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_______________________________________________________________________ MARIA DE FÁTIMA PIRES MARTINS CARMEZINI A POÉTICA DA MULHER ATRAVÉS DA PINTURA ______________________________________________________ LONDRINA 2008

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Page 1: A POÉTICA DA MULHER ATRAVÉS DA PINTURA · Catarina Landim, “A Mulher na Arte”, a partir do movimento feminista dos anos 60 questiona-se a produção de arte somente para o público

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MARIA DE FÁTIMA PIRES MARTINS CARMEZINI

A POÉTICA DA MULHER ATRAVÉS DA PINTURA

______________________________________________________

LONDRINA

2008

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MARIA DE FÁTIMA PIRES MARTINS CARMEZINI

A POÉTICA DA MULHER ATRAVÉS DA PINTURA

Produção Didático-Pedagógica, Unidade Didática, prevista no Projeto de Intervenção Pedagógica como estratégia de ação a ser utilizada pela professora PDE durante a Implementação do Projeto na Escola, como requisito ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2008, do Estado do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Marcos R. Aulicino

LONDRINA 2008

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UNIDADE DIDÁTICA

NRE: Londrina

Município: Primeiro de Maio

Nome do professor: Maria de Fátima Pires Martins Carmezini

E-mail: [email protected]

Escola: Colégio Estadual Marechal Castelo Branco-

Fone: 32351331

Disciplina: Arte – Série: 8ª

Conteúdo Estruturante: Movimentos e Períodos

Conteúdo Específico: As mulheres produtoras na História da Arte.

Tema: O Perfil da Mulher Produtora na História da Arte

Título: A Poética da Mulher Através da Pintura

Relação interdisciplinar: Português

A Poética da mulher através da pintura – Do figurativo ao abstrato

“A mulher forte não deve ser mais que um símbolo, ela apavora quando é vista em realidade”.

Balzac (Landim, 2007 p.1)

A História da Arte tem contemplado uma produção artística feita preferencialmente

por homens? Em que período da história a mulher se destacou como produtora de

arte?

A mulher como modelo para o olhar masculino

Alexandre Cabanel, La Naissance de Vênus ( Nascimento de Vênus), 1863, óleo sobre tela, 130 x225 cm. Musée d’ Orsay, Paris. www.lindsaybraun.com/mixed/naissance_de_venus.jpg - acesso em: 20 nov. 2008

A figura feminina na história da arte

tem sido representada sob a interpretação masculina que a vê como fonte de

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inspiração para suas obras de arte. Hoje no século XXI, vamos rever a História da

Arte com um olhar diferente, porque até então, temos em mente somente artistas

homens como Botticelli, Ticiano, Rubens, Picasso, Renoir e outros. E a mulher como

fica nesta História? Vamos lançar um olhar na produção feminina e apresentar uma

História da Arte a partir de algumas artistas que vem ocupando seu espaço nas

artes.

Nas imagens dominantes da arte a mulher exibia-se, na maioria das vezes,

como belo espetáculo. Como diria o crítico John Berger de maneira generalizada e

simplificada, Que “os homens agem e as mulheres exibem-se. Os homens olham

para as mulheres. As mulheres observam-se a si mesmas sendo olhadas”( Berger,

Ways of Seeing, p.47 apud Garb, 1998, p.222). Esta afirmativa coloca o homem

como portador ativo do olhar e a mulher como seu objeto. Nesse contexto, a questão

do olhar e ser objeto do olhar se relaciona com a identidade de gênero. Podemos

observar na pintura ocidental, Nascimento de Vênus, uma representação de

passividade, enquanto aos homens um olhar atento, ativo e poderoso.

A arte é testemunha da história e de acordo com os estudos feitos, a figura

feminina sempre foi um dos temas preferidos dos artistas seja como objeto de

sedução, de beleza, de representação de um estado de espírito ou de um ideal de

perfeição. Sua representação sofreu mudanças de acordo com os acontecimentos

sociais de cada época. Mas podemos colocá-la sempre presente nas produções

artísticas em qualquer época da

história da arte.

Vênus de Willendorf. Altura: 11cm. Encontrada na Áustria. Museu de História Natural, Viena. http://bp2.blogger.com/_iM2QC611E/R7S51tXmdrI/AAAAAAAAAHY/T_mXVK1iZOw/s1600-h/venus1.jpg -acesso em: 15 nov. 2008

Pintura parietal representado no seu túmulo, http://pt.wkipedia.org/wiki/Nefertari – acesso em: 15 nov. 2008.

Mona Lisa, Leonardo da Vinci, 1503- 1507, óleo sobre madeira de álamo,77x53cm. MuseudoLouvre.http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/2arte/2monalisa.jpg – acesso em: 15 nov. 2008

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Observe as imagens da página anterior. Já às conhece? O que você sabe

sobre elas? O que elas representam para você? São de épocas diferentes? Por

quê? Por que a figura feminina sempre aparece do outro lado (sendo representada)

e não produzindo?

Assista ao vídeo: “Mulheres na arte”, disponível no site you tube e reflita.

A mulher como modelo para o olhar masculino e algumas implicações encontradas

na questão do olhar. Vamos analisar através das questões abaixo:

ATIVIDADE: Observe na obra de Renoir, La Loge: (reflita em dupla, anote, para o

debate com a turma):

� Homem e mulher representados no quadro encenam e pode estar reforçando as

tradicionais relações de observação mútua. Quem vê e quem está sendo visto?

� Nesta imagem do séc.XIX, uma figura é retratada como se estivesse agindo,

“prazer em olhar” e a outra “exibindo-se” como se fosse um espetáculo? Por

quê?

� Você acha que desta forma, a figura masculina é detentor do poder e a figura

feminina fica como um objeto seu?

� É possível, que a figura do homem no quadro atue como representante do

observador/artista que olha para a mulher/quadro?

� A figura masculina com seu olhar ativo nega o seu valor enquanto espetáculo?

Por quê? Qual é a importância da mulher nesta obra?

Ao observarmos a obra, entramos no contexto daquela época, como a mulher era representada, descrever o quadro é descrever a mulher, reagir à imagem é ser seduzido pelos encantos dela. “A questão do olhar como forma de engajamento ativo é representado no quadro pelo homen, o que dá suporte ao olhar como prerrogativa masculina na cultura francesa do final do século XIX” (Garb, 1998, p.225).

Auguste Renoir, La Loge, 1874, óleo sobre tela, 80 x 64 cm. Coutauld Institute Gallerie, Londres. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/64/Pierre-Auguste_Renoir_023.jpg/480px-Pierre-Auguste_Renoir_023.jpg - acesso em: 20 nov. 2008.

