a privatização da telebrás · para onde “caminha a humanidade” andando na trilha do...

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BOLETIM SEMANAL RESERVADO 1 BS N° 30/18 SEMANA: 30/07/18 a 03/08/18 ASSUNTOS: A IMPRENSA PARECE NÃO TER GOSTADO DA VISITA NOTA: OS ÍTENS EM VERMELHO INDICAM TEMA NOVO OU ALTERAÇÃO EM ITEM DE EDIÇÕES ANTERIORES. 01.COMENTÁRIO GERAL DA SEMANA Índice Notas e Observações (N&O) BNDES não exerce direito de compra de ações ordinárias da Oi S.A. Uma visão popular dos Aplicativos da Internet A privatização da Telebrás O Editorial do Estadão Está tudo bem, mas há uma ressalva a fazer A questão da qualidade de Serviço Perfil, gosto e bolso: a solução é a competição OS PROCON não substituem o “Mercado” A prestação dos Serviços ocorre em um ambiente real Direitos iguais para todos: mas, há circunstâncias objetivas A Universalização da Prestação dos Serviços Iniciativas pouco efetivas Não foi por falta de previsão: Universalização é um dos “Pilares” da LGT O FUST seria a solução Os fundamentos do FUST Não se vive somente de boas intenções O Governo bem que tentou A Telebrás voltou! Também houve uma mudança de conceito Persiste o vazio Uma luz no fundo do túnel: os Provedores Regionais Vale a pena celebrar? Há algum significado adicional? É necessário redefinir o Modelo Mas, a Telebrás voltou! Tribunal Português não reconhece decisão judicial que aprovou o PRJ da Oi Um COMUNICADO AO MERCADO da Oi, e um “fato relevante” nele embutido PGMC e PPDUR Nesta semana o BS selecionou para registro e comentários os tópicos que seguem abaixo:

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BOLETIM SEMANAL RESERVADO

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BS N° 30/18

SEMANA: 30/07/18 a 03/08/18

ASSUNTOS:

A IMPRENSA PARECE NÃO TER GOSTADO DA VISITA NOTA: OS ÍTENS EM VERMELHO INDICAM TEMA NOVO OU ALTERAÇÃO EM ITEM DE EDIÇÕES ANTERIORES.

01.COMENTÁRIO GERAL DA SEMANA

Índice

Notas e Observações (N&O)

BNDES não exerce direito de compra de ações ordinárias da Oi S.A. Uma visão popular dos Aplicativos da Internet

A privatização da Telebrás

O Editorial do Estadão Está tudo bem, mas há uma ressalva a fazer

A questão da qualidade de Serviço Perfil, gosto e bolso: a solução é a competição

OS PROCON não substituem o “Mercado” A prestação dos Serviços ocorre em um ambiente real

Direitos iguais para todos: mas, há circunstâncias objetivas A Universalização da Prestação dos Serviços

Iniciativas pouco efetivas Não foi por falta de previsão: Universalização é um dos “Pilares” da LGT

O FUST seria a solução Os fundamentos do FUST

Não se vive somente de boas intenções O Governo bem que tentou

A Telebrás voltou! Também houve uma mudança de conceito

Persiste o vazio Uma luz no fundo do túnel: os Provedores Regionais

Vale a pena celebrar? Há algum significado adicional? É necessário redefinir o Modelo

Mas, a Telebrás voltou! Tribunal Português não reconhece decisão judicial que aprovou o PRJ da Oi

Um COMUNICADO AO MERCADO da Oi, e um “fato relevante” nele embutido PGMC e PPDUR

Nesta semana o BS selecionou para registro e comentários os tópicos que seguem abaixo:

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Notas e Observações (N&O) BNDES não exerce direito de compra de ações ordinárias da Oi S.A.

O BNDES por meio de COMUNICADO AO MERCADO informou que “em razão de não ter exercido o direito de preferência para compra de ações ordinárias a serem emitidas no aumento de capital mediante a Capitalização de Créditos Quirografários dos Bondholders qualificados, conforme aprovado pelo Conselho de Administração da Oi S.A., em 05 de março de 2018, mantém a titularidade de 38.254.636 ações ordinárias da Companhia, havendo ultrapassado, para baixo, o patamar de 5% do total de ações ordinárias de emissão da Companhia.”

Com isto, ele deixa de ter uma participação acionária relevante na Companhia podendo, inclusive, perder o direito de indicar Membros do Conselho de Administração, a menos que isto ocorra por força de Acordo de Acionistas do qual o Banco faça parte.

Nas circunstâncias, é de se imaginar que o BNDES teve perdas significativas com a Oi à qual está ligada desde os primórdios, em razão dos financiamentos que aportou na Companhia e os desdobramentos do Processo de Recuperação Judicial. Agora, é possível que o mesmo tenha ocorrido em razão da “diluição” da participação do Banco na estrutura societárias da Oi.

Uma visão popular dos Aplicativos da Internet

Em um trecho de um Artigo de Paulo Delgado no O Estado de S. Paulo, com o título “O topo do pau-de-sebo”, tira-se um texto que “resume sem solenidade” o que são o WhatsApp e o Facebook: “WhatsApp, Facebook, bicho mais fuxiqueiro que existe”.

Ocorre ao BS que em sendo concreta tal visão o mundo tem 2,2 bilhões de “fuxiqueiros” e o Brasil, quem sabe, uns 200 milhões.

Para onde “caminha a Humanidade” andando na trilha do “fuxico”?

Este é “para o bem e para o mal” um ambiente no qual “navegam” todos aqueles que se dedicam ao mundo das telecomunicações. A menos daqueles que se consideram “fora do assunto” porque isto é “conteúdo”; é coisa das “OTT”. Como se as OTT fossem “avatares” de um mundo irreal.

O BS, que de vez em quando assume postura “instigadora”, coloca o assunto à reflexão de seus leitores. Na sequência, segue a parte do Artigo mencionado, com a sugestão da leitura do texto completo no Estadão de 08/08/2018.

“O eleitor, o personagem central da eleição, parece satisfeito com sua insatisfação vendo as coisas ocorrerem totalmente desprovidas de medida. Desconfiado, não deixa nenhuma virtude se impor dominado por um amorfismo moral sem precedentes. Vivemos o tempo de uma geração fraca e indolente incentivada pela adulação da política e da internet. Todos acham que alguém lhes deve algo. Ninguém tem vergonha de pedir tanta atenção, exigir tanto. Não há necessidade de querer dar nomenclatura ou elaboração conceitual à sociedade da intriga, da superficialidade. Resuma sem solenidade, como me disse um amigo: “WhatsApp, Facebook, bicho mais fuxiqueiro que existe”.”

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A privatização da Telebrás

O Editorial do Estadão

As referências aos 20 anos de privatização do Sistema Telebrás continuam a render comentários na imprensa, mesmo a considerada leiga no trato dos assuntos do dia a dia do Setor de Telecomunicações no Brasil. Este é o caso do jornal O Estado de S. Paulo que acaba de publicar um Editorial sobre o tema com o título: “A privatização da Telebrás”, reproduzido ao final destas considerações.

O texto não aborda nenhum elemento novo relevante que não seja do conhecimento dos leitores do BS. Mas, o registro é marcante pelo fato de ser a visão exposta por um dos maiores e mais tradicionais veículos da imprensa brasileira. No seu contexto geral ele dá um claro respaldo às iniciativas que resultaram na celebração dos 20 anos e ao que foi realizado durante este período até os dias atuais. Diga-se de passagem, pela iniciativa privada.

