a produÇÃo de arroz vermelho no vale do piancÓ e as aÇÕes de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO A PRODUÇÃO DE ARROZ VERMELHO NO VALE DO PIANCÓ E AS AÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O SETOR Um Estudo de Caso sobre o Município de Santana dos Garrotes - PB Francimária Florentino de Souza Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB Débora Gerlane Gomes de Alcântara Professora do Departamento de Economia - UFPB RESUMO O presente estudo analisa a produção do arroz vermelho no município de Santana dos Garrotes, Estado da Paraíba. Trata-se de um estudo de caso, realizado através de pesquisa de campo e aplicação de questionário junto à duas comunidades rurais mais representativas do município. A pesquisa engloba aspectos como: infraestrutura, renda do produtor, sistema de produção, comercialização, organização social, assistência técnica e de crédito. O estudo tem caráter exploratório, com aspectos qualitativos e quantitativos. Os resultados revelam que a maioria dos agricultores tem renda de um salário mínimo, sua produção é destinada ao consumo da família e a outra parte é comercializada. Vale ressaltar que os agricultores trabalham sem uso de tecnologia. Além disso, pode-se constatar que os agricultores são beneficiados por crédito rural, só que desviam para outras finalidades. Mesmo enfrentando vários obstáculos, a produção do arroz vermelho nos últimos anos vem aumentando devido à organização dos agricultores na busca de melhorias para a sua produção e comercialização. Foi comprovada que a cultura do arroz vermelho é uma importante alternativa de sustento, renda e geração de emprego. Observou-se que a região do Vale do Piancó foi destaque no ano de 2011, sendo responsável pelo 3º lugar ocupado pela Paraíba na produção do arroz vermelho. É nesta região onde o arroz consegue se sustentar, mesmo enfrentando insuficiência de políticas públicas para o setor, pois com avanços conseguidos pela associação dos produtores de arroz vermelho, os agricultores estão começando a criar novas perspectivas e a confiar no seu produto. Palavras chaves: Agricultura. Arroz vermelho. Políticas Públicas.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

A PRODUÇÃO DE ARROZ VERMELHO NO VALE DO PIANCÓ E AS

AÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O SETOR – Um Estudo de

Caso sobre o Município de Santana dos Garrotes - PB

Francimária Florentino de Souza

Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB

Débora Gerlane Gomes de Alcântara

Professora do Departamento de Economia - UFPB

RESUMO

O presente estudo analisa a produção do arroz vermelho no município de Santana dos

Garrotes, Estado da Paraíba. Trata-se de um estudo de caso, realizado através de pesquisa de

campo e aplicação de questionário junto à duas comunidades rurais mais representativas do

município. A pesquisa engloba aspectos como: infraestrutura, renda do produtor, sistema de

produção, comercialização, organização social, assistência técnica e de crédito. O estudo tem

caráter exploratório, com aspectos qualitativos e quantitativos. Os resultados revelam que a

maioria dos agricultores tem renda de um salário mínimo, sua produção é destinada ao

consumo da família e a outra parte é comercializada. Vale ressaltar que os agricultores

trabalham sem uso de tecnologia. Além disso, pode-se constatar que os agricultores são

beneficiados por crédito rural, só que desviam para outras finalidades. Mesmo enfrentando

vários obstáculos, a produção do arroz vermelho nos últimos anos vem aumentando devido à

organização dos agricultores na busca de melhorias para a sua produção e comercialização.

Foi comprovada que a cultura do arroz vermelho é uma importante alternativa de sustento,

renda e geração de emprego. Observou-se que a região do Vale do Piancó foi destaque no

ano de 2011, sendo responsável pelo 3º lugar ocupado pela Paraíba na produção do arroz

vermelho. É nesta região onde o arroz consegue se sustentar, mesmo enfrentando

insuficiência de políticas públicas para o setor, pois com avanços conseguidos pela associação

dos produtores de arroz vermelho, os agricultores estão começando a criar novas perspectivas

e a confiar no seu produto.

Palavras chaves: Agricultura. Arroz vermelho. Políticas Públicas.

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1-INTRODUÇÃO

A agricultura é uma das mais importantes atividades do mundo, pois fornece a maior

parte dos nossos alimentos e bebidas. Quanto maior é a produção agrícola e a produtividade

maior será a economia dos pais, via de regra, representando no caso do Brasil, mais que o

dobro do valor da produção animal e vegetal extrativista juntas. Nela estão incluídas as

lavouras temporárias tais como algodão herbário, amendoim, arroz, feijão, milho, soja, trigo,

dentre muitas as culturas permanentes, a exemplo do algodão arbóreo, café, laranja e outras.

A produção agrícola existe desde o século XVI, mas até hoje não é dada a importância

necessária para a expansão, ou seja, apesar de existir o Ministério da Agricultura, pouca

contribuição é dada aos agricultores, no que se refere à capacitação e linhas de crédito para

que os agricultores possam aumentar a produção e a produtividade. O acesso ao crédito é

fundamental para a aquisição de equipamentos, organização dos produtores e maior

divulgação do arroz vermelho.

O arroz vermelho foi introduzido no Brasil pelos portugueses no século XVI, na então

capitania de Ilhéus. No entanto, ali não conseguiu se desenvolver, mas teve grande aceitação

no Maranhão nos dois séculos seguintes. Em 1772 o cereal foi até proibido de ser cultivado

pelo Governador do Maranhão. Com isso, a produção migrou para região semi-árida, onde

ainda é encontrado, principalmente no estado da Paraíba (PEREIRA, 2004; SLOW FOOD,

2010).

A Paraíba é o maior Estado produtor de arroz vermelho do Brasil e onde ele ainda é

conhecido como “arroz da terra”, sendo sua produção concentrada nas regiões do Vale do

Piancó e Vale do Rio do Peixe (PEREIRA, 2004).

O Vale do Piancó é uma área no sul do Estado da Paraíba bastante reconhecida por sua

produção de arroz vermelho, uma variedade da espécie Oryza sativa. Os agricultores do Vale,

com suas lavouras de subsistência, enfrentam uma série de problemas, entre eles, a falta de

assistência técnica e apoio de qualquer natureza. Existem muitas reivindicações quanto ao

baixo preço cobrado pelo produto, falta de tecnologias, assistência técnica insuficiente e falta

de inventivo à comercialização do produto por parte da gestão pública municipal. Com base

no contexto exposto pretende-se investigar as dificuldades que os agricultores têm em adquirir

novos recursos para construção de seu plantio e ampliação de sua capacidade de produção.

Nesse sentido questiona-se: Qual o papel das ações municipais e de outras entidades

governamentais no sentido de apoiar a Associação dos Pequenos Produtores de Arroz

Vermelho de Santana dos Garrotes - PB?

