a possibilidade de locaÇÃo de aÇÕes e quotas como inovaÇÃo...
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A POSSIBILIDADE DE LOCAÇÃO DE AÇÕES E QUOTAS COMO
INOVAÇÃO ESTRATÉGICA
TOMÁS LIMA DE CARVALHO
RESUMO: O Direito, por ser dinâmico, deve ser utilizado de tal maneira que possa
alcançar respostas rápidas e eficientes às necessidades que surgirem. Mas não deve ser visto
tão somente como fonte para a solução e prevenção de conflitos, sequer, em apego excessivo
ao contexto legislativo ou às teses doutrinárias e jurisprudenciais já existentes. Ao contrário, o
Direito deve ser utilizado, também, como um instrumento de estruturação de objetivos, uma
ferramenta capaz de criar soluções estratégicas e inovadoras, diferentes do contexto já
existente e capaz de saciar os anseios do mundo pós-moderno, o qual vive em constante
mudança e crescimento. No âmbito do Direito Privado, em virtude do caráter dinâmico dos
contratos, a aplicação destes em face de regras e institutos próprios do direito societário
poderia gerar estratégias inovadoras mais atinentes às necessidades e peculiaridades dos
investidores, acionistas e das organizações empresariais. A locação de quotas e ações traz
reflexos inovadores dentro do contexto dos planejamentos e das estratégias jurídicas.
PALAVRAS-CHAVE: Inovação Estratégica do Direito; Direito Societário; Ações e
Quotas; Direito Contratual; Contrato de Locação; Locação de Ações e Quotas.
SUMÁRIO: 1 Introdução – 2 A Importância da Inovação no Direito – 3 Natureza
Jurídica das Ações e Quotas – 3.1 O Capital Social e a sua Subdivisão – 3.2 A Natureza
Jurídica das Quotas de Sociedade Limitada – 3.3 A Natureza Jurídica das Ações de Sociedade
Anônima – 4 O Contrato de Locação – 5 A Possibilidade de Locação de Ações e Quotas
como Inovação Estratégica – 6 Conclusão – 7 Referências Bibliográficas.
1 INTRODUÇÃO
O direito, visto como um viés dinâmico, em constante mudança, atualização,
renovação, implica premente necessidade de os seus operadores fugirem do apego excessivo
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ao contexto legislativo que é dado, bem como às teses doutrinárias e jurisprudenciais
passadas.
A adoção de uma postura inovadora pelos cientistas do direito tem o condão de abrir
um horizonte de possibilidades, relacionadas à criação de novas vertentes, de novas
estratégias, de mecanismos para solucionar ou produzir novos caminhos, além de diferenciar a
atuação profissional em relação aos seus concorrentes e trazer soluções diferenciadas e
melhor adequadas aos anseios que lhes são propostos.
Nesse contexto, o presente artigo vislumbra dar uma maior importância ao tema da
inovação estratégica do direito, tratando de introduzir esta idéia junto ao Direito Societário no
sentido de utilização de mecanismos do Direito Contratual como solução estratégica e
inovadora para ampliar possibilidades de estruturação dos objetivos das pessoas.
Para tanto, passa-se, a abordar, brevemente no segundo capítulo, acerca da
importância da inovação estratégica do direito, a fim de se superar paradigmas antigos,
atinando-se para o contexto pós-moderno e o caráter dinâmico do direito, em constante
atualização. Pretende-se, assim, incentivar a inovação, deixando-se de lado a construção
acadêmica no sentido de tratar sobre temas que já são tratados; falar de questões já muito
debatidas; propor soluções e caminhos já conhecidos, tratados expressamente em lei ou já
delineados a contento pela jurisprudência.
Partindo-se desta premissa, passa-se ao foco da aplicação de questões de Direito
Contratual junto ao Direito Societário, na determinação de interseção de ideias e conceitos
inovadores. Desta maneira, no terceiro capítulo, faz-se uma abordagem acerca do capital
social das sociedades, em especial, no que se refere à natureza jurídica das quotas de
Sociedade Limitada e ações de Sociedade Anônima, de cuja posição a ser encontrada
decorrem inúmeros reflexos.
No quarto capítulo, após analisada a natureza jurídica das quotas e ações, pretende-se
fazer uma pequena abordagem pormenorizada acerca dos Contratos de Locação, em especial,
no que concerne às regras que envolvem tal instrumento e a questão atinente ao seu objeto.
Após as análises preliminares acima, passa-se, no quinto capítulo, a demonstrar a
possibilidade de locação de quotas e ações, bem como a explorar a sua utilização como
inovação estratégica, tangendo brevemente acerca das possibilidades e cabimentos
decorrentes de tal utilização para as Companhias abertas e fechadas, bem como para as
Sociedades Limitadas.
Espera-se que o presente trabalho possa contribuir para a compreensão da
importância da inovação estratégica no Direito e a possibilidade de intercomunicação de
3
institutos de diversos ramos do direito, com vistas ao alcance de soluções novas e modernas,
ou mesmo, ampliação do campo de possibilidades, a exemplo da intercomunicação entre o
Direito Societário e o Direito Contratual, no âmbito do Direito Privado. Isso se mostra
fundamental, como sendo um primeiro passo para a construção de um sistema jurídico
dinâmico e mais adequado à hipercomplexidade da sociedade atual.
2 A IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO NO DIREITO
O Direito, que pode ser visto pelo viés sociológico como forma de apaziguamento e
inserção social, possui uma série de princípios e regras com vistas à regulamentação da vida
em sociedade, com o fim precípuo de “preservar a unidade de ordem da sociedade segundo
os imperativos dos valores do justo”1. Assim, competem aos advogados e demais operadores
do direito, diante do vasto campo legislativo que possuem à sua disposição, inferindo-se na
atual hipercomplexidade do sistema jurídico, buscar a melhor interpretação da lei, orientando
e defendendo a correta aplicação ao caso concreto, conforme seus respectivos entendimentos
e observando, inclusive reflexivamente, os próprios princípios jurídicos do discurso dialético.
Acerca do papel exercido pelo Direito, Frederico Andrade Gabrich2 preleciona com
precisão que “a ciência do Direito, como determinadora da Justiça, visa estabelecer critérios
teóricos e práticos para a solução e para a prevenção de conflitos, que determinam a paz na
sociedade, que, por sua vez, é um dos mais importantes instrumentos da felicidade”.
