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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – BIGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA CÍNTIA JORDANA MENEGHINI A PRÁTICA DE RELAXAMENTO E A HABILIDADE SOCIAL BIGUAÇU JUNHO/2005

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – BIGUAÇU

CURSO DE PSICOLOGIA

CÍNTIA JORDANA MENEGHINI

A PRÁTICA DE RELAXAMENTO E A HABILIDADE SOCIAL

BIGUAÇU JUNHO/2005

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1

CINTIA JORDANA MENEGHINI

A PRÁTICA DE RELAXAMENTO E A HABILIDADE SOCIAL

Atividade apresentada como trabalho de

Conclusão de Curso de graduação em

Psicologia, para obtenção do grau de

Bacharel. Universidade do vale do Itajaí –

UNIVALI. Orientadora Professora e

Doutora Vera Baumgarten U. Baião.

BIGUAÇU JUNHO/2005

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CINTIA JORDANA MENEGHINI

A PRÁTICA DE RELAXAMENTO E A HABILIDADE SOCIAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo aos

requisitos parciais para obter o grau de Bacharel em psicologia.

Biguaçu, 22 de junho de 2005.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ VERA B. U. BAIÃO

Professora Doutora (Orientadora)

_________________________________________ PAULO C. NASCIMENTO

Professor Mestre

_________________________________________ ANA BEATRIZ ROCHA LIMA

Professora Mestre

_________________________________________ MARIA SUZETE SALIB

Professora Mestre – Coordenadora TCC

_________________________________________ ALMIR PEDRO SAIS

Professor Mestre – Coordenador do Curso de Psicologia

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AGRADECIMENTOS

Á grande professora e amiga Vera, minha orientadora, pelas suas atitudes éticas e

empenho na realização deste trabalho;

Às pessoas que participaram desta pesquisa, cedendo seu tempo e disposição;

Ao professor Mário e minha cunhada Fátima pelo apoio na estatística e tradução do

Espanhol, respectivamente;

Aos professores Paulo Nascimento e Ana Beatriz Lima, pelo interesse no

desenvolvimento deste trabalho e apoio em todos os momentos;

Aos meus amigos que me deram apoio emocional e que acompanharam todas as

etapas do trabalho com entusiasmo;

Ao meu noivo Marcos, pela ajuda na correção dos inventários e por entender este

momento da minha vida em que estive ausente na relação;

Aos meus irmãos Elias e Ricardi, que me fizeram aprender e crescer com seus jeitos

distintos de ser;

Aos meus pais Celso e Selma, que propiciaram a minha chegada neste nível e por me

fazerem muito feliz!

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“ Somente Deus pode responder a esta alma que não

se

causa de buscar algo maior que justifique o seu

existir.”

Padre Jonas Abib

“Quem não compreende um olhar

tampouco compreenderá uma longa explicação.”

Mario Quintana

“ Eu cumpro meu

dever!“

”Ego fungo

officio meo!”

Lema Latino

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RESUMO Este trabalho justifica-se pelo caráter científico em tentar investigar se as pessoas

que praticam relaxamento apresentam um nível de habilidade social maior daqueles

que não praticam. A literatura tem mostrado que uma característica essencial dos seres

humanos é que somos “animais sociais”, portanto, a habilidade social se constitui em

um elemento importante para o estabelecimento de relações interpessoais satisfatórias.

A metodologia utilizada para realização deste trabalho foi à pesquisa quantitativa, a

qual utiliza a quantificação tanto na coleta, quanto no tratamento e análise dos dados

obtidos. Os instrumentos utilizados para coletar os dados foram o Inventário de

Habilidades Sociais (IHS-Del-Prette) e o Inventário de Ansiedade de Beck – BAI. Para

comparar o escore de HS entre os dois grupos, foi realizado o Teste t – Student e para

outras comparações, foi utilizada a análise de variância ANOVA. Constatou-se frente

aos resultados obtidos, que o nível de Habilidade Social é maior no grupo que pratica

relaxamento, observando uma diferença significativa, estatisticamente. Pode-se concluir

então, que a habilidade social é um processo de aprendizagem e que pode ser

desenvolvida a partir de algumas técnicas, como o relaxamento, por exemplo. Outros

fatores pesquisados referem-se ao nível de HS entre os sexos, onde os resultados

estatísticos revelam que nesta não há diferença. Quanto ao nível de Ansiedade, foram

comparados os dados de toda amostra e a maioria dos sujeitos se encontram num nível

de ansiedade mínima, com um repertório bastante elaborado de HS.

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ABSTRACT This paper is to justify in a scientific way to investigate all the people who

practices relaxation exercise can have a bigger social ability level than those ones do

not practice. Literature has shown that an essential characteristic of the human being

they are social animal, therefore, the social ability is an important element for the

satisfactory interpersonal relations establishment. The methodology used for

accomplishment of this work was to the quantitative research, which is used as in the

collection as in the treatment and analysis of the gotten data. The used instruments to

collect the data had been the Inventory of Social Abilities (IHS-Del-Prette) and the

Inventory of Anxiety of Beck - BAI. Comparing the SA score between the two groups the

test t - student was carried through, and was used the analysis of variance ANOVA for

the other comparisons. With the gotten results was evidenced, that the level of Social

Ability is bigger in the group that practices relaxation, observing a static significant

difference. It can be concluded then, that the social ability is a learning process and that

can be developed from some techniques, for example the relaxation. Other searched

factors mention the level of SA among the sexs, where the statistical results show that it

does not have difference. The data of all sample of the anxiety level and the majority of

the citizens had been compared are in a minimum anxiety, with a repertoire sufficiently

elaborated of HS.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 10 2. METODOLOGIA ....................................................................................12 2.1 SUJEITOS E DELINEAMENTO ...............................................................................12

2.2 INSTRUMENTOS .....................................................................................................13

2.3 PROCEDIMENTOS...................................................................................................15

3. ENTENDENDO A HABILIDADE SOCIAL E O RELAXAMENTO......... 16

3.1 TEORIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL .......................................................... 16

3.2 HABILIDADE SOCIAL...............................................................................................22

3.2.1 Classes de Habilidades Sociais .........................................................................25 3.2.2 Inabilidade Social.................................................................................................. 27

3.3 RELAXAMENTO...................................................................................................... 30

3.3.1 Tipos de relaxamentos ...................................................................................... 35

4. RESULTADOS ...................................................................................... 41 4.1 TRATAMENTO DOS DADOS ..................................................................................41

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................44

5. DISCUSSÃO.......................................................................................... 60

6. CONCLUSÃO........................................................................................ 73 7. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 74

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ANEXOS APÊNDICES LISTA DE FIGURAS Figura 1. Percentil da média de HS em relação ao escore total de cada grupo............44

Figura 2. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS...............45

Figura 3. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS...............46

Figura 4. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F1 (dividido em 4 grupos de percentis).....................................................................48

Figura 5. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F1 (dividido em 2 grupos de percentis)......................................................................48

Figura 6. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F2 (dividido em 4 grupos de percentis)......................................................................50

Figura 7. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F2 (dividido em 2 grupos de percentis)......................................................................50

Figura 8. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F3 (dividido em 4 grupos de percentis)......................................................................52

Figura 9. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F3 (dividido em 2 grupos de percentis)......................................................................52

Figura 10. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F4 (dividido em 4 grupos de percentis)......................................................................54

Figura 11. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F4 (dividido em 2 grupos de percentis)......................................................................54

Figura 12. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F5 (dividido em 4 grupos de percentis)......................................................................56

Figura 13. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS

do F5 (dividido em 2 grupos de percentis)......................................................................56

Figura 14. Média de HS em relação aos Fatores do IHS, de ambos grupos.................57

Tabela 15. Número de sujeitos em relação ao percentil de HS e o nível de

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ansiedade (dividido em 4 grupos de percentis).............................................................. 59

Tabela 16. Número de sujeitos em relação ao percentil de HS e o nível de

ansiedade (dividido em 2 grupos de percentis).............................................................. 59

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Número de sujeitos pesquisados ................................................................. 41

Tabela 2. Número de sujeitos em relação ao nível de ansiedade................................ 42

Tabela 3. Número de sujeitos em relação ao grau de instrução................................... 42

Tabela 4. Escores médios de HS ................................................................................. 44

Tabela 5. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS............. 45

Tabela 6. Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS............. 46

Tabela 7. Média de HS no fator F1............................................................................... 47 Tabela 8. Média de HS no fator F2............................................................................... 49 Tabela 9. Média de HS no fator F3............................................................................... 51 Tabela 10. Média de HS no fator F4............................................................................. 53 Tabela 11. Média de HS no fator F5............................................................................. 55 Tabela 12. Escores médios de HS e análises comparativas para cada grupo............. 57 Tabela 13. Escores médios de HS em relação ao sexo e análises comparativas

para cada grupo............................................................................................................. 58

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1 INTRODUÇÃO

Todas as pessoas estão em relação com outras o tempo inteiro, seja em casa

com os pais, familiares, seja no trabalho, com amigos, etc. A habilidade social parece

um elemento essencial para o desenrolar das relações interpessoais. Na vida diária, as

pessoas têm uma complexa rede de relações interpessoais que determina o presente e

define o nosso futuro social e profissional. A aprendizagem destas habilidades é

adquirida ao longo de nossa vida, ou seja, nunca paramos de aprender. O papel do

ambiente parece ser fundamental para isto.

Quando essa habilidade está pouco desenvolvida, tendemos a nos comportar de

forma passiva, aceitando o que nos é imposto, não estabelecendo limites e deixando

que os outros decidam por nós. O oposto também acontece quando somos agressivos

demais, agindo sem tolerância e magoando os outros. Aprender a ser socialmente hábil

significa, muitas vezes, aprender a se prevenir contra transtornos psicológicos.

Entretanto, aprender essas habilidades nem sempre é uma tarefa fácil e, muitas vezes,

implica no investimento pessoal em ajuda psicológica especializada e no uso de

técnicas que propiciem tal habilidade.

O acúmulo de tensões de todos os dias por esta falta de habilidade social, bem

como a carência de estratégias eficientes para lidar com elas, acaba nos deixando

vulneráveis a uma série de problemas de origem física e/ou psicológica. O relaxamento

é uma técnica muito utilizada, com vários intuitos. Existem vários procedimentos, para

todo tipo de pessoa e necessidade. Essas técnicas e procedimentos foram associados

ao controle do estresse, ao controle de impulsos, para tirar as tensões musculares do

dia, para baixar a ansiedade, para melhorar a auto-estima, como também melhorar a

saúde, como a depressão, pânico, alívio da dor, entre outros.

Visando verificar se há relação entre a prática de relaxamento e a habilidade

social e dar maior cientificidade a este tema é que a autora deste projeto se motivou a

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investigar metodologicamente, partindo da teoria Cognitiva Comportamental. É uma

relação pouco explorada na área acadêmica, mas extremamente importante para o

desenvolvimento da prática psicoterápica e para a sociedade em geral, uma vez que os

resultados possam contribuir para uma prevenção e promoção de saúde. Com isto,

tem-se uma relevância científica e social.

A pesquisa trata-se então, do seguinte problema: Há relação entre a prática de

relaxamento e o nível de habilidade social? A hipótese inicial é que se encontre esta

diferença.

O objetivo geral foi investigar se as pessoas que praticam relaxamento

apresentam um nível de habilidade social diferente daqueles que não praticam. E, os

específicos, para atingir este outro, seriam: fazer um levantamento do nível de

habilidade social das pessoas pesquisadas e investigar se os sujeitos com diferentes

tipos de habilidade social conseguem praticar o relaxamento.

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2 METODOLOGIA

O presente projeto consiste numa pesquisa quantitativa, do tipo exploratório,

tendo como parte integrante um recorte teórico da Psicologia Cognitiva Comportamental

e outros autores relacionados à temática. Através do recorte teórico procura-se

conhecer e examinar as contribuições culturais e/ou científicas que se tem sobre o

assunto.

O método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas

modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento destas por meio de

técnicas estatísticas. Esta forma de pesquisar representa a intenção de garantir a

precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação possibilitando,

conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às inferências. Este estudo

deve ser realizado quando o pesquisador deseja obter melhor entendimento do

comportamento de diversos fatores e elementos que influem sobre determinado

fenômeno (RICHARDSON, 1999).

Quanto à pesquisa do tipo exploratória, Segundo Gil (1996), tem como objetivo

proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito

ou construir hipóteses. Tem como objetivo o aprimoramento de idéias ou a descoberta

de intuições.

2.1 SUJEITOS E DELINEAMENTO

A amostra envolveu um tamanho total de 40 sujeitos, de ambos os sexos. Os

sujeitos em questão formaram dois grupos. No primeiro conterá 20 sujeitos de um curso

de graduação da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, situada na grande

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Florianópolis / SC. No segundo grupo conteve 20 sujeitos também, mas que praticam

relaxamento, nas instituições YogaShala e Unioga (local específico que terão pessoas

praticando relaxamento), em Florianópolis / SC.

Para cálculo do tamanho mínimo de amostra em um teste t com dados

emparelhados, utilizou-se o software "PS¹ (power and sample size calculation), versão

2.1.30". Utilizando-se como valores de power = 0.8 ; α = 0.1 ; δ = 9 , onde α representa

o nível de significância e δ a diferença suposta entre as médias na população, obteve-

se como tamanho mínimo de amostra 17 pares de sujeitos. Mantendo-se os valores de

power e α, estipulando-se δ = 8, obteve-se como tamanho mínimo de amostra 21 pares

de sujeitos. Optou-se então por 20 pares, levando-se em conta a possibilidade de

desistência de alguns destes no decorrer da pesquisa.

Contudo, o número de sujeitos pesquisados será suficiente, de forma que

permitirá a generalização dos resultados para uma população maior. Portanto, este

tamanho se mostra suficiente para os objetivos desta pesquisa.

2.2 INSTRUMENTOS

O material utilizado para coleta de dados foi um questionário com dados

pessoais, feito especificamente para cada grupo (um que pratica relaxamento e outro

que não pratica), o inventário de ansiedade Beck (BAI) e o inventário de habilidade

social (IHS-Del-Prette) para ambos os grupos, a fim de verificar o nível de cada sujeito.

Ambos estarão em anexo e apêndice, respectivamente.

O propósito da coleta de dados é gerar medidas objetivas, confiáveis, válidas e

que sejam generalizadas para uma população maior. Geralmente se dá através de

questionários.

O questionário, segundo Richardson (1999), cumpre pelo menos duas funções,

descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social. O

questionário é do tipo fechado e aberto. Fechado por que as perguntas ou afirmações

1. Informações sobre o software: PS Power and Sample Size Calculations. Versão 2.1.30 , Fevereiro 2003 . Direitos autorais © 1997 por William D. Dupont e Walton D. Plummer. Entre

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outros, serve para provar cálculos de tamanho. O programa PS usa o First Impression gráficos onde controlam a licença inferior de Visual Components. Protegido por direitos autorais © 1994-1997. Todos direitos reservados. Recurso visual Components permite o uso de seus gráficos controlado por uma parte integral de software escrito por seus licenciados.

apresentam categorias ou alternativas de respostas fixas e preestabelecidas. Abertas

por que inclui nas alternativas uma categoria chamada “outros”, no qual o entrevistado

tem liberdade de resposta. O entrevistado deve responder à alternativa que mais se

ajusta. Neste caso, este questionário serviu para colher alguns dados que não

aparecem nos outros instrumentos (somente para o grupo que pratica relaxamento). Os

sujeitos deverão estar praticando relaxamento pelo menos uma (1) vez por semana, a

mais de um ano.

O inventário de Ansiedade das escalas de Beck (BAI) de Cunha (2001), em sua

versão em português, foi aplicado conforme o manual de aplicação, apuração e

interpretação dos próprios autores. O instrumento é composto por 21 itens, cada um

com afirmação descritiva de sintomas de ansiedade, e que devem ser avaliadas pelo

sujeito com referência a si mesmo, numa escala de quatro pontos, que refletem níveis

de gravidade crescente de cada sintoma: 1- Absolutamente não; 2- Levemente (não me

incomodou muito; 3- Moderadamente (foi muito desagradável, mas pude suportar); 4-

Gravemente (dificilmente pude suportar). Este inventário será aplicado com a finalidade

de formar grupos homogêneos para a obtenção de um melhor resultado na etapa

seguinte.

O inventário de Habilidades Sociais (IHS), de Z. P. Del Prette e A. Del Prette,

(2003), será aplicado conforme o manual de aplicação, apuração e interpretação dos

próprios autores. O instrumento é composto por 38 itens, cada um apresenta uma ação

ou sentimento diante de uma situação dada. O sujeito estima a freqüência com que

reage ou se sente tal situação como descrito no item e anota sua resposta em uma

escala com cinco pontos, onde: A- significa nunca ou raramente; B- significa com pouca

freqüência; C- significa com regular freqüência; D- significa muito freqüentemente; e E-

significa sempre ou quase sempre.

Foi repassado o termo de consentimento (ver anexo) para cada participante, foi

informado sobre o sigilo e outras considerações legais. O questionário e o inventário de

Habilidades Sociais foram aplicados coletivamente, nas instituições pré-estabelecidas,

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com uma previsão de 20 minutos¹ (porém o sujeito estava livre para usar o tempo que

achasse necessário). 1. Este tempo, de 20 minutos, foi baseado num estudo piloto, mas não tem um teto

fixado, é apenas uma média esperada.

2.3 PROCEDIMENTOS

Foi realizado o contato com os dois grupos - com a coordenação dos cursos da

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI (na grande Florianópolis), e com os

responsáveis pelas instituições que possuem grupos de relaxamentos, sendo explicado

o objetivo da aplicação do questionário e Inventário de HS, bem como o tempo provável

e os atos legais (termo de consentimento).

Após esta fase, foi feito o contato com os sujeitos dos dois grupos. Neste

momento foram abordados os sujeitos e explicado o objetivo da pesquisa. Após,

somente os sujeitos que derem seu consentimento (em anexo) que preencheram os

inventários. Foram aplicados então, o questionário (próprio para cada grupo), o

inventário de Ansiedade (BAI) e o Inventário de Habilidade Social em ambos os grupos.