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Santos (2004) ressalta que o reconhecimento destas peculiaridades é fundamental na

formulação de estratégias e de políticas de incentivo ao desenvolvimento da agricultura

familiar, visto que permite a convergência de esforços entre as diferentes classes sociais, onde

o entendimento torna-se importante para o desenvolvimento econômico local.

O trabalho da terra é uma atividade econômica de singular importância para o

desenvolvimento de diferentes países, pois, sem ele, nenhum progresso duradouro, livre,

soberano e estável poderá estabelecer-se em qualquer sociedade. Com a evolução dos

métodos e tecnologias agrícolas surgiu à passagem da agricultura empírica para a chamada

agricultura científica. A agricultura científica é, nos dias atuais, a resposta tecnológica às

questões de produtividade e produção, ainda permitem sérias controvérsias sobre a forma de

equacioná-las e, principalmente, sobre as reais possibilidades de superá-las face às dimensões

socioeconômicas que as envolvem e dos problemas de ajustamento que criam e gravam.

(HONÓRIO 1987, P. 73-74.).

Baseado neste contexto, o presente trabalho estuda a produção de arroz vermelho no

Vale do Piancó, em especial no município de Santana dos Garrotes-PB, buscando investigar

as possíveis ações da Gestão Pública Municipal quanto ao cultivo e incentivo a

comercialização da produção. Observar o desenvolvimento da rizicultura e a forma com que

os agricultores vêm atuando em suas lavouras é de fato entender que com força de vontade e

organização não existem obstáculos.

Para tanto, definiu-se como objetivo geral analisar a viabilidade do cultivo do arroz

vermelho como alternativa de sustento e renda para os agricultores do Vale do Piancó. A

título de objetivos específicos buscou-se: Caracterizar a evolução da cultura do arroz

vermelho na região do Vale do Piancó; Identificar os problemas enfrentados pelos

agricultores nas suas lavouras; Averiguar qual o papel da Associação dos pequenos

agricultores de arroz vermelho; Levantar estatísticas sobre a produção e comercialização do

produto.

Para melhor compreensão, o artigo está assim estruturado: Fundamentação teórica,

apresentando as temáticas políticas públicas na agricultura Brasileira, política agrícola do

ministério da agricultura, produção e comercialização do arroz vermelho; Os Procedimentos

metodológicos, demonstrando o uso de pesquisa de campo, onde foram levantadas

informações junto aos agricultores de duas comunidades rurais do município de Santana dos

Garrotes-PB. Também foram realizadas entrevistas com o secretário de agricultura do

município e o presidente da associação de produtores do arroz vermelho; Nas análises, estão

expostos os resultados da pesquisa, destacando-se o histórico da evolução da produção arroz

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vermelho, estatísticas da produção, comercialização e renda dos agricultores e as ações da

gestão pública municipal e órgãos envolvidos na expansão do arroz vermelho; Por último,

apresenta-se a conclusão dos resultados alcançados.

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1- Políticas Públicas na Agricultura Brasileira

As políticas agrícolas, de 1930 a 1965 são bem conhecidas, bem como o deslocamento

do centro dinâmico da economia. A partir do início dos anos 30, a decadência do café impôs

diversificação das atividades agrícolas e dinamização do processo de industrialização pelas

novas possibilidades que se abriam de importações. O setor agrícola, antes confundido com o

setor exportador, abre-se para a produção para o mercado interno, embora continue e

desempenhar papel fundamental no comércio brasileiro. (GRAZIANO, 1998).

Nessa época cresce a classe média urbana, dentro da qual se destacavam a burocracia

civil e militar, grupos financeiros internacionais, os comerciantes e os novos industriais que

surgiam sob a proteção da política cambial. A política cambial articulava os interesses dos

segmentos dominantes da burguesia brasileira. Na década de 60, particularmente em seus

anos finais, havia um conjunto de condições macroeconômicas e políticas internas que

possibilitaram uma mudança qualitativa no padrão de desenvolvimento da agricultura e no

lugar que ela passava a ocupar no padrão geral de acumulação do país.

A política de crédito rural subsidiado não apenas permitiu reunificar os interesses das

classes dominantes em torno da estratégia de modernização conservadora da agropecuária

brasileira, como também possibilitou ao Estado restabelecer o seu poder regulador

macroeconômico mediante uma política monetário-financeira expansionista. ( ibid., 1998).

A política agrícola brasileira, nos anos 70, foi caracterizada pelo modelo de

intervenção planejada, visando à promoção de mudanças estruturais, na base técnica,

econômica ou social. O principal instrumento de política nos anos 70 a 80 foi o crédito rural

que viabilizou e consolidou a agricultura. No caso das agroindústrias, as políticas tenderam a

ter caráter mais especifico ligada a certas atividades, produtos e a programas de

desenvolvimento rural integrado nas regiões mais atrasadas. A política de crédito rural

subsidiado não apenas permitiu reutilizar os interesses das classes dominantes em torno da

estratégia de modernização conservadora da agropecuária brasileira, como também

possibilitou ao estado restabelecer o seu poder regulador macroeconômico mediante uma

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política de crédito rural é considerada o carro- chefe da política de modernização

conservadora até o final dos anos 70. (GRAZIANO, 1998).

No final da década de 80 e, principalmente nos anos 90, esse modelo também entrou

em crise, em razão das inconsistências internas das políticas voltadas para o setor agrícola,

bem como das inconsistências entre estas políticas setoriais e as ações no plano

macroeconômico, mormente aquelas voltadas para a estabilização monetária. A política

agrícola dessa época teve importância para as políticas macroeconômicas, sobretudo a partir

dos pacotes econômicos e da liberalização. (BUAINAIN, 1997).

Os agricultores familiares nunca tiveram organização e força a ponto de influenciar as

instituições governamentais que tomam as principais decisões de política agrícola. Além

disso, nos últimos anos, com os ditames neoliberais, a política agrícola tornou-se subsidiária e

está hoje completamente submetida às determinações macroeconômicas, prevalecendo sempre

às políticas fiscal, monetária e cambial. ( DENARDI, 2001).

No momento atual, observando a experiência da política agrícola passada, pode se

constatar uma reorientação da atuação governamental na promoção do desenvolvimento

agrícola. Atualmente a política destaca como componentes principais, a política de crédito e

de preços mínimos, mas também a política de seguro agrícola, funcionando como subsidiária

à política de crédito. No que tange às políticas públicas destinadas à agricultura familiar,

destacam-se hoje no país, a Previdência Social e o Pronaf.

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é a primeira

política pública diferenciada em favor dos agricultores familiares brasileiros. O Pronaf é uma

conquista dos movimentos sociais e sindicais de trabalhadores rurais nas últimas décadas e

vem socializando o financiamento de custeio de produtos, sistemas e pacotes tecnológicos

tradicionais. A Previdência Social, por sua vez, é uma política pública que oferece um

benefício monetário às pessoas em situação de vulnerabilidade.