Todavia, considerando que todos têm à sua disposição o mesmo campo legislativo e
o mesmo acesso às informações relacionadas ao direito, especialmente no contexto do mundo
globalizado, em que a Internet facilita, em muito, o acesso às informações, ter-se-ia, em
princípio, um verdadeiro “oceano vermelho”3, em que todos os operadores se encontram
inseridos, “nadando uns contra os outros”. Por óbvio, se mostra de estrema dificuldade
destacar a atuação de determinado operador neste contexto jurídico; ou mesmo, de se criarem
diretrizes diferenciadas, novas vertentes ou novos caminhos. 1 REALE, Miguel. Teoria do Direito e do Estado. 5. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 332. 2 GABRICH, Frederico de Andrade. A Inconstitucionalidade do Artigo 2.031 do Código Civil. Revista Forense Eletrônica, v. 374, p. 578-590, 2004. 3 Alusão à obra “A Estratégia do Oceano Azul” dos autores Kim e Mauborgne (2005), pelo qual propõem que as empresas bem sucedidas são aquelas que buscam não vencer os seus concorrentes, mas sim, a criação de “oceanos azuis”, espaços de mercados ainda desbravados, onde não encontramos concorrentes. A metáfora dos oceanos azuis e vermelhos descrevem os espaços de mercado, sendo o vermelho aquele em que a competição é altíssima, ou seja, repletos de concorrentes.
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Nesse sentido, a atuação estratégica no contexto de dar nova interpretação à Lei
(hermenêutica jurídica), ou, principalmente, utilizá-la, modificá-la e adequá-la visando
ampliar as possibilidades de atuação, exercício ou defesa de interesses, dá destaque a uma
necessidade de atuação inovadora dos profissionais da área jurídica.
A ciência jurídica, com efeito, é utilizada como instrumento para solução e
prevenção de conflitos. Contudo, deve ser analisada também sob uma nova ótica: a de
instrumento para estruturação de objetivos. O Direito, visto sob este novo contexto, deixa de
ser mero coadjuvante, ou, nos dizeres de Luhmann4, óleo da engrenagem social, para ser um
sistema autônomo e também atuante na maquina social, assim como outros sistemas. Trata-se,
ainda segundo o referido autor, do primeiro passo para a construção de um sistema jurídico
dinâmico mais adequado à hipercomplexidade da sociedade atual.
Partindo-se desta premissa, é possível utilizar o direito como instrumento estratégico,
reflexivo, heterovinculador, atuante e, acima de tudo, afirmativo, mediante a construção de
um processo criativo para encontrar alternativas lícitas e, assim, possibilitar sejam
encontradas soluções inovadoras e legais para determinado objetivo. E tal processo criativo se
dá por meio da inovação.
Com efeito, a realidade da dinâmica do direito demonstra que os operadores devem
adotar estratégias competitivas distintivas no que diz respeito à elaboração de planejamentos e
soluções inovadoras. Nesse sentido, infere-se a possibilidade de o inovador se apropriar de
ganhos extraordinários gerados pelo monopólio temporário, além de influenciar o mercado
tanto no que diz respeito ao estimulo a inovar, quanto ao potencial crescimento da atuação
inovadora5.
Afinal, o direito não é estático, mas sim, dinâmico, estando em constante mudança,
movimentação e transformação. Com efeito, reconhecer a importância da inovação como
forma de abertura de horizontes de possibilidades, importa na instauração de alguns aspectos
dinâmicos, relacionados à criação de novas vertentes, de novas estratégias, de mecanismos
para solucionar ou produzir novos caminhos, além de diferenciar a atuação profissional em
relação aos seus concorrentes e trazer soluções diferenciadas e melhor adequadas aos anseios
que lhes são propostos.
Ao se pensar em inovação, em especial, no Direito, pretende-se alcançar soluções e
propostas novas, diferentes; mudanças, novas perspectivas, novas maneiras de se pensar e
4 LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1983. V. I. 5 POSSAS, Sílvia. Concorrência e Inovação. In: Pelaez, Victor; e Szmrecsányi, Tomás. (orgs.) Economia da Inovação Tecnológica. São Paulo: Hucitec, 2006, p. 34.
5
trabalhar. Desta maneira, os cientistas do direito devem fugir do conflito em que se encontram
inseridos, do contexto positivista, do excesso de normas e do apego às soluções já existentes,
seja nas doutrinas antigas (que, a todo momento se renovam, mas, na maior parte das vezes,
sempre dentro da mesma linha de pensamento) ou entendimentos jurisprudenciais já
consolidados.
Deve o Direito, assim, servir como fonte não só para a solução e prevenção de
conflitos, mas, ainda, como um instrumento de estruturação de objetivos, uma ferramenta
capaz de criar soluções estratégicas e inovadoras, diferentes do contexto já existente e capaz
de saciar os anseios do mundo pós-moderno, o qual vive em constante mudança e
crescimento. Assim, poder-se-ia alcançar respostas rápidas e eficientes às necessidades que
surgirem.
Nesse contexto, a multiplicidade de fontes do direito; a necessária comunicação entre
os diversos ramos; a regra máxima do Direito Privado, de que tudo que não é proibido é
permitido; e a multiplicidade de princípios; aliados à análise estratégica do direito, permitem
alcançar estratégias inovadoras dentro do Direito.
No âmbito do Direito Privado, por exemplo, o Direito Societário possui princípios
próprios que, muitas vezes recepcionam a maioria dos institutos da teoria geral das obrigações
e dos contratos. Dessa maneira, em virtude do caráter dinâmico dos contratos, a aplicação
destes em face de regras e institutos próprios do direito societário poderia gerar estratégias
inovadoras dentro do Direito Societário.
E isso se mostra de suma importância, já que o Direito Societário envolve também o
conhecimento da empresa, noções econômicas, de mercado, de contabilidade etc. Assim, o
estabelecimento de soluções inovadoras, dentro do contexto jurídico, para questões atinentes
às corporações possibilita aproximar o Direito dos planejamentos e das estratégias
constantemente criadas por aquelas; ou seja, trazer a ciência jurídica para dentro da vida das
empresas.
3 NATUREZA JURÍDICA DAS AÇÕES E QUOTAS
3.1 O Capital Social e a sua Subdivisão
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Em virtude da finalidade de obtenção de resultados por parte das sociedades
limitadas e anônimas, estas, para iniciar a suas atividades econômicas, necessitam de recursos
para atuar na consecução do fim social que justificou a sua criação, ou seja, de dinheiro,
máquinas, tecnologia, serviços, trabalho e outros meios indispensáveis para a organização da
empresa abrangida no objeto social, cabendo, pois, aos sócios prover tais recursos (dinheiro
ou bens).