Na fase da correção, com os resultados do inventário de Ansiedade Beck foram

selecionados um grupo homogêneo. Após, foram avaliados o inventário de HS e o

questionário para se obter os resultados da presente pesquisa.

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3 ENTENDENDO A HABILIDADE SOCIAL E O RELAXAMENTO

O presente trabalho iniciará apresentando alguns tópicos da Psicologia Cognitiva

Comportamental (PCC) para que haja um bom entendimento deste trabalho,

relacionando com os conceitos de habilidade social bem como os processos de

relaxamento.

3.1 TEORIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

Este trabalho é fundamentado com a Teoria Cognitiva Comportamental (TCC),

por acreditar que a mesma pode explicar, de uma forma clara, como se adquire certas

habilidades, dentre elas a habilidade social.

Os autores mais importantes desta linha teórica são J.B. Watson, F.B. Skinner, I.

Pavlov. e Beck. E, as principais teorias que serão apresentadas aqui serão o

Condicionamento Operante e Pavloviano, bem como os conceitos de Modelação,

Regras, além do Modelo Cognitivo.

Segundo Bock (1999) e Morgan (1977), a TCC dedicou-se no início, ao estudo

do comportamento na relação que este mantém com o meio ambiente onde ocorre.

Mas, como o comportamento e meio são termos amplos demais para poderem ser úteis

para análise descritiva nesta ciência, chegou-se aos conceitos de estímulo e resposta

(unidades básicas da descrição). O homem começa a ser estudado como produto do

processo de aprendizagem pelo qual passa desde a infância, ou seja, como produto

das associações estabelecidas durante sua vida entre estímulos (do meio) e respostas

(manifestações comportamentais).

A partir dos trabalhos de Pavlov, pode-se descobrir um processo de

aprendizagem-modificação de comportamento que explicou em muito sobre como

organismos se comportam – construindo uma teoria sobre o condicionamento clássico,

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também chamado de respondente, Pavloviano ou involuntário. Muitos outros estudos

surgiram em decorrência destes, como os de Skinner, com o condicionamento

Operante. O enfoque Cognitivista também foi determinante, cujos estudos se ampliam

cada vez mais.

Geralmente a aprendizagem é definida como mudança relativamente

permanente do comportamento. Ela possibilita a adaptação a situações e solução de

problemas simples e complexos. Já condicionamento, é a forma mais simples de

aprendizagem envolvendo modificações de alguns reflexos, hábitos simples e respostas

emocionais. Os estudos sobre esta forma de aprendizagem, isto é, sobre o processo

de condicionamento, indicam uma classificação que aponta maneiras específicas de se

“aprender” ou de se “praticar aprendizagem”. Em outras palavras, identificam as

maneiras pelas quais ocorre o condicionamento.

Sobre o condicionamento Pavloviano, pode-se dizer que desenvolve um

comportamento reflexo, involuntário (o organismo não controla sua resposta), ou seja,

inclui as respostas que são eliciadas (“produzidas”) por modificações especiais de

estímulos do ambiente1. Também podem ser provocados por outros estímulos que,

inicialmente, nada tem a ver com o comportamento, devido à associação entre

estímulos (BOCK, 1999).

Assim, se um estímulo neutro (aquele que originalmente nada tem a ver com o

comportamento) for pareado ou associado certo número de vezes a um estímulo

eliciado (aquele que elicia o comportamento), o estímulo previamente neutro, irá evocar

a mesma espécie de resposta. Por exemplo, suponhamos que, numa sala aquecida,

sua mão direita seja mergulhada numa vasilha de água gelada. Imediatamente a

temperatura da mão abaixar-se-á, devido ao encolhimento ou constrição dos vasos

sanguíneos. Este é um exemplo de comportamento respondente. Será acompanhada

de uma modificação semelhante, e mais facilmente mensurável, na mão esquerda,

onde a constrição vascular também será induzida. Suponha agora que a mão direita

seja mergulhada na água gelada um certo número de vezes, digamos em intervalos de

três ou quatro minutos; e, além disto, que você ouça uma cigarra elétrica pouco antes

de cada imersão. Lá pelo vigésimo pareamento do som da cigarra com a água fria, a

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1. Um exemplo disto seria a contração das pupilas quando uma luz forte incide sobre os olhos,

a salivação quando uma gota delimão é colocada na ponta de nossa língua, e assim por diante. mudança de temperatura poderá ser eliciada pelo som – isto é, sem a necessidade de

molhar uma das mãos (BOCK , 1999).

Neste exemplo, o rebaixamento da temperatura da mão eliciado pela água fria é

uma resposta incondicionada (não foi condicionada), enquanto o rebaixamento da

temperatura eliciada pelo som é uma resposta condicionada (aprendida); a água é um

estímulo incondicionado e o som, um estímulo condicionado.

Já Skinner, concentrou seus estudos na possibilidade de condicionar os

comportamentos operantes. O comportamento operante é o comportamento voluntário

e abrange uma quantidade muito maior da atividade humana – desde os

comportamentos do bebê balbuciar, agarrar objetos até os mais sofisticados que o

adulto apresenta. Inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa

dizer, que em algum momento, têm um efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor.

O comportamento operante opera sobre o mundo, quer direta ou indiretamente.

Exemplos disto são quando se escreve, lê, dirige um carro, toca-se instrumentos,

enamora-se, etc (BOCK , 1999).

O referido autor coloca que este condicionamento tem seus fundamentos na Lei

do Efeito. Em essência, essa lei enuncia que um ato pode ser alterado na sua força

pelas suas conseqüências. O que propicia a aprendizagem dos comportamentos é a

ação do organismo sobre o meio e o efeito resultante, no sentido de satisfazer-lhe

alguma necessidade, ou melhor, a relação que se estabelece entre uma ação e seu

efeito. Então, um comportamento que produz bons efeitos tende a se tornar mais

freqüente.

Para Bock (1999), o comportamento é influenciado tanto por pistas que

precedem, quanto pelos efeitos (ou conseqüências) que o seguem. A representação

que é feita é: A : R → C, onde A significa dicas antecedentes, R respostas

(comportamentos) e C as conseqüências. Dicas antecedentes vêm antes do

comportamento; as conseqüências destes ocorrem depois. A flecha indica que o

comportamento causa as conseqüências. Os dois pontos entre A e R, indicam que as

dicas antecedentes não causam o comportamento, eles meramente estabelecem a

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ocasião para o mesmo. Assim, age-se ou opera-se sobre o mundo em função das

conseqüências que nossa ação cria. O estímulo de nossa ação está em suas

conseqüências.

Davidoff (2001) conceitua alguns termos importantes em relação ao

condicionamento operante, tais como a extinção, a generalização, discriminação e

reforço. Um reforço é qualquer estímulo que aumente a probabilidade de uma resposta.

Pode ser positivo, onde causa a ocorrência de um comportamento desejado, ou seja,

quando apresentado, atua para fortalecer o comportamento que o precede, ou seja,

oferece alguma coisa ao organismo; também pode ser negativo, quando reduz ou

elimina uma resposta, ou melhor, é aquele que fortalece a resposta que o remove, ou

seja, permite a retirada de algo indesejável.

Quanto à extinção, pode-se dizer que, quando o reforço para uma resposta é

retirado, o comportamento declina gradativamente em sua freqüência até ocorrer no

máximo com a mesma freqüência que ocorria antes do condicionamento. Assim como

se pode instalar comportamentos, pode-se “descondicionar uma resposta”. Na

generalização, as respostas fortalecidas por procedimentos operantes sob um dado

conjunto de circunstâncias tendem a se propagar, ou generalizar, por situações

similares. Quanto mais similares os cenários, mais prováveis a generalização de

estímulo. Já a discriminação refere-se ao fato de que as respostas reforçadoras em um

ambiente não se propagam por todas as situações similares porque não são reforçadas

em todas estas situações.

A modelação, outra forma importante de aprendizagem, é definida por Bandura

(1979), como a aprendizagem vicária de comportamentos, ou seja, através da

observação de modelos, pode-se adquirir padrões de respostas autonômicas, motoras

e/ou cognitivas, sendo que esses modelos podem ser reais ou simbólicos, tais como

personagens de filme e livros.

Quando uma pessoa observa as ações de outra, a experiência pode mudar o

comportamento futuro do observador. Elas são influenciadas pela observação do

comportamento de outras. A pessoa que produz primeiro um comportamento é

chamado de modelo. Observadores que vêem, ouvem ou lêem sobre o comportamento

de um modelo ganham informação sobre o comportamento e podem também usar esta

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informação para orientar seu próprio comportamento. Como se está freqüentemente em

situações nas quais se pode observar o comportamento de outras pessoas há muitas

maneiras de ser afetado por modelos sociais.

A modelação social pode influenciar o comportamento de diversas formas; os

modelos podem ser reais (presentes fisicamente) ou simbólicos (apresentados via

livros, filmes, TV ou descrições verbais). O observador pode ser um expectador passivo

ou um participante ativo da atividade do modelo. Tende a imitar o comportamento

exibido pelo modelo se gosta dele ou se o respeita, se vê o modelo receber

reforçamento, dar sinais de prazer ou se está em um ambiente onde imitar a

performance do modelo é reforçada. Há momentos em que um observador faz o

contrário do modelo. Esta imitação inversa é comum quando um observador não gosta

do modelo, vê o modelo ser punido, ou está em um ambiente onde o conformismo está

sendo punido.

Aprende-se também através de regras. Segundo Skinner (1957, 1969, apud

Jonas, 1999), os seres humanos, ao contrário de organismos não-verbais, são

suscetíveis a uma importante parte do ambiente denominada “regras”. Os

comportamentos controlados por contingências especiais são denominados regras,

conceituando-se como “comportamento controlado por regras”. O comportamento

verbal (através do qual a regra é expressa) e a consciência são, ambos, modelados

através de contingências mediadas pela comunidade verbal.

Hayes (1987, apud Jonas, 1999) sugere que as regras poderiam ser vistas como

estímulos verbais especificadores de contingências. Glenn (1987, apud Jonas, 1999)

coloca que alguns exemplos de comportamentos controlados por regras envolvem o

seguir conselhos, instruções, ordens, ou qualquer outra forma de comportamento verbal

que descreva contingências, isto é, prescreva a relação entre condições, ação e

conseqüências.

Quanto ao Modelo Cognitivo, segundo Souza e Rangé (1998), em essência,

enuncia que a emoção e o comportamento são determinados pela forma como o

indivíduo interpreta o mundo. O processamento de informações é feito a partir de uma

série de crenças que são aprendidas ao longo da vida. Quando uma crença

disfuncional específica assume a prioridade sobre os demais, isto poderá acarretar

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alguns problemas, pois ainda que os dados da realidade não confirmem tais

interpretações, os pensamentos disfuncionais são mantidos por meio de distorções

cognitivas.

Neste âmbito, é reconhecida a interdependência entre a cognição, afeto e

comportamento. Por exemplo, se um sujeito pensar: “Ninguém gosta de mim”, isto

poderá lhe causar um sentimento de tristeza e ele tenderá a isolar-se. Isto poderá fazer

com que sua crença seja confirmada e, contudo, o comportamento e afeto podem

então, confirmar e intensificar os erros cognitivos criando ciclos viciosos (SOUZA &

RANGÉ, 1998).

Os principais elementos que compõem o modelo Cognitivo são as crenças

centrais (esquemas), as crenças intermediárias e os pensamentos automáticos (e as

distorções cognitivas). Estes autores colocam ainda que a crenças centrais ou

esquemas de pensamento são pensamentos absolutos sobre como o sujeito vê a si

mesmo, aos outros e ao mundo. Eles representam o nível mais profundo das crenças

da pessoa e, portanto, difícil de ser identificado por ela. Caracterizam-se por serem

globais, rígidas e supergeneralizadas. São estruturadas desde a infância, na relação

com os pais e outras pessoas próximas. Funcionam como orientações gerais para a

seleção e organização de diferentes dados, para evocação de memórias e para

interpretação de cada situação.

Das crenças centrais originam-se as crenças intermediárias, menos rígidas e

mais facilmente acessíveis. Podem ser expressas na forma de atitudes, de regras ou

expectativas e de suposições positivas e negativas. Estas suposições positivas

permitem enfrentar a crença central, ou seja, quando se desenvolvem estratégias

comportamentais que permita agir como se a crença central não fosse verdadeira. As

negativas são inversas às positivas e ativadas por situações críticas – e o indivíduo

pode desenvolver transtornos psicológicos. A partir delas os pensamentos automáticos

podem ser processados de forma falha, mantendo as avaliações irrealistas sobre si, os

outros e o mundo, chamada por Beck de tríade cognitiva (SOUZA & RANGÉ, 1998).

A TCC, em sua mais nova forma, fundamenta-se pela promoção de uma

habilidade necessária a um funcionamento efetivo nas áreas de vida de uma pessoa.

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3.2 HABILIDADE SOCIAL

Caballo (1996) coloca que, em relação à habilidade social, é difícil desenvolver

uma definição consistente, visto que é parcialmente dependente de um contexto que é

mutável. Afirma também que deveria definir-se em termos de efetividade de sua função

em uma situação e não em termos de sua topografia, ou seja, avaliar o comportamento

no seu contexto e não o comportamento em si. O uso explícito do termo “habilidades”

significa que o comportamento interpessoal consiste em um conjunto de capacidades

de atuação aprendidas. O mesmo autor traz uma definição do que constitui um

comportamento socialmente habilidoso:

“O comportamento socialmente habilidoso é esse conjunto de

comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto interpessoal

que expressa os sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos

desse indivíduo, de um modo adequado à situação, respeitando esses

comportamentos nos demais, e que geralmente resolve os problemas

imediatos da situação enquanto minimiza a probabilidade de futuros

problemas (CABALLO, 1986; apud CABALLO, 1996, p. 365).”

Para uma maior compreensão do conceito, o referido autor afirma ainda que três

dimensões compõem a habilidade social (HS): uma comportamental (tipo de

habilidade), uma pessoal (as variáveis cognitivas) e, por último, uma dimensão

situacional (contexto ambiental).

Segundo Bedell e Lennox, as habilidades sociais também envolvem a

maximização de conseqüências positivas, tanto para o indivíduo quanto para a relação.

Ele é capaz de obter ganhos com maior freqüência, desempenhar tarefas indesejáveis

e desenvolver e manter relacionamentos mutuamente benéficos e sustentadores (1997,

apud FALCONE, 2001).

Com base no reconhecimento da importância dos elementos cognitivos, os

referidos autores colocam que as habilidades sociais envolvem: habilidades para

selecionar acuradamente informações úteis e relevantes de um contexto interpessoal; o

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uso dessa informação para determinar comportamentos apropriados dirigidos à meta; a

execução de comportamentos verbais e não-verbais que maximizem a probabilidade de

obter e manter a meta de boas relações com os outros.

Estes mesmos autores afirmam que as habilidades comportamentais

(comportamentos sociais, verbais e não-verbais que implementam a decisão derivada

dos processos cognitivos) das habilidades sociais são tão importantes quanto as

habilidades cognitivas (percepção e processamento da informação que definem,

organizam e guiam o comportamento). As habilidades de percepção social e de

processamento de informação permitem reconhecer a informação relevante e essencial

no ambiente, processar essa informação, e decidir o modo apropriado de ação.

Distorções cognitivas e deficiências na percepção e seleção dos elementos importantes

em um contexto social podem interferir no comportamento social aberto, prejudicando a

interação.

Del Prette e Del Prette (2003) ampliam o conceito de HS, diferenciando os

termos “desempenho” e “competência social”. O primeiro termo refere-se a qualquer

comportamento que ocorre em uma situação social. Já a competência social, é um

atributo avaliativo desse desempenho, que depende de sua funcionalidade e da

coerência com os pensamentos e sentimentos do indivíduo. Portanto, para eles,

habilidades sociais são:

“... aquelas classes de comportamentos existentes no repertório do

indivíduo que compõem em desempenho socialmente competente.

Muitas vezes, uma pessoa possui as habilidades em seu repertório, mas

não as utiliza em várias situações por diversas razões, entre as quais a

ansiedade, as crenças errôneas e a dificuldade de leitura dos sinais do

ambiente (2001, apud DEL PRETTE e DEL PRETTE 2003, p. 12 ).“

A HS é uma característica do comportamento, não das pessoas, ou seja, é uma

característica específica à pessoa e à situação, não universal. (Alberti 1977 apud

Caballo 1996). A aquisição do repertório socialmente habilidoso envolve um

aprendizado durante toda vida através da interação do indivíduo com o meio social, e

na assimilação de novos papéis. Aprende-se ao longo da história de vida e respondem

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as contigências atuais, quer sejam por reforçamento positivo, ou negativo, com ou sem

envolvimento de regras (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 1999).

Segundo Caballo (1997), não está muito claro como e quando se aprende as

Habilidades Sociais, mas a infância é sem duvida um período crítico. É muito falado que

as crianças podem nascer com um sentido temperamental (ao longo de um tempo onde

os pólos extremos seriam a inibição e a espontaneidade) e que sua manifestação de

conduta se relacionaria com um sentido fisiológico herdado que poderia mediar a forma

de responder. As primeiras experiências de aprendizagem poderiam interagir com

predisposições biológicas para determinar certos padrões relativamente consistentes de

funcionamento social.

Fensterheim e Baer (1995, apud Alves, 2003), fazem um entendimento de três

etapas da vida a este respeito. Na infância, a criança recebe dos pais a base de sua

segurança e dependência. Se for bem sucedida, passa para próxima fase; mas, caso

contrário, torna-se um indivíduo emocionalmente magoado e desapontado. Na

adolescência, precisa adquirir segurança junto ao seu grupo de referência; se não for

bem sucedido, torna-se um adulto sem identidade própria, com personalidade inibidora.

Já na fase adulta, sua segurança se restringirá a uma pessoa só, na qual será expressa

sua perfeita individualidade. Portanto, somente aprendendo novas habilidades, o ser

humano poderá modificar seus sentimentos e a estrutura de sua organização

psicológica.