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A Produção Feminina - Um olhar diferente sobre a História da Arte

O foco deste trabalho é a mulher produtora, aquela que constrói e conquista

em seu cotidiano, seu espaço e sua liberdade, estabelecendo uma história de

relação e não de exclusão. A figura feminina atuante, como um ser social, com

participação determinante também nas estruturas econômicas e políticas, passando

de objetos de representação, para produtoras de arte, questionando a própria

História da Arte e o lugar em segundo plano das artistas.

Catarina Landim, “A Mulher na Arte”, a partir do movimento feminista dos

anos 60 questiona-se a produção de arte somente para o público masculino, mesmo

quando se constava à presença de mulheres artistas a posição machista de alguns

artistas era a recorrente. “Ela desenha como um homem”, declaração feita por

Degas para enaltecer o trabalho de Mary Cassat. Já para Picasso, “pintar é em

realidade como fazer amor”. Podemos perceber que a produção artística moderna é

associada a uma energia inexplicável associada ao desejo do homem.

Desde o século XVII, algumas mulheres lutam para serem artistas. São elas,

filhas de aristocratas, pintavam por lazer, outras filhas de artistas ou mesmo

mulheres que pintavam por necessidade. A partir do séc. XIX elas tiveram acesso

às academias de arte e ateliês particulares.

Vamos fazer uma comparação entre a obra maneirista de Tintoreto, Susanna

e os anciões de 1557 e a obra do período barroco de Artemísia Gentilleshi, de1610

com o mesmo tema:

• • • • •

Tintoretto. Susanna e dois velhos, 1557. http://bp3.blogger.com/_B1y_VzCwENU/RtAUOI/AAAAAAAAJ9Q/GZOjgMAciiY/s1600-h/tintoreto.jpg - acesso em: 20 nov. 2008.

Artemísia Gentilleschi, Susanna e os velhos, 1610. htpp://www.espacioblog.com/myfiles/huma_garciapadilla/Artemisia-Gentilleschi-Susana-y-los-viejos.jpg – acesso em: 20 nov.2008. .

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• O que percebemos nestas obras?

• Qual é posição da mulher diante da cena?

• Como os artistas representam o corpo da mulher?

• E hoje como a mulher é representada na sociedade?

• Pesquise sobre a mulher artista: Artemísia Gentileschi (1593 – 1652/3).

A mulher artista do século XlX ainda teve que enfrentar críticas, conflitos

internos e externos, preconceitos e elogios para mostrar a sua poética diante da

sociedade. Podemos dizer que em diferentes contextos e momentos históricos a

categoria de artista não significa a mesma coisa. No séc. XIX homens e mulheres

não tinham as mesmas chances de alcançarem identidade de artista, pois aos

homens era destinado discutir arte e política, enfrentar o mercado competitivo e

estudar rigorosamente para escola do governo e às mulheres cabia bordar e estudar

em escolas particulares de arte.

O gênero está presente em muitas formas, além das mais óbvias. Assim como o Deus masculino criou o universo a partir da terra, considerada feminina, o artista cria arte com os materiais a sua disposição (Garb, 1998, p. 230).

Em termos de gênero, o reconhecimento da identidade do artista não é novo.

Algumas feministas, no século XlX, demonstravam essa equiparação entre homem e

mulher era mais social do que uma qualidade intrínseca. Alguns críticos diziam que

o que desqualificava e excluía a mulher era a falta de originalidade, sua tendência à

imitação, é conservadora, por seu temperamento emocional e suas preocupações

quanto à maternidade. O que separava os verdadeiros artistas dos homens comuns

e das mulheres é essa energia masculina apresentada como forma inexplicável. E

que essa energia seria fundamental para a produção de uma obra significante que

está centrada na história da arte como “grandes artistas”. Maria Deraimes, feminista

republicana, coloca em 1876: “entende-se facilmente que a vida limitada e

sedentária imposta às mulheres pelos costumes tenha impedido até hoje que elas

encontrassem meios de se sobressaírem entre os melhores no campo das artes”

(“Les Femmes au Salon”, p. 115 apud Garb, 1998, p.231).

Cito também neste contexto as declarações que as feministas e as artistas

tiveram que enfrentar ainda no século XIX, como: “As mulheres nunca produziram

nenhuma obra-prima em qualquer gênero... mas produziram algo maior que isto: é

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nos joelhos delas que mulheres e homens honestos (e não há nada maior que isto)

são formados”( Harvard, “exposition de I’ Union dês femmes peintres et sculpteurs”,

s/p apud Garb, 1998, p.231). A respeito destas alegações, algumas feministas e

artistas foram contra, enquanto que outras aceitaram e explicavam socialmente.

Estudar a artista é tomar posição contra as descrições tradicionais do artista e muitas feministas o fizeram e mostram que são tão “grandes quanto os homens e expor assim muitos dos preconceitos contra as mulheres que se refletem no cânone”. Garb (1998, p. 232).

Rosa Bonheur (1822-1899), pintora francesa que estudou com seu pai,

Raymond Bonheur, expôs no Salão de Paris a partir de 1841 pinturas de animais

selvagens. A feira de cavalos, um quadro valioso e muito fascinante na questão de

gênero e representação, transgrediu o estereótipo de gênero e fez dessa pintora o

exemplo para muitas artistas dos anos que se seguiram. A artista vestia trajes

masculinos, fumava cigarros e abusava de temas másculos, por isto foi

desqualificada em alguns círculos de forma preconceituosa. Mas foi também a

primeira mulher condecorada com a Grande Cruz da Legião de Honra, entregue pela

Imperatriz.

Rosa Bonheur, Le Marché aux chevaux (A feira de cavalos), 1853, óleo sobre tela, 245 x 407 cm. Metropolitan Museum of Art, Nova York - http://italiangreyhounds.org/errata/wp-content/uploads/2007/12/horsefair.jpg - acesso em: 20 nov. 2008.

Só em 1897, foi admitida a primeira estudante na École dês Beax-Arts, na

França, mas sua presença na Academia ainda causava barulho, marginalizada, sua

liberdade era restrita, se vista desacompanhada, podia ser confundida como

prostituta e humilhada pela polícia que de costume regulava o número de mulheres

nas ruas.

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Nos quadros ela se apresenta de forma mítica, uma figura pequena sobre a

mesa, com associações como musa, ou como ideal abstrato, ou como alegoria ou

portadora de outros símbolos. Tanto o pintor clássico como os naturalistas usam o

poder simbólico do corpo da mulher para assim definir a sua posição no mundo da

prática artística.

No final do século XlX, já havia um número de mulheres artistas trabalhando

profissionalmente, sem o apoio estatal ou com liberdade de movimentos que os

homens tinham. Ser uma artista profissional no final do

século XlX, era transgredir a expectativa social.