Está tudo bem, mas há uma ressalva a fazer

Mas o Editorial faz uma pequena, mas significativa ressalva que chamou a atenção do BS: “Se por um lado a estratégia, de fato, quebrou o monopólio, por outro dificultou a implementação dos serviços então privatizados. O número de reclamações de usuários nos órgãos de defesa do consumidor pela má prestação de serviço pelas empresas de telecomunicações cresceu à medida que a rede de oferta se expandiu. Mesmo assim, o resultado do processo é positivo, ainda que os serviços possam, e devam, melhorar para os usuários.”

Não tem muito sentido para o BS a parte do texto que diz: “a estratégia, de fato, quebrou o monopólio, por outro dificultou a implementação dos serviços então privatizados”. Tudo aponta em sentido contrário. A privatização foi, sem dúvida alguma, um fator facilitador de tal implementação. Se assim não for entendido, como justificar o salto retumbante dos números de acessos (fixos, celulares, banda larga) ocorridos no período, aliás, registrados no corpo do Editorial?

A questão da qualidade de Serviço

A questão da “Qualidade de Serviço” (QoS), realmente sempre foi objeto de algumas críticas, alimentadas, principalmente, pelas Entidades de Defesa do Consumidor. No que, corretamente, elas estão cumprindo o seu papel. Ainda que por vezes com uma leitura um tanto quanto distorcida do processo por considerar exageradamente os “direitos” dos usuários sem levar em conta outros fatores como, por exemplo, as condições de as Operadoras os atenderem.

Contudo, não há a mínima dúvida que boa parte das críticas são procedentes; mas, também é inquestionável que outras decorrem de uma visão muito polarizada pelo sentimento corrente de que o “usuário” é o “rei” e sempre tem razão.

Perfil, gosto e bolso: a solução é a competição

Em situações como esta nada melhor do que criar opções para os usuários que lhes permitam fazer as escolhas que julgarem mais adequadas ao seu perfil, ao seu “gosto” e, ao seu “bolso”. Assim, na

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visão do BS a forma mais propícia de se oferecer aos usuários a melhor qualidade de Serviço possível é estimulando a competição.

OS PROCON não substituem o “Mercado”

Não são os PROCON os responsáveis pela boa qualidade de Serviço: é o “Mercado”! Isto, sem demérito algum para o trabalho desenvolvido por essas Entidades em prol do “consumidor”. Este procedimento é necessário em muitas situações, principalmente naquelas em que “integrantes” desse “Mercado”, em termos pontuais, não cumprem corretamente suas obrigações como fornecedores de produtos ou de serviços.

A prestação dos Serviços ocorre em um ambiente real

Uma visão nesta direção leva a questão para o ambiente real, desvinculando-a do plano teórico onde as ideias são livres, o “papel” aceita muita coisa, e os desejos nunca conseguem ser plenamente atendidos, porque é inato ao ser humano querer mais, após ter alcançado o que pretendia. E, é bom que assim seja! Mas, há limites que naturalmente se evidenciam quando as avaliações ocorrem no ambiente prático e executivo.

Dentro da realidade “nua e crua” do processo é sempre interessante reiterar um ponto já manifestado neste BS: a forma mais cruel de “má qualidade de Serviço” para uma Sociedade é a não oferta, ou a oferta escassa ou limitada, de um dado Serviço (ou produto).

Uma vez que ele esteja disponível deve haver, sim, a responsabilidade de oferece-lo com boa qualidade. Mas, também deve existir o bom senso de que em algumas situações devidamente postas e justificadas, a qualidade possa ser compatível com o ambiente em que o Serviço é prestado, sem qualquer tipo de “agressão” aos direitos básicos dos usuários.

Direitos iguais para todos: mas, há circunstâncias objetivas

Este tipo de abordagem normalmente sofre críticas por parte daqueles que defendem o direito a que todos, sem distinção, disponham das mesmas condições de prestação dos Serviços. Como ideal está perfeito; mas, voltando ao mundo real, na prática as coisas não funcionam bem assim em função de circunstâncias objetivas.

Mas, é inegável que a busca contínua pelo ideal é uma postura elogiável e necessária para, pelo menos, se conseguir “o possível”. Se assim não for, corre-se o risco de não conseguir “nada”.

Então, sem que esta visão, em hipótese alguma, possa ser considerada como justificativa a ser perpetuada, pode-se entender como relativamente aceitáveis alguns desvios na qualidade de Serviço quando o foco imediato estiver voltado para grandes projetos de expansão, como ocorreu principalmente no período que se sucedeu imediatamente após a privatização (5 a 10 anos).

Neste caso, pelo menos, concede-se ao cidadão o direito de reclamar sobre um Serviço que lhe é oferecido. Uma situação que na visão do BS – reitera-se que não deve ser tomada no seu contexto absoluto – é melhor do que a sua não disponibilidade, na medida das necessidades do mercado, como ocorria na época do “Modelo” Estatal de Prestação de Serviços de Telecomunicação.

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Assim, talvez seja mais correto afirmar que houve “insuficiências” – e, ainda assim, localizadas – na prestação dos Serviços do que, propriamente, uma “má qualidade” na prestação dos mesmos. Com a agravante, como pode se interpretar do Editorial, que se tratava de algo com uma abrangência generalizada.

A Universalização da Prestação dos Serviços

Sem dúvida, existe uma enorme lacuna a ser preenchida, relacionada com a “Universalização da Prestação dos Serviços”, ou, simplesmente, “Universalização”. Neste particular pode-se afirmar que existe uma grande “insuficiência” na qualidade de prestação. Pela simples razão de que tais Serviços não estão disponíveis ou, se isto ocorre, é comum que eles sejam precários, mesmo considerando, na maioria dos casos, as precariedades do ambiente onde eles são oferecidos. Então, neste segmento é consensual que há muita coisa por fazer.

Se é a isto que o Editorial do Estadão se refere, ele não deixa de ter razão. Mas, neste caso, mesmo que o diagnóstico seja correto a conclusão peca pela imprecisão. Não se pode atribuir à privatização a culpa por não se terem alcançado os desejáveis (e imprescindíveis) níveis de “Universalização”. O “Modelo Estatal” à época existente, na visão do BS, certamente não teria chegado a nada que sequer se aproximasse do que foi obtido. Mas, há de reconhecer-se que o que foi realizado não é o bastante, deixando mesmo a desejar sob certos aspectos na questão da Universalização.

Iniciativas pouco efetivas

No decorrer destes 20 anos diversas iniciativas foram desenvolvidas na tentativa de se proporcionar a “Universalização”. Os resultados, ainda que visíveis em algumas situações, foram pífios em relação às expectativas criadas de modo mais amplo. A constatação mais evidente quanto a este aspecto são as “reclamações” ou manifestações similares da sociedade, não quanto à Qualidade do Serviço porque este simplesmente inexiste ou é muito precário, e, sim, quanto à sua inexistência ou quanto às suas “insuficiências”.

Não foi por falta de previsão: Universalização é um dos “Pilares” da LGT

As razões para se chegar a este cenário são diversas. Certamente, não foi por falta de previsão na criação do “Modelo” de Prestação dos Serviços atualmente vigente. A LEI GERAL DE TELECOMUNICAÇÕES (LGT) que suporta tal “Modelo” é bem explícita em relação ao assunto.

