“A Polícia Civil de São Paulo e a investigação da cibercriminalidade:

desafios e perspectivas”

Delegado José Mariano de Araujo Filho

INTRODUÇÃO:

Resultado do mundo globalizado, tem-se hoje o que já era sonho dos homens há muitos anos.

a “INTERNET” possibilitou uma verdadeira revolução tanto no âmbito sócio-cultural, quanto político-econômico.

É uma rede mundial de informações e dados eletrônicos capaz de propagar por todo o mundo, em fração de segundos, textos, sons e imagens, quebrando todas as fronteiras possíveis e imagináveis, superando todas as expectativas em termos de comunicação sem barreiras

INTERNET: uma rede irresistível e onipresente

• Hoje há mais de 1 bilhão de usuários, conectados entre si numa rede ambivalente:

meio de comunicação de massa ponto de encontro intercomunicador pessoal• Interação multimídia completa: E-mail, VoIP,

videoconferências, MSN, IRQ, ICQ, webcam• Progresso X Ilícitos

Legislação brasileira aplicada aos cibercrimes

Os crimes de informática encontram no Código Penal Brasileiro várias

possibilidades de repressão penal,

variando a sua tipificação conforme o bem jurídico que o agente pretenda

atingir.

Legislação brasileira aplicada aos cibercrimes:

Furto Dano Apropriação indébita Estelionato Divulgação de segredo Crime contra a propriedade intelectual Crime contra a propriedade industrial Crimes contra a honra e ameaça

Alguns Exemplos de Golpes na Internet:

Alguns Exemplos de Golpes na Internet:

Alguns Exemplos de Golpes na Internet:

Por que os crimes cibernéticos são cometidos no Brasil?:

- Crimes cibernéticos não estão restritos por limites físicos ou temporais;

- Criminosos tem facilidade de obterem ganhos financeiros fáceis;

- Há casos de revolta, vingança contra a empresa, normalmente por funcionários demitidos ou interesses pessoais contrariados;

- Falhas de segurança nos sites e programas de acesso a internet, assim como os descuidos dos internautas facilitam a ação delituosa.

Dificuldades para descobrir os crimes por computador:

Distância temporal: porque normalmente são crimes continuados, cometidos por muito tempo, e muito da documentação e arquivos são expurgados, não tendo como ser descoberta a fraude;

Distância espacial: o indivíduo pode iniciar o crime num local e o cúmplice o termina em outro local. É o caso de emissão de ordens de pagamento falsificadas;

Prejuízo elevado, difícil de avaliar; Pouco conhecimento na área.

Dificuldades para se punir quem pratica crimes por computador :

falta de previsão legal específica; empresa acaba não denunciando o

criminoso por medo de perder a credibilidade perante os clientes;

a empresa acaba perdoando o criminoso desde que este revele como entrou no sistema e "qual a falha" para evitar futuras invasões;

é difícil a obtenção de provas do crime; são necessárias muitas testemunhas; é um processo lento e muito oneroso.

Dificuldades na identificação e punição dos cibercriminosos

Muitos crimes não são punidos devido à impossibilidade técnica de se rastrear as pessoas que os cometem e pelas empresas não preservarem provas;

Os órgãos responsáveis pela repressão a esta modalidade criminosa não articulam as suas ações e não trocam informações entre si;

Criminosos dessa natureza levantam teses de defesa baseadas em questões técnicas de difícil solução;

Expansão de “Botnets” atuando no Brasil e troca constante de informações entre criminosos;

Falta de profissionais qualificados nos quadros de funcionários dos órgãos encarregados de reprimir esta ação delituosa.

Atividade de “Drones”

Outras dificuldades encontradas:

Técnicas: Disseminação do uso da criptografia Grande dimensão dos discos rígidos Smarts cards e drives Senhas biométricas Política Investimento estatal na investigação com aparelhamento

das unidades especializadas, perícia e treinamento policial = quase 0,

na contra-mão dos caminhos adotados pela criminalidade

Dificuldades na formação de policiais para o combate aos cibercrimes

Conhecimentos prévios são desejáveis; A iniciativa privada é mais atraente do que o

serviço público para este tipo de técnico; A atualização deve ser constante e novas técnicas

devem ser constantemente incorporadas; Este tipo de profissional deve ter facilidade na

exposição e materialização de seu trabalho para facilitar a compreensão por outros profissionais do direito.

Perfil dos cibercriminosos brasileiros

Jovens, normalmente de 24 a 33 anos, às vezes até menores, de 12 a 16 anos, motivados pela possibilidade de ganhos financeiros;

Estudantes ou operadores de computação; Inteligentes, normalmente com QI acima da média; Sexo masculino e de cor branca; Aventureiros, audaciosos; Acreditam que não estão cometendo crime; Trabalham além da jornada de trabalho,

competentes; Mudam constantemente de emprego; Começam com crimes pequenos, como pirataria; São bons vizinhos, são pessoas acima de

qualquer suspeita; São réus primários.

A especialização como ferramenta de combate ao cibercrime :

Para se ter êxito na luta contra o cibercrime, assim como contra qualquer outro tipo de crime, é preciso primeiramente entendê-lo;

A eficácia no esforço ao combate de um crime deve educar todos aqueles que lidam com ou envolvidos na repressão ao cibercrime;

Uma estratégia eficaz de combate ao cibercrime exige que sejam educados e treinados todos os que estarão envolvidos na prevenção, detecção, ou na persecução em juízo de cibercriminosos

Integração dos órgãos envolvidos no combate a cibercriminalidade

Os crimes eletrônicos somente serão combatidos com sucesso caso ocorra uma interação adequada e urgente entre:

Poder Judiciário x Polícia Civil x Ministério Público Empresas de Telecomunicações Provedores de Acesso Instituições Financeiras

Desafios a serem enfrentados:

Os meios eletrônicos, sobretudo a Internet, possibilitam a prática de crimes complexos, que exigem uma solução rápida e especializada. Podemos afirmar que os delitos virtuais crescem na proporção do avanço da tecnologia.

Não há ainda quem possa inibir os crimes que acontecem através da internet, não haveria como controlar bilhões de pessoas, nem milhões de endereços eletrônicos, ou qualquer dos números sempre vultuosos que cercam essa mega rede planetária de computadores.

Desafios a serem enfrentados:

Política nacional de cyber segurança; Criação de uma estrutura eficiente para troca de

informações entre as Polícias Civis dos Estados e a Polícia Federal, visando ações integradas;

Integração efetiva entre o Poder Judiciário x Polícia Civil x Ministério Público;

Participação efetiva de Empresas de Telecomunicações, Provedores de Acesso e Instituições Financeiras no combate a cibercriminalidade;

Participação dos órgãos de segurança no desenvolvimento de ações de prevenção.

“Criminalidade Cibernética”

JOSÉ MARIANO DE ARAUJO FILHODelegado de Polícia

http://mariano.delegadodepolicia.com

Unidade de Inteligência Policial - DEIC.

Maio/2010