Manet representou Berthe Morisot, em Descanso;

Retrato de Berthe Morisot pintora de seu círculo, como

modelo, a bela dos olhos negros, melancólica, possui uma

feminilidade sensual, mas passiva.

Manet pintou os retratos de Eva Gonzáles e Berthe

Morisot que é colocado como símbolo da

feminilidade da classe média, mas esta

representação não nos informa sobre as realizações

e a vida das mulheres.

Morisot pintou seu marido Eugene Manet, e a

filha do casal, Julie. Era raro que a mulher pintasse

retratos de homens públicos, pois o mesmo

questionava sua capacidade. Os retratos de homens eram julgados em sua

representação a identidade e o caráter, e os de mulheres eram transmitidas pela

representação da pose, o rosto as vestes, a

elegância e beleza.

Eva Gonzalés, artista ambiciosa, filha de pai

escritor e mãe musicista, criada no meio artístico,

que representa o lazer urbano. Ao começar o seu

trabalho sobre a vida moderna, no qual a

representação do corpo

feminino era exibida ao luxo

e prazer, era fazer uso desta

linguagem masculina já

elaborada, para entrar na esfera pública e também fazer sucesso.

Édouard Manet, Le Repôs (Descanso; Retrato de Berthe Morisot), 1870, óleo sobre tela, 148cm x 113cm. Museum of Art, Rhode Island School of Design. Legado do espólio de Edith Stuyvesant Vanderbilt Gerry. http://static.howstuffworks.com/gif/paintings-by-edouard-manet-2.jpg - acesso em: 20 nov. 2008

Eva Gonzalés, Um camarote no Theatre dês Italiens, c 1874, óleo sobre tela, 98 x 130 cm. Musée d Órsay, Paris. http://www.artexpertswebsite.com/pages/artists/artists_a-K-/gonzales/Gonzales_ABoxAtTheTheatreDesItaliens.jpg - acesso em:20 nov. 2008.

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Mary Cassatt, outra artista de sucesso, ativista feminista. Uma

mulher solteira, a forasteira criada na Filadélfia, também usou

o tema de ópera, com 8 variações sobre ele. Fez cópia de

Renoir, pois era normal que os artistas fizessem cópias dos

mestres de admiração. Cassatt e Morisot trabalharam de

maneiras diferentes como artistas na vanguarda. Cassatt se

afastou de suas precursoras quando deu início em 1879 à sua

própria série de mulheres em loges. Na obra de Mary, Mulher

de preto na ópera foi um jeito consciente e perfeito de mostrar

o papel de subversão de gênero dominante. No qual afasta a

mulher como representação de receptáculo do

desejo dos homens nos espaços públicos.

Seus lemas mais importantes eram o registro,

observação e o olhar (o olhar atento).

Atividade - Vamos fazer a leitura da obra de Cassatt:

• O que vemos nesta imagem?

• Você sabe o que é ópera?

• Como são as linhas presentes?

• Quais as formas que podemos destacar?

• Como as cores são trabalhadas?

• Existe algum elemento que se destaca mais? Por quê? Há algum detalhe que

lembra nosso cotidiano ou algum filme? O que você acha que a artista quis

representar nesta obra?

• Que tipo de sentimento esta imagem lhe desperta? (tranqüilidade, tensão,

curiosidade, alegria, etc.)

• Que relação podemos estabelecer entre as obras de Cassat e Renoir? Qual o

fio condutor que apresentam estas imagens?

Maternidade _ A mulher é capaz de pintar a infância e Cassatt faz isto muito bem,

mesmo sem ter filhos, portanto foi uma artista bem sucedida e independente.

Mary Cassatt, Mulher de preto na ópera, 1879, óleo sobre tela 80 x 65 cm. Museum of Fine Arts, Boston. http://blindflaneur.com/wp-content/uploads/2007/12/mary_cassatt_in_the_opera_1880.jpg - acesso em: 20 nov. 2008

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Mary Cassatt, Mãe prestes a lavar seu filho sonolento, 1880, óleo sobre tela, 100 x 66 cm. Los Angeles County Museum of Art legado da sra. Fred Hathaway Bixby M. 62.8.14 http://arttoheartweb.com/images/Mary%20Cassatt%20Woman%20Preparing%20to%20Wash%20her%20Sleepy%20Child.jpg – acesso em: 20 nov. 2008. .

...só a mulher é capaz de pintar a infância. Há um sentimento particular que o homem não sabe transmitir; a menos que seja singularmente sensível e delicado, seus dedos são grandes demais para não deixar marcas desajeitadas e brutais; só a mulher pode fazer a criança posar, vesti-la, prendê-la sem amarrá-la. (Citado em Mathews, Mary Cassatt and the Modern Madonna, p.65 apud Garb, 1998, p.267).

O impressionismo enquanto arte feminina.

Em 1890, o impressionismo antes era uma forma de encontrar o eu em sua

prática. Para os que tomam seu partido é uma relação fiel e sincera, quanto ao

estado do artista. Mas para os que difamam é uma pintura sem pensar, mecânica,

sem imaginação.

Foi o suposto apego do impressionismo à superfície, justamente a celebração

da experiência sensorial nascida da percepção rápida e do registro de impressões

fugidas, que fez com que ele passasse a ser visto, na década de 1890, como a

prática mais adequada ao temperamento e ao caráter das mulheres. De forma

pejorativa e preconceituosa o crítico Camille Mauclair, coloca a falência do

impressionismo quando atribui características femininas à pintura

impressionista, sua materialidade e inconstância, sua

dependência da sensação e das aparências superficiais. Sua

personagem principal seria Berthe Morisot que representou a

modernidade no meio privado (mães, filhos, cenas domésticas),

sua arte concentra-se nos rituais da feminilidade burguesa.

Havia uma tentativa de qualificar a arte feminina usando-

se os termos encantado, meigo e elegante. Os críticos

procuravam as marcas da feminilidade no próprio

modo como os trabalhos das artistas eram

concebidos, como superação de suas fraquezas.

Berthe Morisot, Figura de mulher(antes do teatro), 1875-76, óleo sobre tela, 57 x31cm. Galeria Shroder e Leisewitz, Bremen.

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A união de desenho e cor é essencial para engendrar pintura, assim como a união de homem e mulher é essencial para a humanidade, mas é preciso que o desenho conserve o seu predomínio sobre a cor. Se assim não fosse, a pintura estaria cortejando sua própria ruína; estaria perdida por causa da cor assim como a humanidade por causa de Eva. ( Blanc, Grammaire historique, citado em Garb, “Berthe Morisot”, p.61, apud Garb, 1998, p.285).