2.2-Política Agrícola do Ministério da Agricultura

A Política Agrícola do Ministério da Agricultura tem sua base nas ações voltadas para

o planejamento, o financiamento e o seguro da produção. Por meio de estudos na área de

gestão de risco, linhas de créditos, subvenções econômicas e levantamentos de dados, o apoio

do estado acompanha todas as fases do ciclo produtivo. Essas ações se dividem em três

grandes linhas de atuação: gestão do risco rural, crédito e comercialização.

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2.2.1- A gestão do risco rural

Conforme o Ministério da Agricultura (2011), o zoneamento agrícola de risco

climático é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura. O estudo é

elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos e

permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes

tipos de solo e ciclos de cultivares. A técnica é de fácil entendimento e adoção pelos

produtores rurais, agentes financeiros e demais usuários. São analisados os parâmetros de

clima, solo e de ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia validada pela Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada pelo Ministério da Agricultura.

Desta forma são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que

podem ocasionar perdas na produção. Esse estudo resulta na relação de municípios indicados

ao plantio de determinadas culturas, com seus respectivos calendários de plantio.

De acordo com o Ministério da Agricultura (2011), o zoneamento agrícola de risco

climático foi usado pela primeira vez na safra 1996 para a cultura do trigo. Recebe revisão

anual e é publicado na forma de portarias, no Diário Oficial da União e no site do ministério.

Dados atuais revelam que os estudos de zoneamentos agrícolas de risco climático já

contemplam 40 culturas, sendo 15 de ciclo anual e 24 permanentes, além do zoneamento para

o consórcio de milho com braquiária ( planta invasora das lavouras), alcançando 24 Unidades

da Federação.

Cabe ressaltar, que o zoneamento agrícola corresponde a direcionar a exploração de

certas culturas para regiões onde sejam menos sujeitas a adversidades. O Processo de

zoneamento agrícola pode ser estimulado por programas de crédito, preços mínimos,

modernização tecnológica e outros conduzidos pelo governo, onde se inclui o próprio seguro

rural. (HONÓRIO, 1987).

2.2.2- Seguro rural

Proteger-se de riscos causados por adversidades climáticas é imprescindível para o

produtor que, ao contratar o seguro rural, pode recuperar o capital investido em sua lavoura ou

empreendimento. O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) oferece ao

agricultor a oportunidade de segurar sua produção, por meio de auxílio financeiro que reduz

os custos de contratação do seguro.

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O objetivo básico do seguro rural é contornar as consequências sociais e econômicas

advindas dessas frustrações, diluindo seus prejuízos entre o maior número possível de

segurados. Para tanto, o agente segurador conta com um fundo constituído basicamente pelos

chamados prêmios de seguro cobrados de todos os seus segurados e destinado a cobrir

eventuais prejuízos sofridos por alguns deles. A concretização desses prejuízos, tecnicamente

denominada sinistro, tem certa probabilidade de ocorrência. Essa probabilidade corresponde

ao grau de risco que varia de um caso a outro e guarda estreita relação com o valor do

respectivo prêmio. (HONÓRIO, 1987).

Como é evidente, o seguro não elimina riscos, mas apenas pulveriza seus efeitos entre

maior número de agentes, tornando-os, assim, mais suportáveis. Ele se corporifica num

contrato formalmente elaborado entre uma campanha seguradora ou o governo e o segurado.

Nesse contrato, denominado apólice de seguro, está previsto o direito de o segurado, mediante

o prévio pagamento do prêmio, obter a indenização correspondente ao sinistro coberto, caso

ele venha realmente a se efetivar. Na apólice estão inscritas as condições do seguro. Dentre

elas destacam-se os riscos cobertos e os critérios de indenização que, no caso do seguro rural,

pode ser a cobertura dos custos incorridos pelo produtor com o preparo do solo, sementes,

fertilizantes, corretivos, defensivos, mão de obra, tratos culturais e outros itens. Quando a

frustração da safra não é completa, o valor dos custos recuperados é descontado da

indenização. (Ibid., 1987).

Outro critério, de caráter mais abrangente, é indenizar o produtor pelo valor de

mercado da produção sinistrada, o que configura uma forma mais aperfeiçoada de seguro

rural, pois cobre o efetivo prejuízo e não apenas os custos não recuperados. A dificuldade

operacional desse critério é definir com exatidão tal valor, pois, quando ocorrem perdas, os

preços se elevam mais que proporcionalmente, em face da baixa elasticidade-preço da

demanda por bens de origem rural, passando a situar-se em níveis bem superiores aos que

resultariam de condições normais de oferta. O seguro rural é um instrumento de largo alcance

social e econômico, ele que livra o produtor das consequências de prejuízos que venha a

sofrer, além de propiciar-lhe maior segurança para a tomada de decisões, pois a irregularidade

das condições bioclimáticas é a principal fonte de incerteza a que estão submetidas as

atividades rurais. (Ibid., 1987).

A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada

por qualquer pessoa física ou jurídica que cultive ou produza espécies contempladas pelo

programa e permite ainda, a complementação dos valores por subvenções concedidas por

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estados e municípios. Para contratar o seguro rural, o produtor deve procurar uma seguradora

habilitada pelo ministério no programa de subvenção.

2.2.3- Crédito rural

O Crédito Rural abrange recursos destinados a custeio, investimento ou

comercialização. A função primordial é permitir que as atividades rurais sejam conduzidas

com padrões de eficiência mais elevadas. Assim, ele tem um importante papel alocativo

quando existe adequada disponibilidade de fatores de produção e tecnologias e o produtor,

contando com estímulos econômicos para mobilizá-lo. Nesse caso, o crédito propicia maior,

flexibilidade para que o produtor coloque em prática decisões que lhe possibilitem explorar

seu empreendimento rural de forma mais eficiente. Apesar de sua importância como indutor

do aumento da produção e da produtividade, o crédito não deve ser encarado, a exemplo do

que freqüentemente ocorre, como fator isolado na busca desse objetivo. Nessas

circunstâncias, ele passa merecer excessiva ênfase como instrumento de política de

desenvolvimento rural e, além de não surtir os efeitos desejados, acaba representado a causa

de grandes distorções. (HONÓRIO, 1987).

O crédito corresponde a um valor, chamado principal, obtido por período de tempo

determinado, mediante o pagamento de encargos financeiros que incluem comissões, ágios,

impostos e sobretudo os juros, ou seja, a renumeração do principal. Para caracterizar uma

operação de credito é necessário um financiador (supridor ou mutante), um tomador

(mutuário), que é o produtor, além de finalidade, valor, prazos, garantias e encargos

financeiros. O crédito pode atender as três finalidades básicas: custeio, investimento, e

comercialização. Nessa classificação geral podem, inclusive, ser enquadrados os recursos

aplicados na compra de terras (credito fundiário), o credito de pré- comercialização destinado

a financiar a colheita e a preparação do produto antes de vendê-lo e outras linhas especificas

de financiamento. (Ibid., P.152, 1987).

