a política de fronteiras do império do brasil na imprensa ... · antes mesmo do descobrimento,...
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A política de fronteiras do Império do Brasil na imprensa carioca de 1851:
uma questão de opinião pública.
Vanessa da Silva Albuquerque1
O presente trabalho é o início dos estudos que serão desenvolvidos nos próximos
quatro anos de doutoramento. A atual proposta busca compreender como a imprensa
carioca, representada pelo Correio Mercantil e pelo Diário do Rio de Janeiro, retratou os
tratados de 1851 resultantes do conflito conhecido como Guerra contra Oribe e Rosas,
ocorrido entre agosto de 1851 a fevereiro de 1852. Diante de tal contexto, outra
preocupação elaborada nesse estudo serão os motivos que levaram o Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro – IHGB a direcionarem suas análises para a questão dos limites do
Império do Brasil a partir da mudança de seu estatuto em 1851.
Os limites do Brasil: uma breve análise
Antes mesmo do descobrimento, já havia um interesse sobre a delimitação das
terras do Novo Mundo. Estudos cartográficos demonstravam a existência de terras no que
hoje chamamos de Continente Americano. Desde então, várias foram as tentativas de
consolidação das fronteiras do novo território. O Papa Alexandre VI editou, em 1493, a
Bula Intercoetra que dividiu os novas terras entre espanhóis e portugueses, através de um
meridiano há 100 léguas de Cabo Verde, em que a parte ocidental ficaria sob o domínio da
Espanha. Posteriormente, em 1494, Portugal reivindicou maior participação no Novo
Mundo. Nesse momento, foi assinado com a Espanha o Tratado de Tordesilhas, que definia
tal divisão por uma linha imaginária há 370 léguas de Cabo Verde (BOXER, 2002).
No entanto, essas foram apenas as primeiras iniciativas relacionadas aos limites do
Novo Mundo. Todo o restante do período colonial foi marcado por acordos que buscavam
a consolidação e a legitimação das fronteiras das Américas Espanhola e Portuguesa. Para
que Portugal conseguisse cada vez mais território, o Império Português acionou seus
melhores diplomatas com a missão de solucionar tais questões (CORTESÃO, 2001). Uma
das primeiras tentativas foi o envio de representantes da Corte portuguesa para as
1 Doutoranda do Programa de Pós- Graduação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ.
negociações do Tratado de Utrecht2, em 1713. Este foi um documento, pós-ocupação, que
tratou dos limites do Brasil colonial, revogando o Tratado de Tordesilhas (BORBA, 2013).
Em 1750, Alexandre de Gusmão, após anos de negociação, utilizou de toda sua
influência diplomática a fim de proteger os interesses da corte de D. João V através do
Tratado de Madrid. Este tratado defendia o uso da terra pela posse, tese que serviu para
assegurar os direitos portugueses sobre uma longa extensão de terras na colônia3.
Em 1761, durante o governo do Marquês de Pombal, o Tratado de Madrid foi
revogado pelo Tratado de El Pardo (MAXWELL, 1996). Para solucionar os problemas dos
limites da posse da terra na Colônia de Sacramento, em 1777, foi assinado o Tratado de
Santo Ildelfonso, no qual a Espanha reconhecia a posse das terras da região do Prata pelos
portugueses, em troca da região dos Sete Povos das Missões (FAUSTO, 2002). Durante o
Primeiro Reinado também houve uma tentativa de continuidade da consolidação territorial.
Foi nesse período que a elite política do Império do Brasil, através da Constituição de
1824, ratificou os limites territoriais que já estavam sob o controle do governo imperial
(VIANA FILHO, 2008).
No governo de D. Pedro I, “apesar de algumas deficiências, foram implantadas
certas práticas fundamentais da cultura política do liberalismo” (NEVES, 2001, p. 100). No
entanto, a política estrangeira continuava muito dependente dos interesses portugueses. Os
inimigos de Portugal eram também os inimigos do Império do Brasil e o posicionamento
do imperador, diante dessa questão, redundou na conformação de um grupo político de
oposição que via, na imprensa e na tribuna da Câmara dos Deputados, os lugares legítimos
de reivindicação (CERVO, 2011, NEVES, 2009). Durante o Primeiro Reinado, a imprensa
se consolidou como um importante veículo responsável por levar à sociedade os
acontecimentos que deixaram de ser de domínio privado, passando ao domínio público,
uma mudança que Neves denomina como “uma inédita preocupação coletiva em relação ao
político” (NEVES, 2001, p. 79).