Cabe dizer que a “Universalização” é um dos três “Pilares” sobre os quais ela foi concebida. Os outros dois são: “Competição” e “Continuidade” (da prestação dos Serviços). Um quarto poderia ser acrescentado: a “exploração” da prestação dos serviços, exclusivamente pela “Iniciativa Privada”. O “Modelo” praticamente “descarta” a participação do “Estado Empresário” no Setor de Telecomunicações, no País.

A opção por uma privatização ampla prevaleceu nas decisões da época, ainda que tenham sido avaliadas alternativas que propunham manter o Estado na prestação de “Serviços Estratégicos” – por exemplo, os de Longa Distância e os de Dados que ainda eram incipientes, mas já se antevia

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que seriam estratégicos - ou, ser detentor de “Golden Share” na estrutura acionária das Empresas privatizadas consideradas estratégicas, como seria o caso das Concessionárias.

O FUST seria a solução

O conceito de Universalização pode ser entendido como um “ponto fora da curva” do Modelo estruturado pautado em competição plena. É uma forma de prestação do Serviço com características diferenciadas em relação àquilo que foi definido como processo geral baseado em tal competição. O Serviço deve estar disponível, mesmo onde não houver interessados na sua oferta porque o mercado não tem atratividade.

No caso, reconhece-se que a uma situação desta natureza não se aplicam os princípios gerais do “Modelo” estabelecido. Mais especificamente, em relação à sua exploração de modo economicamente autossustentado, que é o conceito fundamental de qualquer atividade desenvolvida dentro dos princípios da livre iniciativa em um ambiente plenamente competitivo, base da formulação da LGT.

Não é o caso, nesta oportunidade, de expor em detalhes as causas que levaram à aprovação deste Fundo. A constatação prática é que no “Modelo” optou-se pela sua criação de forma a apoiar a “viabilização” dos projetos de Universalização que, pela sua natureza, não alcançariam tal condição adotando-se os procedimentos baseados no “processo geral”. Este “instrumento” passou a ser identificado como FUST – Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações 1.

Os fundamentos do FUST

Sua conceituação, sinteticamente colocada, é reproduzia em nota de rodapé, retirada do Site da Anatel. Conforme se pode verificar, tal Fundo foi objeto de uma Lei específica que estabeleceu as condições sobre as quais ele seria “financiado” e as de sua operacionalização.

Tal financiamento seria proporcionado pelo próprio “Sistema”. Um porcentual da arrecadação líquida das Prestadoras privadas seria revertido para o FUST (1%). Haveria, ainda, fontes adicionais como, por exemplo, parte dos recursos obtidos pela União na venda do “Direito de Uso” do Espectro de RF.

Ainda que a formulação tenha sido bem estabelecida, mais uma vez, a “prática” (o mundo real) não se “comportou” como devia. O FUST conseguiu os recursos que continuam a cada dia se avolumando 2, mas sua aplicação seguiu rumos completamente diferentes daqueles para os quais foi concebido. Uma “história” largamente conhecida que o BS poupará seus leitores de ser repetida, pelo menos nesta oportunidade.

1 Criado pela Lei º 9.998, de 17 de agosto de 2000, o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações tem por finalidade proporcionar recursos destinados a cobrir a parcela de custo exclusivamente atribuível ao cumprimento das obrigações de universalização de serviços de telecomunicações, que não possa ser recuperada com a exploração eficiente do serviço, nos termos do disposto no inciso II do art. 81 da Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997. 2 Segundo dados da Anatel já foram recolhidos mais de R$ 20 bilhões de Reais do FUST

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Não se vive somente de boas intenções

Com isto, sem os recursos do FUST a Universalização naufragou nas ondas das boas intenções. Alguma coisa do que foi alcançado neste sentido deveu-se a “obrigações” impostas às Concessionárias quando foram estabelecidas as regras do processo de privatização – portanto, independentes desse Fundo que à época sequer existia.

E, também, a iniciativas pontuais posteriores da Anatel que impôs algumas “obrigações” às “Autorizadas” em Leilões do Espectro de Radiofrequência realizados ao longo do tempo, ou, em situações nas quais houve alterações no controle ou associações de Empresas, entre as quais um caso típico foi a fusão da Telemar com a Brasil Telecom.

Mais recentemente, tentou-se utilizar o “instrumento” dos TAC – Termos de Ajustamento de Conduta – neste sentido, mas, pelo menos por enquanto, a tentativa se manifesta frustrada. O BS também passará ao largo de comentar este tema no momento, já tratado em outras oportunidades.

O Governo bem que tentou

Diante da “falência” do “Modelo do FUST”, considerando os fins para os quais ele foi concebido, o Governo procurou alternativas para fazer uma “compensação” - pelo menos parcial - para atendimento de situações mais emergentes, como é o caso de localidades remotas do Interior do País e a “comunidades” inerentemente carentes (indígenas, quilombolas, regiões de fronteira, etc.).

Diversos Planos foram desenvolvidos, entre os quais o mais notável foi o PNBL – Plano Nacional de Banda Larga – instituído em 2010 3, que entre outras determinações, “recriou” a Telebrás, como Prestadora de Serviços de Telecomunicação.

A Telebrás voltou!

Com “outra cara”, mas conceitualmente de modo similar, a Telebrás voltou a ser uma Operadora, por força do Decreto Nº 7175/2010. Antes ela era somente uma Holding. Agora passou a ser mais uma entre os “milhares” de prestadoras do SCM existentes em todo o País. Em termos regulatórios submetida exatamente aos mesmos ditames de qualquer Prestadora detentora de uma licença de SCM.

O “Estado Empresário” no Setor de Telecomunicações retornou à cena. Empresário, sim, porque não se trata de uma Empresa Pública. Mas, de uma Empresa de Economia Mista que deve atuar de acordo com as regras do “Mercado” e, como foi mencionado, atendendo às mesmas práticas regulatórias.

Este fato, na época da “volta da Telebrás” não foi objeto de muita atenção e não teve praticamente nenhuma repercussão. Mas que nos dias atuais vem progressivamente se constituindo em uma

3 Decreto Nº 7175/2010. Pode ser acessado clicando em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7175.htm

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fonte de divergências no Setor. Formou-se um cenário relativamente obscuro, potencialmente criador de indesejáveis arestas nas relações entre o governo e o “segmento privado” que atua no Setor.

Também houve uma mudança de conceito

Aqui, vale registrar um ponto importante. O conceito de Universalização implícito no Decreto já fugia do originalmente estabelecido na LGT (ainda vigente) pois se referia ao provimento de “Banda Larga”, uma aplicação associada a um Serviço (SCM) para o qual a Lei do FUST não se aplica 4. A fundamentação do FUST está calcada no provimento do STFC – Serviço Telefônico Fixo Comutado.

Então, podem ser entendidas as dificuldades adicionais de conduzir um processo amplamente desejado por toda a sociedade – não somente os diretamente alcançados pelos Serviços – mas que encontra entraves burocráticos, inclusive de ordem regulatória, para sua implantação.

Para não ir muito longe, basta mencionar as recentes disputas entre a Telebrás e Empresas e Associações das Empresas Privadas, com repercussões nos mais elevados níveis da estrutura Judiciária do País, tendo como “pano de fundo” o Gesac (Governo Eletrônico) e o SGDC (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações).