Os créditos de custeio ficam disponíveis quando os recursos se destinam a cobrir

despesas habituais dos ciclos produtivos, da compra de insumos à fase de colheita. O crédito

de investimento possibilita a aquisição de terras, animais de trabalho ou reprodução, tratores,

colheitadeiras e equipamentos de uso rural, fundação de lavouras perenes e formação de

pastagens, correção e conservação do solo, abertura de canais de drenagem, obras de

irrigação, construção de armazéns e outros itens que compõem o capital de instalação e o

capital de exploração permanente de um empreendimento rural. O crédito de

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comercialização asseguram ao produtor rural e a suas cooperativas os recursos necessários à

adoção de mecanismos que garantam o abastecimento e levem o armazenamento da colheita

nos períodos de queda de preços. O produtor pode pleitear as três modalidades de crédito rural

como pessoa física ou jurídica. As cooperativas rurais são também beneficiárias naturais do

sistema.

O prazo e o valor desses financiamentos dependem da finalidade que se destinam,

podendo ser liquidados de uma única vez ou em parcelas. Em alguns, como é o caso dos que

se destinam a culturas perenes cuja produção leva algum tempo para iniciar-se, o prazo de

liquidação, especialmente no crédito de investimento, pode incluir um período inicial

chamado prazo de carência, durante o qual não há pagamento do principal, dos encargos ou de

ambos. Para assegurar a liquidação dos créditos de custeio e investimento os supridores

podem exigir que o produto faça o seguro safra, o penhor de máquinas, equipamentos e

produtos (inclusive ainda não colhidos), a hipoteca de suas terras e bens a elas incorporados e

ofereça outras garantias reais, a exemplo da alteração fundiária, ou mesmo pessoais, como o

aval e a fiança. Nos financiamentos e comercialização a garantia mais comumente solicitada,

embora nem sempre única, é o penhor mercantil do produto armazenado. (HONÓRIO, 1987.

pag. 153 a 154).

Aspecto importante a considerar é a taxa de juros incidente sobre as diferentes linhas

de financiamento dirigidas ao setor rural, em sua rentabilidade tende a situar-se em níveis

inferiores aos de outros segmentos, enquanto seus riscos e necessidades de crédito, tanto em

valor quanto em prazos, são usualmente maiores. Por esse motivo, os encargos financeiros

normalmente representam uma parcela expressiva dos custos de produção, o que constitui um

forte apelo para o fornecimento de crédito subsidiado, vale dizer, a juros inferiores aos

praticados no mercado. Embora esse apelo tenha procedência, é preciso considerar, antes de

tudo, que o subsídio creditício, especialmente em períodos de aceleração inflacionária, afasta

o interesse dos agentes financiadores, pois sua concessão acarreta prejuízo e deteriora a

capacidade real de financiamento dos supridores. (HONÓRIO, 1987, p. 154).

Outra forma de evitar o desvio de crédito favorecido é exercer rigorosa fiscalização.

Cabe registrar, a propósito, a observação de Sayad (1977), segundo o qual essa medida não

supera totalmente o problema, pois, em certos casos, o crédito apenas substitui os recursos

próprios do produtor, liberando-os para aplicações alternativas cujas oportunidades inclusive

crescem à medida que se desenvolve o mercado financeiro. Diante disso, o crédito subsidiado

pode gerar resultados bem diferentes dos esperados, pois quando não é totalmente desviado

pra outras atividades, pode inflamar o mercado de terras e representar, inclusive, um forte

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estímulo para que alguns produtores abandonem o meio rural, ora porque se sentem atraídos

em deixar essa condição em face dos elevados preços que podem conseguir pelas suas

propriedades.

Apesar dessas dificuldades, o subsidio ao crédito é um mecanismo utilizado no Brasil

e em outros países, embora as experiências bem-sucedidas indiquem a necessidades de se

montar um sistema de credito rural desvinculados das demais linhas de financiamento o que,

aliás, ocorre em outros países, para que seja possível adaptá-las às condições especificas do

setor rural. Dentre tais experiências, cabe mencionar os exemplos dos Estados Unidos, da

Austrália, da Espanha e, especialmente, o da França onde as poupanças captadas no meio

rural são prioritária e criteriosamente aplicadas em beneficio dos próprios produtores. Ano a

ano, o governo Federal tem alocado cada vez mais recursos para o crédito rural. A maior parte

do dinheiro destina-se a créditos de custeio para cobrir os gastos rotineiros com as atividades

no campo. Esse dinheiro é tomado diretamente nos bancos ou por meio das cooperativas de

crédito. (HONÓRIO, 1987, p. 156).

O CMN (Conselho Monetário Nacional), com base em solicitação do Mapa Mapa

(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), aprovou voto promovendo ajustes nas

normas de financiamento do crédito rural. As seguintes medidas tiveram vigência dia

01.07.11: fixar limite de crédito único de R$ 650 mil para todas as culturas e atividades;

aumentar de R$ 200 mil para R$ 300 mil o limite de financiamento de investimento, ao

amparo de recursos obrigatórios do crédito rural; criar linha de crédito, até o valor de R$ 1

milhão, para a fundação, ampliação ou renovação de lavouras de cana; criar linha de crédito,

até o valor de R$ 750 mil, para a aquisição de reprodutores e matrizes bovinas ou bubalinas;

criou linha especial de crédito(LEC) para laranja; elevar parâmetros considerados no

financiamento à cooperativas para pré-custeio ou para a aquisição de insumos e de bens para

fornecimento aos cooperados; elevar de R$ 500 mil para R$ 700 mil a renda bruta anual para

enquadramento no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural -Pronamp; elevar o

limite de crédito de custeio de R$ 275 mil para R$ 400 mil, no Pronamp; elevar o limite de

crédito investimento de R$ 200 mil para R$ 300 mil, no Pronamp. O quadro 1 a seguir,

apresenta dados do Crédito Rural-Safra 2010/2012.

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Quadro 1: Crédito Rural - Safra 2010/2012 - Em R$ bilhões

Financiamento 2010/2011 2011/2012 Variação

Custeio e comercialização 75,6 80,2 6,08%

Juros controlados 60,7 64,1 5,60%

Juros livres 24,9 16,1 8,05%

Investimento 18 20,5 13,89%

Linhas Especiais 6,4 6,5 1,56%

Total 100 107,2 7,20%

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola.