2 Os Tratados de Utrecht foram acordos firmados em 1713 e 1715 a fim de solucionar a Guerra de Sucessão
do trono espanhol. Com estes acordos foram resolvidas, também, questões territoriais das colônias do Novo
Mundo. A Espanha reconheceu a posse pelos portugueses das regiões entre os rios Amazonas e Oiapoque. 3 Mais tarde, no século XIX e XX essas ideias seriam retomadas e defendidas pelos diplomatas que
trabalhavam na questão dos limites do Império e da República do Brasil. Um dos maiores seguidores das
propostas de Alexandre de Gusmão foi o Barão do Rio Branco (CORTESÃO, 2001; ALBUQUERQUE,
2012).
As fronteiras, no entanto, ainda careciam de maior cuidado do governo. O “sul4”
rogava por soluções mais efetivas, a situação da região do Prata permanecia bem confusa e
o “norte5” sofria com as invasões inglesas e francesas, além de também enfrentar
problemas com os vizinhos na região amazônica (BUENO, 2003). Com o retorno de D.
Pedro I para Portugal, em 1831, o Império do Brasil viveu uma turbulenta fase. O período
regencial foi marcado por revoltas que reivindicavam a autonomia de várias Províncias, de
norte a sul do Império (CERVO, 2011).
Com a ascensão do Partido Conservador, durante o período regencial (1831-1840),
deu-se início ao processo de centralização e de fortalecimento do Estado Nacional, que
perdurou durante o Segundo Reinado (CARVALHO, 1988). Segundo Ilmar Rohloff de
Mattos, os Saquaremas defendiam a construção de um Estado Imperial forte apoiado na
figura do imperador que, deveria ser o responsável pela consolidação de um projeto de
nação. Este mesmo autor diz que não devemos ficar presos às semelhanças e diferenças
entre liberais e conservadores e sim, que devemos analisar essa estrutura baseada na noção
de hierarquia que estes desempenhavam na política (MATTOS, 1987).
A política implementada pela elite conservadora, a partir do Regresso, conseguiu
realizar uma acomodação entre as diferentes forças políticas e sociais em torno do projeto
de fortalecimento do aparato estatal (SALLES, 2013, p. 52). No entanto, no que diz
respeito à política estrangeira desenvolvida durante a década de 1820 até 1844, pode-se
dizer que esta se limitou a administrar o imobilismo. Visto que respeitava as regras
impostas pela Europa e pelos Estados Unidos da América, que, timidamente, passou a ter
influência sobre as questões relacionadas à política externa do Império.
Foi a partir de 1844 que o Império do Brasil mudou os rumos de sua política
estrangeira. Antes desse período, esta política se mostrou incapaz de medir forças com os
demais países. Permaneceu com uma posição defensiva e conciliadora, que se estendia do
Prata ao norte do território, ao que Cervo denominou de “política de submissão e erros de
cálculo” (CERVO, 2011). A partir de 1844, o governo acabou com os tratados de comércio
desiguais, passando a controlar a política comercial, empenhou-se no incentivo à imigração
4 O sul tratado nesta parte refere-se à região da Colônia de Sacramento, que compreendia a Região do Prata,
dos Sete Povos das Missões e de parte do que hoje é o Rio Grande do Sul. Essas questões sempre foram alvo
de disputas entre Portugal e Espanha e mais tarde foram também reivindicadas pelas repúblicas do Uruguai,
do Paraguai, da Argentina e pelo Império do Brasil. 5 O norte refere-se à região Amazônica e às fronteiras com a Guiana Francesa.
de mão de obra livre branca com o fim do tráfico de escravos e a questão dos limites voltou
a ter uma relevância mais acentuada no cenário político.
No entanto, foi na década de 1850 que liberais e conservadores começaram a
estabelecer acordos que “preservassem a prosperidade”, assim como, “favorecessem a
grande propriedade’” (NEVES, 1999, p. 103). “As disputas acirradas entre os dois partidos
poderiam enfraquecer o sistema e fazer com que a “plebe” reivindicasse direitos e
posições” (SENA, 2013, p. 93). Foi nesse contexto de conciliação interna, que, a partir de
1851, o Brasil retomou a política de regulamentação de fronteiras.