Para os referidos autores, não diferenciado do conceito de Caballo (1999),

existem três níveis de treinamento de habilidade social, lidando com a mudança dos

comportamentos: O primeiro refere-se a adotar uma postura corporal ereta, encarar as

pessoas ao falar com elas, falar num tom de voz audível, olhar para seu interlocutor. O

segundo refere-se à capacidade de dizer “não” quando quer dizer “não”, e dizer “sim”

quando precisar; pedir favores; reagir a humilhações; comunicar sentimentos de forma

aberta. O terceiro envolve os comportamentos tais como se adaptar a situações ligadas

ao trabalho, manter um relacionamento íntimo, formar e conservar amizades.

Ao modificar alguns destes comportamentos, o indivíduo estará transformando

seus sentimentos a respeito de si mesmo, e também modificando o modo das pessoas

reagirem diante dele.

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3.2.1 Classes de Habilidades Sociais

Associada a vastos modelos e teorias, encontra-se uma ampla terminologia que

faz referência a aspectos do desempenho social hoje incluídos no campo mais geral

das HS, tais como: efetividade interpessoal, liberdade emocional, assertividade, auto-

afirmação, comunicação corporal, etc (DEL PRETTE e DEL PRETTE 1997).

Algumas classes e subclasses de HS são colocadas por Del Prette e Del Prette,

(2001, apud Del Prette e Del Prette 2003), a saber:

- HS de comunicação: fazer e responder a perguntas, pedir feedback,

gratificar/elogiar, dar feedback, iniciar, manter e encerrar conversação;

- HS de civilidade: dizer “por favor”, agradecer, apresentar-se, cumprimentar e

despedir-se;

- HS de trabalho: coordenar grupo, falar em público, resolver problemas, tomar

decisões e mediar conflitos;

- HS de expressão de sentimento positivo: fazer amizades, expressar a

solidariedade, cultivar o amor;

- HS empáticas: parafrasear, refletir sentimentos, expressar apoio;

- HS assertivas, direito e cidadania (serão mais exploradas nos próximos

parágrafos).

Del Prette e Del Prette definem habilidades sociais assertivas como uma das

principais subclasses de desempenho socialmente competente, podendo ser definida

como o exercício dos próprios direitos e a expressão de qualquer sentimento, com

controle da ansiedade e sem ferir os direitos do outro (2003 apud Alberti & Emmons

1989; Lange & Jakubowski 1971; Wolpe 1976). Para eles, essa classe de habilidades

refere-se aos desempenhos em situações que envolvem risco de conseqüências

aversivas e costumam eliciar alta ansiedade, podendo ser caracterizadas como reações

de enfrentamento.

O comportamento assertivo é uma habilidade social que se refere à habilidade

de expressar sentimentos e desejos de forma honesta, direta e apropriada, sem violar

os direitos dos outros (Alberti e Emmons 1983; Lange e Jakuboski 1976, apud Edwiges,

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2004). Entretanto, Matos (1997), diferentemente de Caballo e Del Prette, afirma que

nem sempre a conduta assertiva é a mais apropriada para uma comunicação

satisfatória, o que sugere ser a assertividade apenas um tipo de habilidade entre outras

necessárias a uma boa interação social. Com isto, a assertividade não esgota a noção

de competência social, ou seja, a empatia é tão importante quanto (1997, apud

FALCONE, 2004).

O indivíduo que mantém uma comunicação assertiva compreende que transmite

sua assertividade não somente em palavras, mas também nas expressões faciais e nos

gestos, que devem ser compatíveis com seu discurso. Ao entrar em desacordo com

alguém, acredita que este também está em busca de uma solução pacífica para

elucidar o conflito. Com isto, estes indivíduos têm o direito de se expressarem, mesmo

quando estão irritados ou frustrados.

Há alguns riscos da assertividade, como colocam Hargie, Saunders e Dickson

(1987, apud Falcone, 2004), especialmente na interação profissional com superiores ou

no confronto com uma pessoa muito agressiva. Com isto, nem sempre se deve

comunicar os seus verdadeiros sentimentos aos outros, principalmente onde há conflito,

sendo necessário compreender e validar os sentimentos, desejos e perspectivas da

outra pessoa antecipadamente (ALBERTI E EMMONS, 1978, apud ALVES, 2003).

Falcone (2001 e 2004) coloca que a empatia é outra habilidade social importante

para as relações interpessoais bem-sucedidas. Este comportamento inclui um

componente cognitivo, caracterizado por compreender acuradamente a perspectiva e

os sentimentos dos outros; um componente afetivo, caracterizado por sentimentos de

compaixão (preocupação com o outro); um componente comportamental,

caracterizando-se como uma manifestação verbal e não verbal da compreensão dos

estados internos da outra pessoa. As habilidades envolvidas em uma interação

empática incluem o prestar atenção, ouvir e verbalizar sensivelmente. Para que ocorra

a empatia, é preciso estar atento de um modo bastante especial. Ela é apreciada pela

outra pessoa, que se sente mais encorajada a se abrir e a explorar as dimensões

significativas de sua situação-problema.

Segundo Caballo, a verbalização empática é a forma mais eficiente de

demonstrar compreensão, mas não é a única. Às vezes o entendimento é comunicado

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sem haver necessidade de palavras. Além disso, em relação ao desenvolvimento

dessas respostas, pode-se dizer que ocorre em um continuum, pois os seres humanos

já nascem predispostos a desenvolver empatia para assegurar a sobrevivência. As

diferenças individuais na capacidade de empatizar estão na educação pautada na

empatia. O convívio familiar não é suficiente para o desenvolvimento de competências

individuais, ou seja, estes comportamentos devem ser desenvolvidos na escola, na vida

social (nas amizades), etc. Eles devem fazer o papel de reforçadores também,

mostrando os ganhos que trarão, pois, caso contrário, pode se perder pela falta de uso

(1991, apud Falcone 2004). Aprendemos a nos relacionar durante toda vida por um

processo natural de imitação de modelos disponíveis e da variedade de experiências

interpessoais (HOFFMAN 1982 E BANDURA 1979, apud FALCONE 2004).

3.2.2 A inabilidade social

Segundo Guz (1995), é freqüente os pacientes aparecerem com a queixa de

ansiedade ou depressão, dizendo que vivem constantemente preocupados com coisas

sem importância. Além disto, abalam-se muito quando não conseguem fazer prevalecer

seus pontos de vista, dizem que não conseguem protestar por seus direitos, que se

irritam com facilidade, entre outras queixas. Contudo, geralmente foi uma falta de

habilidade social que levou a estes quadros.

É preciso compreender outros tipos que não vão ao sentido de competência

social – a não assertividade (ou passividade) e a agressividade.

Em relação às pessoas não assertivas, Caballo (1996) e Alberti e Emons (1978)

colocam que mostram escassa ambição, poucos desejos e opiniões. Os efeitos são

conflitos interpessoais, depressão, desamparo, tensão, solidão, imagem pobre de si

mesmo, maltratar-se, perder oportunidades, sentir-se sem controle, não gostar de si

mesmo nem dos demais, sentir-se entediado, etc.

Estas pessoas, além dos comportamentos mencionados anteriormente, também

apresentam alguns comportamentos não verbais, que são: olhos que fitam para baixo,

voz baixa, vacilações, gestos desvalidos, negando importância à situação ou evitando-

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a, postura abatida, tom vacilante ou de queixas, “risadinhas falsas”, retorcer as mãos,

etc.

Este tipo de pessoa geralmente tem dificuldade em dizer não, ou seja, sente-se

culpado ao negar algo. Sente-se inadequado e pouco reconhecido a ponto de sentir

desconfortos físicos provocado pela angústia. Tende a pensar nas respostas mais

adequadas nas conversas, depois que elas acabam e geralmente fica inibido,

magoado, ansioso, negando a si próprio. Seu comportamento verbal é: “talvez”,

“suponho”, “se importaria muito”, “bom”, “realmente não é importante”, “não se

incomode”, etc.

Em relação ao outro tipo de inabilidade social, a agressividade, pode-se dizer

que é encontrada em pessoas agressivas, irônicas, críticas, que negam os direitos

alheios (geralmente tentando prejudicá-los), não se preocupam com seu semelhante,

exigem seus direitos de forma agressiva, demonstram uma extrema autoconfiança,

tendo o controle das situações, porém, sendo sensíveis a críticas. Geralmente não

desejam magoar ou ferir o outro, porém o fazem por não ter aprendido outro tipo de

resposta; sentem-se rejeitados em quase todos os momentos; são autoritários e

dominadores; como conseqüência, tem poucos amigos. Sentem necessidade de

afeição, mas não sabem ser assertivos porque nunca aprenderam ser.

Os comportamentos não verbais das pessoas agressivas, para o referido autor,

são o olhar fixo, voz alta, fala fluente e rápida, gestos de ameaça, enfrentamento,

postura intimidativa, desonestidade e trazem muitas mensagens impessoais. Seus

efeitos chegam a conflitos interpessoais, culpa, frustração, imagem pobre de si mesmo,

prejudicam os demais, perdem oportunidades, tensão, sentem-se sem controle, solidão,

não gostam dos demais e geralmente sentem-se enfadados. Aparecem na sua fala

palavras como: “faria melhor em...”, “faz”, “tenha cuidado”, “deve estar brincando”, “não

sabe”, “deveria”, “mal”, “se não o fizer...”.

Gillen (1995) acrescenta mais um modelo de comportamento: o passivo-

agressivo. Neste, o indivíduo apresenta um comportamento de ambivalência, ora

demonstrando agressividade, ora passividade. São pessoas ansiosas para acertar

contas, mas temem correr riscos de confronto. Almejam se firmar, mas não demonstram

ter poder para tanto (apud ALVES, 2003).

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O mesmo autor enfatiza ainda que não seriam as pessoas assertivas, passivas

ou agressivas, mas sim seu comportamento. Assim sendo, o comportamento

propriamente dito pode ser modificado a qualquer momento, desde que o sujeito esteja

disposto a fazê-lo e o ambiente permita.

Segundo Caballo (1999), cada uma das posturas citadas acima (passivo,

agressivo, passivo/agressivo), assim como o assertivo, tem diferentes posições frentes

às defesas dos direitos humanos básicos: “O direito de manter sua dignidade e respeito comportando-se de forma

habilidosa ou assertiva – inclusive se a outra pessoa sente-se ferida – enquanto

não viole os direitos humanos básicos dos outros, [...] o direito de ser tratado com

respeito e dignidade, de parar e pensar antes de agir, [...] de negar pedidos sem

se sentir culpado, de mudar de opinião, ser independente, cometer erros, sentir-

se bem consigo mesmo... (CABALLO 1999, p. 371)”.

Para Alberti e Emmons (1978, apud Alves, 2003), em algumas estruturas básicas

de instituições familiares, educacionais, religiosas, políticas e no mundo dos negócios, o

comportamento assertivo geralmente é suprimido, inibindo a expressão completa em

situações interpessoais. Na família é muito típico o indivíduo ser censurado quando

tenta defender seus direitos. Geralmente as crianças, adolescentes e até as mulheres

são repreendidas quando ousam falar com seus pais e mais velhos certos assuntos

com um determinado tom de voz.

Para os referidos autores, os professores são os maiores culpados pelo

comportamento não assertivo de seus alunos. É comum valorizar e até recompensar

crianças quietas, bem comportadas que não questionam o sistema, enquanto que

aquelas que costumam fazer valer os seus direitos são desprezadas. Este tipo de

cerceamento ao direito de expressão vai suprimir a espontaneidade natural da criança.

Assim como foram explicados os conceitos de HS na visão de vários autores,

isto também será feito a respeito da teoria sobre relaxamento, para se poder chegar a

uma linha mais concreta de raciocínio acerca do problema de pesquisa.

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3.3 RELAXAMENTO

Segundo Saldanha (1999), entende-se por relaxamento, técnicas que

possibilitam desfazer as contrações desnecessárias no corpo, diminuindo o estado de

tensão que se manifesta em forma de elevação do tônus muscular, desconforto e/ou

ansiedade; indo desde pacificar o corpo e favorecer a quietude da mente.

Aprender a relaxar para nos controlar sempre esteve associado à crença de que

quando nos confrontamos com situações estressantes ou que despertem raiva,

devemos respirar fundo e contar lentamente até 10, antes de agir. Esses níveis

emocionais (raiva, ansiedade, stress) levam aos níveis excessivos de estimulação

fisiológica que pode interferir nas respostas de enfrentamento adequadas, portanto, o

relaxamento foi cientificamente comprovado para o alívio destes casos (BARLOW e

CERNY, 1999).

O papel da tensão residual (a tensão neuromuscular restante quando um

indivíduo simplesmente fica parado e tenta relaxar) e sua relação com o comportamento

e estados emocionais foram descritos e estudados pela primeira vez por Jacobson em

1938. Ele demonstrou que a indução de um profundo estado de relaxamento na

verdade atenua várias respostas reflexivas, bem como melhora as atividades mentais e

reduz reações emocionais, incluindo reações à dor súbita. Wolpe, em 1958, incorporou

técnicas de relaxamento a seu método com seus pacientes a partir dos estudos de

Jacobson.

Existem importantes conexões históricas entre as técnicas de relaxamento,

baseados na sugestão, e as primeiras tentativas de tratamento da doença mental, com

base no magnetismo animal e na hipnose. A evolução das técnicas e sua consolidação

como procedimentos válidos de intervenção psicológica deveu-se, em grande parte, ao

forte impulso que receberam dentro da terapia e modificação do comportamento (VERA

E VILA, 1999).

Hillenberg e Collins (1982), após uma revisão da pesquisa sobre treinamento do

relaxamento, verificaram que a prática em habilidades de relaxamento tinha sido

aplicada com sucesso a uma ampla variedade de problemas, incluindo distúrbios de

sono, cefaléia, hipertensão, ansiedade em geral, ansiedade de exames, ansiedade de

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discurso, hiperatividade, asma, problemas com bebidas e controle da raiva (apud

BARLOW e CERNY, 1999). Seligman (1995) trabalha com a técnica de relaxamento

progressivo e a meditação para baixar a ansiedade cotidiana, ajudar as pessoas a levar

uma vida emocional melhor e tomarem decisões racionais mais acertadas.

Segundo Lipp (2000), “o relaxamento é uma técnica acessível a todos e auxilia a

curar a mente e o corpo”, porém tem algumas limitações; para cada tipo de problema ou

necessidade que a pessoa tenha, deve usar um tipo diferente de relaxamento. Esta

autora divide o relaxamento em três tipos, o muscular¹, o mental² e os exercícios de

respiração profunda¹. O primeiro refere-se quando a pessoa tem uma sintomatologia

mais física, o segundo para uma sintomatologia mental e a terceira é para relaxar,

mantendo um estado de alerta. Lipp e colaboradores (2000), perpetraram relaxamentos

para idosos, crianças, parlamentares, mulheres trabalhadoras, digitadores, policiais,

motoristas, cirurgiões, executivos, gestantes, lactantes, vestibulandos, pessoas que

desejam perdoar, melhorar a auto-estima, pessoas que sofrem de depressão,

ansiedade, pânico, hipertensos, diabéticos, portadores de deficiências físicas, pessoas

com psoríase, que querem perder peso, alívio da dor, etc.

Guz (1995) afirma que existem alguns tipos de procedimentos técnicos de

relaxamento como: auto-relaxamento muscular progressivo¹ (criado por Wolpe),

treinamento autógeno de relaxamento muscular¹ (criado por Schultz) e os numerosos

tipos de meditações transcendentais¹. Todos foram inspirados em concepções místicas

do Oriente e na Yoga.

Lipp (2000) coloca que “o estado de relaxamento pode ser obtido pelo uso de

hipnose¹, respiração profunda¹, biofeedback, relaxamento muscular¹, música,

meditação¹ ou visualiações¹”. Estes recursos criam um estado de quietude interior que

desacelera o organismo e permite que ele se recomponha, ajudando o sujeito a se

recuperar. Turner (1996) concorda com esta visão, bem como a de Guz (1995) e

propõe também o emprego da imaginação para se relaxar.

1. Estes tipos de relaxamento serão explicados a seguir.

2. Este tipo de relaxamento envolve a imaginação, as imagens racional-emotivas,

hipnoterapia e meditação; e serão exploradas a seguir.

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Não importa que procedimento se escolha, o que se aconselha é que a pessoa

pratique de 15 a 20 minutos por dia – todos os dias. O relaxamento é uma habilidade

que se adquire e a prática é muito importante. A primeira hora da manhã, antes de ir ao

trabalho ou escola e a noite antes de deitar são os melhores momentos. As técnicas de

relaxamento atuam como agentes anticondicionamentos e reduzem o nível geral de

ativação da pessoa. É útil repassar conhecimentos básicos sobre treinamento no

relaxamento com a finalidade de melhorar a motivação para praticar e tirar proveito dele

(TURNER, 1996).

Lipp (2000) coloca alguns cuidados e indicações desta prática:

“1. as exigências da profissão que a pessoa exerce; por exemplo, em virtude da

necessidade de um policial ou de um piloto estarem alertas durante o trabalho,

recomenda-se para ele um exercício que não os distraia mentalmente, mas que relaxe a

tensão do momento;

2. a necessidade de desempenhar uma tarefa específica; por exemplo, antes de

um discurso ou de uma prova, a pessoa precisará relaxar para diminuir sua ansiedade,

mas não completamente, pois um pouco de stress pode ser benéfico;

3. a doença que a pessoa tem; por exemplo, quem tem hipertensão arterial pode

se beneficiar muito de uma técnica que combine respiração profunda, relaxamento

muscular e mental;

4. as características da etapa da vida a pessoa; por exemplo, uma mãe que

necessite se tranqüilizar durante a amamentação ou um idoso que precise de momentos

de reflexão ou, ainda, uma criança que tenha dificuldades de adormecer; e

5. situações específicas, tais como pré-operatório, o trânsito ou outros momentos

estressantes. (LIPP 2000, p. 12-13).”

Lipp (2000) afirma que também são necessárias ressaltar algumas precauções,

tais como: não devem praticar o relaxamento mental as pessoas que sofrem de

psicoses, perda de contato com a realidade, depressão profunda, medo excessivo de

perda de controle, obsessão ou compulsão; pessoas que tomam certos medicamentos

devem antes perguntar ao seu médico se há alguma contra-indicação (pessoas que

tomam insulina, medicação para hipertensão ou sedativos, por exemplo, devem ficar

atentos, pois o relaxamento potencializa seus efeitos); e pessoas com tendência a

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pressão arterial baixa devem ter cuidado, pois, em virtude da desaceleração do estado

psicofisiológico, a pressão pode sofrer uma queda e causar desconforto.

