a problemática do idioma dos argentinos em borges

Upload: damares-fernandes

Post on 07-Jul-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    1/10

    A problemática do idioma dos argentinos em Borges

     

    Ronaldo Assunção

    UFMS

     

    Os estudos sobre a língua ou idioma nacional na Argentina, num sentido amplo e noâmbito de uma oralidade literária, foram e têm sido intensos. A Argentina, como se sabe,no período pósindependência, op!sse de um modo intenso, tal"e# mais $ue $ual$uer outro país %ispânico, & influência do espan%ol da antiga metrópole colonialista. A busca

     por definir uma identidade passa"a, necessariamente 'pensa"ase(, pela busca de um

    ))idioma nacional)) próprio.

    A rela*+o problemática entre pátria 'identidade cultural( e língua, á adotada no s-culo/ como um elemento $ue corrobora com o ideal nacionalista em forma*+o, -intensificada no s-culo ,0 sobretudo nos anos "inte, tendo & frente a re"ista"anguardista Martín Fierro '01230124( $ue, se num primeiro momento rei"indica anecessidade da reno"a*+o est-tica, dois anos depois pri"ilegia o debate em torno daidentidade cultural. 5esse período, muitos escritores se dedicaram a pensar o ))idiomanacional)) como uma forma de apro6ima*+o a uma identidade nacional 'a))argentinidad))( em crise, sobretudo pelo c%egada maci*a dos imigrantes e o galopantecrescimento de 7uenos Aires. 7orges foi um desses escritores.

    8ensar a língua implica, em 7orges, repensar a tradi*+o literária e a sua identidadecultural, cuo mito fundacional está centrado no gênero ))gauc%esco)), $ue se estrutura a

     partir da oralidade do campo. 9m outras pala"ras, a refle6+o sobre o idioma nacionaltem como ei6o central a refle6+o dos potenciais de uma tradi*+o cultural e literáriacomo ponto de partida para no"as reali#a*:es e transforma*:es.

    7orges escre"e e publica, nos anos 2;, três li"ros onde aborda, dentre outros, o tema doidioma falado pelos argentinos, particularmente os porten%os2 . S+o te6tos, na "erdade,$ue mostram um 7orges com tra*os nacionalistas ou ))criollistas)) claros. 9ntretanto, a

    $uest+o do nacional ou do ))criollismo)) em 7orges - um tema comple6o e de"e ser "istodentro de um período e conte6to específicos de sua traetória de escritor. Os li"rosreferidos s+o por outro, a$ueles $ue se agarram & ramática ou & Academia para seguir 

    http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt01http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt01http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt02http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt02http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt02http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt01

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    2/10

    fielmente as normas de uma pseudo perfei*+o da linguagem '))esto es, Ba todo está pensado B oalá fuera así))(. 7orges al%eiase desse entre"ero e prop:e sua má6ima< ))Cograndioso es amillonar el idioma, es instigar una política del idioma)) '7OD9S, 0113,

     p. E1(. 9m outras pala"ras, o escritor foge dos e6tremos< nem liberalismo incondicional,nem conser"adorismo radicali#ado. 9 prop:e alguns pontos para uma ))política do

    idioma)), "isando abrir brec%as na rigide# da gramática. Oferece alguns elementosimportantes sobre as potencialidades da língua, sobretudo a insistência de $ue o idioma- infinito, inacabado e aberto a "aria*:es $ue ampliem o seu potencial representati"o<))Co $ue persigo es despertarle a cada escritor la conciencia de $ue el idioma apenas síestá bos$ueado B de $ue es gloria B deber suBo 'nuestro B de todos( el multiplicarlo B"ariarlo. oda conciente generación literaria lo %a comprendido así)) '/bid., p. 3E(.

    ))8alabrería para "ersos)) segue pelo mesmo camin%o do ensaio anterior, embora comalgumas "ariantes, dentre elas a id-ia básica de $ue ))9l lenguae es un ordenamientoefica# de esa enigmática abundancia del mundo. Gic%o sea con otras palabras< lossustanti"os se los in"entamos a la realidad)) '/bid., p. 3?(. Dessalta a necessidade de

    encontrarse um "ocabulário po-tico para abarcar as coisas do mundo, denunciando,com isso, os limites de representa*+o da linguagem, e a id-ia de $ue o mundo cobramaterialidade por meio dessa própria linguagem limitada e arbitrária por nature#a, mas$ue ret-m um infinito potencial reelaborati"o, de autosupera*+o e de in"en*+o.