Persiste o vazio

Assim, o Setor, os usuários, a sociedade como um todo, continuam se defrontando com este “vazio” no equacionamento da Universalização. Uma situação particularmente crítica porque não se vislumbra no cenário atual uma solução concreta sem as “arestas” mencionadas que aponte para a implantação de um Programa estruturado e realmente eficaz visando um atendimento em larga escala e que alcance os pontos realmente desejados que estão situados nos mais distantes rincões do País.

Uma luz no fundo do túnel: os Provedores Regionais

Felizmente, alguns movimentos dos chamados Provedores Regionais e o avanço dos atendimentos das Redes Celulares têm contribuído para mitigar essa situação. Os números indicam concretamente este fato, em especial no que diz respeito à introdução de novos acessos de Banda Larga em regiões do Interior.

Mas, são evidentes as limitações, pois em inúmeros casos são escassas as possibilidades de interligação das Redes desses Provedores Regionais, por falta de capacidade nos Backbone e Backhaul ou porque simplesmente há dificuldades técnicas de interconexão das Redes à Rede Mundial da Internet.

4 Há movimentos no Congresso para alterar a Lei do FUST de modo a permitir sua aplicação nas Redes de Acesso à Internet que é o que faz sentido nos dias atuais. Na visão do BS, uma alteração deste tipo não pode incidir somente sobre o objeto da aplicação dos recursos do Fundo. Há que se tratar da questão econômica, pois, nas condições de momento, dificilmente o Ministério da Fazenda abriria mão dos recursos que estão sendo contingenciados para fazer parte do “Superávit Primário” do País.

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Vale a pena celebrar? Há algum significado adicional?

Retornando à temática inicial deste texto, a pergunta que fica é: valeu a pena a privatização do Sistema Telebrás? A questão não admite outra resposta que não seja a positiva. Isto é indiscutível!

Mas o que isto significa? Significa muita coisa, pois, em razão da privatização, o Brasil tem um Sistema de Telecomunicações que está entre os mais avançados do mundo.

Ocorre que as necessidades do País são gigantescas. Portanto, há carências que, na devida proporção, também podem ser consideradas muito grandes. E, tendem a aumentar na medida em que o progresso da Nação é fortemente dependente desta infraestrutura. E, no futuro, mais do que em qualquer época do passado.

Por outro lado, há a particularidade de que o Brasileiro é um forte “consumidor” de telecomunicação. E, na medida em que as facilidades vão se tornando acessíveis a segmentos da população que no passado não tinham condições de utilizá-las, os “problemas” tendem a aumentar em quantidade, capacidade, abrangência, capilaridade, diversidade e, por que não dizer, em exigências de qualidade. Ponto sobre o qual foram tecidas algumas considerações no início deste texto.

É necessário redefinir o Modelo

Reiterando o que o BS vem manifestando com insistência em praticamente todas as suas Edições os desafios são imensos. A começar pela disponibilidade de recursos financeiros para os volumosos investimentos que devem ser feitos em todo o Sistema Brasileiro de Telecomunicações. Algo em torno de $200 bilhões, nos próximos 10 anos; talvez mais!

Mas, é necessário um reposicionamento em relação ao “Modelo” atual. Já há algum tempo torna-se praticamente impossível que as Empresas estabeleçam suas estratégias de expansão e modernização sem uma correspondente “redefinição” desse “Modelo”. Certamente elas não se manterão paradas. Mas, ficarão tolhidas sem as perspectivas de um horizonte com contornos bem definidos e com limitações quanto à execução de projetos mais “ousados” em relação à expansão de suas atividades no País.

Houve algumas esperanças no tão propalado PLS 79/2016. Como se sabe há dificuldades imensas para sua concretização, no sentido de se transformar em Lei. Dificuldades essas que continuarão mesmo que a matéria venha a ser promulgada. Isto porque, este PLS não foi estruturado em estudos e discussões abrangentes como as que nortearam a elaboração da LGT. Portanto, haverá muito trabalho por parte da Agência Reguladora na hipótese de ele vir a ter vigência. Esta, pelo menos, é a visão do BS.

Mas, a Telebrás voltou!

No final deste cenário restam alguns questionamentos. O fato objetivo é que a Telebrás voltou a ser uma Prestadora de Serviços de Telecomunicações, na condição de Empresa Estatal. As dúvidas tornam-se inevitáveis. Ela se manterá operacional dentro dos contornos estabelecidos no Decreto

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Nº 7175/2010, ou irá além, conforme sugerem algumas iniciativas em andamento? Qual é a real essência e quais são os limites do disposto no Decreto nº 8135/2013, que dispensa de licitação os contratos da administração pública federal direta e Autarquias e Fundações de comunicações de dados que possam comprometer a segurança nacional, se os mesmos forem celebrados com a Telebrás?

A última frase do Editorial do Estadão lança uma dúvida recheada de simbolismos: “Talvez seja o caso de uma nova privatização.” Mas, uma eventual posição em relação a este assunto não pode ser um ato de “voluntarismo”. Há um novo cenário criado com a assinatura dos Decretos mencionados, que não seria o caso, nesta ocasião, de estar discutindo sobre seu acerto ou desacerto. É um fato passado suportado por uma estrutura legal consolidada. E, não se trata de uma imagem ou teoria: ele existe no mundo prático e, como tal, deve ser equacionado dentro de parâmetros que atendam à realidade da situação presente.

Não há como desconsiderar que este assunto tem embutido alguns “ingredientes explosivos” e, começa a incomodar alguns segmentos, inclusive dentro do próprio governo. Há que encontrar uma solução “costurada” em um ambiente harmônico que atenda ao Interesse Público, ao Setor de Telecomunicações no seu contexto geral, e ao País como um todo.

Por outro lado, fica evidente que este fato “introduziu” mais uma “incerteza” no “Modelo” vigente sobre a qual o BS já teceu considerações em outras oportunidades. Isto, levando em conta as inferências que podem ser feitas pelo atuais e pelos eventuais novos players do mercado.

Sempre pode ser entendido que está em processo um movimento que não seria propriamente de “reestatização” do Setor de Telecomunicações do País, mas que poderia indicar uma participação operacional mais ativa por parte do Governo no Setor alterando o “status” vigente nestes 20 anos ora celebrados.

E, ainda, pode-se depreender um outro tipo de incerteza ao considerar que todas as iniciativas em andamento são objeto de Decretos do Governo Federal que podem ser alterados ou, mesmo, revogados em qualquer oportunidade.

Na sequência segue a reprodução do mencionado Editorial de O Estado de S. Paulo.

A privatização da Telebrás Revolução nos usos e costumes dos brasileiros, tanto pela universalização do acesso como pela melhora da qualidade dos serviços prestados pelas empresas privadas, só foi possível graças à quebra do monopólio estatal do setor

O Estado de S. Paulo - 03 Agosto 2018

Não é exagero dizer que a privatização da Telebrás, há 20 anos, completados no domingo passado, foi uma das maiores políticas de inclusão social já implementadas no País. Em 1998, ser proprietário de uma linha telefônica – e o termo é este, dada a natureza patrimonial do bem na época – era mais

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do que ter acesso a um serviço hoje corriqueiro, era uma distinção. Linhas telefônicas eram declaradas ao Fisco tal como um bem imóvel ou um investimento.

No final da década de 1990, havia 17 milhões de linhas de telefonia fixa e 4,6 milhões de celulares no País. De acordo com dados do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), hoje há 235,5 milhões de linhas de celular ativas – mais do que os 208,5 milhões de brasileiros – e 40,8 milhões de linhas de telefonia fixa. Na banda larga, são 28,7 milhões de acessos fixos e 204,1 milhões de conexões móveis. É provável que parte considerável do distinto público esteja lendo este editorial em um telefone celular ou tablet conectado à internet.