Nesse período, o Império enfrentou várias tentativas de invasão do território ao
norte, com uma política de desrespeito aos limites por parte de seus vizinhos e a guerra
civil no sul6. A chancelaria, representada pela figura do futuro Visconde de Uruguai, viu-se
obrigada a tratar da questão dos limites de forma mais particular. A partir daí houve
algumas tentativas a fim de legitimar as fronteiras do Império7. Para isso, o governo
retomou as ideias desenvolvidas no período colonial, baseada no Direito Romano do uti
possidetis. No entanto, a consolidação do território nacional ultrapassava as esferas
administrativas, não bastava o reconhecimento jurídico e político, a elite letrada e política
entendia a necessidade de um apoio forjado em bases culturais para a construção de uma
identidade nacional e esse foi o papel desenvolvido pelo Instito Histórico e Geográfico
Brasileiro naquela época, que, entre outros, passou a ser um lugar de intercessão das
sociabilidades políticas e letradas.
O estatuto de 1851 do IHGB e a preocupação com os limites do Império do Brasil
Essa retomada da política de fronteiras em 1851 é concomitante com a mudança do
estatuto do IHGB8. O novo estatuto criou, nesse mesmo ano, comitês subsidiários nas áreas
de História e Geografia (GUIMARÃES, 1995, p. 486). Essa mudança estrutural buscou,
mesmo que de forma lenta, privilegiar o intelecto em lugar do apadrinhamento. E essa
6 A guerra civil a que nos referimos foi o conflito travado entre o Império do Brasil e a Argentina em disputa
pela influência no Uruguai e hegemonia na Bacia do Prata. Esse episódio também é conhecido como Guerra
contra Oribe e Rosas. 7 A partir de 1851 foram assinados e ratificados tratados de limites com o Uruguai, Peru, Venezuela, Bolívia
e Paraguai, entre outros. 8 O IHGB foi uma instituição criada em 1838, defendida e apoiada por D. Pedro II que, entre outras, tinha a
função de ser a “Casa da Memória Nacional”. (GUIMARÃES, 1995)
medida de ampliar as linhas de pesquisa, enfocando, entre outros assuntos, os limites
territoriais, dava um aporte maior para a questão das fronteiras, onde a Geografia9 teve
garantido o seu espaço, sem distinção na produção dos textos históricos e geográficos
(BOTELHO, 2005, p. 323).
No estatuto aprovado em 23 de maio de 1851, em sessão solene. O art. 11 criou dez
comissões a fim de gerir os assuntos de interesse do IHGB, a partir daquele momento, o
estudo geográfico do território, juntamente com os estudos históricos foram os únicos
agraciados com uma comissão subsidiária cada. Esse artigo foi aprovado sem nenhuma
alteração pelos seus membros. Já o art. 27 do presente estatuto preocupou-se com a
participação efetiva dos sócios. De acordo com este artigo, os sócios deveriam apresentar
pelo menos um trabalho a cada seis meses, de acordo com a comissão que o membro
participasse, correndo o risco de ser eliminado da instituição caso não o fizesse10.
Esses dois artigos parecem comprovar o início de uma tentativa de
profissionalização do instituto, assim como, a preocupação no reconhecimento do
território. Paranhos, o futuro Visconde do Rio Branco, tem participação ativa na
elaboração dos artigos, ele fez diversas interferências e alterações na escrita dos mesmos.
O próprio art. 27 é modificado por ele, pois para Paranhos os sócios deveriam estar
comprometidos com a confecção dos estudos de suas respectivas comissões, sob a pena de
desligamento do instituto e não apenas apresentar uma justificativa, como sugeria a escrita
original.
Manuel Luís Salgado Guimarães atrela o IHGB à função da construção da
identidade nacional. Segundo ele, “uma vez implantado o Estado Nacional, impunha-se
como tarefa o delineamento de um perfil para a nação brasileira” (GUIMARÃES, 2006),
sendo, através das representações da escrita da história brasileira, possível a construção
dessa identidade nacional. Para Lúcia Maria Paschoal Guimarães, coube ao IHGB
construir a memória do Império, sendo este “um longo e seletivo empreendimento, onde se
procurou pinçar, no ‘vertiginoso repertório’ do passado, os esclarecimentos que pudessem
auxiliar na definição do presente” (GUIMARÃES, 2006, p. 517). Dessa forma, até 1889, o
9 A Geografia teve seu espaço garantido, pois via na definição e na delimitação do território condições para a
consolidação da nação, “assim como, a tradição é a pátria no tempo, o território é a pátria no espaço”
(MAGNOLI, 1997, p. 110-111). 10 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 12, n. 13, p. 1-532. jan./mar. 1850.