    O ensaio ))/n"enti"a contra el arrabalero)) está mais centrado na oralidade como um doselementos fundantes de uma tradi*+o, de uma identidade. Um ponto fundamental $ueaparece e será uma constante em 7orges n+o só nos poemários dos anos "inte, mas em

     poemas posteriores 'e tamb-m na prosa(, - a presen*a da cidade comono"o topos literário e identitário. Ocorre, ent+o, um deslocamento do campo 'do))pampa))(, da tradi*+o literária dos antepassados, para o subHrbio 'o ))arrabal)) ou a))orilla))( de 7uenos Aires. Ou sea, a busca pela oralidade e pela identidade ampliase aodeslocarse para outro espa*o e tempo. 7orges insiste neste ponto< se o pampa á %a"iaencontrado sua "o#, pela $ual se fe# ou"ir e na $ual se consolidou uma tradi*+o literária,uma epop-ia, o mesmo n+o ocorreu com 7uenos Aires. I cidade falta"a essa "o#, essafábula> enfim, falta"a uma poesia, um símbolo $ue a representasse<

    8ero 7uenos Aires, pese a los dos millones de destinos indi"iduales $ue lo abarrotan, permanecerá desierto B sin "o#, mientras algHn símbolo no lo pueble. Ca pro"incia siestá poblada< allí están Santos Jea B el gauc%o Kru# B Martín Fierro, posibilidad dedioses. Ca ciudad sigue a la espera de una poeti#ación '/bid., p. 02?(.

    Ao propor um deslocamento geográfico e temporal, mudamse tamb-m os personagens$ue falam. Agora o $ue se $uer ou"ir - a "o# do %omem típico da ))orilla))< o))compadrito)), $ue, ))Ba, como el gauc%o, es un tema de nostalgia)) '7OD9S, 2;;;, p.4(. O ))compadrito)) será, de fato, uma personagem recorrente em seus contos e poemas etransformarseá em mito literário. O ))compadrito)), define 7orges, ))fue el plebeBo delas ciudades B del indefinido arrabal, como el gauc%o lo fue de la llanura o de lascuc%illas. Jenerados ar$uetipos del uno son Martín Fierro B Luan Moreira B SegundoDamíre# Sombra> del otro no %aB toda"ía un símbolo ine"itable, aun$ue centenares detangos B de sainetes lo prefiguran)) '/bid., p. 00(.

    A preocupa*+o pela língua em 7orges dirigese, por um lado, & tradi*+o literária dos-culo /, particularmente a ))gauc%esca)), e, por outro, & fala da$ueles $ue "i"em na 'e

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    3/10

    &( margem da cidade 'como o gaHc%o "i"ia & margem do mundo ))ci"ili#ado))(, $ue, arigor, - uma continuidade da oralidade anterior, na medida em $ue, em muitos aspectos,o ))compadrito)) ou ))cuc%illero)) se con"erte em uma esp-cie de ))gaHc%o)) urbani#ado.

     5a d-cada de "inte, entretanto, 7orges ainda está tateando por estes camin%os, mas -

    garimpando por eles, com idas e "indas, $ue solidifica a sua escritura. 5+o se podedi#er, no entanto, $ue nesses primeiros tateios á n+o %aa os sinais de uma "is+oagu*ada e ino"adora da tradi*+o literária $ue %erda e na $ual a língua tem enormeimportância.

    O no"o conte6to urbano, literário e lingístico $ue encontra após a sua "olta da 9uropa, propicia a 're(leitura da identidade nacional e de uma possí"el ))literatura argentina)). 5esse conte6to discute, por e6emplo, a $uest+o do ))lunfardo)), uma esp-cie de dialeto'gíria, linguagem gremial, de )lunfas), ladr:es( de 7uenos Aires, $ue 7orges irádiferenciar do falar ))arrabalero)) ou porten%o, embora o ))arrabalero)) transite pelo))lunfardo)), na medida em $ue incorpora muitas de suas e6press:es. 8ara 7orges,

    Sólo %aB un camino de eternidad para el arrabalero, sólo %aB un medio de $ue a sus$uinientas palabras el diccionario las legisle. Ca receta es demasiado sencilla. 7asta $ueotro don Los- Nernánde# nos escriba la epopeBa del compadrae B plasme la di"ersidadde sus indi"iduos en uno solo. 9s una fiesta literaria $ue se puede creer. 5o están

     prenuciándola acaso el teatro nacional B los tangos B el enternecimiento nuestro ante la"isión desgarrada de los suburbiosP '7OD9S, 0113, p. 02=(.