Berthe Morisot representou o modelo de artista mulher aceitável para a

sociedade burguesa. Pessoa reservada e de estilo refinado, não deixou de ser vista,

com graça e encanto, como esposa elegante, anfitriã e mãe. Morisot, sendo

impressionista pode cumprir seu papel como artista e como mulher.

Considerava-se que a verdadeira “feminilidade” de Morisot se encontrava não só no “mundo da mulher” que ela retratava, mas também, significativamente, em sua maneira de perceber e registrar esse mundo: “feche o catalogo e olhe para uma obra cheia de frescor e delicadeza, executada com leveza na pincelada, uma fineza que flui de uma graça inteiramente feminina... è o poema de uma mulher moderna, imaginado e sonhado por uma mulher”, escreveu um entusiasta. Onde Manet fora o pintor do moderno do ponto de vista masculino e metropolitano dominante, Morisot representava o seu contrário feminizado, contido, apartado e suburbano, mas vibrante com a energia de uma sensibilidade feminina que se expressava nas marcas feitas na superfície de suas telas. (Garb, 1998,p.286).

Outra artista marcante na história foi Suzanne Valladon (1865-1938)_Uma

artista francesa que marcou esta época com sua pintura, que expressa um olhar

renovado e pessoal. Trabalhou em um circo, mas devido a uma queda, tornou-se

modelo. Como desenhava bem e com incentivo de Degas, (outros que se associou

foram Renoir, Toulouse Lautrec) tornou-se uma pintora de sucesso, com pequena

influência do estudo formal, surpreendentes contornos e cores planas. Uma de suas

obras, entre outras, foi Banhistas, 1923.

ATIVIDADE:

• Para saber mais... Vamos pesquisar sobre: O Movimento Impressionista.

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• No século XIX era normal que os artistas fizessem cópias dos mestres de

admiração. Qual foi a obra que mais admirou no movimento Impressionista?

Agora é sua vez, faça a leitura e releitura de uma obra desse movimento.

Na arte brasileira – A mulher artista em questão

No fim do século XIX, inicia-se profissionalmente a arte produzida pelas

brasileiras, aproximadamente por volta de 1898. No Rio de Janeiro, elas ingressam

na Academia Imperial de Belas Artes (AIBA), fundada por artistas franceses como

Nicolas Taunay e Debret em 1826, devido a Missão Artística Francesa que chegara

ao Brasil em 1816. Artistas importantes foram formados na AIBA, como Vitor

Meireles e Pedro Américo, que criaram obras que relatam a História do Brasil como

Primeira Missa no Brasil (1886) Independência ou Morte (1888), representando a fiel

realidade. Podemos citar Nicolina Vaz e Julieta França que se tornaram artistas pela

coragem e perseverança, pois tiveram que enfrentar ainda no século XX o

preconceito da sociedade. A primeira mulher a dirigir a escola Nocional de Belas

Artes e pintar um tema histórico foi Georgina de Albuquerque.

Georgina de Albuquerque (1885 - 1962)- Iniciou seus estudos artísticos

ainda na cidade natal, Taubaté. Com 19 anos mudou-se para o Rio de Janeiro,

estudou na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), foi aluna de Henrique Bernadelli

e nesta mesma escola conheceu o pintor Lucílio de Albuquerque, com o qual se

casou. Em 1906, o casal muda-se para Paris, na qual, Georgina aprofunda seus

conhecimentos na École des Beaux-Arts, e na Academia Julian. Georgina volta ao

Brasil em 1911, com formação para enfrentar o mercado e lecionar na ENBA, mais

tarde foi diretora da escola, sendo a primeira mulher a conquistar este espaço.

Depois de muitos anos seu marido veio a falecer e com incentivo de seus amigos

montou um museu em sua própria casa, com nome de Lucílio de Albuquerque, com

todo o acervo familiar. Participou de exposições internacionais, conquistando várias

medalhas e recebeu inúmeros prêmios nos salões. Considerava-se impressionista

pelo contato com os franceses, quando esteve em Paris.

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O Modernismo e as mulheres artistas

Você já ouviu falar em Anita Malfatti?

O que você sabe sobre essa artista paulistana?

São Paulo povoado de imigrantes, devido ao processo de industrialização

começa a se transformar no início do século XX. Podemos observar a importância

da figura da mulher neste período e a sua participação concreta na História da Arte

brasileira. O período de instalação da arte moderna no Brasil é caracterizado pela

busca de uma identidade local. Neste contexto, é o primeiro momento da cultura

brasileira em que de fato a mulher busca a sua poética através de uma arte nova,

que procura romper com modelos acadêmicos, vencendo os preconceitos e conflitos

diante da sociedade. Como diz Carlos Drummond de Andrade: “... a artista-mulher,

que rompeu clichês artísticos e o estereótipo dos papéis femininos para se fazer

símbolo do modernismo brasileiro”.

Os Acontecimentos precipitavam-se tão depressa, que eu me lembro de ter vivido dentro de um sonho. Comprei incontinente uma porção de tintas e a festa começou. Anita Malfatti(Vieira, 2006 p. 3)

Anita Malfatti-(São Paulo/SP, 1889 - São Paulo. 1964),

Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora.

Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão

direita, utiliza a esquerda para pintar. No ano de 1909,

pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira Tela

de Anita Malfatti e A estudante,1915. Desde menina

Malfatti se envolve com o mundo das tintas mesmo

sabendo que naquela época o costume era que a moça

bordasse e tocasse piano para uma vida mais doméstica,

a presença de sua mãe norte-americana a influenciou.

Depois da morte de seu pai que era italiano, em 1910, foi

para Alemanha e entra em contato com a pintura de

Lowis Corinth, um expressionista moderado, e passa a

ter aulas com ele. Volta ao Brasil em 1914, com uma

pintura dita como “pintura de homens”, numa explosão de cores e formas e o que

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/2arte/1estudante.jpg– acesso em:20 nov. 2008

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todos esperavam era uma “pintura de senhorita”, Anita considerou a crítica como

elogio. No ano seguinte foi para os Estados Unidos e manteve contato com artistas

expressionistas, onde a sua pintura se torna mais cheia de luz e mais solta com a

explosão da forma e da cor, produzindo assim sua famosa obra O farol, (ilha de

Monhegan). Obra que foi transformada em tridimensional para que os visitantes

pudessem entrar e viajar com Anita - a festa da forma e da cor, realizado em uma

exposição no MAB/FAAP- 2001, em São Paulo (DVDteca, Arte na Escola, 2001, p1).

Atividade: • Vamos assistir o DVD: “Anita Malfatti: modernista por natureza”.

• Anotem palavras significativas do vídeo, para o debate sobre os pontos

relevantes do documentário.