IHGB teve um caráter de “militância intelectual homogênea, marcada pela fidelidade ao
Imperador” (GUIMARÃES, 2006, p. 599).
No entanto, o IHGB, assim como o Ministério ligado aos assuntos estrangeiros11,
foram instituições que tiveram, durante o longo século XIX, entre outras, a função de
construir um projeto de nação, tanto para os olhares internos quanto os externos. Para José
Murilo de Carvalho, uma homogeneidade ideológica era fundamental para a socialização
dos integrantes da elite intelectual (CARVALHO, 1980). Essa integração intelectual
mostrava-se presente entre os membros dessas duas instituições, que, por vezes, circularam
entre os dois espaços. Coube ao Ministério dos Negócios Estrangeiros por em prática o
aparato diplomático em prol dos Tratados de 1851, porém mesmo após o fim das
negociações de tal, acordo a guerra civil do sul mostrou-se ainda latente até o início de
1852.
A guerra civil no sul (1851-1852)
O Brasil se comportou de diferentes maneiras em relação ao Prata ao longo do
tempo. Pode-se dizer que durante o período de 1851 a 1864 empreendeu-se uma presença
ativa do Império do Brasil nessa região. Essa possibilidade foi tanto fruto de uma
estabilidade interna, quanto de uma instabilidade externa12. Anteriormente, o que se viu, na
década de 1840, foi uma troca constante de ministros dos Negócios Estrangeiros. Entre
1843 e 1849, onze ministros ocuparam a pasta, gerando instabilidade e inconsistência na
política estrangeira (CERVO, 2011, p. 118-119). Essa instabilidade interna forçou o
desenvolvimento de uma neutralidade do Império do Brasil em relação aos seus vizinhos.
Em contrapartida, favoreceu o desenvolvimento de uma política estrangeira, que podemos
11 Em 1736 através de um alvará o rei D. João V instituiu a Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e
da Guerra, com a vinda da Família Real a secretaria foi dividida, tornando-se Secretaria de Estado dos
Negócios do Reino e Estrangeiros e Secretaria de Estado da Guerra. D. Pedro I, em 1823 modificou o nome
da pasta mais uma vez, esta passou a se chamar Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros. Já no
Segundo Reinado, ela ganhou o caráter de ministério e passou a se chamar Ministério dos Negócios
Estrangeiros do Império do Brasil, com a Proclamação da República tonou-se, como conhecemos hoje, o
Ministério das Relações Exteriores. Itamaraty é reconhecido como sinônimo do MRE, porém essa designação
foi atribuída na década de 1890 quando a sua sede passou a ser o palácio que pertenceu ao Barão do
Itamaraty. 12 A instabilidade externa que favoreceu o domínio do Império do Brasil sobre a região do Prata pode ser
notada pela crise que atravessava a Europa, a preocupação dos Estados Unidos em expandir seu território, as
guerras latino-americanas do Pacífico contra a Espanha, entre outros.
chamar de independente, entre os estados do Rio Grande do Sul e Mato Grosso com os
vizinhos platinos.
Enquanto o Império do Brasil enfrentava a instabilidade, da década de 1840, Rosas
se fortalecia no cenário externo. A derrota dos ingleses e franceses, entre 1849-1850,
imposta pelo líder argentino, o colocou em um alto patamar em relação aos seus vizinhos.
Da mesma forma, as investidas de Oribe, contra os gaúchos na região fronteiriça, exigiu
uma maior atenção do governo imperial. Em 1849, o saquarema, Paulino José Soares de
Souza, futuro Visconde do Uruguai,13 reassumiu a pasta de Negócios Estrangeiros, o que
deu início a uma nova postura do Império do Brasil em relação aos seus vizinhos. Era o
início da política estrangeira que iria se consolidar a partir da década de 1850.
A conjuntura interna da consolidação dos conservadores no poder, bem como, os
problemas enfrentados pela Europa e pelos Estados Unidos, além da política interna
autoritária de Rosas14 que gerava o medo de uma possível reconstituição do Vice-Reino do
Prata, anexando o Uruguai e o Rio Grande Sul, entre outros, forjaram uma projeção do
Império do Brasil na região do Prata que se deu através da guerra e da diplomacia
culminando nos tratados de 1851. “Esses acordos diplomáticos foram mediados pela
Missão Estrangeira de Honório Hermeto Carneiro, que convidou José Maria da Silva
Paranhos, futuro Visconde do Rio Branco, para seu secretário no Rio da Prata dando inicio
a sua carreira diplomática” (LADEIRA, 2008.).