    8reludiase a$ui o $ue aparecerá mais claro em ))9l idioma de los argentinos)) e outrosensaios posteriores< a busca n+o tanto por pala"ras diferentes, por essas ))$uinientas

     palabras)), mas por esse ))ambiente distinto de nuestra "o#)), $ue tem uma ))temperatura))distinta. /sso n+o significa $ue as ))pala"ras)) n+o ten%am a sua importância substancial.8ara 7orges, cada pala"ra tem um significado específico, $ue ele classifica assim< a de))significación usual)), ))etimológica)), ))figurada)), e a de ))insinuadora de ambiente)). AHltima - a $ue se apro6ima de sua "is+o, pois

    no %a sido legali#ada por nadie B usada B abusada por muc%os. 8resupone siempre unatradición, es decir, una realidad compartida B autori#ada B es postrimería de clasicismo.9ntiendo por clasicismo esa -poca de un Bo, de una amistad, de una literatura, en $uelas cosas Ba recibieron su "aloración B el bien B el mal fueron repartidos entre ellas. Catorpe %onestidad matemática de las "oces Ba se %a gastado B de meros guarismos de la

    realidad, Ba son realidad. Son designación de las cosas, pero tambi-n son elogio, estima,"ituperio, respetabilidad, picardía. 8oseen su entonación B su gesto. 'S-anose"identísimo eemplo el de las "oces organito, costurerita, suburbio, en las $ue %ainfundido Karriego un sentido piadoso B conmo"edor $ue no tu"ieron antes())'7OD9S, 0111, p. ?;(.

    A perspecti"a "ai ampliandose. A e6press+o de uma cultura n+o está centradanecessariamente no des"io da norma, na corrup*+o da língua, ou na "ariedade desin!nimos $ue oferece o dicionário, mas pelo uso coleti"o de "o#es n+o ))legali#adas))$ue pressup:em uma tradi*+o ))compartida e autori#ada)). 8or isso a necessidade dereati"arse o potencial ))gastado)) das pala"ras para ressaltar sua ))entonación B su gesto)).

    Gaí tamb-m o seu repHdio aos modismos lingísticos, como o ))lunfardo))

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    4/10

    9n 7uenos Aires escribimos medianamente, pero es notorio $ue entre las plumas B laslenguas %aB escaso comercio. 9n la intimidad propendemos, no al espaQol uni"ersal, noa la %onesta %abla criolla de los maBores, sino a una infame erigon#a donde lasrepulsiones de muc%os dialectos con"i"en B las palabras se insolentan como empuonesB son tramposas como naipe raspado)) '7OD9S, 0113, pp. 020022(.

    7orges percebe $ue os des"ios lingísticos '))infame erigon#a)), ))tramposas como naiperaspado))( n+o têm consistência cultural nen%uma, ou pelo menos n+o e6pressam o $ue

     busca"a na ))%onesta %abla criolla de los maBores)) $ue se enla*a agora na "o# dos%omens das ))orillas)).

     5esse processo, 7orges percebe $ue %á ))duas condutas de idioma)) nos escritores de seutempo, as $uais atestam a incapacidade de dar uma entona*+o própria ao processo deconstru*+o 'in"enti"a( da identidade argentina. A primeira - a dos ))saineteros $ueescriben un lenguae $ue ninguno %abla B $ue si a "eces gusta, es precisamente por suaire e6agerati"o B caricatural, por lo forastero $ue suena> otra la de los cultos, $ue

    mueren de la muerte prestada del espaQol)) '7OD9S, 0111, p. 0=3(. 8arado6almente,estes dois ))modelos)) de linguagem est+o fortemente presentes nos seus escritos dos anos"inte. A linguagem clássica ou ))latini#ante)) contamina Fervor  e Inquisiciones, e o))criollismo)) contamina Luna de enfrente e El tamaño de mi esparanza. 8ercebese $ue o

