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  • APLICAO DO SISTEMA CARSHARING UTILIZANDO UM NOVO CONCEITO DE VECULO URBANO

    M. S. Castro, E. Rosa, L. G. Goldner,

    RESUMO Esta pesquisa prope um conceito de mobilidade urbana, atravs da aplicao de veculos pequenos e estreitos, em sistema carsharing, como alternativa de transporte individual urbano na cidade de Florianpolis, estado de Santa Catarina, Brasil. Sero desenvolvidas estratgias de trfego baseadas em simulaes computacionais e em dados de trfego, coletados em Florianpolis, para definio de rotas de acesso aos plos geradores de trfego, incorporao de estaes de acesso do sistema e avaliao do nvel de servio do conceito proposto. O veculo estudado de propulso hbrida (eltrica e combusto interna), para duas pessoas, possui trs rodas e ocupa metade da largura de um automvel comum. desejada, portanto, a avaliao da eficcia do sistema no entorno dos centros urbanos em situaes de grande volume de trfego e com as limitaes de acessos na malha viria de Florianpolis, por suas caractersticas topogrficas e alto grau de motorizao da populao. 1 INTRODUO Em todas as grandes cidades do mundo, o cenrio atual do transporte urbano tem apresentado uma condio crtica, piorando rapidamente, devido ao acmulo de veculos privados nos grandes centros urbanos. Pode-se observar, claramente, uma crescente preocupao no que se refere ao transporte e qualidade de vida nas cidades e uma necessidade de deslocamento da populao utilizando-se uma poltica de desenvolvimento sustentado e ecologicamente correta. Conforme Lopensino (2002), o excesso de veculos trafegando em zonas com grande ocupao do solo gera a condio de engarrafamentos constantes, falta de locais para estacionamento, etc. Isso acarreta uma srie de problemas graves para as cidades, sejam eles de ordem econmicos ou associados poluio ambiental, mas sempre ligados qualidade de vida das pessoas que vivem nessas cidades ou precisam trafegar por elas. O automvel atual, do ponto de vista do funcionamento do mesmo e sua interao com o trnsito, agrega uma srie de ineficincias. Segundo Larica (2003) e Silva (2004), os veculos atuais so capazes de ocupar 90% do espao virio e deslocar somente 20% das pessoas e, devido as suas grandes dimenses e uma taxa mdia de ocupantes de 1,4 por veculo no Brasil, (mesmo sendo normalmente projetados para cinco pessoas). Em termos de construo e motorizao, o automvel segue a mesma arquitetura bsica desde que foi inventado, segundo Hawken et al (2000). O rendimento da propulso mais utilizada nos