A principal obrigação contraída pelo sócio, pois, quando da assinatura do contrato ou
estatuto social, é a de investir recursos na sociedade, disponibilizando, de seu patrimônio, os
recursos que julgar necessários ao negócio que irá explorar, em parceria com o(s) outro(s)
sócio(s). Geralmente, parte dos recursos que ingressam na sociedade para a formação de seu
patrimônio social são destinados à formação do capital social, por isso, em muitos casos, este
é composto pela “soma representativa das contribuições dos sócios”6.
Segundo Alfredo de Assis Gonçalves Neto:
O capital social, assim, representa a somatória dos valores em dinheiro das contribuições (em bens ou em dinheiro de contado) que os sócios trazem para formar o patrimônio da sociedade, seja no momento de sua constituição, seja em virtude de deliberações posteriores que o aumentem pelo ingresso de novos recursos ou que o reduzam, quer por perda significativa do mesmo patrimônio, quer por se revelar excessivo aos fins sociais. 7
Contudo, é importante observar que, na prática, o capital social nem sempre é
composto apenas por contribuições dos sócios em dinheiro e/ou em bens suscetíveis de
avaliação em dinheito, pois, em muitos casos, a sua majoração pode decorrer da incorporação
de reservas e/ou de lucros.
Muito embora se expresse em simples cifra, o capital social, segundo destaca
Hernani Estrella, “é o elemento básico à formação da sociedade e nesta desempenha papel
tão relevante que todos os sistemas legislativos editam normas visando sua realidade e
integralidade” 8.
Todavia, além de indicar o patrimônio que deve ter a sociedade, o capital social não
se confunde com o patrimônio social. Neste sentido, mais uma vez Alfredo de Assis
Gonçalves Neto 9 assim preleciona:
6 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 1. p. 401 7 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Lições de Direito Societário. 2.ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. p.199. 8 ESTRELLA, Ernani. Curso de Direito Comercial. Rio de Janeiro: Editora Konfino, 1973. 9 Op. Cit. p. 199/200.
7
Por patrimônio social deve-se entender o conjunto de bens e direitos de que a sociedade é possuidora. Já o capital social estampa o valor do patrimônio que ingressou na sociedade em virtude da contribuição dos sócios. Ou seja, o capital social é a expressão numérica em moeda do valor do patrimônio fornecido pelos sócios para sociedade, por eles reputado necessário ou adequado para a consecução dos fins sociais.
Não obstante, também neste tópico, é importante observar que o patrimônio social
não é integrado somente por bens e direitos, mas também por dívidas e obrigações. Por isso, o
capital social tem muito mais uma importância nominal e jurídica que pode servir de
parâmetro para a composição dos interesses dos sócios do que importância econômica ou
financeira.
Com efeito, o capital social das Sociedades Limitadas se subdivide em quotas, e o da
Sociedade Anônima em ações, contendo duas consideráveis diferenças entre elas: as ações
podem ser representadas por certificados (apesar disso não ocorrer na prática, desde a
Lei8.021/90 que extinguiu as ações ao portador), enquanto as quotas não são representadas
por títulos formais; a existência da ação é “desprendida” do Estatuto Social, pelo que a sua
cessão não gera efeitos modificativos no referido instrumento, enquanto que a mudança da
propriedade das quotas, implica, necessariamente, a alteração do Contrato Social.
Destarte, de suma importância perquirir acerca da natureza jurídica das quotas e
ações, de cuja posição adotada decorrem inúmeros efeitos.
3.2 A Natureza Jurídica das Quotas da Sociedade Limitada
Segundo esclarece Alfredo de Assim Gonçalves Neto10, a quota social dos sócios
“individualiza-se como um bem imaterial ou incorpóreo, de existência autônoma e de valor
próprio, que pode ser objeto de relações jurídicas. O sócio, assim, subscreve quotas, adquire
quotas, aliena quotas etc.”
Em sentido contrário, Rubens Requião, adotando posicionamento de Carvalho de
Mendonça, aduz se tratar a natureza jurídica das quotas como sendo um direito de crédito
futuro, “pois ao contribuir para a formação do capital social o sócio transfere seus cabedais
e passa a gozar apenas dos resultados líquidos do investimento”11, que, por sua vez, geram
uma expectativa de crédito futuro. Ainda segundo o Autor, referido direito abrangeria não só
10 Op. Cit. p. 208/209. 11 Op. Cit. p. 500.
8
um crédito, mas ainda seria também de ordem pessoal, caracterizado como uma espécie de
status da qualidade de sócio.
Adotando divergente posição, Arnaldo Rizzardo entende se tratar a natureza jurídica
das quotas como sendo um título representativo de crédito (título apto ao exercício de direitos
e obrigações que decorrem do contrato social), assim elucidando:
A natureza jurídica da quota é um título representativo de crédito com algumas diferenças, salientando-se a não-circulação de modo autônomo, e a sujeição a restrições de ordem legal e contratual, como a que não permite a liquidação antes da prévia dissolução da sociedade, em razão dos arts. 1.053, 1.087, 1.044 e 1.033.12
Com efeito, a simples menção à impossibilidade de não-circulação de modo
autônomo e à sujeição à restrições de ordem legal, por si só, já servem para desqualificar a
classificação como sendo título de crédito, já que ausente a sua autonomia e restrita sua
circulação. Mesmo porque, se não podem ser materialmente representados, não há que se falar
em natureza jurídica de títulos de crédito, por ausência de cartularidade.
Dúvidas não restam, pois, acerca da natureza jurídica de bens imateriais ou
incorpóreos, posto não prescritos em instrumento escrito autônomo, mas que, no entanto,
podem ser objetos de relações jurídicas.
Nesse sentido, aproximando-se ainda das considerações acima prescritas por Rubens
Requião, vislumbra-se possuir a quota social natureza jurídica de bem incorpóreo, que
consiste em direitos pessoais (deliberar, fiscalizar a sociedade, votar e ser votado etc.) e
patrimoniais (receber dividendos, participar do acervo social em caso de dissolução total ou
parcial da sociedade etc.). Assim, é que o proprietário das quotas detém a titularidade dos
direitos que lhe são relativos, ou a legitimidade para o exercício dos poderes inerentes ao
domínio, com exclusão de terceiros13.
Diante, desta maneira, de sua natureza jurídica de bem incorpóreo, seu regime
jurídico se dá pelo direito das coisas móveis, elencado no art. 83, III, do Código Civil
Brasileiro (CCB)14, com a aplicação das regras especiais exigidas pela sua feição imaterial15.