Para a safra 2011/2012, o governo vai manter e ampliar a ação de seus instrumentos de

políticas públicas, notadamente o crédito rural, bem como os mecanismos de apoio à

comercialização e gestão de risco rural. Em apoio à comercialização da próxima safra, estarão

disponíveis R$ 5,2 bilhões para aquisições diretas e equalização de preços. Os preços

mínimos dos grãos, em virtude das condições de mercado, foram mantidos nos mesmos

valores da safra anterior, com exceção do milho e do feijão. O quadro 2 apresenta dados sobre

produção, importação, consumo, exportação e estoque final da safra do arroz em casca nos

anos de 2005/2011 no Brasil.

Quadro 2: Brasil - Balanço de Oferta e Demanda - Em 1.000 toneladas

Produto

Safra

Estoque

Inicial

Produção

Importação

Suprimento

Consumo

Exportação

Estoque

Final

Arroz em casca

2005/06 3.732, 1 11.971,7 827, 8 16. 531,6 13. 000,0 452,3 3.079,3

2006/07 3.079, 3 11.4208 1.069, 6 15. 569, 7 12. 000, 0 312, 3 2.326,6

2007/08 2.326, 6 12.2653 589, 9 15.181,8 12. 930, 0 789,9 1.891, 9

2008/09 1.891, 9 12.702,0 908, 0 15. 501, 9 12. 500, 00 894, 4 2.107, 5

2009/10 2.107, 5 11.660,9 1.044, 8 14.813, 2 12.500,00 627, 4 1.685, 7

2010/11 1.685,8 13.613,1 600, 0 15. 898, 9 12.800,00 1300, 0 1.798,9

Dados: CONAB. Levantamento setembro 2011

As projeções de produção e consumo de arroz, avaliadas pela Assessoria de Gestão

Estratégica do Mapa, mostram que o Brasil vai colher 14,12 milhões de toneladas de arroz na

safra 2019/2020. Equivale ao aumento anual da produção de 1,15% nos próximos dez anos. O

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consumo deverá crescer a uma taxa média anual de 0,86%, alcançando 14,37 milhões de

toneladas em 2019/2020. Assim, a importação projetada para o final do período é de 652,85

mil toneladas. A taxa anual projetada para o consumo de arroz nos próximos anos, de 0,86%,

está pouco abaixo da expectativa de crescimento da população brasileira.

3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Foi realizado um estudo do tipo exploratório na Comunidade Aroeiras no município de

Santana dos Garrotes, Paraíba, no período de outubro a dezembro de 2011, com a finalidade

de ampliar o conhecimento a respeito da produção e comercialização do arroz vermelho. De

acordo com Chizzotti (1995, p.104) a pesquisa exploratória objetiva, em geral, “provocar o

esclarecimento de uma situação para a tomada de consciência”.

O estudo trata de uma análise descritiva, e tem como objetivo investigar as

dificuldades dos agricultores em adquirir novos recursos para a construção do seu plantio,

podendo assim ampliar sua capacidade de produção. A pesquisa descritiva, segundo

BARROS (1986), é aquela em que o pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona

fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los.

Nesta pesquisa apresenta-se um estudo de caso sobre a produção de arroz vermelho no

município de Santana dos Garrotes-PB. Para Gil (1994), “esse método se fundamenta na idéia

de que a análise de uma unidade de determinado universo possibilita a compreensão da

generalidade do mesmo ou, pelo menos, o estabelecimento de bases para uma investigação

posterior, mais sistemática e precisa”.

O método utilizado na abordagem do estudo foi quantiqualitativo. A abordagem

quantitativa foi obtida por meio de um levantamento bibliográfico e documental através das

seguintes fontes: Internet, Revistas, Livros, Jornais, o Sindicato patronal e Sindicato rural,

Emater e Secretaria de Agricultura da Prefeitura Municipal de Santana dos Garrotes-PB. E

também com o auxílio de um questionário estruturado com perguntas objetivas e subjetivas

direcionado aos agricultores. O mesmo foi aplicado visando coletar estatísticas sobre a

produção e comercialização do arroz vermelho e também coletar dados sobre as ações da

gestão pública municipal e outros órgãos que possam estar envolvidos no cultivo do arroz.

Já a abordagem qualitativa foi realizada por meio de um Estudo de Campo, com a

finalidade de buscar informações sobre as necessidades e potencialidades dos agricultores na

produção do arroz vermelho. Para Godoy (1995), “no olhar qualitativo valoriza-se o contato

direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo estudada.”

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Para isto foi aplicado um questionário com os agricultores do município de Santana

dos Garrotes-PB, compreendendo 50 produtores de arroz vermelho, considerada esta uma

amostra bem representativa, haja vista, a quantidade de 77 agricultores associados. Além de

entrevistas com o presidente da Associação dos agricultores do arroz vermelho1, o Secretário

de Agricultura do Município de Santana dos Garrotes – PB2 e o Consultor técnico da

Faepa/Senar3, com a finalidade de constatar as ações para a expansão do cultivo e

comercialização do arroz vermelho. O local de coleta foi a Comunidade Aroeiras do

município de Santana dos Garrotes-PB, onde há a maior concentração de produtores,

sabendo-se que no Vale do Piancó, vários municípios cultivam o arroz. A coleta de dados é a

etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas

selecionadas, conforme conceituam Lakatos e Marconi (2002).

Quadro 4 : O número de agricultores entrevistados

Comunidade Número de agricultores entrevistados

Sitio Aroeiras de cima 20

Sitio Aroeiras de baixo 30

Total de agricultores 50

Fonte: Elaboração própria.

4- ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1- Histórico da evolução da produção arroz vermelho

O Arroz é considerado a principal fonte de energia para a maioria das pessoas, e o

nosso País é o maior produtor de arroz branco do Hemisfério Ocidental. O Arroz vermelho

foi o primeiro arroz introduzido no Brasil, quando foi trazido pelos portugueses para a

capitania de Ilhéus, no século XVI e acabou migrando para o semi-árido nordestino, onde até

hoje tem a preferência dos habitantes dos Sertões da Paraíba, do Rio Grande do Norte e de

1 Agradecimento: José Soares Filho Presidente da Associação dos produtores do arroz vermelho do município de

Santana dos Garrotes-PB.

2 Agradecimento: Lindoberto Costa de Araújo Secretario da Agricultura do município de Santana dos Garrotes-

PB.

3 Agradecimento: Francisco Batista dos Santos, consultor técnico da Faepa/Senar- PB

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Pernambuco. O Arroz vermelho que ainda é pouco conhecido no Brasil, constitui na Paraíba

um dos principais alimentos da culinária regional. O Estado é o maior produtor do país. O

mercado se expandiu e os produtores estão fornecendo o arroz para Estados como: São Paulo,

Rio de Janeiro, Paraná, Brasília, além de atender o consumo do Estado da Paraíba e

circunvizinhos.