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  • veculos atuais, o motor a combusto interna gasolina, no superior a 20% entre a energia de combustvel que consume e a utilizada para colocar o veculo em movimento e, considerando uma massa de 1,5 toneladas do veculo e o mesmo transportando somente um motorista de 75 kg, aproximadamente apenas 1% da energia disponvel no combustvel contido no tanque do veculo utilizada efetivamente para deslocar o motorista, considerando, ainda, uma condio de trajeto plano e na velocidade mais econmica. No Brasil, 80% dos veculos circulantes nas cidades viajam no mais de 60 minutos por dia transportando, conforme citado anteriormente, em mdia 1,4 pessoas por veculo. Outro meio de transporte individual motorizado, as motocicletas, principalmente as de baixa cilindrada (at 250 cc) so eficientes no que diz respeito agilidade e economia de combustvel devido a seu peso e dimenses reduzidas, mas no protegem os ocupantes do frio, da chuva, e principalmente, de choques e quedas. Os servios de moto-frete para entrega de produtos leves contribuem significativamente para o crescimento do uso das motocicletas, e conseqentemente, para aumentar o nmero de vtimas de trnsito, principalmente por conta da imprudncia e, at mesmo, o despreparo para a conduo das motos. Nos ltimos anos, muitos sistemas de transporte tm sido propostos como soluo de mobilidade inovadora. Em geral, uso de veculos menores, de sistemas de compartilhamento de veculos e de integraes inteligentes entre os modais de transporte tm sido projetados e implantados nas cidades como soluo ao cenrio atual. Alm disso, tem surgido uma srie de questionamentos sobre os mtodos de planejamento at agora utilizados e novas alternativas, as quais procuram incorporar variveis como, por exemplo, o impacto da tecnologia da informao sobre o movimento de pessoas. 1.1 Objetivos O presente artigo visa apresentar uma anlise da utilizao de um veculo pequeno e estreito, em um sistema de trnsito no qual, com o uso do sistema carsharing e estratgias especficas de rotas e de acesso, venha ser uma alternativa benfica no que se refere fluidez e flexibilidade de trfego nos entornos da regio central de Florianpolis. Alm disso, sero realizadas simulaes de trfego em trechos escolhidos da malha da cidade, envolvendo uma rede virtual de veculos operando em sistema carsharing, utilizando dados de trfego da cidade de Florianpolis, para que, dentro de uma viso estendida, se possa garantir a qualidade do servio em situaes de pico, provendo convenincia nos locais com densidade de trfego elevada, segurana viria (diminuindo acidentes de trnsito e conflitos de trfego) e reduzindo impactos ambientais pela menor poluio atmosfrica e sonora. A proposta de desenvolvimento deste projeto se integra s linhas de atuao em transportes do Laboratrio de Inovao (LI) do Departamento de Engenharia Mecnica da UFSC, o qual possui trs frentes de atuao: conceito de veculo urbano, carsharing e o desenvolvimento de propulsores hbridos (com motor eltrico e de combusto interna). Portanto, a proposta busca aproveitar ao mximo as caractersticas de veculos e vias desejveis para melhoria de qualidade da mobilidade ao usurio em vrios aspectos, sejam eles:

    Rapidez de transporte; Convenincia e comodidade; Segurana; Proteo ao meio-ambiente, entre outros.

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  • 2 CONCEITO DO VECULO O veculo ideal para o sistema de carsharing deve ter as seguintes caractersticas:

    Um veculo motorizado de transporte individual que seja mais racional quanto ao espao urbano ocupado, portanto que ocupe menos rea para circular e estacionar que um automvel;

    Uma alternativa que elimine a emisso de gases e resduos poluentes da atmosfera; Que proporcione mais conforto, convenincia e segurana em relao s

    motocicletas; Uma alternativa de transporte individual situado entre o automvel e a motocicleta

    que possa ser conduzido por pessoas com idade acima de 18 anos com habilitao, e que possa ser adaptado a pessoas com algum tipo de deficincia.