     paradigma de 7orges, presente nesse te6to mais afortunado $ue - El idioma de losargentinos, está na fala ))pura)) dos seus antepassados literários 'os ))maBores))(, cuo

    tono de su escritura fue el de su "o#> su boca no fue la contradicción de su mano.Fueron argentinos con dignidad< su decirse criollos no fue una arrogancia orillera ni unmal%umor. 9scribieron el dialecto usual de sus días< ni caer en espaQoles ni degenerar en male"os fue su apetencia. 8ienso en 9steban 9c%e"erría, en Gomingo FaustinoSarmiento, en Jicente Fidel Cópe#, en Cucio J. Mansilla, en 9duardo Rilde. Gieron

     bien en argentino '/bid., 0111, p. 0==(.

     5otase em 7orges a busca por resgatar essa rela*+o íntima entre a "o# e a escritura '))su boca no fue la contradicción de su mano))(. O elemento "erdadeiro, c%amemos assim, ouo potencial identitário do idioma falado de"e ser desencadeado no corpo das letras. A"o# de uma tradi*+o, de uma identidade está presente en$uanto escritura. A $uest+o -saber de $ue escritura estamos falando e - aí onde 7orges n+o só resgata uma tradi*+o,como a transforma. Ge fato, em ))9l idioma de los argentinos)), obser"a<

    Muc%os, con intención de desconfian#a, interrogarán< $u- #ana insuperable %aB entreel espaQol de los espaQoles B el de nuestra con"ersación argentinaP o les respondo $ueninguna, "enturosamente para la entendibilidad general de nuestro decir. Un mati# dediferenciación sí lo %aB< mati# $ue es lo bastante discreto para no entorpecer lacirculación total del idioma B lo bastante nítido para que en él oigamos la patria. 5o

     pienso a$uí en algunos miles de palabras pri"ati"as $ue intercalamos B $ue los peninsulares no entienden. 8ienso en el ambiente distinto de nuestra voz, en lavaloración irónica o cariñosa que damos a determinadas palabras, en su temperatura

    no igual . 5o %emos "ariado el sentido intrínseco de las palabras, pero sí su connotación.9sa di"ergencia, nula en la prosa argumentati"a o en la didáctica, es grande en lo $uemira a las emociones. 5uestra discusión será %ispana, pero nuestro "erso, nuestro

    %umorismo, Ba son de a$uí. Co emoti"o Tdesolador o alegradorT es asunto de ellas B lorige la atmósfera de las palabras, no su significado '/bid., pp. 0=?0=4, grifo meu(.

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    5/10

    7orges, assim, abandona as e6press:es distintas e e6clusi"as do conte6to lingístico porten%o com rela*+o aos outros países de língua espan%ola, sobretudo a metrópole,como forma de caracteri#ar o $ue seria tipicamente nacional. A diferen*a n+o - le6ical,mas de tonalidade, em $ue se manifesta a ironia, o %umor, a ))emoti"idade)) da fala 'e decerta literatura( argentina $ue n+o se afasta de um espan%ol geral, mas $ue tem,

    entretanto, um tom e uma sinta6e específica para e6pressarse.E

     Aos poucos o próprio7orges "ai encontrando esse ))ambiente distinto de nuestra "o#)), sem cair necessariamente na reprodu*+o ))fiel)) do falar popular, mas resgatando'))ressemanti#ando)), na e6press+o de 7eatri# Sarlo( a "o# de uma tradi*+o 'o ))ambientedistinto))(.

    Al-m do importante ensaio ))9l idioma de los argentinos)), presente no li"ro %om!nimo,merece alguns comentários o ensaio intitulado ))9duardo Rilde))<

     5o $uiero insinuar $ue la "eracidad literaria es una ficción> $uiero e"idenciar lo difícil$ue es B lo acertado de nuestra gratitud a $uienes la alcan#an. /ndesmentiblemente, la

    alcan#ó Rilde. 8erteneció a esa especie Ba casi mítica de los prosistas criollos, %ombresde finura B de fuer#a, $uemanifestaron ondo criollismo sin dragonear !am"s de

     paisanos ni de compadres, sin amalevarse ni agaucarse, sin añadirse ni una pampa ni

    un comité. Fue toda"ía más< fue un gran imaginador de realidades e6perienciales B %astafantásticas '/bid., p. 03;, grifo meu(.