Para a política saquarema do período, resolver a situação na região do Prata
era assegurar a unidade do território. Paulino queria desenvolver o Império do Brasil
à condição de nação civilizada, em que o elevaria à semelhança de países como a
Inglaterra e a França. Para ele, “a política do Governo Imperial era uma política liberal e
civilizadora; a de Rosas era uma política retrógrada, tirânica e de barbarismo. E a
centralização político-administrativa do Império não poderia deixar de ter também este
objeto civilizador” (MATTOS, 1999, p. 214).
Dessa forma, assegurar o domínio do Prata traria vantagens políticas, uma vez que
seria mais um passo dado em direção à centralidade do poder imperial contra as tentativas
13 Paulino recebeu o título de Visconde em 2 de dezembro de 1854, este foi o reconhecimento pelos serviços
prestados relacionados às questões platinas. 14 Rosas abandonou o federalismo, perseguiu seus adversários, provocou uma revolta interior ao fechar os
rios à navegação internacional (CERVO, 2011, p.124).
de independências locais, bem como, tornaria o Império do Brasil hegemônico perante seus
vizinhos, com a derrota Rosas e Oribe. Outro episódio que também traria benefícios seria o
fato de assegurar a livre navegação, além de garantir o comércio de charque com o
Uruguai. O Tratado de Paz foi assinado em 1851, porém o conflito findou-se somente no
início do ano seguinte.
As forças contrárias a Rosas saíram vitoriosas em fevereiro de 1852, após a batalha
de Monte Caseros. Esta mobilizou cerca de 50 mil homens, liderados por Urquiza. Após a
vitória houve a reafirmação do reconhecimento do Paraguai, internamente a Argentina
passou a travar uma disputa de poder entre Urquiza e Bartolomé Mitre e o Uruguai, além
de ser reconhecido independente, também se viu envolvido em disputas internas entre
Blancos e Colorados. Já no Império do Brasil, apesar da vitória, a oposição utilizava a
imprensa, como um dos meios capazes de tumultuar o cenário político.
A vitória em Caseros e os posteriores tratados assinados com o Uruguai foram alvo
de pesadas críticas nos periódicos da capital e do restante do Império. O dinheiro gasto
com tal investida, as vantagens que o Uruguai teria tido nestes tratados e o território que,
segundo os analistas da época, o Império do Brasil não teria mais acesso pós-consolidação
do acordo, foram alvo de insatisfação na imprensa. Essas são apenas algumas das críticas
que veremos adiante.
O papel da imprensa na análise dos tratados de 1851
Um dos meios mais utilizados para legitimar os projetos de construção da nação
foram os periódicos impressos. Marialva Barbosa (BARBOSA, 2010, p. 61) chama
atenção para o fato de que a imprensa, pós 1821 e até 1880/1890, teria sido artesanal, não
profissional, e que somente após essa época teria se estruturado em moldes industriais. No
entanto, segundo Morel, seria através dos impressos que os letrados do XIX se
manifestavam publicamente, se conheciam; se atacavam e se defendiam (MOREL, 2003).
Os letrados, tanto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, quanto do IHGB, se utilizaram
dessa prerrogativa para defenderem suas ideias, fazendo circular pelos impressos da cidade
do Rio de Janeiro suas posições políticas, que intentavam legitimar.
A partir dessa conjuntura, buscaremos, através da análise do Correio Mercantil e do
Diário do Rio de Janeiro entender como a imprensa se comportou na construção de uma
opinião pública em relação ao ocorrido no Prata e como este fato fez parte de um projeto
de nação para o Império do Brasil (MOREL, 2005; NEVES, 2009) que corroborasse com a
execução de seus intentos no tocante à política de limites.
Assim, através da análise dos impressos, é possível remontar “todo um circuito de
comunicação: o que eram essas publicações, quem escrevia nesses jornais, para quem se
escrevia e, sobretudo, que interpretações fazia esse leitor anônimo” (BARBOSA, 2010, p.
11). Assim, as pesquisas realizadas através dos jornais possibilitam um “estudo da
‘socialização’ dos homens, da formação de suas opiniões ao longo de seu itinerário
particular” (JEANNENEY, 2003, p. 222). Realizar uma pesquisa histórica utilizando a
história da imprensa como meio capaz de descobertas sociais, políticas ou culturais não é
apenas alinhar fatos, datas ou nomes, é entender o processo histórico como um sistema
complexo das relações existentes na sociedade (BARBOSA, 2004).