Segundo as autoras Lipp e Malagris (2000), o importante é escolher o exercício

que mais combina com o sujeito, de forma que o beneficie. Na hora de dormir, por

exemplo, uma técnica de relaxamento mais profundo leva a um sono mais profundo e

tranqüilo, porém não deve ser utilizada antes de uma entrevista, ou quando precisar

estar calmo, mas alerta. Outro aspecto importante é que ninguém relaxa lutando para

relaxar; ninguém pode dar a si mesmo ou a outra pessoa uma ordem para relaxar, pois

é exatamente o oposto de estar alerta.

É importante compreender que existem alguns pré-requisitos para uma boa

aplicação da técnica. Quanto ao ambiente físico, é bom não ter muitos ruídos, a luz

tênue, com colchonetes, cadeira normal ou poltrona reclinável. A pessoa deverá se

sentir confortável, portanto, se precisar, poderá retirar sapatos, relógios, óculos, etc. Em

casos nos quais é praticada na terapia, a voz do terapeuta deve ser calma e de tom

normal, além do que, deve-se sempre apresentar a técnica antes de sua aplicação

VERA E VILA 1996).

Segundo Wolpe, (1973), uma resposta de relaxamento, uma vez emitida ou

evocada, pode ser condicionada a estímulos neutros do ambiente ou ser contra-

condicionada a estímulos evocadores de ansiedade, de acordo com o modelo de

condicionamento clássico ou pavloviano. Este mecanismo de aprendizagem é o que

tem se suposto como responsável pelos efeitos terapêuticos de técnicas de modificação

do comportamento como a dessensibilização sistemática e o treinamento assertivo

(apud, VERA E VILA 1996).

As diferentes técnicas pretendem facilitar a aprendizagem do padrão de resposta

biológica correspondente ao estado de relaxamento, utilizando procedimentos diversos.

A aprendizagem está implícita em todas as técnicas de relaxamento. No âmbito da

emoção, as teorias diferem no papel que atribuem às respostas corporais na evocação

da experiência emocional. Uma das posturas teóricas mais influentes, conhecida como

teoria do arousal-cognição, propõe que a emoção é o produto de uma interação entre

um estado de ativação fisiológica e um processo cognitivo de percepção e atribuição

causal de tal ativação, as chaves emocionais do ambiente. A ativação fisiológica ou

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arousal determinaria a qualidade emocional. Ambos os componentes são necessários

de forma interativa: se não houver ativação fisiológica não há emoção, mas se não há

cognição, tampouco haverá emoção. O relaxamento tem sido entendido como um

estado com características fisiológicas, subjetivas e comportamentais similares as dos

estados emocionais agradáveis, porém de sinal contrário (VERA E VILA 1996).

Pode-se compreender melhor o relaxamento, entendendo o sistema nervoso

autônomo (SNA). Segundo Cungi (2004), o funcionamento do organismo está sob o

controle do SNA. Esse sistema está apto a fazer duas coisas: acelerar ou reduzir. É

constituído de duas partes: o sistema simpático (SS) e o sistema parassimpático (SP).

O primeiro acelera o funcionamento de quase todos os órgãos. Quando estimulado (por

ex.) o coração bate mais rápido, os músculos se contraem, transpira-se e etc. O SP, ao

contrário, reduz o funcionamento de quase todos os órgãos: desacelera o coração, e

relaxa os músculos. Quando o SS é ativado, o SP permanece em repouso, e vice-

versa: as duas funções estão, desta maneira, em inibição recíproca.

Uma pessoa tensa, ansiosa e irritada, solicita bastante o SS e menos o SP.

Assim, o estresse sobrecarrega o SS e subutiliza o SP. Uma vez que a natureza não

aprecia os desequilíbrios, esse é o início de muitos problemas. O relaxamento é

alcançado quando se consegue colocar o SS em repouso e o SP em atividade. Daí os

métodos utilizados para relaxar estimularem justamente este último sistema.

Em relação ao sono, o autor mencionado acima coloca que existem quatro fases

do sono: 1. corresponde ao adormecer, momento em que a consciência continua sendo

importante e é geralmente associada a imagens e a sensações agradáveis; 2. ocorre

quando o estado de consciência se torna menos nítido e o sono, mais profundo; 3.

garante recuperação física; 4. é caracterizado pela atividade cerebral intensa

(importante para memorização e aprendizado). O relaxamento produz um efeito

equivalente ao que às fases do sono geram para o estado físico e psicológico, embora

o estado de atenção seja mantido. Relaxar adequadamente favorece essas faculdades,

permitindo às pessoas dispor de muito mais energia para pensar e agir, sempre com

economia de emotividade.

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Para Cungi (2004), nas situações mais tranqüilas, sem muitas contrariedades e

problemas a resolver, o relaxamento possibilita um repouso mais eficaz. Nas situações

mais ativas, ou mesmo mais inquietantes ou perigosas, o relaxamento permite reservar

o máximo de energia para o estado de alerta, para pensamentos e ações eficientes,

diminuindo os desgastes emocionais inúteis. Quanto mais energia e calma, mais

aumente o rendimento.

Além do mais, o relaxamento facilita o acesso ao raciocínio, ações, sentimentos

e sensibilidade. Estas últimas dimensões são particularmente desenvolvidas nos seres

humanos, o que permite às pessoas dizerem que “quando mais estou calmo, mais sou

eu mesmo”, considerando aí sua própria afetividade e raciocínio.

Concluindo, o papel do sistema nervoso autônomo, do sono e da emotividade,

das dimensões cognitivas, psicológicas e físicas ligadas aos estados de alerta e de

relaxamento, além da influência do contexto, permitem definir o relaxamento como:

“Um estado de alerta que favorece o repouso físico e psicológico, e ainda

mantém um nível de calma ou tensão otimizada para a eficiência do desempenho

nos diferentes contextos em que cada um se encontra (CUNGI, 2004, p.20)”.

3.3.1 Tipos de relaxamento

Serão apresentadas aqui algumas técnicas de relaxamento mais utilizadas, por

diversos autores, bem como objetivos, indicações e contra-indicações. As técnicas

serão: relaxamento muscular ou passivo, relaxamento progressivo, meditação,

imaginação, relaxamento autógeno, resposta de relaxamento, imagens racional-

emotivas, respiração profunda e a hipnoterapia. Nos anexos encontram-se a descrição

de cada modalidade.

A técnica do relaxamento progressivo, para Turner (1996), tem como objetivo

reduzir a tensão muscular e, posteriormente, a ansiedade geral. O treinamento faz com

que o paciente seja capaz de perceber conscientemente o aumento da tensão e que,

no final, seja capaz de pensar no seu treinamento e dizer relaxa-se (uma palavra que

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expresse este estado, sem fazê-lo), para conseguir a resposta de relaxamento

automaticamente. Ou seja, ele chega a possuir o controle de sua capacidade para

perceber o aumento da ansiedade e conseguir relaxar-se. Cada vez que a pessoa

relaxar os músculos, é bom estar atenta para que centre sua atenção nas diferenças

entre o estado de tensão muscular e o estado de relaxamento muscular. Não há uma

ordem intocável para o treinamento de vários grupos de músculos, mas o terapeuta

deveria seguir uma ordem em seu enfoque.

Proposto por Seligman (1995), o relaxamento progressivo deve ser feito duas

vezes ao dia, pelo menos 10 minutos. Esse relaxamento atua em sistema de resposta

que compete com a ativação ansiosa. Segue o mesmo modelo proposto por outros

autores.

Em relação ao relaxamento muscular, Guz (1995) coloca que é um procedimento

terapêutico com diferentes modalidades técnicas. O principal objetivo é contrair os

músculos, controlando a tensão. Tem direito próprio de validade terapêutica, porém

atua também como instrumento auxiliar de outras terapias que visam a modificação de

comportamentos patológicos. Tem indicação clínica nos casos em que sobressaem as

tensões musculares exageradas, encontradas nos estados de intensa ansiedade. É

utilizada no tratamento de insônia e como procedimento coadjuvante de outros métodos

de terapia comportamental, como a dessensibilização sistemática.

Laloni (2000, p. 31-32) coloca que o relaxamento muscular (físico) é um auxílio

“para pessoas com crises de ansiedade, crises fóbicas, insônia, perda de controle com

comportamentos agressivos ou compulsivos, e com problemas sexuais, como

impotência, frigidez ou vaginismo”. A autora traz ainda que o paradoxo deste

relaxamento é que, ao contrair, a pessoa está aprendendo a relaxar e, ao controlar a

tensão, está sendo treinada para soltar-se. Este tipo de relaxamento “altera as

respostas autonômicas, pode diminuir o ritmo cardíaco, o ritmo respiratório, a

intensidade da transpiração, a pressão sanguínea, e também aumentar a temperatura

das extremidades [...] e da cabeça”.

A técnica de relaxamento passivo (ou muscular) difere do progressivo por não

utilizar exercícios de tensionar, mas só de relaxar grupos musculares. É útil nos casos

de pessoas que encontram dificuldades em relaxar depois de haver tensionados certos

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músculos, com pessoas nas quais não seja aconselhável tensionar certos músculos

(devido a problemas orgânicos) e como ajuda inicial para pessoas que encontram

dificuldades em relaxar em casa. Para isto, as instruções são gravadas e

disponibilizadas ao paciente. Em anexo estará uma técnica utilizada por Schwartz e

Haynes (1974). Nela, além das frases típicas deste relaxamento há frases que fazem

referência a sensações de peso e calor e breves indicações focalizadas na respiração

(VERA E VILA, 1999).

Já a meditação, segundo Turner (1996), é uma atividade desenvolvida para

manter a atenção focalizada no aqui e agora de uma maneira agradável. Seu objetivo

não é, necessariamente, conseguir o relaxamento, mas permitir ficar totalmente

absorvido no que se está fazendo. Abandonamos os controles conscientes sobre nossa

mente, deixamos de pensar em todas as coisas que necessitamos para sermos felizes

ou em todas as coisas que poderiam roubar-nos a felicidade. Estes conteúdos do

pensamento consciente ocupam uma posição não tão importante. Quando se consegue

este estado de meditação, provoca-se uma resposta natural de relaxamento, obtendo a

tranqüilidade. Deste modo, o relaxamento é obtido indiretamente. Sons como “mmm”,

“nnn” ou até repetir a palavra “um” podem servir como um ponto de focalização para

meditação. Porém, este ponto que se escolhe não parece importar. Quando a mente

vaga, com freqüência, pode-se voltar fácil e suavemente ao ponto de concentração,

sem prestar atenção aos pensamentos intrusos. Suspende-se a faculdade de julgar o

conteúdo mental.

A meditação consiste em bloquear os pensamentos que produzem ansiedade.

Ela complementa o relaxamento, que bloqueia os comportamentos motores da

ansiedade, mas deixa os pensamentos ansiosos intactos. A técnica é fechar os olhos,

num ambiente calmo e repetir sílabas para você mesma. Vinte minutos, duas vezes por

dia é suficiente. Realizada regularmente, geralmente induz a um estado mental de

tranqüilidade (SELIGMAN, 1995).

Segundo Malagris (2000), a meditação, bem como os relaxamentos mentais, tem

como objetivo atingir um aquietamento cognitivo, um estado alterado de consciência.

Gera na pessoa uma sensação de intenso bem-estar e seus efeitos podem prolongar-

se pela vida diária, conforme for a intensidade e a prática regular. Contribui também

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para uma saúde física melhor, um desempenho intelectual mais eficaz e benefícios

para a área emocional. Podem se apresentar de vários tipos, mas todos se baseiam em

focalizar a atenção. Seus benefícios passam por mudanças na pressão arterial, na

respiração e no ritmo da pulsação, assim como alterações no eletroencefalograma,

havendo uma diminuição da atividade elétrica do cérebro.

Para Vera e Vila (1996), outro tipo de técnica seria a Resposta de Relaxamento

proposto por Benson (1975), sendo um procedimento adaptado das técnicas de

meditação. Nelas se utiliza uma palavra que se repetirá formando um som único

juntamente com instruções de respiração ativa, isto é, na concentração em uma palavra

que ajude a respirar mais lenta e pausadamente, favorecendo desta maneira, o

relaxamento.

Outro tipo ainda, seria o Relaxamento Autógeno, proposto por Schultz (1932),

onde consiste em uma série de frases elaboradas com finalidade de induzir no sujeito

estados de relaxamento através de auto-sugestões sobre: 1 sensações de peso e calor

em suas extremidades; 2 regulação das batidas de seu coração; 3 sensações de

tranqüilidade e confiança em si mesmo; e 4 concentração passiva em sua respiração.

Este tipo de relaxamento é um dos que utilizam mais elementos de sugestão e que não

se relaxam grupos musculares, mas se focaliza a atenção nas extremidades para

aquecê-las, e no abdômen para favorecer a respiração (VERA e VILA, 1996).

Segundo Malagris (2000), o treinamento autógeno é considerado mais do que

uma técnica de relaxamento, é um método terapêutico. A origem deste treinamento

está em estudos sobre a hipnose. Levam a sensações de profundo bem-estar,

benefícios no sono, uma redução na tensão muscular, redução da ansiedade,

depressão e obtenção de maior controle sobre o estresse o dia-a-dia.

Quanto às Imagens Mentais Agradáveis, Turner (1996) coloca que muitos

indivíduos podem conseguir uma adequada resposta de relaxamento fechando os olhos

e imaginando-se em uma situação relaxante. Geralmente cada indivíduo pensa em uma

cena, mas o terapeuta pode também estar propondo alguma. Fecham-se os olhos e

concentra-se nesta cena durante 10-20 minutos. Pode ser realizados em casa e

também é aconselhável praticar todos os dias.

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As imagens racionais-emotivas de Maultsby e Gore (1986, apud Caballo e Buela-

Casal, 1999), diferem pouco da técnica anterior. Sua base descansa no fato

neuropsicológico de que as imagens (isto é, a prática mental das reações emocionais

ou físicas) produzem a mesma aprendizagem rápida que as experiências da vida real.

Conseqüentemente, cada vez que as pessoas imaginam a si mesmas, mentalmente,

pensando, sentindo emoções e agindo fisicamente da maneira como querem, estão

empregando esta técnica. São úteis também para melhorar a prática física e sono.

Quando se pratica diariamente, ensinamos a nós mesmos novos hábitos emocionais da

maneira mais rápida e segura possível.

A respiração profunda, segundo Lipp (2000), é um exercício que pode ser

utilizado em todos os momentos de tensão por todas as pessoas. Não possui

restrições. É de ação rápida, pode ser feito em qualquer lugar, várias vezes por dia e

tem efeito imediato. Sabe-se que esta técnica acalma e tranqüiliza em uma emergência

ou em momentos de tensão.

Por último, tem-se a hipnoterapia, que é um estado artificialmente induzido,

semelhante ao sono, porém fisiologicamente distinto do mesmo, tendente a aguçar a

sensibilidade, acarretando modificações sensoriais e motoras. É um procedimento

durante o qual um profissional de saúde sugere a um cliente experienciar mudanças de

sensações, percepções e comportamentos (American Psychological Association, 1993).

Suas fases passam pelo relaxamento, respiração profunda e lenta para depois chegar a

sugestões hipnóticas. O contexto hipnótico é geralmente estabelecido, a partir do

fenômeno chamado indução. Tem indicações na área da medicina, odontologia e

Psicologia, como fobias, depressão, ansiedade, problemas sexuais, problemas de fala,

dores crônicas, auto-estima, melhoras na concentração ou memória, para transtornos

do hábito e reestruturação cognitiva (DOWD, 1999).

Para o mesmo autor, a hipnose indicada para reestruturação cognitiva vai ao

sentido de fortalecimento de virtudes, aumentando a auto-estima e melhorando o

funcionamento psicológico geral. A terapia cognitiva comportamental (Beck e Emery,

1985; Dobson, 1999; Meichenbaum, 1977; apud Dowd, 1999) tem mostrado que as

autoverbalizações negativas podem afetar seriamente a saúde emocional de um

indivíduo. Aroaz (1985, apud Dowd, 1999) alegou que a “auto-hipnose” negativa, ou

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aceitação e repetição sem críticas de imagens e pensamentos negativos de tipo

hipnótico, pode ser superada substituindo-a por imagens e pensamentos mais positivos

e adaptativos. Convém aqui descobrir os pensamentos negativos e autoderrotistas,

trazendo a memória uma situação-problema e tentando lembrar o que estava pensando

justo antes de ocorrer à situação. Após, ajuda-se a construir pensamentos e

expressões alternativos que substituam os negativos. A hipnose entrará aí com o

relaxamento e depois com a indução (de comportamentos ou pensamentos) para

facilitar o processo. Contudo, pode-se dizer que, para haver habilidade social, o comportamento deve

fazer parte do repertório do sujeito, não ser inibido por fatores emocionais e ser

apropriado ao contexto ambiental. O relaxamento pode favorecer a habilidade social já

que minimiza ou até elimina as respostas emocionais indesejáveis.

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4. RESULTADOS

4.1 TRATAMENTO DOS DADOS

Primeiramente foram tabulados os dados dos inventários e do questionário dos

dois grupos, um que pratica relaxamento (P) e outro que não pratica relaxamento (NP).

O total da amostra foi de 94 sujeitos, sendo 31 de um grupo e 63 de outro. Em relação

ao grupo P, 18 sujeitos que participaram foi da Instituição Yogashala e 13 da Instituição

Unioga.

TABELA 1 – Número de sujeitos pesquisados

Grupos Sujeitos

Praticam Relaxamento 31

Não Praticam Relaxamento 63

Foi considerado o Inventário de Ansiedade das escalas de Beck (BAI), com a

intenção de obter um grupo homogêneo. O instrumento é composto por 21 itens, cada

um com afirmação descritiva de sintomas de ansiedade, e que devem ser avaliadas

pelo sujeito com referência a si mesmo, numa escala de quatro pontos, que refletem

níveis de gravidade crescente de cada sintoma: 1- Absolutamente não; 2- Levemente

(não me incomodou muito); 3- Moderadamente (foi muito desagradável, mas pude

suportar); 4- Gravemente (dificilmente pude suportar).