Além disso, 20 milhões de brasileiros são clientes de TV por assinatura hoje. Outras centenas de milhares de pessoas usufruem diariamente de serviços ou empreendem em setores econômicos que dependem fundamentalmente do acesso à internet e do uso de aparelhos móveis, produzindo riqueza e gerando emprego.

Esta verdadeira revolução nos usos e costumes dos brasileiros, tanto pela universalização do acesso como pela melhora da qualidade dos serviços prestados pelas empresas privadas, só foi possível graças à aprovação da Emenda Constitucional n.º 8, de 15 de agosto de 1995, que quebrou o monopólio estatal do setor. Três anos depois, o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso levaria a cabo o que ficou conhecido como o maior leilão do setor de telecomunicações já realizado no mundo, arrecadando R$ 22 bilhões para a União.

Duas décadas após o leilão, os resultados do processo de privatização mostram que o objetivo não era tão somente arrecadar dinheiro para o Tesouro, mas também introduzir novas empresas no mercado de telecomunicações e, assim, modernizar um setor que sob a gestão do Estado se mostrava inacessível à maioria dos brasileiros, caro e ineficiente.

Malgrado este resultado ter sido alcançado – hoje se pode falar em acesso universal a um serviço prestado em condições bem melhores pela iniciativa privada –, muito ainda há de ser feito para que o País, de fato, atinja padrões de alcance e qualidade em serviços de telecomunicações que sejam condizentes com seu potencial de crescimento e com as novas expectativas dos usuários.

O modelo de privatização adotado no governo de FHC evitou a quebra de um monopólio do Estado para entregá-lo a outro, privado. A saída do governo foi privatizar 12 empresas que faziam parte do chamado Sistema Telebrás, atuantes em diferentes áreas de negócio espalhadas pelo País. Cada uma passou a ser explorada por uma empresa distinta mediante autorização, concessão ou permissão, reguladas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), criada um ano antes do leilão.

Se por um lado a estratégia, de fato, quebrou o monopólio, por outro dificultou a implementação dos serviços então privatizados. O número de reclamações de usuários nos órgãos de defesa do consumidor pela má prestação de serviço pelas empresas de telecomunicações cresceu à medida que a rede de oferta se expandiu. Mesmo assim, o resultado do processo é positivo, ainda que os serviços possam, e devam, melhorar para os usuários.

Após o leilão, a Telebrás foi mantida apenas para pagamento de dívidas e transferência de pessoal para a Anatel. Em 2010, por força do Decreto n.º 7.175, assinado pelo ex-presidente Lula da Silva, a estatal voltou a ser uma operadora para implementar e gerir o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). A meta no lançamento do programa era conectar 40 milhões de domicílios até 2014, objetivo que não foi atingido. Talvez seja o caso de uma nova privatização.

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Tribunal Português não reconhece decisão judicial que aprovou o PRJ da Oi

A Oi publicou COMUNICADO AO MERCADO informando que o Juízo de Comércio de Lisboa – Juiz 2 do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, emitiu sentença na qual foi indeferido o pedido de reconhecimento, em Portugal, da decisão proferida pelo Juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.

A Companhia informa que recorrerá da sentença e, de certa forma, “minimiza” a decisão do “Juízo Português” considerando-a “formal” e não ter entrado no mérito da questão. E, também, “por entender que esta não é consistente com as duas decisões já proferidas no mesmo Tribunal de Comércio de Lisboa, que já reconheceram e protegem, em Portugal, a abertura e pendência do Processo de Recuperação Judicial das Recuperandas no Brasil, bem como está em desacordo com as decisões recentemente proferidas pelos Tribunais dos Estados Unidos da América e da Holanda, as quais reconheceram naquelas jurisdições a decisão de homologação do Plano e a sua plena eficácia, conforme Comunicados ao Mercado divulgados pela Oi em 21 de agosto de 2017 e 11 e 14 de junho de 2018”.

O BS não tem uma exata ideia do significado real da Decisão do Juízo Português, mas considera que não deverá afetar, pelo menos por enquanto, o desenvolvimento normal do processo que deverá estar consolidado na AGE a ser realizada brevemente.

Contudo, não deixa de ser um “ponto de atenção”.

Na sequência, é reproduzido o texto do COMUNICADO conforme postado no Site da Companhia, com algumas alterações de formatação.

Oi S.A. - Em Recuperação Judicial Companhia Aberta

COMUNICADO AO MERCADO

Oi S.A. - Em Recuperação Judicial, ("Oi" ou "Companhia") informa a seus acionistas e ao mercado em geral que tomou conhecimento, nesta data, de sentença proferida em 30 de julho de 2018 pelo Juízo de Comércio de Lisboa - Juiz 2 do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa ("Juízo Português"), por meio da qual foi indeferido neste momento o pedido formulado pela Companhia e suas subsidiárias [...] (em conjunto, "Recuperandas") para o reconhecimento, em Portugal, da decisão proferida pelo Juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro ("Juízo da Recuperação Judicial") em 08 de janeiro de 2018 e publicada em 05 de fevereiro de 2018, que homologou o Plano de Recuperação Judicial das Recuperandas aprovado em Assembleia Geral de Credores realizada nos dias 19 e 20 de dezembro de 2017 ("Plano").

No entendimento do Juízo Português, seria necessário o trânsito em julgado da decisão de homologação do Plano pelo Juízo Recuperação Judicial, para que pudesse haver o seu reconhecimento em Portugal.

A Oi respeitosamente discorda da decisão do Juízo Português e esclarece que pretende interpor o recurso cabível perante o Tribunal da Relação de Lisboa contra a sentença, por entender que esta não é consistente com as duas decisões já proferidas no mesmo Tribunal de Comércio de Lisboa, que já

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reconheceram e protegem, em Portugal, a abertura e pendência do Processo de Recuperação Judicial das Recuperandas no Brasil, bem como está em desacordo com as decisões recentemente proferidas pelos Tribunais dos Estados Unidos da América e da Holanda, as quais reconheceram naquelas jurisdições a decisão de homologação do Plano e a sua plena eficácia, conforme Comunicados ao Mercado divulgados pela Oi em 21 de agosto de 2017 e 11 e 14 de junho de 2018.

A decisão foi fundamentada em aspectos formais, não tendo o Juízo Português se pronunciado sobre o mérito do Plano. Neste sentido, a Oi reitera que a referida decisão não impacta na higidez e plena eficácia do Plano, cuja execução foi resguardada pelo Juízo Recuperação Judicial.

A íntegra da referida decisão do Juízo Português encontra-se anexa a este Comunicado ao Mercado e, também está disponível para download no website da Companhia (www.oi.com.br/ri) [...]. A Companhia enviará a decisão, assim que possível, traduzida para o inglês, à US Securities and Exchange Commission conforme o Formulário 6-K.

A Companhia manterá seus acionistas e o mercado informados sobre o desenvolvimento do assunto objeto deste Comunicado ao Mercado.

Rio de Janeiro, 01 de agosto de 2018.