12 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Empresa. 2. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 206. 13 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Lições de Direito Societário. 2.ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. p. 209. 14 Art. 83, CCB. “Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.” 15 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Lições de Direito Societário. 2.ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. p. 209.
9
Segundo preleciona Silvio de Salvo Venosa, “os bens incorpóreos não têm
existência tangível. São direitos das pessoas sobre as coisas, sobre o produto de seu intelecto,
ou em relação a outra pessoa, com valor econômico: direitos autorais, créditos, invenções”16.
Embora não possam ser objetos de usucapião nem de transferência pela tradição (que requer a
entrega material da coisa), podem ser objetos de cessão, já que possuem existência jurídica.
Desta feita, por possuírem existência jurídica e, como tal, ser objetos de cessão, as
quotas de Sociedade Limitada, podem ser objeto de transmissão por ato inter vivios ou causa
mortis; objeto de penhor para garantir dívida do sócio ou de terceiro; pode ser dada em
usufruto; ou pode ser objeto de penhora17. E, nesse mesmo sentido, inexistem óbices para que
possa figurar como sendo objeto de contrato de locação.
3.3 A Natureza Jurídica das Ações de Sociedade Anônima
O surgimento da sociedade anônima relega-se, mais diretamente, nas companhias
coloniais fundadas a partir do sec. XVII, em concurso com o Estado e a iniciativa privada, no
intuito de explorar e colonizar a América, África e Índia. As Companhias Holandesas das
Índias Ocidentais, surgidas em 1612, contavam com a participação de acionistas não
empresários, os quais, não obstante não tivessem participação nas deliberações sociais,
detinham o direito quanto à participação dos resultados, na forma de dividendos18.
Nesse sentido, a criação das sociedades anônimas, vinculada às grandes descobertas
e viagens marítimas, proporcionou um processo de transferência de riquezas, culminando no
aumento do risco decorrente da natureza do empreendimento e a necessidade de captação de
recursos compatíveis com o porte do empreendimento. Isso porque a sua existência decorreu
da necessidade de um instrumento jurídico adequado para superar as dificuldades então
existentes: limitação da responsabilidade patrimonial (redução do risco) e possibilidade de
busca de recursos em mãos de poupadores, interessados na remuneração sobre o capital
investido19.
16 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. v. 1. p. 305. 17 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Lições de Direito Societário. 2.ed. rev. e atual. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004. p. 209. 18 PAPINI, Roberto. Sociedade Anônima e Mercado de Valores Mobiliários. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 33/35. 19 PAPINI, Roberto. Sociedade Anônima e Mercado de Valores Mobiliários. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 36/37.
10
Com efeito, tal como ocorre na atualidade, as ações de Sociedade Anônima conferem
ao seu titular um direito de crédito, mas, em razão de tal fato, poder-se-ia ser considerada
como um título de crédito e, como tal, pertencente à categoria dos bens móveis?
Em sentido positivo, Arnaldo Rizzardo esclarece que a natureza jurídica das ações
como sendo títulos de crédito se justificam pelo fato de fazerem “emanar direitos,
assegurando o titular a participação na vida social, tomando parta da vida na sociedade, e
influindo nas decisões com o exercício do voto”20.
Também de maneira afirmativa, Rubens Requião acrescenta, de forma didática, que a
qualidade de acionista gera direito patrimonial e pessoal, seja, respectivamente, no que
concerne à participação nos lucros ou na participação da vida social mediante voto ou
fiscalização de seus negócios21.
Contudo, é importante destacar que, no Brasil, o direito a voto não é essencial à
caracterização das ações, haja vista o disposto no art. 111 da Lei 6.404/76, que permite ao
estatuto limitar ou restringir o direito de voto das ações preferenciais, mediante cláusula
expressa.
Não obstante, Roberto Papini esclarece que “com a extinção da forma ao portador as
ações não mais apresentam todas as características de título de crédito (falta cartularidade à
ação nominativa, pois o exercício do direito é independente do documento)22. E ainda
acrescenta, afirmando que se trataria, pois, de um título de crédito impropriamente dito, que
confere apenas participação e legitimação corporativos.
Tratando com propriedade acerca da problemática, Modesto Carvalhosa assevera que
a ação escritural não mais pode ser vista como sendo um título de crédito, na medida em que
não mais pode ser representada por certificado (ausência do requisito fundamental do
documento), tratando-se, assim, de valor patrimonial incorpóreo:
Restando atualmente, apenas a forma nominativa (Lei n°. 8.021, de 1990), sob as subformas registrada e escritural, perderam os certificados sua função primordial de materializar direitos inerentes à qualidade de acionista, não tendo qualquer utilidade. Com efeito, sua emissão, no caso das ações nominativas escriturais (art. 34), é impossível, dada sua natureza de bens incorpóreos, que não permite, em nenhuma hipótese, a representação por certificado, e, no caso das nominativas registradas (art. 31), é desnecessária, pois o certificado não possui qualquer função constitutiva de direitos. Não tem a eficácia de documento autônomo, por lhe faltar literalidade. A declaração cartular do certificado nominativo não representa uma declaração bastante
20 Op. Cit. p. 319. 21 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 2. p. 74/75. 22 PAPINI, Roberto. Sociedade Anônima e Mercado de Valores Mobiliários. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 60.
11
de vontade que pudesse ser exercitada mediante a simples apresentação do documento, como no caso das extintas ações ao portador23.
Destarte, no que concerne às ações, representativas de parcela do capital social das
sociedades por ações (Sociedade Anônima e Comandita por Ações) e que geram direitos
patrimoniais e pessoais, infere-se, com exceção das escriturais, que as mesmas são bens e,
portanto, podem ser objetos de diversos negócios jurídicos, a exemplo de venda, cessão,
doação, locação, usufruto, caução, penhor etc.
Diante da divergência doutrinária instaurada, preferimos aquela solução trazida com
propriedade por Américo Luíz Martins da Silva, pela qual, abordando-se as diversas posições
doutrinárias existentes, conclui não se tratar a natureza jurídica das ações de um título de
crédito propriamente dito, mas sim, “um indicativo, cartular ou não, de participação do
acionista no empreendimento”.