• A obra de Anita Malfatti: O Farol, no vídeo foi mostrado na exposição à re-

criação tridimensional da obra. Você já tinha visto alguma obra (pintura)

transformada do bidimensional em tridimensional (maquete)?

• Escolha um obra de arte feita por mulheres e represente-a no tridimensional

para fazermos uma exposição. Não esqueça de sua biografia (dados mais

importantes).

Outros trabalhos de Anita com tendência expressionista são: O Homem

amarelo e A mulher de cabelos verdes. Anita volta ao Brasil em 1917, para expor

seus trabalhos, marcando assim o início do Modernismo Brasileiro. Monteiro Lobato,

afirmava entre outras coisas que essa artista possui um talento vigoroso, fora do

comum. Poucas vezes, através de uma obra torcida em má direção, se notam tantas

e tão preciosas qualidades latentes. No entanto usou seu talento a serviço de uma

nova espécie de caricatura, seduzida pelas teorias modernas. Tal crítica de teor

exaltado e insultante mexe com Anita mudando o rumo de sua pintura.

Anita ainda participa da Semana de Arte Moderna de 1922 a pedidos de

amigos, mas sem o mesmo vigor de 17. Depois vai para Paris, com bolsa, encontra

com os artistas Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Victor Brecheret e Oswaldo de

Andrade. Volta ao Brasil em 1928, para dar aulas em seu ateliê em São Paulo.

Segundo a arte-educadora Ana Mae Barbosa, a artista como professora de

Arte infantil tem em sua ação pedagógica um ensino individualizado que valoriza o

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desenvolvimento de cada aluno, devido o seu aprendizado na Alemanha e Estados

Unidos.

Suas figuras sempre estão enviesadas com relação à superfície da tela, ao

contrário de Tarsila que sempre as coloca de frente para observador. Anita costuma

carregar na dramaticidade, através do desenho, da cor, no olhar e no dinamismo das

figuras. Sua preferência era o tema da figura e do retrato, mas nunca deixou de ser

uma excelente paisagista, ela contava com a arte enquanto linguagem e não como

mera narrativa para se exprimir, pois tinha um temperamento fechado e solitário. A

pintura era a expressão de seu ser interior, independente dos temas apresentados.

A primeira retrospectiva de Anita acontece em 1949, no Museu de Arte de

São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Em 1951, participa do 1º Salão Paulista de

Arte Moderna e da1ª Bienal Internacional de São Paulo.

Nada nesse mundo é incolor ou sem luz. Anita Malfatti (Vieira, 2006 p.5)

Outra figura marcante no modernismo é Tarsila do Amaral (1886-1973).

Pintora de enorme talento, mulher bonita e elegante, artista-mulher.

Tarsila

Descendente direta de Brás Cubas

Tarsila

Princesa do café na alta de ilusões

Tarsila

Engastada na pulseira gótica do colégio de Barcelona

Tarsila

Medularmente paulistinha de Capivari reaprendendo

O amarelo vivo

O rosa violácio

O azul pureza

O verde cantante

Desprezados pelo doutor bom gosto oficial.

(trecho da poesia)Carlos Drummond de Andrade

“BRASIL/TARSILA’’ (Gotlib,1998 p.14).

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Nasce em 01 de setembro, em Capivari (SP). Filha de Lygia Dias de Aguiar

do Amaral, família tradicional de fazendeiros paulistas e falece a 17 de janeiro de

1973, em São Paulo.

Parece mentira... mais foi no Brasil que tomei contato com a arte moderna. Tarsila do Amaral, “Confissão geral” (Gotlib, 1998 p.59).

Tarsila do Amaral também ajudou a concretizar o movimento que mudaria

radicalmente os rumos da nossa cultura. Este movimento reuniu representantes de

vários segmentos em seus objetivos de romper com os parâmetros acadêmicos, os

únicos existentes no país e até aquele momento e abrir a pesquisa artística para as

novas tendências desenvolvidas pelas vanguardas européias.

A carreira de Tarsila se realiza na influência do Cubismo, Surrealismo e do

Nacionalismo. Em 1917 estuda desenho e pintura com Pedro Alexandrino. Vai à

Europa em 1921, em Paris e estuda na Academia Julien. Em 1923 retorna para

iniciar o seu aprendizado cubista, aluna aplicada de Léger estuda também com

André Lhote e Gleizes. Conhece e admira a primeira pintora cubista Marie

Laurencin, “onde seus quadros dispensam assinatura, pois suas tintas são

inconfundíveis, feliz como mulher, realiza uma arte feminina, uma arte feliz’’. Além

disso, Tarsila visita o ateliê de Picasso e fica muito emocionada e diz que o cubismo

é uma “arte cerebral” e que “requer uma educação sentimental”.

Seus trabalhos a partir daí estão agrupados em três fases distintas: O Pau

Brasil, a partir de 1924, Antropofagia a partir de 1928 e temas sociais em 1933. Em

1946 retoma aspectos da antropofagia e em 1950, fase neopau-brasil que retoma

temas caipiras.

Sérgio Milliet explica a aprendizagem da artista...

“Com Lhote, Tarsila aprende ‘a necessidade de uma reação contra o bolchevismo impressionista’ e atravessa a ponte do academismo para o cubismo. Com Léger, aprende o ‘mecanismo da vida moderna, assunto novo, síntese, ritmo, movimento’. Com Gleizes, a importância da geometria: abstração do objeto, criação’”.(apud. Gotlib, 1998, p.78).

A caipirinha de São Bernardo descobre sua identidade mergulhando nas

coisas nacionais, mais tarde exploradas pelo turismo. Tarsila, a pintora que procura

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sintetizar entre a estética Nacionalista, e o aprendizado cubista, buscando um

esquema mais ingênuo, procura exagerar nos verde-amarelos e as tonalidades das

casas coloniais, baseado-se na cultura local; “transportando para o quadro o curioso

amálgama da cultura cabocla, onde os sinais ferroviários, postes, as torres metálicas

convivem na paisagem com mamoeiros”. “Os contrastes que em Léger são sobre

plásticos, entre formas geométricas dos objetos e formas orgânicas dos homens,

transformam-se em seus quadros em oposições pitorescas da cultura, tão

características da nossa civilização urbana” (Souza, 1980, p. 286).