Os assuntos que são remetidos às páginas dos jornais devem ser considerados sob
duas perspectivas, uma, como forma de legitimação de uma ideia ou identidade e outra,
como uma disputa pelo papel de divulgador das visões dominantes (BARBOSA, 2010).
Assim sendo, os periódicos a serem analisados nesse trabalho serão utilizados com o
sentido de buscar a propagação dessas visões dominantes do Ministério dos Negócios
Estrangeiros e do IHGB, bem como de seus opositores, a ponto de construírem uma
opinião pública favorável, ou não, à questão da política de limites.
Apesar da opinião pública não ser um alvo dos estudos da política internacional,
por ser uma política dinâmica e rápida e por muitas de suas decisões terem sido tomadas
sem sua influência. Na política interna, a opinião pública tem grande importância.
Contudo, tanto na política externa quanto na interna, a opinião pública, mesmo não tendo
papel de decisão, “tem o poder de tornar ou não possível a política de seus representantes”
(GIRARD, 1969, p.40). É a partir dessa proposição que guiaremos nossa comunicação,
buscando entender como essa opinião pública, formada a partir das conjecturas colocadas
por grupos de letrados distintos, ou não, participou desse ideário de construção nacional.
Analisar o papel dessa opinião pública como sendo uma “abordagem geral da
história” gera desafios, como o de compreender como uma minoria – os políticos letrados
do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do IHGB – pode influenciar nos acontecimentos
e na formação de opinião de uma maioria (BECKER, 2003). Assim, “o sentido que se
possa dar às reações da opinião ou ao seu movimento depende estreitamente das relações
com o tempo e das interações com o contexto” (LABOIRE, 2009, p.85).
Para que a análise seja mais contundente, compreendemos que ao historiador da
imprensa e da opinião pública, cabe a busca de outras fontes, além dos jornais. A
combinação de métodos de pesquisa qualitativa e da opinião pública permite reduzir as
lacunas da história da imprensa (BECKER, 2003, p. 201). Através dos discursos
publicados na imprensa, apoiando ou criticando as ideias dos políticos letrados do
Ministério dos Negócios Estrangeiros e do IHGB, investigaremos como foi percebida pela
sociedade a política de limites acordada nos tratados de 1851.
Para isso, utilizaremos o Correio Mercantil e o Diário do Rio de Janeiro, Em
relação à questão dos limites, estes jornais seguiam linhas diferentes. Fundado em 1848, o
Correio Mercantil teve suas publicações interrompidas em 1868, seu proprietário e redator
até o ano de 1855 foi Francisco José dos Santos Rodrigues, este ficou conhecido por
assinar suas matérias sob o pseudônimo Carijó. O jornal tinha “uma visão satírica,
humorística e sarcástica, utilizando uma linguagem informal, com inúmeras gírias e com
um humorismo absolutamente próximo da atmosfera dos pasquins” (RIBEIRO, 2005, p.8).
Feroz crítico do Jornal do Commercio, o Diário do Rio de Janeiro também não ficou
imune às suas repreensões em relação às questões dos limites evidenciadas nos tratados de
1851.
O Diário do Rio de Janeiro era conhecido como “diário da manteiga” ou “diário
do vintém”, uma das hipóteses desses apelidos tem relação com o preço, pois para alguns
estudiosos esses codinomes estavam relacionados ao fato do impresso ser muito barato15.
Este periódico foi fundado muitos anos antes do Correio Mercantil, em 1821 e, circulou
até 1878, é conhecido como o primeiro jornal diário do Brasil. Até a década de 1840 foi o
maior periódico de anúncios do Rio de Janeiro, sendo meramente informativo
(MARENDINO, 2014, p.5). Os anos entre 1841 e 1845 são caracterizados por ter se
tornado uma publicação semioficial (MOLINA, 2015, p. 223). No entanto, a partir de 1845
houve uma mudança no caráter editorial, ainda muito pouco estudada. O que percebemos
15 Em relação aos nomes atribuídos ao Diário do Rio de Janeiro, cf. MOLINA, 2015.
até agora é que o jornal passou a se posicionar em relação aos acontecimentos que até
então eram apenas narrados. No caso dos tratados de 1851, o Diário do Rio de Janeiro
manteve uma posição pró-governo, saindo em sua defesa em diversos números. Abaixo
iniciaremos as análises dos dois periódicos, evidenciando o posicionamento de ambos, a
fim de construir uma opinião pública de acordo com seus interesses.