    Hawken et al (2000) sugere, para economia de, pelo menos, setenta a oitenta por cento do combustvel consumido por um automvel convencional, um conceito com trs mudanas, no que diz respeito ao projeto de veculos: reduzir o peso em at trs vezes em relao ao dos carros construdos de chapa de ao; diminuir a resistncia aerodinmica ao deslocamento ao mximo; quando os passos um e dois tiverem reduzido a metade ou em dois teros a energia necessria para mover o veculo, tornar sua propulso "eltrico-hbrida". Contudo, esse conceito no avana na questo do espao urbano ocupado pelo automvel, que agrava a questo de congestionamentos, necessidade de maiores reas para estacionamento e outras conseqncias apresentadas no desenvolvimento deste trabalho. Os veculos ultra estreitos ou Ultra Narrow Vehicles (UNVs) so definidos por uma portaria do estado de Washington EUA (Senate bill N5985) como qualquer veculo que tenha, no mximo, 42 pol de largura, considerando inclusive os espelhos retrovisores. Nesse ponto, o conceito dos UNVs, veculos ultra estreitos permite um modo mais conveniente e eficiente de se utilizar uma infra-estrutura de transporte j existente j que o veculo exige pouco mais do que o espao ocupado por uma motocicleta. Isto permitiria aumentar o nmero de vagas de estacionamento e a capacidade das vias. Segundo estudos dos institutos California Department of Transportation, Federal Highway Administration, Institute of Transportation Studies, Universidade da Califrnia os UNVs podem aumentar a capacidade de trfego de uma via em at 126%. O fato de ser estreito permite que se reduza bruscamente a rea frontal, reduzindo, tambm, a resistncia aerodinmica. O veculo em estudo (ver figura 1 a seguir) est sendo desenvolvido no Laboratrio de Inovao da UFSC. Suas dimenses so: 2,9m de comprimento, 1m de largura, 1,5m de altura e 2,2m de entre-eixos. Possui trs rodas, sendo duas direcionais na dianteira, e uma na traseira, com trao individual em cada uma das 3 rodas, com cambagem varivel eletronicamente das rodas dianteira em funo do ngulo de esteramento, velocidade, carga, entre outros parmetros e sistema regenerativo de energia em cada motor, sistemas start-stop e acumuladores de energia para arrancadas. A propulso do veculo hibrida, sendo movido por motores eltricos e utilizando propulsor de combusto interna para recarga das baterias ou auxlio de potncia. A acomodao do conjunto de baterias feita no assoalho, na parte central do chassi, com remoo do conjunto por baixo do veculo. A concepo em tandem do motorista e passageiro (um atrs do outro) permite que o veculo ocupe aproximadamente metade da largura de um automvel comum, dentro do padro UNV, ou seja, pouco mais do que o espao ocupado por uma motocicleta, porm

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  • com cabine fechada, climatizada e com espao para bagagens, alm da possibilidade de incorporao de facilidades para deficientes. Essa cabine uma estrutura monobloco leve, construda com materiais compostos e montada sobre um chassi de ao com elementos de duralumnio. Em relao segurana ativa e passiva, a aplicao de bolsas inflveis frontais e laterais e de cortina considerada, bem como ABS (Antilock Brake System), BAS (Brake Assistance System), EBD (Electronic Brake Distribution) e ESP (Electronic Stability Program). O projeto, calibrao e testes dos dispositivos de segurana ativa e passiva dependem da cooperao da FIAT no projeto do veculo. Anlises de deformao da estrutura dianteira e do pra-choque e estrutura traseira esto incorporadas ao desenvolvimento da carroceria e chassi.

    Fig. 1 Esquema do veculo em estudo.

    3 PROPOSIO DE SOLUO: SISTEMA CARSHARING

    3.1 Servio carsharing O carsharing (tambm chamados de carpooling, ride-sharing, lift-sharing) um servio de aluguel flexvel de automveis que pretende substituir o uso de um veculo privado por outro compartilhado por outros usurios e gerenciado por uma empresa. Conforme Fellows et al (2000), o carsharing objetiva uma faixa de utilizao intermediria entre o txi e a locao de veculos nos moldes tradicionais. Esse servio enfatiza a flexibilidade, a disponibilidade e a convenincia (TDM Encyclopedia, 2005). Veculos so reservados previamente, e o centro de gerenciamento do sistema escolhe um veculo que se situe o mais prximo possvel do usurio, de forma que se necessite o menor esforo e tempo para comear a usar o veculo ou para devoluo do mesmo. No servio carsharing, os clientes tm a possibilidade de usar um veiculo somente pelo tempo necessrio, dando oportunidade para que outros usurios usem o mesmo veculo. Segundo Zheng et al (2009), como uma alternativa para o automvel privado, o sistema carsharing tem se destacado porque prov aos usurios uma maior convenincia que o transporte pblico e a locao de carros; tambm permite aos usurios viajar distncias maiores do que poderiam caminhando a p ou usando bicicletas. Alm disso, o carsharing ajuda a preservar o ambiente por pelo menos duas formas. Primeiro, pelo fato do carsharing ter sido proposto para desencorajar a compra de carros privados novos e/ou

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  • estimular a venda carros privados. Isto ajuda reduzir a demanda de automveis novos cuja produo consome energia, gua, e matrias-primas e produz emisses de poluentes e desperdcio de recursos. Segundo, o carsharing estimula os participantes a programarem suas viagens atravs de incentivos por taxas ou rotas preferenciais com trnsito mais livre e reduzir viagens impulsivas porque tornam mais explcitos os custos de cada viagem de carro e exige que os usurios que planejem as viagens com antecedncia. Estudos mostram que os scios de programas de carsharing dirigem menos que os que utilizam veculo privado, reduzindo, assim a emisso de CO2

    e outras emisses nocivas para a atmosfera.