    7orges ante"ê em Rilde o $ue será uma das características mais marcantes de suafic*+o, particularmente nos seus contos< unir o registro oral ao fa#er literário de modo are"elar o nacional sem ser nacionalista, o local sem ser localista, o ))criollo)) sem ser ))criollista)). O desafio ou necessidade, lan*ada em Inquisiciones '012=(, de $ue os

     poetas argentinos ))no deben acallar la esencia de an%elar de su alma B la dolorida Bgustosísima tierra criolla donde discurren sus días. '...( ue deberían nuestros "ersostener sabor de patria, como guitarra $ue sabe a soledades B a campo B a poniente detrásde un trebolar)) '7OD9S, 0113, pp. 2;20(, cuo nacionalismo ))criollo)) deliberado em7orges - uma e"idência neste período, deslocase, alguns anos depois, para algo maiscomple6o e amplo, no $ual se nota a capacidade de desfa#erse cada "e# mais deste))criollismo)) naturalista.

    Os te6tos escritos depois da d-cada de "inte sobre o idioma re"elam um 7orges á li"redo fer"or ))criollista)) ou at- mesmo nacionalista com rela*+o ao idioma, por um lado, esua tendência cultista ou ))barroca)), por outro. 5essa lin%a, caberia destacar dois ensaios

    cua nature#a problemática e polêmica se sobressaem, %a"endo uma clara articula*+oentre o idioma com a tradi*+o, a %istória e a literatura< ))Cas alarmas del doctor Am-ricoKastro)), de #tras inquisiciones '01=2( e ))9l escritor argentino B la tradición)),de $iscusión '01E2(, este Hltimo publicado pela primeira "e# em %ursos &conferencias  '01=E(, e em 'ur   '01==(, e incorporado definiti"amente a $icusión, em01=4, nas #bras completas, J. /.

    ))Cas alarmas del doctor Am-rico Kastro)) - um te6to sint-tico, mas fulminante. 7orges parte do li"ro de Am-rico Kastro, La peculiaridad ling(ística rioplatense & su sentidoistórico, para, concomitantemente, desconstruílo e e6por o $ue ele entende por ))sentido %istórico)) do idioma dos argentinos. O título do ensaio á preludia o seu caráter 

     pro"ocati"o e ir!nico< - t+o cacof!nico $uanto o de Kastro, al-m de apresentar umdeliberado tom depreciati"o presente na designa*+o ))doctor)) $ue, ao contrário do $ue se

    http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt03http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt03http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt03

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    6/10

     poderia pensar, ad$uire um sentido oposto ao de recon%ecimento intelectual ouacadêmico.

    A partir de seus estudos, Am-rico Kastro mostra $ue o espan%ol falado 'e escrito( em7uenos Aires está corrompido pelo ))lunfardismo)) e a ))mística gauc%ofilia)), alertando

     para o gra"e perigo $ue assola o idioma de Ker"antes. 7orges se manifesta contra asteses de Kastro $uestionando, á de início, a própria id-ia de ))problema)) ala"ancada peloalarmado filólogo espan%ol.

    7orges n+o refuta as obser"a*:es de Kastro por serem ine6istentes. Kriticar o))lunfardismo)), o ))arrabalerismo)), os ))argentinismos)) e outros ismos ligados ao linguaar 

     porten%o, sobretudo nos anos "inte, foi o $ue mais criticou nos seus te6tos sobre oidioma porten%o. Seu claro repHdio ao li"ro de Kastro de"ese ao modo como o autor acusa o idioma espan%ol falado em 7uenos Aires em termos de ))corrup*+o da língua)),como manifesta*+o dos ))gra"es problemas $ue el %abla presenta en 7uenos Aires)), sem

     perceber os limites dessas manifesta*:es $ue s+o de caráter passageiro e de grande