O Arroz vermelho é beneficiado pelo Rio Piancó por ter uma bacia hidrográfica de

solos naturalmente férteis, que viabiliza sua produção. No Vale do Piancó, estão envolvidos

na produção do arroz, cerca de 2.000 produtores de pequena escala, que cultivam pequenas

glebas. O preparo da terra se dá no período do mês de dezembro, onde o corte do solo é feito

pela tração animal, e não há utilização de agrotóxicos. O plantio é realizado na segunda

quinzena de janeiro, período que começam as primeiras chuvas. Os sistemas de cultivo ainda

são bastante rudimentares, sendo plantado predominantemente por pequenos agricultores,

como lavoura de subsistência, numa área de 5 mil hectares, tendo produção aproximada de

2.500 kg/ hectare.

Quadro 3: Produção do Arroz vermelho no Município de Santana dos Garrotes

Anos Quantidades(t)

2007 800

2008 1.000

2009 700

2010 900

2011 1.000

Fonte: Sindicato dos Agricultores do Município de Santana dos Garrotes-PB

Pelo quadro, percebe-se que, no ano de 2011, a produção de Arroz vermelho do

Município de Santana dos Garrotes aumentou. Isso deve-se às chuvas que foram regulares,

porém brandas, diferentemente de 2009 e 2010, onde a produção caiu devido às elevadas

chuvas, pois o arroz é dito de sequeiro, ou seja, não requer muita água.

Na região do Vale do Piancó existe uma tradição no cultivo de Arroz vermelho. O

arroz lá cultivado pode ser considerado um produto ecologicamente limpo, pois nunca

recebeu qualquer tratamento com agrotóxicos. Um exemplo da integração desses agricultores

na região do Vale do Piancó é o da cidade de Santana dos Garrotes que criou a Associação

dos produtores de arroz vermelho, este ano a cidade foi sede do 1º Seminário e Festa do Arroz

vermelho da Paraíba, contou com seminários, palestras, festival de gastronomia, artesanato e

concurso para a escolha da rainha e da princesa do arroz vermelho. O evento contou com a

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participação de pessoas de todos os municípios do Vale do Piancó e de Técnicos da Faepa,

Emater, Governo Federal, Ibama , apoio da Prefeitura Municipal e Associação dos produtores

de arroz vermelho.

O trabalho principal da Associação dos produtores está focado no fortalecimento da

mesma e melhoramento das condições de trabalho para o processamento do arroz colhido.

Segundo o presidente, a Associação conta com 77 produtores associados, sendo que, no

município já são mais de 400 agricultores que produzem o arroz vermelho. Os produtores

buscam maior capacitação e linhas de crédito para aumentar a produção e a produtividade,

também reclamam quanto ao preço do produto por ser de baixo valor e reivindicam

tecnologias e assistência técnica.

De acordo com informações técnicas da Faepa/Senar ( 2011), mesmo com a queda de

50% da produção, devido às fortes chuvas de março, estima-se que o arroz vermelho gere uma

renda anual de R$ 7,2 milhões. Com a alta produtividade, a Paraíba é reconhecida como o

refúgio do arroz vermelho, e atualmente alcança o topo nacional do ranking de maior

produtividade. A região do Vale do Piancó foi responsável por conceder à Paraíba o 3º lugar

na produção de grãos de arroz neste ano.

O cultivo do arroz vermelho é tradição na região do Vale do Piancó. Há mais de 50

anos, vinte municípios da região desenvolvem a cultura do arroz, e cerca de 10 mil pessoas se

encontram atualmente envolvidas no trabalho agrícola. Mais de dois mil pequenos produtores

desenvolvem, através da agricultura familiar, a produção do arroz em uma área de

aproximadamente cinco mil hectares. Em todos os municípios são produzidos anualmente 3,6

toneladas do grão, que na região é conhecido como o ouro vermelho.

Os municípios do Vale do Piancó têm ao todo uma população de 170.195 habitantes.

Seu território ocupa uma área de 6.339.653 km². O clima da região é quente e seco. A

vegetação predominante é o cerrado. A Economia dos municípios tem sustentáculo na

agricultura, com a plantação de algodão, milho, arroz, feijão. O setor pecuarista dedica- se à

criação de gado bovino, suíno e caprino.

Segundo o consultor técnico da Faepa/Senar a produção de arroz no Vale do Piancó

em ano normal de chuva produz 6.000 toneladas e em ano atípico de chuva produz

aproximadamente 2.000 toneladas. O Vale do Piancó recebe investimentos dos Bancos do

Brasil e Nordeste.

A escolha da cidade de Santana dos Garrotes para referente pesquisa se deu porque o

município é o principal produtor de arroz vermelho da região do Vale do Piancó, seguido de

Pedra Branca, Nova Olinda, Piancó, Olho D'água e Itaporanga. O município de Santana dos

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Garrotes localiza-se no Vale do Piancó, na região Sudoeste do Estado da Paraíba. Seu

território ocupa uma área de 353.813 km². Sua população no último censo - zona urbana- foi

3.736 hab. e a população rural 3.530 hab., ao todo o município tem uma população de 7.266

habitantes. O clima da região é quente e seco. Hidrografia: Riacho Santana, Maracujá e

Gravatá. A vegetação predominante é o cerrado. A economia do município gira em torno da

agricultura, com a plantação de algodão, milho, e arroz, em pequenas propriedades. O setor

pecuarista dedica-se à criação de gado bovino, suíno e caprino.

Segundo o técnico da Faepa/Senar o município de Santana dos Garrotes, recebe

investimentos dos Bancos do Brasil e Nordeste com linhas de créditos do Pronaf (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e FNE (Fundo Constitucional de

Financiamento do Nordeste).

A produção do arroz no município permanece aumentando, apesar da queda da

produção na Paraíba no ano 2011, o município teve uma produção de 1.000 toneladas, com

isso, o presidente da Associação dos produtores de arroz vermelho afirma que o município só

ganhou, pois no ano passado, o valor da saca do produto (60 kg) alcançava o preço médio de

R$55,00 no mês de maio, subindo em dezembro para R$85,00 a saca. Neste ano, as chuvas

resultaram em uma queda de 50% na produtividade na Paraíba, o que significou

paradoxalmente um maior lucro para os agricultores, que estão vendendo a saca de 60 kg por

R$ 100,00 reais.

O arroz branco é cultivado em 150 dias, enquanto que a variação do arroz vermelho é

plantado em janeiro e leva apenas 115 dias para ser colhido. Além disso, economicamente

falando, o arroz vermelho é mais valorizado, e ele apresenta uma maior durabilidade. Esse

arroz não tem problema de armazenamento e quanto mais tempo estocado, melhor o produto.