O Correio Mercantil colocou-se como crítico ferrenho da política de limites
desenvolvida no Prata, em publicação de 31 de outubro de 1851 um artigo sem assinatura,
incorre sobre as desvantagens que o Império do Brasil teria sofrido com os acordos
firmados com o Uruguai, dentre eles a perda da Ilha de Martim Garcia. Segue um
questionamento relacionado a tais feitos:
Que crime, pois cometemos nós dizendo que o governo havia
concluído um tratado de limites, outro em que se lhe cedia a Ilha de
Martim Garcia, outro em que se reconhecia como divida nacional
os empréstimos feitos ou garantidos pelo governo aos seus aliados,
a fim de, os habilitar para conseguirem a pacificação daquela
república, resolvida assim a grande questão do Prata há oito anos
agitada e que há oito anos é desgraçada origem do mísero estado
em que se deve achar hoje Montevidéu? (Correio Mercantil,
31/10/1851, p.2)
O texto segue um inflamado discurso contrário aos acordos de 1851 e conclama o
povo ao dizer que o governo se engana ao pensar que eles não entendem o que ocorreu no
Prata:
Quanto se enganam se pensam que o povo não sabe avaliar
devidamente a política que tomou a desordem, a anarquia e a
guerra civil por uma de suas mais valiosas alavancas, a política deu
um tal exemplo as repúblicas, para o empregarem contra as
instituições juradas pelo país. (Correio Mercantil, 31/10/1851, p.2)
Seguindo esta mesma linha, Bernardo de Souza Franco publicou, nesse mesmo
jornal, em 01 de janeiro de 1852 suas impressões sobre o acordo. Criticou de forma
veemente o artigo do Conselheiro Batista de Oliveira no Jornal do Commercio, a favor dos
tratados. Para Souza Franco o tratado trouxe perdas imensuráveis ao Império do Brasil, ao
expor que:
Tem-se dito do nosso lado que o principal defeito do tratado de
limites consiste na cessão que fez o Brasil de todo o direito, de
todas as pretensões e porções consideráveis de território, cessão em
circunstâncias ordinárias, não é motivo de glórias, e antes exige
explicações da parte daqueles que admitiram vencedor o império, e
depois de sacrifícios onerosos que exigem alguma compensação.
(Correio Mercantil, 01/01/1852, p.1)
Bernardo de Souza Franco diz que o tratado erra ao entender que o uti possidetis
se dá pela ocupação e não somente pela posse, segundo ele o Império do Brasil perderia
muitos territórios se tal visão fosse propagada.
E haveria ou não cessão de território de que estivéssemos de posse?
Direi que sim, tomando a posse com ou sem ocupação, porque
ambos os casos da direitos precisos, e mal estaríamos em diversos
pontos do império se o uti possidetis se regulasse pela ocupação
efetiva: perderíamos vários terrenos que não ocupamos, nem
povoamos, embora tenhamos dele posse não contestada. (Correio
Mercantil, 01/01/1852, p.1)
Seguindo a linha contrária, a favor do governo, estava o Diário do Rio de Janeiro
e o já citado Jornal do Commercio. No entanto, neste trabalho abordaremos apenas as
matérias do Diário do Rio de Janeiro. Em artigo publicado em 02 de janeiro de 1852, foi
feito uma retrospectiva sobre os acontecimentos do ano anterior, em que o governo foi
exaltado pela astúcia que desenvolveu no Prata, o artigo diz o seguinte:
Outro fato não menos importante, em que se revelou claramente a
sabedoria do governo brasileiro é a vitória incruenta alcançada no
Estado Oriental contra o tenente ditador de Buenos Aires. A
nacionalidade de Montevidéu saiu triunfante dessa luta que há
tantos anos durava, em que a França interveio sem resultado e a
Inglaterra deu mais um testemunho irrefragável de boa fé com que
procede.
Como resultado imediato deste fato que livrou Montevidéu da
guerra civil, tivemos os tratados de limites, comércio, etc., nos
quais foram atendidos todos os interesses de ambas as nações, e
que fixaram de uma vez pontos litigiosos há muito tempo (...) Tais
tratados na política externa fazem honra a qualquer governo.