A interpretação se dá com a contagem dos valores de cada item, ou seja, o

1(absolutamente não) tem o valor de zero, o 2 (não me incomodou muito) de um, o 3

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(foi muito desagradável, mas pude suportar) de dois e o 4 (dificilmente pude suportar)

de três. Se o total ficar entre 0 a 10, é considerado mínimo o grau de ansiedade, se

ficar entre 11 a 19 é leve, de 20 a 30 é moderado e 31 a 63 é grave.

Dos 94 sujeitos pesquisados, foi visto que a maior parte se concentrava mais no

grau mínimo de ansiedade, portanto foi considerado apenas estes sujeitos (20 de cada

grupo). Destes 94 sujeitos, 49 são do sexo masculino e 45 do sexo feminino (situados

entre 17 a 51 anos) e com grau de instrução concentrada na faixa de Ensino Superior

Incompleto (Tabela 3).

TABELA 2 – Número de sujeitos em relação ao nível de ansiedade.

Nível de Ansiedade Sujeitos

Mínimo 54

Leve 28

Moderada 6

Grave 1

TABELA 3 – Número de sujeitos em relação ao grau de instrução.

Grau de instrução Sujeitos

Ensino Médio completo 5

Ensino Superior incompleto 67

Ensino Superior completo 22

Após esta etapa, foi avaliado então o Inventário de Habilidades Sociais (IHS) de

todos os sujeitos, porém considerado para a análise apenas 20 de cada grupo. O

instrumento é composto por 38 itens, cada um apresenta uma ação ou sentimento

diante de uma situação dada. O sujeito estima a freqüência com que reage ou se sente

tal situação como descrito no item e anota sua resposta em uma escala com cinco

pontos, onde: A- significa nunca ou raramente; B- significa com pouca freqüência; C-

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significa com regular freqüência; D- significa muito freqüentemente; e E- significa

sempre ou quase sempre.

A interpretação é em relação ao escore total das questões, transformado em

percentis. De 0 a 24 seria indicação para treinamento em HS; de 25 a 49, bom

repertório de HS, abaixo da média; de 50 a 74, bom repertório de HS, acima da média;

e de 75 a 100, repertório bastante elaborado de HS. Ou seja, de 0 a 49 indica que o

sujeito não possui muitos traços de Habilidade Social e de 50 a 100 estes traços são

mais freqüentes no repertório comportamental de um indivíduo..

Este inventário foi construído e avaliado segundo alguns fatores: F1 seria

Enfrentamento e auto-afirmação com risco (referente às questões 21, 16, 15, 29, 20,

11, 14, 5, 1, 12, 7); F2 seria Auto-afirmação na expressão de sentimento positivo

(questões 3, 28, 8, 35, 30, 6, 10); F3, conversação e desenvoltura social (17, 37, 36, 13,

22, 24, 19); F4, Auto-exposição a desconhecidos e situações novas (23, 26, 9, 14); e

F5, Auto-controle da agressividade (18,38,31).

A partir destes dados, foram realizadas as análises estatísticas descritivas a fim

de caracterizar os grupos. Foi utilizado o teste de comparação entre duas médias, o

teste t-Student. A estatística do teste toma como base a diferenças entre as médias das

duas amostras, mas leva também em consideração a variabilidade interna destas

amostras. Foram comparadas duas médias: a habilidade social do grupo P (que pratica

relaxamento) e do grupo NP (que não pratica relaxamento), na qual resultam de um

escore numérico. O uso do teste estatístico permite avaliar se as diferenças observadas

entre os dois grupos podem ser meramente justificadas pelo acaso, ou se tais

diferenças são reais.

O teste de hipótese é do tipo paramétrico, ou seja, é realizado em função de

parâmetros da população (média, desvio padrão, variância, etc...), especificando-lhe

condições, como a forma de distribuição da estatística estudada. A significância dos

resultados depende, entretanto, da validade destas suposições.

Considerou-se nos testes o nível de significância de 0,05.

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4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Comparações estatísticas realizadas entre os resultados obtidos no Inventário

(IHS) pelos grupos estudados permitem verificar semelhanças e diferenças entre eles.

Verificou-se então que houve diferença estatisticamente significante do escore

total de Habilidade Social entre os grupos, tanto num nível de significância de 0,05,

como 0,01 (p > 0,000). Portanto, pode-se dizer que o grupo que pratica relaxamento

possui um escore mais alto de Habilidade Social.

A tabela 4 e a figura 1 apresentam a média de Habilidade Social de ambos

grupos. O grupo P encontra-se com o repertório bastante Elaborado de HS, enquanto

que o grupo NP possui um repertório de HS abaixo da mediana, indicando uma “não

habilidade social”. TABELA 4 – Escores médios de HS

Grupos Média de HS Percentil

Praticam Relaxamento 108,00 80

Não Praticam Relaxamento 89,35 25

0

20

40

60

80

100

Grupo que pratica relax. Grupo que não pratica relax.

Grupos

Esco

re M

édio

FIGURA 1 – Percentil da média de HS em relação ao escore total de cada grupo.

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Apresenta-se a seguir os resultados gerais da amostra, referindo-se aos dois

grupos.

Foi realizada a comparação de ambos os grupos, em relação à Habilidade Social

(dividido entre os 4 grupos de percentis – ver interpretação no tratamento dos dados).

Nota-se que a maior concentração de sujeitos que praticam relaxamento ficaram entre

os escores de 75 a 100, o que indica que estas pessoas possuem um repertório

bastante elaborado de HS; e a menor concentração foi entre 0 a 24, indicando para

treinamento em HS. Já no grupo que não pratica relaxamento, a maior concentração de

sujeitos foi entre 0 a 24, indicando uma não habilidade social (indicação para

treinamento) e a menor concentração foi entre 50 a 74, indicando um bom repertório de

HS, acima da mediana. Na tabela 5 e figura 2 mostra o número de pessoas em cada

grupo e a porcentagem. TABELA 5 – Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS.

IHS Grupo que pratica relaxamento

Grupo que não pratica relaxamento

0-24 1 (5%) 7 (35%)

25-49 4 (20%) 6 (30%) 50-74 3 (15%) 3 (15%) 75-100 12 (60%) 4 (20%)

02468

101214

0-24 25-49 50-74 75-100

Grupos de percentis

N° d

e pe

ssoa

s

P

NP

FIGURA 2 – Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS.

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46

Foi realizada também a comparação dos grupos, em relação à Habilidade Social

(dividido entre dois grupos de percentis – sendo que de 0 a 49 é considerado o sujeito

que não possui habilidade social e os que situam entre 50 a 100, possuem habilidade

social ). Nota-se que no grupo que pratica relaxamento, 75% dos sujeitos são

habilidosos socialmente e 25% não são consideradas habilidosas. E, no grupo que não

pratica relaxamento, 35% dos sujeitos são considerados habilidosos socialmente e 65%

não são. A representação foi feita na tabela 6 e figura 2. TABELA 6 – Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS.

IHS Grupo que pratica

relaxamento Grupo que não pratica

relaxamento

0-49

5 (25%)

13 (65%)

49-100

15 (75%)

7 (35%)

02468

10121416

0-49 50-100Grupos de Percentis

N° d

e pe

ssoa

s

P

NP

FIGURA 3 – Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS.

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47

Outra comparação feita foi em relação aos fatores do IHS. O F1, que significa

“enfrentamento e auto-afirmação com risco”, teve uma diferença estatisticamente

significante (p > 0,003). Este fator indica a capacidade de lidar com situações

interpessoais que demandam a afirmação e defesa de direitos e auto-estima, com risco

potencial de reação. Este escore é um indicador de assertividade e controle da

ansiedade. A tabela 7 mostra a média de HS, de ambos os grupos. Verifica-se que o

grupo P possui um bom repertório de HS, acima da média e o grupo NP, indica-se para

treinamento de HS.

TABELA 7 – Média de HS no fator F1.

Grupos Média de HS Percentil

Praticam Relaxamento 11,8975 70

Não Praticam Relaxamento 8,6462 20

A figura 4 representa o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 4

grupos de percentis. No grupo P, entre 1 a 24 concentra-se 20% dos sujeitos; entre 25

a 49, 10%; entre 50 a 74, 20% e 75 a 100, 50%. Indica, portanto, que o maior número

de sujeitos possuem um repertório bastante elaborado de HS neste fator. No grupo NP,

entre 1 a 24, concentra-se 45% dos sujeitos; entre 25 a 49, 10%; entre 50 a 74, 30% e

75 a 100, 15%. Indica, portanto, que o maior número de sujeitos precisam de

treinamento em HS.

Na figura 5 está ilustrado o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 2

grupos. No grupo P, entre 1 a 49 concentra-se 30% dos sujeitos e entre 50 a 100, 70%,

indicando que a maioria possui HS para F1. No grupo NP, entre 1 a 49 concentra-se

55% dos sujeitos e entre 50 a 100, 45%, indicando que a maioria não possui HS.

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48

0

2

4

6

8

10

12

1 a 24 25 a 49 50 a 74 75 a 100Grupos de percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 4 – Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F1

(dividido em 4 grupos de percentis).

02468

10121416

1 a 49 50 a 100

Grupos de percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 5 – Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F1

(dividido em 2 grupos de percentis).

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49

Em relação ao fator F2, que significa “auto-afirmação na expressão de

sentimento positivo”, houve uma diferença estatisticamente significante (p > 0,005)

entre os grupos estudados. Este fator indica as habilidades para lidar com demandas

de expressão de afeto positivo e de afirmação da auto-estima, que não envolvem risco

interpessoal. A tabela 8 mostra a média de HS, de ambos os grupos. Verifica-se que o

grupo P possui um bom repertório de HS, acima da média e o grupo NP, indica-se para

treinamento de HS.

TABELA 8 – Média de HS no fator F2.

Grupos Média de HS Percentil

Praticam Relaxamento 12,3309 100

Não Praticam Relaxamento 10,3883 80

A figura 6 representa o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 4

grupos de percentis. No grupo P, entre 1 a 24 concentra-se 20% dos sujeitos; entre 25

a 49, 10%; entre 50 a 74, 20% e 75 a 100, 50%. Indica, portanto, que o maior número

de sujeitos possuem um repertório bastante elaborado de HS neste fator. No grupo NP,

entre 1 a 24, concentra-se 45% dos sujeitos; entre 25 a 49, 10%; entre 50 a 74, 30% e

75 a 100, 15%. Indica, portanto, que o maior número de sujeitos precisam de

treinamento em HS.

A figura 6 está ilustrando o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 2

grupos de percentis. No grupo P, entre 1 a 49 concentra-se 10% dos sujeitos e entre 50

a 100, 90%, indicando que a maioria possui HS. No grupo NP, entre 1 a 49 concentra-

se 35% dos sujeitos e entre 50 a 100, 65%, indicando que a maioria também possui

HS, porém em um nível menor do que do outro grupo.

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50

02468

1012141618

1 a 24 25 a 49 50 a 74 75 a 100

Grupos de Percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 6 - Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F2

(dividido em 4 grupos de percentis).

02468

101214161820

1 a 49 50 a 100

Grupos de percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 7 - Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F2

(dividido em 2 grupos de percentis).

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51

Em relação ao fator F3, que significa “conversação e desenvoltura social”, teve

uma diferença estatisticamente significante (p > 0,035). Este fator retrata a capacidade

de lidar com situações sociais neutras de aproximação, com risco mínimo de reação

indesejável, demandando principalmente traquejo social na conversação. A tabela 9

mostra a média de HS, de ambos os grupos. Verifica-se que o grupo P possui um

repertório bastante elaborado de HS, e o grupo NP, também, porém em um nível um

pouco menor.

TABELA 9 – Média de HS no fator F3.

Grupos Média de HS Percentil

Praticam Relaxamento 17,9000 100

Não Praticam Relaxamento 15,5500 100

A figura 8 representa o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 4

grupos de percentis. No grupo P, entre 75 a 100 concentra-se 100% dos sujeitos.

Indica, portanto, que todos os sujeitos possuem um repertório bastante elaborado de

HS. No grupo NP, entre 50 a 74, concentra-se 5% dos sujeitos e 75 a 100, 95%.

Indicando que o maior número de sujeitos possuem um repertório bastante elaborado

de HS.

Na figura 9 está ilustrado o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 2

grupos de percentis. No grupo P, entre 50 a 100 concentra-se 100% dos sujeitos,

indicando que a maioria possui HS. No grupo NP, entre 50 a 100 concentra-se 100%

dos sujeitos, indicando também que a maioria possui HS.

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0

5

10

15

20

25

1 a 24 25 a 49 50 a 74 75 a 100Grupo de percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 8 - Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F3

(dividido em 4 grupos de percentis).

0

5

10

15

20

25

1 a 49 50 a 100

Grupo de percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 9 - Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F3

(dividido em 2 grupos de percentis).

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53

Em relação ao fator F4, que significa “auto-exposição a desconhecidos ou a

situações novas”, não houve uma diferença estatisticamente significante (p > 0,728).

Este fator inclui basicamente a abordagem a pessoas desconhecidas. Neste, o risco de

reação indesejável do outro é maior. A tabela 10 mostra a média de HS, de ambos os

grupos. Verifica-se que o grupo P possui um repertório bastante elaborado de HS,

acima da média e o grupo NP, também, porém em um nível um pouco menor.

TABELA 10 – Média de HS no fator F4.

Grupos Média de HS Percentil

Praticam Relaxamento 6,5885 100

Não Praticam Relaxamento 6,268 100

A figura 10 representa o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 4

grupos de percentis. No grupo P, entre 1 a 24 concentra-se 5% dos sujeitos; entre 25 a

49, 15% e entre 75 a 100, 80%. Indica, portanto, que todos os sujeitos possuem um

repertório bastante elaborado de HS neste fator. No grupo NP, entre 25 a 49,

concentra-se 5% dos sujeitos; entre 50 a 74, 10% e 75 a 100, 85%. Indicando que o

maior número de sujeitos possuem um repertório bastante elaborado de HS neste fator.

Na figura 11 está ilustrado o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 2

grupos de percentis. No grupo P, entre 1 a 49 concentra-se 20% dos sujeitos e entre 50

a 100, 80%, indicando que a maioria possui HS. No grupo NP, entre 1 a 49 concentra-

se 5% dos sujeitos e entre 50 a 100, 95%, indicando também que a maioria possui HS.

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54

02468

1012141618

1 a 24 25 a 49 50 a 74 75 a 100

Grupo de percentis

Núm

ero

de P

esso

asPNP

FIGURA 10 - Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F4

(dividido em 4 grupos de percentis).

0

5

10

15

20

1 a 49 50 a 100

Grupo de percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 11 - Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F4

(dividido em 2 grupos de percentis).

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55

Em relação ao fator F5, que significa “auto-controle da agressividade”, não teve

uma diferença estatisticamente significante (p > 0,610). Este fator seria a capacidade de

reagir a estimulações aversivas do interlocutor (agressão, descontrole) com razoável

controle da raiva e da agressividade. Não significa não expressar desagrado ou raiva,

mas fazê-lo de forma socialmente competente. A tabela 10 mostra a média de HS, de

ambos os grupos. Verifica-se que o grupo P possui um repertório bastante elaborado de

HS, acima da média e o grupo NP também, e neste, em um nível sutilmente maior que

o outro grupo.

TABELA 11 – Média de HS no fator F5.

Grupos Média de HS Percentil

Praticam Relaxamento 2,2490 97

Não Praticam Relaxamento 2,4881 100

A figura 12 representa o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 4

grupos de percentis. No grupo P, entre 1 a 24 concentra-se 15% dos sujeitos; entre 25

a 49, 10%; entre 50 a 74, 5% e 75 a 100, 70%. Indica, portanto, que a maior parte dos

sujeitos possuem um repertório bastante elaborado de HS neste fator. No grupo NP,

entre 1 a 24, concentra-se 10% dos sujeitos; entre 25 a 49, 15% e 75 a 100, 75%.

Indica então, que o maior número de sujeitos possuem um repertório bastante

elaborado de HS também neste fator.

Na figura 13 está ilustrado o número de sujeitos em ambos grupos, dividido em 2

grupos de percentis. No grupo P, entre 1 a 49 concentra-se 25% dos sujeitos e entre 50

a 100, 75%, indicando que a maioria possui HS. No grupo NP, entre 1 a 49 concentra-

se 25% dos sujeitos e entre 50 a 100, 75%, indicando também que a maioria possui

HS.

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56

02468

10121416

1 a 24 25 a 49 50 a 74 75 a 100

Grupo de percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 12 - Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F5

(dividido em 4 grupos de percentis).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 a 49 50 a 100

Grupos de percentis

Núm

ero

de P

esso

as

PNP

FIGURA 13 - Análises comparativas dos grupos, em relação ao percentil de HS do F5

(dividido em 2 grupos de percentis).

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57

A nível ilustrativo, a tabela 10 apresenta o nível de significância, bem como o N

(número de sujeitos), o escore médio de HS, desvio padrão e erro padrão. A figura 14

representa todos os fatores em relação ao nível de HS de cada sujeito.

TABELA 12 – Escores médios de HS e análises comparativas para cada grupo.

IHS Grupos N Escore

Médio Desvio Padrão

Erro Padrão

Nível de significância

Escore

Total

Pratica relaxamento

Não pratica relaxamento

20

20

108,00

89,35

16,31

12,87

3,65

2,88

0,000

F1

Pratica relaxamento

Não pratica relaxamento

20

20

11,8975

8,6462

3,2477

3,2361

0,7262

0,7236

0,003

F2

Pratica relaxamento

Não pratica relaxamento

20

20

12,3309

10,3883

2,0870

2,0478

0,4667

0,4579

0,005

F3

Pratica relaxamento

Não pratica relaxamento

20

20

17,9000

15,5500

3,4167

3,3635

0,7640

0,7527

0,035

F4

Pratica relaxamento

Não pratica relaxamento

20

20

6,5885

6,3268

2,7702

1,8721

0,6194

0,4186

0,728

F5

Pratica relaxamento

Não pratica relaxamento

20

20

2,2490

2,4881

1,3749

1,5577

0,3073

0,3483

0,610

0

5

10

15

20

F1 F2 F3 F4 F5

Fatores do IHS

Esc

ore

Méd

io

P

NP

FIGURA 14 – Média de HS em relação aos Fatores do IHS, de ambos grupos.