Dessa maneira, o produto tem um valor agregado superior. É mais rápido para produzir e gera

mais lucros para os produtores da região. Segundo o secretário da agricultura do município,

em dezembro os produtores ainda comercializam o arroz colhido em maio e conseguem um

valor mais satisfatório pela saca.

O Presidente da associação dos produtores de arroz vermelho, juntamente com o apoio

da secretária de agricultura do município conseguiram, através do Governo Federal, com o

Programa de Aquisição de Alimentos-PAA para agricultura familiar um empréstimo de

R$197.755,00, onde estão sendo beneficiados 77 produtores do município, segundo ele, a

associação tem um projeto para a aquisição de um prédio, e quanto as máquinas, estão

pleiteando um empréstimo junto ao Banco do Brasil e Pronaf no montante de R$232.000,00 .

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O Presidente da associação espera que esse ano ainda consiga mais esse grande benefício para

os agricultores.

4.2- Estatísticas da produção, comercialização e renda dos agricultores que produzem

arroz vermelho.

Os resultados apresentados pelo presente estudo revelam que a região Vale do Piancó,

no Alto Sertão da Paraíba, é a maior produtora de arroz vermelho do país, entre as 20 cidades

da região que produzem o arroz vermelho destaca-se o município de Santana dos Garrotes.

Conforme retrata o quadro 3 o referido município a cada ano vem aumentando sua produção e

isso se deve à organização dos produtores. A comercialização do arroz colhido é efetuada

diretamente por meio de revenda ou atravessador.

A tabela 1 a seguir, mostra a renda dos agricultores que produzem o Arroz vermelho

na Comunidade Aroeiras do Município de Santana dos Garrotes - PB.

Tabela 1: Renda dos agricultores

Renda dos agricultores

(Salário Mínimo-SM)

Amostra

(50 agricultores)

%

1 SM 30 60%

2 SM 15 30%

3 SM 5 10%

Total 50 100%

Fonte: Elaboração própria.

De acordo com a tabela 1, 30 pessoas (60%) têm renda de 01 salário mínimo, 15

pessoas (30%) tem renda de 02 salários e 5 pessoas(10%) tem renda de 03 salários.

A maioria dos agricultores tem renda de um salário, adquirido através da produção de

arroz e dos benefícios do governo Federal, como o bolsa família. A tabela 2 apresenta a forma

de aquisição das sementes.

Tabela 2: Aquisição das sementes de arroz vermelho

Sementes para plantio Porcentagem

Compra 65%

Guarda de um ano para outro 35%

Fonte: Elaboração própria.

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Com relação à aquisição das sementes para o plantio, como mostra a tabela 2, os

agricultores, na grande maioria, compra as sementes para montar suas lavouras, e não

recebem nenhuma ajuda da Gestão Pública Municipal ou Emater. E também pode-se

constatar que as sementes colhidas, em sua maior parte, é para a subsistência das suas

famílias e a outra parte é vendida, hoje a saca 60 Kg custa R$100,00 reais.

A tabela 3 a seguir, mostra o método que os agricultores utilizam para o corte da terra

nas suas lavouras.

Tabela 3: Método para o corte da terra

Método para o corte da terra Quantidade

Animal 15%

Trator 85%

Fonte: Elaboração própria.

Na tabela 3 percebe-se que a maioria dos agricultores do município de Santana dos

Garrotes utiliza o corte da terra através de tratores. Os agricultores recebem ajuda da

Prefeitura Municipal de Santana dos Garrotes-PB em parceria com a Associação dos

produtores. Segundo o secretário de agricultura no ano 2011, a prefeitura disponibilizou 1.000

horas de trator, onde foram beneficiadas 200 pessoas com 5 horas de corte de terra através de

trator, representando um gasto para prefeitura de R$ 9.000,00. Os agricultores enfrentam

problemas quanto à utilização de máquinas beneficiadoras conhecidas como despolpadeiras;

são rudimentares, apresentando problemas na regulagem para o beneficiamento. Todas as

etapas do processamento, da recepção à expedição, são realizadas em um mesmo ambiente,

com paredes de tijolos aparente, sem acabamento, teto sem forro, portas rústicas de madeira, o

que torna o ambiente mais propício à contaminações.

Tabela 4: Beneficiados com o crédito rural

Credito rural Quantidade

Sim 75%

Não 25%

Fonte: Elaboração própria.

A tabela 4 mostra que os agricultores são beneficiados por crédito rural, só que na

maioria dos casos os agricultores recebem os créditos e não investem na produção do arroz,

desviam para outras finalidades, os agricultores não têm noção de que tipo de crédito estão

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adquirindo, grande parte desses agricultores não tem nível de instrução formal, ou seja, são

analfabetos, e por mais que recebam crédito não sabem investir para melhorar a produção do

arroz vermelho. Quanto à assistência técnica, vários são os cursos promovidos pelo Senar da

Paraíba (Serviço de Nacional de Aprendizagem Rural), Faepa (Federação da

Agricultura e Pecuária da Paraíba) em parceria com a Associação dos Produtores do

Arroz vermelho. De todos os entrevistados apenas 5% disseram nunca ter participado de

curso de aperfeiçoamento, mas mesmo participando, poucos colocam em prática o que é

orientado pelos técnicos, justamente porque sempre seguem os “velhos hábitos” e acabam não

tratando da terra como se deve.

De acordo com o Ministério da Agricultura (BRASIL), do mês de julho de 2010 a

janeiro de 2011, os agricultores familiares receberam financiamento rural do Pronaf na ordem

de R$7.433,40. Já o maior financiamento no mesmo período foi constatado na agricultura

empresarial, um montante na ordem de R$56.387,00

4.3- Ações da gestão pública municipal e órgãos envolvidos na expansão do arroz

vermelho

Foi observado que os agricultores contam com ajuda da Prefeitura Municipal de

Santana dos Garrotes-PB para expandir a produção e conquistar novos mercados. A Prefeitura

no ano 2011contribuiu com agricultores que produz o arroz vermelho desde o custeio do corte

da terra, cursos de aperfeiçoamento para melhorar sua produção bem como prestou total apoio

à divulgação do arroz vermelho. No ano de 2011, a Prefeitura Municipal juntamente com o

Senar da Paraíba e a Faepa promoveram o 1 ° Seminário do arroz vermelho o qual foi um

grande evento festivo para divulgação do arroz vermelho. Os agricultores do município já

foram, inclusive, divulgar o arroz vermelho em outros países com o apoio da Prefeitura e do

Sindicato Rural. A Prefeitura divulga através da sua assessoria de imprensa todos os eventos

da Associação dos produtores de arroz vermelho.

É importante enfatizar que a Associação com a ajuda dos produtores de arroz

vermelho juntamente com a Prefeitura Municipal de Santana dos Garrotes, Embrapa,

Movimento Slow Food, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),

conseguiram a certificação do produto, através do selo IG (Selo de Indicação Geográfica),

hoje o produto já pode ser identificado como originário da região.