Na realidade pictural da fase do Pau Brasil, foi satisfatória em partes, pois

quando a artista aproxima a personagem do primeiro plano como no quadro O

Vendedor de frutas, essa relação de figura e fundo não é tão harmonicamente

estilizado, pois ela coloca os elementos com o mesmo valor de acessório, nivelando-

os. Seu período talvez mais feliz é a fase do Pau- Brasil, que representa a realidade

nacional ( rural e urbana),até então desprezada, mediante o uso da técnica das

vanguardas européias(o Cubismo) nas cores puras e lisas. “A imagem, enfim, de um

mundo sem tensões, cuja ordenação mais melódica do que sinfônica nos obriga a

uma leitura linear e parcelada”. O resultado é um espaço ingênuo, analítico e

enumerativo e de estruturas simétricas simples, (Souza, 1980, p.268). Nesta fase

podemos citar: O vendedor de fruta, O Mamoeiro, Manacá e o seu auto-retrato e

outros.

Já na fase antropofágica, Tarsila desenvolve com intensidade o impulso

mágico, ganha mistério, onde o subconsciente se extravasa, mostrando para alguns

a fase precursora da arte surrealista no Brasil. Considerada nesta fase o primeiro

quadro pintado de caráter antropofágico: A Negra. E outros

como: Abaporu, Antropofagia, Urutu ou ovo.

Óleo, sobre tela, 60,5 x 72,5 cm, coleção de Gilberto Chateaubriand – MAM, Rio de Janeiro

Óleo sobre tela,100 x 80 cm, Coleção Museu de Arte Contemporânea da USP –

Óleo sobre tela, 85 x 73 cm, Coleção Eduardo Francisco Costantini, Buenos Aires

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http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/arte/3abaporu.jp

g-

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/arte/2tarsila.jpg

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/arte/4tarsila1.jpg

– acessados em: 18 nov. 2008.

A partir da década 30, o que predomina é a preocupação social, com a obra:

Operários, 1933.

A artista realizou várias exposições na Europa e em 1951 recebeu o Prêmio

de Pintura Nacional da I Bienal de São Paulo. Sua pintura também foi motivo de

polêmica e alvo de reação daqueles que não reconheceram a mudança como um

passo adiante da liberdade de expressão e a busca de novas formas artísticas.

Podemos destacar a importância das artistas Anita e Tarsila dentro do

modernismo como aponta Mário da Silva Brito: “Pode-se dizer que a pintura de

vanguarda, no Brasil, enquanto luta e polêmica, tem o seu ponto de partida numa

mulher e o de chegada em outra. A sua conquista de compreensão e a imposição de

sua legitimidade, como expressão nova de arte, começam e terminam,

respectivamente, em Anita Malfatti e Tarsila do Amaral”. (apud Gotlib, 1998, p.48)

Mario de Andrade, em carta de 3 de janeiro de 1924 para Anita, destaca: “Tu

e ela são a esperança da pintura brasileira”. “Tu (Anita) no teu expressionismo, ela

(Tarsila) no seu cubismo”. (...) “È engraçado! A pintura brasileira hoje está

dependendo das mulheres e nas mãos delas”! “Tu, Tarsila e Zina sempre

caminhando, enquanto os homens decaem”. (Gotlib, 1998, p. 79 e 80)

Tarsila do Amaral, foi uma mulher caprichosa e bem feminina, que cultiva sua

beleza em sucessivos auto retratos, como podemos observar em um deles, Auto-

Retrato (Manteau Rouge)1923. Tarsila é considerada o primeiro caso de

emancipação mental entre as mulheres paulistas. Foi casada várias vezes, marcada

por um comportamento de mulher tranqüilamente firme nos seus propósitos. Pintora

de enorme talento, mulher bonita, elegante, brilhante, imaginária, que só inventa

sobre um esquema preexistente, onde pinta a realidade brasileira, trazendo as cores

de nossa gente.

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Tarsila

nome Brasil,

musa radiante

que não queima,

dália sobrevivente no jardim desfolhado,

mas constante em serena presença nacional fixada

com doçura,

Tarsila

amora amorável

d’amaral

prazer dos olhos meus

onde te encontres

azul e rosa e

verde para sempre.( trecho da poesia)

Carlos Drummond de Andrade

“BRASIL/TARSILA”( Gotlib, 1998, p.15)

Para saber mais....

Procure saber mais sobre os movimentos cubista e expressionista que influenciaram

as obras das artistas.

ANITA E TARSILA, mulheres corajosas...

Podemos notar entre as artistas-mulheres, uma poética diferente ao

representarem o feminino em suas obras.

Em Auto-retrato, 1923 (Lê Manteau Rouge):

abandona a pincelada impressionista e passa a utilizar planos relativamente lisos de cor. Preocupada com o espaço da tela, coloca a figura numa frontalidade nobre, inscrevendo com nitidez o oval do rosto e dos ombros, no grande círculo aberto da gola; e destaca no fundo escuro os planos violentamente iluminados da face, do colo, da mão direita, tratados sem modelado ( Souza, 1980, p. 266).

Tarsila coloca a figura feminina de frente para o observador, e procura

destacar o rosto em relação a figura e fundo. Já Anita no retrato A Boba; “dispõe as

figuras enviesadas com relação à superfície da tela, usando uma torção às vezes

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violenta e marcando as zonas de luz e sombra por um modelado geométrico, de

planos coloridos estridentes” (Souza, 1980, p. 270).

Nas obras de Tarsila, há uma entrega espontânea, no seu universo

organizado e limpo. Enquanto Anita, em sua obra há uma atmosfera sombria

carregada de dramaticidade, procurando representar em seus retratos, escondendo

sempre uma das mãos; reflete um comportamento diferente.

É no bom humor de Tarsila que representa a realidade brasileira, trazendo as

cores da nossa gente, o exercício da emancipação da artista que pinta, vencendo

preconceitos, sem nunca perder a elegância.

Os textos evidenciam a explosão da arte feminina no século XX e o

reconhecimento da mulher transformadora e criadora de uma arte. Uma arte que

abre espaço para as mulheres brasileiras expressarem a sua poética através da

pintura e assim mostrar a sua forma de pensar e de criar conforme seu contexto.

Atividade:

Pedir aos alunos imagens de mulheres em diferentes contextos, situações,

atividades, trabalho e das mais diversas etnias. Para posteriormente, montarmos um

painel da mulher contemporânea: A partir dessas situações, aproveite o contorno da

mulher e recrie uma nova mulher e o seu contexto, representando a mulher do

século XXI. Cole a figura ao lado de sua produção, para a comparação e análise das

possibilidades existentes e criadas.

Ampliando o olhar...

Você sabia que as mudanças que houve no início do século XX, não foi

somente na pintura? Além da Pintura: com Anita Malfatti, Ferrignac, J. F. de Almeida

Prado, John Graz, Martins Ribeiro, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita. Na Música:

Guiomar Novais, Heitor Villa-Lobos. Na Escultura: Victor Brecheret, W. Haarberg. Na

arquitetura: Antônio Moya, Georg Przyembel.Na Literatura: Menotti Del Picchia,

Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Manoel Bandeira e Cassiano Ricardo.