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58

Existem alguns dados relevantes que não foram o objetivo da pesquisa, mas que

foram explorados.

Em relação ao sexo dos sujeitos pesquisados, pode-se dizer que 21 (52,5%) são

do masculino e 19 (47,5) do feminino. Na tabela 11 consta à média, desvio padrão, erro

padrão e o nível de significância em relação ao sexo e separado pelo escore total de

HS e seus fatores. No escore total observa-se que não possui uma diferença

estatisticamente significativa (p > 0,734). Somente no fator F4 observou-se uma

diferença significativa.

TABELA 13 – Escores médios de HS em relação ao sexo e análises comparativas para

cada grupo.

IHS Sexo N Média Desvio padrão Erro padrão

Nível de significância

Total Masculino 21 1,52 ,51 ,11 0,734 Feminino 19 1,58 ,51 ,12 0,734

F1 Masculino 21 9,8605 3,3454 ,7300 0,454 Feminino 19 10,7265 3,9000 ,8947 0,458

F2 Masculino 21 11,9836 2,0872 ,4555 0,066 Feminino 19 10,6699 2,3073 ,5293 0,068

F3 Masculino 21 17,7619 3,3452 ,7300 0,051 Feminino 19 15,5789 3,5010 ,8032 0,052

F4 Masculino 21 7,3753 2,3831 ,5200 0,007 Feminino 19 5,4434 1,8599 ,4267 0,007

F5 Masculino 21 2,3356 1,5016 ,3277 0,883 Feminino 19 2,4049 1,4418 ,3308 0,882

Em relação a toda amostra (94 sujeitos), foi explorado o inventário de Ansiedade

(BAI) em relação ao nível de HS.

Na tabela 12 percebe-se que a maior concentração de sujeitos está no nível de

ansiedade mínima e a minoria está no grave. Também nota-se que os sujeitos

encontram-se, na maioria, no percentil de 75 a 100, ou seja, com um repertório

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59

bastante elaborado de HS. Na tabela 13, no mesmo sentido, indica que a maior parte

dos sujeitos possui HS, encontrando-se no nível de ansiedade mínima.

FIGURA 15 – Número de sujeitos em relação ao percentil de HS e o nível de ansiedade

(dividido em 4 grupos de percentis).

Ansiedade

mínima

Ansiedade leve

Ansiedade moderada

Ansiedade grave

Total

0 a 24 13 8 0 0 21

25 a 49 14 6 1 0 21

50 a 74 8 5 4 0 17

75 a 100 19 9 1 1 30

FIGURA 16 – Número de sujeitos em relação ao percentil de HS e o nível de ansiedade

(dividido em 2 grupos de percentis).

Ansiedade

mínima

Ansiedade leve

Ansiedade moderada

Ansiedade grave

Total

0 a 49 27 14 1 0 42

50 a 100 27 14 5 1 47

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60

5. DISCUSSÃO

As conclusões e resultados deste trabalho referem-se à amostra estudada,

porém podem ser extrapoladas para uma população maior. Os dados encontrados

confirmam a hipótese de que existe diferença significativa em relação à habilidade

social entre os sujeitos que praticam e não praticam relaxamento.

Os dados revelam que 75% dos sujeitos que praticam relaxamento e 35% dos

sujeitos que não praticam relaxamento possuem HS. Já 25% dos que praticam e 65%

dos que não praticam não possuem HS. Portanto, os sujeitos que praticam

relaxamento possuem uma habilidade social maior dos que não praticam. Outro dado

importante revela que todo o grupo dos respondentes, constituído de uma amostra de

94 sujeitos, a maior parte se encontra em um nível de ansiedade mínima.

Baseado nestes escores percebe-se que o grupo que pratica relaxamento

preenche uma boa parte dos requisitos básicos para o desenvolvimento da habilidade

social. Já no grupo que não pratica relaxamento, percebe-se a inabilidade social (não

assertividade ou agressividade).

Como já foi revisado, muitos autores entram num consenso que a habilidade

social é um conjunto de comportamentos emitidos em um contexto interpessoal, onde o

indivíduo expressa os sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos de um modo

adequado à situação e, contudo, respeitando esses comportamentos nos demais.

Existem três tipos de comportamentos segundo Caballo (1996): Assertivo,

passivo e agressivo. Nos resultados observou-se que não houve diferença significativa

no fator cinco (5), que se refere ao auto-controle da agressividade. Considera-se,

portanto, que as pessoas que praticam relaxamento, e que não praticam, são mais

agressivas do que passivas.

Quanto ao comportamento assertivo, pode-se dizer que implica a expressão

direta dos próprios sentimentos, necessidades, direitos legítimos ou opiniões sem

ameaçar ou castigar os demais e sem violar os direitos destas pessoas. O

comportamento não verbal (olhar, expressão facial, postura corporal, entonação e

volume da voz) deve estar em harmonia com o conteúdo verbal da mensagem

assertiva. A asserção implica respeito – não servilismo (não deixar os outros dominar

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61

somente porque é mais velha, mais poderosa,...). Há dois tipos de respeito implicado

neste: o respeito por si mesmo e pelas necessidades e direitos dos outros. O objetivo

da asserção é a comunicação e ter e conseguir respeito. Esta comunicação deve ser

clara, direta e não-ofensiva.

Este comportamento é expresso com consideração dos direitos,

responsabilidades e conseqüências. A pessoa que expressa a si mesma em uma

situação tem de considerar quais são seus direitos nessa situação e quais são os

direitos das demais pessoas envolvidas. O indivíduo também tem de estar consciente

de suas responsabilidades nessa situação e das conseqüências que resultam da

expressão de seus sentimentos. O comportamento assertivo em certas situações não

tem sempre como resultado a ausência de conflito entre as duas partes. Uma das

pessoas pode ser assertiva e a outra não entender deste modo. Parece então, que este

comportamento tem como resultado a maximização das conseqüências favoráveis e a

minimização das conseqüências desfavoráveis para os indivíduos em longo prazo.

O indivíduo que se comporta de forma hábil socialmente, em geral, se defende

bem em suas relações interpessoais, está satisfeito com sua vida social e tem

confiança em si mesmo para mudar quando for necessário. O fundamental é dar-se

conta tanto de si mesmo (olhar para dentro para saber o que quer antes de olhar ao

redor para ver o que os demais querem) como do contexto que o rodeia. Contudo, o

resultado do comportamento assertivo é uma diminuição da ansiedade, relações mais

íntimas e significativas, maior respeito a si mesmo e melhor adaptação social.

No inventário de Habilidade Social estes itens são todos explorados em forma de

questionamentos e percebe-se que a maioria deles, no grupo que pratica relaxamento,

são reais e significativos em relação ao outro grupo.

Em relação ao comportamento não assertivo (passividade), Caballo (2003)

coloca que implica a violação dos próprios direitos ao não ser capaz de expressar

honestamente sentimentos, pensamentos e opiniões, permitindo aos demais que violem

os seus sentimentos, ou expressando os pensamentos e sentimentos próprios de

maneira autoderrotista, com desculpas, com falta de confiança, de tal modo que os

demais possam facilmente não dar atenção. Acompanhando a negação verbal, ocorrem

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comportamentos como evitar o olhar, um padrão de fala vacilante, um baixo volume de

voz, postura corporal tensa, e movimentos corporais nervosos ou inapropriados.

O objetivo da não-asserção é apaziguar os demais e evitar conflitos a todo custo.

Com a falta de comunicação, acaba por não ser escutada e não consegue satisfazer

suas necessidades. Este comportamento poderá ter conseqüências tanto para o próprio

indivíduo como para os outros. Este indivíduo se sentirá, com freqüência,

incompreendida e manipulada – podendo se tornar hostil e irritada por conta disto.

Quando não consegue expressar seus sentimentos, vem à culpa, ansiedade,

depressão, baixa auto-estima e a somatização (dor de cabeça, úlceras...). Estes

indivíduos costumam ter uma avaliação de si mesmo inadequada e negativa,

sentimentos de inferioridade, tendência a manter papéis subordinados, tendência em

ser extremamente carente do apoio emocional dos demais e ansiedade interpessoal

excessiva. Ficam tensos o tempo todo, fazem coisas que não gostam, não gostam de

ser criticados e temem estar ocupando muito espaço e respirando muito ar.

Para Salter (1949 , apud Caballo, 2003), as pessoas que se comportam de forma

não-assertiva tratam de ser tudo para os outros e acabam sendo nada para si. São

camaleões, tratando de agradar todos com quem estão. Expressam tudo, menos o que

sentem. Acham difícil dizer não. São agradáveis. Consideram a si mesmos de mente

aberta, tolerantes e democráticos. São honestos intelectualmente, mas emocionalmente

são mentirosos. Sua cortesia é fraude. Estão sempre analisando e planejando. Não

sabem agir espontaneamente, não estão certos dos sentimentos que tem sobre nada.

São pessoas passivas.

Os dados obtidos não revelam se a inabilidade social é mais voltada para a

passividade (não assertividade) ou agressividade. Porém, no fator 5 (auto-controle da

agressividade) do inventário de HS, mostra claramente que em relação a agressividade

não possui diferença significativa.

O comportamento agressivo, segundo Caballo (2003), implica a defesa dos

direitos pessoais e a expressão dos pensamentos, sentimentos e opiniões de tal

maneira que, com freqüência, é desonesta, normalmente inapropriada e sempre viola

os direitos da outra pessoa. Este comportamento pode ser expresso de forma direta ou

indireta. A agressão verbal inclui ofensas, insultos, ameaças, comentários hostis,

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humilhantes e sarcásticos, murmúrios maliciosos e rancorosos. A agressão não verbal

inclui gestos hostis ou ameaçadores, olhares intensos e ataques físicos.

O objetivo usual da agressão é a dominação e vencer, forçando a outra pessoa a

perder. É um comportamento ambicioso, já que tenta conseguir os objetivos a qualquer

preço, afastando as pessoas e outros obstáculos no processo. Pode ter um resultado

positivo imediato, a curto prazo, já que inclui a expressão emocional. As conseqüências

a longo prazo, ao contrário, sempre são negativas, incluindo tensão na relação

interpessoal com o outro ou a evitação de futuros contatos com ele.

Em relação aos direitos e deveres pessoais, pode-se dizer que é um tema muito

explorado na HS. Um dos comportamentos que aparece no indivíduo que não possui

habilidade social é não lutar por seus direitos. Quanto a isto, Caballo (2003) salienta

que uma das técnicas para serem usadas é o relaxamento (anexo 14). Em relação aos

direitos, tem-se: de manter sua dignidade e respeito, comportando-se de forma

assertiva, ser tratado com respeito e dignidade, recusar pedidos sem ter de se sentir

culpado ou egoísta, experimentar e expressar seus próprios sentimentos, deter-se e

pensar antes de agir, mudar de opinião, pedir o que quiser, fazer menos do que

humanamente é capaz de fazer; ser independente; decidir o que fazer com seu próprio

corpo, tempo e propriedade; pedir informações, cometer erros (e ser responsável por

eles); sentir satisfeito consigo; ter suas próprias necessidades; ter opiniões e expressa-

las; decidir se quer satisfazer as expectativas de outras pessoas ou se prefere agir

seguindo seus próprios interesses – desde que não viole os direitos dos demais; falar

sobre o problema com a pessoa envolvida e esclarecê-lo, em casos-limites, em que os

direitos não estão totalmente claros; obter aquilo pelo que paga; escolher não se

comportar de maneira assertiva; ter direitos e defendê-los; ser escutado e ser levado a

sério; estar só, quando assim escolher, fazer qualquer coisa, desde que não viole os

direitos de outra pessoa.

Caballo (2003) descreveu algumas das razões que impediria um indivíduo de

manifestar um comportamento socialmente hábil, que seria:

1. As respostas hábeis necessárias não estão presentes no repertório de

respostas de um indivíduo. Este pode nunca ter aprendido o comportamento

apropriado ou pode ter aprendido um comportamento inapropriado;

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2. O indivíduo sente ansiedade condicionada, o que impede de responder de

maneira socialmente adequada. Por meio de experiências aversivas ou de

condicionamento vicário, sinais anteriormente neutros relacionados com as interações

sociais foram associadas a estímulos aversivos;

3. O indivíduo contempla de maneira incorreta sua atuação social, auto-

avaliando-se negativamente, com acompanhamento de pensamentos autoderrotistas,

ou está temeroso pelas possíveis conseqüências do comportamento hábil;

4. Falta de motivação para atuar apropriadamente em determinada situação,

podendo dar-se uma carência de valor reforçador por parte das interações

interpessoais;

5. O indivíduo não sabe discriminar adequadamente as situações nas quais

determinada resposta provavelmente seja efetiva;

6. O indivíduo não está seguro de seus direitos ou não crê que tenha o direito de

responder apropriadamente;

7. No caso de pacientes psiquiátricos, os penetrantes efeitos da internação

fizeram com que o paciente desabituasse com as respostas sociais, o que apresenta

como resultado uma incapacidade para reproduzir o que poderia ter sido, antes, parte

integral do seu repertório;

8. Obstáculos ambientais restritivos que impedem o indivíduo de se expressar

apropriadamente ou que, até mesmo, punem a manifestação desse comportamento

socialmente adequado.

A maioria destes elementos foi agrupado por Bellack e Morrison (1982, apud

Caballo, 2003) como: modelo dos déficits em habilidades, modelo da ansiedade

condicionada, modelo cognitivo-avaliativo e modelo da discriminação errônea.

Estes são alguns pontos explorados no inventário de Habilidade Social, assim

como a questão dos direitos humanos citados nos parágrafos anteriores. Em todos os

fatores, aparecem em suas características alguns sinais de expressão de ansiedade

frente à situação específica e a luta pelos direitos. Dados da presente pesquisa revelam

que no fator 1 é explorado a questão do enfrentamento e auto-afirmação com risco e

percebe-se que possui uma diferença significativa nos dados obtidos. No F2, a auto-

afirmação na expressão de sentimento positivo também houve uma diferença

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significativa, assim como também o F3 (conversão e desenvoltura social). Já os fatores

4 (auto-exposição a desconhecidos ou a situações novas) e 5 (auto-controle da

agressividade) não houve uma diferença significativa. Percebe-se nestes resultados

que existem alguns fatores que, embora a prática de relaxamento seja realizada, ainda

sim não influencia no comportamento.

Existem alguns sinais na expressão de ansiedade ou nervosismo de pessoas

inábeis socialmente, como o tremor nos joelhos, braços rígidos, automanipulações

(coçar-se, esfregar-se...), limitação do movimento das mãos (nos bolsos, nas costas,

entrelaçadas), tremor nas mãos, sem contato visual, músculos do rosto tensos (caretas,

tiques, boca presa...), rosto inexpressivo e pálido, rubor, umedecer os lábios, engolir

saliva, respirar com dificuldade, mais devagar ou mais depressa, suar (rosto, mãos,

axilas), falsete na voz, gagueira ou frases entrecortadas, correr ou acelerar o passo,

balançar-se, arrastar os pés, limpar a garganta, boca seca, dor ou acidez de estômago,

aumento da taxa cardíaca, balanço das pernas/pés quando está sentado e com uma

perna sobre a outra, roer as unhas, morder os lábios, sentir náuseas, sentir tontura,

sentir que se sufoca, ficar imobilizado e não saber o que dizer (COTLER e GUERRA,

1976, apud CABALLO, 2003).

Algumas outras questões que estão diretamente relacionadas com a HS e

contudo, com os benefícios do relaxamento, a teoria vem a nos confirmar, como os

sinais de expressão de ansiedade e nervosismo explorado anteriormente. A falta de

habilidade traz reações fisiológicas para o sujeito e estas reações podem ser revertidas

através do relaxamento.

Na questão apresentada sobre a prática de relaxamento influenciar na habilidade

social, ou ao oposto (como foi confirmada a hipótese), Wolpe (1958, apud Alves, 2003)

já dizia que o indivíduo que possui habilidade social desenvolvida experimenta

sensações de profundo bem-estar, sendo reações parecidas com a prática de

relaxamento muscular, o qual inibe a ansiedade. Salienta que ao se comportar de uma

maneira mais habilidosa, o indivíduo obterá recompensas sociais gratificantes e assim

se sentirá mais satisfeito com a vida. Já os efeitos negativos, advindos da não

habilidade social, resultam em frustração, ressentimento, falta de satisfação tanto na

vida quanto nas relações interpessoais.

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Segundo Lipp (2000), “o relaxamento é uma técnica acessível a todos e auxilia a

curar a mente e o corpo”. Tecnicamente, o relaxamento é recomendado porque reduz a

responsividade adrenérgica, a excitação neuromuscular e a hiperatividade cognitiva.

Entretanto, é uma técnica que possui contra indicações e merece um especial cuidado

em relação à idade e sexo, bem como algumas doenças que os sujeitos possam

apresentar. O relaxamento muscular á aconselhado quando a sintomatologia é mais

física, para tirar as tensões do dia e para o estresse. Já o relaxamento mental é mais

aconselhado a pessoas que apresentam sintomas mais psicológicos, possibilitando

reflexão, avaliação dos próprios valores e das próprias idéias, facilitando a criatividade

e a introspecção. Finalmente, os exercícios de respiração profunda podem ser

utilizados por todos, mesmo aqueles que necessitam se manter em certo nível de

alerta.

Pode-se pensar que a filosofia da ioga influenciou os resultados. Porém percebe-

se que, como foi feito em duas instituições distintas, com filosofias distintas, pode-se

afirmar que não teve este tipo de influência. E, notou-se que em ambos locais, todos

seguiam um certo padrão, usando o relaxamento físico e mental.

Cungi (2004) cita alguns distúrbios nos quais recomenda o relaxamento. Um

deles seria a fobia social, que não deixa de ser uma falta de HS e que está muito bem

explorado nos fatores do inventário de HS. Ele coloca que sentir-se ansioso em relação

aos relacionamentos é comum, a não ser quando assumem formas complicadas, que

vão da grande timidez à fobia social, passando pelo pavor de falar em público. Para ele,

o ponto principal é o temor do olhar e do julgamento dos outros, o que provoca grande

desconforto, acompanhado de manifestações físicas como rubor, tremor, transpiração

excessiva, palpitações. O medo de que o desconforto seja notado fecha o círculo

vicioso. Quando o distúrbio se torna grave e vem acompanhando pela fuga das

situações sociais ou, ainda, quando passa a ser constante, resultando num isolamento,

é aconselhável, para este autor, buscar diminuir a ansiedade para que a pessoa

enfrente as situações e se sinta mais confortável com seu mal estar.