    Servios de carsharing so comuns em alguns pases europeus e esto aumentando nos EUA e sia. A primeira organizao formal sistema carsharing foi a StattAuto, em 1988, em Berlim. A ECS - European Car Sharing comeou a operar em 1991, e est presente, segundo Seik (2000), em mais de 300 cidades na Alemanha. Esse tipo de servio muito comum hoje na Europa. Existem diversas cooperativas que utilizam o sistema carsharing em pases como Dinamarca, Noruega, Sucia, Sua, Frana, segundo Clavel et al (2009). Na Amrica do Norte, existem, aproximadamente, 100 cidades dos EUA utilizando o sistema de carsharing, (destacando So Francisco, Philadelphia e Portland), num total de 18 programas com 279174 membros que compartilham 5838 veculos, segundo Shaheen et al (2009) e 14 programas canadenses, com 39664 membros que compartilham 1667 veculos, segundo Mclaughlin (2008), destacando-se as cidades de Toronto, Montreal, Quebec, Vancouver e Ottawa. No Japo, segundo Shaheen (2004), existem 18 programas, 176 veculos e aproximadamente 3500 membros. Segundo Seik (2000), em Cingapura, uma cidade situada em uma ilha com uma rea de terra de 647,8km2

    , com uma populao residente de 3,1 milhes de habitantes em 1997 e onde a rea urbanizada chegou a 47% de sua rea total (a ocupao em termos de infra-estrutura viria j ocupa 11,0% da rea total), a busca de solues via carsharing vem ocorrendo desde a dcada de 1970. Em Cingapura existem 4 programas, com 432 veculos e aproximadamente 12200 membros.

    Segundo Litman (1999), o carsharing oferece para os consumidores uma alternativa prtica para possuir um veculo pessoal para o caso em que o usurio ande menos que 10000 km por ano. Este servio tem custos fixos mais baixos e custos variveis mais altos que a propriedade de veculo privada. Esta estrutura de preo faz o uso ocasional de um veculo possvel, at mesmo para classes de baixo-renda. O carsharing pode reduzir o uso de um veculo comum entre 40 e 60%, de forma que se trata de uma estratgia de administrao de transporte muito importante. Segundo Shaheen (2004), o servio de carsharing pode reduzir de 4,6 a 20 carros por cada carro usado de forma compartilhada, dependendo da cidade e considerando que os carros em sistema carsharing so convencionais, tipo seds. Apesar destes benefcios, o servio de carsharing est crescendo lentamente e precisar superar vrias barreiras para alcanar todo seu potencial. Os sistemas ITS (Intelligent Transportation Systems) tem sido, cada vez mais, empregados com o objetivo de otimizar o servio de carsharing em termos de reduo de tempos para acesso e devoluo, facilidade e disponibilidade de informaes pertinentes ao servio entre outros. A viabilidade do servio restrita aos grandes centros urbanos, principalmente devido utilizao e estrutura de acesso ao produto. necessrio, naturalmente, para que seja possvel a implantao do sistema carsharing, que as grandes cidades tenham uma infra-estrutura para receber o mesmo, tais como estacionamentos prprios para o sistema, alm de centros de monitoramento e controle dos veculos de forma remota.