     pobre#a e6pressi"a ou representati"a. O $ue irrita a 7orges - o fato de $ue um filólogo"inculado & metrópole "en%a criticar determinadas formas do falar popular 'e mesmo aescrita( para "alori#ar e ressaltar 'em oposi*+o( o modelo ideal de língua $ue seria oespan%ol da 9span%a, como se lá n+o ocorressem fen!menos semel%antes. Ná mais dede# anos 7orges á anota"a para o e$uí"oco de pensar $ue a língua espan%ola - em si

     perfeita por suas sessenta mil pala"ras<

    Ca numerosidad de representaciones es lo $ue importa, no la de signos. Vsta essuperstición aritm-tica, pedantería, afán de coleccionista B de filatero. 9s sabido $ue elobispo anglicano RilWins, el más inteligente utopista en trances de idioma $ue pensónunca, planeó un sistema de escritura internacional o simbología $ue con sólo dos milcuarenta signos sobre papel pentagramado, sabía in"entariar cual$uier realidad '7OD9S, 0111, pp. 0310=; e 0=0(.3

    A "is+o mais ampla e madura do idioma, nestas alturas, n+o poderia calarse frente &steses conser"adoras de Am-rico Kastro. O ensaio de 7orges termina como %a"iacome*ado, de forma sarcástica e n+o menos demolidora< ))9n la página 022, el doctor Kastro %a enumerado algunos escritores cuBo estilo es correcto> a pesar de la inclusiónde mi nombre en ese catálogo, no me creo de todo incapacitado para %ablar deestilística)) '7OD9S, 0111, p. E=(.

    9m ))9l escritor argentino B la tradición)), 7orges insere a $uest+o do idioma dentro dodebate entre o escritor argentino e a tradi*+o. O tema do idioma - pensado a partir da poesia ))gauc%esca)) e da poesia dos gaHc%os ou popular. 8ara 7orges,

    %aB una diferencia fundamental entre la poesía de los gauc%os B la poesía gauc%esca.7asta comparar cual$uier colección de poesías populares con el Martín Fierro, conel Paulino Lucero, con el Fausto, para ad"ertir esa diferencia, $ue está no menos en ell-6ico $ue en el propósito de los poetas. Cos poetas populares del campo B del suburbio"ersifican temas generales< las penas del amor B de la ausencia, el dolor del amor, B la%acen con un l-6ico muB general tambi-n> en cambio, los poetas gauc%escos culti"an unlenguae deliberadamente popular, $ue los poetas populares no ensaBan. 5o $uiero decir 

    $ue el idioma de los poetas populares sea un espaQol correcto, $uiero decir $ue si %aB

    http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt04http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#nt04

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    7/10

    incorrecciones son obra de la ignorancia. 9n cambio, en los poetas gauc%escos %aB una busca de palabras nati"as, una profusión de color local '7OD9S, 0111, p. 2?@(.

    Cogo depois, 7orges referese & produ*+o de algumas obras ))admirá"eis)) da poesia))gauc%esca)) como um ))g-nero literario tan artificial como cual$uier otro)) '/bid., p. 2?@(.

    ))Cenguae deliberadamente popular)) 'entendida a$ui por ))linguagem ou registro oral))( -"ista por 7orges como artifício> isto -, tratase de uma oralidade construída ouin"entada e n+o da reprodu*+o fiel de uma ))oralidade real)). /sso $uer di#er $ue %á umdeliberado trabal%o compositi"o, de economia "erbal dos poetas gauc%escos $uedetermina, em definiti"a, a $ualidade est-tica de suas obras. A poesia ))gauc%esca)),assim, - uma ade$ua*+o da oralidade do campo ao te6to literário, sem %a"er necessariamente uma reprodu*+o fiel da mesma. uando 7orges fala das composi*:esde 7artolom- Nidalgo, por e6emplo, di# $ue %a"ia um ))propósito de presentarlas enfunción del gauc%o, como dic%as por gauc%os, para $ue el lector las lea como unaentonación gauc%esca)) '/bid., p. 2?@(. A "is+o de 7orges ampliase ao ponto de afirmar,em uma conferência de 01?=, intitulada ))8oesía B arrabal)), $ue o próprio linguaar 

    gauc%esco - uma falácia, in"en*+o de ))diccionarios de argentinismos))< ))no %aB,contrariamente a lo $ue afirman los autores de diccionarios de argentinismos, undialecto gauc%esco, sino más bien una entonación gauc%esca del comHn idioma espaQol))'7OD9S, 01@?, p. =?(.

