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas

pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas

com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas

e texturas

Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas

e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se

espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao

percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as

suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)

Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a

mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas

face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65

fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36

ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)

Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada

uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a

realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores

efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66

Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de

significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais

cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo

63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila

65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila

66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o

desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias

face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com

cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as

crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas

105

para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas

tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada

Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do

aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes

do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho

colaborativo e trabalho cooperativo

2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili

levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que

fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de

realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam

ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades

considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles

destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode

condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades

de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens

Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de

tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a

concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68

a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das

crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes

disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no

67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili

68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos

riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que

natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de

verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes

alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas

apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova

atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse

sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas

106

que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades

anteriormente realizadas69

Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que

concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo

esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando

as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura

Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e

misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas

Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de

utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos

e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na

promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo

de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos

para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)

Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente

cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos

desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada

crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto

estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das

criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que

durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto

que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia

Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas

em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende

que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das

69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e

2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou

bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas

71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias

entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)

107

realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do

desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens

Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas

usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo

um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por

conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor

procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas

da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo

estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo

Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma

teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas

relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das

cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e

conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da

massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas

254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo

2541 Avaliaccedilatildeo

Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para

a accedilatildeordquo (p15)

Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida

com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo

para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004

Silva et al 2016)

25411 Crianccedilas

A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma

sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e

considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser

108

modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento

das aprendizagens

Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo

permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o

desenvolvimento cognitivo e da linguagem

Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas

mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila

Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais

momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute

nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves

crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham

realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo

mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas

caso as fossem efetuar futuramente

Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente

acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador

constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base

de desenvolvimento dessa

Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa

educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que

foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este

questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)

Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo

indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a

avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento

sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo

avaliativo que seja processado de modo persistente

25412 Famiacutelias

Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que

estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem

109

Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no

desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais

responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo

Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo

de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas

conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)

Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois

dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a

cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o

trabalho de projeto desenvolvido

Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma

explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento

concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)

Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como

referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes

que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo

uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais

adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios

progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo

necessaacuterios

Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias

caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de

famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista

No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento

redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora

sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo

limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias

72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio

110

Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e

anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias

Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas

revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da

ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia

Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores

da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou

na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia

alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute

mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo

ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo

projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73

No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a

importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis

pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis

Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um

terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de

desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)

Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham

conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo

e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam

por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva

face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa

amp Sarmento 2010 p149)

Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento

das crianccedilas as famiacutelias indicaram

73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia

pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)

111

- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam

de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades

- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e

ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas

famiacutelias

- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado

- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar

ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das

famiacutelias

- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas

vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas

Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de

um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico

Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute

proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)

2542 Divulgaccedilatildeo

Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi

desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas

maneiras (Vasconcelos 1998)

A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir

acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-

os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)

No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas

educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua

jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo

sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo

de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o

que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas

112

e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em

horaacuterios poacutes letivo

As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo

aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das

atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os

pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o

fomento da sua auto-estima e confianccedila

Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e

valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)

Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)

assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo

projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar

tal projeto avante

Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo

efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo

concretizadas pelas crianccedilas

Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias

durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto

com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o

que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa

Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o

projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite

soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade

de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante

a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo

ocorresse

Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas

ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo

a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente

educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas

responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros

113

3 Consideraccedilotildees finais

Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido

percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a

qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia

Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave

concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos

definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse

fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de

objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma

metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um

trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa

integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo

do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um

ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade

A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a

potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila

considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se

um desenvolvimento integrado

Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial

criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico

desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de

aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo

criativa da crianccedila eacute condicionada por esse

Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os

fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas

tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias

necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a

promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o

cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo

114

Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de

oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi

fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta

perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a

Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o

educar

Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das

crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem

juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila

assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-

se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos

inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo

do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno

Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a

cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do

presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das

famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua

vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das

suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das

famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa

derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa

Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de

Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da

crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias

aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro

2011 p100)

Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal

(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao

processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu

papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para

explorar intervir decidir e agir

115

Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche

jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das

experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de

ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem

para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se

inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas

crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de

crianccedilas

Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral

considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel

pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila

Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo

das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New

Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)

Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da

criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz

respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs

Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente

relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o

reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores

do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia

jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar

ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a

criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo

Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao

desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da

associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como

destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a

associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso

Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito

de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo

legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do

116

potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute

igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes

educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens

Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida

continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da

criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem

perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal

Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente

educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma

competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida

permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como

a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees

considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam

117

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Regulamento Interno (20172018)

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Anexos

Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses

0

1

2

3

4

26 27 28 29 30 31 32

Nuacute

mer

o d

e cr

ian

ccedilas

Idade (em meses)

Idade das crianccedilas (em meses)

Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora

cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve

(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer

um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute

como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo

No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem

em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham

No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida

e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais

implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em

posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as

dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois

natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem

realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo

Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta

um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras

grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora

ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar

Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo

das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao

jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse

espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio

dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo

educativa e estagiaacuteria

Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e

constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute

procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo

alternando entre estes

Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda

prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na

mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se

dirigirem para a sala

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel

afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do

seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de

descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a

desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto

para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e

subida de degraus

Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Indicadores

Crianccedilas

Apanha objetos com facilidade

Segura objetos com facilidade

Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual

Preensatildeo de pinccedila

Observaccedilotildees

PD MD GD PD MD GD

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

PD ndash Pequenas Dimensotildees

MD ndash Meacutedias Dimensotildees

GD ndash Grandes Dimensotildees

Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas

Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o

criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores

azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo

foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido

associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores

correspondentes

Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com

alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e

reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel

deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de

objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes

cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das

crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir

conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre

essas

Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4

Descriccedilatildeo diaacuteria

Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos

Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018

Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de

forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado

retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e

agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas

Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a

maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo

de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e

distinccedilatildeo entre as mesmas

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash

compreensatildeo e produccedilatildeo

Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Indicadores

Crianccedilas

Compreende mensagens

orais

Compreende um discurso instrucional

Elabora frases

simples

Efetua associaccedilatildeo

entre nome e objeto

Refere o seu nome

Usa a linguagem

oral para expressar desejos

necessidades informaccedilotildees responder ou

realizar questotildees

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia

Avaliaccedilatildeo da autonomia

Revela autonomia quanto agrave

Indicadores

Crianccedilas

Realizaccedilatildeo da higiene

Realizaccedilatildeo das

refeiccedilotildees

Escolha das

atividades

que pretende

desenvolver

Escolha dos

materiais que pretende usufruir

Resoluccedilatildeo de

conflitos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia

Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Efetua interaccedilotildees com

Indicadores

Crianccedilas

Crianccedilas

Adultos

Observaccedilotildees

C

C C

F L

F N

F S

G

L

L P

MA

MB

M I

N

P

S

T

V

Legenda

A ndash Adquirido

EA ndash Em aquisiccedilatildeo

NA ndash Natildeo adquirido

Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade

Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem

Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)

Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar

o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo

mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que

andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili

Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili

e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da

Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo

Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao

ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo

Mau

(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres

(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo

que cheira muito bem

(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho

do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau

(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer

(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu

vou dar-te uma trinca

(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me

dares um bocadinho do teu bolo

(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para

o trincar)

(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro

Aaaahhhh

(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que

nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar

flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de

casa saindo de cena temporariamente)

O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado

por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili

para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo

Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili

(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)

mas natildeo conseguiu

Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a

casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e

retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)

O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e

quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse

(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)

A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha

conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava

destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar

porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu

o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um

bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de

uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda

casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar

E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip

Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes

da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da

Lili e ao bolo de chocolate

Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido

Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro

Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro

Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo

Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico

Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir

Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio

Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)

Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)

Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina

das crianccedilas

Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca

Lili em momento de atividades livres

Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de

higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo

Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento

da refeiccedilatildeo

Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo

com a boneca Lili simulando que a estaacute a

alimentar

Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias

face ao projeto

Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo

Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente

tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus

amigosrdquo

Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas

crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso

a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e

atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades

apresentadas pelas crianccedilas

A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela

estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo

essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na

destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus

amigos na construccedilatildeo de uma nova casa

Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa

para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas

aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo

As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual

atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo

simboacutelico

Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos

a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a

importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas

Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo

relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do

mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas

respetivas famiacutelias se assim o pretenderem

Questotildees

bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto

bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o

desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que

modo

Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como

as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas

vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo

Grata pela atenccedilatildeo

Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria

Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria

Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria

Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave

execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria

Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria

Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de

desenvolvimento do jogo da memoacuteria

Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FS e V

Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com

outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares

correspondentes agraves imagens fornecidas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V

efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as

suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos

Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila V

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a

observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das

mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela

pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem

uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante

observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e

mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos

Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nomes das crianccedilas FN e MB

Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21112018

Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a

realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par

estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par

como se procedia o desenvolvimento do jogo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB

apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo

Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas

Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num

dos pedaccedilos do lenccedilol

Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda

(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)

Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila P

Idade 2 anos e 8 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica

fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo

pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa

forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica

materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione

somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde

Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila L

Idade 2 anos e 6 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 22112018

Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de

garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que

manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo

ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador

das cores anteriormente mencionadas

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e

identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho

Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili

Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas

para a casa da Lili

Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos

constituintes da casa da Lili

Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos

tecidos constituintes da casa da Lili

Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a

casa da Lili

Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili

Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica

de colagem

Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili

Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos

e respetivos padrotildees

Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de

tecido a utilizar

Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da

casa da Lili

Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma

crianccedila

Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num

dos tecidos

Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili

Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a

desenvolver brincadeiras na casa da Lili

Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de

brincadeira na casa da Lili

Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili

Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com

jogos em momento de brincadeira

na casa da Lili

Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas

crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili

Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10

Registo de incidente criacutetico

Nome da crianccedila C

Idade 2 anos e 5 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 07122018

Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados

pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as

suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e

identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais

colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado

pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila

revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo

Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas

Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o

seu peacute autonomamente

Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes

Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada

Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili

Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro

Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros

para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro

Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada

Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da

mistura de outras cores

Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo

de tintas de cores distintas

Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11

Descriccedilatildeo diaacuteria

Nome da crianccedila L P

Idade 2 anos e 7 meses

Observadora Liliana (estagiaacuteria)

Data 21122018

Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais

especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave

estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo

A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens

penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha

sido concretizada a pintura

Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo

que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante

interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma

Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa

da Lili

Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes

alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa

Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili

Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a

massa de farinha

Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com

massa de farinha

Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos

utilizando massa de farinha

Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas

Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila

Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

Crianccedila Objeto (s) criado (s)

C Televisatildeo

CC Bola

FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

FN Carro de brincar

FS Mala

G Caixa

L Chapeacuteu

LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

MA Bolachas

MB Bolo de chocolate

MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)

N Bola de futebol

P Vaso

S Rebuccedilado grande

T Almofada

V Telefone

Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha

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