Participaram da Semana de Arte Moderna de 1922 intensivamente, juntos com os

outros, buscando novas idéias com marca nacional.

A literatura, bem como outras artes, tem o poder de encantar e ao mesmo

tempo de chocar. E ela está muito presente na música brasileira. A música como

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linguagem literária, encantou muita gente quando teve a frente uma mulher:

Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847- 1935). “Chiquinha Gonzaga”

considerada a primeira compositora brasileira, genuinamente popular. A primeira

música feita especialmente para o carnaval foi composta por ela. Chiquinha

Gonzaga é um exemplo de coragem e força. Foi a primeira regente a conduzir uma

Banda da Polícia Militar. Sua determinação deveria ser seguida por todo o jovem.

Para isso, bastam três fatores importantes: dedicação, empenho e muita força de

vontade. Exemplo de mulher, Chiquinha Gonzaga esteve sempre à frente de seu

tempo. Grande admiradora do carnaval, compôs “O Abre Alas” no ano de 1889, em

homenagem ao Cordão Rosas de Ouro (espécie de Bloco Carnavalesco).

O Abre Alas

Chiquinha Gonzaga

Composição: Chiquinha Gonzaga

O Abre Alas,

Que eu quero passar (2 X)

Eu sou da Lira,

Não posso negar (2 X)

Ô Abre Alas,

Que eu quero passar (2 X)

Rosas de Ouro é quem vai ganhar (2 X)

http://letras.terra.com.br/chiquinha-gonzaga/242251/ - Acesso em : 23 nov. 2008.

Atividade:

Na contemporaneidade, qual a compositora ou cantora que mais te encanta?

Em grupo, escolham uma música de uma cantora ou compositora brasileira e falem

sobre sua temática: que idéia ela tenta passar em sua música, a letra tem algo a ver

com os acontecimentos de hoje com relação ao papel da mulher na sociedade?

Depois criem uma paródia em cima da música escolhida, tendo como foco a

importância da mulher hoje na sociedade (incluindo suas conquistas até hoje) para

isto faça uma pesquisa sobre as conquistas femininas nas últimas décadas.

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Na Arte Contemporânea, a poética das mulheres foi mais longe que

imaginamos...

Nos dias de hoje, os exercícios de emancipação da mulher, a sua poética

através da pintura, foi mais longe que imaginamos. Não lhe bastou somente pintar

para sua realização profissional. Quero destacar que a diversidade e as

possibilidades de expressão artística já havia começado antes da arte

contemporânea. Mas é na arte atual que as artistas passaram a fazer novas leituras

de mundo a partir de uma visão feminina e realizar muitos trabalhos diversificando o

material a ser usado para mostrar ao mundo a sua poética.

Podemos perceber nos dias atuais uma arte com mistura de estilos, formas,

práticas e programas que ás vezes parece estranho a um ponto de vista tradicional.

A arte atual tem se utilizado além de tinta, metal e pedra, como também pessoas,

palavras, som, luz, ar, comida e outros..., ou seja, uma arte híbrida.

Você sabe o que é Híbrido? Você já ouviu este termo? (discuta com seus

colegas de sala).

Citaremos aqui o trabalho de algumas artistas que passam, a se preocupar

com as questões relativas à própria obra, dentre muitas artistas que atuaram e

atuam a partir dessa época. Algumas idéias feministas têm influenciado na

diversidade das representações, como exemplo, tem a instalação A Festa do Jantar

da feminista Judy Chicago.

Judy Chicago (1939) - Educadora intelectual, escritora, feminista e artista.

Tem sido reconhecida como pioneira quanto a definição mais ampla de arte, pois

suas obras são de natureza anti-convencionais. Seus livros de arte e filosofia são

conhecidos no mundo todo, pois são publicados em várias línguas. Um de seus

livros: “Através da flor: minha luta como uma mulher artista” (1975). Um papel mais

relevante para a artista, é dos direitos da mulher quanto a sua liberdade de

expressão. Seu trabalho: “A Festa do Jantar” (1974-79), com técnica mista, é uma

grande homenagem às mulheres. Simbolicamente, representa “39 convidadas de

honra” para o jantar especial.

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Frida Khalo y Caldéron (1907 – 1954) - Artista que

começou a pintar sem compromisso profissional. Mexicana e

filha de artista, sofre um acidente gravíssimo em 1925, pelo

qual a deixa de cama por muito tempo. Em 1928 conhece o

muralista Diego Rivera, que se casa algum tempo depois e

vive um bom tempo em Nova Iorque. Em 1938, suas obras

foram consideradas surrealistas,

mas ela dizia que nunca pintou

seus sonhos e sim a sua própria

realidade. Foi considerada por

alguns como a pintora do século

pelas obras intrigantes e magníficas que deixou.

Niki de Saint Phalle (1930 – 2002) Artista francesa iniciou em 1952 a pintar,

sem o estudo formal de artes. Conhecida por suas assemblages e por suas

esculturas, pois estes incorporam recipientes de tinta para serem estourados com

tiros de pistola. Representou o papel da mulher em esculturas gigantes e coloridas,

chamadas Nanas, expostas em lugares públicos. Sua maior obra é Hon (ela em

sueco), uma escultura de mais de 25m de comprimento, tendo uma abertura na

perna da figura para que as pessoas possam entrar.

Você sabe o que assemblages? Procure pesquisar para saber mais...

Leda Catunda (1961) - Pintora e gravadora estudou artes plásticas na Faap-

Fundação Armando Álvares Penteado em São Paulo, foi aluna de Nelson Leirner

(1932) e Walter Zanini(1925) e outros. Leciona em seu ateliê, na Faap e também

administra workshops, incluindo cursos no Brasil e no exterior. Em 1990 recebe

Prêmio Brasília de Artes Plásticas/ distrito Federal Catunda, em 1998 e em 2003 fez

doutorado em artes, com o estudo sobre a Poética da Maciez: Pinturas e Objetos

Poéticos, na USP. Leda Catunda apontada como um dos maiores talentos surgidos

nos anos 80, explora as propriedades dos materiais que utiliza, seus procedimentos

são próximos ao da colagem, com tecidos ricos em textura e cores intensas que são

sobrepostos.

Frida Khalo - Auto retrato com monos, 1943

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/arte/2Frida3.jpg - acesso em: 23 nov. 2008.

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Vamos conhecer um pouco do ambiente de trabalho de duas artistas,

mostrando a diversidade do processo de criação e dos materiais usado em suas

obras, cada qual marca a sua poética no gesto materializado da mulher

contemporânea. Através do DVDteca Arte na escola, apresentamos:

• Recortes de Leda Catunda.