Oi S.A. - Em Recuperação Judicial Carlos Augusto Machado Pereira de Almeida Brandão Diretor de Finanças e de Relações com Investidores

Um COMUNICADO AO MERCADO da Oi, e um “fato relevante” nele embutido

A Oi divulgou um COMUNICADO AO MERCADO informando ter recebido da SOLUS ALTERNATIVE ASSET MANAGEMENT e SOLUS VEI LLC, dados indicando que “passarão a deter aproximadamente 9.71% do total de ações de emissão da Companhia.”

Informa, ainda, que: “que as ações não foram adquiridas com a intenção de afetar ou modificar a composição do controle ou estrutura administrativa da Companhia, conforme previsto no plano, e que tais aquisições estavam de acordo com as políticas de investimento estabelecidas nos estatutos dos Fundos por ela administrados.”

Trata-se de uma participação significativa, da ordem de 10%, no Capital Social da Oi que afirma não ter “intenção de afetar ou modificar a composição de controle ...” da Companhia.

Este tipo de informação tem sido “comunicada” formalmente por outros Fundos com idênticas características às do SOLUS que, no seu conjunto, muito provavelmente, deterão mais de 50% do Capital da Companhia.

Então, parece não ser impertinente o questionamento sobre quem, realmente, detém o “controle” da Oi, à luz do que dispõe o Anexo à Resolução Nº 101/99, da Anatel.

O assunto ganha particular relevância por se tratar de uma Concessionária Prestadora de um Serviço de Interesse Coletivo no Regime Público.

Segue, na sequência, o texto do COMUNICADO da Oi, reproduzido do Site da Companhia.

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Oi S.A. - Em Recuperação Judicial

COMUNICADO AO MERCADO

Oi S.A. - Em Recuperação Judicial, em atendimento ao disposto no artigo 12 da Instrução CVM nº 358/02, comunica que recebeu correspondência da SOLUS ALTERNATIVE ASSET MANAGEMENT LP e SOLUS VEI LLC, por meio de seu advogado e representante legal, com as informações que seguem abaixo transcritas: "Para Oi S.A. - Em Recuperação Judicial CNPJ/MF Nº 76.535.746/0001-43 Diretor de Relações com Investidores Sr. Carlos Augusto Machado Pereira de Almeida Brandão [email protected] Ref.: Aquisição de Participação Acionária Relevante 1. Solus VEI LLC, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 28.241.824/0001-72, uma entidade administrada pela Solus Alternative Asset Management LP, juntamente com os fundos de investimento (os "Fundos") a ela associados ("Solus"), pela presente notifica e informa a OI S.A. - Em Recuperação Judicial ("Companhia"), para fins do artigo 12 da Instrução CVM nº 358/02, que a Solus detém, nesta data, aproximadamente 9,19% das ações ON e 17,23% das ações PN da Companhia, sendo (i) a quantidade de 208.254.220 ações ON composta por 171.284.550 ações ON na forma de 34.256.910 Certificados Americanos de Depósito de Ações, 24.733.670 ações ON por meio de swaps liquidados em dinheiro e 12.236.000 em bônus de subscrição de ações ON na forma de 2.447.200 Certificados Americanos de Depósito de Bônus de Subscrição ("American Depositary Warrants") ; e (ii) a quantidade de 26.870.450 ações PN composta por 14.145.350 ações PN na forma de Certificados Americanos de Depósitos de Ações e 12.725.100 ações PN por meio de swaps liquidados em dinheiro . Portanto, depois de plenamente exercidos todos os Certificados Americanos de Depósito de Bônus de Subscrição, quando eles se tornarem exercíveis, os Fundos administrados pela Solus managed by Solus passarão a deter aproximadamente 9.71% do total de ações de emissão da Companhia. 2. A Solus declara que as aquisições de ações pelos Fundos ocorreram no contexto da reestruturação de dívidas da Companhia, em decorrência de seu processo de recuperação judicial, e que as ações não foram adquiridas com a intenção de afetar ou modificar a composição do controle ou estrutura administrativa da Companhia, conforme previsto no plano, e que tais aquisições estavam de acordo com as políticas de investimento estabelecidas nos estatutos dos Fundos por ela administrados. 3. A Solus não possui qualquer bônus de subscrição, debênture conversível ou qualquer outro título conversível ou permutável em ações da Companhia, além daqueles aqui divulgados.

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4. A Solus declara que nenhum dos Fundos está sujeito a qualquer acordo ou contrato que regule o exercício de direitos de voto ou a compra e venda de valores mobiliários emitidos pela Companhia. 5. Diante do exposto, solicitamos que, como Diretor de Relações com Investidores da Companhia, implemente todas as provisões necessárias para a imediata transmissão das informações aqui descritas à Comissão de Valores Mobiliários - CVM e à B3 - Brasil, Bolsa, Balcão, nos termos do artigo 12 da referida Instrução CVM n. 358/2002. 6. Permanecemos à sua disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que possam ser considerados necessários.

Atenciosamente,

SOLUS ALTERNATIVE ASSET MANAGEMENT LP SOLUS VEI LLC

(Por meio de seu advogado e representante) "

_____________________________________________ A Solus celebrou operações de derivativos com instituições financeiras terceirizadas não afiliadas, as quais se referem a swaps liquidados em dinheiro que fornecem resultados econômicos comparáveis aos resultados econômicos da propriedade de ações ON ou ações PN da Oi, mas não fornecem à Solus poder de votar ou direcionar voto ou alienar ou direcionar a alienação de tais ações. Consequentemente, a Solus não é o "proprietário beneficiário" (conforme conceito da Regra 13d-3 e da Regra 13d-5 do Securities Exchange Act de 1934, conforme alterado) de quaisquer ações da Oi detidas através de swaps liquidados em dinheiro.

O percentual de participação aqui divulgado pressupõe o pleno exercício de todos os Certificados de Depósito de Bônus de Subscrição Americanos. Os Certificados de Depósito de Bônus de Subscrição Americanos ainda não são exercíveis.

Vide nota i acima.

A quantidade de valores mobiliários da Oi em circulação aqui estabelecidos baseiam-se nos valores divulgados no Formulário T-3 da Companhia, Aditivo Nº 1, arquivado na Securities and Exchange Commission ("SEC") em 9 de julho de 2018, e o valor de liquidação da Opção de Pagamento dos Bondholders Qualificados divulgado no Formulário 6-K da Companhia arquivado na SEC em 27 de julho de 2018."

Rio de Janeiro, 06 de agosto de 2018. Oi S.A. - Em Recuperação Judicial

Carlos Augusto Machado Pereira de Almeida Brandão Diretor de Finanças e de Relações com Investidores

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PGMC e PPDUR

A Anatel divulgou uma Nota fazendo referência à publicação de dois novos (e importantes) regulamentos, que haviam sido aprovados pelo Conselho Diretor da Agência: o PGMC – Plano Geral de Metas de Competição e o PPDUR – Preço Público por Direito de Uso de Radiofrequência.

A título de registro o BS reproduz a referida Nota com que contém informações adicionais para aqueles que desejam ter maiores detalhes sobre o assunto.

Novo PGMC e regulamento de uso de frequências são publicados pela Anatel

segunda-feira, 23 de julho de 2018 , 15h06 | POR REDAÇÃO

A Anatel publicou, no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 23, resolução em que altera o Plano Geral de Metas de Competição. A determinação, com quase 40 páginas, estabelece diretrizes para categorização dos mercados (definindo quatros níveis de competição de municípios: competitivos, potencialmente competitivos, poucos competitivos e não competitivos). A resolução também define as diretrizes metodológicas para identificação de mercado relevante de atacado e dos grupos com Poder de Mercado Significativo (PMS).