E ainda acrescenta o referido autor que:
Esta ação, dentro dos limites por ela mesma estabelecidos em relação ao montante do capital social, em vista de sua própria natureza, expressa, em proporcionalidade com aquele, o domínio indireto sobre uma parte na universalidade indivisa dos bens sociais, pois o fundo social está indiviso entre todos os acionistas. Como consequência do domínio indireto, tem o acionista o direito à percepção dos frutos resultantes da utilização econômica e comercial do bem entregue (dividendos), que fica ao dispor da sociedade, como, também, o direito de participar direta ou indiretamente da gestão do empreendimento, sendo o domínio sobre o bem, ou o seu equivalente em espécie, resgatado pelo acionista, quando discordar dos caminhos que a sociedade tomou (acionista dissidente) ou quando for dissolvida a união dos bens sociais (liquidação da sociedade). 24
Desta maneira, tal como ocorre com relação às quotas, as ações têm seu regime
jurídico regido pelo direito das coisas móveis, elencado no art. 83, III, do Código Civil
Brasileiro (CCB)25 e, portanto, podem ser objetos de cessão, compra e venda, locação etc..
Convém observar, todavia, que, apesar de não atender a todos os requisitos formais
do citado art. 83 do Código Civil para serem considerados como bens móveis por natureza, o
caráter mobiliário da ação decorre de disposição legal expressa, sobretudo por meio dos arts.
41 a 43 da Lei 6.406/76, que regulam a possibilidade de celebração do contrato de custódia de
23 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à lei de sociedades anônimas: artigos 1°. a 74. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. v.1. p. 140/141. 24 SILVA, Américo Luís Martins da. As Ações das Sociedades e os Títulos de Crédito. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 180. 25 Art. 83, CCB. “Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.”
12
ações fungíveis. Da mesma forma, as ações são expressamente classificadas como valores
mobiliários nos termos do art. 2º, I, da Lei 6.385/7626
4 O CONTRATO DE LOCAÇÃO
Como bem assevera Carlos Roberto Gonçalves, o contrato de locação “[...] sempre
desfrutou de enorme prestígio no direito privado, figurando hoje logo em seguida à compra e
venda, no grau de utilização e importância no mundo negocial”27.
O Contrato de Locação pode ser conceituado como o negócio jurídico pelo qual uma
das partes se obriga à concessão, à outra, temporariamente e mediante contraprestação, o uso
e gozo de coisa não fungível. Da dicção do art. 565 do Código Civil Brasileiro (CCB), define-
se o contrato de locação como sendo o negócio jurídico pelo qual “uma das partes se obriga a
ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante
certa retribuição”.
Por bem infungível, esclarece Silvio de Salvo Venosa ser “aqueles corpos certos,
que não admitem substituição por outros do mesmo gênero, quantidade e qualidade”28. E
ainda complementa, o referido autor, no sentido de que “a fungibilidade ou infungibilidade é
conceito próprio das coisas móveis”29.
Discorrendo acerca da questão, Caio Mário da Silva Pereira preleciona, com
propriedade, que “As coisas infungíveis, ao revés, caracterizam-se pelos requisitos próprios
que as individuam como corpo certo, o que impede ao devedor entregar uma por outra em
solução do obrigado”30.
Por envolver prestações recíprocas, ou seja, por gerar obrigações para ambas as
partes, trata-se de contrato bilateral, sendo admitida, ainda, a figura da “exceção do contrato
não cumprido”, prescrita no art. 476 do Código Civil Brasileiro31. Além disso, o contrato de
26 Art. 2o, Lei 6.385/76. “São valores mobiliários sujeitos ao regime desta Lei: I - as ações, debêntures e bônus de subscrição;” 27 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: contratos e atos unilaterais. 6. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2009. v. III. p. 285. 28 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. v. 1. p. 315. 29 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. v. 1. p. 317. 30 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. v.1. p. 368. 31 CCB. Art. 476. “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.
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locação é classificado como sendo oneroso, consensual, comutativo, não solene e de trato
sucessivo (ou de execução continuada).
Diz-se oneroso porque importa, necessariamente, “em vantagem e sacrifício para as
partes”32, ou seja, a obrigação de uma das partes equivale ao cumprimento da prestação
assumida pela outra parte. Do contrário, se a cessão da coisa fosse gratuita, ter-se-ia de
contrato de comodato, e não o de locação.
É consensual na medida em que o seu aperfeiçoamento encontra-se atrelado à
manifestação de vontade das partes, além de independer da entrega da coisa para que se tenha
como perfeito (esta se mostra apenas necessária apenas na fase de execução ou cumprimento
do contrato). Além disso, o contrato de locação é comutativo uma vez que não importa
assunção de riscos, já que as prestações são estritamente previstas no contrato, de forma certa
e não aleatória.
O contrato de locação é não-solene, ainda, por não exigir a lei forma especial,
podendo, inclusive, ser verbal. Lado outro, como bem lembra Carlos Roberto Gonçalves,
“para se convencionar uma garantia, como a fiança, por exemplo, o contrato deve
obrigatoriamente ser escrito”33. Assim sendo, infere-se que a sua forma é livre, somente
sendo exigida em casos especiais, a exemplo daquele constante na Lei do Inquilinato (Lei
8.245/91).
Com efeito, o contrato de locação pode ser celebrado por prazo determinado ou
indeterminado. Independentemente, diz-se tratar de contrato de trato sucessivo uma vez que
se prolonga ao longo do tempo (ainda que determinado), possuindo prestações periódicas, o
que implica a sua não extinção com o pagamento de uma parcela.
Pelo contrato de locação, o locatário exerce posse direta sobre a coisa, embora de
maneira precária. Como elementos principais do contrato, infere-se a necessidade conjunta de
definição de objeto, preço e consentimento.
Com relação ao preço, denominado de aluguel ou remuneração, consoante já
mencionado, trata-se de elemento essencial do contrato, uma vez que se o uso e gozo da coisa
o fossem cedidos a título gratuito, ter-se-ia de verdadeiro comodato, e não locação. A fixação
do preço pode ser feita pelas partes, pode ocorrer mediante ato governamental, ou
arbitramento administrativo ou judicial; só não se pode consignar no instrumento contratual a
sua estipulação a cargo exclusivo (e arbitrário) de uma das partes contratantes.
32 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Contratos em Espécie. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. v. 3. p. 127. 33 Op. Cit. p. 286.
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No que concerne ao consentimento, que pode ser expresso ou tácito, preleciona
Carlos Roberto Gonçalves que “é capaz de locar quem tem poderes de administração. Não se
exige, necessariamente, que seja proprietário [...]. O proprietário aparente, como é o
possuidor de boa-fé, estando usufruindo da coisa, pode arrendá-la ou locá-la”34. Já quanto a
pessoa do locatário, este deve ser estranho à coisa locada, na medida em que não pode receber
coisa sua em locação, “salvo se o uso da coisa, por força do contrato ou em virtude de lei,
pertencer validamente a outrem”35.