Quanto aos dados obtidos no geral da amostra (94 sujeitos), pode-se dizer que

em relação ao nível de ansiedade, obtido através do Inventário de Ansiedade, teve um

maior índice de sujeitos com um nível baixo, ou seja, o maior número de sujeitos

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concentrou-se no grau mínimo. Em segundo lugar no grau leve, em terceiro no

moderado, e, por último, no grave. Nota-se a seqüência gradativa nitidamente. Com

estes resultados, não se pode afirmar que possui uma relação entre a habilidade social

e a ansiedade, porém uma tendência. Com isto, revê-se o papel do relaxamento

somente para baixar a ansiedade frente a situações que a pessoa é inábil socialmente.

Esta técnica pode ir mais além, mudando hábitos e crenças, agindo no nível mental.

Caballo (2003) comenta sobre o relaxamento, colocando que:

“No caso de os sujeitos terem um elevado grau de ansiedade

diante de determinadas situações sociais, pode-se ensiná-los a relaxar.

O treinamento em relaxamento requer uma prática regular em casa, se

quiser que seja útil para ajudar a aliviar posteriormente a ansiedade. As

pessoas dão-se mais conta de sua ansiedade somente quando há

elevados níveis dela. Nesses momentos, a capacidade para controlar a

situação de maneira apropriada e de reduzir rapidamente a tensão

encontra-se muito reduzida. Um indivíduo com elevados níveis de

ansiedade não pode raciocinar claramente, e a informação que lhe

chega está freqüentemente distorcida. Ao dar-se conta do grau de

ansiedade quando se encontra em um nível ainda baixo, pode-se iniciar

algum procedimento de relaxamento para evitar que a ansiedade

continue aumentando e que chegue a um nível que não se possa

controlar”.

Para este autor, normalmente utiliza-se o método de relaxamento progressivo de

Jacobson para ensinar a relaxar, mas poderia ser utilizado qualquer outro, dependendo

de como a pessoa reage e o que mais gosta. Em anexo encontra-se alguns exemplos

de imagens que aprofundam o estado de relaxamento.

Saber selecionar imagens e lembranças relacionadas aos momentos mais

serenos e agradáveis também são muito importantes. Cungi (2004) coloca também que,

de modo inverso, às vezes é desejável retornar as imagens e pensamentos sofridos,

para torná-los menos nocivos, seja com o auxílio da técnica de insensibilização

(assossiação de um estado de relaxamento a fatos que habitualemnte provocam

angústia ou cólera) ou de exposição progressiva (habituar-se progressivamente às

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situações que desencadeiam fortíssima emotividade) ou, ainda, por intermédio dos

métodos da Terapia Cognitiva e Comportamental (psicoterapia que visa modificar,

voltando-se para uma orientação realista, os pensamentos exagerados, ilógicos ou

irracionais que servem de pano de fundo para o que passa na própria mente e os

comportamentos que mostras isto).

Contudo, este autor mostra que o relaxamento é muito mais! É um método que

favorece o repouso físico e psicológico, e ainda mantém um nível de calma ou de

tensão otimizada para a eficiência do desempenho nos diferentes contextos em que

cada um se encontra. Além disto, o relaxamento facilita o acesso ao raciocínio, ações,

sentimentos, sensibilidade e mesmo à espiritualidade, reservando o máximo de energia

para o estado de alerta, para pensamentos mais eficientes, diminuindo desgastes

emocionais inúteis. Quanto mais energia e calma, mais aumenta o rendimento. No caso

da pesquisa em questão, os sujeitos inábeis socialmente poderiam estar mais

relaxados quando tivessem que desempenhar comportamentos hábeis e passando a

raciocinar melhor, resignificando suas crenças.

Após o aprendizado das técnicas de relaxamento e o condicionamento do

relaxamento pela repetição dos exercícios, essa capacidade de relaxar estará

introduzida no repertório da pessoa. Uma vez que ela tenha se apropriado, pode

acioná-la sempre que necessário. Para isto, bastará repetir a cadeia de exercícios pré-

estabelecidos, de tempos em tempos.

A pesquisa foi realizada segundo um critério muito importante, onde os sujeitos

que praticam relaxamento que participaram da pesquisa selecionada (20 de cada

grupo) estariam praticando alguma forma de relaxamento a pelo menos um ano, em

uma vez por semana ou mais. Nota-se com isto que para estes sujeitos tornou-se um

hábito o relaxamento e por isto pode se tornado tão efetivo.

Segundo Cungi (2004), o filósofo grego já apontava que o ser humano tende a

sentir, pensar e agir segundo seus próprios hábitos. Por isto, se uma pessoa adquiriu o

hábito de se preocupar, ela irá continuar se preocupando e se surpreenderá a ponto de

lhe parecer estranho o simples fato de, de repente, se sentir menos inquieta, o que

levará a se preocupar imediatamente. O papel dos hábitos é subestimado quando

determinado problema se mantém, mesmo porque é impossível “desaprendê-los”. Para

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modificá-los é necessário aprender um novo para substituí-lo. Em se tratando de

estresse e ansiedade, é natural tornar-se assim, cada vez mais, em contrapartida, é

possível aprender a se acalmar e, quando se estiver calmo, será mais difícil estar ao

mesmo tempo ansioso.

A teoria Cognitiva Comportamental tenta explicar como novos comportamentos

são adquiridos e padrões já existentes são modificados. Geralmente a aprendizagem é

definida como mudança relativamente permanente do comportamento. Ela possibilita a

adaptação a situações e solução de problemas simples e complexos. Já

condicionamento, é a forma mais simples de aprendizagem envolvendo modificações

de alguns reflexos, hábitos simples e respostas emocionais. Os estudos sobre esta

forma de aprendizagem, isto é, sobre o processo de condicionamento, indicam uma

classificação que aponta maneiras específicas de se “aprender” ou de se “praticar

aprendizagem”. Em outras palavras, identificam as maneiras pelas quais ocorre o

condicionamento.

O desenvolvimento da assertividade envolve um aprendizado resultante da

interação do homem com o seu contexto social. Começam a ser desenvolvidos muito

cedo, através de um processo de aprendizagem que envolve a modelação, esquemas

de reforçamento, regras, e podem continuar esse desenvolvimento durante todas as

etapas de sua vida, dependendo dos reforços que recebem (SKINNER,1998).

Uma característica essencial dos seres humanos é que somos “animais sociais”.

A comunicação interpessoal é uma parte essencial de nossa atividade. Estamos

despertos na maior parte das horas, tendo alguma forma de interação social, a

qualidade de nossas vidas está determinada, a menos parcialmente, por uma de

nossas habilidades sociais. A vida era mais “simples” nos séculos passados, havia

menos sistemas, a mobilidade social era menor e as relações sociais eram

relativamente claras, com os papéis já determinados que tivessem que seguir. O mundo

nos obriga a atuar em sistemas simultaneamente, e isto requer uma considerável

destreza social (Caballo, 1993, apud Caballo, 1999).

Os resultados obtidos confirmam esta afirmação citada acima, no sentido de que

o mundo está se transformando e as exigências são cada vez maiores, portanto, as

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técnicas que auxiliam para tal situação são cada vez mais valorizadas, assim como a

técnica de relaxamento.

O trabalho foi realizado com pessoas que praticam técnicas específicas de

relaxamento da ioga, realizadas em escolas especializadas, porém com um conjunto

das outras técnicas, por exemplo, a progressiva, mental, visualização criativa, entre

outras. Contudo, não se discrimina nenhuma técnica, muito pelo contrário, o conjunto

delas é o ideal (relaxamento físico e mental).

O treinamento em habilidades sociais (THS) é uma técnica muito indicada para

pessoas inábeis. Tem como base à tentativa de ensinar estratégias e habilidades

interpessoais aos indivíduos, com a intenção de melhorar sua competência interpessoal

e individual nos tipos específicos de situações sociais (Curran 1985, apud Caballo

1996).

Caballo (1996) coloca que a THS normalmente concentra-se na aprendizagem

de um novo repertório de respostas. O processo implica em 4 elementos de forma

estruturada: 1.Treinamento em habilidades – ensina-se comportamentos específicos,

que são praticados e integrados ao repertório comportamental do sujeito. Empregam-se

procedimentos com instruções, a modelação, o ensaio comportamental e o

reforçamento; 2. Redução de ansiedade – se o nível for muito elevado, emprega-se

técnicas de relaxamento, caso contrário, a diminuição é conseguida de forma indireta;

3.Reestruturação cognitiva – pretende-se modificar valores, crenças, cognições e/ou

atitudes. É conseguida geralmente de forma indireta, pois a aquisição de novos

comportamentos modifica, em longo prazo, as cognições; 4.Treinamento em solução de

problemas – ensina-se o sujeito a perceber corretamente os valores de todos

parâmetros situacionais relevantes, a processar estes valores para gerar respostas

potenciais, selecionar uma destas respostas e “envia-las” de um modo que maximize a

probabilidade de alcançar o objetivo.

Segundo Curran (1985, apud Caballo, 2003), as premissas do THS são: 1. as

relações interpessoais são importantes para o desenvolvimento e o funcionamento

psicológicos; 2. a falta de harmonia interpessoal pode contribuir ou conduzir as

disfunções e perturbações psicológicas; 3. certos estilos e estratégias interpessoais são

mais adaptativos que outros para tipos específicos de encontros sociais; 4. estes estilos

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e estratégias interpessoais podem ser especificados e ensinados; 5. uma vez

aprendidos, esses estilos e estratégias melhorarão a competência em situações

específicas; e 6. a melhoria na competência interpessoal pode contribuir ou conduzir à

melhoria no funcionamento psicológico.

Portanto, verifica-se que o relaxamento já está fazendo parte do treinamento de

HS, para baixar o nível de ansiedade. Porém, nota-se que esta técnica vai mais além,

ela começa a fazer parte do repertório do sujeito, fazendo sua ansiedade diminuir e, ao

mesmo tempo, favorece a reflexão, quebrando suas regras que não estão

“funcionando” bem, por aquelas com efeitos reforçadores, transformando-as em mais

saudáveis.

A falta de habilidade social está vinculada às formas principais de psicopatologia,

como também outros comportamentos disfuncionais. Caballo (2003) salienta os

problemas como solidão, depressão, esquizofrenia, fobia social, problemas conjugais,

transtornos por consumo de substâncias psicoativas, delinqüentes, psicopatas, entre

outros. Neste sentido, o relaxamento pode ser um instrumento muito útil não somente

para pessoas passivas e agressivas.

Phillips (1978, apud Caballo, 2003) considera as técnicas de treinamento em

habilidade social uma alternativa ao modelo médico tradicional da psicopatologia. Para

ele, a psicopatologia provém da incapacidade de um organismo para resolver

problemas ou conflitos e atingir objetivos. A carência no organismo das habilidades

sociais necessárias tem como resultado estratégias pouco adaptativas, como estados

emocionais negativos (por exemplo, a ansiedade) e cognições desadaptativas no lugar

de soluções sociais aos problemas. Sugere-se então que os transtornos mentais são

transtornos da comunicação e das relações interpessoais. Neste sentido, trabalhos

sugeriram que o funcionamento social pobre poderia conduzir a psicopatologia, em vez

de vir dela.

Outros dados explorados na pesquisa foram em relação ao sexo e a habilidade

social. A quantidade de pessoas pesquisadas em relação ao sexo diferenciou-se muito

pouco. Vinte e um eram do sexo masculino e dezenove no sexo feminino. Quanto aos

resultados, no geral, confirmam que o sexo não é um fator que pode influenciar na

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habilidade social. Uma mulher, por exemplo, não tem mais tendência que o homem em

ser assertiva.

No fator quatro (4) do inventário de HS foi notado uma diferença estatisticamente

significante quanto ao sexo. Este fator significa a auto-exposição a desconhecidos ou a

situações novas. Pode-se dizer então que os homens são mais hábeis em abordar

pessoas desconhecidas e enfrentar situações novas que as mulheres. Nos outros

fatores a diferença não foi significativa, mas pode-se dizer que houve uma tendência,

nos fatores 1, 2 e 3. No F1, a mulher se mostra mais habilidosa quanto a lidar com

situações interpessoais que demandam a afirmação e a defesa de direitos e auto-

estima, com risco potencial de reação. No F2, o homem mostra ser mais habilidoso

quanto à expressão de afeto positivo e de afirmação da auto-estima, que não envolvem

risco interpessoal. E no F3 também, o homem se mostra mais habilidoso quanto à

capacidade de lidar com situações sociais neutras de aproximação, com pouco risco de

reação indesejável, demandando traquejo social na conversação.

O sexo feminino possui uma habilidade maior quando se trata de situações que

envolvem risco potencial de reação e o sexo masculino mostra-se ao contrário. No F5,

que significa o autocontrole da agressividade, o sexo feminino possui uma sutil

diferença em relação ao sexo masculino, mostrando-se mais hábil. Estes dados vêm a

confirmar os estudos de Del Prette e Del Prette, no inventário de HS.

Contudo, pode-se dizer que a prática de relaxamento vincula-se às habilidades

sociais na medida em que, para haver habilidade social, o comportamento deve fazer

parte do repertório do sujeito, não ser inibido por fatores emocionais e ser apropriado

ao contexto ambiental. O relaxamento pode então, favorecer a habilidade social na

medida em que elimina, ou, ao menos, minimiza as respostas emocionais indesejáveis

através de contra condicionamento.

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6. CONCLUSÃO

A pesquisa em questão objetivou identificar a relação entre a habilidade social e

o relaxamento. Para tal, utilizou-se de três instrumentos: um questionário, o inventário

de Ansiedade (BAI) e o Inventário de Habilidade Social (IHS).

A hipótese deste trabalho era de que existe diferença de habilidade social

quando as pessoas praticam relaxamento e quando não praticam. Com isto, a hipótese

foi confirmada e salienta-se que os objetivos foram alcançados, pois avaliou-se o nível

de HS na população escolhida (grupo que pratica e não pratica relaxamento).

Quanto à realização deste trabalho, pode-se dizer que a pesquisa bibliográfica foi

de certa forma um desafio, por se encontrar pouca referência sobre estes temas, e

relacionados com a teoria escolhida para fundamentar. Há uma lacuna no sentido de

destacar o papel do relaxamento no desenvolvimento da habilidade social. Neste

sentido, destaca-se sua relevância científica, pois se trata de um assunto novo, pouco

explorado em pesquisas acadêmicas.

No que diz respeito à aplicação dos instrumentos de pesquisa foi muito

produtivo. Por outro lado, houve uma dificuldade para conseguir com que os sujeitos

respondessem, do grupo que pratica relaxamento, alegando falta de tempo. Quanto ao

grupo que não pratica relaxamento, o coordenador do curso escolhido foi muito

atencioso e prestativo.

No que se refere à oportunidade de apropriação do método quantitativo e da

monografia em si (com suas formatações), a experiência acrescentou conhecimentos

importantes para a formação, servindo de base para a realização de novos trabalhos.

Como os resultados foram estatisticamente significantes, pode-se concluir que

com técnicas de relaxamento as pessoas podem ser mais habilidosas socialmente.

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1

TERMO DE CONSENTIMENTO

O(a) Sr. (Sra) foi informado detalhadamente sobre a pesquisa: “ A PRÁTICA DE

RELAXAMENTO E A HABILIDADE SOCIAL”, e devidamente esclarecido de que esta

pesquisa justifica-se pela intenção científica de investigar a possível relação entre a

prática de relaxamento e a habilidade social.

Pelo fato desta pesquisa possuir única e exclusivamente interesse científico, a

mesma foi aceita espontaneamente pelo Sr(a) que, no entanto, poderá desistir dela a

qualquer momento, bastando para isto informar a sua desistência, ficando sem

penalização ou prejuízo a sua pessoa. Por ser voluntária e sem interesse financeiro, o

Sr(a) não terá o direito a nenhuma remuneração.

Os dados referentes ao Sr(a) serão sigilosos e privados, e a divulgação dos

resultados visará apenas mostrar os possíveis benefícios obtidos pela pesquisa em

questão, sendo que o Sr(a) poderá solicitar informações durante todas as fases da

pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Todos os participantes deste estudo têm contribuído com a comunidade científica interessada no tema em

questão.

Biguaçu, ...........de.........................................de 2004.

De acordo, ..............................................................

(assinatura do participante)

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APÊNDICE 2

Grupo que pratica relaxamento 1.Tipo de relaxamento que pratica: __________________________________

2. Quanto tempo você pratica relaxamento (no geral)? O Semanas O Anos

O Meses O Outro __________

3. Quantas vezes pratica o relaxamento (no geral)? O Raramente O Algumas vezes por semana

O Algumas vezes ao mês O Algumas vezes por dia

O Outro __________

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ANEXOS

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ANEXO 1 Caderno de respostas do Inventário de Habilidade Social (IHS-Del-Prette)

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ANEXO 2 Caderno de respostas do Inventário de Habilidade Social - continuação

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ANEXO 3 Caderno de respostas do Inventário de Habilidade Social - continuação

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ANEXO 4 Folha de respostas do Inventário de Habilidade Social

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ANEXO 5 Tabela para correção do sexo feminino do Inventário de Habilidade Social

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ANEXO 6 Tabela para correção do sexo masculino do Inventário de Habilidade Social

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ANEXO 7 Folha de respostas do Inventário de ansiedade de Beck (BAI)

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ANEXO 8 Aqui estão apresentadas algumas formas de relaxamento, proposto por

alguns autores, citados na revisão bibliográfica. Resposta de relaxamento (Benson, 1975 apud Vera e Vila , 1999)

“Sente-se numa posição confortável e feche seus olhos. Relaxe profundamente todos os músculos, começando por seus pés e subindo até seu rosto. Mantenha-os relaxados. Respire pelo nariz sendo consciente de sua respiração. À medida que expulsar o ar diga a palavra “um” para você mesmo (pode ser paz, relaxar, ou outra palavra). Exemplo: respire para dentro, para fora , “um”... dentro, fora, “um”... e assim sucessivamente.