A resolução, que confirma a decisão do Conselho Diretor do último dia 12 de julho, também versa sobre o tratamento isonômico e não discriminatório e transparência no mercado de atacado e sobre oferta atacadista de Exploração Industrial de Linhas Dedicadas (EILD), oferta de infraestrutura passiva, oferta de interconexão para tráfego telefônico em redes fixas e móveis e roaming nacional. A determinação da Anatel estabelece ainda medidas para os grupos de contenham concessionárias do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) atuando em mais de uma região do Plano Geral de Outorgas (PGO) e homologação de ofertas de referência de produtos de atacado.

A determinação também publica, no anexo IV, a tabela com a categorização de todos os municípios.

PPDUR

O novo regulamento de cobrança de Preço Público por Direito de Uso de Radiofrequências (PPDUR) também foi publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira. A determinação estabelece o valor a ser pago pelo direito de uso de radiofrequências ou aquele a ser estabelecido como preço mínimo de referência em licitações de direito de uso de radiofrequências deverá ser obtido por meio da aplicação de uma fórmula específica.

Também estabelece critério para cobrança da prorrogação do direito de uso de radiofrequências. O novo regulamento confirma ainda que o preço público pela autorização de uso de radiofrequências ou por sua prorrogação poderá ser pago em parcela única, à vista, ou em parcelas anuais iguais, desde que o valor das parcelas seja igual ou superior a R$ 500. Já o prazo para quitação da parcela única ou da primeira parcela anual será de 30 dias, contados a partir do recebimento da notificação expedida pela Anatel. "No caso de pagamento parcelado, o número máximo de parcelas anuais será igual ao prazo, em anos, do Direito de Uso de Radiofrequências, e o valor de cada parcela será atualizado pela taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC, acumulada mensalmente, desde a data da publicação do extrato do Ato de Autorização de Uso de Radiofrequências no Diário Oficial da União – DOU, até a data de vencimento da parcela", aponta a publicação

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02. A IMPRENSA PARECE NÃO TER GOSTADO DA VISITA

A título de mera curiosidade o BS reproduz uma reportagem do El País, assinada por Ana Torrez Manárguez, na qual ela trata de uma visita coletiva da imprensa feita às instalações do Facebook, em Menlo Park, Califórnia, a convite da Companhia. Pelo que a própria jornalista diz: “para oferecer uma imagem de transparência em plena crise de reputação”.

Trinta jornalistas de todo o mundo foram recebidos no “quartel general” do Facebook para aquela que seria a “primeira visita organizada da imprensa internacional à Companhia”. No texto é mencionado que houve uma espécie de “tour guiado” com um aparato de segurança que se pode depreender das palavras da jornalista foi exagerado.

Não é mencionado se havia algum jornalista brasileiro na comitiva. Mas, é relevante registrar que dos 2,2 bilhões de “usuários” do Facebook – pelo menos é este o número publicamente conhecido – cerca de 87%, ou seja, 1,91 bilhão estão situados fora dos USA. O Brasil é um importante mercado. É, inclusive, um dos que oferece mais tráfego ao Sistema. Portanto, seria de esperar que houvesse alguém da imprensa brasileira.

Porém, este é um detalhe que pode passar ao largo deste comentário. O ponto marcante é o nível de dependência, mas também de influência, que o Aplicativo tem fora dos USA. Fazendo-se a título de simples exercício uma correlação linear entre as receitas da Companhia e o seu mercado no Exterior, pode-se deduzir que 87% do seu valor provêm de outros países que não aquele que é a sua Sede.

A grosso modo as receitas anuais do Facebook são da ordem de $50 bilhões; portanto, $43,5 bilhões seriam oriundos do “mercado externo”. Talvez não seja exagero que o Brasil representa $0,5 bilhão ou mais deste valor. Os números podem não ser exatamente estes. Mas, a ordem de grandeza é desta magnitude. Em sendo fato real, trata-se de um negócio superinteressante para uma Empresa que – assim se diz – ter cerca de 30 empregados no País.

Menciona o texto: “O controle de cada um dos movimentos dos jornalistas foi excessivo; durante a refeição tiveram de permanecer em uma zona limitada e controlada por pessoal de segurança. Nos complexos que formam a sede do Facebook há um total de 14.000 empregados. Em todo mundo somam 30.000.”

Como se pode deduzir, o nível de desconfiança é enorme. Mesmo as pessoas convidadas são objeto de vigilância permanente. A título de lembrança, o BS fica se indagando como foi tratada a comitiva da Presidente Dilma, quando visitou esta Sede e foi recebida pelo próprio Mark Zuckerberg. Há uma foto da Presidente vestindo uma jaqueta com o logo do Facebook que o BS reproduziu na oportunidade.

O texto é autoexplicativo e o BS não irá fazer nenhuma consideração adicional sobre o mesmo. Mas, não pode disfarçar a sua impressão de que a jornalista tivesse tido uma “agradável” impressão da visita, em função de suas palavras. Há uma manifesta “decepção” no texto que traduz as reais causas da visita da imprensa. Seria mais uma ação institucional da Companhia do que

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propriamente um encontro com jornalistas para um posicionamento em relação aos momentos “conturbados” pelos quais ela passa.

“Em passant”: também não se pode depreender uma pequena decepção adicional: Mark Zuckerberg não se dignou dar uma simples “palavrinha” que fosse a tão “distinta” comitiva. A Presidente Dilma foi melhor aquinhoada!

Na sequência, segue o texto da matéria do El País.

Facebook por dentro: un día en el imperio de Zuckerberg

La tecnológica invita a un grupo de periodistas internacionales a su sede central para

ofrecer una imagen de transparencia en plena crisis de reputación

Empleados de Facebook en su sede central en Menlo Park, California. A.T.

EL PAÍS

ANA TORRES MENÁRGUEZ

Menlo Park 2 AGO 2018 - 07:08 BRT La llegada a Facebook decepciona. Uno espera encontrar un gran edificio con arquitectura eficiente, grandes cristaleras y luz natural. Pero la zona escogida para recibir a una treintena de periodistas de todo el mundo en la primera visita de prensa internacional organizada por la compañía a sus cuarteles generales de Menlo Park (California) es la antigua sede: una serie de naves industriales de dos plantas pintadas de colores que recuerdan más a un centro comercial que al lugar donde se atesora uno de los algoritmos más cotizados del planeta.

“No podemos hacer esto solos”, explicó durante la visita, celebrada hace dos semanas, Sara Su, una de las portavoces de la compañía. La red social, dijo, necesita la colaboración de organizaciones externas para frenar al monstruo. La falta de control sobre los contenidos que se difunden en la plataforma y la poca

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atención dirigida a la privacidad de los usuarios han llevado a la tecnológica a sufrir la peor crisis de credibilidad en sus 14 años de historia. Desde que el pasado marzo estallara el escándalo de Cambridge Analytica —la filtración masiva de datos personales de 87 millones de usuarios a esa empresa británica— Mark Zuckerberg se ha visto obligado a dar explicaciones de cómo funciona su criatura, un mastodonte con más de 2.200 millones de usuarios mensuales.

Y en esa estrategia encajaba el plan de pasar un día en el imperio de Facebook. En su esfuerzo por transmitir una imagen de transparencia, la compañía invitó por primera vez a un grupo de periodistas de medios internacionales a su sede principal, entre ellos EL PAÍS. Eso sí, Zuckerberg y su equipo están al otro lado de la autovía, en las nuevas instalaciones estrenadas hace un par de meses. Los invitados no tuvieron ese privilegio.