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É possível verificar que os agricultores necessitam de mais ações governamentais,

como a implantação de pequenas barragens de acumulação de água, linhas de financiamento

para aumentar a produção, acesso à tecnologia, entre outros.

5- CONCLUSÕES

Pode-se perceber que os agricultores de Santana dos Garrotes tem como meta

principal, o fortalecimento da Associação dos produtores de arroz vermelho e o melhoramento

das condições de trabalho para o processamento do arroz colhido, e possuem como principal

fonte de apoio a Associação e a Prefeitura . Através deste estudo de caso, torna-se possível

compreender que ainda existem problemas, mas algumas soluções já estão sendo tomadas

para que o produto, arroz vermelho, tenha a devida divulgação comercial e garantia da

qualidade e notoriedade do produto, proporcionadas pela conquista do Selo Distintivo.

Os resultados do estudo levam à reflexão quanto a importância do cultivo do arroz

vermelho como alternativa de sustento e renda para os agricultores do Vale do Piancó. Tendo

em vista que é pequeno o número de agricultores que não têm auxilio do governo para

investimentos, como as linhas de crédito para suprimento de suas necessidades. Foi possível

encontrar outras situações como: a maioria dos agricultores tem renda de um salário mínimo,

sua produção é destinada ao consumo da família e a outra parte é comercializada. Os

resultados também apontam para o fato dos agricultores guardarem de um ano para outro suas

sementes para as próximas plantações e alguns ainda utilizam o corte da terra por meio

animal, ou seja, sem nenhuma tecnologia, o sistema de processamento ainda é bastante

rudimentar, afetando a qualidade do produto.

A produção do arroz no município permanece aumentando a cada ano, apesar das

irregularidades das chuvas e da falta de tecnologia. Os agricultores comercializam sua

produção por meio de atravessadores, implicando que este agente interfere e mantém o preço

de acordo com o mercado e suas condições. Os agricultores que comercializam seus produtos

diretamente nas feiras e consumidor final conseguem um preço diferenciado, ou seja, maior.

Uma pequena parcela dos agricultores pratica a diversificação da produção e venda direta ao

consumidor, nestes casos é notória uma melhor condição de moradia e uma certa folga

financeira. Foi possível perceber que o grau de instrução tem relação direta com o

direcionamento administrativo do processo produtivo e com isso o retorno financeiro é maior,

refletindo-se numa melhor qualidade de vida do agricultor e seus familiares.

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Portanto, conclui-se que, o município de Santana dos Garrotes-PB, tem vocação e

necessidade em desenvolver essa produção agrícola, respeitando as especificidades da região,

contudo é preciso que as políticas públicas estejam voltadas à promoção, não somente de um

projeto isolado, mas também comprometida com um desenvolvimento interligado que

corresponda com a realidade. Esses projetos necessitam fornecer crédito, mas também, fazer o

acompanhamento administrativo e técnico, pois somente desta maneira pode-se proporcionar

ao agricultor uma chance de se inserir no mercado de produtos agrícolas e que sua

importância não se restrinja somente a produzir, mas também em promover uma oportunidade

para pessoas simples e com conhecimentos empíricos, porém relevantes, de poderem viver

dignamente do seu próprio trabalho.

Francimária Florentino de Souza

Graduação: Licenciatura Especifica em Biologia- Universidade Estadual Vale do Acaraú

UVA/UNAVIDA

Pós Graduação: Educação Ambiental- Faculdades Integradas de Patos-FIP

Emprego Atual:

Professora de Ciências no Ensino Fundamental e Biologia no Ensino Médio. E. M. E. I. F.

M. Maria Sinharinha de Azevedo. Santana dos Garrotes-PB.

Professora de Ciências no Ensino Fundamental. E. M. E. I. F. Genésio Pinto Ramalho. Nova

Olinda-PB

Contato: [email protected]

8- REFERÊNCIAS

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SCHULLTZ, T. W. O valor econômico da educação. Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1967.

7- ANEXOS

QUESTIONÁRIO I

Questionário aplicado junto aos agricultores com o objetivo de obter informações

sobre os problemas enfrentados em suas lavouras e coletar dados sobre as ações da

gestão pública municipal e outros órgãos que possam estar envolvidos no cultivo e

incentivo à produção e comercialização do arroz vermelho.

1-Sexo:

( )feminino ( ) masculino

2-Salário:

( ) um salário( ) dois salário ( ) três salários ou mais

3-Onde costuma adquirir as sementes de suas plantações?

( ) compra

( ) guarda de um ano para outro

( ) doada pela Prefeitura ou Emater

4-Que método utiliza para o corte da terra?

( ) animal ( ) trator

5-Recebe ajuda da prefeitura municipal para o corte da terra?

( )sim ( ) não

Se sim, de que forma:__________________________________________________

6-O que o agricultor faz com a produção do arroz?

( )Utiliza apenas para subsistência da família

( ) Uma parte é para subsistência e a outra para venda

7-A associação dos produtores de arroz vermelho e a gestão pública municipal ajudam

os agricultores na produção e comercialização do arroz?

( )sim ( ) não

Se sim, de que forma:__________________________________________________

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8- Você recebe ajuda de órgãos de apoio a agricultura?

( )sim ( ) não

Se sim, qual:____________________________________________________________

9- Você já foi beneficiado com alguma ajuda de crédito rural ou assistência técnica?

( )sim ( ) não

Se sim, qual?___________________________________________________________

10- Cite sugestões quanto a atuação da prefeitura ou outros órgãos no sentido de

melhorar sua produção e comercialização:_______________________________________

QUESTIONÁRIO/ENTREVISTA II

Roteiro de entrevista aplicada com o Presidente da Associação dos produtores de arroz

vermelho da cidade de Santana dos Garrotes, a fim de coletar informações sobre o papel

da associação e as principais ações para a produção do arroz vermelho.

1-Qual os números associados?

2- Qual o papel da associação?

3- A associação conta com ajuda da prefeitura e outros órgãos?

4- Quais os benefícios que os associados disponibilizam para os agricultores?

5- Qual a meta da associação em relação a produção do arroz vermelho?

QUESTIONÁRIO/ENTREVISTA III

Roteiro de entrevista aplicada com o Secretário da agricultura do município de Santana

dos Garrotes, buscando informações sobre as principais ações da prefeitura para

produção e comercialização do arroz vermelho.

1-A prefeitura tem contribuído para a produção do arroz vermelho na cidade?

2- Existe alguma parceria entre prefeitura e a associação dos produtores de arroz

vermelho?

3- Quais os subsídios que a prefeitura oferece em prol dos agricultores?

4-Qual a meta da prefeitura para a expansão do arroz vermelho?

5- Existe divulgação do produto arroz vermelho pela prefeitura?

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