Respire fácil e naturalmente. Continue durante 10 ou 20 minutos. Pode abrir os olhos para ver a hora, mas procure faze-lo pouco e não utilize o despertador. Quando terminar, fique sentado durante vários minutos, primeiro com os olhos fechados, e logo, com eles abertos. Não se levante até que passem alguns minutos. Não se preocupe se não relaxou completamente no início. Deixe que o relaxamento ocorra no seu próprio ritmo, não force. Pratique uma ou duas vezes ao dia. Com a prática a respiração ocorrerá sem nenhum esforço.” Direitos humanos básicos (Kelley, 1979, apud Caballo, 2003)

- Ler a lista de direitos humanos básicos; - Escolher um direito da lista que seja importante para você, mas que normalmente

não se aplica a suas vidas, ou ainda um que lhe seja difícil de aceitar. - Feche os olhos..., coloque-se numa posição confortável... Inspire profundamente

pelo nariz, mantendo o ar dentro tanto quanto possa e, a seguir, solte lentamente pela boca...

- Agora imagine que tem o direito que selecionaram da lista... Imagine como muda a sua vida ao aceitar esse direito... Como se comportaria... Como se sentiria consigo... com outras pessoas... (2 minutos)

- Agora imagine que você já não tem este direito... Imagine como mudaria sua vida comparando-a como era há alguns momentos... Como se comportaria agora... e como se sentiria consigo... e com outras pessoas... (2 minutos)

- Discutir agora o direito escolhido e o que imaginou.

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Relaxamento Autógeno (Schultz, 1932 apud Vera e Vila , 1999) “Uma vez sentado em posição confortável, com os olhos fechados, vamos começar o relaxamento autógeno. Primeiro, quero que você tome consciência de qualquer ruído fora da sala (dar 10 segundos). Tome consciência de como sente seu corpo na poltrona... dos pontos de contato entre seu corpo e a poltrona, os pontos de contato da cabeça, das costas, dos braços e das pernas 910 segundos). Agora quero que se concentre na sua respiração; à medida que inspira seu abdômen se eleva, e quando expira, o abdômen abaixa suavemente... de forma que a expiração é um pouco mais longa que a inspiração (10 segundos). Agora se concentre na sua mão e braço direitos e começa a dizer mentalmente: sinto minha mão direita pesada (repete 3 vezes), minha mão direita é pesada e quente (3 vezes), sinto minha mão e braço direitos pesados (3 vezes), sinto uma onda cálida invadindo minha mão e braço direitos (3 vezes). Visualize sua mão e braço em um lugar quente, ao sol, veja como os raios de sol descem e tocam sua mão e braço direito... como os aquecem suavemente. Imegine-se deitado sobre a areia quente, sinta o contato de sua mão e braço direitos sobre a areia... ou introduzidos em água quente... ou perto de uma estufa. Diga: minha mão e braço direitos se tornam muito quentes e pesados. Respire profunda e lentamente, a cada expiração lenta e longa, deixe-se levar um pouco mais, mandando uma mensagem de calor para mão e braço direitos (10 segundos) * Repetir a mesma instrução para a mão e braço esquerdos, pé e perna direitos e esquerdos, depois a todas as extremidades e passando ao abdômen.

... Meus braços e mãos estão quentes e pesados (repete-se por 15 segundos). Meus pés e pernas estão quentes e pesados (repete-se por 15 seg.). Meu abdômen é quente (3 vezes). Minha respiração é lenta e regular (3 vezes). Meu coração bate calmo e relaxadamente (3 vezes). Minha mente está tranqüila e em paz (3 vezes). Tenho confiança em poder resolver os problemas cotidianos (3 vezes). Toda tensão e estresse em meu corpo está se dissipando a cada longa e suave respiração (3 vezes0. Qualquer preocupação sobre meu passado ou futuro se dissipa a cada vez que expiri 93 vezes). Posso mandar-me mensagens positivas a cada vez que expiro (3 vezes). A essência do relaxamento estará comigo durante todo dia (3 vezes). Gradualmente posso começar a voltar a sala mantendo meus olhos fechados. Sou consciente novamente dos sons de fora e de dentro da sala. Vou sentindo meu corpo sobre a poltrona (ou cama). Quando estiver preparado, pode começar a mexer seus dedos e pouco a pouco ir abrindo seus olhos.“

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Relaxamento Passivo (Schwartz e Haynes, 1974 apud Vera e Vila , 1999) “Você está confortavelmente reclinado, com os olhos fechados, todas as partes do seu corpo estão comodamente apoiadas na poltrona de forma que não há necessidade de tencionar nenhum músculo. Deixe-se levar o máximo possível pelo sentimento de relaxamento (pausa). Agora focalize a atenção em sua mão direita e deixe que desapareça dela qualquer tensão... Concentre-se nos músculos de sua mão direita... pode vê-los... deixando-os soltos, mais e mais soltos. Deixe que estes músculos se tornem muito, muito relaxados; muito, muito calmos; muito, muito tranqüilos... deixe-se levar... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que esses músculos se soltem mais e mais... quando está relaxado, seus músculos estão muito soltos, muito longos, muito calmos... deixe que se soltem mais e mais (pausa). Agora focalize sua atenção mais acima, no seu antebraço direito; pode senti-lo, concentre-se nesses músculos e deixe que sua atenção se focalize nesses sentimentos. Deixe que seus músculos se relaxem mais e mais, mais e mais relaxados, profundamente relaxados, soltos, tranqüilos... Se sua atenção divaga, faça-a voltar a seus músculos relaxados. Estão muito alongados, muito tranqüilos, muito relaxados (pausa). Agora, focalize sua atenção mais acima, em seu braço direito... À medida que concentra sua atenção nestes músculos vais deixando-os mais e mais relaxados, muito soltos, muito calmos, muito tranqüilos. Deixe-se levar mais e mais profundamente. Se notar que sua atenção divaga, volte a concentrá-la nestes músculos. Deixe que esses músculos se tornem mais e mais longos, calmos, tranqüilos... deixe-se levar pelo sentimento profundo se relaxamento, somente deixe-se levar (pausa).

Enquanto continua com todo seu braço, antebraço e mão direita profundamente relaxados concentre-se agora em sua mão esquerda... * Desta forma, o terapeuta avança relaxando todos os grupos musculares. Cada vez que termina de relaxar um, volta a mencionar os anteriores, da seguinte forma: ... O relaxamento se estende agora por seus braços... todo seu rosto... seu pescoço... e desce até seus ombros. Focalize agora sua atenção nesta parte do seu corpo, note como os músculos vão se soltando mais e mais... * Ao final, depois de ter relaxado o último grupo muscular (pés), insere-se: Concentre-se nos sentimentos de relaxamento. Se sua atenção divagar, traga-a de novo a esses sentimentos. Deixe todo seu ser muito, muito relaxado; muito, muito tranqüilo. Deixe seus pés, sua pernas, suas coxas, seu estômago, peito, costas, seus ombros, braços, seu pescoço, rosto, muito, muito relaxados... Seus músculos estão muito, muito soltos, muito tranqüilos. Deixe que sua respiração siga seu próprio ritmo monótono, tranqüilo. Deixe-se levar... Deixe-se levar pelo estado profundo de relaxamento. Todas as partes do seu corpo estão muito relaxadas, muito quentes, muito pesadas. Não faça nada, somente deixe-se levar. Deixe que sua respiração siga seu próprio ritmo, monótono, pesado, tranqüilo. Deixe-se levar, deixe-se levar mais e mais profundamente pelo relaxamento.”

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Relaxamento progressivo (Turner, 1996) “Feche os olhos por favor. Agora, aspire forte e mantenha o ar. Solte o ar (depois de alguns segundos). Aspire forte outra vez. Solte o ar. Agora, concentre-se em sua mão direita e feche forte o punho. Aperte o punho, forte, mais forte, ainda mais forte (10 seg. aproximadamente). Agora, gradualmente, lentamente, muito lentamente, libere a tensão do punho. Sinta como vai desaparecendo a tensão de sua mão. Concentre-se em como se sente. Pode sentir que a tensão desaparece se sua mão e, ao mesmo tempo, continua experimentando tensão nas costas e no pescoço. Aspire profundamente e mantenha o ar. Agora, solte-o. Aperte outra vez o punho direito. Forte, mais forte, ainda mais forte. Agora relaxe-o muito lentamente. Perceba a diferença entre o estado de tensão muscular e o estado de relaxamento muscular. Aspire profundamente outra vez. Relaxe. Agora aperte outra vez o punho direito. Mantenha a tensão. Solte agora a tensão da mão. Sinta a diferença entre o estado de tensão e o estado de relaxamento muscular. *Esta série é repetida para cada grupo de músculos:

1. Mãos - tensionar e relaxar os punhos. Primeiro um, logo o outro, e mais tarde os dois de uma vez.

2. Antebraço - Um de cada vez, as mãos seguram o braço da poltrona e apertam. 3. Bíceps e tríceps - Retesam-se e ralaxam-se esses grupos de músculos na

mesma seqüência que as mãos. Os bíceps são retesados dobrando o braço e retesando-o. Os tríceps podem ser retesados empurrando para baixo, sobre o braço da poltrona, com a parte posterior do antebraço.

4. Ombros - Podem ser retesados empurrando-s para frente e para trás. 5. Pescoço - Primeiro, inclina-se a cabeça para frente até que o queixo toque o

peito. No segundo passo, joga-se a cabeça para trás e logo para esquerda e para direita.

6. Boca - Deve-se abrir a boca tanto quanto seja possível. A seguir, apertam-se os lábios fortemente.

7. Língua - Aperta-se à língua contra o palato o máximo possível. Logo, aperta-se contra o solo da boca. Mais tarde, coloca-se para fora da boca tanto quanto possível.

8. Olhos - Primeiro, abrem-se os olhos o máximo possível. A seguir, fecha-se, apertando-os fortemente. Mais tarde, com os olhos fechados, levantam-se as sobrancelhas; isto elevará a tensão da testa.

9. Costas - Mantendo as costas contra a poltrona, empurre os ombros para frente. Logo, levante os ombros para trás e a parte baixa das costas para frente.

10. Abdômen - Empurre para adiante os músculos abdominais. 11. Nádegas - Retese os músculos das nádegas empurrando-os para frente e junto

com os quadris. 12. Coxas - Estenda as pernas, levante 5 cm e estire-as para fora o quanto seja

possível. 13. Panturrilha - Estenda as pernas para fora, com os dedos dos pés retos.

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CONTINUAÇÃO 14. Dedos dos pés - Primeiro, curvam-se os dedos dos pés para baixo e apertam-se

contra a parte inferior do sapato e, em segundo lugar, apertam-se contra a parte superior do sapato.

Agora, sinta a maravilhosa sensação de relaxamento que envolve. Sinta-ª Tem uma sensação cálida, de relaxamento. Está flutuando ligeiramente sobre a poltrona. Tranqüilamente. Agora, como você se classificaria numa escala? Bem? Tem algum sinal de tensão? Se tiver, retese os músculos nessa parte outra vez.” Meditação (Turner, 1996) 1. Sente-se em uma posição cômoda que suporte seu peso, de modo que diminua a tensão muscular. Não se recomenda deitar-se porque é possível que adormeça. A questão é conseguir um estado físico como o sonho, mas estando acordados.

2. Feche os olhos (2 minutos), abra os olhos (1 minuto). Feche novamente e agora permaneça.

3. Repita a palavra “um” em silêncio, em pensamento, como um ponto de concentração (pode também falar alto e depois ir diminuindo até falar silenciosamente).

4. Não julgue o conteúdo de seus pensamentos ou sua adequação. Não se preocupe com seus pensamentos nem tente controlá-los; são somente pensamentos aleatórios e não tem significado. Se tentar dar-lhes um significado, ficará ansioso e atrapalhará o procedimento.

Imagens mentais agradáveis (Turner, 1996) “Imagine que está num lindo globo aerostático. Encontra-se no solo – mantido por dois sacos de terra. Estes sacos representam todos os seus problemas. Num momento, jogará os sacos fora da barquinha e, quando fizer isto, estará arremessando todos os seus problemas. Agora, jogue o primeiro saco. Sente imediatamente uma perda de peso sobre seus ombros. Agora jogue o segundo saco e conforme faz isto sente-se alegre e ligeiro. Foram-se todas as suas preocupações. Sinta que o globo sobe suavemente cada vez mais alto. Há uma corda pendurada que lhe dá um completo

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CONTINUAÇÃO controle sobre o globo. Deslize agora sobre famosos campos e arroios; o sol brilha; no entanto, a temperatura é perfeita – nem muito quente nem muito fria. Deite em um colchão macio e regozige-se no sentimento de tranqüilidade e comodidade que sente nestes momentos. “ Imagens racionais-emotivas (Maultsby e Gore, 1999 – adaptação nossa).

1- Pensar numa determinada situação que passou, que lhe incomoda profundamente ;

2- Fechar os olhos e esboçar um ligeiro sorriso em seu rosto. Diminuir seu ritmo de respiração entre quatro e seis ciclos completos de inspiração-expiração por um minuto. É uma respiração com o “estômago”, de modo que o abdômen se elevará quando inspira;

3- Comece inspirando tranqüilamente 3 a 4 segundos, enquanto pensa ao mesmo tempo: “Estou inspirando.” Imediatamente, expire durante 4 segundos, enquanto pensa: “Estou expirando”. Ao final da expiração, descanse durante 4 segundos, enquanto pensa: “Estou relaxando”. Logo se repete esta seqüência até se encontrar relaxado; 4- Imaginar-se mentalmente a si mesmo na cena que pensou antes de começar o relaxamento, tão vividamente quanto possível; 5- Concentre-se em seus pensamentos racionais. Imagine-se tendo os sentimentos e o comportamento físico aparente. Faça com que a experiência seja tão vívida e realista quanto possível. 6- Mantenha esta imagem e volte a deter-se em seus pensamentos racionais, entrando em contato com tudo que lhe vier à mente sobre esta cena, antes da ocorrência, durante e após. 7- Agora, imagine-se nesta mesma situação, fazendo-a diferente, de uma maneira melhor. Sinta, experiencie. Deixe vir os pensamentos e a sensação agradável que lhe proporciona, veja as conseqüências deste ato. 8- Agora pode voltar a se concentrar na respiração e abrir os olhos quando estiver bem.

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Respiração Profunda (Lipp, 2000) “Coloque o dedo indicador na direção do umbigo mantendo os pés ligeiramente afastados. Ponha a mão espalmada (mão aberta) no abdome e concentre-se nos movimentos da respiração. Você pode estar sentado ou em pé. Feche os olhos e imagine que seu abdome é um balão ligado por um canudinho até o nariz. Encha os pulmões dilatando o abdome – imaginando que está enchendo o balão – e contando até cinco, até encher bem o balão. Agora solte a respiração pela boca contando até dez, esvaziando o balão devagar. Repita três vezes”. No início, é útil fazer uso das imagens do balão e do canudo; depois que aprender a respirar de modo abdominal já não é necessário colocar a mão no abdome ou imaginar a bola de encher. Basta respirar profundamente. Auto-hipnose (Azevedo, 2002)

1- Escolher um lugar calmo e propício, que esteja livre de interrupções (pode-se colocar músicas relaxantes se quiser) e deite-se ou sente-se (ficando da melhor forma possível, e que não precise forçar nenhuma parte do corpo).

2- Respire profundamente 3 vezes (fundo e lentamente), fechando os olhos. 3- Diga para si: vou relaxar todos os músculos do meu corpo, começando da

cabeça aos pés... (citar as partes do corpo lentamente e relaxa-lo à medida que falar, dando ênfase nas partes que mais precisa).

4- Pense em coisas agradáveis e diga a si mesmo que este relaxamento te aliviará de todas as tensões, ansiedades, medos e preocupações.

* Depois de praticar várias vezes e sentir que relaxa bem, pode usar o método rápido, usando apenas uma

palavra como: solta-se, acalma-te, relaxa-te, controle teus pensamentos... (depois de seguir o item 1 e 2). Automaticamente entrará neste estado.

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Imagens que aprofundam o estado de relaxamento (Caballo, 2003) Imagine um dia ensolarado. Você está passeando por um bosque onde você já esteve anteriormente. O céu está azul. Há umas pequenas nuvens brancas flutuando acima das copas das árvores. Você encontra um pequeno caminho. Sente-se alegre e relaxado, e nota como estalam os pequenos ramos caídos conforme anda pelo caminho. Você ouve o rumor da água. É um pequeno riacho que está a sua frente. A água está limpa e cristalina. No outro lado do rio você vê um campo muito verde, com poucas árvores. Você tira os sapatos e vai cruzar o rio. Sente a água morna que molha seus pés, revigorando-os. Ouve o doce trinar dos pássaros e a brisa que roça seu rosto. Um suave cheiro de grama fresca enche o ar. Você entra no meio do campo. Senta-se sob seus ramos e apóia suas costas em seu amplo tronco. Você sente a grama sob suas pernas e seus pés. Olha para cima e vê como balançam as folhas das árvores. Observa o suave azul do céu e umas pequenas nuvens brancas que flutuam nele. Respira profunda e lentamente. Sente-se completamente tranqüilo e seguro. Você desfruta dessa cena durante uns minutos. Imagens que aprofundam o estado de relaxamento (Turner, 1991, apud Caballo, 2003) Imagine que está em um lindo balão. Encontra-se no solo, preso por dois sacos de terra. Estes sacos representam todos os seus problemas. Em um momento, você arrancará os sacos e, quando fizer isto, estará arrancando todos os seus problemas. Agora, arranque o primeiro saco. Você sente imediatamente uma perda de peso sobre seus ombros. Agora, arranque o segundo saco, e conforme faz isto, vai se sentindo alegre e leve. Todas as suas preocupações foram embora. Você sente que o balão sobe suavemente, cada vez mais alto. Há uma corda pendurada que lhe dá um total controle sobre o balão. Você desliza agora sobre formosos campos; o sol brilha; porém, a temperatura é perfeita – nem muito quente, nem muito fria. Você se deita em um colchão macio e de deleita no sentido de tranqüilidade e comodidade que sente neste momento.