Com relação ao objeto, cuja análise é o cerne da questão do presente estudo, infere-
se que pode ser coisa móvel ou imóvel, sendo que aquela deverá ser infungível. Nesse
sentido, esclarece Silvio de Salvo Venosa:
Quanto ao objeto da coisa locada, o art. 565 (antigo, art. 1.188) adverte que trata de bem não fungível. Isso porque incumbe ao locatário restituí-la ao locador uma vez findo o contrato, nos termos do art. 569, IV (antigo, art. 1.192, IV). Ficam, portanto, excluídas da locação as coisas consumíveis, como a energia elétrica anteriormente referida. O objeto do contrato deve ser apto à utilização e fruição pelo locador. Objeto inidôneo, neste ou e qualquer outro contrato, torna nulo o negócio. Destarte, nula será a locação de objeto ilícito. Não é necessário que o locador tenha o poder de dispor da coisa, pois pode até não ser seu dono, como ocorre com o usufrutuário. Basta que tenha o poder de cedê-la; dá-la em locação36.
Com relação aos esclarecimentos do referido autor, cumpre elucidar que, atualmente,
há possibilidade de a locação recair sobre bem fungível, inclusive energia elétrica, no âmbito
do Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE), nos termos da Lei nº 10.848, de 2004.
Por fim, importa perquirir acerca das obrigações atinentes ao locador e locatário,
inerentes ao contrato de locação. Quanto ao locador, o art. 566 do Código Civil Brasileiro
estabelece a obrigação de (i) entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em
estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato,
salvo cláusula expressa em contrário; e (ii) a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso
pacífico da coisa.
Da dicção do art. 567 do Código Civil Brasileiro, ocorrendo a deterioração da coisa
sem culpa do locatário, caberá a este um pedido ao locador de redução proporcional do valor
do aluguel, ou, não servindo a coisa para o fim a que se destinava, requerer a resolução do
contrato.
34 Op. Cit. p. 290. 35 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: contratos e atos unilaterais. 6. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2009. v. III. p. 290. 36 Op. Cit. p. 129.
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Quanto ao locatário, dispõe o art. 569 do Código Civil Brasileiro, quanto às suas
obrigações: “I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos,
conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como
se sua fosse; II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste,
segundo o costume do lugar; III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de
terceiros, que se pretendam fundadas em direito; IV - a restituir a coisa, finda a locação, no
estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular.”
Chama-se a atenção para o fato de que o desvio de finalidade, a ser auferido em cada
caso, pode ensejar em infração ao contrato, culminando em sua rescisão antecipada, sem
prejuízo do pagamento das perdas e danos que se verificarem37. Além disso, ao final da
locação, se por prazo determinado, deve o locatário automaticamente restituir a coisa; ou, o
sendo por prazo indeterminado, deverá fazê-lo após notificado para tanto, sob pena de
permanecer pagando o valor do aluguel enquanto a tiver em seu poder (art. 575 do Código
Civil Brasileiro38).
5 A POSSIBILIDADE DE LOCAÇÃO DE AÇÕES E QUOTAS COMO INOVAÇÃO
ESTRATÉGICA
Uma vez perquiridas as naturezas jurídicas das quotas de Sociedades Limitadas e
Ações de Sociedades Anônimas, bem como após a análise perfunctória do Contrato de
Locação, demonstrar-se-á a possibilidade, dentro do contexto de inovação estratégica do
direito, de aquelas poderem ser objetos deste instrumento de negócio jurídico.
Reportando-se à lição de Cézar Fiuza39, cumpre trazer à tona o caráter dinâmico dos
contratos, colocando em voga a sua função social e econômica; bem como a cooperação
inerente ao seu processamento:
37 Complementa, ainda, SILVIO VENOSA (VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Contratos em Espécie. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. v. 3. p. 131), que “se preferir, pode o locador ingressar com ação para que o locatário cesse ou se abstenha do uso indevido. A lei especifica o uso convencionado ou presumido. É necessário examinar o caso concreto. Importante por vezes tornar-se-á a prova pericial”. 38 CCB. Art. 575. “Se, notificado o locatário, não restituir a coisa, pagará, enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o locador arbitrar, e responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora proveniente de caso fortuito”. 39 FIÚZA, César Augusto de Castro. Por uma Redefinição da Contratualidade. In FIUZA, C. A. C. (Org.) ; SÁ, Maria de Fátima Freire de (Org.) ; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira (Org.) . Direito Civil - Atualidades II. 1. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007. p. 264/265.
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Não se deve jamais esquecer o caráter dinâmico dos contratos, que são fontes de relações obrigacionais que se movimentam, que se transformam no tempo e no espaço. Sem essa visão de contrato enquanto processo dinâmico, não se poderia falar em função social e, muito menos, em função econômica Além da dinâmica, a relação contratual se processa em cooperação. Não se pode ver nas partes contratantes inimigos, um desejando destruir o outro. Para o contrato chegar a bom termo, deixando todos satisfeitos, é fundamental que as partes possam exigir cooperação recíproca. Por fim, vem a lei, dando o necessário respaldo às partes que têm a segurança de que, se contratarem segundo o ordenamento jurídico, terão seus direitos assegurados. [...]
Como visto, as quotas de Sociedade Limitada têm natureza jurídica de bem
incorpóreo e, por tal razão, seu regime jurídico se dá pelo direito das coisas móveis, elencado
no art. 83, III, do Código Civil Brasileiro (CCB)40, com a aplicação das regras especiais
exigidas pela sua feição imaterial41. De igual modo, as ações de Sociedade Anônimas também
são tratadas como bens móveis, para os fins do citado art. 83, III, do CCB.
Desta feita, por possuírem existência jurídica e, como tal, poderem ser objetos de
cessão, as quotas de Sociedade Limitada e ações de Sociedades Anônimas podem ser objeto
de transmissão por ato inter vivios ou causa mortis; objeto de penhor para garantir dívida do
sócio ou de terceiro; pode ser dada em usufruto; ou pode ser objeto de penhora.
No sistema jurídico brasileiro, tanto as quotas quanto as ações são obrigatoriamente
nominativas, e isso retira delas a fungibilidade plena, possível somente nos ordenamentos que
permitem a existência de quotas e ações ao portador. E, como tal, por se tratarem de bem
móvel infungível, as quotas e ações são compatíveis, assim, para figurarem como sendo
objeto de Contrato de Locação.
Em se tratando de locação de ações, para as Companhias de capital aberto, a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no contexto das políticas emanadas pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN)42, expediu a Instrução CVM n°. 249/2006, dispondo acerca do
empréstimo de ações pelas entidades prestadoras de serviços de liquidação, registro e custódia
de ações.