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  • Os conceitos de carsharing mais atuais, como o Car2Go (2010), lanado a princpio, como programa de avaliao na Alemanha, pela Daimler AG. (2008) e j em operao nas cidades de Ulm, na Alemanha e Austin, Texas, nos EUA (Car2Go GmbH, 2010), incorporam largamente elementos de ITS e propem o uso de veculo pequeno (Smart ForTwo), leve e econmico, tendo funes semelhantes a um veculo de aluguel ou de um txi, dependendo das necessidades do usurio do veculo. Adicionalmente, a forma de acesso e de liberao do veculo para outros usurios controlada digitalmente via smartcard e monitorada remotamente pelos centros de controle virio, atravs de tecnologia GPS. A estrutura de operao detalhada apresentada no tpico a seguir.

    3.2 Servio carsharing possibilidades tcnicas de aplicao Dentro dos modelos de carsharing existentes na Europa, EUA e Cingapura e Japo, apresentada uma estrutura de operao tpica para funcionamento do servio de carsharing, considerando o sistema de rastreamento disponvel no territrio brasileiro, com base no trabalho de Rosa (2004). Em relao interface de funcionamento cliente/veculo, a organizao responsvel pela locao do veculo emite para todos os associados um carto magntico com sua prpria identificao, com validade anual e renovao mediante pagamento da taxa administrativa requerida. Este carto pode ser cancelado automaticamente caso no venha ser quitada a fatura mensal sobre a quilometragem rodada sem prvio aviso. De posse desse carto o associado tem acesso ao veculo em qualquer estacionamento credenciado no municpio, que o reconhece, mediante um identificador instalado no pra-brisa. Uma vez identificado as portas se destravam automaticamente e a ignio desbloqueada aps a entrada do cdigo (tipo PIN) de identificao do associado. A mesma organizao responsvel pela criao e manuteno dos estacionamentos, que so instalados em vrios pontos estratgicos das cidades que tenham o sistema disponibilizado. A fatura da quilometragem rodada enviada mensalmente para a casa de cada associado. Toda frota possui seguro total de danos e roubos, sendo o usurio responsvel pelo pagamento de uma franquia cobrada juntamente com a fatura mensal quando o mesmo for responsvel pelo sinistro. A quilometragem rodada pelo associado gravada no identificador do veculo e transmitida via satlite pela empresa responsvel pela emisso da fatura. O veculo depois de utilizado pelo associado pode ser devolvido em qualquer estacionamento credenciado. Para execuo do servio de rastreamento e controle dos veculos existe a disponibilidade de utilizao dos servios da Autotrac Comrcio e Telecomunicaes S/A (2010), empresa brasileira de comunicao mvel de dados, monitoramento e rastreamento de frotas, que utiliza recursos de comunicao do satlite BrasilSAT e de posicionamento da constelao de satlites GPS (Global Positioning System). Suas funcionalidades para transmisso remota de dados, atravs da tecnologia CDMA, e rastreamento de veculos em operaes de transporte rodovirio em qualquer ponto da Amrica do Sul, faz do Sistema uma ferramenta fundamental nas atividades de logstica e gerenciamento de risco. Alm disso, ele permite a troca instantnea de mensagens entre os veculos e suas bases de operao, possibilitando uma comunicao eficiente e sigilosa entre as partes. O Sistema OmniSAT composto basicamente de duas partes: o hardware embarcado nos veculos, chamado MCT (Mobile Communication Terminal - Terminal de Comunicao Mvel), e o

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  • software instalado na base de operaes dos clientes, denominado QTRACS BR. Por ter sido desenvolvido com especificaes militares, o hardware embarcado nos veculos bastante robusto, permitindo seu uso em situaes extremas sem perda de desempenho. Por realizar a comunicao via satlite, acidentes geogrficos como cadeias de montanhas ou florestas no causam qualquer tipo de interrupo na comunicao, bem como no h a ocorrncia de interferncias de sinal, rudos ou reas de sombra, caracterstica muito interessante para aplicao em veculos em operao em Florianpolis, dada sua topografia montanhosa. Na outra ponta, a base de operaes do cliente equipada com o software QTRACS BR, responsvel pelo gerenciamento das atividades de monitoramento, rastreamento e comunicao da empresa com o(s) veculo(s). Para garantir a funcionalidade de sua operao, o sistema possui um canal exclusivo no satlite de comunicao BrasilSAT. atravs deste canal ou transponder, que todas as mensagens do Sistema OmniSAT so transmitidas, o que garante o diferencial do Sistema em performance, velocidade e de sua extensa rea de cobertura. A utilizao deste transponder exclusivo no satlite BrasilSAT, agrega uma srie de vantagens para os usurios finais do Sistema:

    Transmisso e recebimento de informaes em tempo real; Uso exclusivo dos clientes da Autotrac, no concorrendo com transmisses ou

    sinais de outras empresas e/ou fontes; Sigilo total e segurana das informaes transmitidas; Extensa rea de cobertura dos satlites (toda a Amrica do Sul); Ausncia de interferncias e/ou de possveis dificuldades de comunicao causadas

    devido presena de acidentes geogrficos (montanhas, florestas), condies climticas adversas (mau tempo, tempestades), reas de sombras e rudos.

    O posicionamento dos veculos monitorados com o Sistema OmniSAT obtido atravs de um receptor GPS, parte integrante do hardware embarcado, que realiza a captura e converso dos sinais emitidos pelos satlites GPS. Atravs do software QTRACS BR, desenvolvido pela Autotrac, o cliente pode visualizar e localizar seus veculos em mapas digitalizados de todo o continente sul-americano. Uma maneira promissora de se buscar o mximo aproveitamento do sistema carsharing a realizao do monitoramento do fluxo de trfego, atravs da operao em tempo real dos semforos, via central de controle de trfego da regio. Esta soluo pode requerer seguir trs tarefas:

    Medir o estado de fluncia do trfego em vrias partes da rede atravs de detectores automticos ou outros mtodos semelhantes;

    Transmitir estas informaes para uma central de controle onde ela analisada e usada para determinar uma estratgia tima de controle;

    Mostrar as instrues de controle timas para os motoristas atravs de sinalizaes na via, tempos de semforos, sinais de velocidade, rotas alternativas, etc, bem como instrues a serem mostradas no painel do carro.

    Naturalmente, a aplicao de um sistema de informaes completo depende do desenvolvimento de vrios sistemas de hardware e software de ITS embarcados nos veculos e nas centrais de controle de trfego, alm de sensores e sinalizadores nas vias onde o sistema estiver operando.

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  • 4 ESTUDO DE CASO Conforme citado anteriormente, o estudo de caso dessa pesquisa ser realizado na cidade de Florianpolis, estado de Santa Catarina, Brasil. A rea total do municpio tem 451km2

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica,

    com uma populao residente, segundo o - IBGE (2010), estimada em 2009 de 408.161 habitantes. O municpio est divido em duas partes, sendo uma continental e outra insular, sendo que a parte continental est completamente ligada geograficamente ao municpio de So Jos. A regio mais central fica na poro triangular da ilha, sendo a nica ligao com o continente pelo meio rodovirio e feita por 2 pontes (a terceira ponte tem carter meramente esttico e histrico devido a problemas em sua estrutura metlica). A topografia, especialmente da parte insular do municpio, caracteriza-se por ser montanhosa. A cidade se desenvolveu, ao longo dos seus 284 anos, primeiramente entre o mar e os morros da rea central, o que faz, hoje, essa mesma regio se caracterizar por ruas antigas e estreitas ligadas a vias largas e de maior velocidade, construdas nos entornos do centro (avenidas beira-mar norte e sul). Outro ponto de especial considerao o fato de a cidade receber o trfego de veculos e pessoas vindas dos municpios vizinhos para o comrcio, universidades e servio pblico da ilha. Tambm pela atrao turstica, sua frota incrementada na temporada de vero, acarretando maior freqncia de congestionamentos, competio por estacionamento, maior nvel de poluio atmosfrica, e significativo nmero de acidentes, etc. Segundo Valenga (2005), estimativas apontam para que a frota aumente em torno de 40% no vero. Ao todo, este distrito possui 24 bairros, sendo 11 na rea continental e 13 na insular. Na figura 2, a seguir, podem-se visualizar as regies que caracterizam cada parte de Florianpolis.