El secretismo entorno al algoritmo de la tecnológica se hace extensivo a sus oficinas; los periodistas están continuamente controlados y la distancia de apenas unos metros con los trabajadores de la empresa, que se mueven veloces de un lado para otro, se percibe como kilométrica. El ambiente de campus universitario que desprende la sede, con un patio interior repleto de empleados de diferentes partes del mundo con una media de edad cercana a los 30 años, choca con la realidad impuesta desde arriba: la libertad de movimiento no es una opción.

Una de las paredes de Facebook con carteles diseñados por los empleados. A.T. El momento escogido para abrir sus puertas durante un día y poner a los portavoces de diferentes departamentos a responder las preguntas de periodistas llegados de países como Japón, Polonia, Francia o Argentina - el 87% de los usuarios de la plataforma son de fuera de los Estados Unidos y Canadá- no es casual. Una semana más tarde, Facebook registró un desplome próximo al 25% en su valoración bursátil, justo después de presentar unos resultados económicos peores de lo esperado y de anticipar que su crecimiento se desacelera. Nunca antes una empresa había caído tanto en un día en Wall Street: de una capitalización bursátil próxima a los 620.000 millones de dólares (unos 531.000 millones de euros) antes de publicar los resultados, se pasó a los 470.000 (unos 402.000 en euros).

Aunque sus 2.200 millones de usuarios generaron una cifra de negocio de 13.230 millones en el segundo trimestre de 2018, lo que supone una mejora del 42% con respecto al mismo periodo del año anterior, pudieron más las dudas sobre las nuevas políticas de la compañía y los posibles efectos en su rentabilidad. Durante los últimos meses, Zuckerberg se ha sometido al escrutinio de los legisladores en Estados Unidos

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y en la Unión Europea y se está examinando si violó las reglas que protegen la privacidad de los usuarios. Las nuevas inversiones en seguridad podrían afectar a su margen de beneficio. A esa crisis se suma la reputacional: bajo el nombre #DeleteFacebook, un nuevo movimiento social ha hecho un llamamiento a los usuarios para que abandonen Facebook.

Facebook ofrece a sus empleados todo tipo de alimentos y 'snacks' de forma gratuita. A.T. Tomar el pulso del posible malestar o incertidumbre de los empleados de la compañía no es fácil. Desde el momento en el que los periodistas acceden al recinto, levantado junto a una autopista de la Bahía de San Francisco a unos 47 kilómetros de la ciudad, los responsables del evento les acompañan en todo momento, incluso para salir a fumar un cigarro al exterior. El control de cada uno de los movimientos de los periodistas resulta excesivo; durante la hora de la comida deben permanecer en una zona acotada y controlada por personal de seguridad. En los dos complejos que forman la sede de Facebook hay un total de 14.000 empleados. En todo el mundo suman 30.000.

Durante el tour guiado por las instalaciones, una de las empleadas explica algunas de las anécdotas relacionadas con la arquitectura del lugar. Se trata de una serie de naves unidas por un gran patio interior con zonas ajardinadas, restaurantes y gimnasios gratuitos para la plantilla y tiendas de venta de bicis o peluquería, de pago. Algunos de los edificios están conectados por unos puentes rojos que recuerdan al Golden Gate, el puente emblemático de San Francisco. "Pasan muchas horas aquí y queremos que se sientan como en casa", cuenta. "Hay una comunidad de zorros que suelen salir cuando se pone el sol", continúa. Algunos carteles aconsejan no acercarse a ellos ni alimentarlos. El recorrido tiene parada en el taller de carteles, gratuito para los empleados, o la heladería. ¿Cuál es el perfil mayoritario de los trabajadores? ¿La edad media? ¿El salario medio? "Facebook no ofrece ese tipo de información", responde la empleada.

El secretismo y el llamado control freak (en español, obsesión por controlar) son insignia de las empresas tecnológicas en Silicon Valley. "En el mundo tecnológico lo más valioso es lo que has inventado. Los fundadores creen que si alguien descubre el modo en el que crean, perderán su ventaja competitiva", comenta una ex empleada del sector que vive en San Francisco y prefiere no decir su nombre. "Les preocupa que alguno de los empleados revele un detalle o cuente demasiado. Facebook ahora mismo es muy paranoica. Es cierto que muchos de los empleados están disgustados con las políticas de la empresa,

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la injerencia en las elecciones en 2016 hace que no estén de acuerdo en cómo está gestionando Zuckerberg la compañía", añade.

En esta ocasión, el secreto del algoritmo de Facebook estaba a salvo. La parte técnica de la compañía, los equipos de desarrollo informático, se encuentran en el nuevo edificio, fuera del alcance de los informadores invitados.

En un artículo publicado en el Columbia Journalism Review, James Ball, periodista británico y autor del libro Post-Truth: How Bullshit Conquered The World ("Posverdad: cómo las sandeces conquistaron el mundo") alerta de la necesidad de un nuevo modelo de periodismo tecnológico. Ball denuncia la permisividad de los periodistas y el fenómeno fan, en el que son los informadores los más entusiastas de los nuevos productos tecnológicos y, en ocasiones, los menos críticos. "Los fundadores de las compañías controlan el acceso de los medios hasta un punto que empresas de otro sector encontrarían insólito. Incluso las visitas a las oficinas -consideradas un privilegio- requieren acuerdos de confidencialidad por parte de los periodistas", detalla Ball.

"Hay un número de razones por las que el secretismo se ha convertido en parte esencial de la cultura de Silicon Valley, y no precisamente la necesidad de proteger su propiedad intelectual de los competidores. Se trata de la atmósfera que rodea la prensa especializada en tecnología, que es la que lo hace posible. Gracias a unos medios complacientes e incluso fans, las tecnológicas pueden controlar fácilmente sus narrativas y apagar las críticas o vetar a los periodistas", opina Ball.

Sandy Parakilas, director de operaciones en el departamento de privacidad de Facebook entre 2011 y 2012, es ahora uno de sus detractores. Pese a ser un crítico del modelo, asegura que la compañía prioriza el crecimiento económico y destina muy pocos recursos a la protección de los usuarios, su opinión sobre el secretismo y el control sobre los medios de comunicación no es negativa. Cree que es lógico ese comportamiento, que los periodistas sí pueden ser críticos y que el temor a ser vetado no tiene sentido.

Esa no es la percepción de los informadores mientras comen un rollo de verduras en el llamado Zen Garden de Facebook, un espacio sobre una plataforma de madera, con jardines y amplias butacas individuales que los empleados pueden usar como lugar de trabajo. "Si les criticas abiertamente, no te vuelven a invitar", comenta una de las periodistas afincadas en San Francisco.

NOTA: Os comentários do presente BOLETIM SEMANAL bem como a edição final do texto são de responsabilidade de Antonio Ribeiro dos Santos, Consultor Principal da PACTEL. A precisão das informações não foi testada. O eventual uso das informações na tomada de decisões deve ocorrer sob exclusiva responsabilidade de quem o fizer. Também não se assume responsabilidade sobre dados e comentários realizados por terceiros cujos termos o BS não endossa necessariamente. É apreciado o fato de ser mencionada a fonte no caso de utilização de alguma informação do BOLETIM SEMANAL.