Pela dicção do art. 1º da referida norma reguladora, as entidades prestadoras de
serviços de liquidação, registro e custódia de ações poderão manter serviço de empréstimo de
40 Art. 83, CCB. “Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.” 41 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Lições de Direito Societário. 2.ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. p. 209. 42 A exemplo da Resolução CMN nº 1.289, de 20.03.87; Resolução CMN nº 1.787, de 01.02.91; e Resolução CMN nº 2.268,de 11.04.96.
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ações de emissão de companhias abertas, mediante aprovação prévia da CVM. Para tanto,
referidas ações devem estar depositadas em custódia fungível nas respectivas entidades, livres
de ônus ou gravames que impeçam sua circulação, e seus titulares devem previamente
autorizar por escrito a realização de operações desta natureza.
Para tanto, estabelece o art. 3º da referida Instrução que o contrato de empréstimo a
ser celebrado deverá mencionar, no mínimo:
(i) o prazo de sua vigência e se renovável ou não automaticamente;
(ii) o compromisso de o tomador liquidar o empréstimo mediante a entrega de ações
da mesma espécie, classe e companhia, independentemente do número de ordem;
(iii) o tratamento a ser conferido aos direitos inerentes às ações utilizadas na operação
de empréstimo;
(iv) a obrigatoriedade de o tomador dar garantias equivalentes a 100% (cem por cento)
do valor das ações objeto do empréstimo, acrescido de percentual adicional
destinado a compensar a variação desse valor em dois pregões consecutivos, a
favor da entidade prestadora de serviços de liquidação, registro e custódia de
ações;
(v) a faculdade de a entidade prestadora de serviços de liquidação, registro e custódia
de ações exigir do tomador do empréstimo a entrega de garantias adicionais, a
qualquer momento e segundo os seus critérios, bem como de proceder à venda,
independentemente de formalidade judicial ou extrajudicial, de títulos e valores
mobiliários ou outros ativos que constituam a garantia da operação de empréstimo,
quando o tomador deixar de atender qualquer obrigação decorrente dessa operação
no prazo regulamentar estabelecido;
(vi) além das garantias previstas no inciso anterior, o intermediário poderá exigir do
tomador do empréstimo a entrega de garantias adicionais, a qualquer momento e
segundo os seus critérios, bem como proceder à venda, independentemente de
formalidade judicial ou extrajudicial, de títulos e valores mobiliários ou outros
ativos que constituam esta garantia adicional da operação de empréstimo, quando
o tomador deixar de atender a qualquer obrigação decorrente dessa operação no
prazo regulamentar estabelecido; e, por fim,
(vii) a forma de remuneração do empréstimo e de cobrança de taxas e encargos
incidentes. (g.n.)
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No que concerne às ações de Sociedades Anônimas abertas, portanto, dentro do
contexto do mercado de capitais, infere-se que qualquer investidor ou companhia aberta
interessada pode oferecê-las para locação já que no caso, havendo remuneração esta fica
caracterizada.
Convém asseverar que não há limitação regulatória acerca do alcance dos direitos
inerentes à titularidade das ações objetos da locação. Melhor dizendo, por implicar direitos
pessoais e patrimoniais, conforme já visto, em não havendo qualquer especificação ou
limitação no contrato, infere-se que ao locatário são dados o uso e gozo de todos os direitos
inerentes à titularidade ações, como não só o direito de exercício de voto (se for o caso) e
participação em assembleias de acionistas, mas, também, direito sobre os dividendos e
eventuais bonificações da companhia.
Aquele que dá em locação as ações de sua titularidade é denominado locador,
enquanto quem toma os papéis é chamado de tomador. Com efeito, a motivação para a
celebração de contrato de locação de ações de Companhia Aberta decorre de questão
exclusivamente financeira. Assim como ocorre com bens imóveis, por exemplo, há
possibilidade de locação de ações no intuito de auferir uma renda extra.
Neste caso, para o doador, a taxa de aluguel tem o condão de se afigurar como um
rendimento, adicional ou não43, das ações; enquanto para o tomador, a posse da referida ação
possibilita o exercício de determinadas operações no mercado de capitais, como a realização
de opções de compra, liquidação de posições no mercado à vista e garantia de operações no
mercado futuro44.
Ao tomador, inclusive, pode ser vantajoso alugar as ações com menor liquidez e,
durante o período do contrato de locação, negociá-las no mercado a um preço alto e,
posteriormente, comprá-las a um preço menor, auferindo vantagem em razão do ágio obtido.
Saliente-se, outrossim, que a Resolução n°. 3.914/3010 do Banco Central do Brasil
veda expressamente às instituições financeiras a realização de aluguel, troca ou empréstimo
de títulos, valores mobiliários e outro ativo financeiro para investidor não residente no
mercado brasileiro, cujo objetivo seja o de realizar operações nos mercados de derivativos;
embora as operações já contratadas anteriormente à publicação da referida norma possam ser
43 Consoante salientado, o Contrato de Locação deve estabelecer, pormenorizadamente, os direitos pessoais ou patrimoniais, inerentes à ação, que serão dados em locação. Poderá, assim, o titular (locador) ceder também os direitos patrimoniais, como dividendos, bonificações e subscrições, que, por óbvio, englobarão o preço da locação. 44 Nesse sentido, conferir: YAZBEK, Otávio. Regulação do Mercado Financeiro e de Capitais. 2. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 103/111 e 115/120.
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mantidas até os seus respectivos vencimentos ou, não havendo prazo determinado, até 31 de
dezembro de 2010.
Conquanto inexista legislação ou norma reguladora tratando da questão da locação
de quotas ou ações para, respectivamente, as Sociedades Limitadas e Sociedades Anônimas
fechadas, vislumbra-se, consoante acima já restou alinhavado, se tratar de objeto lícito e
possível, possuindo, ainda, forma não vedada em lei.
Assim sendo, em não havendo proibição específica no Contrato Social ou Estatuto
Social, acerca de locação de quotas e ações, ou ainda, limitações ao referido exercício
(percentual máximo, direitos inerentes à titularidade que poderão ser exercidos, etc.), infere-se
a plena possibilidade da locação de ações e quotas. Mais uma vez, reportando-se à máxima do
Direito Privado, impende ressaltar que tudo aquilo que não é proibido é permitido.