    A $uest+o primordial e mais pro"ocati"a suscitada por 7orges está calcada na id-ia de$ue para ser argentino ou para fa#er literatura argentina n+o - preciso sobear nas coreslocais, em um linguaar nati"o ou local< ))Kreo $ue los argentinos podemos parecernos aMa%oma, podemos creer en la posibilidad de ser argentinos sin abundar en color local))'7OD9S, 0111, p. 24;(.

    Assim, a grande contribui*+o de 7orges para a tradi*+o literária argentina - recon%ecer o "alor de $ual$uer obra desde $ue logre representar bem do ponto de "ista est-tico. A

     partir daí - possí"el manear todos os temas, n+o importando de onde seam e $uaisseam< ))Kreo $ue si nos abandonamos a ese sueQo "oluntario $ue se llama la creaciónartística, seremos argentinos B seremos, tambi-n, buenos B tolerables escritores))'7OD9S, 0111, p. 243(.

    A $uest+o $ue se coloca, ent+o, - saber de $ue modo o idioma 'centrado sobretudo naoralidade( pode ser um dos elementos fundamentais e fundantes para demarcar o $ue %áde diferente, ou o $ue esta e6pressi"idade 'discurso( diferenciado mostra do ))outro)) e de

    si mesmoP MarWus X. Sc%Yffauer, com base no pensamento de 7aW%tin, acredita $ue o problema da oralidade -, antes de mais nada, uma $uest+o do discurso do ))outro)), ))Bsólo en un segundo momento B como una consecuencia, una cuestión de lenguae oral.8or tanto, falta "er la oralidad como discurso, más precisamente como discurso de ladiferencia, B, lle"ándolo a un e6tremo, como discurso sobre la otredad. 9n este sentido%aB $ue comprender la oralidad literaria como una oralidad discursi"a $ue establece unne6o entre oralidad B otredad 'SKNAFFZU9D , 011@, p. ?(. 5essa lin%a, entendese,está centrada a preocupa*+o de 7orges em seus te6tos, particularmente os ensaísticos,em $ue desponta a $uest+o do idioma nacional. 8reocupa*+o sempre centrada nodiscurso do ))outro)), sea o da poesia ))gauc%esca)) e popular ou dos argentinos ))"ieos)),sea o falar dos ))compadritos)) do ))arrabal)), buscando, assim, demarcar uma diferen*a,

    marca da identidade, $ue de"e ser recon%ecida, interpretada e, sobretudo, in"entada.

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    8/10

     

    BIBLIOGRAFIA

    7ADD959KN9A, A. M. 7orges B el idioma de los argentinos. /n

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    9/10

    MODS9, D. M.  volta de McLuanaíma. %inco estudos solenes e uma brincadeira séria. rad. de 8aulo Nenri$ues 7ritto, S+o 8aulo< Kompan%ia das Cetras, 011;.

    OC9A FDA5KO, D. El otro +orges. El primer +orges. M-6ico< Kolegio deM-6ico]FK9, 011E.

    DOGD_U9 8VDS/KO, A. /dentidades nacionales argentinas 010; B 012;. /n<A59CO, DaHl 'org.(. Identidade 6 representa:;o. Florianópolis< 8ósradua*+o emCetras]Citeratura 7rasileira e eoria Citerária UFSK, 0113.

    DOS957CA, A. Cas generaciones argentinas del siglo / ante el problema de lalengua. /n

  • 8/18/2019 A Problemática Do Idioma Dos Argentinos Em Borges

    10/10

    B $uerer a tres B a cuatroeso sí $ue es falsedad.

     5a "ariante ))criolla))<uerer una no es ninguna,$uerer dos es "anidá>

    el $uerer a tres o cuatro3 Jale lembrar $ue o ))sistema de escritura internacional o simbología)), de RilWins, seráretomado no ensaio ))9l idioma analítico de Lo%n RilWins)), de tras inquisiciones.e6to $ue, como se sabe, foi referido por M. Foucault na introdu*+o ao seu li"ro As

     pala'ras e as coisas.

     

    http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#tx04http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000012002000300052&script=sci_arttext#tx04