(Diário do Rio de Janeiro, 02/01/1852)
Nesse trecho é possível perceber que, para o editor do Diário do Rio de Janeiro,
além dos tratados serem satisfatórios para as duas partes, a política estrangeira que o
Império do Brasil desenvolvia estava intimamente ligada aos interesses da Inglaterra, que
era vista como uma grande nação amiga na qual o Império do Brasil deveria se espelhar.
Um jornal reconhecido por não se posicionar e ser um mero narrador dos fatos, até poucos
anos atrá, colocou-se, de forma bastante clara, a favor do governo em relação à política de
limites. Em uma publicação posterior, o Diário do Rio de Janeiro respondeu a um artigo
que tinha acabado de ser republicado no Correio Mercantil em que os pontos dos tratados
eram contestados. Em seu manifesto pró-saquarema, é dito que:
As questões exteriores pela primeira vez em nossa terra receberam
a importância, atraíram a atenção com a devida seriedade das
complicações do Prata. (...) Isto posto, vejamos a censura: o
governo imperial não fez uma guerra de conquista: “A república
oriental, diz ela, tem possessões cuja aquisição nos traria vantagens
incalculáveis”; pois então devíamos extorquir-lhes essas
possessões? E acha o contemporâneo liberal que é isso muito
nobre, muito digno? Acha que teria sido muito salutar vender a
nossa aliança por alguns bocados de território que estivessem na
nossa conveniência? (...) O que devemos querer conquistar é
simpatia, adesões, confiança e não rancores, ressentimento
abafados. (Diário do Rio de Janeiro, 01/06/1852)
A forma como Paulino desenvolvia a política dos negócios estrangeiros era digna
de reconhecimento para esse jornal, em que retomava a defesa de uma questão já resolvida.
E o discurso vencedor nesse casso é o de um Império que deveria estar disposto a ajudar
seus vizinhos, como uma grande nação amiga e protetora, mas não esquecendo, ou melhor,
não deixando de almejar um lugar juntos às grandes nações europeias. Assim, através
dessa breve análise foi possível verificar que na imprensa as questões das mudanças de
fronteiras, após a guerra contra Oribe e Rosas, tiveram impacto no reforço do
pertencimento nacional, na qual se sobrepuseram as ideias, no mínimo, de duas culturas
políticas, a liberal e a conservadora. Tais posições afetaram os discursos dos letrados
publicados na imprensa da época.
Já o IHGB, como era de sua tradição, posicionou-se a favor do governo, baseando
sua preocupação na manutenção e no reconhecimento do território, lá era um dos lugares
onde tais questões eram postas em pauta pela elite letrada. Era o ambiente em que, através
do conhecimento e reconhecimento, postulava-se a defesa das terras do Império do Brasil.
Já o espaço em que tais discussões ganhavam um tom mais elevado e apaixonado era
através dos jornais. Esse veículo foi utilizado em prol das culturas políticas vigentes,
antagônicas ou não, a fim de se produzir uma opinião pública favorável a seus interesses.
As representações tornaram-se primordiais para o entendimento das tradições e das várias
culturas políticas coexistentes em um mesmo momento (BERSTEIN, 1998, p.350), a
imprensa foi um veículo primordial e possível de análise de tais representações.
Os discursos proferidos nos órgãos oficiais ou institucionais eram representações
transplantadas para imprensa que, cada vez mais, se tornava a grande responsável pela
propagação das culturas políticas vigentes, nas quais as ideias de nação estavam ligadas,
entre outras, à questão dos limites do estado nacional. Apesar da sociedade do século XIX
não ser amplamente letrada, havia uma grande circulação de jornais na capital e muito de
seus escritos eram transmitidos oralmente. Com isso, percebemos que o papel
desempenhado por esses letrados foi fundamental para que esses discursos construíssem
uma opinião pública favorável às práticas do governo na constituição jurídica dos limites
do país. Percebemos que no caso da guerra contra Oribe e Rosas, nenhum dos artigos do
tratado foi ratificado em prol das demandas liberais. Nesse episódio a opinião pública foi
direcionada a favor dos interesses do governo imperial.
Dessa forma, terminamos nossas análises, ainda bastante iniciais, observando que
por mais inflamado que tenham sido os discursos dos opositores do governo, ao fim não
conseguiram criar uma opinião pública favorável a ponto de mobilizar a sociedade. Por
mais inflamado que tenham sido os discursos da oposição, estes não foram suficientes para
pressionar ou mudar o posicionamento da política de Paulino desenvolvida nos tratados de
1851, amparadas pelo IHGB.
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