    Fig. 2 Definio das regies que caracterizam a cidade de Florianpolis.

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    http://www.ibge.gov.br/

  • Seu sistema virio distrital formado, alm das vias municipais, por rodovias estaduais e por um trecho de 5,6km de rodovia federal (70% deste est localizado dentro da rea de Florianpolis e o restante no municpio de So Jos). Esta rodovia possui a nomenclatura BR 282, e tem por finalidade fazer a ligao entre a regio oeste de Santa Catarina e a capital catarinense. Atualmente est funcionando como ligao direta entre a BR 101, que margeia o municpio de So Jos, adjacente a Florianpolis, e as pontes que fazem ligao com Florianpolis. Alm desta, sete outras rodovias estaduais compem o sistema virio. Na rea desta pesquisa encontram-se apenas a rodovia SC 401, a rodovia SC 404, que liga a SC 401 trecho norte com a regio da Lagoa da Conceio; e ainda a rodovia Governador Aderbal Ramos da Silva, denominada como beira mar sul, que faz a ligao da regio central de Florianpolis e pontes com a regio sul da ilha e o Aeroporto Internacional Herclio Luz. A frota registrada no Departamento Estadual de Trnsito de Santa Catarina, DETRAN-SC, em dezembro de 2009, foi de 254942 veculos. Pode-se visualizar na figura 3 (Google, 2010) e figura 4 (IPUF, 2006) a seguir, a malha urbana considerada.

    Fig. 3 Regio considerada de Florianpolis.

    Fig. 4 Malha viria considerada da regio central de Florianpolis.

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  • A metodologia, em termos de estudo de caso, objetiva aplicar o veculo tipo triciclo em estudo, em um ambiente simulado, ao estudo da malha urbana de Florianpolis, considerando sua utilizao em sistema carsharing, utilizando dados reais de trfego da cidade, conforme os itens a seguir:

    Em relao ao sistema carsharing, buscar-se- a definio dos principais pontos de armazenamento do veculo tipo triciclo, onde se realizaro as operaes de entrada e sada do sistema, com aplicao rea central de Florianpolis e seus principais corredores de acesso. Estimativas de tarifas de utilizao do sistema carsharing, baseados na literatura, sero consideradas em conjunto com o sistema online de acesso e informao sobre o sistema para o usurio.

    Estudo da aceitao pelo usurio ao novo conceito proposto, atravs do estudo da probabilidade de escolha do triciclo pelo usurio, baseado em entrevistas utilizando a Tcnica de Preferncia Declarada, com a utilizao do modelo Logit, (Goldner et al, 2003); coleta dos parmetros de trfego em campo, na cidade de Florianpolis e processamento posterior destes dados;

    Definio das alternativas de utilizao do veculo proposto no trfego urbano com diferentes graus de integrao com os demais modais e anlise crtica dos resultados.