• Tomie ohtake – O traço essencial

Iremos conhecer um pouco mais da vida e obra de Tomie Ohtake pela sua

trajetória que demonstra em:

Tomie Ohtake (1913) - Nasceu no Japão e chega ao Brasil em 1934,

naturalizou-se brasileira em 1960. Artista considerada como a dama das artes

visuais pela sua capacidade e conquista. Com mais de 90 anos, ainda produz com

satisfação e revela com sabedoria e humildade as suas composições. Tomie tem a

força e a suavidade ao mesmo tempo, de renovar em diferentes fases: de sua

pintura, nas composições de gravura e na escultura, a trama de sua arte que se

mistura à própria vida. Inicia suas produções com 40 anos, participa de exposições

como a Bienal de São Paulo e a de Veneza. Poucos artistas no Brasil têm uma

trajetória com 27 obras públicas de sua autoria. Suas imensas esculturas espalham-

se pelas cidades brasileiras. Esteve presente em cinco edições da Bienal

Internacional de São Paulo, conquistando 28 prêmios, realiza exposições no Brasil e

no exterior, cerca de 50 individuais e 85 coletivas. Sua primeira retrospectiva

realizada em 1983, no MASP, teve sucesso espantoso, na abertura compareceram

mais 4.000 pessoas. Em sua homenagem, deu-se o nome ao Instituto de: “Instituto

Cultural Tomie Ohtake”, pela relevância de Tomie nas artes plásticas brasileiras. Em

2005, comemora seus 90 anos com: “Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte

Brasileira”.

A artista que participa ativamente do Instituto Tomie Ohtake, deixa marcas de

sua poética pessoal nas diferentes linguagens. Na pintura, na gravura e na

escultura, com a tradição e a contemporaneidade, percorre um caminho de

harmonia em sua carreira.

“A obra de Tomie Ohtake, como trajetória íntegra e integral, tem enfrentado o desafio de construir um tempo reconciliado entre a sabedoria de uma tradição e a experiência visual do sujeito moderno. Sua obra parece buscar em nosso olhar um haicai perdido”, escreve o crítico Paulo Herkenhoff,

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curador do MoMA Museum of Modern Art, Nova. http://www.institutotomieohtake.org.br/tomie/tetomie.htm - acesso em 23 nov. 2008.

Atividade:

Convido você para conhecer outras obras de Tomie,

através da internet.

Analisando o vídeo: “Tomie Ohtake – O traço essencial“

e a imagem ao lado:

• Que nome daria a essa obra? O que você pode

dizer sobre ela: as cores e as formas.

• O que chamou mais atenção sobre as linguagens

de Tomie?

• O que é possível perceber no

processo de criação da artista no vídeo apresentado?

• Você já viu alguma obra pública de Ohtake? Você fez alguma relação com

obras de sua cidade ( monumento) ?

• Você percebeu o abstrato presente em suas obras?

• Que outros artistas trabalham dessa forma?

A artista já em suas primeiras telas, seu olhar aponta para a arte abstrata,

pela qual define bem seus contornos. Vamos conhecer um pouco sobre essa

tendência? A pintura abstrata pode ser informal ou geométrica. No abstracionismo

pode ser usado: manchas, cores e linhas para criar formas indefinidas. O pintor que

inicia a pintura abstrata é o pintor Wassily Kandinsky (1866- 1944). No século XX a

pintura abstrata marcou com suas tendências: o abstracionismo informal - onde o

artista expressa seus sentimentos e idéias, utilizando de forma espontânea, cores e

formas. Já no abstracionismo geométrico – o artista usa as formas e as cores de

forma organizadas e a base da composição são linhas e figuras geométricas. Para

este tipo de pintura temos como pioneiros: o russo Kasimir Malevitch (1878-1935) e

o pintor holandês Piet Mondrian (1872- 1944)

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/Image/conteudos/imagens/2arte/3tomie.jpg - acesso em: 23 nov. 2008.

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Abrindo caminhos para a poética pessoal do aluno:

Das linguagens artísticas apresentadas, iremos trabalhar uma delas que é a

pintura. Mas a pintura pode ser realizada em vários lugares. Vamos registrá-las em

um material que seja acessível a todos.

Como a arte abstrata foi destaque nas obras de Tomie, vamos fazer releituras

de suas composições. Mas o que releitura? É a possibilidade de criar, refletir sobre a

produção em questão e a partir dela modificar aspectos da obra original e assim

viajar na obra estudada, despertando a sua criatividade. Pesquise mais sobre as

obras de tomie Ohtake para a realização deste trabalho. Escolha a obra para fazer a

releitura.

Agora a criação é totalmente sua, pode ser abstrato informal ou geométrico.

Com material diversificado, usando tintas, pincéis, tela ou outros (rever a primeira

parte do documentário, para lembrar o gesto paciente e suave da artista). Agora é

hora de criar e mostrar a sua poética.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. BUORO, Anamélia Bueno. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte. São Paulo: Educ.; Fapesp; Cortez, 2002. CALABRIA, Carla Paula Brondi. Arte, história & produção, 2: arte ocidental. São Paulo: FTD, 1997.. CUNHA, Sérgio. Arte, Educação e Projetos – Tarsila do Amaral. Campinas: Educação & Cia, 2005. GARB, Tamar. In FRASCINA, F. (et al). Modernidade e Modernismo - Pintura Francesa. São Paulo: Cosac & Naify, 1998. GOTLIB, Nádia Batella. Tarsila do Amaral, a modernista. São Paulo: Senac, 1998. MARTINS, Miriam Celeste. Mediação: provocações estéticas. São Paulo: Mediação, 2005. OSTROWER, Fayga Peria. Universos da Arte. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Arte para os anos finais do Ensino fundamental e Médio. Curitiba, 2008. SOUZA, Gilda de Mello. O Baile das Quatro Artes – Exercícios de leitura. São Paulo: Duas Cidades, 1980. UTUARI, Solange. Tomie Ohtake: o traço essencial / Instituto Arte na Escola. São Paulo: Instituto Arte na Escola, 2005. VIEIRA, Eliane de Fátima. Anita Malfatti: modernista por natureza / Instituto Arte na Escola. São Paulo: Instituto Arte na Escola, 2006. Sites acessados em 22 nov. 2008: GONZAGA, Chiquinha. Disponível em: http://www.spiner.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=813 OHTAKE, Tomie. Disponível em: http/</www.institutotomieohtake.org.br/tetomie.htm>. LANDIM, Catarina. (org.) A Mulher na Arte. São Paulo: Livraria Exótica, 2007. Disponível em: www.portaberta.net/apostilamulhernaarte.pdf