Desta feita, se traduzindo em uma forma inovadora de atingir diversos objetivos
mediante o exercício do status de sócio ou possuidor de ações de Companhias abertas, o
instituto da locação também se mostra interessante no que concerne às ações de sociedades
anônimas fechadas e sociedades limitadas, seja como modelo de investimento, seja como
instrumento de participação em deliberações sociais, seja ainda, para composição temporária
dos interesses das partes.
No caso das sociedades anônimas fechadas, por exemplo, a utilização de contrato de
locação de ações pode ser direcionada como uma forma alternativa (inovadora, estratégica)
para reunir a maioria do capital social e, assim, em regra45, possibilitar o exercício do poder
de controle; além daquela possibilidade de se auferir uma renda extra, tal como ocorre em
face das Companhias abertas.
Com relação às Sociedades Limitadas, lado outro, a locação de quotas de uma
sociedade junto à outra pode se afigurar como um meio lícito para assegurar a transferência de
recursos entre elas, contabilmente justificado, evitando-se a caracterização de eventual grupo
econômico, ou mesmo, confusão patrimonial.
Vale salientar, outrossim, que a transferência objeto do contrato de locação è a posse,
e não a titularidade. Destarte, os deveres e responsabilidades do sócio proprietário das quotas
ou ações permanecem integralmente intactos e, como tal, não se pode imputá-las ao terceiro
locatário como forma de isenção.
45 Existem determinadas peculiaridades que podem impedir o exercício do poder de controle, mesmo diante da reunião da maioria absoluta do capital social, a exemplo da instituição de ações “golden shares”, as quais possuem poder absoluto de veto, na forma e peculiaridades que o estatuto ou acordo de acionistas determinar.
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6 CONCLUSÃO
Seguindo-se o contexto do princípio da ampla liberdade, é possível a celebração de
negócio jurídico inominado ou atípico, conforme prescrevem os princípios gerais dos
contratos. Isso, porque diante da natureza jurídica dos contratos em geral – e desde que o
objeto seja lícito, possível e determinado, bem como sendo as partes plenamente capazes e
não tenha a sua forma não defesa em lei46 – as partes são livres para pactuar o objeto da
locação.
Desta forma, as partes, gozando de capacidade plena, podem usar, gozar e dispor de
seus bens da maneira que acharem melhor, a teor do art. 1.228 do Código Civil Brasileiro47.
Consoante salienta Bruno Albergaria, “um dos fatores da globalização é a
dinamização e volatividade das empresas”48, que “buscam sempre espaço mais favorável
para obter o menor custo de produção”49. Diante de tal fato, o Direito Societário, por
envolver também o conhecimento da empresa, noções econômicas, de mercado, de
contabilidade, deve ser direcionado para o estabelecimento de soluções inovadoras, dentro do
contexto jurídico, para questões atinentes às organizações empresariais, possibilitando
aproximar o Direito dos planejamentos e das estratégias constantemente criadas por aquelas;
ou seja, trazer a ciência jurídica para a vida das empresas.
Como visto acima, as quotas de Sociedade Limitada têm natureza jurídica de bem
incorpóreo e, por tal razão, seu regime jurídico se dá pelo direito das coisas móveis, elencado
no art. 83, III, do Código Civil Brasileiro (CCB)50, com a aplicação das regras especiais
exigidas pela sua feição imaterial51. De igual modo, as ações de Sociedade Anônimas também
são tratadas como bens móveis, para os fins do citado art. 83, III, do CCB.
46 Conforme art. 104 do Código Civil Brasileiro. 47 CCB. Art. 1.228. “Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. 48 ALBERGARIA, Bruno. A melhor Estratégia do Direito Internacional Público para inflingir às Empresas Transnacionais a melhor Conduta Ambiental. In. AMARAL, Paulo Adyr Dias do (Coord); FLORIANO NETO, Alex (Coord.). Direito Empresarial: Teorias, Práticas e Estratégias. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. p. 29. 49 ALBERGARIA, Bruno. A melhor Estratégia do Direito Internacional Público para inflingir às Empresas Transnacionais a melhor Conduta Ambiental. In. AMARAL, Paulo Adyr Dias do (Coord); FLORIANO NETO, Alex (Coord.). Direito Empresarial: Teorias, Práticas e Estratégias. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. p. 28. 50 Art. 83, CCB. “Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.” 51 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Lições de Direito Societário. 2.ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. p. 209.
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Desta feita, por possuírem existência jurídica e, como tal, poderem ser objetos de
cessão, as quotas de Sociedade Limitada e ações de Sociedades Anônimas podem ser objeto
de Contrato de Locação, já que este abrange qualquer coisa móvel (infungível) ou imóvel. E,
desta forma, inúmeras estratégias inovadoras podem decorrer do uso da locação de quotas e
de ações, seja para auferir rendimentos extras, utilizar do direito de voto e exercer controle
acionário, receber dividendos etc.
Destarte, a comunicação de áreas dentro do Direito, a exemplo dos Direitos
Contratual e Societário, tem o condão de abrir um horizonte de possibilidades, relacionados à
criação de novas vertentes, de novas estratégias, de mecanismos para solucionar ou produzir
novos caminhos; todos, inovadores às necessidades das organizações empresariais, bem como
aos anseios dos investidores e acionistas.
Por tais razões, impende a necessidade de se atribuir uma maior importância ao tema
da inovação estratégica do direito, imprescindível para a utilização do sistema jurídico não
apenas como sendo fonte para a solução e prevenção de conflitos, mas, ainda, como um
instrumento de estruturação de objetivos, uma ferramenta capaz de criar soluções estratégicas
e inovadoras, rápidas e eficientes às necessidades que surgirem, diferentes do contexto já
existente e capaz de saciar os anseios do mundo pós-moderno, o qual, tal como o Direito, vive
em constante mudança e crescimento.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERGARIA, Bruno. A melhor Estratégia do Direito Internacional Público para inflingir às Empresas Transnacionais a melhor Conduta Ambiental. In. AMARAL, Paulo Adyr Dias do (Coord); FLORIANO NETO, Alex (Coord.). Direito Empresarial: Teorias, Práticas e Estratégias. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução 3.914, de 20 de outubro de 2010. Veda a realização de operações de aluguel, troca e empréstimo de títulos, valores mobiliários e outro ativo financeiro realizadas pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil a investidor não residente, nas situações que especifica. Diário Oficial da União, 21 out. 2010. Disponível em <https://www3.bcb.g ov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormativo&N=110089731>. Acesso em: 23 mar. 2011. BRASIL. Lei n°. 6.385, de 07 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o Mercado de Valores Mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Diário Oficial da União, 07 dez. 1976. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L6385.htm>. Acesso em: 23 mar. 2011.
22
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