    Tendo em vista o sistema carsharing e focando no aspecto da operao do veculo proposto, buscam-se, com o uso de simuladores de trfego a nvel microscpico e macroscpico, as estratgias de locomoo sobre a malha urbana (uso misto com os demais tipos de veculo), em pistas exclusivas e a integrao com os demais meios de transporte, principalmente nibus. Utilizando simuladores de trfego, se buscar levantar os principais parmetros de desempenho do trfego, procurando analisar o uso do veculo sobre a malha viria em estudo e o impacto que a implantao do sistema ter na estrutura urbana da cidade e, ainda, avaliar a distribuio dos diferentes terminais e linhas de transporte, atravs da anlise de cenrios antes e depois de sua utilizao, com aplicao s reas de Florianpolis j citadas. 5 CONCLUSES Atravs da exposio geral do conceito pde-se verificar que o mesmo representa uma tentativa vlida de contribuio mobilidade urbana, no sentido de otimizar em vrios aspectos (utilizao de energia, segurana, convenincia, rapidez, entre outros) o transporte individual. Dentro de uma malha urbana com restries de alternativas de rotas e alta densidade de veculos e grande crescimento do nmero de veculos, a urgncia do avano de conceitos, como o proposto para a melhoria das condies de trfego, se torna imprescindvel. Considerando o conceito proposto e seus resultados, espera-se que, para este tipo de estrutura urbana, onde a topografia montanhosa e uso consolidado do solo urbano dificultam a projeo de vias alternativas e mudana nas vias existentes, permita uma melhoria, em termos de mobilidade, entre os diversos ncleos urbanos residenciais e comerciais. Isso se torna um desafio, na medida em que, para estruturas urbanas mais regulares, que apresentem malhas urbanas com determinado padro de desenho - malha em quadrcula, por exemplo, a reestruturao dos sistemas de transporte muito mais intuitiva e relativamente simples.

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  • Em resumo, os sistemas inovadores baseados no carsharing so atraentes desde que eles consigam oferecer: (a) Potencial para reduzir os custos de transporte de um usurio; (b) Reduo do uso de estacionamentos; (c) Melhor qualidade de ar global, atravs do uso de veculos menos poluidores e da reduo do nmero de veculos trafegando; (d) Facilidade de acesso e uso para encorajar a mudana para outros modos de transporte alternativos ao de veculos privados. Espera-se que os resultados do estudo proposto, em um momento posterior, sirva de modelo de soluo de mobilidade para outras cidades brasileiras, bem como do exterior, buscando-se otimizar o fluxo de trfego e o transporte de pessoas em reas urbanas. Existe a possibilidade de realizar a aplicao experimental do estudo em um projeto piloto de forma vivel, tcnica e economicamente. Este estgio naturalmente acontecer numa etapa posterior ao estudo proposto e depender de financiamento externo, pblico e privado (considerando a continuidade da associao do LI com a FIAT, por exemplo), para desenvolvimento do veculo completo e investimentos de infra-estrutura e operao do servio como um todo. 6 REFERNCIAS Autotrac Comrcio e Telecomunicaes S/A (2010). http://www.autotrac.com.br/, acesso em 27/04/2010. Car2go GmbH (2010). www.car2go.com, acesso em 27/04/2010. Clavel, R.,; Mariotto, Muriel; Enoch, Marcus; (2009). Carsharing in France: Past, Present e Future. Transportation Research Board Annual Meeting, 17 p. Daimler AG, (2008). Daimler Starts Mobility Concept for the City: car2go as Easy as Using a Mobile Phone, http://www.daimler.com/. Acesso em 23/10/2008. Fellows, N.T.; Pitfield, D.E. (2000). An economic and operational evaluation of urban car-sharing. Transportation Research Part D 5 1-10 p. Google maps. (2010). Google.com, acesso em 28/04/2010. Goldner, L. G. ; Andrade, L. G. . (2003). O Uso da Tcnica de Preferncia Declarada no Estudo de Estacionamentos em Aeroportos.. In: XII Congreso Latinoamericano de Transporte Pblico y Urbano, Bogot, Colmbia. CLATPU. v. 1. p. 1-10. Hawken, P.; Lovins, A.; Lovins, L. H. (2000). Capitalismo Natural: criando a prxima revoluo industrial. Cultrix. So Paulo, Brasil. 358 p. IPUF (2006). Plano Diretor do Distrito Sede de Florianpolis. Instituto de Planejamento Urbano de Florianpolis - IPUF, Florianpolis - Brasil. Larica, N. J. (2003). Design de transporte: arte em funo da mobilidade. Rio de Janeiro: PUC-Rio, Rio de Janeiro, Brasil. 216 p.

    Paper final

    http://www.car2go.com/

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    Paper final

    3.1 Servio carsharing3.2 Servio carsharing possibilidades tcnicas de aplicao